o papel da theosophia na prÓxima civilizaÇÃo - annie besant

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  • 8/7/2019 O PAPEL DA THEOSOPHIA NA PRXIMA CIVILIZAO - Annie Besant

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    ANNIE BESANT

    O PAPEL DATHEOSOPHIA NAPRXIMA CIVILIZAO

    www.espelhosdatradicao.blogspot.com

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    J desde muito tempo, venho de anno em anno, ou de dois em dois annos, Inglaterra para diffundir, nesta regio, e na medida do possvel, as verdades dasabedoria antiga a que hoje damos o nome grego de Theosopha.

    D'esta vez,cumpre-me especialmente semear na capital do nosso reino algunsgrandes principios relativos as transformaes em curso na civilizao moderna, echamar ao mesmo tempo a ateno dos pensadores para os signaes que nos estoindicando o fim de um cyclo e a decadncia de uma civilizao. Havia eu julgado nopoder dirigir-me seno a alguns milhares de ouvintes, vindos para escutar-me aosdomingos n'uma das salas de Londres; mas, graas a generosa amabilidade do"CHRISTIAN COMMONWEALT", estas conferencias tm sido amplamentediffundidas.

    Escolherei um ponto determinado nos themas a que dei maior desenvolvimento,para indicar-vos o papel que est reservado Theosophia na prxima civilizao, edemonstrar-vos os trabalhos que ella se entrega para o nascimento da raa futura.Muitas particularidades explicadas nas minhas conferrencias anteriores no podemser tratadas hoje seno summariamente ; contudo deveis lembrar-vos que,considerando a evoluo do homem, este se encontra, em determinados periodos,limitado e dominado por certos e differentes attributos de sua conscincia; assim,por exemplo, que vemos dominar na infancia a emoo; na idade adulta, aintelligencia; na velhice, sabedoria. Do mesmo modo, se pelo pensamentoabarcarmos as civilizaes do passado e as raas humanas, constataremos os mesmosprocessos e a mesma sucesso de phenomenos. Isto pde ser para ns o indicio do

    que ser o porvir.

    Na grande raa que precedeu a nossa, a raa celtica-, que ainda existe, notamos que aemoo superior foi a nota dominante, emoo que se traduz na poesia e nas outrasartes. Na raa teutonica a intelligencia que, em todas as espheras da actividade, serevela entre os povos que vieram deste tronco, do qual o ramo de nossa raa. Sendoassim para o passado e presente, no irracional considerar o desenvolvimento dahumanidade no ponto de vista da sua proxima caracteristica, do proximo aspecto desua conscincia, da evoluo da natureza espiritual no homem, evoluo que succedea da intelligencia to inevitavelmente como a da intelligencia apparece depois daevoluo da emoo.

    No irracional, repito, considerar este desenvolvimento, em cujo limite lhe colloca acora da sabedoria e do amor universal sobre a fronte da humanidade. Estapercorreu as fazes da infancia e da adolescncia para encaminhar-se definitivamente

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    maturidade da sua evoluo. Por isso que esperamos para a civilizao futura oadvento da espiritualidade na religio, na sciencia, na arte e na sociedade.

    Podemos logicamente prever que esta espiritualidade unificar e dar calor civilizao de amanh, que em religio se afirmar cada vez mais a unidade, que emsciencia teremos novos meios de investigao e novos poderes, que no ponto de vistamoral gozaremos de idas mais nobres, de uma inspirao mais poderosa; que nasociedade se revelar a espiritualidade pelo espirito de sacrificio como basefundamental desta sociedade, como tambm pelo exame de si mesma, corando, porfim, a Fraternidade o edifcio inteiro.

    Taes so, a nosso ver, e rapidamente indicados, os signaes distinctivos da civilizaode amanhan.

    Qual ser o papel da Theosophia nesta civilizao? - qual ser o seu logar, a suafunco, o seu dever?

    o que me proponho responder esta noite.

    Para quem s conhece de nome a theosophia ou a tem comprehendido mal, a ajuizarpelas aluses publicadas pela imprensa a respeito d'ella, ser talvez util fazermosdesde j as seguintes perguntas :

    Que A Theosophia?

    De onde vem?

    Antes de continuar, respondamos rapidamente a estas perguntas.

    De facto, como seu nome o indica, a Theosophia estabelece como princpio que ohomem de natureza divina e pode, por conseguinte, aprender a conhecerdirectamente Deus. a proclamao da GNOSE antiga contra o agnosticismo, talcomo foi por ns conhecido nos ultimos annos do sculo XIX.

    Demais, ella um corpo de doutrinas que so communs a todas as grandes religies

    do mundo e se encontram mais ou menos explicadas em cada grande religio dopassado e do presente.

    um conjuncto de ensinamentos espirituaes em sua essencia, universaes em suaexpanso e que tendem a conduzir o homem ao caminho, a perfeio a guial-o na

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    vida, a iluminai-o na morte. Ella no se occupa de ritos, de cerimonias ou de ensinosreligiosos, que no sejam universaes e succeptiveis de serem encontrados em todosos cultos. Explica as particularidades de cada religio, mostra o sentido occulto queas mais das vezes contido pelo cerimonial, os ritos, as oraes e os symbolos detodas as crenas. No s os explica como tambem os ilumina augmentando-lhes ovalor.

    No excita ninguem ao abandono de sua proprio religio para substituil-a por outra,antes aconselha que se busquem nessa religio as profundas verdades commiuns atodas as confisses religiosas. Ao envez de pregar a guerra nas questes religiosas,faz de taes questes elementos de harmonia e no elementos de discordia,levantando o estandarte de paz e no o de combate. Ao buscar os pontos essenciaesde cada religio, a reunil-os e submettel-os critica dos homens, justificaperfeifamente o seu nome de SABEDORIA ANTIGA, fonte unica de todas asreligies.

    Uma exposio muito summaria da definio da Theosophia poder-se-ha dar,dizendo: que uma GNOSE no que se refere s relaes do homem com Deus, e umadeclarao de principios em que se affirma a communidade das verdades espirituaesfundamentaes para todas as grandes religies do mundo.

    Quando eu fallar de seu papel na futura religio mencionarei successivamente todasas suas doutrinas e vereis ento que ellas se encontram em todas as Escripturas domundo, em todas grandes religies, sem excepo.

    Primeiramente quiz estabelecer categoricamente o que a Theosophia, afim de, se frpossivel, dissipar as nuvens que a ignorancia e os maus intentos accumularam sobreella.

    Sabendo que a proxima civilizao ser espiritual e que a Theosophia est, destinadaa desempenhar nella um papel definido, permitti que eu vos trace a qualidade deseus trabalhos, e vos diga de que modo ella prepara a raa de amanhan e apressa asua vinda. Insisto sobre a palavra preparar, porque effectivantente ns preparamos oterreno, convencidos como estamos de que cada religio corresponde a umacivilizao, cujo carcter se adapta ao d'esta religio: ns preparamos por crermosque no nascimento de cada nova civilizao apparece um grande instructor no

    mundo, para dar a esta civilizao o primeiro impulso e fundar a religio que avivificar. Segue-se ento que, esperando aproxima civilizao, esperamos tambem amanifestao de um grande Ser, de um Instructor divino.

    A pergunta: que a Theosophia? disse eu que se pode acrescentar:

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    De onde vem?

    A Theosophia um dos ultimos impulsos, no digo o ultimo que tem contribudo,uns aps outros, para fundar as grandes religies do mundo. Estes impulsos vemsempre de uma poderosa Fraternidade de Instructores, que so os que fundaram as

    religies debaixo da alta direco do Instructor Supremo, o qual os dirige, os guia eos inspira. Desta grandiosa Fraternidade saem os instructores que, de tempos emtempos, apparecem no mundo para dar uma religio e prepararem as bases de umacivilizao -, Instructores que se manifestaram no passado e se manifestam ainda nopresente.

    Sempre e sempre se repetem as mesmas coisas e toda a nossa civilizao continuamente precedida por uma nova impresso espiritual.

    Desta vez, contudo, esta impulso difere das outras no sentido de que ela no fundareligio, no levanta barreira alguma, no faz nenhuma distino entre os crentes e

    os no crentes e no faz nenhum proselitismo, sendo o seu unico objecto ilustrar.Como acabo de dizer, a Theosophia dirige-se como mensageira da paz a todas asreligies, no procura desviar da propria f aquelles que o nascimento collocou sob aegide de tal ou qual religio.

    De sorte que o seu primeiro trabalho em vista da vinda da proxima civilizaoconsiste em proclamar:

    A FRATERNIDADE DAS RELIGIES, sem destruir nenhuma d'ellas, sem diminuir ovalor de nenhuma, mas esforando-se por approximal-as, por fazer cessar arivalidade que as separa, afim de que cada uma possa reconhecer o seu parentesco

    com as mais, tornando-se assim todas ellas unia grande familia, cujos membros nomais combatero entre si.

    Alem disto, traz para este fim o conhecimento de factos empregados contra areligio, os quaes deveriam ter sido empregados parra a defender.

    Aquelles que entre ns so de uma certa edade, podem lembrar-se que nos ultimosanos do seculo XIX appareceu uma nova sciencia : a Mythologia comparada.

    Deveis estar lembrados como esta sciencia adquiriu rapidamente importancia.

    Esquadrinhando o passado e o presente, esforou-se em provar que cada religionasceu da ignorancia e no se tornou admissivel nem teve valor seno a proporoque foi avanando e se pos em contacto com os povos cultos.

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    A mythologia comparada utilizou os descobrimentos archeologicos dos antiquarios,fazendo d'elles armas contra a religio dominante, o Chistianisino, ao mesmomomento em que a sciencia era activa e poderosa.

    Considerou sucessivamente as doutrinas crists, fez notar as concordancias d'ellas

    com as doutrinas d'outras pocas, em outras civilizaes, nas religies do passadoque tinham ou no desapparecdo.

    Recolheu as informaces contidas nos tumulos pstumos a descoberto no Egypto,reuniu os fragmentos dos conhecimentos egpcios inscriptos nos papiros - nessasfolhas collocadas nos corpos das mumias, e, de todos esses fragmentos dispersos,compoz a obra conhecida pelo nome de livro dos Mortos Fez o mesmo na Cailda,em Ninive, nas cpias dos templos egypcios que as excavaes puzeran, a descobertotio fundo do Mxico, templos de varios milhares de annos mais antigos que os dosaztecas que foram os que expulsaram delles os adoradores e destruiram. essasantigas civilizaes.

    Os aztecas existiam tambern desde milhares de annos, quando Cortz, a frente dosespanhis os tratou como elles haviam tratado os seus predecescessores.

    A Mythologia comparada encontra nestes templos ensinamentos e idas anlogas; oque j tinha reconhecido n'outra parte; e succedeu a mesma cousa quando abriu asescripturas chinezas, as quaes continham tradices imemoraveis. Ainda succedeu omesmo com as Escripturas da India, com os fragmentos das tradies de Zoroastro,com os livros das naes budlhistas, gregas e romanas.

    Cotejando ento todos os testemunhos assim recolhidos, fez-se com elles a

    Mythologia comparada.

    Esta foi a arma mais perigosa drigida contra o christianismo dogmtico, porque estasciencia estava fundada em factos verificaveis que ningum podia negar.

    Foi ento que a Theosophia, que acabava de apparecer, teve de intervir para dartestemunho da verdade dos factos, ajuntando outros novos e tambem para fazercompreender que em logar de uma Mythologia comparada se impunha uma Scienciadas religies comparadas demonstrando que tudo o que foi admitido universalmente verdadeiro e no um embuste; uma realidade e no uma illuso. A Theosophiadefendeu cada religio, proclamando A UNIVERSALIDADE DAS CRENAS

    RELIGIOSAS e fez notar que uma verdade no deixa de ser verdadeira sob opretexto de que antiga, e que uma coisa falsa no deixa de O ser porque eraadmitida na antiguidade. Ela justificou as religies empregando os argumentos queserviram para desacredita-los ; fez delas tal ritmo da Sabedoria Antiga, em lugar deum producto da ignorancia depurada pelo tempo.

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    Trouxe para esse fim numerosos argumentos acerca dos quaes no tenho tempo dedeter-me mas que podeis ler nos livros que se escreveram sobre este assunto.

    E agora, afim de utilizar as suas theorias para a edificao da Fraternidade dasReligies, a Theosophia proclama em todos os pases, entre os povos de todas as

    religies, a herana comum verdade espiritual e -s doutrinas fundamentaes queCada crena encerra...

    Quaes so estas doutrinas?

    No so numerosas, mas sim dum alcance elevado.

    E so to poucas que poderamos contal-as pelos dedos. A primeira grande doutrinaensinada por todas as religies a unidade de Deus ; a segunda ensina que Deus triplice em sua manifestao.

    Em philosophia falasse de trez qualidades, de trez attributos; em religio elles sopersonificados e estabelece-se uma Trindade em trez aspectos. Mas, ou estes sejamphilosophicos, ou personificados pelo pensamento religioso, tereis sempre:

    O PODER DA VONTADE;

    A SABEDORIA;

    A ATIVIDADE.

    Encontrareis estes trez attributos da Trindade de todas as naes. No christianismo

    temos o Padre, isto , a incorporao do poder da vontade; o Filho, a sabedoriaeterna; o Espirito, a actividade creadora, que constitue o universo. No hinduismo, noquai a ordem sempre invertida, temos o Creador e sua actividade, o Preservador,manifestao da Vontade. De igual modo poderia citar todas as religies, umasdepois de outras, assim as que teem existido como as que ainda existem, e mostrar-vos-ia sempre esta Trindade. Estas verdades fundamentaes sobre Deus, souniversaes. Elle Uno em sua essencia e Triplo em sua manifestao.

    A estas duas verdades se ajunta a concernente a esta vasta famlia dos Filhos deDeus, a grande hierarquia das intelligencias espirituaes, ou archanjos, anjos, seres.brilhantes, quaesquer que sejam os nomes que lhes dei, a cohorte dos Filhos de

    Deus, em cujo seio a humanidade encontra seu proprio campo de evoluo.

    Chegamos a esta quarta doutrina, cuja expresso : a evoluo continua daconscincia em corpos que se tornam de mais em mais perfeitos e que permittem

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    expressarem-se os poderes da conscincia. Todavia este principio, que a scienciachama evoluo, a religio deu-lhe o nome de REENCARNAO.

    merc d'esta que o germen divino volta ao homem divino ao completar-se aevoluo.

    Vem em seguida os mundos nos quais se effectua esta evoluo: o mundo celeste e oda materia.

    O homem pertence a todos os mundos e pode por-se em contacto com todos.

    Segue uma outra doutrina, uma lei fundamental lei que se applica ao dominio doespirito do mesmo modo que ao da materia segundo a qual o caracter se consttuecomo o mundo que exterior, lei imutavel e inviolavel que podemos conhecer eutilizar para elevarmo-nos a ideas sempre mais nobres. Finalmente, como remate aenumerao d'estas doutrinas comuns a todas as religies, achamos esta crena que

    h Instructores que dirigem a evoluo da humanidade inspiram as religies easseguram o progresso espiritual do homem.

    Taes so as verdades universaes; taes so os ensinamentos que sempre forampossuidos por todas as religies e que ellas ainda possuem hoje. Tambemencontramos na unidade de seu ensinamento a realidade da existncia destaFraternidade, realidade sobre a qual insistimos a todo o momento e em todas aspartes. Para que ento uma pessoa haveria de trocar a sua f por outra, quando nessaoutra encontrar as mesmas verdades apesar das differenas de ceremonias e deritos? Esta Fraternidade mais do que outra qualquer religio, nos permitteapreciarmos todas as religies no seu justo valor.

    A luz solar decompe-se, vs o sabeis, em sete raios coloridos, que contribuem para abelleza da natureza; estes raios, refractados de um certo modo, podem recompr aluz branca, phenomeno familiar ao physico, e que pode applicar-se s religies.

    As grandes verdades, as grandes virtudes so Uma, a brilhante luz da verdade oseu manancial. A intelligencia, ao servir de prisma, dispersa esta luz em fases, e cadauma das religies apparece com a sua cr ; depois, recombinadas em luz branca peloprisma do Espirito, voltam sua primitiva unidade.

    Se examinardes as religies, no podeis deixar de chegar s mesmas concluses.

    Cada uma dellas tem sua nota particular e sua cr que traz para rege a gerao domundo. Transportae-vos ao antigo Egypto e encontrareis como caracteristica de suareligio a Sciencia. A religio do Egypto foi realmente a origem da sciencia quedepois se difundiu pela Europa.

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    Examinae as Indias, no Extremo Oriente, e constatareis que a caracteristica doHinduismo apresenta a natureza como sendo divina em tudo, e o sentimento doDever como devendo ser a lei de todo o indivduo.

    Vde a Persia do passado; sua nota foi a Pureza de pensamento, de palavra e de

    aco.

    Olhae a Grecia: vel-a-eis dar a nota da Belleza, belleza em architectura, em escultura,em pintura, em philoSophia, sendo ento o Bello elevado a proeminncia doVerdadeiro e do Divino.

    Em Roma a Lei, a lei regendo todas as coisas.

    Em fim: para o Christianismo a lei do Sacrificio, que a que contem as promessasdo porvir.

    No Islamismo uma nova proclamao da unidade divina.

    E tendo cada religio sua propria nota, sua cr propria, todas reunidas e juntas daroa luz branca da Verdade, daro uma harmonia, perfeita.

    Urna s no vos teria dado semelhante harmonia.

    O pensamento humano demasiado estreito e o crebro no pode conceber esse feixede vrios raios coloridos recompostos em luz branca ; por isto, cada religio emitteem primeiro lugar suas caractersticas, como se houvesse sido necessrio que aDivindade fsse soletrada palavra por palavra pelas religies, dando cada urna

    dellas uma s letra e formando todas essas letras o nome do Senhor.

    Se considerardes deste modo a religio, podereis chegar ao conhecimento do seupoder, e ver que a sua fora tende unidade e no diviso ; vereis que toda areligio tem alguma coisa que aprender das outras; que cada uma pode dar umaparte dos conhecimentos que lhe so especiais sem contudo pensar em isolar-se comosendo a unica verdadeira. Uma religio no rebaixa outra, mas a engrandece,fazendo dela uma fora de attrao em vez dum elemento de disperso.

    O valor de Christo no fica diminuido sob pretexto de que elle recomendou : "amae avossos inimigos", preceito que o mesmo Buddha havia proclamado perto de

    seiscentos annos antes, dizendo :

    "O dio no mata ao odio; s o amor mata o dio". Ao contrario, no maravilhosover Buddha e Christo como annunciadores da Lei Una e eterna, vindo trazer emepocas e naes differentes a mestria, a Verdade e ensinar a mesma doutrina?

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    A Theosophia ligando-se a todos estes pontos, tratados naturalmente por miudoquando elles so objecto de um estudo particuIar - prepara esta religio espiritualcomum, esta sabedoria divina Una, para que todas as religies cheguem aconsiderar-se como os ramos de uma s e mesma arvore.

    nisso que consistir a obra da Theosophia na raa de amanham; essa a suamisso, e por isto que se disse nos seus comeos que ella estava destinada a ser nahumanidade a pedra angular da religio do porvir. Esta religio ser essaFraternidade de que j vos falei ; e permanecero todas as fs religiosas, pois todastem Sua Utilidade e suas caracteristicas especiaes, ainda que todas sero uma porensinarem, sob differentes formas as mesmas verdades.

    DA SCENCIA NA CIVILIZAO FUTURA

    A sciencia penetrar nos dominios superiores, isto encontrar-se- em presena dematria mais subtil do que aquela de que ella se tem ocupado at hoje. Ella conhece a

    materia physica com suas mais densas frmas; subira um degrau mais. ahi que esta difficuldade, pois todos o methodo e instrumentos empregados at agora para oestudo da matria grosseira no podero ser utilizados para o estudo dos mundossuperiores.

    Falo a miudo da matria grosseira, imaginae, porem, a delicadeza dos instrumentosque foram necessrios para a observar.

    Recebi ultimamente um jornal scientifico em que ha um artigo referente aodescobrimento de um aparelho capaz de medir a quadragesima millionesima partede uma polegada, e contudo, isto no seno uma medida grosseira

    comparativamente subtilidade da materia dos mundos -superiores que a sciencia,amanhan estudar.

    O que diz a este respeito a Theosophia?

    Ella diz que o homem actual tem a possibilidade de apressar a sua evoluo, deconhecer e dirigir essas leis da natureza que s operam muito lentamente quandono so guiadas pela intelligencia humana.

    Ella traz e proclama ao mundo inteiro um systema de amestramento pelo qual ohomem pode rapidamente desenvolver os poderes de sua consciencia, desenvolver

    os orgos que o pem em contacto com essa materia mais subtil dos mundossuperiores, onde a sciencia penetrara muito breve e em cujo umbral se encontra j.

    Ella indica a todos os meios de evoluir os sentidos subtis, mostra-lhes o caminho quepor alguns foi seguido no passado e que myriades de indivduos seguiro no porvir,

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    no proximo estado da evoluo humana, quando se emprehendida definitivamente aorganizao dos corpos superiores do homem.

    Eis o que a Theosophia traz, afim de que, pela evoluo tios corpos do homem,possam tornar-se sensiveis, e observaveis os mundos subtis com tanta preciso como

    as leis que regem os nossos actuaes corpos physicos rios permittem observarmos ascoisas que nos rodeiam neste mundo.

    H uma viso superior uma viso que se exerce com o concurso desses orgosevoluconados desde a simples celula pigmentaria.

    H ouvidos muito mais delicados do que os que possumos hoje, por maravilhosaque seja a delicadeza de seu machinismo, ha finalmente orgos dos sentidos muitosuperiores aos nossos sentidos physicos.

    Existe no crebro um orgo que evoluciona e que servir de intermediario entre esses

    sentidos subtis dos corpos superiores e o corpo grosseiro que nos envolve. umorgo que muitos homens de sciencia consideram atrophiado ou a caminho deatrophiar-se, attendendo a que elle encontrado mais a miudo e mais desenvolvidono comeo da evoluo do que no homem de um certo nvel intellectual e moral.

    Comtudo, para o presente caso, a questo de tamanho importa pouco; o que importa a complexidade de sua organizao interna, e este orgo o que a sciencia chamaum vestigio do passado (embora o seja num certo sentido); e quanto actualmenterudimentar, no deixa de ser um orgo da mais alta importancia para o porvir.

    Tem-nos provado a experincia, por outro lado, que ao submeter este orgo a

    correntes vitaes e electricas, despertam os sentidos superiores na conscincia physicae estabelecemos assim uma ponte que une o mundo da materia phvsica ao damateria astral.

    Estas experiencias so agora to familiares maior parte dentre ns, que no impossivel crer que este orgo no seja de alguma utilidade no futuro, sabendo quepodemos estimull-o e contribuir para a sua organizao afim do obter-se esta visoque alguns dentre ns desenvolvem hoje e que muitos ho de possuir amanham. E,contudo estes no tero avanado seno um passo ; outros que a ora perdem o temposem avanar, podem rapidamente chegar a passar esse grau de evoluo.

    Entram, porem, aqui numerosas difficuldades que importa ter em considerao,sobre tudo nas naes occidentaes, entregues, por intituladas razes climatericas ououtras, a um regimen de carne, ao qual se une, em grande quantidade, a absoro doalcool.

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    Nem a carne nem o lcool so materias susceptveis de fazer evoluir o nosso corpo, oqual na vida habitual, deve responder suficiente ente s vibraes dessa materia maissubtil de que, falamos ha pouco. Alguns medicos acabam precisamente de descobriro que Mme. H. P. Blavatsky escreveu ha alguns annos atraz.

    Fazem-nos elles saber que o lcool reage imediatamente sobre o corpo pituitario,envenena-o e produz nelle uma inflammao.

    Nunca procurastes saber porque o alcoolismo exagerado conduz ao que se chamaodelirium tremens, em cujo estado os brios percebem coisas que no so vistas pelosque os rodeiam? A razo disto simples: elles entoxicaram o proprio orgo querecebe as vibraes doutros mundos.

    Quando mesmo o que elles vem parea absolutamente anormal e irracional, nodeixa por isso de ser o resultado do lcool operando sobre os orgos, os quais vibramento sob a influencia do veneno em logar de vibrarem sob a influencia do

    pensamento.

    O que os mdicos recomendam agora e publicam maneira de advertencia, foisempre conhecido na scientfica occulta e tem sido uma das condies necessrias daapplicao de seus methodos de amestramento; sempre foi prohibido o uso do alcool,

    isto pela mais simples das razes.

    Emquanto no empregueis esses methodos, importa pouco que o vosso corpo estejaou no entoxicado. Pode-se viver muito tempo com um corpo entoxicado, mas desdeo momento em que desejeis depurar este corpo, torna-lo activo, impregn-lo de

    novas correntes de vida e de energia, esta vida e esta energia provocam ento umainflamao acompanhada. de cruis sofrimentos e desordem cerebraes.

    Por isso , que estes methodos no se tornaram publicos e do-se unicamentequelles que evitam o alcool.

    provvel que muitos se revoltem contra estas regras e no tenham inteno de asseguir. No vos dizemos: adotae-as; dizemos apenas que estas regras condies socondies essenciaes para obter um organismo mais perfeito. As leis naturaes nomudam segundo os desejos e os caprichos dos homens.

    Se queremos obter de uma machina faiscas electricas, necessario prmo-nos nascondies requeridas, isto , rodearmo-nos de ar secco e no de ar humido.

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    Por mais que posses dizer que o ar secco no to agradvel para respirar como oar humido, se vos no submeterdes s leis da natureza ser nulo o resultado devossas experincias.

    E sucede o mesmo em toda a experincia regida por leis; e reconhecer ser isto

    verdadeiro quem se dedicar a investigaes do dominio dos fenmenos psquicosInfelizmente, porem, nem todos esto convencidos disso.

    Cr-se que se podem estabelecer leis e obter resultados sem, contudo ser necessarioporem- se de acordo com certas leis.

    assim que ao ler outro dia um informe bastante curioso sobre investigaes dephotographia esprita, e vendo que o resultado tinha sido nullo no pude deixar deperguntar a mim mesmo que teria sucedido a muitas photographias, se houvessemimposta a condio de se no collocar um pano preto sobre a machinaphotographica, e principalmente de se no fazer funccionar esta machina numa

    cmara obscura, sob pretexto de afastar toda a probabilidade de engano e de fraude.

    Devemos admittir que a natureza subtil tem suas leis do mesmo modo que anatureza grosseira, e que no podemos neste domnio obter resultados sem nosconformarmos com as leis que o regem, exactamente como no se obter umaphotographia se se exposerem as chapas luz.

    Uma vez que se tenha bem compreendido isto, sero mais rpidos os progressos.Deduz-se d'ahi que outra questo se apresenta a de saber como e onde seestabelecem estas regras para a organizao dos corpos subtis, dessas regras severifica e que inutil desenvolver os corpos subtis se no se desenvolver a

    conscincia dos mundos superiores, o que s se consegue pela meditao intensa eregular.

    A Theosophia traz ao mundo occidental:

    A YOGA ORIENTAL

    por cujo methodo o homem que a pratica pode chegar a dirigir e a afinar o seucrebro sem ficar doente. E' ahi onde est a dificuldade para os occidentaes. Umgrande influxo vindo dos mundos superiores, quando penetra no corpo de umgrande santo ou de um grande genio, seguido algumas vezes de uma perturbao

    no crebro, e d'ahi a hysteria causada pelo cansao do instrumento.

    Se quereis, porm, tornar-vos aptos para receber essas grandes correntes dos mundossuperiores, necessrio afinar o vosso instrumento de modo que elle possa

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    responder s vibraes mais rpidas desses mundos. Pode-se fazer isso sem perigoalgum, desde que no se cia em algum exagero.

    Consagrando diariamente dez minutos ou um quarto de hora a uma profunda eattenta concentrao de pensamento, conseguireis gradualmente tornar o vosso

    crebro mais complexo e mais delicado, mais perfeito do que elle o actualmente,pois o pensamento verdadeiramente o creador do crebro. Do mesmo modo que osmusculos crescem e se desenvolvem pelo exerccio, tambm o crebro se aperfeiasob a influencia dos pensamentos elevados.

    uma lei; o pensamento a fora que torna mais completo o organismo cerebral. Oyogui hind segue este methodo, e por uma pratica continua, de anno em anno,chega, desenvolvendo o cerebro da raa actual, a construir o cerebro da raa futura.Elle o torna mais sensivel, mais util, mais vibrante, e isto sem comprometter a saudephysica.

    uma coisa que todos podem fazer, procedendo com moderao e no levando aconcentrao at o ponto de sentir fadiga e um certo peso no cerebro ; pois estas soas advertncias indicativas de que o trabalho precoce e por conseguinte nocivo sade.

    Ao contrario praticadas com comedimento a meditao e a concentrao, s podemser proveitosas, e tornar o crebro mais sensitivo, conservando-o so e equilibrado.No vereis ento produzirem-se esses sintomas histericos que tanto ho diminuido ovalor dos ensinamentos dados pelo vidente e pelo santo.

    assim que a Theosophia trabalha com a sciencia para indicar a via propria para o

    desenvolvimento da sciencia na civilizao futura.

    Qual ser nesta civilizao.

    O PAPEL DA THEOSOPHIA NA ARTE

    Olhae a influencia de vossa actual civilizao sobre a belleza do paiz. Ide a Sheffield,cidade construida no ponto que foi um dos mais encantadores vales do MidIanshire.

    Ao aproximardes-vos della, notareis a belleza da campina, as collinas toformosamente onduladas, a esquisita belleza do arroio, do bosque, do prado, e de

    momento, saindo desse delicioso espectaculo, vos achaes submersos na feialdadehorrorosa da cidade, saturada de uma negra atmosphera de densa fumaa.

    Nenhuma arvore cresce em seus arrabaldes, nenhuma flr alegra o umbral das casasdo pobre. A atmosphera impede a vegetao, o que pouco importa aos habitantes

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    dessa cidade. Ide a Glasgow, a segunda metropole da Escocia e vereis o mesmoespectaculo, e o mesmo encontrareis em Birminghan, em Manchester, estas grandescidades que constituem a riqueza da Inglaterra.

    Parece-me que a belleza convem mais do que as vossas riquezas, e que a Inglaterra

    gozava de mais felicidade e de melhor saude quando possua menosMILLIONARIOS e tambm menos doentes e menos pessoas deformes em seusasylos.

    Olhae para os rostos desses homens, dessas mulheres e desses meninos que habitamas cidades que venho de citar; reparae em Glasgow para as caras dos Operarios queregressam do trabalho. O seu aspecto nada tem de civilizado, nada de humano, poisreflectem em sua maioria a bestialidade.

    Oh ! vs que fazeis da Belleza um luxo, vde a humanidade espalhada por vossascidades, da qual a caracterstica uma fealdade repugnante, quando deveria ser a

    Belleza, que haveis desdenhado e depreciado. Comprehendei, em fim, de uma vezpor todas, o valor da belleza. Do mesmo modo que a fealdade, ella engendra corpos sua imagem, e eis a razo porque nas vossas cidades s se encontra uma feiahumanidade.

    A restaurao da arte uma questo de vida ou de morte e no uma questo de luxoou de gozo. So mais necessarias bellezas artisticas em vossas cidades do quequadros nas paredes dos vossos museus. .

    S um pequeno numero de pessoas visita os museus, ao passo que muitas pessoas detodos os sexos e de todas as idades vivem nas cidades. Enquanto as vossas cidades

    no forem bellas, como o eram especialmente na Grcia, a verdadeira caracteristicado homem civilizado h de faltar na civilizao futura.

    A Theosophia recommenda que se ame o Bello, quer se trate da belleza natural, querda provinda dos habeis dedos e do crebro do homem.

    A Theosophia, quer que o corpo humano seja mais protegido. Nenhuma nao tem odireito de produzir as cors que vemos em nossos asylos. No bastante ver nasclasses ricas e elevadas, typos de mulheres e homens sos, vigorosos e bellos: todosdeveriam participar das condies que criam a Belleza.

    A arte s cumprira o seu dever, quando houver feito conhecer a todos o poder daBelleza e a sua influencia creadora sobre a civilizao ; a arte deveria nos aprezentarsempre o ideal em sua belleza, porque o ideal o que cria o co. O artifice deveria serInspirado pelo artista; emquanto aquelle no amar o seu trabalho, a arte poucas

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    probabilidades tem de prosperar entre vs. A arte deixa de o ser quanto noapresenta mais que coisas feias e vulgares.

    Vem-se a miudo tais paredes de vossos museus quadros representando um queijo,uma restea de cebolas e alguns passaros, desta ou daquella parte, retratados pela

    belleza de sua plumagem. Mas isto no arte. A arte deve ser bella, e rebaixal-apintar objectos como estes por mais perfeita que seja a reproduco. "Oh I - tenhoouvido dizer - este queijo que bem feito est; poderia ser cortado"!

    Em todos os lugares se pode cortar queijo, no preciso ir para isso a um intituladomuseu de bellas artes.

    Confrontae esses quadros aos dos mestres antigos e vereis o que a verdadeira artecomparativamente parodia actual da arte.

    O dever da Theosophia infundir no artista a ida do esplendor de sua misso, da

    divindade de seu poder. Elle pode ver o que ns no vemos, ouvir o que ns noouvimos; que elle nos faa entrever o que ns mesmos no podemos alcanar, queelle seja para os homens o Sacerdote do Bello. Quando isto suceder, crescer acivilizao em Belleza, belleza humana ou belleza dos objectos; a Beleza tomar emnossa Civilizao o lugar que ella occupava na Grcia antiga.

    Que far a Theosophia pela sociedade na civilizao futura? Por esta sociedade quenos nossos dias um campo de batalha e no uma ordem social, uma anarchia e noum organismo? Cr-se a miudo que introduzirse-o modificaes pelas ameaas defome e por meio de uma revoluo, mas no assim a maneira como a Theosophiaconsidera o homem, no qual ella v o desenvolvimento de uma natureza divina e

    espiritual. Tratarme-eis, talvez, de sonhadora, e contudo o que disse verdadeiro.No edificareis a sociedade futura pela simples proteco ao pobre, mas sim peloexemplo das classes elevadas, as quaes devero sacrificar alguma coisa do seu bem-estar. Sei que esta no e a ida actual, e que mesmo entre os que tem tal sentimento elle ridicularisado e depreciado ; mas no so esses quem poder estabelecer umsystema prudente e slido. Para isso so precisos os melhores crebros e os melhorescoraes; necessita-se tempo de descanso para pensar e elaborar planos, comotambm so necessrios annos para tornar esse trabalho effectivo.

    Podeis sublevar as massas, fazer revolues, tornar o povo faminto e desesperado,mas no ha nada estvel depois de uma revoluo. Nada deveis tomar dos mais, e

    sim deveis dar. Vive o esprito pela dadiva e conhece a alegria do sacrificio. Julgaesque o sacrificio seja penoso, ou que o sacrificio implique tristeza ou melancolia? Euvo-lo affirmo : nenhuma alegria na terra comparavel do sacrificio da naturezainferior natureza superior, a qual nada pede para si mesma. Eis como se effectuar

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    a redempo social, se aquelles que se acham dispostos a fazel-o derem o exemplo ese sacrificarem.

    O donativo imposto pela lei ou pela fora nunca acceito seno com resentimento eviolncia.

    Acolhe-se com repulso o constrangimento exterior, mas o constrangimento interior,que o do amor e que se acceita sem violncia, esse difunde-se como um rio dealegria.

    Sobre esta base que se edificar o porvir, a civilizao futura, como sumaramentevos disse no principio desta conferencia.

    Na classe rica, entre os que possuem toda a espcie de bens terrenaes, descubro j umsentimento de inquietao, que os preoccupa, no por elles mesmos, mas pelos maissofridos, pelos pobres.

    Ouo estas palavras : > Essessofrem por sympathia e no por constrangimento, e so elles os que, por seusesforos, ho de trazer a redempo social.

    Poder isto parecer um devaneio da imaginao, uma ida de realisao muitodistante; contudo o homem progride com muito mais celeridade do que se podeimaginar. No h nada, por mais nobre e bello que seja, por mais divino, que ohomem no possa executar, pois o homem um deus em evoluo. E por mais lentaque seja esta evoluo, o germem da divindade comea desde j a florescer docorao de alguns dentre ns.

    No logar onde seres cogulados de felicidade soffrem por compaixo pela desgraa deseus semelhantes, deixam as distraces do mundo para trabalharem pelo bem-estarda nao; oxide ha homens que no podem ser verdadeiramente felizes seno sendocompassivos com os desherdados da sorte, ali residem as promessas do porvir.

    Ha um sculo que tais crebros, que tais coraes se encontravam isolados ; umpouco mais tarde tornaram-se muito raros; hoje so mais numerosos e soencontrados num meio onde nunca se teria. imaginado ver aos que aspiram arenovar e a modificar o estado socil.

    S crescem em espiritualidade aquelles a quem penaliza a desgraa dos maisnecessitados, aquelles para quem um bom repasto amargo enquanto haja famintos,aquelles para quem o luxo um fardo emquanto existem homens que no possuemcoisa nenhuma

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    Sim! So estes os que edificaro a nova civilisio, porque elles esto promptos asacrificar a felicidade de que gozam para espargirem em redor de si a alegria deviver e a tranquilidade.

    Tal o porvir que esperamos, tal o porvir pelo qual trabalhamos, proclamando por

    toda a parte estas palavras:

    A alegria reside no facto de dar e no de receber, proclamando por toda a parte esteversiculo do Evangelho:

    "Mais deleitoso dar do que receber"; proclamando uma vez mais esta antigaverdade.

    Onde a lei do sacrificio se cumpre, indestructveis permanecem a Religio e aCivilizao. . .

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