o papel do estado no desenvolvimento tecnológico · lucro certo e no menor tempo possível, o que...
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ESTADO EMPREENDEDOR E
REGULAÇÃO SETORIAL DE
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
Edmundo Belarmino
31 de março de 2017
POR QUE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO?
PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS
PELO BRASIL EM 2016
FONTE: MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL
BASEADO EM INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
PRODUTOS E SERVIÇOS COM MAIOR
VALOR AGREGADO
MAIOR COMPETITIVIDADE NO MERCADO
INTERNACIONAL
FAVORECIMENTO DA BALANÇA
COMERCIAL BRASILEIRA
MELHORES EMPREGOS E SALÁRIOS
SOLUÇÃO DE DIVERSOS PROBLEMAS
NACIONAIS: MEDICAMENTOS, MORADIA,
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL, SEGURANÇA
ENERGÉTICA ETC.
Inovação: implantação de um produto, serviço ou
processo tecnologicamente novo ou aprimorado.
Produto ou serviço tecnologicamente novo é aquele que se distingue dosdemais existentes por suas características tecnológicas ou pelas aplicaçõesque permite fazer;
Ex.: avião, telefone, computador, automóvel, televisão.
Produto ou serviço tecnologicamente aprimorado é aquele que, após aincorporação de uma inovação tecnológica, tenha melhoria de desempenhoou de aplicação, ou ainda menor custo, seja pela utilização de novoscomponentes, ou materiais, ou também pela integração de subsistemastécnicos que lhe confiram tal aprimoramento;
Ex.: telefone sem fio, smartphone, automóveis com direção hidráulica, televisores deLED.
Processo tecnologicamente novo ou aprimorado é aquele em que ainovação gera novo ou aprimorado processo/método de produção (maiseficiente, mais seguro, menos custoso etc), abrangendo o processo deentrega/distribuição do produto (de forma mais rápida, mais barata, commelhor conservação do produto etc).
Fonte: Manual de Oslo (Organização para a Cooperação e DesenvolvimentoEconômico – OCDE)
Conceito de inovação na Lei nº
10.973, de 2004 (Lei de inovação)
Art. 2º, IV - Inovação: introdução de novidade ou
aperfeiçoamento no ambiente produtivo e social que
resulte em novos produtos, serviços ou processos ou que
compreenda a agregação de novas funcionalidades
ou características a produto, serviço ou processo já
existente que possa resultar em melhorias e em efetivo
ganho de qualidade ou desempenho;
Tecnologias criadas com
financiamento público
Setor farmacêutico: medicamentos – Orphan Drug Act (EUA, 1983)
Internet: Desenvolvida pela DARPA (Agência de Projetos e Pesquisa
Avançada de Defesa – EUA) – Durante a Guerra Fria
GPS – Departamento de Defesa dos Estados Unidos (Início da
década de 1970)
Tela touch-screen: financiamento da DARPA para a tecnologia TFT-
LCD, que se tornou a base das atuais telas touch-screen
Nanotecnologia: National Nanotechnology Iniciative – Início com o
governo Clinton – EUA
Energias solar e eólica – Estados Chinês e Alemão
Tecnologias criadas com
financiamento público
O Estado por trás do Iphone:
- Internet
- GPS
- Tela touch-screen
- Apoio à Apple mediante
políticas fiscais e
financiamento de pesquisas
Experiências brasileiras em pesquisa e
desenvolvimento
EMBRAPA
AUMENTO DA PRODUTIVIDADE E EFICIÊNCIA AGRÍCOLAS
EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA NACIONAL PARA O CERRADO
EXPANSÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA DE 45 MILHÕES DE
TONELADAS EM 1975 PARA 187 MILHÕES DE TONELADAS EM 2013
34% DO COMÉRCIO MUNDIAL DOMINADO PELO BRASIL
Experiências brasileiras em pesquisa e
desenvolvimento
PETROBRAS
INSERÇÃO DO BRASIL NO MERCADO MUNDIAL DE PETRÓLEO
PERFURAÇÃO E EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO EM
ULTRAPROFUNDIDADE (inovação de processo)
DESCOBERTA DO PRÉ-SAL
Experiências brasileiras em pesquisa e
desenvolvimento
EMBRAER
DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA AERONÁUTICA NO PAÍS
4ª MAIOR EMPRESA DE AERONAVES NO MUNDO, PRODUZINDO
AVIÕES PARA USO COMERCIAL, EXECUTIVO, DEFESA, SEGURANÇA E AVIAÇÃO AGRÍCOLA
ESTADO EMPREENDEDOR
Financiador de pesquisas em que a incerteza dos resultadosafasta a iniciativa privada
RISCO X INCERTEZA
Investidores privados procuram
lucro certo e no menor tempopossível, o que os afasta de
investimentos nas fases iniciais daspesquisas para desenvolvimento de
inovações.
Comportamento do setor privado diante das incertezas
- Desestímulo a investimentos sem garantias mínimas de retorno
- Busca do lucro como principal motivação
- Investimentos em P&D no horizonte de 3 a 5 anos
- Ingresso nas pesquisas após a superação da fase de incerteza
PESQUISA DE INOVAÇÃO 2011 (PINTEC/IBGE), publicada em2013: principais problemas e obstáculos à inovação segundo asempresas inovadoras da indústria no Brasil: custos (81,7%) e riscos
(71,3%)
ESTADO EMPREENDEDOR
Condução e orientação do desenvolvimento da ciência, tecnologia e
inovação nacional para além da mera subtração do risco privado,
investindo em setores que permitam a produção de novos produtos,
serviços e o acesso a novos mercados na economia nacional.
DESTRUIÇÃO CRIATIVA:
JOSEPH SCHUMPETER
ESTADO EMPREENDEDOR
Valorização de parcerias público-privadas para odesenvolvimento da inovação nacional
Setor privado responsável pela produção econômica (Art.173, CF)
Desenvolvimento de inovações em sintonia com a indústrianacional
ESTADO EMPREENDEDOR
Aquele que regula (conduz e molda) o setor de ciência,tecnologia e inovação em busca do desenvolvimento tecnológiconacional
Dimensão do ESTADO REGULADOR
ESTADO REGULADOR
ESTADO EMPREENDEDOR
ESTADO EMPREENDEDOR
Aquele que regula (conduz e molda) o setor de
ciência, tecnologia e inovação visando à
efetivação de direitos fundamentais e, maisespecificamente, ao desenvolvimento tecnológico
da indústria e do país.
“Por isso, em vez de confiar no sonho falso de que
os ‘mercados’ irão administrar o mundo para nós
‘se os deixarmos em paz’, os formuladores de
políticas deveriam aprender a usar os meios e osinstrumentos para formar e criar mercados –
fazendo acontecer coisas que não aconteceriam
de outra forma”. (Mariana Mazzucato)
PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS DO ESTADO EMPREENDEDOR NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL
CF, Art. 218. O Estado promoverá e
incentivará o desenvolvimento científico, a
pesquisa, a capacitação científica e
tecnológica e a inovação.
CF, Art. 218, § 2º. A pesquisa tecnológica
voltar-se-á preponderantemente para a
solução dos problemas brasileiros e para o
desenvolvimento do sistema produtivo
nacional e regional.
CF, Art. 219-B. O Sistema Nacional de
Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI)
será organizado em regime de
colaboração entre entes, tanto públicosquanto privados, com vistas a promover o
desenvolvimento científico e tecnológico e
a inovação.
PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS EM PESQUISA E
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E O
ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO
Ecossistema de inovação é o ambiente no qual diversos
atores públicos e privados envolvidos no processo de
pesquisa científica e tecnológica interagem entre si,
intercambiando conhecimentos, ideias, financiamentos,
materiais humanos e físicos, erros e acertos,
influenciando-se reciprocamente e realizando pesquisas
e empreendimentos em conjunto.
Principais atores no ecossistema de
inovação brasileiro
Empresas;
Empresas públicas (Petrobras), Bancos públicos (BNDES), Instituições Públicas definanciamento (FINEP, CAPES, CNPq), Governo Federal, Ministérios e demaisórgãos públicos (MEC, MCTIC, MD, MME), Agências Reguladoras;
Organizações Sociais (CGEE, EMBRAPI), Universidades Privadas, InstituiçõesPrivadas de Pesquisa;
Universidades, Instituições Públicas de Pesquisas (FIOCRUZ, EMBRAPA )
Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT): órgão ouentidade da administração pública direta ou indireta ou pessoajurídica de direito privado sem fins lucrativos legalmenteconstituída sob as leis brasileiras, com sede e foro no País, queinclua em sua missão institucional ou em seu objetivo social ouestatutário a pesquisa básica ou aplicada de caráter científicoou tecnológico ou o desenvolvimento de novos produtos,serviços ou processos; (Lei nº 10.973/2004, art. 2º, V)
PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS EM PESQUISA E
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E O
ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO
ESTADO/GOVERNO
EMPRESASENTIDADES DA
SOCIEDADE CIVIL
UNIVERSIDADES E
INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
DE PESQUISA
ECOSSISTEMA DE
INOVAÇÃO: RELAÇÕES
JURÍDICAS
ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO
AS PARCERIAS ENTRE OS ATORES DO ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO
SERÃO RELAÇÕES JURÍDICAS
O DIREITO É RELEVANTE PARA O ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO
O REGIME JURÍDICO DESSAS PARCERIAS PODERÁ CONTRIBUIR OUDIFICULTAR O DESENVOLVIMENTO DO ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO
É NECESSÁRIO UM REGIME JURÍDICO ESPECÍFICO PARA AS
PARCERIAS EM CT&I
REGIME JURÍDICO DA LEI DE INOVAÇÃO (Lei nº
10.973/2004) - Alterações realizadas pela Lei nº
13.243/2016 (Marco Legal da CT&I)
CELERIDADE DESBUROCRATIZAÇÃO
TRANSPARÊNCIA SEGURANÇA JURÍDICA PRESTAÇÃO DE CONTAS
SUPERAÇÃO DAS FORMALIDADES DA LEI DE LICITAÇÕES (LEI Nº
8.666/93)
REGIME JURÍDICO DA LEI DE INOVAÇÃO (Lei nº
10.973/2004) - Alterações realizadas pela Lei nº13.243/2016 (Marco Legal da CT&I)
NÃO OBRIGATORIEDADE DE LICITAÇÃO E DEMAIS PROCEDIMENTOS DE
SELEÇÃO DOS PARCEIROS PRIVADOS
MAIOR LIBERDADE CONTRATUAL NA
ESTIPULAÇÃO DAS REGRAS DAS PARCERIAS
AVALIAÇÃO DE RESULTADOS
USO E COMPARTILHAMENTO
DE BENS PÚBLICOS COM ATORES
PRIVADOS
CONTRATO COMO A PRINCIPAL FONTE NORMATIVA DOS
NEGÓCIOS JURÍDICOS EM CT&I
LEI DE INOVAÇÃO (Nº 10.973/2004) E O REGIME
JURÍDICO-ADMINISTRATIVO EM CT&I
Parcerias
Art. 3, da Lei de Inovação - A União, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios e as respectivas agências de fomento poderão
estimular e apoiar a constituição de alianças estratégicas e o
desenvolvimento de projetos de cooperação envolvendo
empresas, ICTs e entidades privadas sem fins lucrativos.
Art. 9 - É facultado à ICT celebrar acordos de parceria cominstituições públicas e privadas.
LEI DE INOVAÇÃO (Nº 10.973/2004) E O
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO EM CT&I
Parcerias
Art. 19 - A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as ICTs
e suas agências de fomento promoverão e incentivarão a pesquisa
e o desenvolvimento de produtos, serviços e processos inovadores
em empresas brasileiras e em entidades brasileiras de direito
privado sem fins lucrativos.
Art. 20 - Os órgãos e entidades da administração pública poderão
contratar diretamente ICT, entidades de direito privado sem finslucrativos ou empresas.
LEI DE INOVAÇÃO (Nº 10.973/2004) E O
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO EM CT&I
Não-obrigatoriedade de licitação
Lei nº 8.666/93, art. 24, XXXI – É dispensável a licitação nas
contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts.
3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004,observados os princípios gerais de contratação dela
constantes. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
LEI DE INOVAÇÃO (Nº 10.973/2004) E O
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO EM CT&I
Uso e compartilhamento de bens públicos
Art. 4º - A ICT pública poderá, mediante contrapartida financeira ounão financeira e por prazo determinado, nos termos de contrato ouconvênio:
I - compartilhar seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais edemais instalações com ICT ou empresas em ações voltadas à inovaçãotecnológica para consecução das atividades de incubação, semprejuízo de sua atividade finalística;
II - permitir a utilização de seus laboratórios, equipamentos, instrumentos,materiais e demais instalações existentes em suas próprias dependênciaspor ICT, empresas ou pessoas físicas voltadas a atividades de pesquisa,desenvolvimento e inovação, desde que tal permissão não interfiradiretamente em sua atividade-fim nem com ela conflite;
LEI DE INOVAÇÃO (Nº 10.973/2004) E O
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO EM CT&I
Controle e prestação de contas mediante procedimentos
simplificados e por avaliação de resultados
Lei de Inovação, art. 1º, XII - simplificação de procedimentos para
gestão de projetos de ciência, tecnologia e inovação e adoção de controle por resultados em sua avaliação;
Art. 27-A. Os procedimentos de prestação de contas dos recursosrepassados com base nesta Lei deverão seguir formas simplificadas
e uniformizadas e, de forma a garantir a governança e a
transparência das informações, ser realizados anualmente,
preferencialmente, mediante envio eletrônico de informações, nostermos de regulamento.
LEI DE INOVAÇÃO (Nº 10.973/2004) E O
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO EM CT&I
Predominância do contrato como o principal instrumento normativo
regente dos negócios jurídicos em inovação
Exemplos da Lei de Inovação:
Uso e compartilhamento de bens públicos (art. 4º, I e II)
Uso de capital intelectual (art. 4º, III)
Cláusula de exclusividade em contratos de transferência de
tecnologia (art. 6º, 1º-A)
Propriedade intelectual e participação nos resultados da
exploração das criações resultantes da parceria (art. 9º, §2º)
Previsão de recursos para cobertura de despesas operacionais
e administrativas (art. 10)
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
GERAL DAS CONTRATAÇÕES PÚBLICAS
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
DE CONTRATAÇÕES E NEGÓCIOS EM
CT&I
REALIZAÇÃO DE LICITAÇÃO E
DEMAIS PROCEDIMENTOS
SELETIVOS
OBRIGATÓRIO EM REGRA NÃO OBRIGATÓRIO
AUTONOMIA DOS ENTES E
ORGÃOS PÚBLICOS
MENOR MAIOR
CONTROLE BUROCRÁTICO E DE PROCEDIMENTOS
RÍGIDOS
SIMPLIFICADO E DE RESULTADOS
GESTÃO DE BENS PÚBLICOS RÍGIDO E MAIS RESTRITIVO AO USO E
COMPARTILHAMENTO COM AGENTES
PRIVADOS
FLEXÍVEL E PERMITE O USO E
COMPARTILHAMENTO COM
AGENTES PRIVADOS NAS PESQUISAS
FONTE NORMATIVA PRINCIPAL LEI, DECRETOS E INSTRUÇÕES
NORMATIVAS
CONTRATOS