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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM EM CASOS DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE. POR RAFAEL MARY DE ALBUQUERQUE ORIENTADOR PROF. DR. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO NITERÓI 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO PROCESSO DE ENSINO

APRENDIZAGEM EM CASOS DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E

HIPERATIVIDADE.

POR RAFAEL MARY DE ALBUQUERQUE

ORIENTADOR

PROF. DR. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO

NITERÓI

2007

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PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO PROCESSO DE ENSINO

APRENDIZAGEM EM CASOS DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E

HIPERATIVIDADE.

Objetivo: Analisar a contribuição do Orientador

Educacional na superação das dificuldades dos alunos

com Déficit de Atenção e Hiperatividade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me proporcionado a

oportunidade de aprender e crescer, aos meus familiares

e em especial à minha mãe e meu avô que foram meus

maiores incentivadores. Sinceramente, Muito Obrigado!

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DEDICATÒRIA

Dedico a realização deste trabalho a meu avô que

sem sua ajuda nada disso seria possível, e a minha mãe

e também minhas avós que me ajudaram na construção

do mesmo.

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RESUMO

No cotidiano escolar o orientador depara-se com uma série de

dificuldades, sejam elas por questões financeiras, problemas na preparação

profissional, falta de reconhecimento da profissão por parte dos governantes e

mesmo da clientela, dificuldades de aprendizagem dos alunos, questões

comportamentais, entre outras. Compreendo que o orientador educacional e

pedagógico está inserido nesse contexto, e sabendo também que cada aluno

tem suas características próprias do seu “EU”, buscou-se compreender neste

trabalho o fenômeno TDAH, para mostrar algumas possibilidades de preparar o

profissional que atua com avanços que são acometidos por esse transtorno,

para ser capaz de diferenciar a hiperatividade de um comportamento

indisciplinado. Sendo esses sintomas semelhantes no caso de indisciplina e da

hiperatividade, procuramos mostrar que há diferenças comportamentais que os

diferenciam. A criança com o transtorno de déficit de atenção nos demonstra

com mais precisão as características da doença em idade escolar. O

profissional de educação é um dos mais indicados para o encaminhamento da

criança para um diagnóstico especializado deste problema, devido à sua

convivência cotidiana com a criança em situações grupais. Porém, ao constatar

esse problema, o orientador deve informar aos pais para que haja uma

orientação no procedimento a ser utilizado. Esta pesquisa enfoca a

identificação dos comportamentos indicativos da hiperatividade, de forma a

alertar pais e professores sobre a necessidade de identificá-los e encaminhá-

los para tratamento especializado.

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METODOLOGIA

A execução deste trabalho se deu por intermédio de leituras de livros e

periódicos, nas quais foram colhidas informações sobre o tema abordado, onde

se destacam os autores Barkley, Rohde, Benczik, Gordon e Ross.

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SUMÁRIO

Introdução ........................................................................................................08

CAPÍTULO I - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade no contexto

histórico .............................................................................................................10

1.1 Sintomas de Desatenção e sua manifestação ..........................................13

1.2 Sintomas de Hiperatividade e sua manifestação .......................................15

1.3 Sintomas de Impulsividade e falta de controle ..........................................16

CAPÍTULO II - TDAH e suas implicações educacionais ................................. 19

CAPÍTULO III - Contexto escolar .................................................................... 23

3.1 A escola e seu papel .................................................................................26

3.2 O orientador educacional pedagógico e seu papel ...................................28

3.3 A hiperatividade e a desatenção como causadoras do insucesso escolar.30

3.4 Estratégias para o orientador lidar com a hiperatividade ...........................36

Conclusão ........................................................................................................40

Referências Bibliográficas ............................................................................... 42

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é mostrar como o orientador educacional e

pedagógico pode minimizar os impactos causados pelo TDAH na vida escolar

do aluno, tendo em vista o grande número de crianças acometidas atualmente

por este transtorno.

Segundo o levantamento realizado por especialistas nos Estado Unidos,

o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um problema que

já atinge 1/3 da população mundial. Já se sabe que no Brasil 10% da

população infantil sofrem com os sintomas mais graves deste transtorno.

Para que ocorra um novo direcionamento na educação, tem de haver um

diagnóstico e intervenção não apenas na escola, mas também no contexto

familiar e em outros ambientes. É fundamental que esse trabalho

psicoeducacional seja integrado, incluindo pais e professores, na contribuição

para a saúde mental da criança, para que esta tenha uma vida digna, com bom

desempenho escolar, satisfatória integração social e, acima de tudo, satisfação

pessoal.

Para ajudar a criança em seu processo educacional, o conhecimento

sobre o TDAH é o passo inicial. Quanto mais informado o orientador estiver a

respeito do TDAH, suas implicações e manejamento, maior a chance da

criança conseguir um bom desempenho escolar.

O orientador, para estabelecer uma interação com a criança, é essencial

que tenha experiência, se revele profundamente e que adote uma filosofia

(abordagem) sobre o processo educacional. Ter informações de como lidar

com as dificuldades de outras crianças, como encarar o TDAH e se tem

interesse em ajudá-las, essas questões são primordiais no desempenho

escolar.

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Desde muito cedo na vida da criança os sintomas do TDAH se

apresentam, mas só se confirma que algo sta errado quando a criança ingressa

na pré-escola, embora ela já apresente sintomas primários do TDAH. Observa-

se que a criança é nitidamente diferente das outras crianças da mesma faixa

etária, demonstrando uma sensível redução de habilidades para manter a

atenção, de controlar suas ações, dificuldade em aceitar o princípio de

realidade e de regular as atividades físicas de acordo com as exigências

ambientais.

Dificuldades de se manter concentrado em uma mesma atividade por

muito tempo é apresentado por um aluno que apresenta o transtorno de déficit

de atenção e hiperatividade. Mostrando-se desconcentrado e irritadiço se

forçado a tal. Se os pais e os professores tiverem conhecimento prévio sobre o

assunto, esse comportamento deverá ser mais bem compreendido. Ao

perceber esses sintomas, os pais devem buscar ajuda de profissionais

capacitados para diagnosticar se a criança tem realmente esse transtorno ou

se é apenas muito agitado.

É de suma importância a orientação da escola e dos professores sobre o

TDAH, para que tenham pelo menos uma noção básica sobre a manifestação

dos sintomas e suas conseqüências em sala de aula. Saber diferenciar

incapacidade de desobediência é fundamental para se obter sucesso no

processo de ensino-aprendizagem.

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CAPÍTULO I

TRANSTORNO ODE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE NO SEU

CONTEXTO HISTÓRICO

Historicamente há alusões a respeito desses problemas na infância em

muitas das grandes civilizações. (Goodman e Gilman, 1975, apud Goldstein,

1990). O médico grego Galeno foi um dos primeiros profissionais a prescrever

apoio para a impaciência, inquietação e cólicas infantis. Em 1890, médicos

assistiam pessoas que demonstravam danos cerebrais e sintomas de

desatenção, impaciência e inquietação, como também com um modelo

semelhante de conduta, apresentado por indivíduos retardados sem história de

trauma. Eles formularam hipóteses que esses comportamentos em indivíduos

retardados resultavam de um mesmo tipo de dano ou de disfunção cerebral.

Foi denominado como defeito na conduta de uma inabilidade da criança

para internalizar regras e limites em 1902 por Still e como também em uma

manifestação de sintomas de inquietação e impaciência. Still certificou-se que

esses comportamentos poderiam ser resultados de danos cerebrais,

hereditariedade, disfunção ou problemas ambientais.

Entre os anos de 1917 e 1918, como descreve Homan (apud Goldstein,

1990) a partir de uma erupção de encefalites, os profissionais de saúde

observam que havia um grupo de crianças fisicamente recuperadas da

encefalite, mas apresentando inquietação, desatenção e que era facilmente

impacientes, comportamento esses não exibidos antes da doença. Esse

modelo de conduta foi então descrito como uma desordem pós-encefálica

(Beder, 1942).

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Charles Bradley, médico, em 1937, enquanto trabalhava com crianças

emocionalmente perturbadas em uma clínica psiquiátrica infantil, experimentou

as medicações estimulantes. No mesmo ano, Motlitch e Excles investigaram o

efeito de benzedine. Por um período de tempo elas ficavam mais calmas, mais

positivas, menos oposicionistas, prestavam mais atenção e aprendiam melhor.

Pesquisadores na Segunda Guerra Mundial tiveram oportunidades de

estudar umas amplas variedades cerebrais. Foi descoberto que o prejuízo de

qualquer parte do cérebro freqüentemente resultava em comportamento de

desatenção, inquietação e impaciÊncia. Os pesquisadores, através da

pesquisa, se apoiaram na noção de que as crianças com esses sintomas foram

vítimas de alguma forma de prejuízo ou disfunção cerebral.

A hipótese que então foi formulada pelos pesquisadores é que o

principal problema dessas crianças era distração. Nessa época ocorreu um

grande uso de medicações impróprias associadas a algumas mudanças em

sala de aula, pelo professor, como retirada de decorações excessivas, janelas

fechadas, etc...

A designação de lesão cerebral mínima surgiu na década de 40. A

utilização desse termo apoiou-se nas evidências que demonstravam

associações de alterações comportamentais, principalmente hiperatividade,

com lesões do sistema nervoso central. Esse transtorno foi definido como um

distúrbio neurológico, vinculado a uma lesão cerebral, de maneira inicial.

As mudanças na caracterização do distúrbio produziram certas

confusões em relação à sua definição e denominação, por exemplo.

Hipercinética, Distúrbio de déficit de atenção com hiperatividade, etc... como

também quanto ao seu prognóstico e formas de tratamento.

A síndrome foi denominada de Disfunção Cerebral Mínima (DCM) a

partir de 1992, pois as hipóteses de lesão cerebral levantadas não se

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confirmavam e as crianças foram então referidas como exibindo uma

“disfunção cerebral”.

Só nos anos 60 surgiu a necessidade de fazer uma definição sobre essa

síndrome sob uma perspectiva mais funcional, dando-se ênfase à

hiperatividade como síndrome de conduta, e considerando-se a atividade

motora excessiva como sintoma primordial. Ainda nessa década, o DSN-II

utilizou o termo hipercinética para descrever a síndrome.

O CID-9, classificação internacional das doenças na década de 70,

manteve a denominação semelhante: Síndrome Hipercinética.

Com o resultado de diversas investigações a partir da décda de 80, o

DSM-III alterou o termo para Distúrbio de Déficit de Atenção, em que foram

ressaltados os aspectos cognitivos da definição de síndrome, principalmente o

déficit de atenção e a falta de autocontrole ou impulsividade.

Foi enfatizada novamente a hiperatividade alterando o nome do

transtorno para Distúrbio de Hiperatividade com Déficit de Atenção np DSM-III,

revisado em 1987.

O CID-10 manteve a nomenclatura como Transtorno Hipercinético.

O manual diagnóstico e estatístico das doenças mentais, o DSM-IV, em

1994, denominou como transtorno de déficit de atenção/hiiperatividade,

utilizando como critério dois grupos de sintomas de mesmo peso para o

diagnóstico: a desatenção e a hiperatividade/impulsividade.

A hiperatividade e déficit de atenção são os problemas mais comumente

vistos em crianças e se baseiam nos sintomas de desatenção (pessoa muito

distraída) e hiperatividade (pessoa muito ativa, muito agitada, bem além do

comum).

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1.1 Sintomas de Desatenção e sua manifestação

A criança com sintomas de desatenção não presta atenção a detalhes,

como por exemplo, na escola não copia do quadro uma frase completa, não

pinga o “ i ” e não corta o “ t ”. Ao efetuar, troca as operações, soma no lugar de

subtrair. Não sabe nem porque não prestou atenção ao sinal. Não fica sentada

muito tempo na carteira sem se distrair ou atrair a atenção dos colegas. Parece

um foguete durante o recreio. É quase impossível chegar ao fim de uma

história um pouco mais longa sem distração. Seus cadernos não têm capas e

as folhas destes possuem orelhas. Pode apresentar também trabalho escolar

desordenado e confuso, pula folhas.

O que há de errado com uma criança que prefere esportes a ficar

sentada na sala de aula, ou que escolhe um gibi em vez de ler um livro de

ficção? Aparentemente nada, se não fosse por um motivo? Longe de ser

apenas um traço de desobediência “natural” da idade ou perda de interesse por

aulas e livros, o “bicho carpinteiro” faz a criança se levantar da carteira o tempo

todo e ser repreendida por ser bagunceiro.

O nome desse “bicho carpinteiro” na vida de uma disfunção cerebral é

o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

Por atividades que exigem esforço mental constante essas crianças

não têm interesse, pois é vivenciado por ela como desagradáveis e

acentuadamente aversivas. Atividades que exijam dedicação essas crianças

evitam ao máximo. Tais crianças evitam também atividades que tenham que

perder tempo para pensar, parecem ter preguiça mental. Distraem-se

facilmente com estímulos sem importância e interrompem as tarefas que estão

realizando para dar atenção aos ruídos alheios, que são facilmente ignorados

por outras crianças, com o por exemplo, a buzina de um carro, conversa ou

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barulho no fundo da sala, o som da televisão, ou latido do cachorro. Elas

esquecem coisas nas atividades diárias, esquecem de levar o lanche para a

escola, de entregar os trabalhos do dia, de provas e de dar recados

importantes. Parecem estar sempre no “mundo da lua”.

Em situações sociais, a desatenção faz com que não se concentrem no

que os outros falam, repentinamente mudam de assunto e mostram-se

indiferentes àquilo que para outros seria interessante. Freqüentemente

conseguem prestar muita atenção em coisas que são bonitas, novas e

estimulantes, interessantes ou assustadoras, que oferecem uma estimulação

intrínseca suficiente a ponto de ativarem o córtex pré-frontal.

Uma pessoa apresenta desatenção, a ponto de ser considerada como

transtorno de déficit de atenção, segundo Rhode e Benczik, quando tem a

maioria dos seguintes sintomas ocorrendo a maior parte do tempo em suas

atividades:

• Freqüentemente deixa de prestar atenção a detalhes, ou comete

erros por descuido em atividades escolares, de trabalho, ou outras;

• Tem dificuldade com freqüência para manter a atenção em tarefas

ou atividades recreativas;

• Não segue instruções e não termina seus deveres escolares com

freqüência, também tarefas domésticas ou deveres profissionais,

não chegando ao final das tarefas;

• Tem dificuldade na organização de suas tarefas e atividades

freqüentemente;

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• Freqüentemente perde coisas necessárias para tarefas ou

atividades;

• É facilmente distraída por estímulos alheios à tarefa principal que

está executando;

• Freqüentemente apresenta esquecimento em atividades diárias.

1.2 Sintomas de Hiperatividade e suas manifestações - Atividades

Motoras

A atividade motora que caracteriza as crianças hiperativas, manifesta-

se por meio de uma atividade corporal excessiva e desorganizada, geralmente

sem ter um objetivo concreto. É exatamente essa ausência de finalidade que

permite diferenciá-la da superatividade abservada no desenvolvimento normal

da criança, em certas situações. Juntamente com essa atividade motora

desmesurada que faz com que se considere a criança como uma zona móvel

de desastre, como aponta Herbert (1978), costumam surgir dificuldades em

nível de motricidade grossa (por exemplo, dificuldade de coordenação visual-

manual). Observando-se movimentos involuntários de dedos (sincinesias) que

interferem na realização de certas tarefas.

A hiperatividade pode desenvolver-se por meio de inquietação, ou seja,

remexer-se na cadeira, não permanecer sentado ou subir nas coisas quando é

inapropriado, dificuldade em brincar ou ficar em silêncio durante as atividades

de lazer, parecer estar a todo vapor ou “cheio de gás” ou ainda falar em

excesso. Nota-se que a criança em idade escolar apresenta comportamentos

similares, mas em geral com menor freqüência ou intensidade daquelas

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acometidas pelo transtorno. Na adolescência e na fase adulta, os sintomas de

hiperatividade assumem a forma de sensações de inquietação e dificuldade

para envolver-se em atividades tranqüilas, sedentárias ou rotineiras.

Segundo Rhode e Benczik (1999), uma pessoa pode apresentar o

transtorno de hiperatividade quando a maioria dos seguintes sintomas torna-se

uma ocorrência em sua vida:

• Agita as mãos ou os pés, ou se remexe na cadeira

freqüentemente;

• Com freqüência abandona sua cadeira em sala de aula em

outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;

• Freqüentemente corre ou escala em demasia, em situações nas

quais isso é inapropriado (am adolescentes e adultos, isso pode

não ocorrer mas a pessoa tem uma sensação de constante

inquietação);

• Com freqüência tem dificuldade para brincar silenciosamente ou

se envolver em atividades de lazer;

• Freqüentemente fala em demasia.

1.3 Sintomas de Impulsividade e falta de controle

o comportamento de todas as crianças é inicialmente controlado pelos

adultos, segundo certas normas que, com freqüência, vão contra seus desejos.

Entretanto, tais normas externas ou impostas acabam sendo internalizadas

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pela criança no decorrer de seu desenvolvimento, de forma que o controle

externo dá lugar ao autocontrole.

Esse processo encontra-se alterado nas crianças hiperativas, em que o

modo de agir impulsivamente é uma das características relevantes do distúrbio,

observando-se uma tendência imediata de seus desejos e baixa tolerância à

frustração.

A impulsividade pode manifesta-se no comportamento de uma criança,

com impaciência, dificuldade para protelar respostas, responder

precipitadamente, antes que as perguntas tenham sido completadas. A

impulsividade da criança pode causar acidentes como por exemplo esbarrar

nas pessoas, derrubar objetos das mãos, não olhar para onde anda, e ao

envolvimento em atividades perigosas, não se preocupando com as

conseqüências, não têm medo do perigo.

Possivelmente essas reações impulsivas levam à falta de organização

interna dos indivíduos, à inatividade, à falta de alteração e às inabilidades

motoras que apresentam.

De acordo com Rohde e Benczik (1999), alguns dos sintomas

relacionados ao que se chama impulsividade, à qual estariam relacionados os

seguintes aspectos:

• Dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido

completadas freqüentemente;

• Tem dificuldade com freqüência de aguardar sua vez;

• Freqüentemente interrompe ou se mete em assunto de outros

(por exemplo, intrometendo-se em conversas ou brincadeiras de

colegas);

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• Toma decisões sem raciocinar;

• Freqüentemente precipita-se em atitudes e palavras,

desesperado para fazer tudo já;

• Envolve-se em situações perigosas sem avaliar riscos e

conseqüências.

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CAPÍTULO II

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE E

SUAS IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS

Avaliando o atual contexto educacional brasileiro, encontramos uma

série de fatores que contribuem para um baixo rendimento escolar, como a

superlotação das salas de aula e o despreparo dos professores, reflexo da

defasagem na formação profissional e da sua má remuneração financeira.

Além disso, o mecanismo do sistema educacional tem, tradicionalmente,

concentrado os objetivos do processo ensino-aprendizagem no âmbito

cognitivo. Esses objetivos têm sido os mesmos para todos os alunos, e o ponto

de referência é o aluno padrão. Tal posicionamento levou a uma situação

caracterizada pela homogeneização e inflexibilidade do ensino, a uma

avaliação do tipo normativo - em função dos objetivos iguais para todos - e

finalmente, a uma organização das atividades de ensino-aprendizagem nas

quais todos têm que fazer o mesmo, ao mesmo tempo (Blanco, 1993).

A escola atual, com freqüência desconsidera as diferenças individuais

e está pouco aberta às diversidades, sendo, muitas vezes, incapaz de adequar

recursos e metodologias, tanto aos alunos que deles necessitam como àqueles

que requerem qualquer tipo de resposta individualizada, de caráter transitório

ou permanente.

Muitas das dificuldades de aprendizado e má adaptação escolar do

aluno com TDAH se intensificam não só em razão de um planejamento

educacional rígido e inadequado quanto aos objetivos e a metodologia, mas

também pela falta de interação apropriada com o orientador educacional e

pedagógico, o professor ou com o grupo de iguais. A presença de alunos com

necessidades educacionais especiais na escola regular implica,

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obrigatoriamente, a modificação dos esquemas especiais na escola regular

implica, obrigatoriamente, a modificação desses alunos em determinado

momento. Ao identificar o TDAH no aluno, o passo da escola é determinar

quais são suas necessidades acadêmicas e, a partir daí, solicitar ao

profissional da saúde que o acompanha as recomendações educacionais

necessárias ao caso.

A realidade grande parte das vezes, vem mostrando que o sistema

educacional ainda está bastante estratificado, os orientadores e professores

encontram dificuldades às vezes insuperáveis, para fazer as adaptações que

se fazem necessárias para atender o aluno com TDAH.

Sabe-se que o TDAH tem um grande impacto no desenvolvimento

educacional da criança. Estudos indicam que as crianças com TDAH em

ensino regular correm riscos de fracassos duas a três vezes maiores do que as

crianças sem dificuldades escolares e com inteligência equivalente (Gordon,

1991).

Cerca de 20 a 30% das crianças com TDAH apresentam dificuldades

específicas, que interferem na sua capacidade de aprender. Do total de

crianças indicadas para os serviços de educação especial e de centros de

saúde mental, 40% são portadores de TDAH.

A desatenção e a falta de auto controle características do TDAH

intensificam-se em situações de grupo, dificultando ainda mais a percepção

seletiva dos estímulos relevantes, a estruturação e a execução adequada das

tarefas, colocando a criança em grande risco para as dificuldades escolares em

termos de desempenho acadêmico e interações com adultos e outras pessoas.

O desempenho acadêmico insatisfatório com freqüência acompanha o

TDAH e pode ser uma característica estável desse transtorno. Em geral, o

professor observa uma diferença muito grande entre o potencial intelectual da

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criança e o seu desempenho acadêmico. Dessa forma o desempenho escolar e

o tratamento em sala de aula ficam comprometidos mesmo em crianças com

inteligência superior.

Para Ross (1979), alguns distúrbios de aprendizagem podem ser

encarados como resultados de um desenvolvimento lento na capacidade de

empregar e manter a atenção. Isto se deve ao fato de a realização de tarefas

exigirem uma distribuição cuidadosa dos recursos de processamento mental,

memória, emprego de estratégias ordenadas e hierarquizadas, que implicam

um aporte progressivo de certos procedimentos em outros, como por exemplo,

no procedimento de somar, contar e recodificar na memória de trabalho. As

crianças que apresentam problema de atenção costumam encontrar

dificuldades para organizar estruturas hierárquicas ou atividades de processos

mentais, o que traz conseqüências, especialmente negativas, às atividades

matemáticas.

As dificuldades para fazer contas e as operações de adição e

subtração, multiplicação e divisão podem aparecer. Muitos desses erros estão

associados à dificuldade de manter a atenção e de organizar informações

verbais, a velocidade para realizar cálculos pode ser lenta.

A criança com TDAH pode demonstrar uma falha importante na

produção escrita, devido ao déficit visual motor, causando desta forma

dificuldades de coordenação viso-motora e conseqüentemente baixa resposta

motora, podendo apresentar dificuldades em tarefas nas quais tenham de

escrever, desenhar, traçar e copiar. Ocasionalmente essas crianças

apresentam uma leitura pobre, têm dificuldades de associar a compreensão

fonética ao som das letras do alfabeto e habilidades relacionadas. É notada

também certa dificuldade de compreensão, observada em exercícios de

interpretação de textos, embora possa ter um bom vocabulário. Demonstra

erros de memória. A retenção geral de informação é difícil para ela; demonstra

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dificuldades em lembrar-se das informações se não tiver pistas, pois trabalha

melhor em nível concreto.

Há mais de vinte anos já se comprovou que 98% do aprendizado é

feito por meio dos olhos e ouvidos. É relevante desenvolver tanto a atenção

visual como a auditiva, considerando ainda que a forma de comunicação mais

freqüente seja a oral e que 45% do tempo é consumido na atividade de ouvir,

parece mais primordial cuidar da aprendizagem da atenção auditiva.

Especialmente porque estímulos verbais podem suscitar outras formas de

atenção.

É conveniente lembrar que nem todo indivíduo com TDAH apresenta

dificuldades na aprendizagem. As dificuldades atencionais podem ser

compensadas pelo uso de um bom potencial intelectual, interesse pelo

conhecimento e condições didáticas adequadas.

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CAPÍTULO III

CONTEXTO ESCOLAR

Aproximadamente estima-se que um terço ou mais das crianças com

TDAH ficarão atrasadas no mínimo em uma série na sua vida escolar, se

comparadas às não portadoras. Até 35% nunca concluirão o ensino médio.

(Barkley, 2002)

Mais da metade das crianças dom TDAH apresenta problemas de

comportamento, 15 a 25% dessas crianças serão suspensas ou até mesmo

expulsas da escola devido à sua conduta inapropriada.

Diante do comportamento desafiador opositivo do aluno, o professor

tem a tendência a responder com o autoritarismo e excessiva postura

controladora. A percepção negativa que o professor constrói do seu aluno é

decorrente de suas constantes frustrações que resultam em uma interação

negativa. Segundo Barkley (2002),

“[...] enquanto não estivermos seguros sobre o quão

negativamente as relações professor criança afetam a

adaptação da criança portadora de TDAH a longo prazo. As

experiências mostram que elas certamente podem piorar suas

já tão pobres conquistas sociais e acadêmicas, reduzindo sua

motivação para aprender e praticar na escola e diminuindo sua

auto-estima isso pode resultar em insucesso e abandono da

escola (p. 235)”

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A qualidade da relação professor aluno pode beneficiar as adaptações

acadêmicas e relacionais. O professor é o elemento fundamental para o

sucesso da criança na escola.

Barkley (2002) afirma que as ferramentas mais eficazes para o manejo

do comportamento na sala de aula são as conseqüências positivas e negativas.

Chama-se positiva os elogios, as fichas, as recompensas palpáveis. Além dos

privilégios especiais. É comum que as punições, reprimendas verbais, multas

e penalidades sejam ignoradas pelas crianças com TDAH. O comportamento

desejado só irá acontecer com a combinação adequada das estratégias

comportamentais e cognitivas.

Elogios, sorrisos, um sinal de aprovação com a cabeça, são formas de

demonstrar a atenção e são poderosas ferramentas que o professor tem ao

seu dispor. A sistematização dos elogios requer que o professor seja específico

sobre o que é para ser elogiado, devendo elogiar os comportamentos positivos.

Os benefícios obtidos com o procedimento de elogiar e ignorar não são

suficientes por si próprios, é indicado a associação de recompensas sob a

forma de privilégios especiais (auxiliar o professor, permanecer no recreio por

mais tempo, receber mais jogos especiais). Adotar um programa de fichas é

uma estratégia eficaz. As recompensas sempre têm resultado positivo.

Ignorar é a técnica inicial para lidar com mau comportamento. A

maioria dos maus comportamentos se origina do déficit psicológico de inibição

do comportamento e manutenção da atenção. Ignorar pode ser a técnica

indicada para ensinar uma criança com transtorno de déficit de atenção e

hiperatividade a parar de se comportar mal. Também o ignorar não é indicado

em caso de destruição ou agressão.

As reprimendas são as conseqüências negativas mais usadas na sala

de aula. No entanto, os seus resultados podem variar consideravelmente, com

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pouca emoção e em conjunto com outras punições de caráter positivo.

Reprimendas vagas, demoradas, enfadonhas, emocionais, desvinculadas de

outras conseqüências, não têm utilidade, são inúteis pois não cumprem seus

fins. As reprimendas por si não são suficientes para modificar o comportamento

ou custo de respostas implicam a perda ou remoção de uma recompensa

baseada na emissão do comportamento inapropriado.

A suspensão da escola é uma punição aplicada por problemas de

comportamento severos, mas deve ser usada de forma cautelosa, pois leva ao

reforço do mau comportamento para ficar em casa. A punição, se for usada de

maneira indevida, tem efeitos colaterais que podem ser manifestos em forma

de aversão da criança ao professor ou pela fuga da escola como um todo. Para

evitar os efeitos colaterais indesejáveis decorrentes da aplicação indevida de

punição, esta deve ser aplicada de forma reduzida, sem ser excessiva. A

severidade da punição provoca hostilidade na criança. É mais indicada a

punição que envolva a retirada de recompensas ou privilégios à punição que

envolva o uso de eventos como o isolamento.

O comportamento não apropriado da criança hiperativa incita

normalmente os colegas a terem maus comportamentos. Os colegas podem

reforçar ou não o comportamento da criança com TDAH. A forma mais eficaz

que os colegas de classe têm para ajudar é ignorar o comportamento

inapropriado do colega.

Os pacientes que não apresentam dificuldades no

aprendizado conseguem executar as tarefas de modo rápido e

eficiente, mas como terminam antes que os outros, ficam

atrapalhando o trabalho dos colegas por conta da

hiperatividade. Esse comportamento causa insatisfação ao

grupo, que passa a reclamas. A interferência da professora,

que chama a atenção do aluno, tem como objetivo primordial o

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de manter a classe organizada, mas caba provocando uma

reação agressiva por parte do aluno, além de acentuar sua

hiperatividade (Topazewski, 1999).

3.1 A escola e seu papel

Segundo o psiquiatra Ênio Roberto de Andrade, a hiperatividade só fica

evidente no período escolar, quando é preciso aumentar o nível de

concentração para aprender. “O diagnóstico clínico deve ser feito com base no

histórico da criança, por isso a observação de pais e professores é

fundamental.” (Andrade, 2000).

É muito comum os pais imaginarem existir uma escola especializada,

com atendimento próprio para os alunos hiperativos e desatentos.

Consideramos como grupo, entretanto, essas crianças e adolescentes parecem

ter potencial de aprendizagem igual ao das crianças normais (Goldstein. 1998).

Numa época em que se luta pela inclusão de todos os alunos, não é

razoável conceber essa escola exclusiva para portadores de TDAH. Eles

precisam ter o benefício do convívio social com os colegas da mesma idade e

aprender a lidar com regras, com a estrutura e os limites de uma educação

organizada, pois a escola representa, em pequena escala, a sociedade em que

irão viver quando chegarem à idade adulta. O sucesso na sala de aula pode

exigir uma série de intervenções. A maioria das crianças com TDAH pode

permanecer na classe normal, com pequenas intervenções no ambiente

estrutural, modificação de currículo e estratégias adequadas à situação

(Chadd, 2000).

É importante escolher uma escola que esteja o mais próximo possível

dos valores da família, que dê importância às mesmas coisas que os pais dão,

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que siga o caminho que os pais pretendem trilhar, enfim, uma escola que

complemente a educação que o aluno recebe em casa (Bromberg, 2001). Do

contrário, o conflito resultante de visões educacionais contraditórias pode trazer

resultados não muito favoráveis para o desenvolvimento desse aluno.

É aconselhável que se escolha uma escola que tenha a preocupação

com o desenvolvimento global do aluno, em vez de uma que vise a algum tipo

específico de sucesso - acadêmico, artístico, esportivo. A escola que melhor

atende às necessidades dos portadores de TDAH é aquela cuja preocupação

maior está em desenvolver o potencial de cada um, tendo respeito às

diferenças individuais e auxiliando na superação dos pontos fracos, pois

precisam de apoio e intervenção psicopedagógica mais intensas.

A primeira avaliação deve ser feita por um grupo dentro da escola,

levando em consideração o comportamento e o desempenho do aluno em

várias atividades e situações. Seu histórico escolar deve ser analisado, os

professores devem ser ouvidos a respeito de suas dificuldades e

competências, utilizando-se de TDAH, versão para professores (Benzick,

2000), ou Escala de Conners para professores, versão reduzida (Gaiao e

Barbosa, 1998). O pessoal auxiliar pode acrescentar dados sobre o

comportamento fora de sala de aula. O material do aluno, seus testes,

trabalhos de aula e de casa, são fontes de informação a serem analisadas na

busca da compreensão do problema, para que essas informações tenham um

mínimo de contato com o aluno. A seguir um encontro com os pais se faz

necessário. Nele, a escola transmite suas preocupações, e mostra as opções

para um diagnóstico correto. No entanto, os professores devem apenas

descrever o comportamento ao rendimento do aluno, propondo um possível

curso de ação.

Uma avaliação adequada para TDAH supõe entrevista com um

profissional capacitado, análise do histórico familiar e do comportamento da

criança no ambiente da família, avaliação neuropsicológica e avaliação do

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desenvolvimento emocional e afetivo (Jones, 1991). De acordo com Goldstein

(1988), uma avaliação qua não leve a uma modificação de situação é, para

todos so efeitos, uma perda de tempo ou nada mais que um exercício

acadêmico. Assim, uma vez determinado o problema, novamente se faz

necessário trabalho multidisciplinar - pais, professores, orientadores e

terapeutas devem fazer um planejamento quanto às estratégias e intervenções,

que podem incluir adaptação do currículo, modificação do ambiente,

flexibilidade na realização e apresentação de tarefas, adequação do tempo de

atividade, administração e acompanhamento de medicação, quando

necessário.

3.2 O Orientador Educacional Pedagógico e seu papel

Rohde e Benczik (1999) apontam que o orientador tem papel

fundamental no processo de aprendizagem e na saúde mental de seus alunos.

Ao tomar conhecimento das dificuldades que ocorrem numa família com

membros portadores de TDAH, é provável que os professores comecem a

entender a atitude dos pais, da mesma forma que os pais podem sensibilizar-

se com a situação dos professores se souberem das reais dificuldades que

seus filhos encontram na escola. O objetivo desse saber da situação do outrp é

fazer com que ambos - pais e professores - compreendam que devem ser

parceiros de uma mesma empreitada, e não rivais de uma disputa (Bromberg,

2002). É necessário que exista estreita colaboração entre os pais, professores

e orientadores.

A comunicação freqüente entre a escola e a família é fator importante

para que orientadores, professores e pais possam trocar experiÊncias

relevantes. Saber o que está acontecendo com a criança ou adolescente

durante o tempo em que ele está em outro ambiente ajuda a compor o quadro

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real da situação, e esse confiar no outro é que realmente estabelece a parceria.

Nesse sentido, é muito útil um instrumento de comunicação escrita que seja

utilizado diariamente (Rief, 1998). Mas é um instrumento a ser usado com bom

senso, no sentido da cooperação, não da cobrança e da rivalidade.

Os orientadores e professores são, com freqüência, aqueles que mais

facilmente percebem quando um aluno está tendo problemas de atenção,

aprendizagem, comportamento ou emocionais/afetivos e sociais. O primeiro

passo a ser dado na tentativa de solucionar os problemas é verificar o que

realmente está acontecendo (Parker, 1996).

É razoavelmente comum professores de crianças com TDAH sentirem

tanta frustração quanto seus pais, pois também eles são seres humanos

únicos, com características específicas e estilos de ensino próprios, e nenhum

conjunto isolado de sugestões e estratégias funciona na inter-relação de todos

os professores com todos os alunos. Algumas vezes é preciso tentar várias

intervenções antes que algum resultado positivo apareça. Daí, a necessidade

de se escolher a escola e o método de ensino mais adequado para o aluno,

especialmente aquele com TDAH.

Uma das grandes dificuldades enfrentads pelo aluno com TDAH e sua

família é a realização do dever de casa. Ao passar uma lição de casa, os

professores devem lembrar que o tempo que um estudante com TDAH (e/ou

com transtornos de aprendizagem) leva para fazer essa tarefa pode ser de três

a quatro vezes maior que o de seus colegas. É necessário fazer adequações

para que a quantidade de trabalho não exceda o limite da possibilidade. Ter

sempre presente em sala de aula. Pais não devem fazer o papel de

professores. Acima de tudo, o dever de casa não deve ser jamais um castigo

ou conseqüência de mau comportamento na escola (Rief, 1993).

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3.3 A Hiperatividade e a Desatenção como causadoras do

insucesso escolar

O TDAH é com freqüência apresentado como um tipo específico de

problema de aprendizagem. Ao contrário, é um distúrbio de realização. Sabe-

se que as crianças com TDAH são capazes de aprender, mas têm dificuldades

de se sair bem na escola devido ao impacto que os sintomas têm sobre uma

boa atuação.

Na escola, as crianças com TDAH podem apresentar, em geral, a

inteligência média ou acima da média (Smith e Struck, 2001). Porém,

apresentam alguns problemas na aprendizagem ou no comportamento

associados aos desvios das funções do sistema nervoso central,

proporcionando dificuldades na percepção, conceitualização, linguagem,

memória, controle da atenção, função motora e impulsividade.

A impulsividade da criança com TDAH é anormal: não consegue parar

de mexer nas coisas, diz coisas fora de hora, mesmo sabendo que não deveria

dezê-las. Seus impulsos colocam-na em constantes conflitos com os pais,

colegas e professores. Seu descontrole emocional é demonstrado pela

irritabilidade, pela agressividade e pelo choro. Tem mudanças de humor

freqüentes e inesperadas . assusta-se e entra em pânico por motivos tolos.

Algumas são retraídas, inibidas e frustram-se com facilidade; são incapazes de

concentrar-se na ação; perdem o interesse quando utilizam materiais que

exigem esforços de conceitos.

É durante o período escolar que aparecem as manifestações mais

evidentes da hiperatividade. A criança não consegue aprender a ler

normalmente, tem dificuldades de abstração, apresenta problemas em tarefas

que exijam coordenação viso motora; sua escrita, cópia e desenhos são

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inadequados e com problemas perceptivo-motores. É considerada desajeitada,

sem equilíbrio e sem ritmo, ou seja, sua coordenação, no geral, é deficitária.

Na idade escolar, crianças com TDAH apresentam maior probabilidade

a repetência, evasão escolar, baixo rendimento acadêmico e dificuldades

emocionais de relacionamento. Supõe-se que os sintomas do TDAH sejam

catalisadores, tornando as crianças vulneráveis ao fracasso nos dois processos

mais importantes para um bom desenvolvimento: o relacionamento social e a

escola.

Além dos comportamentos anteriormente mencionados, para poder

distinguir um hiperativo de um aluno com distúrbios mais leves de atenção,

deve-se estar atento a pelo menos três fatores:

• Contínua agitação motora;

• A impulsividade;

• Impossibilidade de se concentrar.

Porém estas atitudes, por parte do aluno, devem ser constante pelo

menos por seis meses.

Professores que possuem alunos com problemas de hiperatividade

devem ter muita paciência e disponibilidade, pois eles precisam de muita

atenção. A criança que tem hiperatividade geralmente possui baixa auto-estima

pelo fato de apresentar dificuldades na concentração e os orientadores e

professores que não conhecem os problemas relacionados ao TDAH

consideram-na como exemplo negativo para os demais alunos.

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É necessário desenvolver um repertório de intervenções para atuar

eficientemente no ambiente de sala de aula com a criança portadora de TDAH.

Um outro repertório deve ser desenvolvido pelos orientadores educacionais e

pedagógicos para educar e melhorar as habilidades deficientes da criança.

Segundo os psiquiatras Duchesne e Andrade (ABDA, 2002), pode-se

usar métodos didáticos alternativos para melhora do comportamento

pedagógico da criança hiperativa:

• Trabalhar com pequenos grupos, sem isolar as crianças

hiperativas;

• Dar tarefas curtas ou intercaladas, para que elas possam

concluí-las antes de se dispersarem;

• Elogiar os resultados;

• Usar jogos e desafios para motivá-los;

• Valorizar a rotina, pois ela deixa a criança mais segura,

mantendo sempre o estímulo, através de novidades no material

pedagógico;

• Permitir que elas consertem os erros, pedindo desculpas quando

ofender algum colega ou arrumarem a bagunça da classe;

• Repetir individualmente todo comando que for dado ao grupo e

fazendo-o de forma breve e usando sentenças claras para

entenderem;

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• Pedir a eles que repitam o comando para ter certeza de que

escutaram e compreenderam, o que o professor quer;

• Dar uma função oficial às crianças, como ajudantes do

professor, isso faz com que elas melhorem e abram espaços para

o relacionamento com os demais colegas;

• Mostrar limites de forma segura e tranqüila, sem entrar em atrito;

• Orientar os pais a procurarem um psiquiatra , um neurologista ou

um psicólogo.

O sucesso em sala de aula, freqüentemente, exige uma série de

intervenções. A maioria das crianças com TDAH pode permanecer na classe

normal, com pequenos ajustes na sala de aula, como a utilização de um

auxiliar ou programas especiais de aula. as crianças com problemas mais

sérios exigem salas de aula especiais.

Uma sala de aula eficiente para crianças desatentas deve ser

organizada e estruturada. Primeiramente, o professor deve estar preparado o

suficiente para receber uma criança portadora de TDAH e procurar conhecer

melhor O quadro da disfunção, para saber como lidar com ela. Depois, um

programa de reforço baseado em ganhos e perdas, deve ser parte integrante

do trabalho de classe. A avaliação do professor deve ser freqüente e imediata.

Recomenda-se ignorar pequenos incidentes. O material didático deve

ser adequado às habilidades da criança. Estratégias cognitivas que facilitem a

autocorreção, e que melhorem o comportamento nas tarefas, devem ser

ensinadas.

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As tarefas devem variar, mas continuar sendo interessantes para o

aluno, assim como a criatividade e habilidade do professor mediante as tarefas.

Os horários de transição (mudança de tarefas) das crianças devem ser

supervisionadas. A comunicação entre pais e professores deve ser freqüente.

Os professores também precisam ficar atentos ao quadro negativo de seu

comportamento. As expectativas devem ser adequadas ao nível de habilidade

da criança e deve-se estar preparado para mudanças.

Os professores devem ter conhecimento do conflito incompetência x

desobediência e aprender a discriminar entre os dois tipos de problemas.

Ainda no rol de intervenções específicas que o professor pode fazer para a

criança com TDAH a se ajustar melhor à sala de aula, os psiquiatras Duchesne

e Andrade (ABDA, 2002), apresentam as seguintes:

• Proporcionar estrutura, organização e constância (sempre a

mesma arrumação das cadeiras, programas diários e regras

claramente definidas);

• Colocar a criança perto de colegas que não o provoquem, perto

da mesa do professor, na parte de fora do grupo;

• Elogiar, encorajar e ser afetuoso, porque essas crianças

desanimam facilmente;

• Dar responsabilidades que elas possam cumprir, fazendo com

que se sintam necessárias e valorizadas;

• Proporcionar um ambiente acolhedor, demonstrando calor e

contato físico de maneira equilibrada;

• Nunca provocar constrangimento ou menosprezar o aluno;

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• Favorecer oportunidades sociais e proporcionar trabalho de

aprendizagem em grupos pequenos, pois em grupos menores

as crianças conseguem melhores resultados;

• Comunicar-se com os pais da criança porque, geralmente, eles

sabem o que tem melhor funcionamento com seu filho;

• Ir devagar com o trabalho e parcelar a tarefa. Doze trabalhos

de cinco minutos cada trazem melhores resultados do que duas

tarefas de meia hora;

• Adaptar suas expectativas quanto a crianças, levando em

consideração as diferenças e inabilidades decorrentes do

TDAH;

• Recompensar os esforços, a persistência e o comportamento

bem sucedido ou bem planejado;

• Proporcionar exercícios de consciência e treinamento dos

hábitos sociais da comunidade. Uma avaliação freqüente sobre

o comportamento da criança consegue mesma e com os outros,

ajudará bastante;

• Estabelecer limites claros e objetivos;

• Facilitar o freqüente contato aluno / professor, pois auxilia em

um controle extra sobre a criança e possibilita oportunidades de

reforço positivo e incentivo a um comportamento mais

adequado;

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• Permanecer em constante comunicação com o psicólogo ou

orientador da escola. Este é o melhor ponto de ligação entre a

escola, os pais e o médico.

3.4 ESTRATÉGIAS PARA O ORIENTADOR LIDAR COM A

HIPERATIVIDADE

Segundo os psiquiatras Andrade, Asbalrar e Souza, os orientadores e

professores devem usar de algumas estratégias básicas para lidar com o aluno

portador desse transtorno, são as seguintes:

• Evite colocar alunos nos cantos da sala, onde a reverberação

do som é maior. Eles devem ficar nas primeiras carteiras das

fileiras do centro da classe, e de costas para ela;

• Faça com que a rotina na classe seja clara e previsível, criança

com TDAH têm dificuldade de se ajustar à mudança de rotina;

• Afasta-se de portas e janelas para evitar que se distraiam com

outros estímulos;

• Deixe-as perto de fontes de luz para que possam enxergar bem;

• Não fale de costas, mantenha sempre o contato visual;

• Intercale atividades de alto e baixo interesse durante o dia, em

vez de concentrar o mesmo tipo de tarefa em um só período;

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• Repita ordens e instruções, faça frases curtas e peça ao aluno

para repeti-las, certificando-se de que ele entendeu;

• Procure dar supervisão adicional aproveitando intervalo entre as

aulas ou durante tarefas longas e reuniões;

• Permita movimento na sala de aula. Peça à criança para buscar

materiais, apagar o quadro, recolher trabalhos. Assim ela pode

sair da sala quando estiver mais agitada e recuperar o

autocontrole;

• Esteja sempre em contato com os pais; anote no caderno do

aluno as tarefas escolares, mande bilhetes diários ou semanais

e peça aos responsáveis que leiam as anotações;

• O aluno deve ter reforços positivos quando for bem sucedido.

Isso ajuda a elevar sua auto-estima. Procure elogiar ou

incentivar o que aquele aluno tem de bom e valioso;

• Crianças hiperativas produzem melhor em salas de aula

pequenas. Um professor para cada oito alunos é indicado;

• Coloque a criança perto de colegas que não o provoquem, perto

da mesa do professor na parte de fora do grupo;

• Proporcione um ambiente acolhedor, demonstrando calor e

contato físico de maneira equilibrada e, se possível, fazer os

colegas também terem a mesma atitude;

• Nunca provoque constrangimento ou menospreze o aluno;

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• Proporcione trabalho de aprendizagem em grupos pequenos e

favoreça oportunidades sociais. Grande parte das crianças com

TDAH consegue melhores resultados acadêmicos,

comportamentais e sociais quando no meio de grupos

pequenos;

• Adapte suas expectativas quanto à criança, levando em

consideração as deficiências e inabilidades decorrentes do

TDAH. Por exemplo: se o aluno tem um tempo de atenção

muito curto, não espere que se concentre em apenas uma

tarefa durante todo o período de aula;

• Proporcione exercícios de consciência e treinamento dos

hábitos sociais da comunidade. Avaliação freqüente sobre o

impacto do comportamento da criança sobre ela mesma e sobre

os outros ajuda bastante;

• Desenvolva métodos variados utilizando apelos sensoriais

diferentes (som, visão, tato) para ser bem sucedido ao ensinar

uma criança com TDAH. No entanto, quando as novas

experiências envolverem uma miríade de sensações (sons

múltiplos, emoções, movimentos ou cores), esse aluno

provavelmente precisará de tempo extra para completar sua

tarefa;

• Não seja mártir! Reconheça os limites da sua tolerância e

modifique o programa da criança com TDAH até o ponto de se

sentir confortável. O fato de fazer mais do que realmente quer

fazer, traz ressentimento e frustração;

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• Permaneça em comunicação constante com o psicólogo ou

orientador da escola. Ele é a melhor ligação entre a escola, os

pais e o médico.

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CONCLUSÃO

Este trabalho é resultado de uma revisão bibliográfica sobre o TDAH

considerando os impactos causados pelo transtorno na vida sócio-familiar da

criança.

O intuito foi de buscar na literatura, dados sobre o Transtorno de

Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e como auxiliar o orientador

educacional e pedagógico, pais e professores no manejo do TDAH, uma vez

que este transtorno é raramente identificado no espaço escolar e no próprio

contexto familiar, sendo na maioria das vezes ignorado ou confundido com

indisciplina, rebeldia e desobediência.

A maioria do que lemos ou ouvimos sobre TDAH tem uma conotação

negativa. A razão disso é o fato do transtorno continuar ainda sendo pouco

conhecido e as crianças acometidas por ele bastante estigmatizadas, apesar

dos estudos terem se intensificado nas últimas décadas e algumas estatísticas

demonstrarem que 3 a 6% das crianças em idade escolar podem ser

diagnosticadas como portadoras de TDAH, o preconceito ainda está presente

em torno desse transtorno.

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é o

responsável pela enorme frustração que os pais, professores, orientadores e as

crianças com o TDAH experimentam a cada dia. Frustrações resultantes dos

conflitos familiares, dos fracassos escolares e da impossibilidade de uma vida

social saudável.

As crianças que tem o TDAH e que não são corretamente

diagnosticadas são freqüentemente rotuladas problemáticas, desmotivadas,

avoadas, malcriadas, indisciplinadas, irresponsáveis ou até mesmo pouco

inteligentes.

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É definitivo que o conhecimento e as atitudes do orientador e dos

professores sobre o TDAH na escola e em sala de aula são de grande

importância para o manejo do transtorno. Por outro lado, é reconhecido que

existem consideráveis barreiras a serem vencidas pelos professores no seu

dia-a-dia com o aluno que é acometido pelo TDAH. Inúmeros fatores impedem

que o professor ofereça uma atenção personalizada a essa criança hiperativa:

o tempo para dedicar-se a ela; a falta de reconhecimento para intervenção; o

número de alunos na classe e a severidade do transtorno.

Aos orientadores, professores e educadores cabe a responsabilidade

de uma atenção direcionada para as dificuldades que são observadas no

comportamento de seus alunos, considerando sempre o aspecto bio-psico-

social dos mesmos. Para uma intervenção efetiva e eficaz é fundamental que

o professor não naturalize os comportamentos emitidos pelas crianças que

apresentam esse transtorno, rotulando-as como crianças que não tem mais

jeito. O professor precisa derrubar os preconceitos e aprender a lidar com as

crianças que tem o TDAH para então promover as mudanças necessárias no

seu comportamento e ao mesmo tempo facilitar o desenvolvimento de certas

habilidades que a criança não desenvolveu.

É perceptível em nosso sistema educacional a necessidade que o

orientador transmita ao professor uma interação sobre os temas e assuntos

que dizem respeito à prática educacional, tendo acesso sempre a novas

informações e pesquisas para que se evitem preconceitos sobre as

dificuldades comportamentais das crianças. Preconceitos que são muitas

vezes resultado da carência de informação sobre o verdadeiro significado

desse transtorno.

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