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Edição Nº 7 Maio 2014 O NAVAL DE REVISTA DE CLUBE DEDICADOS À SAÚDE AO DESPORTO E À COMUNIDADE

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Edição Nº 7 • Maio 2014

O NAVAL

DE REVISTADE CLUBE

DEDICADOS À SAÚDE AO DESPORTO E À COMUNIDADE

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3 NOTA EDITORIAL Por António Madaleno

6 HOMENAGEM A ANTÓNIO BARTOLOMEU

10 NATAÇÃO A actividade base para todos os outros desportos náuticos

12 PESCA Noventa e oito capturas em 24 horas

14 A PESCA Por José Maria Baptista Borges

15 PAI DE 101Moisés Camota responsabiliza-se por 101 atletas

16 O NAVAL MAIS A NORTE!Campeonato Provincial de Vela de

Cabinda 2014

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18 FESTIVAL NÁUTICO

23 RESPONSABILIDADE SOCIAL

4 ENTREVISTA A MÁRIO FONTES

8 ENTREVISTA A OLGA ALBUQUERQUE

24 HOMENAGEM A MANECAS RIBEIRO

25 INFORMAÇÃO LEGAL E REGULAMENTAR

26 CURSOS DE MARINHARIA

30 HISTÓRIAS E ESTÓRIAS

20 A SAGA DO MUSSULO IIICNL coloca o nome de Angola na maior Regata do Atlântico Sul

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Editor ChefeAntónio [email protected] Contributing [email protected]

Art DirectorID [email protected]

Graphic [email protected]

Circulation [email protected]@id-angola.com

Sales [email protected]@cnl.co.ao

NOTA EDITORIAL

Depois de um longo interregno motivado por várias razões, encontrou-se com apoio da Direcção do Clube uma solução que nos permite a divulgação do nosso BOLETIM.É com satisfação de toda a família do CLUBE NAVAL DE LUANDA que reiniciamos a publicação do que teimosamente pretendemos que seja a nossa Revista, esperando que com o reforço da equipa de redacção consigamos obter os resultados preconizados, quer em matéria informativa, como de técnica gráfica, para o qual contamos com profissionais de informação e novas tecnologias da comunicação.Agradecemos a todos que se juntaram a nós, para conseguir-mos uma periodicidade que entendemos ser a que melhor se enquadra para a publicação (Maio, Setembro e Dezembro), assim como também queremos agradecer a todos quanto dese-jam dar o seu contributo, dando-nos as necessárias críticas construtivas, sugestões e outros contributos para a feitura deste nosso órgão informativo.

António Madaleno

EDIÇÃO Nº7

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ENTREVISTA A MÁRIO FONTES

MÁRIO FONTES CONCEDEU UMA ENTREVISTA À NOSSA REVISTA EM QUE FALOU SOBRE A SUA ENTRADA AO CNL,

AS SUAS NOVAS RESPONSABILIDADES, DIFICULDADES E PROPÓSITOS COMO PRESIDENTE DO CLUBE NAVAL DE LUANDA.

Como é que entrou para o CNL?O primeiro contacto com o CNL foi em 1970 como atleta da modalidade de remo.

Que outras modalidades náuticas pratica?Pratiquei remo entre 1970 e 1975. Fiz Shell 2 e 4, Skiff e Double scull. O meu início na Vela foi em 1978, na classe Vaurien. Mais tarde comecei a Vela de Cruzeiro, como tripulante do Comandante Rui Sancho. Em 1987 comprei a embarcação Xinana e desde esta altura tenho participado regularmente nas actividades desta categoria da modalidade.

Como é que se tornou Presidente do CNL?Eu já fui integrante dos Órgãos Sociais, no Conselho Fiscal. No ano de 2005, fui convidado por alguns sócios a preparar uma lista e concorrer às eleições e resolvi fazê-lo. Recordo-me que estar disponível para assumir responsabilidades nos Órgãos Sociais do Clube é uma obrigação estatutária, infelizmente nem sempre cumprida pelos sócios. O desempenho deste tipo funções não é remunerado, consome muito tempo que poderia ser dedicado ao lazer e à família e, o que, algumas vezes, é o que mais custa. O esforço e a dedicação não são reconhecidos pelos sócios, com frequência. Acho que estes deveriam contribuir com críticas construtivas, participar mais na vida do Clube e oferecer-se para ajudar, o que raramente acontece. Existindo algumas excepções que confirmam a regra.Não posso deixar de agradecer aos sócios que aceitaram

o meu desafio para fazerem parte da lista e que se têm dedicado a ajudar o CNL a crescer.

Quais foram os primeiros desafios da nova responsabilidade?Melhorar a organização, a qualidade dos serviços prestados aos sócios e desenvolver as modalidades desportivas.

Que forma encontrou de os contornar?O Clube tinha uma equipa muito reduzida de

profissionais ao seu serviço. Teve a necessidade de aumentar a equipa, profissionalizar a gestão corrente e investir em melhores condições de trabalho dos colaboradores e atletas.Para isto eram precisos recursos e tivemos que encontrar soluções para aumentar as receitas. Somente com as receitas provenientes das quotas e serviços prestados aos Sócios não se vai longe.

Que mudanças vieram com a sua presidência?Além da profissionalização que já referi, foi definido um plano director para a expansão, tendo sido ampliada substancialmente a área do clube, processo que continua em curso. Basicamente, procuram-se criar as bases que permitam o crescimento futuro.

Quais são os seus principais objectivos para o clube?Constituir uma referência nos desportos náuticos, através do desenvolvimento das modalidades desportivas com obtenção de bons resultados. Proporcionar boas

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condições para o convívio entre os Sócios e amantes do mar, prestando bons serviços. Ainda há um longo caminho a percorrer.

Em que ponto se encontra o projecto das novas infra-estruturas e quais as perspectivas de implementação?Os avanços têm sido bem mais lentos do que todos gostaríamos. Os recursos são insuficientes para as obras que é necessário fazer e as coisas parecem que não mexem.Esperamos conseguir este ano fazer a nova rampa e cais de recepção flutuante no extremo Nordeste, para podermos concluir o aterro.O processo do edifício de rendimento está a em curso e contamos chegar a soluções e obter um acordo até ao final deste ano. Este projecto trará alguns recursos adicionais.É preciso continuar a explorar oportunidades para obtenção de recursos financeiros e algumas estão a ser aproveitadas.A nossa piscina é um velho sonho do CNL. Temos um projecto ambicioso para a construção de uma piscina de vinte e cinco metros cumprindo todas as exigências da FINA para a alta competição. Paramos a competição na natação por não termos piscina e daremos toda a prioridade a este projecto, para ser possível reactivar a modalidade.A segunda fase da marina tem já concurso feito e estamos a avaliar as propostas. Mas para ser implementada precisa de ter o aterro concluído

O CNL já teve duas presenças em Jogos Olímpicos em Canoagem. Isso foi resultado de uma maior investimento na modalidade?Sem dúvida, embora o sistema de qualificação para a modalidade de Canoagem, com quotas continentais, torne mais fácil o acesso. Continuamos a investir, agora até com mais força, depois de termos ficado sem os nossos melhores atletas no final da última época, aliciados por um novo clube que se consta que vai aparecer, que ao invés de fazer quer comprar feito, o que não me parece um princípio correcto, nem é tradição dos clubes de desportos náuticos em Angola.

Para as restantes modalidades, designadamente Vela Ligeira e Remo, pensa ser possível a qualificação?Sim. Sabemos que temos boas condições e é possível chegar lá. Mas não tenhamos falsas esperanças nem ilusões. O nosso nível competitivo está muito longe da alta competição mundial, há que ter programas sustentados de médio e longo prazo para ter resultados.Na vela ligeira estamos a fazer um grande esforço,

com a coordenação da Federação Angolana dos Desportos Náuticos - FADEN, na implementação de um programa para o actual ciclo olímpico. A ISAF já decidiu criar quotas continentais para o 470 e Laser e temos esperanças.No remo o CNL tomou a iniciativa da reactivação da

modalidade em 2012, com a compra de uma dezena de embarcações. O empenho do treinador tem cativado muitos jovens e acreditamos no ressurgimento em força.

Quando se apercebeu que o clube precisava de mais responsabilidade social em relação aos atletas e o que está a ser feito?O Clube deve exercer a sua responsabilidade social sob várias formas. A prioritária parece ser procurando proporcionar a possibilidade de os atletas terem acesso a uma boa educação. Quem representa durante anos o CNL como atleta, arvorando as cores do Clube, tendo bom comportamento desportivo e sendo originário de uma família com poucos recursos, tem a possibilidade de obter apoio do Clube para a sua educação, podendo amanhã ser um cidadão que melhor contribua para o futuro do País.Repare que este apoio para a elevação do nível de educação dos atletas é também obrigatório se pensamos em alta competição e bons resultados a outros níveis.

Qual é o número de bolseiros que pretende atingir?O CNL tem actualmente 15 bolseiros. O aumento deste número fica dependente dos recursos disponíveis, que incluem apoios e patrocínios. Claro que gostaríamos que todos os atletas com dificuldades financeiras pudessem fazer parte deste programa.

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Ao velejador e técnico da Rádio Nacional de Angola,

António Bartolomeu, a homenagem do Clube Naval

de Luanda por ter dedicado anos da sua vida ao mar.

HOMENAGEM A ANTÓNIO BARTOLOMEU

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NATAÇÃO

REMO

CANOAGEM

PESCA DESPORTIVA

VELA

Rua Murtalla Mohamed Ilha do cabo, Luanda

+244 222 309 743

[email protected]

CURSOS DE MARINHARIA

INSCREVE-TE

Marinheiro AmadorPatrão CostaPatrão Alto Mar

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Como é que se ligou à modalidade? Comecei a assistir a regatas do liceu onde o meu filho mais novo participou, quando ainda estudava nos Estados Unidos, há cerca de nove anos. Quando se formou a FADEN, fui convidada para ser Vogal do Remo na primeira direcção da federação.

Como é que é ser Vice-Presidente da FADEN para o Remo, sendo mulher? É um desafio que me tem fascinado graças à oportunidade de poder trabalhar com os membros da FADEN para que o remo seja uma realidade no nosso país.

O que acha do facto de muitos a terem como grande impulsionadora da modalidade em Angola? Eu trabalho para esta modalidade com muito amor e não com o intuito de poder mostrar o que quer que seja.

Quais são as principais dificuldades que enfrentam os atletas desta modalidade?Os atletas desta modalidade têm muitas dificuldades como a falta de subsídios de alimentação, transporte e educação.

Que aceitação tem esta modalidade dentro do povo angolano? Penso que tem muita aceitação pois o nosso povo, vivendo à beira-mar tem muita aptidão para os Desportos Náuticos.

O Remo é uma modalidade muito concorrida no nosso país? Infelizmente, ainda não.

Quais são os objectivos que se propôs a atingir quando se tornou Vice-Presidente da FADEN para o Remo? Fazer com que os jovens conheçam esta modalidade pois faz bem ao corpo e à mente por ser o desporto completo que é.

Que métodos usaria para buscar mais jovens e encaminhá-los ao Remo? Acções de esclarecimento sobre a modalidade em Instituições de Ensino principalmente e nos clubes náuticos também, com a ajuda sempre valiosa dos Ministérios da Juventude e Desportos e da Educação.

De uma forma geral, acha que o desporto tem tido mais afluência em Angola? Por que motivo?O remo ainda não tem muita afluência, dado que é um desporto caro devido ao preço dos barcos de remo, e só um clube em Luanda adquiriu embarcações.

Pratica algum desporto?Fui atleta de natação no Clube Náutico de Luanda, no tempo colonial.

Como consegue conciliar a vida de empresária com as suas responsabilidades na FADEN? Por mais ocupada que esteja, arranjo sempre tempo para a FADEN, pois sinto que sou necessária e quero dar o meu melhor para esta Federação.

ENTREVISTA A OLGAALBUQUERQUE

A FEDERAÇÃO ANGOLANA DE DESPORTOS NÁUTICOS (FADEN) TEM COMO VICE-PRESIDENTE PARA O REMO, OLGA

ALBUQUERQUE, DAS POUCAS MULHERES NO NOSSO PAÍS QUE TEM O PAPEL DE CABEÇA DE UMA MODALIDADE

DESPORTIVA. A SENHORA QUE TAMBÉM É EMPRESÁRIA CONCEDEU-NOS UMA ENTREVISTA ONDE FALOU DE COMO

CONSEGUE CONCILIAR EMPRESARIADO E O DESPORTO, DAS DIFICULDADES DOS ATLETAS ANGOLANOS E DOS

OBJECTIVOS QUE SE PROPÔS A ATINGIR NO SEU DESAFIO “FASCINANTE”.

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CNL sempre teve muito êxito na Natação antes de 1975. Nesta altura, a modalidade era essencialmente praticada na Piscina do Alvalade, a única que apresentava

condições de nível olímpico.Depois da Independência Nacional, houve uma paralisação na prática da modalidade.A reactivação da Natação no CNL acontece em 1995. A senhora que nos conta esta história, Isabel Brock era dos poucos “sujeitos da Natação”. Isabel Brock (seccionista da Natação do CNL) que também foi nadadora na sua infância diz que as crianças são o principal alvo desta modalidade no nosso clube. Começam a sua actividade desde a fase em que frequentam a iniciação escolar, tudo gratuitamente. Isabel Brock, sublinha que todos os que têm interesse por qualquer modalidade que o clube alberga têm acesso gratuito, é assim pelo senso de responsabilidade social que o CNL tem, sabendo que a maior parte da população luandense não pode custear actividades desportivas. A seccionista da Natação do CNL conta ainda que o esforço na época do recomeço da modalidade foi grande, o que lhes rendeu a Taça de Angola de Natação em 2008.Dois anos mais tarde, o CNL vê-se obrigado a interromper a prática da modalidade por não ter uma piscina desportiva nas suas instalações, sendo que os custos de utilização de pistas noutras instalações são muito altas e o clube que se subsiste de quotas dos sócios e do estacionamento das embarcações não é capaz de os pagar. Trata-se do equivalente a 10.000 kwanzas por pista, espaço que não suporta mais de oito nadadores.

O grande objectivo desta interrupção é a construção de uma piscina desportiva com todas as infraestruturas (balneáreos, bancadas, etc), o que se avalia em cerca de três (3) milhões de dólares norte-americanos. A seccionista da Natação não se abstém de concordar que o valor é muito alto, principalmente porque o CNL é uma instituição de utilidade pública (sem fins lucrativos).Quarenta e um (41) atletas esperam pela reactivação da Natação no CNL e terão a possibilidade de entrada imediata quando assim acontecer, para além da pretensão do clube de recrutar novos atletas para que se chegue futuramente a níveis olímpicos.A Natação sempre foi uma modalidade de grande competitividade em Angola, mas as dificuldades que o CNL enfrenta estendem-se para todo o país. Ao fim da entrevista, Isabel lembra-se que houve uma tentativa do CNL praticar a Natação dentro das instalações do clube, utilizando as águas adjacentes da Baía de Luanda, mas foi impossível porque a água do mar à volta do clube estava muito poluída, constituindo um risco à saúde das crianças que praticam a modalidade.Isabel tem um projecto que envolve terapeutas e que tem como principal objectivo ajudar pessoas que tenham doenças que condicionam a sua actividade física, como Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC).

NATAÇÃO - A BASE PARA TODOS OS DESPORTOS NÁUTICOS

O

ISABEL BROCK, A SECCIONISTA

DESTE DESPORTO NO NOSSO CLUBE,

CONTA TUDO O QUE ACONTECEU

NA ÉPOCA APÓS A INDEPENDÊNCIA.

O Clube Naval de Luanda tem, no seu percurso, grande história com esta modalidade incluindo o arrebatar da Taça de Angola em 2008.

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A ABRIR A ÉPOCA DESPORTIVA DA PESCA NO

CLUBE NAVAL DE LUANDA (CNL), EM JANEIRO DE

2014, REALIZOU-SE O TORNEIO DE DOIS DIAS

INTITULADO “24 HORAS DE PESCA DE LUANDA”,

COMPETIÇÃO REGISTADA PELO RECORDE

DE 98 CAPTURAS DE PEIXES DE BICO.

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Sob organização do CNL, o concurso de pesca de alto-mar teve a sua grande particularidade por atingir-se o recorde em número de peixes de bico capturados em Luanda, um total de 98 capturas,

sendo 47 no primeiro dia e 51 no segundo, disseram Bruno Martins (Director Executivo do Clube) e Rui Albuquerque (Funcionário Administrativo). “Todas as vinte e cinco equipas concorrentes marcaram peixes”, frisaram.Para a realização deste concurso os patrocínios da Cuca, Bay Side e Transmad foram preponderantes.A mesa de júri albergou os senhores José Martins, Dooley Bonifácio e Rui Albuquerque, tendo sido presidida por Albertino Fonseca.O torneio que existe há oito anos é pontuável para o Campeonato Nacional de Pesca e qualifica a equipa vencedora a uma participação no Campeonato do Mundo da Costa Rica.

NOVENTA E OITO CAPTURAS EM 24 HORAS

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Escrevi bastantes artigos para o Naval, uns com sumo outros mais secos, mas escrevi e alguns foram publicados.Infelizmente na minha Direcção e nas outras foi notório o desinteresse de alguns em manter o Boletim do nosso queridíssimo Clube, publicado normalmente!Temos todos muito que fazer, mas lá no fundo gostamos e gozamos com o aparecimento de um novo número, embora a «maioria» dos nossos «sócios» para ele não contribuam!Não sejam assim, ajudem o vosso clube e participem, escrevam!Palavras «leva-as o vento»!***“A falta de bom gosto é lamentável. Não, o bom gosto de saber vestir como um janota que pode parecer índice de frivolidade, ou de apreciar a delicadeza dos meios-tons de um pôr-do-sol, que é mais uma questão de sensibilidade. Refiro-me ao bom gosto nas atitudes que se tomam e nas frases que se proferem.A ganância, por exemplo, de querer apanhar um exemplar maior ou a maior quantidade de exemplares do dia conduz, regra geral, a atropelos e precipitações de que só resultam mal-estar e sensaborias, colocando em cheque o desporto, a camaradagem e principalmente todas aquelas pequenas coisas que fazem a grandeza de um dia de pesca.Em desporto não há espaço nem para a jactância, nem para o egoísmo. Por isso a ganância é prova, de pelo menos, mau gosto.Depois há aquela espécie de pescadores que apregoam ter as melhores canas do mundo, os anzóis que ninguém mais arranja, as linhas que não se fabricam, os carretos que não se encontram no mercado. São os que têm «opiniões», partem do princípio de que o mundo se criou para eles andarem por cima e sempre que abrem a boca para falar começam por «Eu!» «Eu faço», «Eu digo”, “Eu aconteço» … O que usam é «do melhor que há», como o que não usam é «do pior que há». Também estes «pescadores» de alarde, amantes de pavonear uma «coqueteria» toda feminina, dão provas de mau gosto, de muitíssimo mau gosto. Como esses que ao contar a boa pescaria que obtiveram,

ocultam «misteriosamente» o local onde a levaram a cabo, nisso a que o povo chama «fazer caixinha», medem-se também pela mesma bitola.Estou mesmo a ver um Blue marlin, um Veleiro, um White marlin, a fazerem o sinal da cruz dos peixes com os seus descomunais bicos e a chorarem num velório dantesco, no local preciso em que um seu irmão, afastado ou não, foi capturado no dia anterior!Estou a vê-los de fauces bem abertas à espera das super amostras dos tais «iluminados»!E é tão simples ser natural, sincero, desinteressado, camarada, amigo - humano, em suma!Calo-me agora! Anoitece! O mar parece de tinta negra e as estrelas começam a acender-se uma a uma…«E é tão simples ser natural, sincero, desinteressado, camarada, amigo - humano, em suma»!Felizmente este gorro não assenta a todos! Bem hajam”!

Por José Maria Batista Borges

A PESCA“Ajudem o

vosso clube e

participem,

escrevam!”

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O professor de Vela do Clube Naval de Luanda, Moisés Camota, apesar de apreensivo por ter de conceder uma entrevista, não hesitou em contar o seu percurso no Clube e em reportar aquilo o que foi o Campeonato Provincial de Vela de Luanda. Cinquenta e sete atletas do CNL participaram no concurso que também teve como concorrentes desportistas dos Clubes Atlético Petróleos de Luanda, 1º de Agosto e Náutico da Ilha de Luanda.Durante os dias 8, 9 e 15 de Fevereiro, o CNL conquistou o primeiro lugar em todas as classes da competição, o que não é totalmente satisfatório porque o CNL esperava arrebatar os cinco primeiros lugares em todas as categorias. “Este ano, a competição foi mais difícil”, frisou Moisés Camota.Morador da Ilha de Luanda, Moisés cresceu à volta de barcos de vela. Foram os seus amigos, já velejadores, que o incentivaram a praticar a modalidade, quando tinha 11 anos de idade. O ainda rapaz entra para a Escola de Vela da Ilha de Luanda onde fica até aos 15 anos.Em 1998, Moisés Camota, ainda com a mesma idade, entra para o CNL por buscar novos desafios numa nova categoria da modalidade, o que não era possível conseguir na Escola de Vela, onde só se leccionava a categoria Optimist. No CNL, esteve três anos como atleta e durante este tempo já cumpria a função de assistente do professor de Vela da altura. Quando se lhe perguntou porque é que foi escolhido dentre vários atletas para ser o adjunto do treinador, Camota mostrou toda a sua modéstia dizendo que não sabia por que motivo.Quando o seu professor passou a ser supervisor da modalidade no CNL, Moisés Camota assumiu o cargo de professor de Vela do Clube.Camota é responsável por 101 alunos, que treinam de quarta-feira a domingo (separados por classes), nas categorias Optimist, Lazer, 420 e 470.

AOS 32 ANOS, MOISÉS CAMOTA

O TREINADOR DE VELA DO NOSSO CLUBE

MODALIDADE E SOBRE O QUE ACONTECEU

RESPONSABILIZA-SE POR 101 ATLETAS.

CONTA-NOS O SEU PERCURSO NESTA

NO CAMPEONATO PROVINCIAL

DE VELA DE LUANDA.

PAI DE 101

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CAMPEONATO PROVINCIAL OPTIMIST EM CABINDA.

A BAIA DE CABINDA RECEBEU 11 ATLETAS DE LUANDA.

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Seis (6) atletas entre os 9 e os 15 anos de idade representaram o Clube Naval de Luanda (CNL) no Campeonato Provincial de Vela de Cabinda 2014 (na categoria Optimist) realizado entre os

dias 4 e 6 de Abril, na Baía de Cabinda.Para além do CNL, participaram nesta competição duas outras equipas, o Clube Náutico da Ilha de Luanda com cinco atletas e o Núcleo de Vela de Cabinda com seis, totalizando 17 participantes. O sábado (5) foi o dia de glória para o nosso clube, das três regatas participadas todas foram vencidas. A sexta-feira (4) serviu como dia de reconhecimento e adaptação às diferentes condições climáticas que Cabinda oferece. No domingo, o CNL fez apenas uma regata. O desempenho dos 3 dias rendeu, na classificação geral, o primeiro lugar à atleta Feliciana da Silva de 14 anos (em femininos) e a Osvaldo da Gama de nove (em masculinos).Feliciana disse que a competição foi fácil para si e gostou especialmente de velejar na contra-costa.Sobre o Núcleo de Vela de Cabinda, a atleta fez boas apreciações à sua organização e espírito de equipa.Osvaldo traz boas recordações da sua ida a Cabinda. O

segundo dia da competição em que saiu em primeiro lugar por duas vezes, a beleza da cidade e grande simpatia pelo Porto de Cabinda são as que mencionou.O treinador Moisés Camota disse que a adaptação dos atletas foi mais difícil no que toca as condições climáticas, sendo que em Luanda (onde comummente velejam) o vento é estável, o que já não acontece em Cabinda, “o primeiro dia foi um castigo”, frisou.Durante o campeonato, houve ainda uma acção de Formação em Desportos Náuticos realizada para os professores de Educação Física locais, na manhã de sexta-feira. Os formadores Nuno Gomes, Picasso Andrade e Heráclito Guimarães tiveram sob sua alçada cerca de 50 formandos, número que é sinónimo de sucesso a nível nacional.Noções sobre o funcionamento da FADEN (Federação Angolana de Desportos Náuticos), conceitos gerais sobre as modalidades Remo, Vela, Canoagem, Surf e Kitesurf foram dos temas abordados na palestra que durou uma manhã.

Campeonato Provincial de Vela de Cabinda 2014

O NAVAL MAIS A NORTE!

A Baía de Cabinda recebeu onze atletas de Luanda para o Campeonato Provincial Cabinda. Osvaldo e Feliciana, do nosso clube, venceram, nas categorias masculino e feminino, respectivamente, a competição que englobou uma Acção de Formação em Desportos Náuticos para os professores de Educação Física daquela cidade.

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Desde 1994 que num mesmo dia, todas

as modalidades que o CNL alberga

são reunidas num torneio intitulado

Festival Náutico do Clube Naval de

Luanda, em homenagem à cidade de Luanda (no seu

aniversário) a 25 Janeiro. Nesse dia, a contra-costa de

Ilha de Luanda recebeu os Clubes Naval de Luanda,

Náutico da Ilha de Luanda, 1º de Agosto, Atlético

Petróleos de Luanda e a Escola Internacional que

concorreram a troféus para Vela, Natação, Remo,

Canoagem, Pesca e Mergulho desportivos. A Pesca Infantil abriu a competição que começou às 09H00 da manhã e terminou às 13H00. Nesta prova competiram atletas de outras modalidades como é o caso de Lourenço Simão (13 anos), vencedor do Campeonato Provincial de Vela de Luanda (artigo nesta edição), na categoria Optimist. Esta competição inicial teve lugar dentro do CNL.Logo a seguir, todas as crianças vão em busca dos seus barcos, cruzam a estrada (com todo o apoio da organização do Festival) em direcção à contra-costa para a próxima competição, Vela (Optimist).Seguem-se então as restantes competições, todas acompanhadas de toda a segurança necessária, o corpo de bombeiros com a sua equipada ambulância, barcos de salvamento e mergulhadores sapadores.Durante o festival, o programa “Bom Dia, Bom Dia”

da Rádio Luanda Antena Comercial (LAC) é feito em directo a partir da contra-costa onde decorre a grande competição. Leonildo Feliciano, velejador da categoria 420, disse ter tido uma óptima experiência com a sua participação neste evento. O Festival Náutico foi a primeira competição em que o atleta de 20 anos participou este ano. O desportista mencionou o facto de a competição ter sido muito disputada e frisou que os seus colegas de clube têm-se mostrado cada vez mais habilitados, presumindo que futuramente o número de vencedores do CNL só virá a aumentar.Para o próximo Festival Náutico, as metas do atleta são a criação de uma nova dupla, bem como competir numa categoria mais alta (470).Os patrocinadores do evento foram Refriango, Grupo Transmad, Pastelaria Vanan e LAC.

FESTIVAL NÁUTICO

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PESCA // FISHERY

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O projecto apelidado por todos de visionário começou a ser gestado numa viagem feita entre Recife e Cabo Verde em 2011, no veleiro Mussulo III entre o Comandante José Guilherme Caldas, um angolano do Huambo e Carlos Pereira de Almeida, Nico. Tínhamos os dois, o saudosismo de ver Angola representada na maior regata do Atlântico Sul e uma das mais emblemáticas do mundo. Entusiasmado ofereci o meu novo barco, o Mussulo III, um Bavaria de 55 pés (16,7 metros) e o Nico ficou responsável por montar o Team Angola. Ao fim de 3 anos o Team Angola foi constituído agregou-se o Tita com o seu Bille (coincidentemente o mesmo modelo de embarcação) e após muitas peripécias o Mussulo III estava no dia 4 de Janeiro de 2014, na linha de partida na Cidade do Cabo. O veleiro Bavaria 55 é um barco para cruzeiros com peso excessivo e velas relativamente pequenas para o tamanho do barco. Nesses três anos adequamos o

barco às regatas, encomendamos velas novas e de tecido especial, retiramos peso do barco, treinamos uma equipa, ganhamos a REFENO 2013, a regata oceânica mais importante do Brasil e preparamos a viagem de ida para a Cidade do Cabo.Durante a ida do Brasil para a Cidade do Cabo uma peça de aço inoxidável e que ligava o estai de proa à própria proa - uma estrutura de metal que nunca se deveria partir, quebrou-se e o mastro caiu para trás! Onze dias depois de partir, exactamente no meio do Atlântico entre África e a América do Sul e a sul de Tristão da Cunha. Depois de muito trabalho conseguimos colocar o mastro (mais de 2000 quilos e 23 metros de comprimento – o que se aproxima à altura de um prédio de sete andares) em cima do barco e partimos a motor. Este é feito para trabalhar como auxiliar e com autonomia para apenas 2 000 quilómetros, mas faltavam 3 000 para chegar à Cidade do Cabo! Estabeleceu-se uma rede de comunicações: rádio, telefone satélite, etc., envolvendo pessoas do mundo inteiro

A SAGA DO MUSSULO III

CNL coloca o nome de Angola na maior Regata do

Atlântico Sul

Por Comandante José Guilherme

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para sermos abastecidos no caminho e após dez dias de apreensão e quase no fim do combustível. Fomos reabastecidos em pleno oceano pelo navio Edinburgh debaixo de ventos fortes e grandes vagas. Homens do mar a auxiliarem outros homens do mar, uma solidariedade que ainda existe. Ao fim de 14 dias depois do mastro cair, no dia 20 de Dezembro de 2013, chegamos à África do Sul com o firme propósito de colocar o barco em condições de navegar à vela e participar na regata. Entre o Natal e a Passagem de Ano, conseguimos com o auxílio de inúmeras pessoas e no estaleiro do angolano Manuel Mendes (sem o qual seria impossível) consertar o Mussulo III. No dia da largada, ainda subi ao mastro para substituir uma lâmpada e fomos comprar filtros para o motor.A reunião da tripulação – José Guilherme Caldas (Comandante), Mário Fontes, Paixão Paulo, Lolocho Ventura, Victor Mestre (os angolanos) e Carlos Maia, Leonardo Chicourel, Gentil Júnior, Orlando Parise

(os brasileiros) ocorreu na Cidade do Cabo e todos empenharam-se na recuperação do barco, seria para estarmos todos a treinar, a melhorar o desempenho do barco e a conhecer as condições locais de vento e mar. Infelizmente isso não ocorreu e reflectiu-se na regata ao demorarmos em ter um entrosamento perfeito, e consequentemente melhor performance. A regata começou com vento muito fraco o que não fa-vorecia o Mussulo III, mesmo assim, após uma largada regular, fomos recuperando o terreno perdido e ao fim do dia encontrávamo-nos no pelotão da frente. Sabía-mos pela previsão meteorológica que não havia vento perto da costa mas que na manhã seguinte haveria ven-to e posteriormente vento muito forte durante algumas horas. À noite o vento ficou parado, por mais de 3 horas começando a soprar cada vez mais forte e mudando de quadrante a cada minuto. Neste momento teria sido im-portante o treino pois trocamos várias vezes de velas. Quando o vento começou a aumentar, rondando para

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sul, estávamos com vento na ordem dos 20 nós e mar com vagas de três metros. A vela mestra foi rizada e a genoa 1 trocada por uma genoa 4. Progressivamente o vento au-mentou para 35 nós e logo depois para 45, resolvemos rizar mais a vela grande mas algo nos impeliu a tirá-la, ficámos assim apenas com a pequena genoa e vimos as ondas au-mentarem chegando a oito metros. Estava caracterizada uma tempestade que nos levava a uma média de 16 nós de velocidade quase sem velas (esse barco anda normalmente a 9 nós quando anda bem). Chegámos a registar 22,7 nós de velocidade e vento de 58 nós (aproximadamente 120 km/h). Após 10 horas o vento diminuiu para 25 nós e permitiu-nos apertar o que se tinha desapertado e pos-teriormente subir a vela mestra até o segundo rizo. Neste momento tivemos a informação que o nosso companheiro e co-irmão do Team Angola, o veleiro Bille, sofrera uma séria avaria e que um dos tripulantes tinha falecido, além de que 10 barcos haviam abandonado a regata devido ao mau tempo, alguns com sérias avarias. Este anúncio abalou-nos profundamente ainda mais porque o tripulante falecido era familiar de um dos tripulantes do nosso barco. Prosseguimos a travessia com a vela grande no segundo rizo e éramos os quartos colocados no geral e no tempo corrigido. Progressivamente o tempo foi melhorando e havia necessidade de tirar os rizos e subir a vela toda, para mantermos a velocidade inicial. Quando nos preparávamos para fazer isso percebemos que havia uma avaria na vela grande que estava rasgada em alguns pontos; consertámos a vela com técnica de microcirurgia já que o Comandante e o Orlando são médicos... O tempo que perdemos sem colocar a vela toda e para consertar empurraram-nos para o sétimo lugar, que conservamos até o final no Rio de Janeiro. Os dias foram-se passando com uma rotina a bordo que incluía turnos de três pessoas e de três horas sempre com o balão em cima e com velocidade média de 8,4 nós, o que nos dava o tempo de 18 dias até ao Brasil. Neste ponto é necessário explicar ao leitor que o trajecto directo da Cidade do Cabo ao Rio de Janeiro são 3 300 milhas (6 600 km), no entanto há uma região de Alta Pressão no meio do Atlântico e, portanto, ausência de vento. Sendo assim é necessário contornar essa região pelo norte o que aumenta o percurso em média 300 milhas, no entanto este ano a Alta Pressão estava muito ao norte e o percorremos 4.400 milhas, o que representou 1 100 milhas (2 200 km) a mais e 22 dias de navegação. Quando nos encontrávamos a contornar a região de Alta Pressão, o vento diminuiu enormemente e continuou fraco nos últimos 11 dias isso

diminuiu a nossa média para 7,2 nós, e impediu-nos de ter uma melhor colocação pois os barcos mais leves e mais pequenos levam vantagem nessa situação. A alimentação a bordo foi um capítulo à parte nesta viagem, tínhamos dois cozinheiros praticamente profissionais a bordo (o Júnior e o Victor) que cozinharam incansavelmente quase todas as refeições. Um dia feijoada, outro dia carne seca desfiada com legumes, outro bifes com cebola, picadinho, enfim ninguém emagreceu nessa viagem! A partir do momento que o vento diminuiu e havia menos turbulência a bordo, passamos a fazer um Happy Hour sempre às 18H30 durante o pôr-do-sol. O nosso tripulante Maia saía da sua tarefa de ajustar velas e ia para a cozinha preparar os petiscos que havia bordo – patê de atum com torradas, bruschettas, torradas com queijo derretido e muito mais, era o momento de reunir toda a tripulação e colocar em dia as conversas e planear o trajecto para o dia seguinte. A água era retirada de um dessalinizador que produzia 90 litros por hora a partir de um gerador de electricidade. Na viagem, dois balões se rasgaram e ficamos apenas

com o mais pequeno, percalços de quem faz Travessias tão longas, muitas vezes no limite do que os materiais suportam. O mastro recolocado na Cidade do Cabo ficou totalmente deformado sendo necessário trocá-lo, o que faremos brevemente. A visão de Cabo Frio ao norte do Rio de Janeiro foi deslumbrante e o vento encontrava-se muito favorável para

chegar à Cidade Maravilhosa à tarde do dia 26 de Janeiro, após 22 dias de viagem no entanto novamente o vento diminuiu e só conseguimos chegar a meio da noite. Fomos recebidos pelas famílias e por muitos angolanos velejadores que estavam à nossa espera, foi uma grande emoção. No dia seguinte a bandeira de Angola no alto do mastro do Mussulo III impávido na Baia de Guanabara, sob o olhar do Cristo Redentor, fez-nos acreditar que tudo valeu a pena. O Mussulo III continuará a representar Angola, o Clube Naval e os seus patrocinadores nas mais importantes regatas de vela oceânica do Brasil, nomeadamente a 41 Ilhabela Sailing Week, a REFENO e a Regata Sir Peter Blake. Quero dizer que nada teria sido possível não fossem os patrocinadores: Banco BIC, Angola Cables, Sonangol, Global Seguros, Aurecon e Sistec.

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A tua maneira simples de dizer coisas difíceis, o teu humor subtil de criticar retratando e não destratando, as mensagens subtis expressas na criatividade lúdica dos teus cartoons, são por si só uma homenagem ao artista e aos 20 anos de “O Naval” em que deixaste o registo indelével de um sócio discreto, atento e

participativo.

Bem Haja Amigo Manecas Ribeiro!

HOMENAGEM A MANECASRIBEIRO

CADERNO III | ACTIVIDADES SOCIAIS

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RESPONSABILIDADESOCIALA Direcção do CNL decidiu criar um

Programa de Bolsas de Estudo, em 2008, com a intenção de ajudar os melhores atletas, do Clube de baixo

poder económico, a cumprir com a sua formação académica.A escolaridade é a grande área de actuação na actividade social da organização porque o “CNL não pretende apenas formar atletas, mas também homens”, disse Rui Albuquerque, Funcionário Administrativo do clube.Rui é ex-bolseiro do CNL e a ajuda rendeu-lhe a licenciatura em Gestão e Marketing pela Universidade Independente de Angola. Na altura de arranque do programa, apenas cinco atletas beneficiavam das Bolsas de Estudo. Actualmente, um total de 15 usufrui, quatro (4) no Ensino Universitário, cinco (5) no Pré-Universitário e seis (6) no Ensino de Base.Manuel Lelo de 26 anos frequenta o segundo ano do curso de Ciências da Educação e Formação de Professores na Universidade Independente de Angola. É bolseiro há dois anos respectivamente e decidiu fazer a sua licenciatura em tal área em busca de uniformidade nas suas escolhas, sendo que, no Ensino Médio, formou-se em Geografia e História na Escola de Formação de Professores Garcia Neto.Manuel diz ter sido escolhido para o programa de Bolsas de Estudo pela sua disciplina e dedicação à modalidade que pratica (Vela, na categoria 470). Quando terminar a sua Formação Superior, o atleta pretende trabalhar com CNL para ajudar o processo de formação de novos desportistas, com a aplicação da perícia pedagógica que tem adquirido com o seu curso.Os bolseiros devem ter bom aproveitamento, disciplina e comprometimento com a modalidade desportiva que praticam no CNL, como requisitos principais.Desde o seu segundo ano, o Programa de Bolsas de Estudo conta com o patrocínio da Petrolífera Sonangol e de um sócio do CNL que se prefere manter no anonimato.

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NOVAS REGRAS APLICÁVEIS À ACTIVIDADE DE TRANSPORTE MARÍTIMO Através do Decreto Presidencial n.º 54/14, de 28 de Fevereiro, que entrou em vigor na data da sua publicação, foi aprovado o novo Regulamento sobre a Actividade de Transporte Marítimo (“O Regulamento”). Este menciona: I - Os armadores de comércio que pretendam prosseguir actividades de cabotagem ou de longo curso têm de estar previamente inscritos junto do Instituto Marítimo e Portuário de Angola (IMPA);II - A aquisição de navios e os afretamentos ou fretamentos de navios de pavilhão estrangeiro carecem de autorização prévia do IMPA;III - A actividade de cabotagem, incluindo a de apoio à actividade petrolífera, fica reservada a cidadãos nacionais. O Regulamento especifica ainda os requisitos aplicáveis à inscrição como armador de comércio e os respectivos direitos e deveres.

LEI DA MARINHA MERCANTE, PORTOS E ACTIVIDADES CONEXASAtravés do Decreto/Lei 27/12 de 28 de Agosto, que entrou em vigor 60 dias após a sua publicação, aprovada pela Assembleia Nacional e que estabelece o regime jurídico da Marinha Mercante, dos Portos e das Actividades Económicas que são exercidas no âmbito do sector maritímo-portuário, fixando o quadro institucional referente à intervenção pública e a acção dos particulares.Regula todas as actividades desenvolvidas nas áreas de jurisdição marítima e portuária no âmbito dos sectores da Marinha Mercante, das actividades marítimas de recreio e do desporto náutico e dos portos, em articulação e integração com a actividade dos transportes e da logística.Aplica-se a todas as embarcações, navios e quaisquer outros engenhos destinados a ser utilizados no ambiente marítimo, para uso na superfície ou em actividades subaquáticas, seja qual for o seu registo, proveniência ou ainda a nacionalidade ou residência dos seus proprietários, armadores, gestores, utilizadores ou operadores.

MEMORANDO DE ENTENDIMENTO SOBRE A REDE INTEGRADA DE GUARDA COSTEIRAA Resolução nº 4/14 da Assembleia Nacional, publicada no Diário da República nº 12 – I série de 17 de Janeiro, aprova, para adesão, o memorando de entendimento sobre o estabelecimento da rede integrada de guarda costeira sub-regional na África ocidental e central.

MIGRAÇÃO E VISTOSNOVA TABELA DE TAXAS DOS ACTOS MIGRATÓRIOSO Decreto Executivo Conjunto n.º 7/14, de 9 de Janeiro, estabelece a nova tabela de taxas dos actos migratórios, revogando o regime anterior fixado pelo Decreto Executivo Conjunto n.º 32/95, de 21 de Julho. O novo diploma procede a um aumento significativo das taxas administrativas aplicáveis. Por exemplo, o pedido de emissão de visto de trabalho passa a estar sujeito ao pagamento de uma taxa no montante de KZ 40.000,00 (cerca de USD 410,00), sendo que o montante anterior era de KZ 9.207,00 (cerca de USD 100,00). Todas as taxas administrativas deverão ser pagas ao Serviço de Migração e Estrangeiros por meio de depósito ou transferência bancária, numa única prestação.

REGULAMENTO RELATIVO À COMPARTICIPAÇÃO NO PRODUTO DAS MULTAS POR INFRACÇÕES MIGRATÓRIASAtravés do Decreto Executivo Conjunto n.º 6/14, de 9 de Janeiro, o Ministério do Interior e o Ministério das Finanças aprovaram as normas procedimentais atinentes à comparticipação no produto das multas resultantes de sanções pecuniárias aplicadas por infracções migratórias e os procedimentos relativos à denúncia e registo das participações das referidas de infracções. Foram também estabelecidas as regras de processamento e pagamento dos valores das comparticipações aos participantes, indirectos e directos (funcionários do Serviço de Migração e Estrangeiros e particulares denunciantes), que tenham estado envolvidos ou tenham contribuído para a aplicação das multas.

Lei nº 2/14 de 10 de Fevereiro de 2014 da Assembleia da República que referindo os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos vem Regular as Revista; Busca e Apreensões. Esta Lei vem publicada no Diário da República nº 27 Iª Série de 10/02/2014.

RESOLUÇÃO N º 4/14 DA ASSEMBLEIA NACIONALAprova, para adesão, o Memorando Entendimento para o Estabelecimento de Rede Integrada para Sub - Guarda Costeira Regional na África Ocidental e Central. Esta resolução foi publicada no Diário Oficial n º 12 - I Série, 17 de janeiro de 2014. Fonte: Diário Oficial da União

INFORMAÇÃO LEGAL E REGULAMENTAR

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CURSOS DE MARINHARIA

Há mais de 10 anos, o CNL tem uma pareceria com

a Capitania do Porto de Luanda para a formação de

recreio em três níveis, Marinheiro Amador (noções

primárias de navegação; estima e palamenta, limitação

de afastamento de até 5 milhas da costa), Patrão de

Costa (Navegação mais alargada e com uma limitação

de afastamento de costa maior feita em cartas e planos)

e Patrão de Alto Mar (Navegação Internacional). Até ao momento, o CNL faz em média, por ano, entre 4 e 5 cursos de Marinheiro Amador e dois de Patrão de Cos-ta. O curso de Patrão de Alto-mar, por ser um pouco mais abrangente e ser um nível de “Prestígio”, ainda só se realizaram dois.Em relação ao aproveitamento, o clube estima que haja 80 % de resultados positivos na categoria Marinheiro Amador, 70% para Patrão de Costa e para Patrão de Alto-mar 60%.

Para além disto, o CNL proporciona ainda o curso de Iniciação a Vela de Cruzeiro com conteúdo baseado em procedimentos e conceitos técnicos necessários para os amantes do desporto.No que toca ao equipamento, existem disponíveis os barcos de vela ligeira para aluguer, bem como barcos do curso de Iniciação a vela J22.Seguem-se extractos do Manual do Curso de Mari-nheiro Amador:

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CONCEITOS SOBRE AS ÂNCORAS E AMARRAS

- Âncora, peça de ferro usada para prender a embarcação ao fundo do mar.- Não deve ter menos de 1,5 kgs por metro de comprimento da embarcação.- Deve estar sempre em boas condições e disponível, pois pode ser usada numa situação de emergência.- Deve estar ligado a uma corrente que ajuda a manter a âncora na posição correcta (horizontal e imóvel), de modo a enterrar-se mais facilmente.

-Amarra, cabo ou corrente que une a âncora à embarcação.- O comprimento da amarra depende da dimensão da embarcação e das características do fundo (areia, Iodo, etc) e da profundidade onde se tenciona fundear.- Deve ter um cumprimento mínimo de 35m e nunca inferior ao comprimento da embarcação.

A âncor, ou ferro, do tipo Almirantado é formado por:

A- AneteB- CepoC- HasteD- BraçoE- CruzF- PataG- Unha

PARTES E TERMOS USADOS NUMA EMBARCAÇÃO

- Bombordo (BB)- Parte lateral esquerda da embarcação, ao olhar para a proa;- Estibordo (EB)- Parte lateral direita da embarcação, ao olhar para a proa;- Proa- Extremidade posterior do navio no sentido da marcha normal;- Popa- Extremidade anterior do navio no sentido da marcha normal, oposta à proa;- Vante- O lado para onde fica a proa;- Ré- O lado para onde fica a popa;- Amuras- Regiões curvas junto à proa em ambos os lados da embarcação compreendido entre a proa e o través. Pode ser de bombordo ou estibordo;Bordos- Lados da embarcação em relação ao plano longitudinal.

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TIPOS DE EXTINTORES

Extintor de espuma química

São um pouco antiquados e utilizam-se no combate a incêndios de classe B; utilizam-se invertendo o extintor o que provoca a reacção entre os seus dois elementos.

Extintor de pó químico

Constituído por um reservatório cilíndrico que contém o pó químico e uma garrafa colocada externa ou internamente que quando accionada aumenta a pressão fazendo sair o pó químico; utiliza-se para incêndios classes B e C.

Extintor de CO2

Pode utilizar-se em incêndios das classes B e C e alguns da classe D.

Extintor de Argon

Pode utilizar-se no combate a incêndios de qualquer classe.

BANDEIRAS ALFABÉTICAS E NUMÉRICAS

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NÓS E VOLTAS

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Para que se conheça um pouco da História da cidade de Luanda, esta revista trará a si algumas nótulas do Historiador angolano Alberto da Silva Ferreira, publicadas nos suplementos do dominical do diário “Província de Angola” entre os anos 1942 e 1946.Considerando que algumas nótulas são extensas, provavelmente teremos de inseri-las em mais que uma edição, de forma sequencial. Começamos com o que escreveu o ilustre historiador sobre:Doutor Alfredo Troni “ Há menos de quarenta anos (40), ainda o nome do Doutor Alfredo Troni era de todos, nesta cidade de Luanda e na província inteira, bem conhecido e muito estimado.Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, cidade em que nasceu, fez toda a sua carreira no ultramar. Foi secretário-geral da província de São Tomé, depois delegado do Ministério Público de Cabo Verde, juiz de Direito em Benguela e curador dos serviços em Luanda, tendo aqui adquirido larga notoriedade pelo brilhantismo da sua inteligência e cultura pelos seus sentimentos humanitários, combatendo a escravatura e defendendo os indígenas. Autor do regulamento da lei que declarou definitivamente extinto o Estado de Escravidão, foi eleito deputado por Angola, por estes títulos e pelos do seu amor e interesse pelas coisas angolanas.O Governo de então, contrário a sua política, anulou as eleições e transferiu-o para Lourenço Marques onde o nomeou juiz de Direito.O doutor Alfredo Troni, não se conformando com a violência, demitiu-se das funções públicas e abriu uma banca de advogados em Luanda. A partir desta altura, desenvolveu a mais larga acção em defesa da província, tendo sido presidente da Associação Comercial de Luanda e da Câmara Municipal por alguns anos. Foi o advogado de maior clientela e prestígio do seu tempo.Acometido de gravíssima doença, aqui faleceu no ano de 1904.O Doutor Alfredo Troni era filho de José Adolfo Troni, que

foi doutor e lente em Direito pela Universidade de Coimbra, e neto do italiano Luís Troni que, tendo servido nas fileiras de Napoleão Bonaparte, fora ferido em Espanha e aí ficara prisioneiro. Com a queda de Napoleão, deixou-se ficar em Espanha, onde constituiu família. Mais tarde, envolvendo-se num movimento revolucionário liberalista, Luís Troni teve que se refugiar em Portugal, domiciliando-se em Coimbra e naturalizando-se português, vários anos depois, quando já velho, no ano de 1852.Voltando ao doutor Alfredo Troni, cumpre lembrar que ele

residiu por muitos anos num prédio que é hoje propriedade do senhor Virgílio Monteiro e fica entre a Casa Americana e a sua residência, no alto de uma colina no largo Dom Afonso Henrique.Depois da sua morte, os herdeiros ofereceram à Câmara Municipal de Luanda a sua biblioteca de cerca de 4 000 volumes de obras selectas de Direito, História e Literatura o que constitui o fundo da Biblioteca Municipal. A Câmara, por sua vez, consagrou o seu nome numa das ruas da cidade.Muito ainda havia a dizer acerca da sua acção como presidente da Câmara Municipal e da Associação Comercial em cujos anais deveriam guardar-se os factos que tornaram

ilustre e querida a sua memória. Não cabe nos estreitos deste artigo ir além desta lembrança.Melhor preito à sua memória poderia e deveria prestar o município, adquirindo essa antiga moradia do doutor Alfreno Troni reconstruir e aí instalar a Biblioteca Municipal, transformando o terreno envolto num belo jardim botânico. O local presta-se a um lindo efeito, se com arte e inteligência tudo for disposto, pois reúne a circunstância de ser, há um tempo, central alcantilado, fresco e retirado do contacto directo com o trânsito das ruas, o que lhe dá ambiente próprio para o estudo”.Curiosa a forma como o historiador apresenta a sugestão do aproveitamento do espaço onde residiu o doutor Alfredo Troni. E a curiosidade ressalta que este espaço foi, já com a actual cidade de Luanda, também defendida por ambientalistas, arquitectos e diversas individualidades da sociedade luandense, na reserva de “local histórico”.

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS

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