o p o s t a i n d e c e n t e - rl.art.br · partir dos treze anos de idade. o pai, português de...
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Veronica nascera em mil novecentos e cinquenta e sete e,
abandonada pelo pai, fora criada, apenas, pela mãe, guerreira por
sinal.
Aos treze anos de idade, fora obrigada a trabalhar para ajudar no
sustento da casa.
Arregaçara as mangas de suas vestimentas e fora à luta.
Vencera, vencera porque jamais se esmorecera no decurso da vida.
Não fora necessário o recorrer a expedientes escusos.
A leitura pode ser interessante para você; vale a pena.
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Proposta indecente – Yoseph Yomshyshy
Apresentação
omo forma de apresentação do romance
“Proposta Indecente” que o leitor (a) tem
em mãos, da forma contumaz, apresente-
se o soneto que, a seguir, ides ler.
Soneto à vida
Em um casebre de Santa Tereza,
Olhando através da janela,
Cresce a menina –; que beleza!
Linda –, morena da cor de canela.
Aos vinte e dois anos de vida,
É um ser ignóbil, quase morto,
Semi-inerte e desvalida,
Na realidade de um aborto.
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Salva pelo seu anjo da vida,
Que a ira quase inerte – caída,
Nos braços da inconsequência.
A morena tivera a sorte,
De rechaçar o anjo da morte,
Diante de sua inocência.
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Proposta indecente – Yoseph Yomshyshy
Prefácio
á momentos da vida tão complicados que
a vã consciência humana mal poderá
imaginar.
Uma moça de vinte e dois anos, o anjo da quase
morta e o anjo da vida protagonizaram uma dessas
eventualidades que se encontra retratados nesse
romance sob a forma de e. Book.
Não se trata de frugal ficção, mas de um
acontecimento verídico que inspirara o titulo “Proposta
Indecente”.
O autor
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Proposta indecente – Yoseph Yomshyshy
nze de fevereiro de cinco décadas do
pretérito –, quarta feira –, um ser com
dois olhos na cor castanha escura, um
nariz afilado, uma boquinha de anjo, dois ouvidos e
cabelos raros, dois braços, duas mãos, dez dedos, duas
pernas, dois pés, dez artelhos, um sexo pra o gozo e a
reprodução e um protótipo de seios para a amamentação
–, decide, mas...
... – o quê?
Denunciar, e, resilir o contrato de aluguel de um
quarto quente, aconchegante, forrado com uma singela e
espécie de acortinado espesso na cor vermelha sangue.
Alugara o cômodo mais ou menos na segunda
metade do mês de maio do ano anterior, ali, já residia há
duzentos e setenta e um dia, seis mil e seiscentos horas,
alguns milhares de minutos e outros tantos milhões de
segundos.
O quarto ate então aconchegante para o ser
mutável e não estático, se tornara, portanto, impróprio
para a habitação.
Não houvera alternativo senão resilir o contrato e
procurar outra acomodação.
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Fácil?
Não!
Haveria de se transpor para outro local, para outro
meio, para novas experiências.
Primeiro, deveria abandonar a piscina por onde
nadara todo esse tempo e, assim, substituí-la por uma
piscina não liquida, mas, gasosa e, imensurável,
evidentemente, maior.
O problema... – a adequação.
O que fazer? – Se era necessário!
Ponderava, ainda, os pros e os contras quando
sentira um tremor seguido de outro e, depois, outro e,
novamente outro, cada vez mais intensos.
Pensara... – o que é isso?
Um terremoto?
Um maremoto?
Nada disso!
No centro das turbulências, vira que uma
luminosidade adentrara ao aposento onde, amedrontado,
o ser procurava entender aquele cataclismo.
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Depois de algum tempo notara que um túnel se
abrira a sua frente e, alheio à sua vontade, fora,
literalmente, empurrado através dele para o lado externo.
A sensação era estranha, estava sufocado, mas,
com uma tapinha, aprendera a respirar e se tornar
independente.
Nascera para a vida extrauterina...
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Proposta indecente – Yoseph Yomshyshy
inda que não seja irrelevante, deixe-se um
hiato na vida do personagem, denominado
Verônica, acompanhando-o, agora, a
partir dos treze anos de idade.
O pai, português de nascimento, o abandonara na
tenra idade, legando à mãe, brasileira, a
responsabilidade pela criação e o desenvolvimento.
Passara por dificuldades?
Não restam duvidas!
Cedo, muito cedo, deixara de lado as
bonequinhas de pano ou de plástico para cuidar das
bonequinhas reais –; de carne e de ossos.
Filhos?
Ainda não!
Filhos de outrem...
Tornara-se baba.
A patroa, entretanto, não se mostrara relapsa,
pois lhe proporcionara o assentar nos bancos escolares
para adquirir cultura.
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Tratava-a como se fosse a própria filha.
Seis anos se passaram.
Mal completara dezenove anos e a sorte lhe viera
ao encontro quando, deixando a antiga função de baba,
se empregara em uma estatal.
A vida mudara, sem duvida; para a ex-baba e para
a família –; a mãe e um irmão.
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Proposta indecente – Yoseph Yomshyshy
os vinte e dois anos de idade, ainda
inexperiente para alguns episódios da
vida, Verônica engravidara.
No entanto, almejando galgar o sucesso na vida
através do estudo e aprimoramento cultural, decidira
pelo aborto –, não estaria na hora de ser mãe.
Bem a moça que jamais faltara ao trabalho, nem
mesmo no decurso da chamada Tensão pré-menstrual,
se ausentara na segunda-feira.
Na terça-feira, também, não comparecera...
Na quarta-feira pela manhã, conversando com o
chefe do setor, o anjo da vida decidira: – iria ver o que
estaria acontecendo com a colega de trabalho.
Às onze horas e cinqüenta e dois minutos, o
automóvel marca Ford – modelo Del-Rey, na cor azul,
passara pelo Largo dos Guimarães, e, finalmente,
chegara à Rua Áurea.
O anjo da vida batera à porta do casebre.
Alguém respondera?
Não!
Batera outra vez e o silencio era a resposta.
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Desistir?
Claro que não!
Na terceira vez, a resposta...
– Quem é, é, é, é, é,
Do lado de fora...
– Sou eu, o anjo da vida!
A maçaneta da porta girara, lentamente, e se
abrira ao tempo em que se ouvira um baque surdo de
um corpo desabando ao chão.
O anjo da vida, apressando-se em erguê-lo,
percebera que, ao canto esquerdo do cômodo, havia um
recipiente plástico com várias toalhas embebidas com
sangue.
Hemorragia?
Com certeza!
Verônica estava mais pálida do que a luz
esquálida da Sol 1 no amanhecer, quase desfalecida, e o
1 Possível é se estranhar a grafia “da Sol” que, segundo a convenção da
língua estaria em desacordo. Entretanto, como seres pensantes; veja-se o
seguinte: se tiver de falar de Sirius ou Três Marias, diremos: - a Sirius e as
Três Maria; por que diríamos “o Sol”? A convenção da língua está
equivocada, sim ou não?
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anjo da vida, pressionado-lhe o pulso esquerdo,
verificara a ausência de pressão arterial que era quase
inexistente – precisava reanimá-la.
Perguntara:
– Onde tem sal?
– Onde encontro um copo?
A moça, em seu torpor, não tivera forças o
suficiente para falar com as vernáculas, mas,
demonstrara com o dedo indicador da mão direita.
O anjo da vida pegara um copo e, meio à meio,
misturara água e sal para reanimá-la.
O acompanhante observara:
– Você vai sobrecarregar o intestino da menina!
O anjo da vida questionara:
– O que me importa agora é levantar a sua
pressão para, depois, tomar as providencias cabíveis.
Dez ou quinze minutos mais tarde; tênue rubor lhe
inundara o rosto e estampara uma fisionomia mais
encorajadora e, então, o anjo da vida sugerira que se
banhasse; se arrumasse para ir ao medico.
A moça adentrara ao banheiro e, novamente,
desmaiara.
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Não houvera outro jeito, alternativo, o anjo da vida
tivera de entrar em cena, terminara de banhá-la, vestira-
a, e, tomara um taxi ate o medico.
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Proposta indecente – Yoseph Yomshyshy
epois de vesti-la, dar-lhe um café quente
e amargo, o anjo da vida perguntara:
– O que aconteceu?
Verônica respondera:
–Não sei!
O anjo da vida pedira para que historiasse os
últimos acontecimentos...
A moça comentara:
– Bem!
– Na sexta-feira fiz um aborto!
Viera a contestação...
– E daí?
No sábado pela manhã, vesti um biquíni da cor
verde e fui à praia –, do Flamengo!
O anjo da vida preocupara-se...
– Aí está o seu problema.
– O medico nada lhe recomendara?
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– Um aborto carece de um resguardo semelhante
a um parto!
– Praia?
– Nem pensar!
– Já entendi!
Quinze minutos de trafego pelo Aterro do
Flamengo, transpondo o túnel de acesso a Rua Barata
Ribeiro chegaram; o anjo da vida e Verônica, à Avenida
Nossa Senhora de Copacabana onde se instalava o
consultório do anjo da morte – de seres inocentes e
incapazes.
O anjo da vida dissera ao anjo da morte...
– Que irresponsabilidade!
– Proceder a um aborto e não instruir no que
infere ao resguardo!
O anjo da morte se justificara:
– Pensei que ela soubesse!
O anjo da vida questionara:
– Não tente se justificar; seu fabricante de anjos!
– Antes veja o que é possível se fazer para
reverter o quadro!
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Proposta indecente – Yoseph Yomshyshy
em...
Pressionado pelo acompanhante, o
anjo da morte postergara o atendimento a oito de suas
clientes e, amedrontadamente, atendera à moça.
O anjo da vida entrara junto e fora repreendido,
mas insistira e o anjo da morte, enfraquecido pela
incompetência, não tivera alternativo – cedera ao
antiético e permitira, ate porque, a própria moça dissera
não confiar em ficar a sós com o anjo da morte.
Afinal, a moça estava semimorta...
Medicada, o anjo da vida passara pela drogaria,
comprara as drogas receitadas e, às dezesseis horas e
quarenta e dois minutos a deixara em casa para
repousar.
No dia seguinte – quinta-feira – o anjo da vida
retornara ao casebre de Santa Tereza e contente, vira a
melhora do estado de saúde da moça.
Na sexta-feira, ao iniciar o expediente, lá estava
ela, a Verônica, em seu posto de trabalho, a princípio;
restabelecida.
O anjo da vida que lhe assistira na quase perda
da vida, se se sentindo livre para perguntar, dissera:
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– Tudo bem?
– A hemorragia uterina passou?
A moça, à luz dos vinte e dois anos, sorrira e
exclamara:
– Graças a Deus!
O tempo urgira...
Cada qual passara pelas hecatombes, os
cataclismos e as vicissitudes da vida, no rumo da
eternidade, decorreram-se quase cinco anos.
Certa tarde, quase noite, depois de se desgastar
na escaramuça de analises de Diplomas Legais
expedidos pelo Presidente da Republica Federativa do
Brasil – Jose Sarney – e seu Ministro da Fazenda –
Mailson da Nóbrega – por sinal, controversos entre si;
com os cem bilhões de neurônios fervilhando no cérebro,
o anjo da vida – de Verônica – passara em sua sala para
se despedir.
A moça dissera:
– Espere-me, já irei descer!
O anjo da vida se assentara na poltrona do
interlocutor enquanto a moça entrara no lavado e
retornara com a maquiagem retocada.
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Nem era necessário; morena cor de canela,
Verônica era o protótipo da beleza exterior de um ser
humano.
Arrumara sobre a mesa tickets de passagem
aérea; faturas de hotéis, documentos diversos e dera um
ultimo telefonema a serviço.
No entanto, enquanto ordenava a escrivaninha de
madeira na cor loura escuro, propusera:
– Ate que podíamos sair tipo assim uma vez por
mês!
Começaram naquele dia...
Não fora uma proposta indecente?
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Notas sobre o autor
Guilhermina Alves Pimenta é uma filha de negro com índia, nascida no Estado do Amazonas, mais precisamente, na cidade de Manaus, e, gerara a Benedicta Alves Pimenta que, a posteriori, se tornara Benedicta Alves Pimenta que, mais tarde, adotara, pelo casamento, o nome Benedicta Pimenta Lopes.
No âmbito da historicidade humana, Benedicta Pimenta Lopes alugara o útero a José Lopes (08.01.43).
José Lopes, aos vinte anos de idade, fora apelidado Mário Moreno, em virtude da cor de sua pele, posteriormente, Cantinflas, aos vinte e dois anos de idade, por conta de um bigodinho que usava.
O emérito e saudoso mestre Kléber Venerando de Carvalho, aos vinte e cinco anos de idade, o apelidara de Enciclopédia, em virtude da sua capacidade em gravar de memória, trechos dos livros que passavam por suas mãos.
No ano de mil novecentos e setenta, no mês de outubro, jogando em Minas Gerais, fechara o gol e, um dos adversários fizera um comentário aludindo a Copa do Mundo daquele ano – o chamara de Marzurkiewics, lendário guarda metas da seleção uruguaia.
Raymundo José Mendes, um colega de trabalho, ao saber que, acompanhando uma missão do Banco Mundial, havia conversado com Werner Loos, em alemão, com Philip Letard, em Frances, e, com Venkataram, em inglês, lembrando o intelectual Ruy
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Barboza, o apelidou de Ruy Barboza, mas, José Lopes adotou o cognome de Yoseph Yomshyshy, transliterado aqui do idioma hebraico, e, passou a usá-lo no dia em que deixou de ser um parasita para se tornar um escritor.
José Lopes tem publicado os sonetos intitulados [As Rosas de Hiroshima e Nagasaki] (sonetos duplos) na obra [Conto, canto e encanto com a minha história - da cidade de Arujá], In mundus diferentes firmati sumus, texto e escrito e publicado no livro [Amor lúbrico] editado pela Prefeitura do Município de Suzano e distribuído, além de internamente, a Angola, Portugal e Guiné-Bissau, em uma das antologias do Celeiro, [Helena na zona... - quem diria?]. [Soberba... - um olhar 1968 anos depois], texto publicado pela [Revista Trajetória Literária] editada pela Prefeitura do Município de Suzano com a parceria da Associação Cultural Literatura no Brasil, e, onde o escritor é associado. Na antologia editada pela Associação dos Escritores de Bragança Paulista, o texto [O soneto inacabado] onde, tomando emprestados o 1º e 14ºversos de um soneto que Joaquim Maria Machado de Assis não chegara a escrever, a quatro mãos, escrevera-o para ele.
O autor tem, também, diversos textos publicados pelo [Jornal de Arujá], sendo Diretor de Cultura do Fórum de Debates Arujá - SP, entidade enfocada no viés cultural. Em 2009 publicou o livro “Descobrindo as raízes de uma árvore chamada celibato e Que esse talento não contamine a nós” pela Editora Sucesso / Celeiro de Escritores, SP, Retratos Urbanos, pela Seven System Internacional.