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O PACOTE DO GOVERNO DO ESTADO A ESTRATÉGIA FINANCEIRA E FISCAL DE BETO RICHA 2015 A 2018 - PARA COBRIR O ROMBO DE CAIXA DE R$ 6,3 BILHÕES Cid Cordeiro Silva Economista e Especialista em Finanças Públicas INTRODUÇÃO Após encerrar um mandato melancólico, o Governador Beto Richa procura desesperadamente acertar o rombo que produziu nas contas públicas do Paraná, esse desastre foi construído ao longo de quatro anos de má gestão orçamentária, fiscal e financeira, resultando em um caixa negativo de R$ 6,3 bilhões sem contar possíveis despesas não empenhadas deixadas pelo primeiro mandato e outros artifícios orçamentários e contábeis. 1º. MANDATO (2011-2014) É comum em início de governo a realização de cortes de gastos para equilibrar as finanças e readequar o orçamento da nova gestão, no entanto o Governador Beto Richa anunciou desde o início do seu mandato cinco medidas de corte de gastos, se acumularmos o percentual de redução de gasto proposto nos quatro decretos de corte de despesa chega-se ao esdrúxulo percentual de 124,25% de redução de gasto proposto, ou seja, considerando que o Governador Beto Richa assumiu com uma despesa de custeio de R$ 4,015 bilhões (R$ 5,105 bilhões em valores atualizados para 2014) esse gasto deveria estar hoje no patamar de R$ 3,159 bilhões caso as várias medidas anunciadas tivessem de fato sido implementadas, no entanto o custeio hoje está no patamar de R$ 9,85 bilhões, vejamos as medidas anunciadas e as metas de economia: Decretos anunciados e metas de redução do gasto Ano Decreto Meta - % Meta - R$ milhões 2011 No. 31 no mínimo 15% 480 2012 No. 6264 20% 66 2013 No. 8476 25% 200 2013 calote fornecedores 1.100 2014 Resolução No. 06 30% 100 TOTAL 1.946

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O PACOTE DO GOVERNO DO ESTADO

A ESTRATÉGIA FINANCEIRA E FISCAL DE BETO RICHA – 2015 A 2018 -

PARA COBRIR O ROMBO DE CAIXA DE R$ 6,3 BILHÕES

Cid Cordeiro Silva

Economista e Especialista em Finanças Públicas

INTRODUÇÃO

Após encerrar um mandato melancólico, o Governador Beto Richa procura

desesperadamente acertar o rombo que produziu nas contas públicas do Paraná, esse

desastre foi construído ao longo de quatro anos de má gestão orçamentária, fiscal e

financeira, resultando em um caixa negativo de R$ 6,3 bilhões sem contar possíveis

despesas não empenhadas deixadas pelo primeiro mandato e outros artifícios

orçamentários e contábeis.

1º. MANDATO (2011-2014)

É comum em início de governo a realização de cortes de gastos para equilibrar

as finanças e readequar o orçamento da nova gestão, no entanto o Governador Beto

Richa anunciou desde o início do seu mandato cinco medidas de corte de gastos, se

acumularmos o percentual de redução de gasto proposto nos quatro decretos de corte de

despesa chega-se ao esdrúxulo percentual de 124,25% de redução de gasto proposto, ou

seja, considerando que o Governador Beto Richa assumiu com uma despesa de custeio

de R$ 4,015 bilhões (R$ 5,105 bilhões em valores atualizados para 2014) esse gasto

deveria estar hoje no patamar de R$ 3,159 bilhões caso as várias medidas anunciadas

tivessem de fato sido implementadas, no entanto o custeio hoje está no patamar de R$

9,85 bilhões, vejamos as medidas anunciadas e as metas de economia:

Decretos anunciados e metas de redução do gasto

Ano Decreto Meta - %

Meta - R$

milhões

2011 No. 31 no mínimo 15% 480

2012 No. 6264 20% 66

2013 No. 8476 25% 200

2013 calote fornecedores

1.100

2014 Resolução No. 06 30% 100

TOTAL

1.946

Essas medidas não foram suficientes para o governo fazer frente ao “rombo” no

orçamento do Estado, e novas medidas de aumento de receita extraordinária foram

tomadas para fechar a folha de pagamento de dezembro de 2014, repetindo o que vez

em novembro e dezembro de 2013 quando de forma também desesperada utilizou vários

artifícios para poder pagar o décimo terceiro salário dos servidores (antecipação de

dividendos da Copel e Sanepar, “venda” de ICMS vincendo, acerto de ativos com as

estatais, acesso aos depósitos judiciais).

Foi o quarto ano seguido que medidas de emergência foram tomadas para fechar

a folha de pagamento no final do ano, é a prova cabal da má gestão fiscal e financeira

do Governo, no período eleitoral foi vendida uma ilusão aos paranaenses, a de que as

finanças estavam saneada e o anúncio de um futuro melhor, essa ilusão é vendida a um

preço alto, os gastos com divulgação e publicidade são estimados em R$ 400 milhões.

A seguir relacionamos as várias medidas de corte de gasto tomadas durante a

gestão:

- 1º. De janeiro de 2011: toma posse com discurso do “choque de gestão” e

anuncia cortes de no mínimo 15% nos gastos de custeio de acordo com o Decreto No.

31 de 03/01/2011, com meta de reduzir despesa em R$ 480 milhões;

- Decreto No. 6264 de 19/10/2012: corte de 20% nas despesas da administração

estadual com pessoal e encargos, materiais de consumo, serviços de terceiros e

manutenção, meta de reduzir gasto em R$ 66 milhões;

- Decreto 6.734 de 13/12/2012: Disciplina os procedimentos relativos ao repasse

de depósitos judiciais ao Estado do Paraná;

- Decreto 7.599 de 18/03/2013: institui e define atribuições do Conselho de

Gestão Administrativa e Fiscal do Estado, como colegiado de assessoramento direto ao

Governador do Estado;

- Lei 17.579, de 28 de Maio de 2013: institui o Sistema de Gestão Integrada de

Recursos Financeiros do Paraná (Sigerfi), que centraliza em uma conta corrente todas as

receitas arrecadadas pelo Estado, mais conhecida como Conta Única;

- Decreto 8354 - 11 de Junho de 2013 Regulamenta a Lei nº 17.579/2013 que

institui o Sistema de Gestão Integrada dos Recursos Financeiros do Estado do Paraná –

SIGERFI PARANÁ e dá outras providência – SEFA; Resolução SEFA 62 - 02 de Julho

de 2013 Incluir contas no Elenco das Contas, do Plano de Contas Único para os órgãos

das Administrações Direta e Indireta do Poder Executivo.

- Em 16 de julho de 2013 a Assembleia Legislativa aprova projeto de lei do

Executivo, que estabelece o parcelamento do pagamento da dívida do Estado com o PR

Previdência sujo valor chegava a R$ 595 milhões, governo dá o calote e não paga o

parcelamento, em 31/10/2013 Ministério da Previdência dá prazo de 30 dias para

governo realizar o pagamento;

- Decreto 8520, de 15/07/2013: estabelece um corte de 25% no orçamento de

todas as áreas de governo, principalmente para gastos com energia, combustível,

telefonia, viagens, material de consumo, limpeza e conservação, vigilância, entre outros

serviços de terceiros, com a estimativa de redução da despesa em R$ 200 milhões;

- 25 de julho de 2013, Assembleia Legislativa aprova o acesso do governo aos

depósitos judiciais, em 23/10/2013 o CNJ veta em definitivo repasse de depósitos

judiciais ao Paraná,

- 11/09/2013 - CNJ libera ao Paraná de recursos dos depósitos judiciais de

natureza tributária, estimados em R$ 500 milhões;

- Em 27/09/2013 novas medidas anunciadas prevêem:

a) corte de 1.000 cargos comissionados com economia de R$ 48 milhões/ano;

incorporação de quatro secretarias (Controle Interno, Corregedoria e Ouvidoria,

Assuntos da Copa 2014 e Turismo), cujas funções serão assumidas pela Secretaria de

Esportes. As atividades das Secretarias de Controle Interno e Ouvidoria passarão a ser

exercidas pela Controladoria Geral do Estado, a ser5 criada;

b) Apropriação de recursos dos depósitos tributários judiciais e tentativa de

acessar os recursos dos depósitos judiciais;

c) Cobrança da dívida da Sanepar: Estado recebe R$ 279,883 milhões e dá

desconto de R$ 358 milhões na dívida da empresa;

- Dividendos Copel e Sanepar; Governo aumenta dividendos de 25% para 50% e

a partir de 2012 antecipa para dezembro parte do pagamento de dividendos do ano

seguinte (dez/2012 = R$ 199 milhões; dez/2013 = R$ 138 milhões);

- Antecipação de recursos do ICMS, em dezembro de 2013 o Governo do Estado

antecipa recebimento do imposto dos programas de incentivo fiscal no total aproximado

de R$ 960 milhões (R$ 727,5 milhões parte do Estado; R$ 232,5 milhões parte dos

municípios);

- Postergação de pagamento de fornecedores, valor divulgado em R$ 1,1 bilhão;

- Centralização das receitas, impacto nas transferências;

- 17 de dezembro – Governo edita Decreto 9623, publicado no Diário Oficial nº.

9108 de 17 de Dezembro de 2013 - Cancela os empenhos não processados, bem como,

suspende os atos de liquidação e efetivação de despesas relativos aos empenhos

processados, de recursos provenientes do Tesouro do Estado de fontes não vinculadas.

Segundo análise cãs contas do Governador realizada pelo TCE o Governo realizou

estorno de empenho no montante de R$ 1,2 bilhão, sendo 60,68% de valores já

liquidados (desse total 91,2% referem-se à folha de pgamento e 6,56% decorrem de

alterações de fontes ou incorreções nos histórico, credor e outra dados dos documentos

de liquidação, TCE conclui que apenas R$ 16,7 milhões poderiam ser caracterizado

como cancelamento de despesa)

- Decreto 10.406 de 18/03/2014, contingenciou despesas limitando à previsão de

receita;

- Decreto 11192 de 28/05/2014, Dispõe sobre a assunção de obrigação de

despesas nos dois últimos quadrimestres do exercício financeiro de 2014, Ficam

vedadas, até 31 de dezembro de 2014, a abertura, adjudicação e homologação de

procedimentos licitatórios, a realização de processos de dispensa e de inexigibilidade,

assim como a celebração de novos contratos e aditivos, sem a comprovação do

cumprimento do disposto no artigo 42 da Lei Complementar Federal nº 101/2000 por

parte da Secretaria de Estado da Fazenda.

Art. 42. Da LRF “É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20,

nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que

não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem

pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para

este efeito.

Parágrafo único. “Na determinação da disponibilidade de caixa serão

considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do

exercício.”

Ficam excluídos da vedação contida no caput a Secretaria de Estado da Saúde e

seu fundo, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina – APPA, a Junta

Comercial do Paraná – JUCEPAR, o Departamento de Imprensa Oficial do Estado –

DIOE e o Instituto de Pesos e Medidas do Paraná - IPEM.

- Resolução Conjunta SEFA/SEAP 006/2014 de 20/10/2014, determinou o corte

de 30% nos gastos de custeio, essa redução vale para as despesas custeadas pelo

tesouro estadual no período de outubro de 2014 a janeiro de 2015, serão reduzidas

despesas com os serviços de energia elétrica, água, telefonia, reprografia, correios,

vigilância presencial e monitorada, limpeza e conservação, diárias, passagens terrestres

e aéreas, combustível e manutenção de veículos e compra de materiais de consumo e

permanente e novas aquisições ou contratações que não sejam de caráter emergencial ou

indispensável para manter os serviços públicos essenciais. Também fica restrito a 30% o

saldo orçamentário remanescente referente ao pagamento de despesas com diárias e

passagens áreas e terrestres. A frota de veículos dos órgãos e unidades da administração

direta deverá ser reduzida em 30%.

Não foi anunciado o período de referência para calcular a redução e nem o valor

da meta a ser atingido, em um breve e preliminar levantamento das principais despesas

anunciadas e tomando como referência os valores pagos em 2013 o valor empenhado

dessas despesas foi de aproximadamente R$ 1 bilhão, o que corresponderia uma

economia potencial de R$ 100 milhões para os quatro meses de vigência (outubro de

2014 a janeiro de 2015).

RECEITA ESTADUAL ADICIONAL PARA O MÊS DE DEZEMBRO /2014

O Governador Beto Richa adotou no final de 2014 uma série de medidas para

incrementar a receita do Estado e conseqüentemente os repasses para os municípios,

cancelou a antecipação do pagamento do IPVA 2015 e manteve o REFIS e o pagamento

antecipado do ICMS vincendo, a seguir apresentamos a síntese das medidas anunciadas

e ações reforçadas:

1. REFIS ESTADUAL – Decreto 12.528 de 06/11/2014, Lei 18.279 de

04/11/2014 - contribuintes com dívidas de ICMS, IPVA e ITCMD poderão

pagar os impostos devidos com redução de 95% no valor das multas e de 90%

nos juros. O benefício vale apenas para pagamentos à vista. O prazo de

pagamento vai até 12 dezembro de 2014.

O projeto envolve débitos gerados até 31 de dezembro de 2013, lançados ou não

e inscritos ou não em dívida ativa, ainda que ajuizados. A redução de juros e

multas na quitação dos débitos está prevista na lei nº18.279/14 aprovada pela

Assembleia Legislativa no início do mês de novembro.

2. DESCONTO 10% IPVA 2015 – Decreto 12.529 de 06/11/2014 -

CANCELADO - O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores –

IPVA relativo ao exercício de 2015 poderá ser pago em parcela única com

redução de dez por cento até o dia 2 de janeiro de 2015 –Decreto 12.529 de

06/11/2014, a medida foi cancelada, Governo substituiu o desconto por mudança

na alíquota que passou de 2,5% para 3,5% - aumento de 40%, e foi reforçada a

cobrança do IPVA atrasado com envio de carta aos devedores -;

3. PAGAMENTO ANTECIPADO DE ICMS DECLARADO E VINCENDO –

Decreto Estadual 12.537 de 06/11/2014 – concede desconto pelo pagamento

antecipado do ICMS declarado e vincendo, requerimento até 30/11/2014 e

pagamento até 18/12/2014;

4. RECEITA COM PRECATÓRIOS - Lei Estadual 17.082 de 09/02/2012 e

Decreto Estadual 4.489 de 08/05/2012 – que trata da compensação de débitos

fiscais utilizando os créditos dos precatórios.

5. CONTRIBUIÇÃO APOSENTADOS E PENSIONISTAS, aplicação da

alíquota de 11% para Inativos que ganham acima do teto.

6. USO DE RECURSOS DOS FUNDOS, Flexibilização do uso de recursos do

fundo

7. EMPRÉSTIMO BID – US$ 300 milhões para financiar Programa Estratégico

de Infraestrutura e Logística de Transporte

Análise das medidas de aumento da receita

REFIS - o governo equivocadamente anunciou estimativa de arrecadar

aproximadamente R$ 900 milhões (R$ 675 milhões para o Estado e R$ 225

milhões para os municípios), esse era o valor potencial de crédito das empresas

ativas, a minha avaliação era que a arrecadação atingiria o patamar de R$ 300

milhões (R$ 225 milhões para o Estado e R$ 75 milhões para os municípios), o

resultado final ficou em aproximadamente R$ 249 milhões.

IPVA - com a antecipação do IPVA a estimativa do governo era arrecadar

aproximadamente R$ 800 milhões (R$ 400 milhões para o Estado e R$ 400

milhões para os municípios), calculei na época que a medida anteciparia R$ 500

milhões(R$ 250 milhões para o Estado e R$ 250 milhões para os municípios)

essa medida foi cancelada e substituída pelo aumento da alíquota do IPVA de

2,5% para 3,5% do valor venal do veículo o que incrementou o tributo em 40%,

o governo previu aumento da arrecadação em R$ 600 milhões (R$ 300 milhões

para o Estado e R$ 300 milhões pra os municípios) valor que bate com minha

estimativa, aqui a principal alteração é que os recursos que entrariam no caixa do

governo por antecipação da receita (em dezembro de 2014), repercutirá no caixa

como aumento da receita no exercício de 2015, alterando inclusive o fluxo de

caixa do Estado e dos municípios, uma vez que o tributo era cobrado no mês de

fevereiro e agora será cobrado em 01/04/2015. O reforço da cobrança dos

débitos de 2014 com envio de carta aos devedores rendeu um adicional estimado

de R$ 10 milhões (R$ 5 milhões para o Estado e R$ 5 milhões para os

municípios).

ICMS - pelo segundo ano consecutivo o Governo edita legislação para

recolhimento antecipado do ICMS vincendo, em 2013 essa medida repercutiu

em arrecadação adicional de ICMS de aproximadamente R$ 750milhões, para

2014 a estimativa é de um impacto menor, avalio que deverá representar um

aumento aproximado de R$ 600 milhões no total (R$ 450 milhões para o

EstadoeR$ 150 milhões para os municípios).

8. PRECATÓRIOS – com a edição da Lei Estadual 17.082/2012 foi possibilitada

a compensação de débitos fiscais utilizando os créditos dos precatórios (com

deságio de 20%), com o esforço da Procuradoria Geral do Estado a expectativa

do Governo era arrecadar em dezembro um montante de R$ 110 milhões, não

disponho de mais informações para estimar valores ou acompanhar a efetivação

da estimativa do Governo.

9. CONTRIBUIÇÃO INATIVOS, estimativa que o Estado arrecadará R$ 200

milhões

2º. MANDATO (2015-2018)

Diante de um rombo oficial no caixa de R$ 6,3 bilhões, sem considerar possíveis

valores não empenhados e outros artifícios contábeis, o Governo adotou em dois meses

de mandato três pacotes de medidas para regularizar em um prazo estimado de dois a

três anos a “farra” de gastos e descontrole das finanças de quatro anos de gestão, a

expectativa é de mais um pacote na Data Base dos Servidores, essa é a estratégia para o

Governador “sobreviver” nos quatro anos desse segundo mandato.

As dívidas se acumulam nesse governo, só na área de Pessoal -segundo o

Sindiseab -desde março de 2013 o Governo não efetiva o desenvolvimento nas carreiras

do QPPE (progressão e promoção); não concluiu os enquadramentos funcionais; não

pagou o terço constitucional de férias; compromete o funcionamento do SAS e o

atendimento dos servidores e seus familiares, com a falta de pagamentos mensais aos

hospitais conveniados/contratados.

O ano de 2015 será um ano de desafios, a estimativa é que a economia cresça no

intervalo de -1% a +1% e que a inflação atinja o patamar de 7%, a expectativa é que o

desemprego apesar de leve crescimento continue em um baixo patamar, há também

expectativa de aumento dos juros e desvalorização cambial, esses indicadores afetarão o

nível de atividade da economia e conseqüentemente a arrecadação.

O Governo Federal anunciou a meta de passar de um resultado primário de

quase 0% em 2014 para um superávit primário de 1,2% do PIB em 2015, o que exigirá

um grande esforço de redução de gastos e aumento das receitas.

No Estado do Paraná o Governador Beto Richa anunciou uma série de medidas

de redução de gastos com estimativa inicial de diminuir o gasto de custeio em R$ 1

bilhão, ao mesmo tempo em que anunciou medidas de redução da despesa adotou

iniciativas que resultarão em um elevado incremento da receita tanto de IPVA como de

ICMS e venda de ativos (Dívida Ativa, ICMS vincendo, apropriação dos recursos da

Previdência do Estado).

O aumento das alíquotas de IPVA e ICMS terão ampla repercussão nas

finanças, o IPVA terá um aumento real na arrecadação de aproximadamente 30% além do

crescimento normal que esse tributo tem, as alterações nas alíquotas do ICMS

representarão um incremento na receita estadual de aproximadamente R$ 1,5 bilhão caso

se concretize a estimativa da Secretaria Estadual da Fazenda-SEFA.

RESUMO DO 1º. PACOTE DO GOVERNO – AUMENTO DA

CARGA TRIBUTÁRIA

O cenário de crise estadual e nacional criaram situações fiscais que impactarão

positivamente a receita do Estado para o ano de 2015, a seguir destacamos as principais

delas:

RESUMO DOS ITENS QUE AUMENTARÃO RECEITA DO ESTADO

Itens com aumento de receita Impacto

Aumento da alíquota IPVA Aumento da receita com IPVA em 30%

Aumento da alíquota ICMS - gasolina,

querosene e diversos itens

Aumento na arrecadação estimado em

aproximadamente R$ 1,5 bilhão

Redução da desoneração tributária

(IPI)

Refletirá no aumento do repasse do FPE

RESUMO DO 2º. PACOTE DO GOVERNO – CORTE DE GASTOS e

MEDIDAS ADMINISTRATIVAS

Resumo das medidas anunciadas nos 18 decretos baixados pelo Governo do

Paraná em 01.01.2015

1 Institui os Conselhos de Governo de Desenvolvimento e Desenvolvimento Social

2 Veda o nepotismo na Administração Pública Estadual

3 Institui o Comitê de Qualidade da Gestão Pública

4 Institui o Programa Estadual de Desburocratização

5

Institui o Comitê Gestor de Concessões e o Grupo Técnico de Análise de

Concessões

6 Dispõe sobre a regularidade cadastral do Estado junto à União

7 Cria Grupo de Trabalho para elaboração do Planejamento Estratégico do Estado

8 Institui o Código de Ética da Alta Administração Estadual

9 Regulamenta a Lei Estadual nº 16.971, de 5 de dezembro de 2011

10

Fixa normas referentes à execução orçamentária e financeira para o exercício de

2015

11 Dispõe sobre a reavaliação e a renegociação dos contratos

12 Veta a admissão ou contratação de pessoal no âmbito da Administração Pública

13 Institui a Comissão de Política Salarial (CPS)

14

Cria Grupo de Trabalho para efetuar o levantamento das dívidas do Governo

Estadual

15

Dispõe sobre a obrigatoriedade da modalidade de pregão eletrônico para aquisição

de bens e serviços

16 Institui o Conselho de Controle das Empresas Estaduais - CCEE

17 Dispõe sobre o retorno dos servidores públicos às suas repartições de origem

18

Cria grupo de trabalho para avaliação e regulamentação de contratos de

terceirização de mão de obra

RESUMO DO 3º. PACOTE DO GOVERNO – RETIRADA DE DIREITOS

DOS SERVIDORES, VENDA DE ATIVOS E MEDIDAS ADMINISTRATIVAS

MEDIDAS DE RETIRADA DE DIREITO DOS SERVIDORES, VENDA DE ATIVOS E

ADMINSTRATIVAS

1 - Nota Fiscal Paranaense: institui o programa de estímulo à emissão de nota fiscal por todos os

estabelecimentos comerciais do Paraná, mediante retorno de impostos para os contribuintes e

distribuição de prêmios.

2 - Medidas Tributárias: institui programas de parcelamento de débitos de ICMS (Programa de

Parcelamento Incentivado-PPI) e de outros tributos (Programa Incentivado de Parcelamento de

Débitos-PPD), para dívidas existentes até 31 de dezembro de 2014.

3 - Cadin: cria o Cadastro Informativo Estadual, o Cadin, para divulgar a inadimplência no

recolhimento de impostos e taxas.

4 - Dívida Ativa: autoriza a securitização de recebíveis (dívida ativa), mediante a criação de

Sociedade de Propósito Específico (SPE) ou Fundo de Investimento para a emissão de debêntures

lastreadas em créditos tributários e não tributários.

5 - Ciência e Tecnologia: altera a destinação dos recursos de ciência e tecnologia, aumentando de 1%

para 1,5% o percentual a ser destinado para fomento de pesquisa científica e tecnológica e fixando em

0,5% a parcela destinada ao Fundo Paraná.

6 - Previdência: institui o regime de previdência complementar para os servidores públicos que forem

admitidos a partir de agora e cria a Fundação PREVCOM Paraná, para administração do novo regime.

O teto de contribuição e de benefícios para os novos servidores será o mesmo do Regime Geral de

Previdência Social: R$ 4.663,75. Acima desse valor, o servidor poderá optar por contribuir com a

PREVCOM Paraná, com até 7,5% ao mês, para ter uma aposentadoria maior. O Estado contribuirá

com igual parcela. A mudança também inclui a extinção do Fundo Previdenciário da Paraná

Previdência e a transferência do saldo para o Fundo Financeiro, que hoje responde pelo pagamento de

86% dos benefícios da Paraná Previdência. O dinheiro do Fundo Financeiro deverá será utilizado

exclusivamente para o pagamento dos benefícios dos aposentados e pensionistas. A contribuição do

Estado para o Fundo muda dos atuais 11% para 16,5% já neste ano e para 22% em 2016. Os

servidores continuarão contribuindo com a alíquota de 11%.

7 - Tempo de serviço: acaba com o pagamento de gratificação por tempo de serviço (qüinqüênios)

aos servidores, congela os valores pagos hoje. O percentual de anuênio, pago a servidores com mais

de 25 anos (professores) ou 30 anos (demais servidores), será reduzido de 5% ao ano para 0,1% ao

ano.

8 - Auxílio Transporte: suspende o pagamento de auxílio transporte para servidores da Educação que

estejam afastados do trabalho.

9 - Representação judicial: adota o mesmo critério da Advocacia Geral da União, que prevê que

agentes públicos possam ser representados judicialmente pela Procuradoria Geral do Estado em casos

de processos decorrentes de atos praticados no exercício de suas atribuições constitucionais.

10 - OPV: estabelece em R$ 12.000,00 o valor-limite para pagamento de Obrigações de Pequeno

Valor (OPV), pela Secretaria da Fazenda, que devem ser quitados em até 60 dias após a sua

apresentação.

11 - GR-PR: cria uma única Guia de Recolhimento de impostos e taxas no Paraná, extinguindo os

demais modelos hoje existentes.

12 - Fundos: permite que os recursos dos fundos estaduais, inclusive dos poderes Legislativo,

Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e Defensoria Pública, possam ser utilizados para

cobrir despesas de qualquer natureza orçamentária, inclusive pessoal e encargos sociais.

13 - Professores: remanejamento de 12 mil professores que estavam em funções administrativas ou

em licença. Esses professores voltam para as salas de aula. Outros 5.522 professores aprovados em

concurso foram contratados. E mais 10 mil pelo regime de Processo Seletivo Simplificado (PSS).

IMPACTO FINANCEIRO DO 3º. PACOTE

Uma das característica do Governo

Beto Richa é a falta de transparência, todas as mudanças de receita e corte de gasto é

apresentada sem estimativa de impacto, todos os pacotes apresentados nesse segundo

mandato e que afetarão a vida dos paranaenses, servidores e empresas, não trás nenhum

cálculo de aumento da receita ou redução de gasto, mais uma demonstração da profunda

falta de respeito com os contribuintes.

A estimativa de novas receitas com a venda de ativos é de R$ 11 bilhões e mais

R$ 300 milhões com o novo Refis.

A estimativa da extinção do ATS é de uma economia de R$ 150 milhões.

Receita estimada com venda de ativos e Refis

Medida Potencial de

Receita Receita com

deságio

Securitização da dívida 1,00 0,50

Venda ICMS vincendo 5,00 2,50

Apropriação recursos da Paraná Previdência 8,00 8,00

Sub-Total 14,00 11,00

Novo Refis 0,30 0,30

TOTAL 14,30 11,30

Redução de gasto estimada

Medida Potencial de

Receita Receita com

deságio

Congelamento do Adicional Tempo de Serviço-ATS 0,15 0,50

Extinção Auxílio transporte p/professores afastados nd nd

Mudança na Progressão e Promoção e tabela Magistério nd nd

Total 0,15 0,50

CONCLUSÃO

O Governador Beto Richa com a sua má gestão gerou um rombo nos cofres

públicos do Estado do Paraná de R$ 6,3 bilhões no mínimo, para cobrir esse desfalque

está impondo ao povo paranaense uma elevação brutal da carga tributária (aumento de

40% na alíquota do IPVA e acréscimo na alíquota de 90 mil itens do ICMS) e aos

Servidores estaduais a perda de direitos históricos, além de acabar com a Paraná

Previdência.