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MISSÃO SALESIANA DE MATO GROSSO – MANTENEDORA UNISALESIANO LINS – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – CEP 16400-505 – Fone (14) 3533-5000 Site: www.unisalesiano.edu.br - E-mail: [email protected] 1 O PARADOXO DA MORTE UMA ANÁLISE DA INTERDIÇÃO E DA BANALIZAÇÃO COMO MEIOS DE ENFRENTAMENTO DA MORTE E DO MORRER NA CIDADE DE LINS-SP *Alberto Nathan AreasBarr [email protected] *Alexandre Victor Romero [email protected] *Graduandos em Psicologia pelo Unisalesiano Lins Prof. Ms. Rodrigo Feliciano Caputo Unisalesiano Lins [email protected] RESUMO Este trabalho busca compreender os aspectos Psicossociais e Históricos da Morte e do Morrer, bem como os processos pelos quais se deram as mudanças no enfrentamento da morte e do morrer que ocorreram ao longo dos tempos na cidade de Lins, para tanto foi investigado o contexto histórico dos rituais tanatológicos do Ocidente, na intenção de traçar uma ligação com a cultura local, analisando a sua construção, implicações nas interações humanas e apontando suas transformações sociais, até a atualidade, somados à coleta de dados históricos e pesquisa qualitativa sobre a Morte e o Morrer realizados na cidade de Lins-SP. Palavras-chave: Morte. Morrer.Tanatologia. Luto. Psicossociais. INTRODUÇÃO A morte faz parte do processo de desenvolvimento do homem, e pode ser entendida como a entrada do organismo em um estado inorgânico, de não vida, mas além do caráter de fenômeno biológico natural, o ato de morrer, está intimamente ligado ao homem social em uma dimensão simbólica. A morte e o morrer assumem valores e significados que dependem do contexto sociocultural e histórico no qual se manifestam. Ao longo dos tempos ocorreram mudanças significativas na maneira como o homem se comporta frente aos processos da morte e do morrer, juntamente com os símbolos e significados atribuídos aos mesmos, e, compreender os fenômenos que influenciaram estas transformações face mister para obter uma dimensão real do que são hoje em uma sociedade específica como Lins e como esses processos implicaram em dois fenômenos distintos: a interdição e a banalização da morte( ARIÉS, 1989; MORIN, 1970; KASTEMBAUM, AINSENBERG ,1983). É notável na cidade de Lins, o crescente movimento de interdição da morte e do morrer. Isso fica indicado nos diversos comportamentos de linenses e nas

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Page 1: O PARADOXO DA MORTE UMA ANÁLISE DA INTERDIÇÃO ......do homem ocidental perante a morte e o morrer transformaram-se radicalmente, havendo uma inconcussa ruptura histórica. Os mortos

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O PARADOXO DA MORTE UMA ANÁLISE DA INTERDIÇÃO E DA BANALIZAÇÃO COMO MEIOS DE ENFRENTAMENTO DA MORTE E DO MORRER NA CIDADE DE LINS-SP

*Alberto Nathan AreasBarr – [email protected]

*Alexandre Victor Romero – [email protected] *Graduandos em Psicologia pelo Unisalesiano Lins

Prof. Ms. Rodrigo Feliciano Caputo – Unisalesiano Lins – [email protected]

RESUMO

Este trabalho busca compreender os aspectos Psicossociais e Históricos da Morte e do Morrer, bem como os processos pelos quais se deram as mudanças no enfrentamento da morte e do morrer que ocorreram ao longo dos tempos na cidade de Lins, para tanto foi investigado o contexto histórico dos rituais tanatológicos do Ocidente, na intenção de traçar uma ligação com a cultura local, analisando a sua construção, implicações nas interações humanas e apontando suas transformações sociais, até a atualidade, somados à coleta de dados históricos e pesquisa qualitativa sobre a Morte e o Morrer realizados na cidade de Lins-SP. Palavras-chave: Morte. Morrer.Tanatologia. Luto. Psicossociais.

INTRODUÇÃO

A morte faz parte do processo de desenvolvimento do homem, e pode ser

entendida como a entrada do organismo em um estado inorgânico, de não vida, mas

além do caráter de fenômeno biológico natural, o ato de morrer, está intimamente

ligado ao homem social em uma dimensão simbólica. A morte e o morrer assumem

valores e significados que dependem do contexto sociocultural e histórico no qual se

manifestam.

Ao longo dos tempos ocorreram mudanças significativas na maneira como o

homem se comporta frente aos processos da morte e do morrer, juntamente com os

símbolos e significados atribuídos aos mesmos, e, compreender os fenômenos que

influenciaram estas transformações face mister para obter uma dimensão real do que

são hoje em uma sociedade específica como Lins e como esses processos implicaram

em dois fenômenos distintos: a interdição e a banalização da morte( ARIÉS, 1989;

MORIN, 1970; KASTEMBAUM, AINSENBERG ,1983).

É notável na cidade de Lins, o crescente movimento de interdição da morte e

do morrer. Isso fica indicado nos diversos comportamentos de linenses e nas

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interações sociais dos mesmos, nas situações relativas a morte, os quais têm sido

rechaçados e veementemente evitados. Já o processo de banalização da Morte,

consiste na desvalorização da vida e, ao que parece, consiste em modos de

enfrentamento adotados pelos linenses, em que o morto e a sua agonia se tornam um

mero espetáculo especulativo.

Identificar estes aspectos insurge da necessidade de qualificar as

características da interdição e de banalização da morte, seus desdobramentos,

conexões e implicâncias nas relações humanas, bem como descrever o sistema

tanatológico linense, apontando os prejuízos psicológicos decorrentes dos modos

atuais de enfrentamento.

Vivenciar o luto, retomar os rituais tanatológicos de outrora, desvencilhar-se

dos dogmas relativos à morte e ao morrer, assim como fornecer o supedâneo

necessário para o desenvolvimento adequado de meios de enfrentamento da Morte e

do Morrer, são algumas das alternativas possíveis para um melhor enfrentamento da

finitude.

OBJETIVOS

Identificar, descrever e qualificar os mecanismos de enfrentamento da Morte,

tais como o luto e a vivência do ser humano sobre a Morte e do Morrer na cidade de

Lins e suas alterações, bem como os aspectos históricos e psicossociais que

influenciaram na manifestação da interdição e da banalização da morte e do morrer

entre os linenses.

METODOLOGIA

Para a realização do presente trabalho utilizou-se de revisão bibliográfica e

conceitual trazida pelos principais autores no campo de estudo dos processos da

Morte e do Morrer, a fim de indicar e analisar os estudos e conclusões já realizadas e

apontadas acerca do tema.

Ambas ferramentas científicas insurgem da necessidade de problematização

do tema a ser investigado e de um referencial teórico consistente na arguição e

estruturação do presente trabalho.

Utilizou-se também a observação como ferramenta na coleta de dados,

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auxiliando na investigação dos processos psicossociais na sociedade linense,

proporcionando ligação direta com o fenômeno estudado, sem quaisquer

interferências ou conclusões pré-estabelecidas acerca do fato observado.

Esta pesquisa é de caráter exploratória e qualitativa, na qual a coadunação

entre a análise conceitual, revisão bibliográfica e observação tornam possível a

constituição de uma hipótese embasada cientificamente. Partindo destes

procedimentos metodológicos, tidos como legítimos no meio científico, será refutado

ou corroborado as hipóteses iniciais.

DESENVOLVIMENTO

1. DOS ASPECTOS HISTÓRICOS

A cidade de Lins, no início de sua formação, era predominantemente povoada

por índios da tribo Coroados, que situaram-se nesta região, até meados do século XX.

Contudo, devido a sua expansão e a construção da linha férrea, Lins tornou-se

destaque na produção de café, contribuindo para o crescimento populacional e rápida

ascensão econômica.

Todavia, pouco sabe-se acerca dos mecanismos de lida com a Morte dos

habitantes primevos das terras, nas quais se constituiu a cidade de Lins, tendo em

vista os parcos registros encontrados de dado período.

Ribeiro (2014) afirma que os primeiros moradores do povoado que deram

origem à cidade de Lins, não possuíam um cemitério para enterrar os seus mortos.

Sendo assim, isso ocorria no terreno fronteiriço à sede da propriedade agrícola , ou

próximo do cruzeiro, quando este passou a existir.

Segundo relatos que datam de 1920, já haviam locais específicos para o

sepultamento de corpos, não havendo a necessidade de que os mesmos ocorressem

nas residências de seus familiares. Diante ao crescimento populacional, e

possivelmente, em decorrência, da morte tornar-se um tabu, estes locais passaram a

afastar-se cada vez mais do centro da cidade. O cemitério até então sem

denominação, passou a chamar-se Cemitério da Saudade – tal qual o conhecemos

hoje.

Consigne-se, que no ano de 1938 a Santa Casa de Misericórdia de Lins era a

detentora dos direitos dos serviços funerários prestados na cidade. No que tange aos

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serviços funerários da época, Ribeiro (1995) afirma que antes da chegada das

funerárias em Lins, os caixões eram construídos de forma rústica pelos carapinas

(como eram chamados os antigos carpinteiros) e os enterros eram realizados de modo

simplório e precário. Segundo este autor, o nome do primeiro agente funerário se

perdeu com o tempo, mas faz menção a duas figuras importantes: Miguel Prietto e

Pedro Morotti.

O velar dos corpos, segundo o jornalista e historiador Carlos Eduardo Motta

Carvalho, até a década de 1960 ocorria na residência do falecido, perante seus

familiares e a comunidade em geral. Após esse período, criou-se um espaço dentro

da Santa Casa de Misericórdia de Lins para esta finalidade, até posteriormente, a

criação do velório municipal em 1980 (CAPUTO, 2014).

Outras instituições ligadas diretamente com o processo da morte e do morrer

existentes em Lins, são os hospitais, equipes de socorros, funerárias, Instituto Médico

Legal – IML (inaugurado em 1991), entre outras.

2. DAS TRANSFORMAÇÕES DA MORTE E DO MORRER NA CIDADE

DE LINS

A pessoa moribunda, consciente de sua finitude, deitava-se no leito e

aguardava complacente o seu findar. Era imprescindível o comparecimento de seus

parentes, amigos, vizinhos e de todos os membros da comunidade, a fim de que os

rituais tanatológicos fossem cumpridos à risca, com simplicidade, sem dramaticidade

ou exacerbação de emoções. O próprio moribundo cuidava dos preparativos do seu

post mortem, explanando seus últimos desejos e recomendações, confessando suas

transgressões, rogando perdão e finalmente despedindo-se. O sacerdote ministrava

a extrema-unção e a comunidade em coro recitava a oração dos agonizantes, na

tentativa de facilitar o acolhimento do falecido ao Reino dos Céus.

Prontamente após a morte, os familiares fechavam as janelas, acendiam velas,

aspergiam água benta pela casa, cobriam os espelhos e paralisavam os relógios. O

corpo do finado também demandava um cuidado especial, pois, era cautelosamente

banhado, unhas cortadas, vestido e coberto pela mortalha, suas mãos eram

entrelaçadas na altura do peito, com um rosário entre os dedos, e finalmente exposto

sobre uma mesa durante alguns dias, para que seus familiares e amigos (devidamente

trajados de luto) despendessem seu último adeus.

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No dia do enterro, uma longa e vagarosa procissão era realizada, atravessando

todos os locais no qual o morto vivera, bem como cortando toda a cidade. Ao chegar

à igreja, era submetido aos ritos e orações de praxe, mister para sua purificação.

Da igreja, o finado era conduzido ao cemitério, onde receberia visitas que

depositariam flores sobre seu jazigo, como prova de que o mesmo não havia sido

esquecido.

Assim se morreu durante séculos no ocidente e nas primeiras décadas que

seguiram a fundação de Lins, isso se deve em grande parte a extensiva migração e,

consequente, influência de europeus, tal como as progressivas mudanças ocidentais

nos processos da Morte e do Morrer também influenciaram os linenses. Tendo em

vista, que conforme aponta Ariés na segunda metade do século XX a morte deixa de

ser “domesticada” e se torna um tabu no ocidente. Com o advento do capitalismo,

início da modernização e com o desenvolvimento da medicina higienista, as atitudes

do homem ocidental perante a morte e o morrer transformaram-se radicalmente,

havendo uma inconcussa ruptura histórica. Os mortos começaram a parecer

perigosos para a saúde dos vivos, pois, o processo de modernização e racionalização

da sociedade, agiram como condição sine qua non para a transição da morte, saindo

do público em direção ao privado, adquirindo status cada vez mais individualista,

quanto ao seu enfrentamento. É preciso deixar indicado que os linenses também

passam a dar sinais de tais mudanças.

No tratamento com os moribundos e os cadáveres e no cuidado com as

sepulturas, resta incontroversa essa transição. Essas atividades saíram das mãos da

família, parentes e amigos e passaram para especialistas remunerados (CAPUTO,

2014).

A medicalização da morte surge como característica ainda mais agravante

deste processo de individualização da morte, haja vista que os médicos passaram a

substituir os homens da igreja na cabeceira dos moribundos, junto deles apenas os

familiares e amigos mais íntimos.

A cidade de Lins, também passou por estes processos de transformações dos

meios de enfrentamento ante a Morte e Morrer, de urbanização, sanitarização e

individualização da morte, onde os cemitérios estão localizados longe dos centros

urbanos, locais tidos como fontes de contaminação e de putrefação. Frisa-se, que a

camada mais pobre da população passou a instalar-se aos arredores de tais locais,

sendo “privilégio” somente dos pobres, habitar em locais tão nefastos.

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A morte torna-se afastada, cada dia menos vista, e passa a ser tratada como

tabu, sendo relegada ao ostracismo. A morte, tão presente, tão doméstica, tão aceita

e tão celebrada de outrora, torna-se vergonhosa e objeto de interdição (Ariés,1989).

2.1. DA INTERDIÇÃO DA MORTE

Assim como os aspectos sócio-históricos da Morte e do Morrer foram

paulatinamente sendo alterados ao longo dos anos, os aspectos individuais e

psicológicos no tratamento para com a morte também foram modificados. Caputo

(2014, p 36), afirma que:

Os impactos da morte não se resumem a um nível bioantropológico e

social, já que implicam também em impactos psicológicos. A

perspectiva da própria morte gera no indivíduo o sofrimento diante do

desconhecido e o horror da nadificação; bem como a morte das

pessoas que ama produz grande desgosto. Assim, a morte marcada

por características multifacetadas também possui implicações

psicológicas e leva o indivíduo à necessidade de organizar o seu

psiquismo e a sua biografia: tal feito ocorre por meio de diretrizes dos

sistemas de lida com a morte vigente.

A interdição da Morte é um dos mecanismos de enfrentamento adotados pela

população linense para lidar com o processo do Morrer. Tal fato se observa pela

redução e pelas esporádicas visitas aos cemitérios em datas simbólicas (finados, dias

dos pais e dia das mães, etc.), pelos eufemismos utilizados às crianças ao pronunciar-

se sobre a morte e pela desesperada esquiva e ávida renúncia aos processos da

Morte e do Morrer.

Acerca do tema, Thomé (2012), sugere que: “Eu acho que as famílias tendem

a dificultar a presença das crianças no velório. Não sei se é uma forma de evitar ou

por não saber explicar”.

A morte já não é um fenômeno natural e, sim, fracasso, impotência ou imperícia,

por isso, deve ser ocultada, haja vista a sociedade, capitalista, hedonista, “negadora

da morte”, completamente dirigida para a produtividade e o progresso. Àquele que

não produz, torna-se um peso na sociedade, um inválido, um incapaz, que somente

despende gastos e não gera lucros, destarte, o morto é marginalizado socialmente,

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porque deixou de ser funcional, sendo destituído do seu antigo status e de sua

dignidade, portanto, não se pensa na morte e se fala dela o menos possível (CAPUTO,

2014).

O decoro e os bons modos, proíbem toda a menção à morte, esta torna-se a

chamada morte interdita, onde o contato com a morte e o morrer tornam-se cada vez

mais raros e evitados, sendo um assunto privado e tecnicamente controlado.

Se oculta sistematicamente das crianças a morte e os mortos, guardando

silêncio ante aos questionamentos dos infantes, afastando-os da condição de finitude

do ser. Conforme Ariés a morte torna-se o grande tabu violado, e não mais o sexo,

tido até então como grande objeto de interdição social.

Ao negar a experiência da morte e do morrer, impedindo que a criança ou

qualquer indivíduo enlutado entre em contato com as sensações viscerais advindas

deste fenômeno, a sociedade realiza a reificação do homem, tratando da mesma como

algo impessoal, autônomo, encobrindo sua manifestação, utilizando-se de recursos

eufemísticos para referenciá-la.

Antigamente não era somente o enfermo que morria, mas a família, os amigos,

vizinhos e toda a comunidade, de modo alusivo e metafórico, vivenciavam a morte em

um sentimento uno com o doente. Atualmente, o que se observa é que cada vez mais

as pessoas morrem sozinhas, esquecidas em hospitais e abandonadas em seu leito

de morte.

Conforme Caputo (2014) aponta ao tratar sobre as mudanças institucionais

ocorridas no Sistema Tanatológico Linense a morte se mercantilizou. Tenta-se

esconder a morte, fazendo com que seu tratamento seja realizado por profissionais

remunerados. A família transferiu o moribundo para o hospital, e este, por sua vez,

transferiu o morto para as empresas funerárias. O falecido passa a ser coisificado,

tratado como mercadoria. Hospitais e funerárias ficaram cada vez mais incumbidos

de tarefas relativos ao morrer, já que os familiares já não sabem (e, por vezes, não

querem) lidar com o moribundo e o defunto, não sabem quais providências tomar, e

vêem em tais instituições um modo eficiente e rápido de solucionar seu “problema”.

Os cortejos fúnebres, hoje, mal podem ser vistos, os automóveis se perdem no meio

dos outros e o discreto furgão funerário se identifica cada vez menos como tal. O

defunto é levado para um cemitério, localizado na periferia da cidade de Lins.

A sociedade linense parece exigir do indivíduo enlutado um autocontrole

exacerbado de suas emoções, na parca tentativa de não perturbar as outras pessoas

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com assuntos fúteis e desagradáveis. O luto deve ser privado, íntimo e vivenciado por

poucos dias, não havendo sequer, a necessidade de trajes específicos para sua

representação.

Na sociedade pós-moderna, efêmera e líquida na qual habitamos (BAUMAN,

2001), cada vez menos se tolera a presença do corpo (doente ou morto) em casa,

seja por motivos de ordem higiênica, ou por falta de condições psicológicas para

confrontar-se diante da morte evitada, empurrando a angústia e a morte para longe

do olhar dos vivos, na obscuridade da vida. Assim, as pessoas vão se afastando da

lida com a morte e o morrer, assumindo o papel de meros espectadores.

A morte pode ser considerada um constructo social que modificou-se

paulatinamente e imperceptivelmente ao longo dos anos, arraigada ao longo das

gerações, permitindo a fragmentação e o afastamento tácito da morte e do morrer.

Nunca antes as pessoas morreram tão silenciosa e higienicamente como hoje na

sociedade, e, nunca em condições tão propícias à solidão e ao esquecimento.

A intensidade do vínculo emocional para com o falecido contribui para o

desencadeamento e agravamento de tais processos, permitindo que a morte de um

ente querido não possa ser nominada ou legitimada, sendo cada vez mais negado o

contato direto ou indireto com ela, na tentativa de evitar o sofrimento psíquico.

Entretanto, esse mesmo processo de afastamento e contenção da morte, ao que tudo

indica, é o mesmo que contribui para sua banalização, permitindo que o indivíduo

busque na morte de outrem, as respostas aos seus questionamentos e temores

acerca da própria morte e da morte daquele que ama e tece laços emocionais.

2.2. DA BANALIZAÇÃO DA MORTE

O fenômeno antigamente exclusivo das grandes metrópoles, já pode ser

observado na cidade de Lins, ou seja, o aumento significativo da violência e dos

acidentes, resultando no aumento significativo das mortes violentas e traumáticas, e

suas repercussões, traduzem a realidade atual da cidade supra aludida. Referidas

mortes envolvem múltiplas vertentes que facilitam sua banalização como: perdas

múltiplas, presença de corpos mutilados, acidentes trágicos e repentinos, mortes

violentas, chacinas, suicídios e desaparecimento de corpos.

A banalização neste contexto pode ser definida como a trivialização dos

processos da Morte e do Morrer, e sua vulgarização ante a sociedade. As notícias

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relativas à Morte e ao Morrer do outro, desconhecido (com o qual não tenho laços

afetivos), surgem a todo momento, para isso basta abrir o jornal ou ligar a televisão

para deparar-se defronte com a violência, mortes e crimes hediondos, onde a

população adquire status de espectadores de espetáculo mórbidos.

A sociedade linense, encontra-se eminentemente saturada (farta) de notícias

contemplativas e complacentes da Morte e do Morrer. A morte do desconhecido é

dessacralizada e profanada, de modo que o morrer com o mínimo de decência e

honradez tornam-se, em alguns casos, limitados e marcados pelo descaso, o não

envolvimento emocional e a curiosidade mórbida. Isto explica o desdém com que as

pessoas recebem, visualizam e enviam fotos e vídeos de mortes e mortos,

diariamente, através dos meios de comunicação social.

A morte do outro desconhecido lança curiosidades, torna-se um espetáculo e,

consequentemente, passa a ser banalizada, sem levar em conta a dor e o sofrimento

dos familiares e, por vezes, do moribundo agonizante sujeitado a morrer sem a devida

dignidade, em uma espécie de reality show funesto, cujo aqueles que não

presenciaram ao vivo terão oportunidade de acessar os registros do ocorrido, que

serão amplamente discutidos nos dias posteriores ao acontecimento.

À título de subsídio, corroborando a fundamentação supra, cita-se alguns casos

recentes de acidentes trágicos e repentinos e de mortes violentas na cidade de Lins,

indicando a banalização, como exposto alhures.

No dia 18 de junho de 2012, um trágico acidente ocorreu nas dependências da

empresa Usina Lins, quando 9 (nove) trabalhadores durante a escavação de uma vala

para a introdução de canos destinados a drenagem de água, foram vitimados por

acidente de trabalho, tendo sido completamente soterrados na ocorrência de 2 (dois)

desmoronamentos simultâneos, matando 5 (cinco) dos trabalhadores.

No dia 05 de fevereiro de 2015, outro sinistro ocorreu em um frigorífico da

cidade de Lins, onde um jovem trabalhador morreu após ter suas pernas decepadas

ao ficar preso em uma máquina de misturar carne.

Outro fato, datado de 11 de março de 2015, foi a execução de um jovem e a

tentativa de homicídio de outro após tiros em frente a uma escola do município de

Lins. Tal fato ocorreu durante o dia, resultando na morte de um jovem, vitimado por 2

(dois) tiros de arma calibre 12 na cabeça. Diversas fotos e vídeos explícitos do

momento da execução, do jovem agonizante e do corpo já falecido circularam pelas

mídias sociais, de modo mórbido e compulsório, durante dias.

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O caso mais recente ocorrido na cidade de Lins, data de 18 de maio de 2015,

quando 2 (dois) irmãos vitimados por acidente de trânsito envolvendo um carro e a

motocicleta em que estavam tiveram a imagem de seus corpos já mortos circulando

euforicamente através das mídias sociais.

Diversas outras ocorrências similares, sucederam na cidade de Lins ao longo

dos últimos anos, tornando-se “atração”, em meio a população de pouco mais de

75.000 (setenta e cinco mil) habitantes.

Todos os fatos noticiados acima despertaram sentimentos ambíguos na

população linense, pois, ao mesmo tempo em que se sentiam “chocadas” e

“perturbadas” pelo sinistro, ficavam “excitadas” e “entusiasmadas” com o feito,

reflexos inconcussos do fenômeno de interdição e banalização da Morte e do Morrer

na cidade de Lins.

RESULTADOS PRELIMINARES

A análise conceitual e bibliográfica, coadunada com os acontecimentos

recentes observados na cidade de Lins e a reação da população linense ante a estes

fenômenos, permitiu uma análise acerca do tema, ressalvando os dados já apontados

pela literatura. Os fatos observados e os comportamentos emitidos pelos moradores

da cidade de Lins quando dos fenômenos trágicos, corroboram os dados apontados

pela literatura utilizada no presente trabalho.

A partir dos aspectos psicossociais e das interações sociais dos linenses diante

a morte e o morrer nota-se que o modo linense de lidar com a morte é marcado pela

interdição e banalização da morte, marcada na mesma ordem pela negação e atração

a morte. Este fenômeno indica que os linenses ora repelem a morte ora sentem-se

atraídos por ela.

Tal constatação parece, a princípio, paradoxal, já que ora as interações e

comportamento dos linenses em relação a morte fundamenta-se na interdição e,

conseqüente, negação da morte, porém ora as situações relativas a finitude atraem

linenses e a morte é explicitada, de tal modo que ocorre uma exacerbação e saturação

de ocorrências de morte, sobretudo, aquelas que resultam de acidentes, violência ou

são marcadas por tragédias.

Ao que se nota, tais fenômenos aparentemente ambivalentes, estão

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interligados. Haja vista, que tal como citado a cima, a morte interdita está ligada a

própria morte e a morte daqueles que se ama, entretanto, a morte banalizada ocorre

no falecimento do outro desconhecido, com o qual não se tem laços emocionais. A

morte de um ente próximo é marcada pelo silêncio e pela negação, pois cada vez mais

parece despertar entre os linenses sensações e inquietudes difíceis de serem

superadas e as tarefas relativas a morte e o morrer são cada vez mais delegada a

profissionais. Esse mesmo processo de afastamento da Morte e do Morrer é o que

gera a escassez da experiência de situações relativas aos processos do morrer,

suprimidas da vida da maioria dos linenses, o que parece despertar a curiosidade

nefasta diante a morte do desconhecido.

Com base nestas constatações é possível apontar também que tanto a

interdição quanto a banalização da morte parecem prejudicar a constituição de meios

de enfrentamento mais sofisticados de lidar com a morte, seja na esfera coletiva

quanto individual, que possibilitem atenuar os impactos da morte e do morrer, pois

tanto um quanto outro dificulta e, por vezes, impede a elaboração do luto e do pesar.

Basta ver que tanto na interdição quanto na banalização as pessoas são afastadas

das questões relativas a finitude que marca a vida de todos os homens, pois na

negação se comportam como se a morte não existisse e na banalização agem levando

em conta que se morre, mas quem morre é o outro desconhecido e cujo qual não

existe vínculos afetivos.

Frente a um fenômeno, no caso a morte e o morrer, que provocam grandes

impactos psicossociais, ao que tudo indica, os comportamentos dos linenses que

marcam a interdição da morte são marcados pela negação, enquanto aqueles

relativos a banalização da morte consiste em uma espécie de reação contrafóbica,

isto é, condutas defensivas, aproximando daquilo do que se tem medo com uma

curiosidade mórbida do sinistro alheio.

Percebe-se que, entre os linenses, os modos de enfrentamento da morte e do

morrer, cada vez menos, são pautados no cuidado para com a própria existência

marcada pela finitude ou o devido cuidado com a morte do outro desconhecido e dos

enlutados a este ligado. Dessarte, a interdição e a banalização da Morte e do Morrer,

permitem o nítido afastamento dos processos do luto e da vivência da Morte. Ao que

parece tais modos de lidar com a morte, embora se mostre como modalidades de

enfrentamento, do ponto de vista qualitativo parecem indicar que tais modalidades são

meios, um tanto precários, para atenuar os impactos oriundos da morte na vida dos

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linenses.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A existência de estudos acerca da Morte e do Morrer, ensejaram a pesquisa

sobre os modos de enfrentamento dos mesmos na cidade de Lins. Ademais, a

ocorrência de fenômenos trágicos em exíguo temporal contribuiu para a observação

dos comportamentos estereotipados e repetitivos por parte da população.

A escassez de informações sócio-históricas fidedignas possibilitando a

acareação e coleta de dados propiciou lacunas históricas quando das transições

tanatológicas e dos mecanismos de enfrentamento da Morte e do Morrer na cidade

de Lins. Ademais, a impossibilidade atual de realização de entrevista semi-estruturada

impossibilitou a comprovação empírica dos resultados observados.

Destarte, haja vista as transformações dos aspectos da Morte e do Morrer em

Lins, face mister a investigação de tais fenômenos e suas implicações nas relações

sociais e subjetivas dos seres, requerendo, portanto, a aplicação póstera de entrevista

semi-estruturada para corroborar ou refutar as premissas iniciais e os dados aqui

apresentados.

REFERÊNCIAS

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Apr. 2011 CAPUTO, Rodrigo Feliciano. A morte e os vivos: um estudo comparativo dos sistemas tanatológicos Linense e Bororo e suas intervenções nas interações sociais nestes dois grupos sociais. 2014. 228 f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. CAPUTO, Rodrigo Feliciano. O homem e suas representações sobre a morte e o morrer: um percurso histórico. Disponível em: <http://www.uniesp.edu.br/revista/ revista6/pdf/8.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2014. COMINATO, Denise Stefanoni; QUEIROZ, Marcos de Souza. Morte: uma visão psicossocial. Estud. psicol. (Natal) vol.11 n.2, p. 209-216. Natal May/Aug. 2006 KASTEMBAUM, R.; AINSENBERG, R. Psicologia da morte. São Paulo: Pioneira, 1983. KOVACS, Maria Julia. Desenvolvimento da tanatologia: estudos sobre a morte e o morrer. Paideia (Ribeirao Preto), v. 18, 2008. KOVACS, Maria Julia. Espiritualidade e psicologia – cuidados compartilhados. Disponível em: <http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/53/12_Espiritualidade .pdf> Acesso em: 09 nov. 2014. MARANHÃO, José Luiz de Souza. O que é morte? Brasiliense. 3ªed, 1985. MORIN, E. O homem e a morte. Lisboa: Europa-América, 1970. MUNIZ, Paulo Henrique. O estudo da morte e suas representações socioculturais, simbólicas e espaciais. Revista Varia Scientia, v. 06. n. 12, p. 159-169. 14 set 2006. RIBEIRO, A. G. Lins e seus Pioneiros. Lins: Cultural Signos, 1995. TAVARES, Thiago Rodrigues. Um ritual de passagem: o processo histórico do “bem morrer”. Disponível em: <http://www.ufjf.br/graduacaocienciassociais/files/2010/11/% C2%B4%C2%B4Um-ritual-de-passagem%C2%B4%C2%B4-Thiago-Tavares.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2014.