o monte - em busca do altíssimo

106
8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 1/106

Upload: reginamio

Post on 30-May-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 1/106

Page 2: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 2/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 1

ColeçãoUM NOVO COMEÇO: Reencontrando o Criador

O MONTEEm busca do Altíssimo

Volume I

Reginâmio Bonifácio de Lima

Page 3: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 3/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 2

Volumes da Coleção

Page 4: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 4/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 3

O MONTE: Em busca do AltíssimoCopyright © LIMA, Reginâmio Bonifácio de. 2010.

Capa: Ilustração dos Montes de Sião e a Rosa de SaronIdéia Original e Editoração: LIMA, Reginâmio B.Revisão: Maria Iracilda G. C. Bonifácio

Regineison B. LimaSônia Queiroz

Volume I (O Monte) – ISBN 978-85-907581-6-7Volume II (Israel) – ISBN 978-85-907581-7-4Volume III (Jesus) – ISBN 978-85-907581-8-1Volume IV (O Sermão da Montanha) – ISBN 978-85-907581-9-8Volume V (Retorno à Santidade) – ISBN 978-85-910370-0-1

Ficha catalográfica preparada pela Biblioteca Central da UFAC

L732r

LIMA, Reginâmio Bonifácio de.

O Monte: em busca do Altíssimo/ Reginâmio Bonifácio deLima. – Rio Branco (AC): Boni, 2010.

Coleção Um Novo Começo: reencontrando o Criador. v. 1

ISBN 978-85-907581-6-7

1. Teologia Cristã. 2. Deus. 3. Civilizações.4. Religiosidade das Nações. I. Título

CDU 230.1

Fica explicitamente proibida qualquer forma de reprodução total ou parcideste livro, sem o expresso consentimento do autor.

Contate o autor (68) 9997-4974

Page 5: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 5/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 4

Ao Deus Todo-Poderoso pelas misericórdias,bênçãos outorgadas e permitir a conclusãodesta obra.A todos os meus familiares que tanto meauxiliaram.A três mulheres especiais: minha mãe, MariaBonifácio, pelo amor, carinho, afeto,compreensão e apoio dado no decorrer detoda uma vida; minha amiga, MissionáriaSônia Queiroz, pelo apoio intelectual,dedicação, comprometimento e abnegaçãonesses últimos anos; minha musainspiradora, Maria Iracilda, que me ensinou aviver de forma prática a teologia explicitadaem centenas de páginas, interpelando pormaior intimidade com o Criador. Muito

obrigado a todos.

Page 6: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 6/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 5

Depois, soltou uma pomba par ver se aságuas teriam já minguado da superfície daterra; (...) à tarde, ela voltou a ele; trazia nobico uma folha nova de oliveira; assimentendeu Noé que as águas tinham minguadode sobre a terra (...) então, Noé removeu acobertura da arca e olhou, e eis que o soloestava enxuto (Gênesis: 8.8,11 e 13b).

Page 7: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 7/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 6

SUMÁRIO

Apresentação 07

A Construção humana e o Deus Construtor 10

O Espaço Sagrado 41

De Todas as Tribos, Povos e Raças 49

O Criador Se Faz Manifesto 80

Referências 97

Page 8: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 8/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 7

AAAA presentação

vontade humana em busca do Criador e seu encontro com vontade atuante do Redentor se fez o centro dos estudos, tendcomo base a doutrina teológica cristã. Esse elo entre a vontade d

Deus e a vontade dos homens é a questão central na busca organizada informações que constituíram os elementos fundamentais da pesquisa.

Os homens buscaram localidades altas onde pudessem ficar maipróximos do céu, passaram a servir e se ajuntar em seus rituais nos locasacralizados que normalmente estavam nas montanhas, sejam santuáriotemplos, edificações para ofertório. Diversas civilizações propuseraformas aproximadas de busca do conhecer translocal para suas exposiçõde uma vida plena e abundante, onde se percebe o monte em busca de user maior, criador de todas as coisas. Esses seres religiosos utilizaram emuitas épocas, vários locais, diferentes grupos, de diversas maneiras pacontatarem o ser superior. Em especial os montes, montanhas e colin

foram propostos como locais de adoração e busca; tudo se fez muiconfuso desde a queda de Babel.O Deus criador que houvera punido Adão e Eva, expulsando-os d

Paraíso, fez um plano redentor, onde enviou seu único Filho “para que toaquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”, conforme esescrito no evangelho segundo o discípulo amado, capítulo 3, verso 16.

Ao falar da redenção humana, é necessário que se analise oprocesso perpassado para obtê-la, porque ela não é o fim, mas o fruto damor de Deus para com os homens. Durante as páginas que se segue

A

Page 9: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 9/106

Page 10: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 10/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 9

a marca do amor flui nos homens na esperança da plenitude dos tempoquando da consumação de todas as coisas, em que haverá o encontro comPai.

O compromisso com Cristo não apenas designa um novo estado existência, significa que a velha natureza foi despojada, o perdão tornauma circunstância no relacionamento humano e a fidelidade aplaca coescolha consciente.

Page 11: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 11/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 10

CAPÍTULO I

AAAA Construção humana e o Deus Construtor

eus havia poupado Noé e sua família. Finalmente as águas haviabaixado. Foram quarenta dias de chuva torrencial1. Tudo haviasido coberto, até os mais altos montes; os seres que habitavam

terra seca e tinham “fôlego de vida em suas narinas” (Gn:7.22 a) pereceramante a vontade divina. Apenas Noé, seus filhos, sua mulher, as mulheresseus filhos e os animais que com eles se encontravam sobreviveram.

O gênero humano se havia corrompido, a maldade se multiplicaraa iniqüidade se fazia presente. A decepção de Deus fora tal que, paentender de forma humana o que se passou com o Deus vivo, é necessárLhe atribuir sentimentos e propiciar uma conotação envolvente dprincípios emotivadores, a essa afirmativa dá-se o nome de Antropopati2.Dito isto, sabendo de Sua imutabilidade, “se arrependeu oSENHORde terfeito o homem na terra e isso lhe pesou o coração” (Gn: 6.6). Deus Se ir

1 Na Bíblia o número quarenta é utilizado convencionalmente para grandes períodosmarca o início de uma nova era: por Noé; por Moisés, Ex:24.18; Elias, 1 RS:19.8; CrisAt:1.3. Bíblia de Estudo de Genebra, p. 20.2 Onde se descreve Deus a partir da experiência humana de conhecimento e emoção.

D

Page 12: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 12/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 11

com o que vira, resolveu agir, destruindo a terra e tudo que se movia sobela.

Havia um homem da família de Lameque chamado Noé, qubuscava fazer a vontade de Deus, queria servir ao Deus de seus pais,mesmo que criara os Céus e a Terra, um homem que primava pela justiçtinha um senso de ética e moral muito forte, a integridade era uma de suvirtudes, honrava seus trabalhadores, fazia com que o culto que prestavaseuSENHORfosse pleno de mente e coração. Entre seus contemporâneos –corrompidos pela violência e maldade – demonstrava eqüidade, porquandava com Deus. Noé foi agraciado por Deus, que viu seu esforço e

servi-Lo. Deus poderia ter destruído todos os homens, mas resolveu pouplo, não porque merecesse, e sim porque assim o quis.Para que Noé e os seus fossem salvos juntamente com algun

animais, Deus mandou que fosse construída uma arca com cerca de 133metros de comprimento; 13, 35 metros de altura, e 22,25 metros dlargura3; feita e compartimentada com tábuas de cipreste, para poderem ssalvar da grande enchente que estava por vir. Caiu copiosa chuva, po

cento e cinqüenta dias as águas predominaram sobre a terra. Foram váridias de espera4, até a arca descer sobre um monte que fica a 5.165 metrode altura, nas terras da região de Urartu, cujo nome é Ararate.

A porta da arca se abriu e Noé adorou a seu Deus em terra seca, sufamília e animais saíram da arca. Em um altar que levantara, sacrificoanimais limpos como holocausto que subiu em cheiro suave. Gostou Dedo que Noé fizera e disse consigo mesmo não mais amaldiçoar a terra coo dilúvio. Assim, Deus abençoou a Noé e sua família, lhes deu domínsobre os animais e pôs no céu um arco, o Arco da Aliança, como sinal Pacto de preservação5, estabelecido para que Se lembre e não mais destrua

3 A medida dada em Gn: 6.15 é côvado, contudo por sua não utilização atualmenresolveu-se transportar sua equiparação para metros. Um côvado hebraico é medido cotovelo até a ponta do dedo médio e equivale a 44.5cm do padrão atual utilizadinternacionalmente.4 Se contarmos do período de entrada na arca ao período de saída. Noé e sua famílpassaram um ano e dez dias dentro da arca.5 Em Gn: 8.20-22 está contida a promessa de Deus em manter a terra preservando a vidA esse ato dá-se o nome de Pacto de Preservação.

Page 13: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 13/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 12

a terra com água. Ordenou Deus que se fecundassem, se multiplicassemenchessem a terra.

O dilúvio expresso na Bíblia nos capítulos 6,7 e 8 de Gênesis temcongêneres em outras civilizações. Em todas elas, a imagem de umreabsorção humana na água e a instauração de uma nova época, teprecedentes nas mais longínquas terras, evidenciando não uma grandenchente, mas algo realmente amplo e intenso a ponto de marcar memória despertando lendas e histórias sobre o assunto. Na maioria delao motivo do dilúvio é o pecado humano, não se tratando de uma visãpessimista, e sim, de uma regeneração pela misericórdia do Ser Superiem conceber que permaneçam vivos alguns seres para continuar perpetuação das espécies.

Ao examinar a história dos povos, descobre-se que babilôniosassírios, egípcios, hindus, gregos, chineses, indígenas americanos e muitoutros registram em suas tradições orais e em sua história escrita ocorrência do dilúvio. Em todas elas há um casal de sobreviventes ou umfamília que escapa da grande inundação, que em determinada época cobtoda a terra. Na época de Moisés, a história do dilúvio já era conhecidhavendo vários paralelos entre as nações quanto a sua existência proporção mundial.

A causa do dilúvio foi, sem dúvida, o pecado exacerbado edesafiador em seus mais diferentes aspectos: “Os filhos de Deus” casaram com “as filhas dos homens”, ou seja, os descendentes de Sete, linhagem piedosa que eram chamados pelo o nome do Senhor, contraíra

matrimônio com as filhas de Lameque e Caim. Sete era o substituto dAbel, o filho nascido após o homicídio executado por Caim, deveria sdescendência ser íntegra e ter o “temor do Senhor” em suas vidas, minteressou-se pela formosura das filhas dos homens, houve a miscigenaçdo povo de Deus com o povo do mundo; a maldade e a violência smultiplicaram e o desprezo às oportunidades de Deus.

Ao criar o homem, Deus o fez com o propósito definido de povoa

toda a terra. Isso foi dito a Adão e repetido a Noé e seus filhos (Gn:1.2Gn: 9.7). Os homens se multiplicaram rapidamente, mas não queriaseparar-se para povoar a terra, mesmo após Noé ter predito o futuro de se

Page 14: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 14/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 13

filhos e apontado Sem como a semente escolhida para abençoar o mundUm número considerável de pessoas deixou o monte Ararate e se instalnas planícies de Sinear, entre os rios Tigre e Eufrates.

Depois do dilúvio, os descendentes de Noé liderados por Ninrode se rebelaram contra Deus. Tinham o propósito de organizar uma “liga nações” contra o Altíssimo e, como manifestação disso, erigiram a torre Babel. É certo que não queriam cumprir a ordem de Deus, porqudisseram: “Vinde, edifiquemos para nós uma cidade, e uma torre cujo tochegue aos céus, e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamespalhados por toda a terra” (Gn:11.4).

Essa audaciosa rebelião tentou furtar de Deus o poder de exerceSua vontade soberana acerca de tudo, inclusive homens. Quanto localização exata da torre na terra de Sinear, não se tem em consenso quseja. Contudo, de acordo com Vassão, o arqueólogo Smith (VASSÃO1995, p.28) encontrou uma placa, nas ruínas da antiga cidade de Babilônque dizia: “A construção desta torre ilustre ofendeu aos deuses. Numnoite eles derrubaram o que se havia construído. Dispersaram-nos

tornaram desconhecida a língua deles”. Ele afirma ter encontrado nesspalavras uma referência clara a Babel bíblica. Independente de sulocalização, o rebelar-se contra Deus enseja diferentes aspectos desatitude.

A autoconfiança em contraposição a um subestimar Deus. Quandse afirma “edifiquemos nós...” não significa que o homem seja incapaz agir sem Deus, mas a forma de se afirmar a desobediência enfrentandoDeus ao propor uma ação coletiva humana em coluio para não cumprirordem dada. Os construtores de Babel não pensaram em um agir pareaproximar-se de Deus, antes, a conotação religiosa e idólatra quaplicaram no ensejo de sua obra da cidade e torre “cujo cume toque nCéus”, foi a forma de se querer estar junto a Deus, ou ligar-se a ele pedesobediente profanação de Suas ordens. Aqui há a figuração de upretenso termo aplicado nas torres de Zigurate6, que afirma uma Bâb-Ilãni,

6 Em Uruk, na Mesopotâmia, foram encontrados vestígios de um templo que tenha made dois mil metros quadrados (exatamente 80 metros por 33 metros). Perto dele fedificado um monte artificial ( Ziggurat ) com 11 metros de altura, construído com tijolos e

Page 15: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 15/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 14

terra de Babel, que imaginava-se o centro do mundo, onde a terra podertocar o céu.

O propósito egoístico e vaidoso de fazer um nome para si, na terrde Sinear, mostra o egocentrismo humano de se envaidecer buscandglória favorável, orgulho de uma independência para própria exaltaçnuma centralização obstinada: “e façamo-nos um nome, para que nãsejamos espalhados sobre toda a terra”, mostra a hostilidade para com propósitos divinos.

A Bíblia afirma que desde o tempo de Adão e Eva, “...era toda

terra duma mesma língua e duma mesma fala” (Gn: 11.1). O orgulhhumano os fez desobedientes à ordem de Deus para que povoassem a terentão Deus causou a confusão na linguagem. Moisés, o escritor do livro Gênesis, registrou o juízo divino para com os homens e com a torre.

Muitos estudiosos acreditam ser a torre de Babel apenas uma lenda mitificação de concepções oralmente repassadas de pai para filho, criapara explicar as diferentes línguas existentes. Na contramão desse tipo pensamento, filólogos como Alfredo Trombetti, Max Mueller e Oppeacreditam que todas as línguas têm origem comum, podem ser rastreadaté uma língua original. O próprio Otto Jespersen afirma o primeiro idiomter sido dado ao homem por Deus (FREE, 1969). De acordo com GraJeffrey, em escavações recentes foram descobertas algumas inscriçõcuneiformes nas ruínas de Babilônia. Estas foram escritas pelo RNabucodonosor quando, após construir a Cidade de Babilônia, resolvreconstruir a primeira plataforma da Torre de Babel, em homenagem a

deuses caudeus.No mesmo lugar em que Ninrodehavia iniciado a construção de

Babel, dezenas de séculos antes, Nabucodonosor, após construir a base torre e revesti-la com ouro, prata, cedro e madeira de lei, embelezou o to

enfeitado com pedaços de cerâmica; através de uma escada chega-se ao pequeno tempno alto; paredes de tijolos brancos e madeira importada, altares nas extremidades e outrdetalhes mostram o requinte e a técnica da construção. Os próprios dirigentes dos tempfaziam, às vezes, de arquitetos, engenheiros e mestres-de-obras em nome dos deuses qrepresentavam na terra.

Page 16: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 16/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 15

com uma superfície dura, produzida a partir de tijolos de argila cozidos. rei, referindo-se à torre, chamou-a de Barzippa, que quer dizer “torre dalíngua”, para descrever, na própria língua caldéia, a confirmação d

acontecimentos ocorridos num passado remoto.O pesquisador contemporâneo, professor Oppert foi enviado pel

governo francês para estudar as incrições e as traduziu, percebendo semelhança da Barzippa,de Nabucodonosor, com a Borsippa, palavra deorigem grega que usa o mesmo significado, de “torre da língua”, padescrever as ruínas da torre de Babel. Em Nabucodonosor pode-se perceba identificação com a torre original de Borsippa. Essa é A Inscrição de

Nabucodonosor Encontrada na Torre de Babel.

“A torre, a casa eterna, que fundei e construí.Completei sua magnificência com prata, ouro, outros metais preciosos,

pedras, tijolos esmaltados e madeira de lei.A primeira que é a casa da base da terra,o mais antigo monumento da Babilônia, eu a construí e a terminei.Exaltei sobremaneira seu topo com tijolos recobertos de cobre.Chamamos a outra, isto é, esta construção, a casa das sete luzes da terra,o mais antigo monumento de Borsippa.Um rei anterior a construiu (calculam que em 42 anos)mas nãoterminou seu topo.Desde uma época remota, as pessoas a abandonaram, porque se

expressavam com palavras desordenadas.Desde esse tempo, o terremoto e o trovão desmancharam o barro cozidoao sol.Os tijolos da cobertura se fenderam, e a terra do interior espalhou-se emmontões.Merodaque, o grande deus, despertou-me o desejo de reparar essaedificação.Não mudei a localização nem tirei os alicerces.Num mês afortunado, em dia auspicioso, empreendi a construção de

pórticos ao redor dos montes de tijolos crus e da cobertura comtijolos cozidos ao fogo.

Adaptei as rampas, coloquei a inscrição do meu nome no pórtico.Estendi minha mão para terminá-lo. E para exaltar sua fachada.Assim como deve ter sido nos dias de outrora, eu exaltei seu cume”(NABUCODONOSORappud JEFFREY, 1998, p. 42. Grifo nosso).

Page 17: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 17/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 16

Outros tradutores e filólogos como Williams Loftus traduziram inscrição acima. Muito se pode absorver do texto citado, preciosidadchamam a atenção, como: “um rei a construiu, mas não terminou setopo”; confirmando os escritos de Gênesis em que Deus atuointerrompendo o trabalho dos construtores originais. Mais aindaNabucodonosor afirma que os construtores não terminaram a torre dBabel pelo fato de “desde uma época remota, as pessoas a abandonaraao expressar suas palavras sem ordem”. Eles não mais conseguiam tcontrole sobre sua comunicação e linguagem, conforme é expresso nLivro dos Começos. Como em Gênesis, capítulo onze, versos de dois

oito, Deus cumpriu Seu propósito de povoar a terra, espalhando ohomens; nos escritos cuneiformes das ruínas de Babilônia pode-se vercomprovação histórica dos fatos.

Não é errado buscar proteção, erigir cidades ou construir torres, mal está na finalidade a que se propõem tais atos. Em Babel, a rebeldmostrou-se atuante, não pecaram aqueles homens por fazer um abrigo, mpor querer ser igual a Deus, subestimando o Seu poder, pondo a vaidade

o egoísmo numa afronta à ordem direta por Ele dada. Deus não aceitou blasfêmia e resolveu dar cabo a seu plano. Em certo dia confundiu línguas; com a desordem, muitos não se entendiam, cessando a construçda torre predecessora dos babilônios. As várias famílias espalharam-se peterra, destarte, cumprindo o infalível plano de Deus. Quanto à dispersHenry Halley (1994), de acordo com o que está escrito em Gênesicapitulo 10, afirma que os descendentes de Cam rumaram para o supovoando a África e a Arábia; os jafelitas rumaram para o norte, fixando-em volta dos mares Negro e Cáspio, assim como foram os progenitores draças caucásicas da Europa e da Ásia; e os semitas fixaram-se na regiãcentral, ao norte do Eufrates e às suas margens, dentre eles destacando-os judeus, sírios, assírios e elamitas.

Deus fez os seres humanos limitados, finitos, deu-lhes seis dias patrabalhar e o sétimo para descansar. O homem é formado de corpmaterial, com nervos e músculos que, se usados indevidamente ou d

forma exagerada, vão causar dor física. Portanto, o sofrimento não é, comquerem alguns teólogos, fruto apenas do pecado humano, mas também

Page 18: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 18/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 17

própria característica humana de finitude e limitações. Em Sua eternsabedoria, Deus assim fez o homem, para que na dor seja capaz dperceber que certos limites foram ultrapassados e que, por isso

conseqüências podem advir de luxações e contusões corpóreas. Ora, o fade ter o homem que estar atento a seus limites e a sua finitude, nada temver com punição; expressa a bondade do Criador que, sendo infinitatravés do dispositivo da dor, adverte o homem de suas necessidades repouso.

Portanto, pode-se dizer que se as leis naturais não foremobservadas, existe a possibilidade de dor e sofrimento. As limitações d

homem são vistas já no período pré-queda, com o “estar sozinho” de Adãa formação da mulher para ser um só com o homem, o desejo de ser iguaalguém infinito “conhecedor do bem e do mal”. No período pós-queda sinúmeras as limitações percebidas no decorrer da vivência humana. sofrimento é produto das limitações humanas, o que vai diferi-lo dperíodo pré-queda é o pecado. O pecado traz não a dor, mas conseqüência da justiça divina sobre o pecador.

Quando Deus pronunciou maldição no paraíso, que iria “multiplicas dores da gravidez de Eva” (Gn: 3.16), implica algumas afirmações: qa dor já existia antes da queda, que a dor do parto era algo natural causapelo afastamento dos ossos próximos à vagina, reponsáveis por expulsarbebê que estava no útero, não tendo nada que ver com o pecado; que a dnão é punição divina, sendo ela fruto das limitações humanas. C.Lewis (LEWISapud CAMPOS, 2001, p. 530) escreveu: “tente excluir apossibilidade de sofrimento que a ordem da natureza e da existência dvontades livres envolvem, e você verificará que você excluiu a vida emmesma”. Sofrimento e dor não são necessariamente fruto do pecado, pisso, não devem ser identificados como tal. A dor não é uma exclusividahumana ou dos seres criados. O próprio Deus sofre e tem dor, sendo ESanto, Seu Espírito Se entristece (Is: 63.10;Ef: 4.30); mesmo Jesus nãtendo pecados foi descrito por Isaías como “um varão de dores” (Is: 53.34), sofrendo angústias e dores as mais variadas. Por esse caráter de tsofrimentos, Deus é capaz de entender os que sofrem e, em Sumisericórdia, ter compaixão. Em tantas passagens, de Jó à cidade dNínive, da escolha de Israel à realização de Seu plano, na brilhante estre

Page 19: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 19/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 18

de Belém, provas da existência de um Deus compassivo são manifestas ptoda a jornada, até que Ele retorne e Se faça em comunhão com o homenovamente.

Após a queda, o sofrimento já existente foi acrescido pelodistanciamento entre o “Justo Criador” e a “desobediente criatura”, conseqüências descritas em Gênesis três dão idéia de um sofrimento pamaridos, esposas, filhos, animais, toda a criação. Assim ocorreu no Édenhomem ficou com medo; em Babel, a síndrome do isolamento parecia alterrivelmente arrasador, porque o homem havia falhado. A vastidão dterra, a auto-estima enfraquecida, seria mais fácil e atrativo encontralguém superior, mas não supremo. O homem envolto em culpa e pecadsente medo de Deus e Sua possível resposta para outras transgressões, pisso, planeja encontrar algo que lhe diminua o pesar. Pondo-se essepontos, tem-se a idéia de um Deus iracundo, soberbo e prepotente, mas né assim que Ele Se apresenta na criação; o capítulo um de Gênesis afirm“Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”, e após a queda dhomem, o amor de Deus é latente ao oferecer um novo pacto, mesmo co

o não cumprimento humano do primeiro, o Pacto das Obras, no verso do capítulo 3 de Gênesis está conclamada a vinda de um que possa venca ardilosidade da serpente.

A culpa e o pecado adentraram o coração humano, comoconseqüência, perdeu-se a intimidade com Deus. O pecado adentrou coração humano. Assim, projetou-se no interior do homem umdivinização do palpável e sacralização do plausível, tornando necessáruma construção imaginária da complacência divina com os seres rebeladoformando-se seres mitificados7, numa tentativa de diminuir o remorso. Asolidão implícita no coração humano, deferida pela necessidade religiode um ser superior, concomitada ao sentimento de culpa, remete ao íntim

7 O termo deriva de “Mito” que vem do grego,mythos, e tem por significado "contar","narrar uma ficção". Sobre o mito é possível dizer que é uma história relacionada comtradições cosmológicas e sobrenaturais de um povo, com seus deuses, sua cultura, seheróis, suas crenças religiosas, etc, contada como se fosse verdadeira. O pensamenreligioso dos povos primitivos se expressa quase exclusivamente através de mitos. O mé a popularização de uma ficção, introduzida a partir de fatos reais, mas que torna-grandemente modificada em sua essência, e contada como se fosse histórica e real.

Page 20: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 20/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 19

da alma a chamada “culpa teológica”8, disposta como ato e, portanto,envolto em implicações.

A esse sentimento de culpa, assim como a muitos outros, trata-se daceitá-lo e dispor-se a assumir as conseqüências ou a simplificação, nnecessariamente solução de ignorar deliberadamente. É perfeitamenpossível errar e não sentir culpa, todavia, as implicações continuamindependente do autor aceitar, repudiar ou ignorá-las. O domínio dconsciente pode ser trabalhado por alguns homens, mas o cerne dsubconsciente é surpreendentemente espontâneo, involuntário, nãnecessita de estímulos externos para ser gerido, independe da voliçã

humana. A subjetivação da culpa, assume um papel que freqüentemensurge ao se fazer sentir ou pensar que algo está errado. Para Narramo(1981), os complexos de culpa podem ser fortes ou fracos, adequados inadequados, subdividindo-se em três categorias: medo do castigo, perde auto-estima e um sentimento de solidão, rejeição ou isolamento.

O Deus Supremo continuou presente, mas o homem, envolto emculpa, não se apercebeu e sentiu-se só. A solidão é algo que atinge a tod

os seres humanos em um período ou outro da vida. Algumas pessoas satingidas por ela durante toda a vida. Ela traz consigo mais que umsensação de desconforto, envolve-se na estima, destacando sentimentque culminam na insatisfação, seja em construir relacionamentos omanter as ligações produzidas no transcorrer das atividades. Esse problemcomum, normalmente descrito como “uma das fontes mais universais sofrimento humano” (HENRI, 1975, p. 15), não escolhe raça, cor, religiãclasse ou idade; ao tomar consciência da falta de um contato significativcom outros, o ser humano torna-se solitário. Não se trata de isolamentsolidão e isolamento são diferentes, este se dá pela escolha voluntária afastar-se de outras pessoas, trazendo a sensação de prazer, refrigériagradabilidade; enquanto aquela traz a idéia de um envolvimentinvoluntário a exaurir as forças, por um penoso dissabor. Pode-se romper

8 Embora não seja aceita pela maioria dos Psiquiatras e Psicólogos, por sua aceitaçãimplicar a admissão de que existem padrões absolutos e por sua existência a de alguéque os estabeleça, sendo, portanto, esse ser superior chamado de Deus.

Page 21: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 21/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 20

isolamento a qualquer tempo e retomar o curso que se lhe convieenquanto a solidão aglutina-se na sensibilidade ainda que se a tente repel

O sentimento de abandono, desespero e necessidade intensa de umtipo de relacionamento, algo a que se possa apegar expropria o homelasso, e então, ele se sente sem valor, culpado, indigno de um retorno atividades antes executadas. Ellison Craig (1973), sugere a existência três tipos de solidão: social, emocional e existencial. Segundo ele a solidsocial se dá em um sentimento de ansiedade e vazio, na sensação de umvida sem propósito. O indivíduo sente-se à margem da vida, nada lheinternalizado como propósito fixo a alcançar, não tem forças parsociabilizar-se; a solidão emocional está intimamente ligada à perda oausência de uma relação psicossomática com uma pessoa ou um gruposolidão existencial se faz posta pela percepção que se tem sensivelmente isolamento em relação ao Criador, despertada pelo vazio de uma vida sesignificado ou propósito. A despeito desse último item será discorrido maà frente. Embora não haja muitos textos específicos a respeito do assuntoprópria Bíblia tem em si relatos que versam sobre o mesmo. O própr

Autor da Vida afirma “não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei umauxiliadora que lhe seja idônea” (Gn: 2.18). A solidão pode ter váricausas: o desenvolvimento, sem dúvida, é um marco contribuinte paramesma. O mundo conturbado deixou os humanos carentes de ligação coseus semelhantes, mais distantes uns dos outros, trabalhos, plantaçõepastoreio, a aquisição de habilidades por diferentes tipos de pessoas, aceitação de si por outros, a dificuldade em confiar nas pessoas levam crianças a desenvolverem uma incapacidade de relacionamentos íntimos.baixa auto-estima e a sensação de rejeição são a base de grande parte solidão.

As situações em que se encontram os indivíduos também podemconstruir neles o sentimento de solidão devido às condições especiais eque se encontram. A riqueza, viuvez, genialidade, solteirice, deformidacorpórea, causam uma retração comportamental pela forma que o“normais” os tratam, num afastamento voluntário. O resultado des

condição de distanciamento físico pode ser uma solidão egoística; o fatpsicológico está intimamente ligado à internalização de preceitos qu

Page 22: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 22/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 21

tornam o indivíduo solitário, muitos têm a atitude derrotista, baixa autestima a ponto de uma retração ou de armarem-se com uma atitude hostsentem medo e raramente são capazes de uma comunicação fluente. O

homens, mesmo vivendo em sociedade, isolam-se em suas comunidadeconhecem o outro que se faz presente, mas são ligados a suas própriprioridades. A mudança de locais, o desenvolver-se numa lógica grupcom novas formas de se manter e o aprimoramento das técnicas, indiferença ao mundo os torna reclusos em si mesmos, involuntariamensolitários.

Além de todas as causas postas, as causas espirituais assolam

coração humano desde os primórdios. Quando de sua decisão no paraísAdão e Eva poderiam escolher confiar em Deus e viver por Sua graça duvidar dEle e quebrar o elo de confiança que os unia. O fato de uminquietação, um desobedecer voluntário, enche o coração de insegurançafaz um atribuir ao outro a culpa pelas conseqüências advindas do ato repúdio. O homem culpa a Deus pelo que fez, procura viver como se Enão existisse e sente em seu coração o vazio da perda, a falta de alguémaior que o proteja. Foi assim no Éden, foi assim com os que não entrarana arca com Noé, com os construtores de Babel e repetiu-se em espiraldesobediência humana. Ainda assim, as misericórdias de Deupermaneceram sobre a terra (Lm: 3.22).

A solidão ocasionada pelo desobedecer e fuga da presença dcriador levou ao coração humano uma forte pressão, medo de estasozinho, receio de animosidades. O homem necessita de arrependimentvontade própria de querer voltar a ter relacionamento com o Criadomanter uma posição favorável a Deus. Só que não foi isso que ocorreuprepotência humana o impediu de querer voltar ao início. É óbvio e salutque uma busca coletiva ou individual não necessariamente implica absolvição incondicional e volta ao jardim do Éden. Seria agarrar-se ao Nihilismo Ético9, pondo Deus como igual ao homem e o pecado de Adãocomo um simples mal entendido.

9 Doutrina filosófica que nega a existência do absoluto, afirma que não existem valorgenuínos; a moralidade e os valores seriam artificiais, servindo a pessoas e a classes, mnada tendo a ver com a verdade.

Page 23: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 23/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 22

Por que voltar a Deus ou para que arrependimento – são perguntamuito usuais. Ele prometeu enviar O nascido de mulher para pisar a cabeda serpente. Pode-se dizer que, a partir daí, a salvação se daria pela gradivina. Deus cria uma forma de o homem voltar à Sua presença, seprecisar abrir mão de Sua justiça e soberania. Adão e Eva pecaram por nconfiar, Deus permitiu-lhes a livre escolha e a decisão foi tomada por eleIsso implicou a queda deles e de sua descendência. Ao arrepender-se,homem não se livra da culpa, as conseqüências continuariam a advir e enão voltaria ao Éden, mas, pela confiança de que o Criador pode cuidar, edecisão de estar a seu lado faz do homem alguém melhor para si, para s

próximo e para a humanidade. Não se trata de uma prova, barganha otroca, mas pessoas que estão morrendo buscam a um ser vivificador.A precisão de sentir-se seguro e a não aceitação de uma solidã

total e completa fez o homem se aproximar de seus pares e juntocontemplaram a criação. Com o passar do tempo, por não entender Criador; Sua voz quase muda aos ouvidos humanos soava distante dcorações dilacerados pelo pecado, os fez querer aproximar-se, numa âns

quase infantil de estar no seio de alguém que se importasse, mas nãapenas isso, que se fizesse corporeamente presente, num limiar de toqliberador de tensões e inteligência emocional, assim nasceram os deuseseres dicotômicos transcendentes, verborrágicos, mas que estavam npensamentos do homem como lembranças vivas, cerne, condescendentrins, amantes do homo aviltado, soavam suas vozes como o barulho muitas águas em arrulho selvático, sopros de refrigério em ventos ciciosode brisa a vendavais, tão suaves quanto o entardecer, fortes como chutorrencial e voluptuosos como o sol de um dia perfeito. Não se constituíasenhores de nada, não traziam presentes em seu alforje ou traços, tãsomente refletiam de forma turva a imagem do carisma que se-lhes eoutorgado. Um sentimento de confiança, credibilidade e presençincondicional. Palpável em corpos insólitos e olhos atentos. Os braços qnão abraçam tinham em seus símbolos a formação de partes mensurávecontinuadas e que poderiam estender-se tanto para a bênção de umcolheita e prosperidade quanto para o castigo de um não reconhecimende sua figura. A construção escolhida para suprir um sentimento dcarência imposto pela religiosidade humana. Quanto a isso, Alexander

Page 24: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 24/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 23

(1986, p. 5) escreveu, conceituando religião: “No sentido maifundamental, a religião de uma pessoa é a apreensão que ela tem dsignificado do universo, aquela filosofia de vida, aquele conjunto d

valores que comandam seu íntimo ser, orientando-a nos alvos a alcançar vida, dirigindo suas atitudes, suas ações”.A criatura mitificada passa a ser objeto de adoração e não seu hom

criador, o elementar se torna latente pelo fato de o ente sacralizado sincapaz de transpor os domínios do intelecto de quem o criou. Daí mitificação ao colocar como senhor alguém que serve, não como prestadde serviço, mas sim como aproveitável para fins rituais e objetos de cul

O ser ontológico passa por um processo de sacralização, outrora relegaao “Deus desconhecido” e se torna palpável, num processo de aculturaçãrodeado de simbolismos inteligíveis por alguns, inimagináveis por outros

Destarte, seria utopia querer que vários povos, cercados podiferentes situações, em períodos difusos, sem contato direto, trabalhassea concepção de um todo, por suas partes de forma homogênea. A figura um lugar aprazível, reconfortante, onde os homens pudessem usufruir s

humanidade se faz presente no pensamento antigo, desde os escritofenício-sumérios aos latino-helênicos.O que se percebe não é uma disposição por provar a existência d

uma divindade, nem mesmo a apropriação de conceitos propostoteleologicamente. O culto, a família, a divindade são assuntos qunormalmente convergem para o que se chama “aculturação primitiva”. Né o ato em si que demonstra as peculiaridades em heterógenas populaçõee sim a motivação que as rodeia. Em linhas gerais e a grosso modo pode-dizer que não é o homem que cria o mito, nem o mito que cria o homemas a abrangência das relações sócio-culturais insere direta oindiretamente subsídios para que o processo de construção concretizanabstraia de suas formas a essência de fundamentos psicossomáticos numreconstrução memorial coletiva para tornar-se interação popular.

É um grave erro considerar a mitologia um acervo de lendas, ovalidá-la para estudo apenas quando, em uma pretensa cientificidade,formulada pelo critério da comparação. Há obras e teorias especializadpara tratar das diversas civilizações e quanto a suas origens, existe

Page 25: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 25/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 24

trabalhos de estudiosos cultos, não havendo necessidade de se aprofundno assunto para não fugir do objetivo de contar o encontro da buschumana com a providência divina.

Nas vastas histórias dos povos fulguram memórias que sereproduzem como lembranças dos fatos, memória da memória, lembranda memória aludida, contos orais de gerações viventes em tempos, modoaté locais diferentes. Situações que preconizam mitos. A mitologia nãosomente um fantástico tecido de lendas por vezes atemporais, ao menraras as vezes que se consegue identificar suas origens, é desnecessária“obsessão pela simbologia”, ainda que no contemporâneo pensador francDarnton, qualquer teórico tente nela buscar explicações de inícios significâncias. As origens das lendas e mitos afunilam-se para origencomuns, ainda que a distância física seja considerável, precisa-se ter emente os êxodos e migrações. De onde, por que e em que contexto homens se interessaram por determinados mitos e lendas estão contidos nreferências descritas ao fim do trabalho.

A vida social, sem dúvida alguma, inicia-se no seio familiar, essa a primeira e, por que não dizer, a base das relações sociais. A unidadfamiliar básica, composta por indivíduos acasalados, com filhos nãoadultos, tem em si o ponto de partida para um agregado de famílias indivíduos adultos avulsos, o que constitui, a médio e longo prazounidades sociais funcionais que perdem, ganham ou modificamcaracterísticas coletivamente dimensionadas para sistemas sociais em sinício organizacional do coletivo.

É complexo definir esses grupos, ou, ainda, pô-los como paraleloou seqüenciais por teorias ontológicas centrantes na progressão do socitanto quanto inseri-los numa evolução das espécies com lacunas tantvezes preenchidas por nihilismos pragmáticos. Não há acordo geral quanao termo que se deve empregar para designar os grupos que possuemembros bem constantes, socialmente integrados. Comumente têm simencionados comoaldeias, hordas e bandos. O termoaldeiadá a entenderuma vida sedentária de um nomadismo até certo ponto superado, eassentamentos de habitações mais bem construídas para moradapermanentes. Horda traz em si as sugestões tantas vezes explícitas que

Page 26: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 26/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 25

alguns “sociólogos evolucionistas” propuseram tendo por ponto de partia promiscuidade de grupos desorganizados vivendo como uma massa selvagens. O termobandoé o que tem em aplicabilidade o menor número

de conotações, por isso será usado para designar esses grupos sociais dperíodo “pré-civilizatório”.A vida em bandos traz inúmeras vantagens: a locomoção no espaç

físico onde se está inserido torna-se menos penosa quando da busccoletiva e divisão dos provimentos para consumo; a defesa contreventuais ameaças; o movimentar-se mais rapidamente para a busca dalimentos sem a presença das mulheres, crianças e idosos, que ficavam e

abrigos trabalhados em maior ou menor proporção, de acordo com necessidade da estadia. Muitos homens saíam para caçar enquanto crianças, mulheres e idosos ficavam nos abrigos que inicialmente eraimprovisados, passando, mais tarde, a ter um caráter de assentamento codurabilidade centrada na constância e tempo que se permanecia naquellocais. A quantidade de víveres disponível é influenciada tanto pela formcomo se dá a coleta como pelos recursos que o território disponibilizNovas técnicas, nível de facilidade para encontro dos alimentos, o próprterritório em que se está inserido, assim como os perigos e hostilidadefizeram os grupos deslocarem-se para localidades distintas, com a quande seus membros sendo maior ou menor. A introdução de novatecnologias, o domínio sobre certos grupos animais, o plantio e o reclamdo território a modo de, se preciso for, até defendê-lo contra invasorlevam os homens a se distanciarem mais ainda uns dos outros. Com aumento da qualidade de vida e do amplo povoamento, ocasiona-se um

densidade demográfica, um grupo expressivo de pessoas que, beneficiadpela influência das condições climáticas, começa a expandir-se em busde novas possibilidades. Alguns tornaram-se agricultores, outros criadorde gado bovino, ovino, caprino, e outros se tornaram criadores de cavalo.

Esses seres têm como pauta no íntimo de sua vida social coletivaalém da dependência físico-cultural do grupo em que está inseridparecem estar pré-disposto a dois fatores psicológicos produtores de ssubdivisão grupal: a necessidade de sentir-se seguro por pertencer a ugrupo grande o suficiente para se relacionar e contactar com outromembros e ao mesmo tempo pequeno o suficiente para estabelecer relaçõ

Page 27: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 27/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 26

pessoais com a maioria de seus membros. Portanto, pode-se dizer que, ugrupo, ao tornar-se grande segrega-se em pequenos grupos. Isso faz coque a necessidade de pertencer a um grupo abrangente e ao mesmo temestrito proposto pela psikëhumana seja suprida. É claro que existem seresque preferem estar isolados de tudo e de todos, mas essa é uma pequeminoria.

Com o constante crescimento dos grupos e suas conseqüentesubdivisões, os laços com os predecessores se estreitaram pelconsangüinidade e se alargam pela sociabilidade. Assim, dos distintogrupos nascem diversas culturas e formas de viver que são facilmenobserváveis quando da comparação de grupos de uma mesma tribnotoriamente diferem uns dos outros, mais ainda na proposição entre tribde uma mesmagen, assim há a ruptura. O que vai diferir uma tribo de umagregado de bandos é o sentimento de unidade que existe em seumembros. Há, na tribo, um território comum, uma língua, uma identidadnão ainda com organizações formais, nem cerimônias ou assembléitribais em dados períodos pré-estabelecidos. A organização formal d

tribos varia e, de acordo com as diferenças ou ajuntamentos tribais.Os grupos que aprenderam as técnicas da criação de animais tinhaem comum o nomadismo, não tendo como os agricultores uma fixaçãpermanente num território onde se pudesse explorar os víveres, pouco assemelhavam aos grupos que se fixaram às margens das águas das quaretiram a pesca que os sustentavam, juntamente com os frutos coletadoOs criadores de animais, em suas peregrinações em busca de melhorpastagens, mais se assemelham aos caçadores que, ao ter uma áreescasseada de suprimentos alimentícios, precisam migrar para outrlocalidades.

Ao se reportar ao fato da existência de agricultores e pastoresexistem várias correntes divergentes entre si e concomitantes no ideal expor a presença dos mesmos. Deve-se em meio a tantas corroboraçõesincursões, ter em vista que esses seres conhecedores do plantio e dpastoreio, seja pela teoria bíblica de um Caim agricultor e um Abel past

Page 28: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 28/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 27

ou pelo princípio das evoluções iniciadas noPleistoceno10 , com projeçõesPaleolítica, Mesolítica e Neolítica formaram as bases da sociedade humaao se juntarem em vilas, cultivando grãos, criando gado, desenvolvendo

cerâmica, tendo a concepção de um sedentarismo arraigado pelformulação de casas permanentes, numa vida coletiva de inicianteprodutores de utensílios.

Nesse período existiam duas espécies diferentes de pastores: os qucuidavam dos animais e os que cuidavam dos humanos. Os hebreus, referir-se a pastores, utilizavam o vocábulo e a forma participialro‘er ,tendo os gregos chamado-os de poimën.Mesmo Homero, um dos grandes

escritores gregos, refere-se aos reis e governadores como sendo pastores11

.Os pastores tinham a árdua missão de cuidar do rebanho, levá-lo papastar, precisando, por vezes, deslocar-se em longas jornadas em busca ervas e água em meio a uma terra nem sempre favorável à pastagemNormalmente moravam em tendas e levavam consigo um saco copertences para satisfazer suas necessidades pessoais essenciais. Eshonrada profissão foi também atribuída a Deus como sendo oPastor de Israel12 e a Jesus, Seu Filho (Jo: 10).

Assim, os agricultores e criadores dão inicio à mitificação de serebaseando-se nas histórias da vida cotidiana para atrelá-los a si. Indícipaleológicos sugerem a existência da agricultura por volta de 7500 a. C., Palestina, no vale do Jordão, não apenas ao longo do próprio rio, mtambém ao lado dos ribeiros que desembocam nele. Alguns escritorafirmam ter a agricultura, precedente da pecuária, se estabelecido na regide Jericó, na Cisjordânia, hoje sob tutela de Israel. A agricultura consisnão somente no cultivo de plantas, mas também na coleta de frutos sementes. No vale do Jordão, além de cultivo de cereais, vários legumcomo lentilhas, ervilhas e feijões formavam a agricultura secundária. Acolinas mais baixas permitiam o plantio de videiras, oliveiras, leguminose árvores frutíferas, o que as acresceu como utilização cereal para homee animais.

10 Pretenso período de grandes glaciações de 600.000 a.C. a 11.000 a.C.11 Ilíada, I, 263, II, 243, etc.12 Gn: 49.24; Sl: 23.1; 80.1.

Page 29: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 29/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 28

A Crescente Fértil tem, de forma heterogênea, o desenvolvimentde seus povos. As principais culturas de cereais eram o trigo e a cevadsendo o primeiro mais valioso, contudo, a cevada poderia ser plantada esolos mais pobres tendo a vantagem de estar pronta para colheita em uperíodo mais curto de tempo. O maior inimigo do lavrador era a seca, qualquer dos períodos de chuva falhasse, a agricultura de certos cereapoderia estar comprometida. As encostas das montanhas eram utilizadpara plantio, reservas florestais e pomares, bem como a construção deiras, perto das vilas que se encontravam nessas encostas. A Bíblia sugerequatro expressões usualmente traduzidas como agricultores:‘ikkãr ,

traduzido como o homem que trabalha com arado; yõghëbh,como ohomem que trabalha com pá, furando ou escavando;‘ïsh ’ªdhâmâ,referente há um fazendeiro agricultor; egeõrgos, é o agricultor fazendeirodo Novo Testamento, aquele que trabalha a terra.

Os homens foram criando animais, plantando e, aos poucossubindo os montes, fazendo lá sua morada e, conseqüentementestabelecendo seu modo de vida em sociedade. Quanto a essa questã

Braidwood escreve:

(...) as encostas das montanhas e os vale podem ser cultivados semgrande dificuldade. No caso da Síria e da Palestina, há que se considerara terra fértil e a chuva de inverno como elementos favoráveis ao plantio,e as montanhas razoavelmente verdejantes como local adequado aopastoreio. Um local ‘feito de encomenda para agricultores principiantes’que poderiam ‘levar uma vida aprazível, sem muito trabalho’. A extensão

larga de terras permitiria ainda pequenos deslocamentos por parte dosgrupos por ocasião do esgotamento do solo. Já no sul do Egito e daMesopotâmia, as condições geoclimáticas eram (e continuam sendo)bastante diferentes. A chuva, nesses locais, é praticamente inexistente afertilidade da terra, após as cheias, é excelente. Mas para ela ser utilizadapela agricultura, de forma sistemática, e os rios precisam ser domados(BRAIDWOODappud PINSKY, p. 43 e 44).

Com o avanço das relações sociais e a diversidade de grupohumanos espalhados pela terra, constrói-se junto a essas sociedade

Page 30: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 30/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 29

coletoras, pastoras, agricultoras, sejam elas seminômades ou présedentárias um culto que de natural animista, anteriormente zoolátricocelestial, passou a formas de culto mais trabalhadas com ritos não apen

de devoção, mas num estágio um pouco acima de institucionalização serviço religioso, correspondendo a determinados segmentos em cadsociedade, podendo ser proferido apenas pelos escolhidos e iniciados n“ciências ocultas” ou, ainda, o que chamam de o representante ddivindade na terra. Durante o período de transição em cada grupo formapara uma união coletiva de maior propriedade nos estreitamentos de laçodominação dos mais fortes aos mais fracos, seja pela força, coaçãconstrução de um ideal coletivo ou instituição das práticas religiosas, homens encontraram uma forma de expressão para seus pensamentoviram em corpos celestes e na terra as coisas que não podiam controlar u“espírito” que movia e tinha capacidade de intervir nos assuntos humanoA divindade lunar, o deus sol, o trovão, a montanha sagrada, os espíritdo fogo, do vento, da água poderiam trazer coisas boas ou ruins aohomens, por isso deveriam ser respeitados e tratados como seres dgrandeza maior que a humana.

Chega-se, assim, a mais uma etapa do pensamento religioso, institucionalização, ainda que informal, de uma conduta composta pelementos de persuasão, referendados pelo poder da liderança tribal, onum líder religioso explanava as necessidades de conduta e atividadmísticas para agradar aos seres ontológicos. Para tais atividades, utilizose com freqüência de observância da natureza e contemplação dos corpcelestes e artifícios ritualísticos. Como destaque, em quase todas a

religiões antigas, tem-se a utilização do óleo empregado nas mais diverscircunstâncias, para os mais diversos propósitos, dos medicinais, místicosacramentais aos religiosos.

Nas várias populações que tinham como objeto de culto um sevenerado o óleo desempenhou papel importante, porque através de ssimbologia se dava crédito a determinados feitos, propósitos e/operspectivas futuristas. É bem verdade que nem todas as gens ou famílitiveram acesso a esse tipo de ungüento, contudo, o seu caráter purificadequiparado à limpeza atuou em variados locais como dádiva divina, formde aproximar as pessoas de seus deuses. Essa aproximação pode se dar

Page 31: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 31/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 30

forma medicinal onde, como numa equiparação feita à água, que limpapurifica o corpo das sujeiras que precisam ser retiradas, para que não constitua uma crosta, dificultando a pele de expelir o calor interno seatravés de suor ou o aquecer dos vasos contingentes de “sangue quentque ficam próximos à derme, ou ainda, causando um contraste calor corpo – sujeira, tendo por efeito um odor desagradável, o óleo limpa corpo ferido, propicia uma camada protetora contra impurezas.

Não se usava apenas o óleo, mas este era misturado a ingredienteadicionais, numa época onde a medicação era exclusivamente natural. unção terapêutica, Àleiphô,era amplamente utilizada. Os videntes ousacerdotes, como mais tarde foram chamados, tinham um conhecimendas plantas de sua utilização medicamentosa por isso faziam suas porçõeas colocavam sobre a pessoa necessitada de tratamento para cura corpórde suas patologias. Nas religiões místicas da Península Balcânica, ntribos indo-germânicas que povoaram a Europa e, ainda, nos povoamericanos, a unção cerimonial era feita nas adorações prostradas aos sersagrados, nos cultos ao divino. A aplicação do “óleo orado” ou consagra

a divindade, possui como elemento em si o precioso poder espiritual “oração da bênção”.O animismo cria numa grade quantidade de divindades como fic

claro na conversa de Sócrates com Eutífron (Platão, 1999), sendo eldeuses e demônios, vindos da mesma essência celeste, difusos, nesempre amistosos, por vezes opostos entre si. O óleo era utilizado pauntar lugares, objetos e até pessoas como forma de acalmar os deuseatribuindo ao material inerte Múnus espiritual.

O sacramento, Mystêrion,era a forma de aplicação comum para seaplicar o óleo durante os rituais de purificação da alma, do gregoPsychsê,a sacralização, normalmente, estava ligada ao ato de uma busca em separo estado natural do homem com sua separação para o serviço divinAssim com o seu espírito, do gregoPneuma, poderia ficar livre para agirem nome dos seus deuses, sendo esses homens separados para lhrepresentar e prestar-lhes serviços, seja através de sacrifícios de seres, dhebraicoNephesh, ou no cotidiano em seus grupos tribais. O fim religioso

Page 32: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 32/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 31

da utilização era ungir o material utilizado no culto, santificar o locaaspergir sobre os seres uma corroboração sobrenatural ratificando o servo

No caso judaico, há algo de interessante no fato de o óleo com finreligiosos ser aplicado apenas em pessoas separadas para os fins sagraddo sacerdócio e do governo: os ungidos do Senhor. Essa unção religiofeita de público servia para simbolizar a dádiva do Espírito de Deus ahomens, e a testificação da permissão de seu Deus –Yahweh, “eu sou oque sou” Êxodo 3:11-15 - para que pudesse guiar o povo em seus ensinono cumprimento da lei.

Esse Deus,YHWH,preocupa-se com o povo. O “Deus vivo” instruiaos Seus como deveria ser a unção dos escolhidos e dos objetos separaddo uso comum para o sagrado. Onézio Figueiredo (2001, p.37), afirma:

A composição e aplicabilidade do óleo sagrado foram estabelecidas porDeus (Ex 30.23-31). Não se poderia ungir com o referido óleo nenhumapessoa que não fosse sacerdote ou exercesse função de naturezasacerdotal como o rei, por exemplo.

Na Bíblia, Deus afirma categoricamente como o óleo deveria seaplicado, portanto, não poderia ser feito fora do propósito determinado pDeus e a proibição de modificar-lhe a composição: “Não se ungirá com eo corpo do homem que não seja sacerdote, nem fareis outro semelhante, mesma composição; é santo, e será santo para vós. Qualquer que compusóleo igual a este, ou dele puser sobre um estranho, será eliminado do s

povo” (Êxodo: 30. 32 e 33). Ao utilizar óleo como ungüento religiosocolocá-lo sobre pessoas que não foram “consagradas para o serviço Deus”, no formato que Ele estabeleceu em Suas Sagradas Escrituras, está caindo no erro descrito nos versículos há pouco citados.

Muitos povos passaram por todo esse processo ritualístico e dgrupos familiares até se tornar grandes civilizações. Com toda umperspectiva e construção social em decorrência das relações estabelecid

entre seus entes. No sentido histórico o termo civilização possui usignificado diferente do sociológico, embora ligado a ele. Fernand Braud(1987, p. 33 e 55), em sua obra Grammaire des Civilisations, trabalha

Page 33: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 33/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 32

conceito histórico de civilização a partir do processo sociocultural definia partir de alguns requisitos, sendo eles: a ocupação estável de um territódeterminado, por uma sociedade especifica, com certas característiceconômicas, uma certa mentalidade coletiva e uma certa continuidadhistórica. Uma análise conceitual bem parecida é feita por Hélio Jaguaribem sua obra intitulada “Um Estudo Crítico da História”. Ele versmodificadamente o conceito de Braudel tendo a civilização, pocaracterísticas essenciais:

Um sistema cultural com continuidade histórica, associado a uma oumais sociedade que alcançaram o estágio de civilização no sentidosocioantropológico, ocupando de forma estável um território que incluauma ou mais cidades, empregando de forma duradoura uma ou maislínguas, com a respectiva escrita, uma religião ou cosmovisão especifica,dotado de técnicas autônomas para assegurar sua subsistência estável noambiente natural e humano, inclusive elementos de autodefesa e dotadode condições culturais adequadas para garantir sua auto-ordenaçãoautônoma (JAGUARIBE, 2001, 54).

Os grupos sociais não mais agem em tribos, seu desenvolvimentos transformou em sociedades. Muitos esqueceram sua linhagem ecomum ou fizeram prevalecer os interesses próprios em detrimento doutros. A história da humanidade é tão diversa quanto conflitante nrelacionamento entre os povos. Os seres humanos praticam atos qunenhum outro ser teria a audácia. É um desconstruir conflitante

esmagador, que se apropria dos séculos sociáveis transformando-os esociedades seculares, distantes de seu original propósito, indiferentes coo mundo a sua volta. Noventa por cento das obras humanas produzidacomo literatura, artes, bibliotecas, templos, cidades foram destruídas eguerras, embates e vis contendas, o povo que restou é testemunha de umal contagioso que distorceu o propósito humano.

A explicação para tais atos é encontrada em algumas sociedadeque através de seus escritos antigos e detalhados mostram a realidade dacontecimentos. A esses escritos os judeus dão o nome de“Torah”; osmuçulmanos chamam de“Taurat”; e os cristãos chamam de “livros da

Page 34: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 34/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 33

lei”. Nesses escritos, o problema não apenas é manifesto, os seus motivoa fora de sua apresentação fica clara no Gênesis, em seus onze primeircapítulos. O que se segue é, no início de tudo, uma criação gloriosamen

original e “boa”, onde o Criador olha para a criação ao fim do sexto diavê que todas as coisas que tinha feito eram muito boas. A partir do capítuterceiro a entrada de um poder rebelde, maligno sobre-humanopersonalizado, sendo mais que uma força age para a destruição; o que segue é uma humanidade envolvida nessa rebeldia e mantida sob o poddesse mal.

A “Toráh”, a “Taurat” e os “livros da lei”, compilações do

mosaico pensamento por inspiração divina, tem no primeiro livro a idéia origem geral humana, do capitulo um até o onze, onde em sua primeiparte expõe a do inicio de tudo até a pré-história de Abraão, e a história dpatriarcas a começar por Abraão, ser considerado o primeiro judeu nasciem meio à idolatria e depravações de seu tempo em Ur da Caldéia, teve umodificar em sua vida partindo de um encontro transcendental com únicoverdadeiro Deus, o livro de Gênesis narra do começo de tudo até a chegade Jacó e seus filhos ao Egito, ou seja, tem início a história de salvação deleitos.

E Adão, Sete, Enoque, Noé, Sem, Melquisedeque, o que ocorrecom eles? O livre-arbítrio acabou quando Adão e Eva escolheramdesobedecer a Deus. Havia a chance de obedecê-Lo e desobedecê-LDeus não faz reféns, não tranca homens em Seu mundo e joga a chave foA chance que se teve em escolher a vontade de Deus ou a própria vontacessou quando da escolha da desobediência, porque Deus disse para ncomer da árvore do conhecimento do bem e do mal. O homem pecou epecado contaminou o seu ser, o Santíssimo não poderia simplesmenaceitar esse ato. A partir de então, Deus planejou Seu plano redentomanifesto em Gênesis 3.15, homens e mulheres teriam a chance de retorna Sua presença, bastaria buscar Sua vontade.

Muitas nações, na antigüidade pensaram numa criação. A doutrinbíblica em contraste com as teorias científicas tem não a investigação, m

sim, o propósito ético e religioso, porque a criação não se confina apenasao Gênesis, toda a Bíblia, em ambos os Testamentos fala do ato criativ

Page 35: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 35/106

Page 36: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 36/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 35

Ao ter a visão da criação divina, Moisés a descreveu no primeirlivro da Bíblia chamado Gênesis, vale ressaltar que quem escreveu o livfoi Deus por Sua inspiração e presença ativa diante daquele que foi apen

o instrumento para tal, Moisés. A finalidade do Gênesis não é provarexistência de Deus ou Seus planos, mas sim, dar a conhecer a “revelaçde Deus aos homens”. Segundo o Dr. John Davis, o livro de Gênesis poser dividido e analisado em três seções: o resumo da história da terra e duniverso em suas relações com a divindade e introdução à história dhumanidade; esboço da história da raça humana antes de Abraão e introdução à história do povo escolhido; a história do povo escolhiddesde Abraão até a permanência dos israelitas no Egito. Ainda se podcitar o notável escritor inglês C.H. Mackintosh, referindo-se ao Gênescom as seguintes palavras:

Existe qualquer coisa de particularmente notável na maneira como oEspírito Santo abre este livro sublime. Ele nos apresenta, imediatamente,a Deus, na plenitude essencial de seu Ser e no isolamento da sua atuaçãotoda a matéria preliminar é dispensada. É a Deus que somos trazidos.

Ouvimo-lo, de fato, quebrando o silêncio e brilhando sobre as trevas daterra, com o propósito de fomentar um mundo no qual pudesse revelarseu poder eterno e a sua divindade(VASSÃO, 1995, p. 2).

Esse princípio estrutural divinamente inspirado apresenta diversaformas de apreciação, dentre elas pode-se destacar a do Dr. Robert Leque, ao estudar a história primitiva, enumera seis princípios ou começ

referidos no livro do Gênesis, sendo esses princípios: do universo mater(1.1-25); da raça humana (1.26 a 2); da civilização ímpia (4.16 a 9); dnações do mundo (10); da multiplicação das línguas (11); da raça hebrai(12 a 50).

A Bíblia apresenta o plano de Deus de uma forma crescente, dmais simples para o mais complexo, conforme Sua criação. E aqui não está sugerindo que há simplicidade na criação das coisas iniciais, e sim

que para a sobrevivência de determinados seres ou acondicionamento outros faz-se necessário criações primeiras. Por esses admiráveis feitos,criação é imensurável à mentalidade humana, ainda assim, não se po

Page 37: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 37/106

Page 38: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 38/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 37

Os ensinos passados têm uma estrutura que pode ser dividida emtrês partes: a primeira, proveniente de uma criação; em segundo, ela se dem estado caótico; em terceiro, passa a descrever a ordem de Deus para s

formação plena. A Bíblia edição Ecumênica afirma que Deus:

Primeiro preparou três regiões: a sidérea (1º dia), a atmosférica (2º dia) ea terrestre (3º dia), e depois colocou nelas os respectivos habitantes:astros na região sidérea (4º dia); aves e peixes na atmosférica, porque aágua e o ar são elementos tidos como da mesma espécie (5º dia); osanimais na terrestre e, como obra especial, o rei da criação para coroartudo (6º dia)(Bíblia Ecumênica, 1967, p. 1).

No inicio de tudo, a contemplação da obra produzida chega a sesurpreendente. Moisés, ao relatar no Gênesis a criação, foi fiel ao que vicontudo, não pôde ser tão preciso quanto qualquer ser humano tentarianão conseguiria. Para ser mais preciso, imagine-se um ser letrado, homeculto, temente a Deus, que almeja Sua presença, nascido de um povcativo, deixado à beira de um rio, cuidado por uma israelita – sua mãe criado como filho da princesa do Egito. Em que base um homem instruína melhor ciência da época, a egípcia, poderia, com sua experiência ddeserto e sentimentos humanos de quatro mil anos atrás, promover udestaque à visão dada por Deus? Esse homem tinha capacidade humapara compreender parcialmente as coisas dos homens, mas as coisadivinas, por mais que tentasse não compreendia o ato criativo revelado pDeus, como uma criança que vê seqüências feitas de um todo ao seu red

o descreve sem compreender, ao certo, como ou por quê.Quando Moisés escreveu o livro para explicação dos começos,

sua mentalidade oriental de conhecimentos relacionados à astronomimatemática, antropologia e geologia não era tão bem elaborada comopensamento cognitivo atual. Vale ressaltar que o estudo da época estevbaseado na oralidade e percepção externa do mundo à volta. O fato dDeus tê-lo inspirado a escrever o primeiro livro da Bíblia não implica um

obrigação divina em atualizar conhecimentos centrados no homem e suadaptações, ou ainda, cultivar algo “cientificamente salutar” para umhumanidade tão diversa. Deus quis mostrar que é possível tudo acontecer

Page 39: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 39/106

Page 40: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 40/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 39

criação em tempo cronológico, Agostinho descreve com precisão seriedade o assunto:

Vemos que os dias conhecidos não têm tarde, senão em relação com opôr-do-sol, nem manhã senão em relação com o seu nascimento. Poisbem, os três primeiros dias transcorrem sem sol, pois sua criação,segundo o Gênesis se deu no quarto dia (...) mas de que luz se trata e deque movimento alternativo? Sejam quais forem a tarde e a manhã feitas,é certo que nos escapam aos sentidos e não podemos entendê-lo tal qual,deve, sem a menor vacilação, ser crido (AGOSTINHO, 1990, p. 24-25).

Por isso, diz-se que a criação aconteceu no tempo de Deusincompreensível ao homem. Iniciou-se pela noite, seqüenciada pelo diDaí defender-se, entre os escolhidos de Deus, que o dia inicia-se com trevas, como no primeiro dia, e tem fim com o entardecer sobrepujandoclaridade da luz.

Descreveu Moisés os dias criativos, numa espécie de tempo divin

não cronológico, mas da vontade do Criador, assim sendo: no primeiro dapareceu a energia universal e a luz cósmica; no segundo dia, ocorreuexpansão ou o que se chama firmamento, a separação entre águas de baie águas de cima13, o firmamento era concebido como uma abóbada quesustentava as águas superiores que caíam em forma de chuva; no terceidia foram feitos os mares, terra seca e vegetação - é interessante que antda vida animal Deus fez surgir a vegetação; no quarto, dia há aparecimento do sol, da lua e dos astros, enquanto a terra tomava sua formdefinitiva a cada dia da criação

14; no quinto, dia foram criados animaisaquáticos e aves, a água da terra, bem como as águas-sustentadas n

firmamento, dão a idéia de uma vida primeira, iniciada no ambienaquático, seja ele líquido como nos mares, rios e oceanos ou na atmosfer

13 Alguns teóricos acreditam que a divisão entre águas de baixo e de cima são ditas nsentido de: no primeiro, as águas serem subterrâneas e litosférica, enquanto no segunsejam os cristais que formam as nuvens e, água no cosmo, como partículas encontradpor cientistas daNASA.14 Segundo alguns pensadores, já existia desde o primeiro dia, pelo fato de Deudeterminar que o sistema revelasse sua operacionalidade.

Page 41: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 41/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 40

nesse ponto os animais aquáticos e todas as aves do céu foram criado( Bará); no sexto dia, foram criados, em dois momentos distintos – nprimeiro os animais terrestres, e no segundo o homem e a mulher15. Ao fimdo sexto dia, Deus estava satisfeito com a realização de Seu plano, criação estava de acordo com Seu agrado: “eis que era muito bom”; e sétimo dia descansou.

15 Adão, em hebraico, significa “homem”. Como em hebraico “mulher”, Ishsha, parecederivar de Ish (varão), tanto o tradutor latim quanto o português tentaram imitar o jogo dpalavras original. Ish, varão, homem. Ishsha, virago, mulher. Ao se falar que a mulher éformada de uma parte do homem, tenta-se estabelecer a unicidade representativa ambos, a unidade do gênero humano. Assim quando se diz “uma só carne” quer se dizcorpo do indivíduo “uma só pessoa”. A união a ponto dos cônjuges formarem uma pessoa.

Page 42: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 42/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 41

CAPÍTULO II

OOOO Espaço Sagrado

necessidade de refúgio em meio a adversidades provocadaintentantes contra a vida humana fez nascer, em diversos povos, espírito de contrição salvífica momentânea. Seja qualgen ou

tribo se aplaque em ofensiva, há nessas culturas conviventes, ainda qdiferentes “bandos” de lutadores e guerreiros, o sentimento nascido dseguridade. A segurança é uma das necessidades primordialmentelementares dos homens, precedida apenas pela fisiológica. O pondestaque dessa precípua necessidade social transforma o ser, poexcelência humana, com virtudes e defeitos sociabilizantes de express

cultural, num pensante construtor de sua seguridade, não bastandesconderijos em cavernas ou desvios da atenção de aflitivo.Lugares altos são vistos como saída para muitas adversidades. Po

isso, em especial, não se precipitou em nominar montanha, cordilheirmaciço ou pico, e sim, tão somente elevações acessíveis como nompropositalmente fulgurado na essência de monte. Quando os riotransbordam, inundando as cidades, o monte é mais que um bosquempenhado em produzir alimento, é para lá que se vai em busca de refúgO mesmo se aplica a chuvas torrenciais, porque o número de raiodescarregados próximo a altitude do mar é muito maior que nas elevaçõ

A

Page 43: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 43/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 42

As tribos reuniam-se nos montes para sacrificar a alguma divindade ou ssagrado como forma de pedir a misericórdia16. Diante de tantos momentosde contrição salvaguardante, os homens construíram, por suas próprimãos locais de refúgio, não obstante a utilização anterior de cavernasabrigos naturais para tal fim. A diferença está em dois pontos primordiadifusos em suas épocas, divergentes em estados, mas que se sobressaíracomo pontos necessários para a civilidade, até que se cumprissem as lenaturais ou sacro-políticas.

Em primeiro lugar, o ato de construir um lugar de refúgio tornexplícita a idéia de uma agressão. Não vem ao caso se gerada, por conflou culposamente, essa agressão culminaria em violência contra alguém. Dalguma forma, o refúgio precisaria ser visível, mais que isso, abrigar quantos buscassem seus domínios, ainda alimentar providencialmentAssim, nasceram os locais de refúgio como “salvação” para quem sentistemor ou ameaçada sua segurança.

Não basta erguer fortificações ou qualquer outra forma de asilo, preciso ordem de construção, trabalhadores revezantes no cumprimento dever, comida, local para repouso – em vários lugares utilizou-se tambéda força de animais. Após a primeira fase concluída, com a volta dotrabalhadores para casa - sendo eles, escravos, servos ou livres – surgefazer divulgar a existência desse lugar, não apenas onde, mas tambémpropósito de sua construção a todos quantos possa interessar. Nesse casorefúgio poderia se tornar, a grosso modo, um reduto de criminosobandidos, mendigos ou expropriados, perdendo seu valor primeiro. Paque não ocorra dessa forma, uma regulamentação precisa ser implantadnão apenas legal, reconhecida por lideranças das regiões circunvizinhaaceitáveis por “nobres” forçando o povo à obediência, mas principalmenmoral, no sentido romano da palavra, numa aculturação sociável de umoldar artesanal ético, no sentido grego.

16 Não no sentido judaico, o sentido propício seria apaziguar a entidade, agradando-a paque retire ira ou punição perturbadora a assolar o povo, sendo esse ser o causador ou nde tal perturbação.

Page 44: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 44/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 43

O segundo ponto em muito se assemelha com o primeiro, na últimfase deste. A moral e a ética aplicadas estão correlacionadas a uma idéreligiosa de santificação. O local em si não é um legado de pedras deixad

a se alcançar abrigo. O despertar da esperança nos princípios de valorinternalizados faz surgir a idéia de uma redenção do perigo, alcançandoponto de refúgio indicado na consciência socializada, manifestada penecessidade humana, referendada pelos líderes de direito e sacralizado pepovo. Tanto o fugitivo quanto seu agressor ficam impedidos de violêncmútua, não por um poder verbal derivado, mas por sua própria crença. construção dos significados de bênçãos e maldições concomitam comparalelo de respeito a esses locais e agressão tentada. No mundo inteifluiu essa idéia que mais tarde calçaria nas religiões a base de umsegurança “além-corpórea”, como forma de expressar esse pensamenpode ser citada a triboYalida Nova Guiné, os havaianos do Pacífico nortee os hebreus do Oriente Médio.

A triboYali era uma tribo canibal como seus vizinhos, vez poroutra, atacavam os mesmos ou eram atacados nos vales e florestas. Quanum guerreiro sentia-se ameaçado, estando longe da aldeia, procurava lugar de refúgio – Osuwa -em um solo sagrado. Naquele local não sepoderiam praticar atos de violência para o ataque nem para a defesa. Sisso ocorresse, as tribos matariam os transgressores por profanar um locde abrigo.

Por volta de 1500 a.D., o reiKeawe-kv-l-ke-kàai,construiu umtemplo chamadoPv´uhonva-o Honavave o cercou com um muro de pedrasde três metros de altura na costa ocidental do Havaí. Esse não era somenum novo templo, servia de refúgio para os “guerreiros vencidos, os nãcombatentes, ou os violadores de Tabus”, que chegavam às suas portantes de seus perseguidores. Conseguir chegar ao interior do murrepresentava a diferença entre a vida e a morte. Havia, no Havaí, cerca vinte locais de refúgio espalhados pelo arquipélago, preparados pareceber quem o procurasse.

Os hebreus, após alcançar a terra prometida instituíram sei

“cidades de refúgio”, três de cada lado do rio Jordão, como fora dito pDeus. Essas serviam para abrigar os indivíduos ameaçados de mor

Page 45: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 45/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 44

violenta (Js: 20 e 21). Elas foram construídas em terrenos altos para qpudessem ser vistas à distância. Uma vez na cidade refúgio, os judeuestavam salvos até o julgamento feito pelo Sumo-sacerdote. Se o Sumsacerdote julgasse devolvê-lo a seus perseguidores, diz-se que ele f“envergonhado”. Se não achasse nele culpa, ele poderia voltar aos seusem que ninguém o perturbasse. Vale lembrar o fato de Deus ter mandadconstruir as “cidades de refúgio”, portanto, Ele introduz o conceito d“lugar de refúgio” que mais tarde seria concretizado em Seu FilhUnigênito.

O espaço sagrado é uma contraposição do espaço de onde se vê profano. A relação entre os dois é fundamental para que ambos sobrevivae subsistam em suas relações interdependentes e necessárias. O espaçsagrado consagrou-se pela transfiguração singular, obtida comconseqüência ao isolamento do espaço profano. Por ser um lugadesvinculado da profanação mundana, ao mesmo tempo em que saproxima da abóbada celeste, fundamenta-se nesse local uma série de atreligiosos e sistemas ritualísticos, para onde se dirige o homem crédu

necessitado de uma salvação pessoal. Os rochedos, grutas, bosques sacrlocais elevados são, de todo, sob formas variadas, a representação religiocoletiva constituída para cultos presencias a divindades estabelecidaEsses lugares têm, em sua continuidade, a demonstração de poder, nelsendo postas as vítimas imoladas.

A demonstração de sua autonomia manifestada segundo as leis dsua dialética própria, imposta, por conseguinte, aohomem de fora. Por issonão se deve supor que os homens, conscientemente, escolham os lugarsagrados. A construção do sagrado é inexplicável ao próprio homemsimbolismo emocional que se lhe manifesta envolto num engendrar dlendas, fatos e mitificações. O lugar não é “descoberto” (VAN DERLEEUW, 1948) por ele, a revelação é dada em determinado lugar qupassa a ser considerado sagrado. Não é o objetivo aqui figurar o fatrevelativo, para tanto, existem incontáveis obras, mas a idéia da construçdo espaço em que os homens institucionalizaram a sacralização.

Civilizações distas milhares de quilômetros, nos cinco continenteem momentos temporais diversos, separadas por séculos e milênios, tê

Page 46: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 46/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 45

em comum três princípios básicos que norteiam sua existência: 1) memória antepassada de uma constituída unidade com o deus construtoesse nem sempre era o mesmo manifesto naTorah – onde o ser humano

gozava a presença de um “supremo criador”; 2) a noção de separação encriador e criatura, por um inexplicável ato de rebeldia; 3) a busca humapor voltar à presença daquele que é o autor da vida, utilizando-se de todas possíveis alternativas para agradar à divindade. Com o tempo e gerações, esses mesmos homens e sua descendência começam a construimagens representativas para não esquecer-se de cultuar, lembram-se dhistórias e representações, mas tão engendrados nos ritos, afastam-se dCriador Soberano17. Quanto a isso, o monte ocupou lugar de destaque emdiversas civilizações. Para os babilônios a própria terminologia Bâb-Ilâni, “uma porta dos deuses”, faz referência a essa ligação. Segundo a tradiçSíria o paraíso achava-se “sobre uma montanha mais alta que todas outras” (ELÍADE, 1988, p. 304). Também no monte está a idéia de ulugar na origem dos começos, onde outrora houve um encontro real verdadeiro com oser supremo, um algo latente que remonta na memóriahumana a sensação de um início de tudo, numa unidade com o Criador.

As montanhas são elevações terrestres provenientes dosmovimentos geológicos e da erosão, podendo ter origem pela opressão superfície terrestre, por desdobramentos provenientes do tectonismo, falhgeológicas, pela interação das camadas mais superficiais das placas rígidlitosféricas ou por acumulo de rocha vulcânica solidificada. Osoerguimento provocado pelo desdobramento de compressão extrema tecomo causa a colisão entre as placas da crosta terrestre, bem como a

processo de subducção18

é atribuída à formação de cadeias montanhosas. Aenciclopédia britânica afirma:

Montanha é uma elevação natural da superfície terrestre, cuja altitude sedestaca sobre os terrenos adjacentes. Suas encostas em geral são

17 Por não conhecer o coração humano, seria arriscado dizer se voluntária oinvoluntariamente os homens constroem os deuses. Como anteriormente foi exposto, homens, por medo da santidade divina, mesmo querendo buscá-Lo, construíram paraseres e adoraram.18 Afundamento de uma placa tectônica sob outra em pontos de convergência de placas.

Page 47: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 47/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 46

íngremes e o topo ocupa uma areal relativamente restrita. Pode receberdenominações diversas como monte, colina, morro-outeiro, etc, masesses termos, popularmente são associados a montanhas de altitude mais

modesta e não correspondem a uma classificação rigorosa(Barsa, 2000,p. 138).

Não se pode pensar essa massa corpórea apenas do ponto de vistgeológico. Por sua interação, sendo o ponto de encontro entre o céu eterra, “o monte” é o ponto mais elevado da terra, achando-se como o lugidealizado, “o centro do mundo” para os fins de culto. A consagraçã

desses “lugares santos” fez erigir-se neles altares, templos, paláciocidades santas, que junto com a montanha elevam-se para a proximidado celeste. As cosmogonias a que se reportam as construções são derivaddo princípio da busca terrena pelo celeste. Os templos passam a estender-na qualidade de sacros por estar no centro da vida religiosa, no cimo montanha e representar a junção, o ponto mais alto entre o céu e a terra.

Essa altura ou superioridade é assimilada pelo impresso caráte

sagrado do transcendente, com variável postulação o estar mais próximo não do céu tem consonância com a intensidade da colocação em que está. A altura infere nesse ato porque está intimamente ligada com sacralidade das regiões atmosféricas. O estar mais próximo simboliza umruptura de nível, um afastamento da profanação humana em conseqüenaproximação do sacro espaço celeste. Nesses fundamentos sobre montanha, Mircea Elíade escreve:

A montanha está “mais próxima” do céu, o que a investe de uma duplasacralidade: por um lado, participa do simbolismo espacial datranscendência (alto, vertical, supremo, etc.) e, por outro, é o domínio porexcelência das hierofanias atmosféricas e, como tal, a morada dos deuses.Todas as mitologias têm uma montanha sagrada, variante mais ou menosilustre do Olímpo grego (...) a montanha é freqüentemente consideradacomo o ponto de encontro entre o céu e a terra, portanto um “centro”, oponto pelo qual passa o eixo do mundo, região saturada de sagrado, local

onde podem realizar-se as passagens entre as diferentes zonas cósmicas(ELÍADE, 1998, p. 31).

Page 48: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 48/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 47

Esses espaços de revelação, outrora encontrados e sacralizados posua latente ascensão aos céus vão trazendo a seu redor os homens iniciadnos ritos, agricultores, criadores, representantes dasgensnuma tentativa deaproximação do lugar que liga a terra ao céu. Pouco a pouco, a povoaçem torno do lugar sagrado, seja em vilarejos, pé da montanha, pastagecom habitações mais próximas, vai erigindo centros de aglomeraçãhumana, não que isso implique o desprovimento do nomadismo ou, quiçuma urbanização acentuada produzida pela ânsia de proximidade ao sanlugar19. Esse processo secular criou a necessidade de uma separação d

sagrado e do profano com o soerguimento de muros, o estabelecimento uma casta sacerdotal e o fortalecimento do poder do patriarcal.Com tantas regiões férteis, produtivas, em terras a perder de vista

por que buscar a presença do monte, é o que muitos se perguntam. Traspectos precisam ser considerados antes de se chegar propriamente a esponto. O simbolismo traçado, e esse é o vinculo que vai regerprimordialmente, os conceitos de antagonismo e concomitância no cerhumano, que equilibrasse em conjuntos solidários complementares: montanha sagrada ergue-se no centro do mundo, não um centro latitude longitudinal, mas cosmogônico, e é por isso que, por ela, o céu se enconcom a terra; o que nela for erigido, seja templo, palácio, cidade ou pextensão qualquer construção sagrada, são assimilados a ela, fazendo padesse encontro, propondo-se por analogia a ocupar um lugar central; aestar no cume da montanha que é considerado o centro do mundo, construções erigidas são olhadas como o ponto de junção entre o céu e

terra.Do ponto mais alto, no topo dos montes, os homens cultuavam

seres desconhecidos e buscavam a compreensão manifesta de seesplendor. Em muitas culturas, olhava-se para os céus buscando algo qnão se sabia ao certo, mas que, até então, era surpreendente. A idéia de u

19 Para maiores informações sobre as aglomerações de contingente humano numascendente urbanização conferir: “A História da Riqueza do Homem”, Leo Huberman“A Cidade na História”, Lewis Mum Ford.

Page 49: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 49/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 48

Deus Uno, bom e soberano persistiu nas diversas civilizações20 por muitosséculos. Mesmo naquelas tidas por clássicas, de “cultura superior” supresença é manifesta por simbologismo ritualístico e imagenrepresentativas. O fator primordial para o cerne discutido não é umposterior monoteísmo sócio-cultural, como no caso judeu, e sim, nvariadas mitologias a presença substancial da idéia transcendental de ualgo sagrado, divino.

20 No sentido mais restrito do termo, no pós Babel.

Page 50: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 50/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 49

CAPÍTULO III

D DD D e Todas as Tribos, Povos e Raças

céu é um lugar alto, elevado, infinito, imutável, poderoso. O atde o homem elevar os lhos e contemplar a abóbada celeste facom que idealize esse algo grandioso e pense em sua pequene

diante do que fora visto. O alto, por ser uma região inacessível ao homeé cheio de mística incompreensão que o faz revelar-se transcendente eforça e sacralidade. Algo tão grandioso não é tido como vazio, é habitapor seres celestes, que pelo fato de habitarem mais alto que a consciênchumana possa explicar, tornam-se seres superiores, criados por um sprimeiro. O livro dos começos daTorah hebraica fundamenta essepensamento de forma a clarificar a formação do mundo, a criação d

homem e as vicissitudes dos seres celestes.Não é uma simples prosopopéia talmúdica ou um credibilizapapiros ressecados. No mundo inteiro, em diversas épocas e regiões, idéia foi sendo construída por povos que, por certo, permaneceram séculsem manter contato acrescido a isso, pela idéia de um equivalent“poderoso” em quase todas elas, rodeado por seres habitantes do espaceleste do terceiro céu21. Com os iroqueses, a idéia se consolida pela

21 O terceiro céu é considerado nas teologias e teosofias de diversas civilizações comsendo a morada do altíssimo, o ser supremo, sendo o segundo céu o “espaço sideral

O

Page 51: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 51/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 50

compreensão de que tudo que possuiOrenda chama-seOki, “aquele queestá nas alturas”. As populaçõesSiouxda América do Norte exprimem aforça mágica-religiosa pelo termoWakan“no alto, por cima”. Os negros Akposotêm o conhecimento de um deus supremo,Uwoluwu“o que está noalto, nas regiões superiores”, o ser supremo das tribos australianasKulinéchamado Bundjile habita os mais altos céus. Muitas outras formas de sever deuses e suas hierofanias poderiam ser descritas.

Em todos esses atos religiosos, o que torna-se ponto chave é transcendência divina revelar-se na inacessibilidade, de modo ao sceleste, em sua eterna infinitude, ser poderoso em sua força criadorNuma convergência de relatos, mitos e histórias, fica a paridade dconceitos tão próximos, mas proporcionalmente eqüidistantes por secaráter primordial de unicidade, seguido por uma tergiversante construçpanteônica de realidades antropomórficas. A contemplação do céu e suvicissitudes, traz o espectro de categorização transcendental da altura enecessidade de uma operação lógica do conhecer simbolizante, como umatividade subconsciente da consciência total, o homem busca deduzir, p

observações as equiparações mais acertadas para aquilo que se busca, púltimo retornando ao patamar inicial de uma nobre expressão da videspiritual por simbolismo transcendentes.

A narrativa de seres mitológicos, morando em um lugar separaddos homens, mas com a memória de um início onde estavam juntos paipor diversas sociedades e civilizações dos cinco continentes, trazendotona significados comuns e histórias rituais muito parecidas umas com outras, ainda que haja uma separação temporal e espacial umas das outra persistência e memórias tão parecidas fazem com que se produza upensamento lógico associador de fulguras e interposições correlatas como paraíso, uma convivência divina e humana, uma ruptura, uma árvoentre tantas outras. A latência de que em cada lugar os seres são nominadde forma diferente embora com a mesma substância, o simbologismo construção e humanização dos seres mitológicos, bem como seucorrelatos bíblicos trazem à tona a idéia de uma humanidade iniciada

embora seja mais conhecido como espaço estelar intermediativo entre a terra e a morade Deus; e o primeiro céu o espaço por onde as aves alçam vôo.

Page 52: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 52/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 51

uma mesma genealogia, fruto de um grupo comum com particulaexperiência de contato com o Deus Criador. Podendo-se, para tanto, dizque a mesma raiz genealógica produziu a memória introspecta human

memória essa que se reconstruiu de acordo com as experiências ao londos relacionamentos, locais, temporalidade e conduta sociocultural.Várias nações crêem em um ser supremo, sem que necessariament

este represente a figura do Deus Criador. O fato de se crer em deuseelevando um dos tais à superioridade não se constitui uma construçãadaptativa ao monoteísmo, antes, o sobrepujar de uma essência criada edetrimento de outra. Nesse aspecto, Bárbara Burns (1995) escreve:

É um grave erro igualar a crença num deus supremo com o monoteísmoexclusivo do judaísmo, islamismo e cristianismo. Em algumas partes daÁfrica e em muitas outras partes do mundo, há esta crença num deussupremo, mas geralmente ele está tão distante do povo, ao ponto de setornar inútil, sem valor. Um congolês explicou esta idéia, dizendo: ‘Porque fazer sacrifícios para Ele, se não sabemos onde Ele está nem o queestá fazendo? E, também, Ele não vai nos ferir. É muito melhor satisfazer

aos espíritos maus que nos prejudicam do que nos preocuparmos comDeus!

Dentro de um pequeno espaço territorial surgiram seis civilizaçõetão grandes quanto complexas, fruto da experiência humana, formarasociedades influentes a ponto de se destacarem não somente política economicamente, como também sob o aspecto religioso, em tempo

distintos, mas sempre envoltos nas ligações produzidas a partir dCrescente Fértil: Suméria, Babilônia, Germânia, Mesopotâmia , FeníciaPérsia contribuíram de forma salutar para a formação mitológica doOrientes Próximo e Médio. Assim também China, Coréia, Egito, Grécialém dos Maias, Astecas e Incas deram sua contribuição para religiosidade humana.

Na Suméria, de acordo com sua mitologia, a criação do homem sdá por uma necessidade dos deuses. O grande deus Nacriaria os Anunáqui“sobre a montanha do céu e da terra”, os deuses Anunáqui sentiam fommas não eram capazes de prover para si alimento. A deusa do grão,

Page 53: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 53/106

Page 54: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 54/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 53

Segundo suas tradições, ela já existia na época em que ocorreu o dilúvio.cidade mais parecida com um país tinha 520 Km² contando com campcultivados, áreas arbóreas, sendo inicialmente construída à marge

esquerda do Eufrates, com anos e conquistas expandiu-se para o outro ladA parte central da cidade tinha o nome de Niviti-Bel, “morada de Bel” comextensão de cerca de 70 km². As duas línguas oficiais eram Acadiana, dosacadianos antes da invasão Assíria, e Arameu, reservada a atos oficiais eescritos.

Nos escritos babilônicos encontram-se relatos sobre a criação, dilúvio, a queda do homem, os infernos e os mitos de “ Zu” e o “ Dragão

Labu” – de onde os católicos retiraram a concepção de vários infernodando ênfase ao ensino religioso balcânico de Hades22 como uma traduçãopara um “lugar menos rigoroso” onde se pague por seus atos e se posfazer assunto aos céus, e o acréscimo ao cânon hebraicoveterotestamentário de um texto apócrifo, fruto do judaísmo superior.

A criação é narrada em um poema de nomeEnuma Elish, as duasprimeiras palavras da primeira de sete tabuinhas onde o poema está escri

e significam “quando no alto...” As cópias desse poema, que chegoincompleto à atualidade, afirmam que no início existia apenas ocaosaquosocom duas representações de água, Apsurepresenta as águas doces eTiamat,as águas salgadas. Tem-se que ressaltar o fato de o caos aquosestar em algum lugar, e assim estava; o poema não define onde, maressalta o fato de uma existência não nominada dos céus e da terra. O nomna cultura babilônica tem parecida função de “fazer existir compersonalidade”, a esses confere-se também na cultura greco-macedôniafator “nominar” para uma atitude de reverência e “continuidade iniciada”23.Do casal primitivo surgem Lahmue Lahamu, desses nascem Munu, Anshar e Quísar , deles nasce a tríade do panteão babilônico: Anu, o deus dos céus,Enlil, o senhor do ar e da terra eEa, o deus das águas do abismo. ApsueTiamat representavam o caos enquanto a tríade parecia empenhar a ordemfazendo-se insuportáveis a Apsue Tiamat (SPALDING, 1973, p. 122).

22 Mundo interior, Lugar dos Mortos.23 Continuidade iniciada é o nome dado ao fato de uma descoberta elucidante de algo qanteriormente possa ter existência, contudo não se-lhe era imputada de forma a instauno pensamento humano.

Page 55: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 55/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 54

Assim, pode-se perceber que tanto a Babilônia quanto a Sumériaem sua religião politeísta e língua acadiana, tinham o fundamento naturisadorando as forças vitais; nelas encontra-se o poema da criação, referêncao dilúvio. Desenvolveram-se também os conceitos de céu e infern( Aralu), deuses e demônios. Marducera o deus adorado na babilônia comodivindade suprema, venceu ocaos e organizou os céus e a terra, também éconhecido como Merodac.

A Babilônia conhecida a tríade: pai, mãe e filho, contudo, nareligiões naturistas de culto evoluido não se guarda essa noção familiar. primeira tríade é formada por Anu, Enlil e Ea, a segunda porSin, Samas e Instar . Anué a forma semita do deus Na, reside nos céus, sendo o deussupremo tem poderes mais extensos que os outros deuses. Normalmencultuado na cidade de Der em Acad e Uruk , emSumer , o deus dos céus.

Ea, na forma sumériaEnqui, era o protetor do gênero humano, pôsno homem o sopro vital.Ea tornou-se o deus das águas do abismo quecerca o mundo.Enlil, o senhor do ar e da terra, na linguagem semita échamado de Bel. Considerado o deus da sabedoria e providência, foi elequem ordenou o dilúvio.

Na mitologia Suméria, na baixa mesopotâmia: um homem,Utnapishtime a família se salvam da ira dos deuses que ocasionou o dilúvio, porquealguém soprou nos seus ouvidos que os deuses, depois de umaassembléia, resolveram soltar todas as águas para fazer desapareceraqueles que tumultuavam seu sono.Utnapishtimteria de derrubar suacasa, construir um barco comprido e largo. Depois de seis dias e seisnoites o barco encalhou no monte Nissir, ao noroeste da Pérsia. (Frases.Revista Ultimato, 2002, p. 22).

Da Suméria à Germânia, podem-se comportar algumascaracterísticas essenciais em culturas distantes física-tempóreamente. Ogermanos de raça ariana tinham em sua religião a liberdade de cultnaturista; esses povos de tronco indo-europeu povoavam as planícies Alemanha do norte e o sul da Escandinávia. Apesar de seus costume

Page 56: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 56/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 55

língua e cultura, viviam em conflito o que acabou por separá-los. Ao quesabe, até o século IV a.C, os germanos não tinham uma língua escrita.

Os povos primitivos da Germânia tinham uma mitologia rica dheróis, deuses aventureiros, feiticeiros, anões, gigantes e traidores. Há umpeculiaridade na mitologia germânica, o fato de os deuses serem mortachegam a ser “homens com poderes divinos”. O comportamento, as brigas disputas pelo poder preconizam uma pretensa apropriação grega ddeuses germanos e sumérios, por sua tão próxima conduta moral. A esmortalidade dos deuses, que nem sempre eram sagrados dá-se o nome “crepúsculo dos deuses”, sendo que, esse melancólico fato não é o fim, e

ressurgirão novamente.É impreciso o fato da criação humana, suas formas de culto

adoração; costumeiramente se divide o período germano em inferior superior. No período inferior, os germanos acreditavam na imortalidade alma – não a mesma imortalidade do culto cristão -, após a morte ohomens deixavam escapar de si, o que alguns autores chamam de segun“ego”, esse regressava ao grande exército dos espíritos na naturez

inanimada. Deuses e homens com personalidade imprecisa apavoravam vivos a ponto de se temer mais a esses seres secundários vicejantes que aseres de divindade superior a quem se prestava culto.

Os mesopotâmios tinham, inicialmente, em sua religião um carátesombrio. Não incluíam a idéia de paraíso, ressurreição ou qualquer tipo recompensa após a morte. Eles adoravam a animais e as forças da naturepouco mais tarde veneravam os demônios para que não lhes fizessem mA maioria dos deuses mesopotâmios foi criada pelos sumérios. Obabilônicos e assírios adotaram aqueles deuses, modificando-lhes apenos nomes. Havia o costume de agrupar os deuses em tríades, para pedilhes proteção.

Dentre os demônios destacava-sePazuzu, o senhor dos ventos queespalhava a peste e as epidemias, segundo acreditavam. E dentre oprincipais deuses da Mesopotâmia pode-se destacar Anu, representava océu e formava a tríade comEnlil, deus do ar, da atmosfera, e Ninhursag

Page 57: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 57/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 56

deusa da fecundidade, dentre outros deuses24. Os mesopotâmios cultuavama seus deuses em templos, que também eram a morada do rei.

Desde o nascimento da civilização mesopotâmia foram formadovários códigos e leis como o deUrukagina, em Lagash, no ano 2.352 a.C.;Ur-nammau, em Ur da caldéia, por volta de 2.032 a.C; e Lipit-Ishtar,emIsin, por volta de 1870 a.C.; contudo, o mais conhecido dos códigoelaborados na antiguidade é o de Hamurabi, escrito no governo do rei demesmo nome. Sua importância dá-se por sua inscrição ter chegado intacaos dias atuais. Com seus 282 artigos o código de Hamurabi, foi escrito emum monumento de pedra com cerca de 2,25 metros de altura aproximadamente de 3.600 linhas inscritas. Quando os elamitaconquistaram a Babilônia, por volta de 1.160 a.C., depois de vencerem cassitas, que dominaram a cidade por quatrocentos anos, levaram odespojos para sua capital,Susa. Somente no início do século XX, as ruínasde Susa foram desenterradas, entre os tesouros encontrados estava omonumento.

Dentre as descobertas arqueológicas, pode-se asseverar a existêncde um senso de justiça muito forte na tentativa de Hamurabiem unificar asleis de seu reino. Suas leis eram muito duras, como a de diversas naçõantigas, com penas proporcionais a crimes cometidos, fazendo rememora lei do talião: “olho por olho, dente por dente, vida por vida”. No códighá um retrocesso em relação ao deUr-nammu, quanto à severidade da lei,contudo, a ética que se tenta compilar e aplicar é vista no trecho final código de Hamurabi:

Para que o forte não oprima o fraco, para fazer justiça ao órfão e à viúva,para proclamar o direito do país em Babilônia, a cidade cuja cabeça AneEnlillevantaram, naEsagila, o templo cujos fundamentos são tão firmescomo o céu e a terra, pra proclamar as leis do país, para fazer direito aosoprimidos, escrevi minhas preciosas palavras em minha estrela e

24 Enki, deus das águas, conhecido comoEa na Suméria; Nanna, deusa da lua, chamadatambém Inanna; Utu, deus do sol;Sin, deus da lua, conhecido como Nannar na Suméria; Ishtar , deusa da guerra e do amor; Shamash,deus do sol, filho deSin; Marduk , criadordos homens, vencedor deTiamat (o caos); Assur , deus guerreiro dos assírios.

Page 58: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 58/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 57

coloquei-a diante de minha estátua de rei do direito(BOUZONapud FERREIRA, 1993, p. 54).

A Fenícia correspondia a maior parte do litoral da Síria hodiernaSua população era densa, textos mencionam 25 cidades importantes, dponto de vista político-religioso destacaram-se: Gebal, centro de culimportantíssimo, Sidom, apelidada de “mãe de Canaã”, Tiro, que tevpreponderante influência na construção dos dogmas da religião, além sua importância comercial, e Berito, atual Beirute, importante centrcomercial e religioso. Suas cidades não possuíam governo central, era

independentes, mesmo com laços consangüíneos.O Panteão fenício é conhecido, em sua maior parte pelas lendas qu

o cercam. Somente alguns deuses chegaram até a atualidade, os maiordentre eles adorados em várias cidades. As cidades fenícias tinham cauma seu próprio deus protetor, contudo, não era proibida a adoração outros. A fundação de suas cidades, como na maior parte das narrativhistóricas da antiguidade, era atribuída aos deuses. Os mitos referem-se

momento seqüencial da formação do mundo o aparecimento de raças semideuses, gigantes e humanos.Esse que era considerado povo primitivo, mais de 3.000 anos ante

da era cristã, habitava em cavernas. Os gregos posteriormente ochamaram de trogloditas. Muito antes do período histórico, os semitas espalharam pelo país formando tribos sedentárias, conhecidas pelos nomde Amu (nômades), Horu (a região costeira), Lotanu (zona inferior).

Muitos semitas moravam nessas regiões, migrando para leste, rumo Babilônia, e para o norte. No segundo milênio, toda a parte central do pae a Fenícia eram conhecidas pelo nome deCanaã.

Os fenícios davam a seus deuses o nome de Alonim, plural deEl,que em semita significa “Deus”, e pelo nome de Baalim, plural de Baal,que significa “senhor ”. Na verdade, o vocábulo Baal representa os deusesem geral e não uno, como se sugeriu há séculos atrás: Baal-Shamin(senhordos céus), Baal-Rosh(senhor do promontório). Vasta era a deidade fenícia,complexa e de raízes nem sempre perceptíveis por sua mudança atribuição ao longo dos milênios.

Page 59: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 59/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 58

Dentre os deuses destacam-se Dagom, cognominado Síton,primitivamente chamado de deus do trigo, na baixa idade adquiriu atributmarinhos; Melcarte, “o deus da cidade” de Tiro, assimilado pelos gregoscom o nome de Heracles(Hércules).

Adônis ou Esmun, o jovem mancebo, numa caçada foi morto porum javali. Sua amante Astart foi aos infernos buscá-lo, a narrativa dahistória está contida na mitologia grega; Moloqueou Malac, era umhomem com cabeça de touro, sacrificavam-lhe crianças, em sua estátua bronze, cujos braços estendiam-se neles sendo postas as vítimas imoladas

Os persas habitavam a região do que atualmente se chama Irã, enta Transcausia e o mar Cáspio ao norte, o Afeganistão e o Bolochistãoleste, o golfo pérsico ao sul; o Iraque e a Turquia. Para os iranianos dantiguidade, a Hura Masdaera o verdadeiro deus supremo, o “supremocriador”, o mesmo princípio ativo dado ao principal deus da mitologchinesa.

A complexidade dos deuses, mais tarde relacionada noZoroastrismo trabalha também os conceitos de criação e dualismmasdeísta, onde os homens e animais foram formados a partir da morte primeiro homem e do primeiro touro. O dualismo moral do bem e do mtem idéia preexistente desde a origem. Onde dois espíritos primordiaentram em luta: o espírito bom, encarnado emOhrmazd,vence o espíritomal. Grande espaço ou intervalo passa a separá-los, o mal, cheio dcuriosidade e inveja, procura invadir o domínio do bem, luminoso e purmas é sempre expulso. Sua expulsão definitiva com a vitória perene d

bem se dará no fim dos tempos. Mitra,na religião de Zoroastro, tem lugar secundário, mas, a parti

do contato dos guerreiros romanos e da absorção de sua data dcomemoração máxima pelo cristianismo, na tentativa de sobrepujá-la, telarga popularidade. Os cristãos, na busca de diminuir a adoração pagã Mitra, fizeram de sua principal festa, o “natais solis invicti”, a data a sercomemorado o nascimento de Jesus Cristo, perturbando mais ainda os q

criam em um e em outro, sendo ambos confundidos pela festa no mesmdia e pela deturpada associação com a bíblica referência ao “Sol dJustiça”. Mitra, o sol invictus, “o sol invencível”, foi adorado na Pérsia e,

Page 60: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 60/106

Page 61: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 61/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 60

No mito do paraíso chinês, onde homens e deuses se misturavam,fato de haver uma ligação, um ato intercessório representado pelo monde acordo com os gens e as populações, fez com que a sensação dsegurança se fizesse presente: a qualquer momento seria possível subir céu ou os deuses descerem para estar entre os homens.

O paraíso se fazia, mas por um “erro ritual”, brutalmente sesepararam céu e terra. A montanha que ligava foi removida, contudcertos seres privilegiados – místicos, heróis, xamãs, soberanos – quando encontravam em êxtase podiam subir aos céus e reestabelecer comunicação que se havia interrompido:

Os antigos chineses colocam acima de tudo o ser superior (sublime céu,simplesmente, ou sublime soberano), que julgavam senhor de tudo e detodos, julgador, conservador e destruidor. Imolavam-lhe vítimas,ordinariamente bois. Quando queriam entrar em contato com o sublimecéu, ascendiam uma fogueira no pícaro dos montes: o fumo levava aocéu a mensagem que os homens queriam mandar ao ser superior(SPALDING, 1973, p. 78).

Não se sabe ao certo de onde vieram os povos que se estabelecerana Bacia do Rio Amarelo por volta de 3.000 a.C, nem de onde trouxeramreligião e a civilização. A china propriamente dita,tchong-kuo,conformeos antigos documentos chineses oficiais, o “império do meio”, limitava-ao sul com a Indochina francesa e o mar da China meridional; ao nor

com a Mongólia; o mar da China Oriental e o mar amarelo ao leste; o Tibe a alta Birmânia a oeste.Os antigos chineses colocavam acima de tudo oSer Superior

(Sublime céu, céu simplesmente, ou Sublime Soberano), que julgavasenhor de tudo e de todos, julgador, conservador e destruidor. Quando queria entrar em contato com o Sublime céu, acendiam uma fogueira npícaro dos montes: acreditavam que a fumaça levava ao céu a mensageque os homens queriam mandar ao Sublime Soberano. Preocupavam-se esaber se o ser estava irado ou contente, examinavam os corpos celestedesenvolvendo, com isso, a astronomia e a astrologia. Utilizavam, com

Page 62: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 62/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 61

representação do cosmo, o casco de tartaruga por sua forma curva em sparte superior representando o céu, embaixo na placa ventral achatadhavia a representação da terra, os homens seriam o corpo, estando entre

céu e a terra. Queimava-se o casco para, conforme as fendas que sapresentassem, interpretar a imagem que se via.As teorias abstratas não se reportam a nenhum mito relativo

criação. Há a variante do que se pode referir ao início do mundo, quandoCaos Huen-tuen, um mundo amorfo e indiferenciado, rompeu-se,dividindo-se em duas categorias ativas: o ying forma representativa daterra, a lua ou a mulher, sendo o princípio fêmeo, passivo da natureza e

yang forma representada do céu, sol, do homem, o princípio macho dcriação. Ambos, em seu antagonismo, efetivaram a formação e crescimento de todas as coisas, a começar pelo céu e a terra.

O Ser Superior aparece como Sublime Soberano, de cuja essênciconcomitam os cinco soberanos, atuando na forma de cinco elementos, ncinco regiões do espaço. O sublime soberano os opera quando de suimensidão, sendo cognominado Sublime; enquanto por seu poder é tido p

Soberano. Como numa aferição ao sistema numeral quinário chinês, esssoberanos atuavam nas quatro regiões cardeais e ainda o quinto deles nchamado centro. Segundo algumas mitologias, ficava no “Umbigo do céuno país deTsi, em um lago santo, no cume de uma montanha, sendoconclamado o centro da terra e do céu, o apoio do eixo cósmico.

Na montanha deKuen-Luen,uma montanha a oeste extremamentedistante, inacessível, tão alta que toca o céu, há uma misteriosa água qnão permite que alguém dela se aproxime, água leve, onde não se poflutuar, nada nela flutua, além dessas águas há outra água vermelha qurodeia em três voltas a montanha. Quem dessa água beber obterá imortalidade.Kuen-Luené a nascente do rio amarelo e dos outros três que, juntos, os quatro rios, correm em todas as direções. Para os chineses aFan-tao era a árvore que produz os pêssegos da imortalidade. Levando três manos para florescer e outros três mil para produzir frutos. Nesse contexmitológico pode se ver livremente a correlação da mitologia chinesa co

os relatos bíblicos de Gênesis.

Page 63: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 63/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 62

Dentre as várias crenças das inúmeras mitologias chinesasacreditavam em divindades santas que estavam livres de todo o errtambém em demônios malignos, divindades de origem hindu, sempre eguerra com os deuses. Quando da formação do paraíso, aos poucoocorreu a separação do céu e da terra,Niu-Kua,modelou os homensproduzindo-os da terra amarela, mas como era uma tarefa cansativmergulhou uma corda na lama para formá-los. Da terra amarela surgiraos nobres e ricos, da lama surgiram os plebeus e os pobres, sendo primeiro homem corporeamente formado na essência e aparência humachamado dePawan-Choo,que teria vivido 96.000 anos a.C., o lendário

Adão dos chineses.Dentre as diversas mitologias, talvez a egípcia seja a mais

engendrada em detalhes e convergência das divindades com o cotidianpopular. Ao contrário da Grécia, no Egito o papel dos heróis era mínimsendo os deuses os reais comandantes, e faraó seu representante legal. Egito é um país muito antigo. Tornou-se nação unificada há cerca de 5.0anos e durante 3.000 anos foi governado por seus próprios reis. A histó

egípcia divide-se em vários períodos. Os três maiores foram o antigo,médio e o novo império. Durante o antigo império, os egípcios construíragrandes túmulos de pedra chamadas pirâmides. Assim, esse período conhecido também como “era das pirâmides”.

As três coisas mais importantes para os egípcios antigos eram o reo outro mundo e o Nilo. Durante quatro meses por ano, o Nilo alagava too Egito, a água da enchente vinha do sul trazendo consigo lama que depositava nos campos e os tornava férteis. Diques protegiam os povoadda cheias. Canais, barragens armazenavam a água e a levavam para campos em volta, irrigando as plantações depois que as águas baixavam.

Os egípcios eram um povo que muito se importava com seus deusee com os mortos; pouco se sabe de concreto sobre a genealogia de sedeuses ou os panteões formados. Os deuses eram cultuados em diverslugares, dando-se destaque ao deus protetor da cidade em que se adoravFaraó era tido como filho dos deuses, encarregava-se de assegurar o culregular e tradicional. A respeito da formação divina do rei egípciSpaldingescreve:

Page 64: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 64/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 63

Já na mais remota antiguidade criam os egípcios que o rei era deessência superior a dos simples mortais. O faraó era a encarnação

terrestre do Horo celeste, o deus-rei; admitiam, da mesma forma quefaraó tinha proteção especial dos deuses tutelares dos dois reinosprimitivos: Necabit ou Necbet , a deusa-abutre do alto Egito eVadijit (Edjo), a deusa – serpente do baixo Egito(SPALDING, 1973, p. 254).

O rei era o protetor natural dos templos. Ele os edificavarestaurava, embelezava, assegurava-se dos erários sagrados em generosoferendas. As dinastias preocupavam-se, principalmente, com os deusque adoravam. Cada deus local era concebido como o criador do mundseu nascimento reportado ao início dos tempos e a cosmogonia tentavexplicar seu papel. Assim, como o principal deus a sua corte também tininfluência na evolução do mundo. O Panteão egípcio, como nas religiõmais antigas, era agrupado em tríades formadas pelo pai, mãe e filhdependendo da cidade modificava a tríade. A tríade de Mênfiscorrespondiaa Ftá, o deus principal,Secmet , a deusa com cabeça de leoa e Nefértumo

jovem deus que na cabeça trazia a flor de Lótus.Além dos hieróglifos, pouco se tem escrito sobre os deuse

egípcios. Entre as inúmeras lendas com complexos sistemas cosmogônice teológicos, o que se sabe ao certo é que eles gozaram de grandpopularidade, sendo a mesma concomitante ao princípio essencial qurepresenta. As divindades cósmicas, em particular o sol, desempenharaem todas as civilizações politeístas um papel fundamental, pela própr

natureza com que se apresentam. Ainda as benfazejas em relação ahomem eram levadas em conta para adoração. Assim sendo, deuses dfecundidade, agrários gozavam de excepcional favor popular. Prestigtambém se dava a acontecimentos políticos, assim o deus da dinastpolítico religiosa local foi apresentado como tendo primazia: foi assicomoFtá, deus de Mênfis, tornou-se honrado em todo o Egito, no antigimpério; e, mais tarde, na transferência da capital para Tebas, Amon elevou-se ao grau de rei dos deuses.

O número de deuses e sua natureza é de infinita variedade. Falar duma divindade, ou uma civilização egípcia é no mínimo contraditório,

Page 65: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 65/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 64

que, nas palavras do historiador grego Heródoto, “o Egito é uma dádiva Nilo”, às suas margens vários povos se devolveram, criaram seus deusesse reuniram pela acentuada idéia de uma força religiosa. Rodeado pbarreiras naturais, por muitos séculos, o Egito viveu sem a influência povos externos. Aconteceu que, com a unificação do poder político, Egito tentou também unificar seus deuses, tornando as tríades de sepanteão mais fortes, até aproximando-se do monoteísmo ao subjugar várideuses a um a quem se considerava maior. Cada governante, quando dtomada do poder engrandecia aos deuses de sua cidade.

Por mais que os líderes tentassem uma forma mais próxima dmonoteísmo, os inúmeros deuses e sua natureza de infinita variedadcontinuavam a ser adorados por uma imensa maioria que recusava-seabandoná-los. A religião egípcia com uma nitidez que, no mesmo grau se encontra na arte, reflete vários traços da psicologia coletiva. Opensamento religioso partiu e sempre esteve ligado ao concreto e asensível, trazendo sua predileção pelo visível, com as relações circundansuperou problemas e os ultrapassou por uma imaginação, muitas veze

ardente. A essas relações e objetos, atribuiu valor simbólico. Com o rede um lado, e a imaginação, de outro, as possibilidades do pensar eraquase ilimitadas. Os seres criados partiam da realidade para o imaginárique, por sua vez, era trabalhado sensivelmente para voltar atuante, comfazendo parte do mundo real. Seus deuses eram benfeitores, cuidadosospoucos eram os momentos de cólera. Assim se constituíam desde ofundamentos da humanidade25. Os deuses no controle, ao mesmo tempocausa e efeito integravam-se harmoniosamente no conjunto de umcivilização que ficaria incompreensível se for perdida de vista a paciênciaboa vontade inatas do povo, sendo os deuses sua expressão coletiva.

25 Acreditava-se em Hórus, o deus-céu, cujo espírito entrava no rei – seus olhos eram osol e a lua;Ptah, o deus criador, inventor das artes era o deus local de Menfis, a capital Hator , a deusa do amor e da beleza; Isis, irmã e esposa deOsíris, era a mãe de Horus. Eraesposa e mãe perfeita. Rá-Harachte, o deus-sol e Hórus reunidos, é representado com osol sobre a cabeça de um falcão;Osírisera o deus dos mortos. Em seu reino no ocidente,as almas eram julgadas e condenadas. – O mais belo livro das pirâmides, p. 13.

Page 66: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 66/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 65

Da zoolatria ao antropomorfismo, os egípcios deixaram de adoraseres inatos e animais para terem seus deuses com características humanem seu aspecto físico e psíquico. O terceiro passo foi a atribuição d

cósmicos aos deuses. O processo de divinização deu-se como em várioutras civilizações, partindo do sentimento de fraqueza e dependência homem em relação aos astros. O que torna o antigo Egito original é número de deuses provenientes desses astros. Somente o sol fohomenageado com o nome e figura de um deus, nem mesmo a lua receba constituição de um deus com seu perfil construído. Havia uma distinçentre os deuses locais e deuses cósmicos, estes eram adorados de formgeral e não possuíam templos, com exceção do rei sol, enquanto aquelrecebiam templos e culto em particular nalgumas cidades. Acreditavaque a vida não se resumia a essa passagem pela terra. Por isso spreocupavam com o corpo, o funeral, a morte. É bem certo que, paalguns egípcios o mundo dos mortos era apenas uma ilusão criada pemente humana, como se pode ver noCarpe Diem:

Ninguém volta de lá debaixo para dizer-nos o que aquilo é, informar-nosdo que precisam, tranqüilizar os nossos corações até o momento em quenós próprios devamos nos encaminhar para o lugar ao qual já chegaram.Em vista disso, sê alegre, segue o teu desejo, enquanto tens vida (...)ninguém que esteja no túmulo pode ser salvo por lamentações. Vê, passaum dia feliz! Não te preocupes! Vê, pessoa alguma leva consigo os seusbens; vê, ninguém volta, desde que tenha partido (...)(AYMARD, 1960,p.78).

Outros acreditavam na possibilidade da ressurreição,embalsamando seus mortos, preparando ritos de passagem proporcionando uma forma de o ressurgir tornar-se real de acordo cosuas crenças. Eles criam em muitos aspectos da personalidade, acreditavaque uma pessoa tem diversas almas, dentre elas destacam-se: Ba, Ka e Akh. O Ba é a personalidade, podia ir onde quisesse e assumir qualquer formera quase sempre mostrado como um pássaro de cabeça humana

representava o espírito que enfrentava o julgamento no além; oKa era aforça vital, ficava no túmulo extraindo força das oferendas de comida. E

Page 67: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 67/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 66

com freqüência representado como um par de braços erguido. Dizia-se qKa é a substância primordial, o fluido imaterial, cujos elementos penetranos mais diverso envoltórios, o principio da vida e da geração, sendo conjunto ao mesmo tempo múltiplo e único das qualidades físicas, moraiintelectuais que constituem o ser perfeito; o Akhera um iminente espíritoglorificado que andava com os deuses e com as estrelas que os egípcichamavam de “as imperecíveis”. Era representado como um Íbis cocrista.

A partir da separação das almas, a doutrina sobre o outro mundo diversa e modifica-se em cada um dos três períodos do Egito faraôniantigo: No antigo império utilizavam-se os “textos das pirâmides”, na dinastia, por volta de 2500 a.C.; para o médio império utilizava-se o“textos dos sarcófagos”, um pouco antes de 2100 a.C., na XI dinastia; pao novo império e todo o período posterior, utilizou-se o “livro dos mortosrolos e papiros cobertos com ilustrações e textos colocados junto àmúmias. Cada um deles contém particularidades do outro, mesmo o“textos das pirâmides”, contém formas de culto anteriores às do momen

em que foram escritos.Pouco ou quase nada se sabe da sorte dos pobres no antigo impérios faraós usufruíam da chance de retornar, pois eram embalsamados mumificados. Os textos das pirâmides tratam, exclusivamente, do destido rei, enquanto os “textos dos sarcófagos” revelam a doutrina do rei scomo a reinante na vida após a morte, havendo a idéia de um julgamenmoral. Para o novo império, os mortos vivem, sobretudo no “ocidente”, reino subterrâneo deOsíris. É difícil compreender a coerência dessemundo dos mortos onde o sol percorre o céu, inversamente Ré leva luz ecalor às regiões tenebrosas. As descrições são vagas, onde os mortos oeram servidos por numerosos “fiadores”, ora cultivavam; ora retornavamterra, ora ficavam no seu túmulo. Há uma justaposição de escolhas darbítrio para a felicidade, mas a idéia é que tudo corria em perfeitorganização, embora seja imprecisa a exposição de como se dava. No livdos mortos, obtinha-se ajuda para a viagem para o outro mundo. Após

chegada, o morto é levado ao tribunal, onde seus atos são julgados diando deusOsíris. Anúbispesa o coração do morto com a “pena da verdade”;

Page 68: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 68/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 67

se ele houvesse tido uma vida boa, significava um coração tão leve quanuma pena, um coração pecador pesava mais que a “pena da verdade” e ecomido por um monstro. O deus da sabedoria,Toth, desempenhava o papel

de escriba, anotando o veredicto quando do término do julgamento. Ovirtuosos de coração leve ganhavam a vida eterna.Quanto à Grécia pode-se dizer que, no século VI a.C., Atena

sofreu com uma praga. Seguindo uma tradição grega, Diógenes Laércium autor grego do século III a.D., em sua obra “The Lives of EminePhicosopher”, v 1, p. 110, escreve a narrativa que se passa no campo dmarte onde o conselho da cidade se reuniu para saber o que fazer. Ap

consultar seus oráculos26

tentando apaziguar os seus deuses, aquelescidadão nada conseguiram. Contudo, a sacerdotisa afirma ainda existir uDeus bom, poderoso e grande, cujo nome não sabe pronunciar, mas qutem dentre seus seguidores um homem chamado Epimênides, umestrangeiro da cidade de Pereu.

O conselho mandou Niceas buscá-lo. Após chegar a AtenasEpimênides espantou-se com as centenas de deuses atenienses. Subindo

colina ao campo de marte, ele diz para que se providencie um rebanho ovelhas sadias brancas e pretas, pedreiros, pedras e argamassa parconstrução de altares. Na manhã do dia seguinte, não havendo as ovelhcomido após o descanso noturno, Epimênides ora ao Deus desconhecido Agnostothco –pedindo compaixão pela cidade carente de misericórdiaoferecendo-lhe em sacrifício as ovelhas que a Divindade escolher. Comforma de saber sua vontade, pediu para que Deus escolhesse para si dfamintas ovelhas nos pastos da colina, as que não comessem a relva e sideitassem sobre ela. Várias ovelhas deitaram, Epimênides mandou separlas e ordenou aos pedreiros a construção de altares para sacrifício onde ovelhas haviam deitado. Nos altares foram escritas as palavras “Ao Dedesconhecido”. O sacrifício foi feito e a praga retirada da cidade. Atenas encheu de júbilo, os doentes, em pouco tempo, ficaram sãos, o povLouvava “Ao Deus desconhecido”. Anos após o feito, os ateniens

26 Em grego –Chresmós. Pretendidas respostas dos deuses às perguntas dos homens. Olugar onde o Deus (sic) era interrogado também tinha o nome de oráculo, assim comopessoa que servia para comunicar as respostas dos Deuses, de intermediária entre homens e a divindade.

Page 69: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 69/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 68

esqueceram da prodigiosa ação redentora, poucos altares sobraram ptestemunho.

Quanto à existência de Epimênides, Platão escreve, em “Leis”, quesse profetizou, ao mesmo tempo, que dez anos mais tarde um exércipersa atacaria Atenas, mas retrocederiam frustrados após sofrer derrota. profecia se cumpriu, Epimênides foi o intercessor de um tratado damizade entre Atenas e Cnossos. Ainda sobre as referências, numa dobras de Aristóteles intitulada Theart of Rhetoric, livro 3, 17, traduzidpor J. H. Freese, há uma nota de rodapé comentando a praga de Atenas elivramento. Segundo Don Richardson: Diógenes Laércio não mencioque as palavras Agnosto Theoestavam escritas nos altares de partes daÁtica, podendo ser vistos altares sem qualquer nome gravado, servindo memoriais para esta expiação27.

O fato de tal inscrição achar-se em pelo menos um altar éconfirmado por Lucas, um médico do primeiro século a.D., ao descrever aventuras de Paulo, o apóstolo cristão, Lucas menciona um encontresclarecido de modo impressionante pela história de Epimênides. Quande seu discurso no Areópago, Paulo reconheceu no altar “Ao Deudesconhecido” a adoração feita a um Deus supremo, o mesmo que epregava. Não cabe aqui uma explicação concentrada no fato que esdescrito em Atos 17.22-31, o fato é que a anunciação de um ser grandioestava intrínseca em Atenas muitos séculos antes da chegada de Paulo. personificação deTheoque, mais tarde, quando da tradução dos escritossagrados para a septuaginta, foi utilizada como equivalente paraEloim;sendo, segundo os grandes filósofos, Xenofonte, Platão e Aristóteles, esnome devido apenas à personificação de um Deus Supremo28.

Por muitos séculos antes da era cristã, os gregos eram detentores da vidaintelectual mais vigorosa e mais desenvolvida no mundo. Problemas

27 Dois outros escritores da antiguidade – Pausânias, em sua obra “Description of Greec(“Descrição da Grécia”) (v 1.p. 4), e Filostrato, em sua obra, “Appolonius of Tyan(Apolônio de Tiana), referem-se porém a “altares a um Deus desconhecido”, sugerinque uma inscrição nesse sentido estivesse gravada neles.28 Enciclopédia Britânica, 15 ed. v.13.p. 951 e v. 14, p. 58.

Page 70: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 70/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 69

sobre os quais os homens sempre cogitaram: a origem e o significado domundo, a existência de Deus e do homem, o bem e o mal, (...) do sextoao terceiro século antes de Cristo, um grande movimento intelectualsobre assuntos filosóficos e teológicos ocorreu entre os gregos,movimento no qual pontificaram os mais profundos e influentespensadores do mundo, ensinando muita coisa que até hoje perdura(NICHOLS, 2000, p. 19).

A cultura grega não viveu apenas de um Agnosto Theo, os homensdesviaram sua conduta do objetivo traçado anteriormente, construíramimportaram para si deuses para cultuar, dentre esses, os deuses ma

importantes viviam eternamente em um local que chamavam de OlimpPrimitivamente, essa morada era localizada no alto do monte Olimpo, Tessália, mas, logo passou a ser situada entre as nuvens, em algummisterioso lugar do céu, e a palavra “Olimpo” tornou-se uma verdadeiabstração.

Dentre os principais deuses olímpicos doze eram mais importantee mais poderosos que os demais: seis filhos doTitã Cronoseis filhos de

Zeus. O cânon mais aceito incluía Zeus, Era, Demíter, Poseidon, Afrodite, Atena, Ares, Hefesto, Apolo, Ártemis, Hermes e Dionísio. Havia tambémum décimo terceiro deus que não vivia no Olimpo, e sim em seu reino,mundo subterrâneo, o chamavam de Hades.

Ao reportar-se para as Américas, depara-se com civilizaçõeorganizadas, em algum grau, mais desenvolvidas que as do Velho Mundcontudo, a cultura de uma história escrita no sentido atual tem pouca coi

obtida pelas pesquisas e muita a ser interpelada por sua produção ou fadela. O desaparecimento rápido das civilizações ameríndias deu-se peinvasão européia e sua destruição de tudo que não fosse “civilizado”, paa implantação de uma formação civilizadora aos remanescentes domassacres implementados. Quanto à cultura e religião no continenamericano, três povos merecem destaque: os maias, incas e astecas.

Pouco se sabe a respeito da civilização maia, quando osconquistadores chegaram à América os maias já não existiam. Acivilização maia organizou-se como federação de cidades-estado e atingseu apogeu no século IV. Nesta época, começou a expansão maia, a part

Page 71: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 71/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 70

das cidades de Uaxactún e Tikal. Acreditavam descender de um totemtinham uma religião politeísta, após manter contato com os toltecaintroduziram rituais sangrentos em sua religião. Adoravam a natureza, eparticular os animais, as plantas e as pedras. Eles utilizavam uma escrihieroglífica que ainda não foi totalmente decifrada. A arte maia expressse, sobretudo, na arquitetura e na escultura. Suas monumentais construçõ– como a torre de Palenque, o observatório astronômico de El Caracol os palácios e pirâmides de Chnchén Itzá, Palenque, Copán e Quirigá eram adornadas com elegantes esculturas, estuques e relevos. Os maitinham grandes conhecimentos de astronomia e matemática, tanto qu

produziram um calendário cíclico de notável precisão. Na realidade, sdois calendários sobrepostos: o tzolkin, de 260 dias, sendo o calendárlunar, e o haab de 365 dias, o calendário solar. Seu calendário de 365 direvelou-se mais exato que o utilizado então na Europa. Além disso, conheciam o zero.

A origem dos maias é desconhecida, embora seja sabido que suformação se deu de imigrantes que desceram da América do Norte para

Central onde encontraram os olmecas. Havia uma variedade de línguas npovos do mesmo “tronco lingüístico”. A época denominada “VelhImpério Maia”, compreendida, segundo alguns especialistas, desde 317 a987 d.C. se dividia em três períodos: o Antigo, de 317 a 633; o Médio, 633 a 731 e o Avançado, de 731 a 987. Estes três períodos foramprecedidos pela fase Matzael, do ano Domini a 250 d.C.

O período Antigo era aquele em que a experiência culturaacumulada pelos maias durante o horizonte formativo se manifestava coa presença das estrelas de pedra esculpidas, a abóbada de pedra angular eseu primeiro período e a fase cerâmica Tzakol. O período Médio era época da afirmação dos êxitos culturais alcançados pela escultura, escrhieroglífica, construções e da consolidação dos territórios adquiridos nperíodo anterior. Continuou a evolução da arquitetura e o aparecimento cerâmica Tepeuh. Os centros cerimoniais se multiplicaram no períodmédio e o “Velho Império” cresceu em todas as direções. O períod

Avançado foi propriamente a idade de ouro da cultura maia, o tempo e

Page 72: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 72/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 71

que o império alcançou sua maior extensão, indo da Guatemala, ChiapaCampeche, Yucatán até Honduras.

Os maias desenvolveram a escrita hieróglifa, a astronomia e matemática, após estabelecerem-se ao norte da península de Yucatán. sua organização social e estatal era bem definida, com diferentes classsociais e profissões. Seus templos, com base retangular, denotam influência dos toltecas. Suas bases superpostas davam forma a pirâmidescalonadas, coroadas por uma plataforma, com a correspondente pedra sacrifícios. No centro, na parte superior da pirâmide, ficava o altar dsacrifício e oferendas aos deuses. A decoração, com figuras de deidad

antropomórficas e animais simbólicos, completava o quadro. Essapirâmides e torres escalonadas são a expressão fundamental daarquiteturas maia e asteca. Uxmal, ou Yucatán, são os centros mairepresentativos da civilização maia e, em Uxmal, encontra-se a Pirâmido Adivinho. Sobre o novo centro do império maia, Munford observarelato feito por Landa e faz algumas considerações:

Não eram tão concentrados nem tão densamente apinhados emquarteirões coongestionados como nossas grandes e pequenas cidades.Pelo contrário, eram espalhados por amplos subúrbios de populaçãomenos densa, tocando-se em pequenas formas contínuas – um tipo desuburbano de ocupação, em contraste com um tipo urbano densamenteconcentrado (...) os conjuntos de edifícios públicos, templos, santuários,palácios, pirâmides, mosteiros, salões, plataformas de dança, não seachavam geralmente dispostos ao longo de ruas e avenidas (...) em vezdisso, os edifícios eram erigidos ao lado de pátios e praças que

constituíam os recintos religiosos e as seções governamentais e decomercio da cidade (MUNFORD, 1998. p. 99).

Os astecas chichimecas avançaram por sobre o território centramexicano por volta de 1200 d.C., formado por grupos de caçadores agricultores, quando a maior parte da região já se encontrava ocupadInicialmente pagavam tributos à tribo tepaneca de Atzcapotzalco. E

1440, a agressividade dessa tribo causou o surgimento de uma tríplicaliança entre as cidades de Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopán, que derrotos tepanecas e iniciou sua expansão territorial pela zona ocidental do va

Page 73: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 73/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 72

do México.Tenochtitlán tornou-se uma grande cidade, com cerca de300.000 (trezentos mil) habitantes. Era muito maior que qualquer outcidade do mundo na época. Em sua construção sacra havia sete templos –grande pirâmide em degraus ficava no centro do recinto sagrado e Tenochtitlán. No topo, estavam os dois santuários dedicados a Huitzilopochtli, deus do sol e da guerra, e aTlaloc, o deus-chuva. Era nelesque os astecas realizavam suas cerimônias envolvendo sacrifíciohumanos. Os sacerdotes matavam as vítimas sobre o altar, no topo dpirâmide. Seis outros templos houveram sido construídos anteriormente local pelos astecas.

As origens do universo estruturam-se sobre mitos de consideráveforça, onde os deuses, para criar os astros, teriam se lançado sobre o fogtransmutando-se no sol, na lua e nos demais astros. A estrutura do univerasteca mostra-se como uma cruz. Ao norte localizava-se o país das treva Mictlantecuhli. A oeste, encontrava-se um grande jardim, onde tambémficavam as deidades femininas. O centro era dominado pelo deus do fogoa quem se lançavam algumas migalhas e gotas de bebidas antes da

refeições, como oferenda. No leste,Tlalócera responsável por um país degrande abundância. E, ao sul, estava um local de grandes secas e de muitespigas. Esta estrutura cruciforme teria nascido quandoQuetzalcoátl,transformado em cão, Xolotl, resgatou os ossos sem carne dos mortos,banhando-os em seu sangue para dar-lhes vida.

A religião asteca pressupunha uma escatologia caótica edevastadora. Muitos universos já haviam existido, todos eles acabando maneira drástica, o mundo sendo arrasado por deuses diferentes, que nverdade eram apenas aspectos diferentes de um único poder supremo. Oprincipais eram vinculados ao ciclo solar é à atividade agrícola. O demais venerado eraQuetzalcoaátl, a serpente esplumada, criador dohomem, protetor da vida e da fertilidade. Os adorados eram as forças dnatureza e os líderes tribais totemizados. ApenasQuetzalcoátl– um reisacerdote lendário - era exaltado por sua bondade e recebia oferendas flores, não de sangue. Os astecas acreditavam que, para se fortalecer,

deus-sol precisava de sangue de corações humanos. Sem o sangue, o smorreria e o mundo chegaria ao fim.

Page 74: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 74/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 73

Todos os rapazes eram treinados para ser guerreiros e osprisioneiros destinavam-se ao sacrifício. Os guerreiros que conseguissefazer o maior número de prisioneiros tornavam-se ricos e poderoso

Acreditavam que, depois da morte, a alma faz uma longa e dolorosviagem, até chegar a um lugar chamadoMictlán, então deixam de existir.Elas finalmente encontram a paz no nada absoluto. Mas as almas doheróis e das vítimas dos sacrifícios vivem no céu com o deus-sol. Netodas as almas encontram descanso, algumas voltam para a terra na formde fantasmas, como mulheres que morrem no parto ou como o “machada noite sem cabeça”, que rasteja pelas ruas com um ferimento no peitpronto para devorar quem quer que encontre. O deus da morte asteca Mictlantecuhtli. Os sacrifícios feitos no altar do templo escorriam pelasescadarias. Eles comiam a carne das vítimas sacrificadas em refeiçõsagradas ou davam aos animais do zoológico doTlatoani.

A religião era uma atividade coletiva, ligada à sociedade e economia, sendo os deuses relacionados, freqüentemente, à agriculturaaos produtos cultivados; muitas das cerimônias relacionavam-se simbologia de renovação da natureza. Os escribas e os sacerdoteinventaram o calendário para medir o tempo. Os astecas acreditavam quemundo poderia acabar, que o mundo já havia acabado quatro vezes e qseu mundo era a quinta e última criação. Eles tinham dois calendários maimportantes, o sagrado, com 260 dias e o dos agricultores, com 365 diaOs sacerdotes também usavam um terceiro calendário, baseado nomovimentos do planeta Vênus, onde o ano tinha 584 dias. A cada 52 an(52 x 365 dias), o ano do calendário sagrado e o do calendário do

agricultores terminavam com cinco dias de diferença. Durante essperíodo, os astecas achavam que o mundo poderia acabar. O ano dagricultor tem 18 meses, com 20 dias cada, mais cinco dias extras. O atem vinte dias para perfazer treze meses. Depois de dezoito mil novecente oitenta dias, ou seja, setenta e três anos sagrados ou cinqüenta e dois ande agricultores, os dois calendários terminavam juntos nesses cinco últimdias os astecas celebram a cerimônia do fogo novo em que o coração dvítima sacrifical era retirado e oferecido enquanto em seu peito sãcolocados feixes, gravetos até acenderem um fogo que é levado a todas casas da região.

Page 75: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 75/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 74

De forma parecida com as supracitadas, na América do Sul, surgiuma civilização tão grandiosa quanto surpreendente, tendo como sede seu império a localidade onde hoje está situado o Peru. Quando os incconquistaram os Andes, impuseram o culto ao deus-sol. Todas as tribconstruíram um templo em homenagem ao sol, mas o templo principficava na cidade de Cuzco, capital do Império Inca. Dentre os antigoTihuanacos, proveniente do lago Titicaca, surgiu a adoração ao “Mestre Mundo”, sua primeira divindade chamado deViracocha Pachayachachi,aquém era atribuída a criação de todas as coisas.Viracochasurgiu da água,criou o céu e a Terra e a primeira geração de gigantes que viviam n

obscuridade. Era um deus nômade, adorado principalmente pela nobreza.Sua organização social era muito hierarquizada. No topo estava

imperador, chamado “filho do Sol”; depois da alta aristocracia, à qupertenciam os sacerdotes, burocratas e os curacas – cobradores dimpostos, chefes locais, juízes e comandantes militares; camadas médiasartesãos e demais militares; e, finalmente, os camponeses e escravos. idioma dominante foi o quéchua que serviu de instrumento unificador

império inca. Como não tinha escrita, a cultura era transmitida oralmenA religião inca era mistura de culto à natureza – sol, terra, lua mar montanhas – e crenças e mágicas.

Há uma peculiaridade interessante que teve o construtor de Cuzcoa capital do Império, fazendo-a sobre uma rígida planificação urbana eforma quadriculada. Os edifícios incas se caracterizam pelamonumentalidade e sobriedade. Suas cidades eram verdadeiras fortalezconstruídas com grandes muralhas de pedra, a cidade-fortaleza de MacPichu é o exemplo mais espetacular dessa arte, construída sobre ummontanha elevada, foi o último refúgio da nobreza inca em sua fuga dinvasores espanhóis. Pachacuti, ao construir Cuzco, fez tudo em escagrandiosa, palácios, fortes, um novo templo dedicado ao sol. Mandoerguer um recinto dourado em Coricancha de beleza tamanha a ponto Francis Maison dizer que “rivalizava em esplendor com o templo dSalomão” (MASON, 1861, p. 21).

Em 1575, o sacerdote espanhol Cristobel de Molina relacionovários hinos incas com hinos da aculturação espanhola, segundo Alfr

Page 76: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 76/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 75

Metraux “as formas e expressões usadas são basicamente diversas dencontradas na liturgia cristã na língua Inca”(MATRAUX, 1969, p. 126).

Pachacuticomeçou a se indagar sobre o deus-solInti, receoso deestar adorando um objeto criado e não o criador de tudo. Lembrou-se Viracocha –o criador onipotente de todas as coisas – e do santuárioproduzido para adorá-lo no passado chamadoQuishuarcancha. Seu pai oadorava após toda uma visão em que Hatun Tupac– o criador de tudo –fez-se chamarViracocha.A descoberta de um ser grandioso o fez refletir oaprisionamento de seu Deus Inti que sempre fazia o mesmo percurso nocéu; um Deus que ao dar luz a uns, a nega a outros; não consegue ficar

vontade descansando, sendo isso imperfeição; seu poder se encobre pqualquer nuvem no céu.Don Richardson faz referência ao Dr. B. C., da Universidade d

Oklahoma, nos E.U.A., nessa citação é reavivada a memória dos súditos classe superior, no discurso proferido por Pachacuti quanto ao onipotenViracocha.

(...) ele é antigo, remoto, supremo e não-criado. Também não necessita desatisfação vulgar de uma consorte. Ele se manifesta como uma trindadequando assim o deseja... caso contrário, apenas guerreiros e arcanjoscelestiais e arcanjos celestiais rodeiam a sua solidão. Ele criou todos ospovos pela sua ‘palavra’ (sombras de Heráclito, Platão, Filo e o ApóstoloJoão!), assim como todos os Huacas, (espíritos). Ele é o destino dohomem, ordenando seus dias e sustentando-o. É, na verdade, oprincípio da vida, pois aqueles os seres humanos através de seu filhocriado,Puchao (o disco do sol, que de alguma forma se distinguia de Inti). É ele quem traz a paz e a ordem. É abençoado em seu próprio ser etem piedade da miséria humana. Só ele julga e absolve os homens,capacitando-os a combater suas tendências perversas(Richardson, 1995,p. 31).

Convencido a respeito deViracochae do poder satisfatório de Inti,o rei convocou seus sacerdotes e súditos das classes superiores para lhfalar sobre a redescoberta de Hatun Tupace da necessidade de adorá-lo. Ossacerdotes de Inti, o deus-sol, discordavam das declarações do rei, embora

Page 77: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 77/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 76

vários súditos fossem afeitos à idéia. Por uma questão de segurança sociem receio a um levante popular ou cínica incredulidade chegou-se aconsenso de que o povo das classes mais baixas continuaria adorando Inti,enquanto a “nobreza” adorariaViracocha.. Pachacuticedeu às pressõesdiplomáticas pensando que nem futuro a assimilação desse Deus pudesser feita por todo o povo. Não sabia ele que um século mais tarde oespanhóis aportariam em suas terras e destruiria a civilização.

No Panteão Inca havia outros deuses que também eram adorados: lua, os deuses do arco-íris, do trovão, da terra, porém, sobre todos elreinava o deus criador,Viracocha, que era o pai e a mãe do sol e da lua. Areligião inca era de caráter politeísta e havia sacrifícios humanos parasatisfação dos deuses.

Segundo a cultura inca, a criação foi feita em três etapas, com umprimeira criação,Viracocha Pachayacachiformou o mundo em umprimeiro ensaio, sem luz, sol e sem estrelas, ao caminhar pelas imensasdesertas pampas da planície, viu que os gigantes que havia formado eramuito maiores que ele, então resolveu transformá-los em homens, comestatura parecida com a sua, como são atualmente, ordenando-lhes quvivessem em paz, ordem e respeito. Contudo, os homens fizeram o que emau, se renderam à vida ruim e aos excessos, sendo amaldiçoados pViracocha, que os transformou em pedras, animais, enterrou alguns eforam absorvidos pela água. Em seguida, despejou o dilúvio e todopereceram, exceto três pessoas que o adoravam e resolveram ajudá-lo esua nova criação, assim, decidiu dotar a terra com luz, criou o sol, a luaas estrelas.

O sol foi chamado de Inti, “servo deViracocha”, tornou-se adivindade mais popular entre os incas, exercendo soberania no plansuperior ou divino, havia muitos templos e santuários para louvá-lo, onlhe eram rendidos ouro, prata e as chamadas virgens do sol. Mama Quilla era considerada a esposa do sol e mãe do firmamento sendo muito adorapor uma ordem de sacerdotisas que se espalhava por toda a costa peruanNo plano intermediário, o imperador chamado “filho de Inti” reinava sobreos homens.

Page 78: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 78/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 77

Ao voltar os olhos em análise ao Oriente Próximo, depara-se comum conjunto de civilizações que habitavam a costa leste do MediterrânePelas diminutas provas arqueológicas encontradas até o início do sécu

XX, pode-se dizer que pouco se sabe sobre os povos de Canaã. Entretané certo dizer que eles habitaram as portas do Oriente Próximo, algunmilhares de anos antes de Abraão. Esses povos pouco deixaram de legapara o conhecimento de sua cultura, em parte pelos ataques sumério fenício, também pelo povo de Israel ter destruído cidades inteiras nPalestina e os ataques dos “povos do mar”. Até 1928 d.C., o que se sabde Canaã provinha essencialmente de três fontes: da arqueologia ecidades palestinas como Megido, Betel e Jericó, onde foram encontradobjetos, cerâmicas, utensílios domésticos, armas e construções, manenhuma escrita; a segunda fonte é a literatura de povos contemporânecomo os hititas (do norte), acadianos (do leste) e egípcios (do sul); terceira fonte é o Antigo Testamento da Bíblia.

Em 1928, um lavrador sírio acidentalmente encontrou um buracfora do comum, de início, pensou ser um túmulo antigo. Após escavaçõdescobriu-se a cidade de Ugarite, próxima à costa mediterrânea, nterritório sírio atualmente chamado de Rãs Xamra. Lá foi encontrada umcidade interna como palácio, templos, casas, bibliotecas e várias outrdescobertas. Com isso, muito se pôde perceber das sociedades cananéiaNão só pelo seu alfabeto próprio, como pela percepção de um“cosmopolitana” quantidade de textos escritos em sete línguas distintas,que revela uma relação entre Ugarite com outras cidades. Nessa cidadtambém foram encontradas estátuas e figuras de Baal, um Panteão como

em outras civilizações do Oriente Próximo e a inscrição acerca de ugrande dilúvio.Os cananeus tinham, além dos documentos oficiais de

governabilidade e comércio, várias lendas, epopéias e mitos. Estes contaprincipalmente as ações contidas na figura deBaal, deus do céu e dachuva; seus principais adversários, Iam, deus do mar, e Mote, deus damorte; deuses e deusas em relacionamentos com os humanos.

O Panteão cananeu, de acordo com os textos encontrados na Síriaachados arqueológicos, desenvolve-se de forma a haver uma epopéia, co

Page 79: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 79/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 78

variações e similaridades às teofanias acadianas, sumérias, egípcias babilônias. A seqüência como se dão os episódios contidos em uma dúzde tábuas de argila, não é aceita por todos os estudiosos, contudopensadores como Willian White Jr., Merril C. Tenney e J. I. Packeassinalam a veracidade seqüencial que se subscreve.

Baal, filho de Dagon,guerreia com Iam. Se Baal triunfar, a terraserá fértil naquele ano, se perder, haverá morte e esterilidade.El, o senhordos deuses, o mesmo da literatura acadiana e suméria, abriga Baal juntamente com outros deuses, mas cede quando Ian envia mensageiros, eentrega Baala Ian à derrota. Nas tábuas seguintes, onde estão gravados osepisódios, ora Baal vence, ora não. Baal luta com dois bastões mágicosfornecidos porCotate-ua-Cásis, inventor das armas, instrumentos musicaise deus do artesanato. Baal tinha três filhas:Tália, deusa do orvalho; Arsia,deusa da terra ePadria, deusa das nuvens; além de sua consorte, Anate;deusa da guerra, do amor e da sensualidade. Anate, filha deEl e Aserá, namitologia cananéia tão forte e decidida quanto Hera, na grega. Elaconvence seu pai a fazer tudo o que ela quer, e ela própria realiza todos

desejos de Baal. Os feitos de Anatedão conta de ela ter esmagado Iam,aniquilado o grande rio, amordaçado o dragão, suplantado a serpentesmagado o monstro de sete cabeças e o deus Mote.

As guerras, os conluios, acordos e bestialidades estavam presenteno domínio dos deuses e práticas humanas, como quando Baal teverelações sexuais com uma novilha, a fim de ter um herdeiro, antes de para o mundo subterrâneo. Todos esses e outros relatos demonstram relação existente entre os habitantes de Canaã; um deus supremo fracmonstros e poderosas construções imaginárias. Israel os conheceu quanadentrou a terra prometida e Deus incisivamente proibiu a contaminaçcom tais práticas. Os salmos e profetas citam essas figuras cananéias, ncomo engodo às práticas, mas para demonstrar que mesmo as mais fortfiguras cananéias não resistem ante o Senhor Todo-Poderoso. Do contrárno Pentateuco e livros históricos haveria a referência à criação de tudo, acordo com Canaã, e a proclamação dos deuses cananeus com

verossímeis.

Page 80: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 80/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 79

Há na mitologia cananéia não apenas um Baal, mas cada cidadetinha o seu, sendo mais de cem balains. Seus “sacerdotes santos” erahomossexuais e suas “sacerdotisas” eram prostitutas.El, às vezes era

chamado de “o touro” e Israel tinha o conhecimento disso, basta lembrdo bezerro de ouro produzido por Arão, os bezerros de ouro erigidos pJeroboão em Betel e Dã (1 Rs: 12.28 e 29), a menção aos objetos cananecomo Aserá e seus aserins (Ex: 34.13; Dt: 7.5; 12.3; Jr: 6.25; 1 Rs: 14.15

Várias civilizações do Oriente Próximo tiveram um governocentral, Canaã era governada por um régulo, e esses, governadores orégulos, associados, controlavam toda a Canaã. No capítulo 12 do livro

Josué está contido o fato de Israel ter combatido 31 reis na conquista Canaã.Alguns eruditos afirmam que Canaã não foi conquistada conform

a Bíblia descreve. Contudo, é preciso lembrar que Deus deu a terra aisraelitas e o estilo de vida dos cananeus era imoral diante de Deus (G15.16; Ex: 23.24, 32 e 33). Foi ordem divina o ataque israelense a CanaNão se podia saquear as cidades como era costume em outras nações, tu

iria para o tesouro da casa de Deus, porque Israel tinha um padrão único,um pecasse, todos sofreriam. A guerra não era o fim principal de Israel, etinha que ser bênção, além dos dias da conquista de Canaã, somente ndias de Davi Israel teve um exército permanente. Israel poderia escolhmatar, expulsar ou escravizar Canaã, e preferiu o terceiro.

Page 81: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 81/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 80

CAPÍTULO IV

OOOO Criador se Faz Manifesto

or milênios, desde a criação, os homens têm buscado oconhecimento de Deus. As dificuldades se dispõem em meio a essbusca pela impessoalidade expostaa priori – atos e fatos precisam

de especial elucidação para que a criatura reconheça seu Criador. Esreconhecimento não se dá pela cognição existencial, já que o ato em si nnecessariamente representa a ação do agir, logo, se diz que o fazer-spresente permeia as margens do pensamento sem que, contudo, a presenseja notada. Por isso, alguns princípios necessitam de temporal elucidaçãExegeticamente, o legado religioso animista pouco fundamenta a figura

um ser grande, autêntico, valoroso, mesmo que em suas posteriorecorrentes o ator criacional não se põe centralizado nas formas de coesdas racionalidades temporãs.

No pensamento religioso pré-mosáico, vertente no Oriente Próxime Eurásia Setentrional, o princípio ativo do pensamento necessita de açpara cognoscência. Um Deus que aja com interação é capaz de se sobrepa todas as coisas, fazendo de seu nome algo grandioso, e mais que isso,

implicação de um processo dinâmico ardoroso de adoração pelsacralização de suas palavras. Alguém tão grandioso não pode aparecer nada e ditar ordens, o imaginário humano não concebe tal prospecçã

P

Page 82: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 82/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 81

Tem-se de considerar fases de elucidação, experiências do dinamismatuante numa acelerada sociabilização cultural heterogênea, masubstancialmente correlata.

Para que o estudo não se perca em elucidações detalhísticas dessprocesso tão longo quanto complexo no decorrer de milhares de anos, qpode ser aprofundadamente estudado em obras como as de DoRichardson (1995) e Spalding (1977), a experiência humana da revelaçdivina será dividida em três partes que se completam.

Em primeiro lugar, gerações passaram e o Eterno esteve cuidandoora mais proximamente, ora afastado pelas orgias e pecados humanos. simbologia aplicada à revelação geral divina constituída em Gênesis:1até o verso 32 do capítulo 11, apresenta-se como resumo primordial do qdescreve o salmista: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamenanuncia as obras de suas mãos” (Sl:19.1). Essa simbologia da “RevelaçGeral de Deus” à humanidade, antes de haver escrita ou grupos coreligiões, toda a existência criada por obediência à ordenança divinexprime a Sua magnanimidade de forma a engrandecer o Seu nome. O q

prova o não abandono de Deus a Sua criação como querem alguns teóricressaltar pelo fato de, após o sexto dia, Ele descansar. O ato criadoencerrou-se ao sexto dia, não querendo dizer que, por Seu bel-prazer, Criador tenha abrandado o Seu Espírito e refutado o estar com os Seus. EGn:1.31, pode-se ler: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muibom”. Algo só é bom para alguém se for agradável, e pelo agrado vemaceitação, assim sendo, não se implica refutar ou uma mera questão d Maiêuticaou Erística - “Quando ouviram a voz doSENHORDeus, queandava no jardim pela viração do dia (...)”, Gn:3.8. – Ele continuavpresente após o sétimo dia. Completada a criação, as criaturas em seu vigrevelam a existência de alguém singularmente Sublime.

Em segundo lugar, uma revelação geral pode ser integrada a muitaidéias, dando ênfase a possibilidades não dissociadas de uma humanidacorrupta e etnocêntrica. Por isso, o Criador usa de uma “revelaçãespecial”, num momento posterior, quando chama a Abrão e se revela

ele. Não se trata de Abrão ser melhor que os outros homens; o Eterno qu“dar mais um passo” rumo ao anseio humano, escolhe um homem para s

Page 83: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 83/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 82

testemunha de Sua existência e na presença humana abençoar a “todas nações da terra”. Alguém pode perguntar sobre a grandeza do Criador eintensidade de Seu poder a ponto de redimir os homens. Ele pode fazisso, Sua capacidade é superior ao imaginário encefálico humano, só qEle não quis assim. Não se pode exigir de um credor o perdão da dívida, do proprietário a abdicação dos pertences. A Ele toda a glória, honrpoder, majestade, riqueza, força, sabedoria, louvor e tantos mais atributquantos se possam mencionar. Ainda assim, Se revelou a Abrão, por um“revelação especial”, fez-lhe descendência, escolheu-a como Seu povtornou-a nação, separou-a como testemunha proclamadora de Seu Pla

Redentor.Em terceiro lugar, a personificação de Deus mentalizada e

assimilada acresce a Seu nome uma dimensão trina que se complehomogênea, sendo distintamente separada. A forma personificada ontoma a figura humana para pagamento da dívida existente. OFilho do Homemnasce como promessa para uma humanidade caída no lamaçal dseus pecados, subserviente a suas luxúrias concupiscentes. Sua forç

denota o Mishiahmandado por Deus, tantas vezes esperado e esquecidocondizentemente descrito na Halachot 29 do judaísmo posterior. O Serdivino em sua totalidade, nascido em carne por obra do Ruah,transcende ainteligibilidade dos seres terrestres, sua atuação como prometido ecomunhão com o Consolador traz à tona o papel humano da busca a quese faz presente. Não é uma mera questão de teleologia, mas de amor ágapdando início a uma nova jornada.

O Deus trino manifestou-se aos homens no decorrer de váriomilênios. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são três formas presentes dmesmo Ser magnífico, propiciador de bênçãos e ternas misericórdiaAlguém Justo, Santo, Aprazível, que permite ao homem escolher suatitudes e responsabilizar-se por seus feitos. Como um todo e em todos momentos, a presença de Sua existência permeia o ambiente terreno aquece o rim humano. É latente, no Velho Testamento, uma aproximaçãsucedida de um reconfortante despertar dos seres naturalmente religiosos

um pai protetor, apresentado por si próprio e interligado por um San29 Compêndio das leis judaicas.

Page 84: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 84/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 83

Ruah;no Novo Testamento, a manifestação maior é feita pela encarnaçãdo Santo de Israel, feito presente para o cumprimento da lei mosaica, porsua propiciação sacrificial espontânea; a terceira pessoa atua desde o iníc

dos tempos, contudo, sua principal forma é posta após a morte dCordeiro, na consolação dos filhos da obediência.Esse que se exprime como Espírito puríssimo, é imortal

completamente livre e absoluto em Si. Conhece toda a Sua criação, poisonisciente, está presente em todos os lugares ao mesmo tempo, sendo Spoder ilimitado, sem precedentes na eternidade. De Sua glória imutávdemonstra amor, compaixão, graça e misericórdia por Suas criaturas. Es

além da psikë, em sua inexprimível infinitude e imutabilidade. Destaca-Sem muitos aspectos. É ressonante em Si por eternidades seqüenciais, eum tempo totalmente diferente do que conhece e percebe o intelechumano. A tentativa de compreensão do Invisívelem um fatorcronos é como delimitar e seqüenciar o inexprimível, pelo fato de Se apresentkairòs. Poder ver a tudo e a todos em qualquer lugar, a qualquer tempoem qualquer circunstância, num mesmo momento.

Em Sua forma trina se apresenta em Sua criação como um todo, ncoração ansioso por não estar solitário de Seus eleitos, e no livro quinspirou a homens santos do povo escolhido para escreverem Suas palavre fazerem missões aos povos, falando de Sua existência. A esse livro qinspirou foi dado o nome de Sagradas Escrituras. Nelas estão contidas palavras de consolo, a manifestação de Seu caráter vivo, a busca humapor Sua presença e o plano salvífico para a redenção. Ao falar eminspiração divina reporta-se a “soprada ou exalada” a mesma do início criação, mostrando que a inspiração é o sopro do hálito de Deus dentro homem30 para transmitir sua mensagem através da palavra a ser reveladaTodas as tribos, povos e raças têm sua língua, seus costumes e susocialização; portanto, era necessário transmitir a mensagem por uportador capaz de disseminá-la com autoridade e credibilidade de urepresentante legitimamente escolhido.

30 O homem passou a ser “alma vivente” – Nephesh Hayyâ,Gn: 2.7. A alma tem o sentidode “ser”, “eu” e é empregada na Bíblia para homens e animais, vivos ou mortos. Outrtermos utilizados na Bíblia para vida são Rüah– espírito – e Neshãmâ– hálito, comoprincípios distintivos entre mortos e vivos.

Page 85: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 85/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 84

As Sagradas Escrituras foram escritas em aramaico, hebraico grego, durante um período de mais de mil anos. Dezenas de homens santforam instruídos a escrever para testificar ao mundo a promessa de urecomeçar de novo.

Nós estávamos lá quando Deus, o Pai, lhe deu honra e glória. Nós nãoestávamos contando coisas inventadas quando anunciamos a vocês avinda poderosa do nosso Senhor Jesus Cristo, pois com os nossospróprios olhos nós vimos a sua grandeza. Ele ouviu a voz da supremaGlória dizer: “Este é meu Filho querido, que me dá muita alegria!” Nós

mesmos ouvimos essa voz que veio do céu quando estávamos com oSenhor Jesus no monte sagrado.Assim temos mais confiança ainda na mensagem anunciada pelosprofetas. Vocês fazem bem em prestar atenção nessa mensagem. Pois elaé como uma luz que brilha em lugar escuro, até que o dia amanheça e aestrela da manhã brilhe no coração de vocês. Acima de tudo, porém,lembrem disto: ninguém pode explicar, por si mesmo, uma profecia dasEscrituras Sagradas. Pois nenhuma mensagem profética veio da vontadehumana, mas as pessoas eram guiadas pelo Espírito Santo quandoanunciavam a mensagem da vinda de Deus(2 Pe:1.16-21. NTLH).

A Bíblia é composta de duas partes principais, o Velho e o NovTestamento, num total de 66 livros, divididos em 39, no Velho Testamene 27, no Novo Testamento. A palavra “Testamento” significa vontade aliança. Assim pode-se dizer que o termo “Antigo Testamento” refere-antes de qualquer coisa, à aliança que Deus fez com os homens. “NEscrituras do Antigo Testamento são registradas a história do povescolhido por Deus, Israel, e sua relação de aliança com Ele para, por intermédio, abençoar todas as demais nações” (NARRA, 1991, p. 5).

A narrativa histórico-teológica bíblica não é seqüencial oucronológica. Pode-se dizer que ela está dividida em três partes: aTorah, osprofetas e os escritos. NaTorah, tem o início de um caminhar com Deus,que inicialmente se manifesta comoEloim e depois personifica Suapresença ao povo escolhido, sendo chamado deYawheh;o comportamento;as relações e condutas apresentadas como narrativas e formas revelador

Page 86: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 86/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 85

da presença de Deus com Seu povo. Os profetas, no decorrer da histórapresentam fatos cotidianos e suas conseqüências num futuro. Essavariadas literaturas expressas pelos escribas através da retórica proféti

fazem com que Israel e Judá tenham conhecimento do que Deus quer pasuas vidas. Mais que proposições comportamentais, os escritos proféticimplicam a interação homem-Deus e seu desenvolver historicamente. Oescritos reúnem literaturas variadas, de prosa a poesia; textos históriconarrativas de feitos, projeções futuras, a relação humana com seu próximem concomitância com a ação providente do Criador.

Esses 39 livros do Antigo Testamento, ainda que escritos em

momentos distintos, em diferentes locais, estão reunidos por assuntocontexto em quatro agrupamentos. O primeiro deles é formado pelos livda Lei, também conhecidos como “O Pentateuco”, que significa “cinvolumes”. Nesses livros, que têm a autoria, ou pelo menos parte deatribuída a Moisés, consta a descrição de como o mundo foi criado,apresentação de Deus aos homens e sua promessa de uma volta à comunplena, a história do povo de Israel – cativeiro e libertação – e as leis quguiaram rumo à terra prometida, descritos nos livros de: Gênesis, ÊxoLevítico, Números e Deuteronômio.

O segundo grupo é formado pelos livros históricos e mostra Deconduzindo Seu povo a uma nova terra; as batalhas; a peregrinação; o pocomo uma nação; um reino e a divisão do reino nos de Israel e Judá. Cona promessa de Deus restaurar a nação, enviando o maior Rei de todostempos, expostos nos livros de: Josué, Juízes, Rute, Primeiro SamuSegundo Samuel, Primeiro Reis, Segundo Reis, Primeiro CrônicaSegundo Crônicas, Esdras, Neemias e Ester.

O terceiro grupo é formado pelos livros Poéticos, onde a fé bíblicantada e celebrada se mostra latente, as emoções são passadas como spresença do Ser adorado estivesse consumindo de gozo em plenitude autores. Os hebraísmos, as colocações de versos, os poemas de contriçsão obras de um povo genuinamente constituído por eleição divina e quesente como tal, nos livros de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cânt

dos Cânticos.

Page 87: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 87/106

Page 88: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 88/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 87

as demais. Aqui inclui-se a Carta aos Hebreus – que muitos estudioscreditam a Paulo, por entender que ela não se refere ao povo de umlocalidade, mas aos judeus cristãos de todo o mundo. Ainda no mesm

grupo, as Cartas de Tiago, Primeira Pedro, Segunda Pedro, Primeira JoSegunda João, Terceira João e Judas.A quinta e última parte trata da profecia, uma escatologia judaic

cristã dos tempos vindouros, inspirada por Deus e proferida por João, último livro da Bíblia, chamado de Apocalipse.

Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providênciamanifestam de tal modo a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, queos homens ficam inescusáveis, todavia não são suficientes para daraquele conhecimento de Deus e de sua vontade, necessário à salvação;por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos,revelar-se e declarar à sua igreja aquela sua vontade; e depois, paramelhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguroestabelecimento e conforto da igreja contra a corrupção da carne emalícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrevertoda. Isso torna a escritura sagrada indispensável, tendo cessado aquelesantigos modos de Deus revelar a sua vontade a seu povo (Westminster,2001, Cap. 1, inciso 1).

No ano de 277 a.C., aproximadamente, no reinado de PtolomeFiladélfo e Sumo-sacerdócio de Eleazar, os cinco primeiros livrointitulados Pentateuco, foram traduzidos para o grego a mando do rei.

Essa tradução é geralmente conhecida como a Septuaginta (setenta), e háuma tradição que diz que foi uma produção conjunta de setentatradutores, apesar de o número correto de tradutores ser setenta e dois.Outra tradição diz que a tradução é assim chamada porque havia setentanações de gentios, e como o grego era uma língua universal, essa seria aBíblia para todas as setenta nações (IRONSIDE, 1988, p 26).

Mais tarde foram traduzidos todos os livros do Velho Testamento depositados na Biblioteca de Alexandria.

Page 89: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 89/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 88

Na letra da canção Deus forte do cantor contemporâneo KlebeLucas, pode-se perceber alguns dos nomes de Deus, bem como aatribuições que se Lhe são dadas por momentos oportunos, feitograndiosos ou intervenções produzidas, trazendo bênçãos ao povo que adora.

Ó Deus tu és o meu Deus forte, O grande El-shaddai,Todo-Poderoso, Adonai.Teu nome é Maravilhoso, Conselheiro, Príncipe da Paz,Yehoshuah Hamashiah, Deus Emanuel.O Pastor de Israel, o Guarda de Sião, A brilhante Estrela da ManhãJesus, teu nome é Precioso, MeuSENHORe Cristo.O Nome sobre todos, pelo qual existo.Jireh, o Deus da minha Provisão; Shalom, oSENHORé a minha Paz;Shammah, Deus presente está; El-Elyon, outro igual não há.Jeová Raphah, MeuSENHORque cura toda dor.Tsidkennu Yahweh, Minha Justiça é.Eloim, Eloim, Deus no controle está.Meu Deus tudo governa. (LUCAS, Aos pés da cruz).

Na Bíblia existem alguns nomes de Deus31 que foram traduzidospara o português, outros preferencialmente transliterados. Esses nomes Deus, por si mesmos, guardam uma complexidade: nos dias de hoje não sabe ao certo como pronunciar. As línguas filistinas e cananéias e aculturação produzida, anteriormente, a estes fatos na separação dos povem que as gens nômades andavam por campos, colinas e montanhas, d

vales da caldéia para o sul, fizeram com que o sentido original da fonétifosse mesclado, produzindo diferenças e sotaques na fala dos homevindos de entre os rios Tigre e Eufrates. Ainda assim, pode-se percebdois momentos na apresentação de Deus aos homens:

É deste modo que compreendem a alternativa dos nomes divinos nasduas relações sucessivas da criação:Elohimsno primeiro relato, IHVH,

31 El- no sentido mais lato, abrangente a qualquer deus – Gn:35.2. Quando aparece nplural é traduzido por deuses – Dt:35.2.

Page 90: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 90/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 89

no segundo. Este é o nome pessoal para Israel. Aparece na Bíblia 6.823vezes. Também neste sentido, podemos dizer tranqüilamente que aBíblia é o livro de IAVH (RIOS, 2002, p. 7).

Num primeiro momento, oEu sou o que souse mostra comoEloim – um substantivo comum de deidade que contrasta com o conceito dhomem (Nm: 23.19) e de toda a criação. Há uma relação de gênero cocosmologia e mundialidade; a percepção que se faz desse Ser é a mapróxima que se tem docosmo dei,de Platão e Aristóteles (Platão, 1999).Eloimé a forma pluralizada do substantivoEl, contudo, o verbo inerente àproposição e o artigo no singular não permitem que se faça menção a upretenso politeísmo ou pluralidade cosmológica. Trata-se de uma formtraduzida como plural de majestade, de um significado singulamisterioso, a forma de tratamento para alguém soberano. Essa é a primeiindicação da personalidade complexa de um Ser unitário, um Deuintegral, instituidor, mas ainda não identificado em Sua forma persona.Aqualidade que se passa é abstrata e conceptual, um ser transcendentpleno, na colocação semítica como Deus CriadorUno, verdadeiramente

existente e abrangente,o Ser absoluto. Há uma aproximação depersonalidade, embora ainda não seja explícita. IHVH , a transcrição do ‘tetragramaton’YHWH, hebraico, que

transmite a idéia de existência não derivada, tem versão portugueusualmente traduzida porSENHORou transliterada por Jeová. “O textooriginal hebraico não contava com vogais” (DOUGLAS,1991, p. 409). traduzir aTorah para o grego, o nome pessoal de Deus foi transliterad

comoYAHWEH . O caráter sagrado de um nome pessoal do criador de tudocom o tempo, foi considerado demasiadamente sacro para ser pronunciasendo substituído na leitura pordhõnãy,que quer dizer “Meu Senhor”.

Em particular,Yahwehera o Deus dos patriarcas, e lemos sobre ‘Yahweh,o Deus (Eloim) de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó’ arespeito do qualEloimdiz: ‘Este é o meu nome eternamente’ (Ex:3.15).Portanto,Yahweh, fazendo contraste comEloim, é um nome próprio, onome de uma pessoa, embora essa pessoa seja divina (DOUGLAS,1991,p. 409a).

Page 91: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 91/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 90

El-Shaddai,o Todo-Poderoso, tem uma apresentação muito forte

entre o povo de Israel. Proveniente da raiz hebraicaël, que indica força oupoder, ligado ao epítetoShaddai,cria a idéia de um Deus Todo-Suficiente,alguém capaz em Si mesmo, que pode todas as coisas e tem todos os sercelestes prontos a obedecê-Lo, pois ele é oYahweh Sebhã’ôth -o Senhordos Exércitos - que protege, salva o Seu povo e têm legiões sob secomando para atendê-lo. Daniel o descreve como Antigo de dias(Dn:7.9,13 e 22). Alguém que existe desde antes do princípio de tudo, num temde eternidade32. Um Ser supremo,‘ël ‘elyôn –o Deus Altíssimo – eramnomes dados pelos cananeus a Deus. Esse termo se insinuou até mesmo língua hebraica dos descendentes de Abraão, em palavras como Betel -acasa de Deus. O caldeu Abraão, que tinha uma forma pessoal dconhecimento de Deus e o chamava pelo nome yahweh,aceitou a bençãodo rei cananeu Melquisedeque, impetrada no nome do‘ël ‘elyôn,empalavras de usufruto cananeu (Gn:14. 19 e 20) como se pode notar tambémem Nm: 24.16, quando Balaão pronuncia presságio à casa de Jacó, ap

abençoar a Israel pela terceira vez, e em várias outras passagens bíblicas.A presença de Deus é uma constante em Israel, embora, às vezes, povo se afastasse do propósito divino,Yaweh Shãmmâ, ‘oSENHORestá ali’(Ez: 48.35), permeia a memória do povo escolhido que ora O adora, oraesquece. Gerações passaram e oSENHOR Deus permanece firmeeternamente, como está escrito em Apocalipse: 4.8b. O Deus qupermanece no controle, que governa a todo o universo é o mesmo quenviou Abraão e seu filho Isaque para apresentar-lhe sacrifício. Ao subapós aprontar o altar e preparar tudo para o holocausto, o rapaz percebque faltava o animal a ser sacrificado, indagando a seu pai ele lhrespondeu: “Deus proverá para si” –Yahweh yir’eh(Gn: 22.14).

O povo que serve ao Todo-Suficiente tinha problemas de saúdeproblemas mentais, problemas espirituais, enfermidades e patologias d

32 A palavra eternidade, com a qual os teólogos cristãos interpretam a expressão ‘para too sempre’, não existe na língua hebraica. ‘Oulam’ significa um tempo cujo princípio oufim é desconhecido. – Blavatsky, Helena. Glossário Teosófico.

Page 92: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 92/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 91

quais gostaria de se livrar, por isso oraram e rogaram por várias vezes SENHORque cura –Yahweh Raphah– por acreditarem que ele seja capazde trazer alívio a seus pesares (Ex: 15.26). Alívio esse dado em

determinados momentos da vida do povo de Deus. Um povo que faziaque era mau e, ainda assim, queria a paz, o alívio a seus corações. pacificação só teria continuidade e seria plena ao vir oYahweh Shalom,‘oSENHORque pacifica’ (Jz:6.1). O salmista chama Deus dePastor de Israel (Sl: 23.1; 80.1), fazendo uma comparação com os pastores que faziam proteção e cuidavam das ovelhas. Assim o Senhor agia com a nação qescolheu para si, guardando-a e protegendo-a das nações inimigas e todos os invasores que tentassem contra seu povo33.

Jesus é um nome de origem latina que tem como transcrição greg( Iesous) proveniente deYeshua,a abreviação do hebraicoYehoshua,quesignificaYavé é salvação. O nome era freqüentemente utilizado (Nm:13.16) entre os judeus, entretanto, o Anjo de Deus impõe explicitameneste nome ao filho de Maria (Lc: 1.31 e 2.21) e filho adotivo de José (M1.21 a 25). A diferença entre este e tantos outros “Jesus” da cultura judaié a soberania pessoal dAquele que, sendo Deus, se fez homem (Fp: 2.910), tendo autoridade para libertar das cadeias do pecado (Lc: 5.20). historicamente conhecido “Jesus de Nazaré” (Jo: 18.5,7 e 8) traz consigoimportância salvífica para a redenção (At: 2.38).

O Cristo bíblico, do gregoSoter, que os anjos anunciaram já noscampos de Belém (Lc: 2.11) é conhecido comoSalvador 34. Há uma grandequantia de trechos da Bíblia onde o termo com conotação de Messias35

33 Faz-se necessário lembrar que algumas vezes o SENHOR, o mesmo que protege povo, fez das nações adversárias instrumento para levar o povo santo a arrepender-se seu comportamento rebelde, permitindo a invasão de Israel e sua destruição – Is: 7.17; 3.14; Dn: 1.1 e 2.34 Este título era empregado muitas vezes no mundo grego antigo para designar os deuse os personagens de destaque, como imperadores, estadistas, filósofos, médicos. Eaparece no Antigo Testamento somente através da palavra operativa deYavé,que sempre“salvou e salva Israel”. – ARTIGAS, 1991, p.3.35 Em Is: 45.1, o persa Ciro é referido como o ungido deYavé. O messianismoVeterotestamentário, de uma idéia escatológica judaica, passa a ter um vínculo mapróximo com utilização ‘secular’ (conferir a unção de Hazael, 1 Rs: 19.15).

Page 93: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 93/106

Page 94: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 94/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 93

Na Trindade Santíssima, talvez o mais complexo de ser estudadpor causar interpretações diversas dentre os pesquisadores, é o EspíriSanto. A aculturação judaica ora como Israel, ora como nação hebrai

torna confuso o termo da terceira pessoa de Deus que age como existêncpura, não personificada antropomorficamente. A terminologia utilizapara Espírito procede da raiz hebraicaRuah, e do grego Pneuma:“movimento do ar”, “vento”, “sopro”, “hálito”. Tem por extensão significado de vida como aparece em Gênesis, capítulo I, verso 2b, “Espírito de Deus se movia por cima das águas”.

Nos textos mais antigos, Ruahse encontra tanto no sentido de hálito

(Gn: 45.27; Jz: 15.19; Mq: 2.7), como de vento (Gn: 3.8; Ex: 10.13-19). Npoesia conservacionista das concepções primitivas o vento era descricomo o hálito das narinas de Javé (Ex: 15.8; 2 Sm: 22.16; Sl: 18.16). Emuitas religiões e povos primitivos, inclusive do Oriente Próximo, onestá situada a terra prometida, o vento era considerado o hálito de um smuito poderoso, daí a proposição de que o primeiro sentido para movimento do Espírito seja hálito como o descrito no ato da criaçãhumana (Gn: 2.7; Sl: 104. 29). O termo Ruah, no Antigo Testamento,nunca é utilizado para indicar espírito desencarnado ou, no plural, espíritsua utilização só procederá dessa maneira na literatura judaica posterior36 eno Novo Testamento.

Esse Espírito atua nas pessoas – os intérpretes de sonhos (Gn: 41. Dn: 4. 5,6,15) têm o Seu toque, mas principalmente nos homens dpalavra que são profetas e nos homens de ação e responsabilidade políticisto é, nos juízes e reis (1 Sm: 19.20-24; Nm: 11. 24-30). O julgar dpessoas era de que todas as coisas procediam de Javé, inclusive asdesgraças que estimavam vir como forma de castigo. Os espíritos dinveja, luxúria ou impureza, que aparecem nos textos pré-cristãos, nãdevem ser vistos como espíritos maus, já que a Demonologia pouco desenvolveu no Antigo Testamento. Somente mais tarde passou-se atribuir o poder do mal aSatã (comparar 2 Sm: 24.1 com 1 Cr: 21.1).Espíritos como o de tortura, insensibilidade, sabedoria, desgraça, súplica juízo e purificação não significam outra coisa senão uma disposição

36 Na diáspora, produzida após o Exílio Babilônico.

Page 95: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 95/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 94

uma qualidade operadas por Deus37. Por isso, diz-se que o Espírito Santo éum “Poder que sai de Javé ”, pelo qual Ele opera em Suas criaturas. Apartir dos textos apócrifos, num judaísmo posterior, há umdesenvolvimento dos estudos Angelológicos e Demonológicos, onde se fdistinção entre espíritos bons e maus, que culminará num estudo maaprofundado e dividirá os religiosos neotestamentários em diversos gruppolítico-cultural-religiosos38, como os dos fariseus, saduceus, macabeus,essênios, zelotes, herodianos, místicos e helênico-animistas.

O Cristo tratou a respeito do Espírito Santo como sendo oConsolador, o mesmo que é aludido no livro dos Atos dos Apóstolos compoder manifesto para agir, baseado ora ordinária e tambémextraordinariamente nas testemunhas ao fazer proclamar a mensagem redenção em Jerusalém, na Judéia, Samaria e até os confins da Terra. dom gratuito pela manifestação carismática prestigia o povo escolhido couma fundamentação teocêntrica, numa administração racional baseada inspiração divina. O governo de Deus é feito através de homens santoinstruídos e capacitados para toda boa obra, seja ele efuso pelo Espírito

exaltação de Jesus, e/ou por elementos pneumatológicos relacionadosplenitude da presença de Deus resultante da experiência de uma vida novO Espírito Santo desceu pela primeira vez, ao mesmo tempo

coletivamente, em um grupo de pessoas que estavam reunidas emJerusalém. Veio como que línguas de fogo que pairaram sobre a cabeça cada um dos presentes (At: 2.5-13). O Espírito que chama e envia é mesmo que capacita para a obra missionária. Seu carisma, de origem greCharizomai,tem como significado “dizer ou fazer alguma coisa agradávea alguém, mostrar-se generoso, presentear alguma coisa”, indica os dogratuitos de Deus para a edificação da comunidade cristã, senddiscernente pelo reconhecimento de que Jesus Cristo é o Senhor.

37 Base textual: I Sm: 16. 14-23; 18. 10-12; 19. 8-10; Nm: 5. 14-30; Os: 4. 12; 5.2; Z13.2; 12. 10; Is: 44; 15. 11-20; 19. 14; 29. 10; Ex: 28. 3; Dt. 34. 9.38 Com certeza, há outros fatores que influenciaram na formação desses grupos, contuesses são considerados de maior importância para a formação do judaísmneotestamentário.

Page 96: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 96/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 95

A Bíblia não se preocupa em provar a existência de Deus. EmÊxodo: 3.4, na quietude de Midian,Deus se apresenta a Moisés e Se auto-define: “Disse Deus a MoisésEu Sou o que Sou,e disse mais: assim dirás

aos filhos de Israel:Eu Soume enviou a vós outros”. Deus Se define auto-existente, independente de obra criadora, ou de um algo necessário paSua formação. Ele existe por sua própria essência metafísica.

A reverência e o temor invadem os que o servem, porque ele não apenas incomparavelmente maior que os homens, é perfeito de uma pureincompreensível. Ele conhece o íntimo dos homens, seus anseiosensibilidade, vai à procura e não se pode escapar dEle, esteja onde fo

fazendo o que estiver, Ele sonda tudo e Sua presença atinge toda a Sucriação. É uma reação instintiva louvá-Lo e prestar-Lhe culto. O falar Sua grandeza traz segurança pela certeza de Seu cuidar e proteger aos qama.

Não se pode pensar que, por Sua grandeza em fazer todas as coisaem seis dias, o Criador deixou o mundo sem mais nada a produzir. Ecuida, por opção própria, de toda a Sua criação, mesmo sendo apenas pa

das coisas que foram criadas, nos ama e cuida do bem-estar dos Seus. teólogo Julian Alexander Júnior (1986, p. 17) comenta sobre Seuatributos:

Deus é transcendente, existe inteiramente à parte de sua criação (...)‘Deus é Espírito’ (Jô: 4.24), é separado e distinto do universo material.Não está limitado pelo tempo nem pelo espaço, às dimensões douniverso. Todo tempo é ‘presente’ para ele. Assiste hoje ao dia do nossonascimento, o dia da nossa morte, o dia em que Cristo foi pregado à cruz.Por isso o nome que Ele aplicou a si quando falava com Moisés foi ‘EuSou’, aquele eternamente presente. Todos os lugares são imediatamenteacessíveis a ele. Nada fica além dos limites de seu conhecimento.

Deus, em Sua soberania, estabeleceu as leis da natureza, mapessoalmente não está limitado por essas leis. Espaço, temporalidad

conhecimento são coisas que não O afetam, pois é pleno. Estabeleceuordem e produziu tudo porque assim o quis. Um algo que para os homenum milagre, para Deus é comum, um renovar, não que com isso o gran

Page 97: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 97/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 96

legislador quebre ou suspenda as leis naturais, elas são irrevogáveis. Eapenas superpõe temporariamente outra lei, a Seu bel-prazer faz com quevida, o tempo39 e as funções sejam sustentadas na seqüência para queproduzam resultados necessários ao bem estar humano. Ressalte-se queCriador não é um folgazão, brincando com bonecos humanos, Ele sempprocurou cuidar dos homens, fez um paraíso e, mesmo após desobediência, planejou uma volta à Sua presença.

O Constituidor do povo santo, o tornou nação missionária aproclamar a reconciliação, agiu através dos séculos por obra de Seu SanEspírito e pagou o preço para o livre acesso entre os homens e Deus. Estrino, cuja forte mão tem externado misericórdias e graça para com humanidade, tem muitos nomes com os quais Se apresenta aos Seus. evidente que Seus mistérios não serão revelados até que Ele venha umsegunda vez e assim o faça. Sua presença exalta a grandeza de Seu podnas centenas de nomes que Ele Se exprime e no amor tão grande comqual ama Seus filhos.

39 O tempo bíblico é complexo em várias distinções.Kairos – tempo de oportunidade edecisão de Deus, não uma continuidade abstrata, mas o conteúdo dado em certomomentos da história;Chronos– tempo de passagem, demorar e aguardar com início efim definidos.

Page 98: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 98/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 97

R RR R eferências

A Confissão de Fé de Westminster.SP: ECC, 2001.AGOSTINHO.Cidade de Deus.Trad. Oscar P. Leme. 2 ed. v. II. Vozes:Petrópolis, 1990.ALEXANDER JÚNIOR, Julian. A Fé Cristã.2 ed. Cambuci (SP): CasaEditora Presbiteriana, 1986.

ARRUDA, José Jobson de A. Toda a História.8 ed. SP: Ática, 1999.ARTIGAS, Luis. A imagem de Jesus Cristo no Novo Testamento.1991. Atlas Histórico do Mundo. The Times Books.Encarte da Folha de SãoPaulo. SP: (sn), 1995. Atlas Histórico. Edição especial para a Enciclopédia Britânica do Brasil.

SP: Britânica, 1989.ÁVILA, Pe. Fernando B..Introdução à Sociologia.4 ed. Rio de Janeiro:Agir, 1970.AYMARD, André.O Oriente e a Grécia Antiga.3 ed. SP: DEL, 1960.BARELLI, Ettore; PENNACCHIETTI, Sergio. Dicionário das Citações.

Trad. Karina Jannini. SP: Martins Fontes, 2001.Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã

Page 99: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 99/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 98

Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.Bíblia de Referência Thompson. Trad. Frank Charles Thompson. 14 e

SP: Ed. Vida, 2002.Bíblia Ecumênica. Don. Jaime de Barros Câmara. Rio de Janeiro:Britânica, 1972.Bíblia Sagrada Edição Pastoral. Trad. Ivo Storniolo. Paulus: São Paul1990.

Bíblia Sagrada. Trad. João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada. 2 eSP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.Bíblia Sagrada: Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri (SPSociedade Bíblica do Brasil, 2000.Bíblia Sagrada: O Novo Testamento Vivo. Liga Bíblica Mundial. SP

Mundo Cristão, 1987.BLAVATSKY, Helena Petrovna.Glossário Teosófico.Trad. Murillo N.Azevedo. 3 ed. SP: Ground, 1995.BRAUDEL, Fernand.Grammaire des Civilisations.Paris: Flamarion,1987.

BURNS, Bárbara;et all. Costumes e Culturas: uma introdução àantropologia missionária.3 ed. SP: Vida Nova, 1995.CAMPOS, Heber Carlos de. A Providência Divina e a sua Realização Histórica.SP: Cultura Cristã, 2001.CAMPOS, Heber Carlos de.O Ser de Deus e os Seus Atributos.SP: ECC,

1999.CARDOSO, Ciro F. S. A Cidade-Estado Antiga.3 ed. SP: Ática, 1990.

Page 100: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 100/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 99

CAVALCANTI, Klester. A Ciência Encontra a Bíblia.Revista Terra.Ed. Peixes, n.133, p. 44, maio 2003.

CRAIG, W. Ellison apud R S Weiss, ed, Loneliness:The Experience of Emotional and Social Isolation.Cambridge. MA: The Mit Press, 1973. Dicionário das Religiões, Crenças e ocultismo.SP: Ed. Vida, 2000.DOUGLAS, J. D.;et all. O Novo Dicionário da Bíblia.Trad. João Bentes.1 ed. SP: Vida Nova, 1991.

DUBBY, Georges.O Tempo das Catedrais.Trad. José Saramago. 2 ed.Lisboa: Editora Estampa, 1988.DURANT, Will. A História da Filosofia.Trad. Luiz C. N. Silva. 3 ed. Riode Janeiro: Record, 2000.DURKHEIM, Émile. As regras do método Sociológico.Trad. Pietro

Nasseti. SP: Martin Claret, 2001.ELIADE, Mircea. História das crenças e das Idéias Religiosas.Vol I e II.Trad. Roberto C. Lacerda. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.ELIADE, Mircea.Tratado de História das Religiões.Trad. FernandoTomaz e Natália Nunes. 2 ed. SP: Martins Fontes, 1998.

FERREIRA, Leonel. Mesopotâmia: O Amanhecer da Civilização.SP:Moderna, 1993.FERREIRA, Leonel.Egito: Terra dos Faraós.SP: Moderna, 1992.FERREIRA, Marcelo. A História do Pensamento Cristão.Disponível em:‹http://www2.uol.com.br/bibliaworld/igreja/estudos/vida062.htm›.

Acessado em: 11 nov. 2003.FIGUEIRA, Divalte Garcia. História.1ª ed. SP: Ática, 2000.

Page 101: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 101/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 100

Frases. Revista Ultimato.Mundo Cristão, n. 279, bimestral novembro-dezembro 2002.

FREE, Joseph. Archeology and Bible History.Wheaton: Scripture PressPublications, 1969.GREGGERSEN, Gabriele. A Antropologia Filosófica de C. S. Lewis.SP:Editora Mackenzie, 2001.HARLLEY, Henry H.. Manual Bíblico: Um Comentário Abreviado da

Bíblia.Trad. David A. de Mendonça. 3 ed. SP: Vida Nova, 1994.HARRIS, Laird. Dicionário Internacional de Teologia do AntigoTestamento.Trad. Marcio L. Redondo; Luiz Alberto T. Sayão. SP: VidaNova, 1998.HENRI, J. M. Nouwer Reaching Out.NY: Doublé Days, 1975.

HORTON, Michael.O Cristão e a Cultura.Trad. Elizabeth C. Gomes.SP: Cultura Cristã, 1998.IRONSIDE, H.A.Quatrocentos anos de Silêncio: de Malaquias a Mateus. Trad. Joás C. B. Gueiros. 1 ed. Cambuci (SP): CEP, 1988.JAGUARIBE, Hélio.Um Estudo Crítico da História.Vol. I e Vol. II.

Trad. Sérgio Bath. SP: Paz e Terra, 2001.JEFFREY, Grant R. A Assinatura de Deus.Trad. José Victorino CarriçoFilho. SP: Editora Bom Pastor, 1998.LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral.SP: Atlas, 1977.LITTLE, William; FOWLER, H. W.; COLSON, J.The oxford Universal

Dictionary Illustrated.Vol. I. London: Oxford at the Clarendon Press,1970.

Page 102: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 102/106

Page 103: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 103/106

R R e e g g i i n n â â m m i i o o B B o o n n i i f f á á c c i i o o d d e e L L i i m m a a 102

REIS, Gildásio. ÀImagem de Deus: A Integridade Original da Natureza Humana. Disponível em: ‹http://www2.uol.com.br/bibliaworld

/igreja/estudos/antr001.htm›. Acessado em: 25 mai. 2004. Revista Teológica do Seminário Presbiteriano do Sul.Campinas, anoLVII, n. 43, fev. 1996.RICHARDSON, Don. O Fator Melquisedeque: o testemunho de Deus nasculturas através do mundo.Trad. Neyd Siqueira. SP: Vida Nova,1995.

SANTIDRIÁN, Pedro R. Dicionário Básico das Religiões.Aparecida(SP): Editora Santuário, 1996.SCHALKWIJK, Francisco Leonardo.Coinê: Pequena gramática de gregoneotestamentário.7 ed. Patrocínio (MG): CEIBEL, 1994.SCHENKMAN, Richard. As mais famosas lendas, mitos e mentiras da

história do mundo.Trad. Antônio Carlos Vilela. SP: Ediouro, 2002.SPALDING, Tassilo Orfeu. Dicionário da Mitologia Latina.SP: Cultrix,1972.SPALDING, Tassilo Orfeu. Dicionário das Mitologias Européias eOrientais.SP: Cultrix, 1973.

THOMPSON, E. P. A Miséria da Teoria.Trad. Waltensir Dutra. RJ: ZaharEditores, 1981.VAN ACKER, Maria Teresa Vianna.Grécia: A vida cotidiana na cidade-estado.SP: Atual, 1994.VAN DER LEEUW.Phanomenologie der Religion.Tubingen: Paris,

1948.VOMERO, Maria Fernanda. Abraão: o pai de todos.Revista Super

Page 104: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 104/106

O O M M o o n n t t e e : : E E m m b b u u s s c c a a d d o o A A l l t t í í s s s s i i m m o o 103

Interessante. n. 190, p 40, jul. 2003.WEISS, R S. The Experience of Emotional and Social Isolation.

Cambridge. MA: The Mit Press, 1973.

Page 105: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 105/106

Page 106: O MONTE - Em busca do Altíssimo

8/14/2019 O MONTE - Em busca do Altíssimo

http://slidepdf.com/reader/full/o-monte-em-busca-do-altissimo 106/106