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69 Ling. Acadêmica, Batatais, v. 6, n. 3, p. 69-87, jul./dez. 2016 O mobiliário brasileiro e a aquisição de sua identidade Alessandra Alves Paula REGO 1 Inah Durão CUNHA 2 Resumo: Esta pesquisa buscou investigar as influências do design nacional por meio da história do mobiliário. Para executá-la, utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, em que se buscou mostrar que autores expoentes na área propõem uma discussão relevante sobre o mobiliário nacional e a aquisição de sua identidade, mostrando que a arquitetura modernista exerce forte influência e que o caminho iniciado por designers, arquitetos e artistas nesse período se mol- dou pelo uso inovador dos materiais e das novas formas produtivas. Torna-se, assim, evidentes na contemporaneidade os constantes debates sobre as relações entre arte e design. Por fim, concluiu-se que o design de móveis nacional desde o modernismo até a contemporaneidade sofreu modificações inerentes à globa- lização e que a denominação “Novo Design” descrita por alguns autores é muito propícia ao contexto plural do país, que passa a ser visto internacionalmente como protagonista no cenário do design de móveis. Palavras-chave: Arte. Cultura. Design. Identidade. Mobiliário. 1 Alessandra Alves Paula Rego. Especialista em História da Arte pelo Claretiano – Centro Universitário, polo de Belo Horizonte (MG). Graduada em Decoração de Interiores pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). E-mail: <[email protected]>. 2 Inah Durão Cunha. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Especialista em Museu de Arte pela Universidade de São Paulo (USP). Graduada em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). E-mail: <[email protected]>.

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Ling. Acadêmica, Batatais, v. 6, n. 3, p. 69-87, jul./dez. 2016

O mobiliário brasileiro e a aquisição de sua identidade

Alessandra Alves Paula REGO1

Inah Durão CUNHA2

Resumo: Esta pesquisa buscou investigar as influências do design nacional por meio da história do mobiliário. Para executá-la, utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, em que se buscou mostrar que autores expoentes na área propõem uma discussão relevante sobre o mobiliário nacional e a aquisição de sua identidade, mostrando que a arquitetura modernista exerce forte influência e que o caminho iniciado por designers, arquitetos e artistas nesse período se mol-dou pelo uso inovador dos materiais e das novas formas produtivas. Torna-se, assim, evidentes na contemporaneidade os constantes debates sobre as relações entre arte e design. Por fim, concluiu-se que o design de móveis nacional desde o modernismo até a contemporaneidade sofreu modificações inerentes à globa-lização e que a denominação “Novo Design” descrita por alguns autores é muito propícia ao contexto plural do país, que passa a ser visto internacionalmente como protagonista no cenário do design de móveis.

Palavras-chave: Arte. Cultura. Design. Identidade. Mobiliário.

1 Alessandra Alves Paula Rego. Especialista em História da Arte pelo Claretiano – Centro Universitário, polo de Belo Horizonte (MG). Graduada em Decoração de Interiores pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). E-mail: <[email protected]>.2 Inah Durão Cunha. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Especialista em Museu de Arte pela Universidade de São Paulo (USP). Graduada em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). E-mail: <[email protected]>.

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The brazilian furniture and its identity acquisition

Alessandra Alves Paula REGO Inah Durão CUNHA

Abstract: This research aimed to investigate the influences of national design through the history of furniture. To run it, it was used as methodology the literature in which authors exponents in the area suggest a relevant discussion of the national furniture and the acquisition of its identity, and the modernist architecture has a strong influence and the way initiated by designers, architects and artists will be shown molded by the innovative use of materials and new productive forms. It is thus evident in the contemporary ongoing debates about the relationship between art and design. Finally, it was concluded that the national furniture design from modernism to contemporary suffered modifications inherent to globalization and that the name “New Design” described by some authors is very conducive to plural context of the country and is seen internationally as protagonist in the furniture design scene.

Keywords: Art. Culture. Design. Identity. Furniture.

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho teve origem na reflexão sobre a atividade pro-fissional pessoal de quinze anos da pós-graduanda autora desta pes-quisa e com o intuito de colaborar com o registro da evolução do desenho e da produção do mobiliário brasileiro e sua identidade no cenário do design, do qual se encontravam poucas referências na literatura acadêmica.

O tema estudado na presente pesquisa é o surgimento da iden-tidade do mobiliário nacional mediante a abordagem dos aspectos históricos, artísticos e culturais que levaram arquitetos, designers e artistas a criar um novo conceito de design em virtude da neces-sidade de mudança e adequação do mobiliário às novas tendências arquitetônicas que surgiram após o Modernismo.

O artigo insere-se na linha de pesquisa do Programa de Pós--graduação em História da Arte do Claretiano – Centro Univer-sitário. De maneira específica, pretende dar continuidade a outras pesquisas realizadas que trataram da conexão existente entre arte e design e ajudar novos pesquisadores interessados no tema.

A estrutura básica deste trabalho foi fundamentada na expe-riência profissional vivida pela pós-graduanda associada à teoria e à metodologia debatidas e captadas nas disciplinas da pós-gra-duação. Buscou-se, dentro do possível, isentá-lo da própria visão pessoal, validando as afirmações dos diversos autores consultados, além de revistas, artigos e demais publicações utilizadas.

Esta pesquisa busca investigar as influências criativas do design de móveis nacional, surgidas no contexto brasileiro a partir do diálogo existente entre arte e design, sob os diversos aspectos e particularidades contextualizados nas obras de alguns dos grandes nomes da arquitetura e do design desde o Modernismo à contemporaneidade.

Pretende, ainda, expor, por meio da revisão bibliográfica, os principais componentes do design de mobiliário nacional a partir do nascimento de sua identidade; compreender a formação do pro-cesso criativo e as interfaces entre arte e design; e observar, pela

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análise da história do mobiliário, a influência da cultura e da arte no design nacional a partir do seu nascimento à contemporaneidade.

A pesquisa realizada teve como finalidade desenvolver uma análise dos conceitos relativos aos principais aspectos que influen-ciaram o nascimento do design de móveis nacional a partir das in-terfaces entre arte, design e cultura.

Esta pesquisa é exploratória, uma vez que tem por seu ob-jetivo principal a familiarização do problema, e seu planejamento é bastante maleável. Quanto aos procedimentos metodológicos, a estratégia adotada foi a revisão bibliográfica marcada pela busca acerca do tema, já iniciada no ano de 2014. A revisão da literatura foi analisada e foram separados os trabalhos mais relevantes, dan-do-se atenção aos pesquisadores de temas específicos como susten-tabilidade, design e cultura, dentre outros.

Os instrumentos foram levantamentos bibliográficos, bem como artigos e livros sobre o tema, além de teses e dissertações existentes sobre o assunto. Os dados foram analisados de manei-ra qualitativa, realizando-se a exploração dos dados; a descoberta dos resultados permite maior proximidade da realidade que se quer compreender.

Destaca-se que o escopo desta pesquisa não é propor novas soluções de mobiliário, mas gerar material com informações satis-fatórias para se discutir a situação do mobiliário, sua evolução e identidade no cenário do design como meio de fornecer material para designers e futuros pesquisadores que queiram sugerir outras formas de mobiliário, caso se julgue pertinente e necessário.

A introdução do tema na atualidade traz um estudo relevante tendo em vista aspectos importantes ligados ao processo de criação, suas particularidades e o design como uma das mais importantes formas de comunicação humana.

O móvel brasileiro utiliza a madeira como elemento primor-dial para a concretização de sua linguagem, tanto no plano funcio-nal, técnico e construtivo, como no plano formal e simbólico. Tal condição deriva, aparentemente, da diversidade de espécies exis-tentes no seu amplo território e da marcante presença da madeira no

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dia a dia do Brasil, reportando à sua herança colonial. Essa situação leva a compreender isso como uma tradição, estabelecida na mão de obra e produção artesanal, envolvendo os objetos para o uso di-ário, o mobiliário e a própria residência.

O desenvolvimento desse fato pode ser verificado numa cul-tura de projeto do móvel brasileiro, que foi constituída durante lon-go tempo de afirmação e reconhecimento do movimento moderno brasileiro, na arquitetura e urbanismo e no mobiliário.

2. ABORDAGEM HISTORIOGRÁFICA

No Brasil, os estudos históricos em torno do mobiliário sur-giram no século XX com a criação do Serviço de Patrimônio His-tórico e Artístico Nacional – um órgão oficial destinado ao estudo, programas e preservação dos bens culturais no Brasil que abriu o caminho para o início de uma historiografia do mobiliário brasilei-ro, compreendendo seus componentes de origem portuguesa, suas influências europeias e, posteriormente, a identificação do móvel brasileiro com características próprias.

Alguns estudos foram publicados no primeiro número da Revista do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1937. No entanto, Freyre (1987) já observava, desde 1931, que certas peças do mobiliário faziam parte da cultura brasileira. Para ele, os bancos de varanda eram uma referência à hospitalidade da casa-grande e, ao mesmo tempo, garantidores da intimidade da família, compondo o espaço de transição entre o público e privado (FREYRE, 1987). Diversos autores publicaram artigos com abordagens diferentes sobre o tema. Foi, contudo, entre o final dos anos de 1940 e início da década de 1950 que surgiu o projeto de publicação de uma obra completa dedicada à história da arte brasileira, em que um dos capítulos versava justamente sobre o mobiliário brasileiro: o livro Mobiliário, cujo autor era José Wasth Rodrigues (1968). Destacava, pela primeira vez, dois critérios de abordagem: combinava um sistema de estudo cronológico a um tratamento estilístico e acrescentava ao mesmo estudo uma divisão

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tipológica da mobília (RODRIGUES, 1968). Sua contribuição para o estudo histórico do móvel brasileiro foi fundamental.

Estudos e artigos sobre o mobiliário brasileiro desde então foram muitas vezes expostos com difíceis diferenciações, mas to-dos insistiam sobre o mesmo problema: a falta de estudos acerca do mobiliário brasileiro, enfatizando a importância de buscar suas raízes, origens e razões históricas em método científico.

Primeiras manifestações

No prefácio do livro Móvel brasileiro moderno, Maria Hele-na Estrada afirma que:

[...] os primeiros designers brasileiros eram europeus, ou de formação europeia. Criaram uma nova estética moder-nista, e essas primeiras expressões, surgidas no início do século XX, são agora decodificadas em todo o seu valor e ressurgem como importante patrimônio cultural (VAS-CONCELOS, 2012, p. 11).

Vários designers estão relacionados no livro que mapeia e analisa os pontos mais importantes do nosso percurso no design e, de fato, o primeiro é o ucraniano Gregory Warchavchik (1896-1972), seguido, dentre outros, pelo arquiteto Lúcio Costa, que, sob influência de Le Corbusier, mestre franco-suíço, teve sua produção restrita a móveis autorais.

A ascensão da arquitetura moderna no Brasil, que começa por volta de 1930, tinha como representantes Lúcio Costa e, principalmente, Oscar Niemeyer, que procurava uma nova afirmação cultural, uma expressão arquitetônica de formas livres e uma liberdade que deitasse suas raízes na rica e diversificada paisagem do Brasil. Ele participou do projeto do primeiro grande monumento do modernismo na América do Sul, o edifício do Ministério da Educação e Saúde Pública no Rio (1936-1943). Sua arquitetura surgiu como um protesto contra o que ele chamava “arquitetura racional” – as formas retilíneas e mecanizadas do estilo internacional (UNDERWOOD, 2003, p. 43).

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Nesse contexto, o design do mobiliário nacional surge reno-vado e o que se propõe é a evolução de um traço distintamente brasileiro da forma livre que procura harmonizar os móveis com os ambientes projetados pelos arquitetos. O modernismo brasileiro livrou-se do imperialismo cultural do passado e implicou a desco-berta de que a arquitetura e o mobiliário têm uma relação insepará-vel, caracterizada por propor soluções inovadoras no decorrer dos séculos e desafiar a criatividade humana.

O auge do processo criativo no período moderno no Brasil

O mobiliário brasileiro que surgiu para dialogar com a nossa arquitetura moderna revelou a qualidade estética e técnica, a bele-za, a importância do desenho original e o valor da nossa cultura. Desponta o conceito da criação de peças simples e elegantes, de esmero acabamento, da beleza das proporções e da qualidade do material. Com linhas leves, sem rebuscamento, confortáveis e mui-to bem executadas, o mobiliário nacional destaca-se e ressalta que a identidade de um povo se modifica e se constrói na sequência de um constante processo de transformação (BUENO, 2012).

Durante o século XX, o design do móvel brasileiro amadure-ce exemplificado pelas criações de nomes consagrados como Joa-quim Tenreiro, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Sérgio Rodrigues.

Joaquim Tenreiro (1906-1992)

Joaquim Tenreiro nasceu na cidade de Meio, em Portugal, e, sob a influência do pai e do avô, que eram marceneiros, come-çou a fazer móveis desde muito cedo. Em 1928, mudou-se para o Brasil, empregando-se em uma fábrica de móveis. Em 1942, por encomenda de Oscar Niemeyer, produziu seus primeiros móveis para uma família em Minas Gerais. Foi considerado o pai do design brasileiro do século XX e o responsável por uma mudança drástica na indústria moveleira do país, que até então produzia em larga escala cópias do mobiliário tradicional europeu. A partir de suas

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criações, o design autenticamente brasileiro passou a ser delineado (SANTOS, 1999).

Tenreiro, na verdade, sempre se considerou um escultor que fazia móveis. Talvez por isso suas peças sejam tão diferentes das obras de seus contemporâneos. Seus trabalhos mostram curvas úni-cas, bem ao modo modernista, em sua maioria executados à mão, destacando o cuidado com os acabamentos. Segundo a historiadora Maria Cecília Loschiavo dos Santos (1999, p. 32-36), “Tenreiro re-acendeu o fascínio pelo objeto artesanal com suas criações límpidas e sóbrias”.

Algumas de suas obras-primas denunciam o que o fizeram ser o inventor da mobília moderna brasileira: uniu seu talento ma-nual, aperfeiçoado desde criança na marcenaria de seu pai, com o despojamento curvilíneo do entalhe em madeira feito pelos índios brasileiros, tornando seu trabalho inconfundível. Entre suas cria-ções, podemos citar as poltronas Leve, Sonâmbula, Cadeira Três Pés e Cadeira de Tiras. Nessa última, Tenreiro utilizou uma técnica chamada tabique, que dominava como poucos, pois, sem usar pre-gos, encaixava as ripas uma a uma, de maneira artesanal (SAN-TOS, 1999).

Apesar de todo o prestígio vivido na época e de ainda resta-rem peças únicas de sua criação avaliadas em proporções numéri-cas bastante satisfatórias, Tenreiro morreu na miséria e praticamen-te sozinho no subúrbio do Rio de Janeiro.

Lúcio Costa (1902-1998)

Lúcio Costa foi o pioneiro da arquitetura modernista no Bra-sil. Seu trabalho foi considerado essencial porque procurava uma linguagem plástica correspondente à tecnologia construtiva do seu tempo. Apesar de ter pais brasileiros, nasceu em Toulon, na Fran-ça, e sua principal influência foi o arquiteto francês Le Corbusier (NIEMEYER, 1994).

É conhecido mundialmente pelo Projeto Piloto de Brasília. Concorrendo com grandes empresas internacionais, foi o vencedor

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do concurso, entregando à comissão julgadora apenas um rabisco a lápis, feito sobre o papel, evidenciando sua genialidade como ar-quiteto.

Seu lado menos conhecido é o de designer, e a maioria dos móveis criados por ele está no Park Hotel de Nova Friburgo (RJ). Uma de suas criações para o mobiliário nacional foi a “Poltroni-nha”, peça feita de madeira de Jacarandá e estofamento em couro. Criou, também, com a ajuda de colegas, o mobiliário do Ministério da Educação e Cultura do Rio de Janeiro. Lúcio Costa faleceu aos 96 anos de idade, lúcido, em 1998 (UNDERWOOD, 2003).

Oscar Niemeyer (1907-2012)

Oscar Niemeyer foi um dos mais respeitados arquitetos do mundo. Carioca, era apaixonado pelo Rio de Janeiro, cidade que sempre o inspirou na realização de seus trabalhos. No modernis-mo de Niemeyer, a criação da arquitetura é um ato essencialmente espiritual: uma resposta à presença monumental da natureza que dá origem às formas criadas pelo homem, mas baseadas em linhas naturais. Foi dessa forma que Niemeyer emprestou seu estilo poéti-co ao design de móveis iniciado em 1971 (UNDERWOOD, 2003).

Para ele, o mobiliário era parte fundamental da composição arquitetônica e, a partir dessa necessidade pessoal, foi um dos ar-quitetos pioneiros na prática do design de móveis no Brasil. Assim como na arquitetura, instigou a utilização de novos materiais, ini-ciando estudos de produtos como a madeira prensada, que propor-cionava simplicidade construtiva. Após algumas peças executadas, permitiu maior economia e exaltou a possibilidade de novas formas (UNDERWOOD, 2003).

Baseando-se nesses conceitos, Niemeyer passou a produzir poltronas, mesas, cadeiras de balanço, espreguiçadeiras e marque-sas, utilizando, além da madeira prensada, as palhinhas naturais, que viraram materiais característicos de seus móveis.

O arquiteto equipou vários de seus projetos, inclusive o interior do Palácio do Planalto em Brasília, com móveis que levam

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a sua assinatura. Sua principal contribuição e influência para o design de móveis nacional foi, sem dúvida, a introdução das curvas em suas criações. Niemeyer (1988, n.p.) afirmava não se atrair pelo ângulo reto e em seu poema dizia: “[...] não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual”. Sempre buscou formas ousadas, com poucas áreas de apoio, como fazia em seus projetos arquitetônicos.

Suas criações foram desenvolvidas em parceria com sua fi-lha Anna Maria, e suas mais famosas peças são a Chaise Rio, que tem uma estrutura de madeira ebanizada com assento revestido em couro, a Easy Chair, em madeira laminada e espuma, a cadeira de balanço com palhinha e a sinuosa Marquesa de lâmina prensada (UNDERWOOD, 2003).

Ressaltando o quanto o seu design de mobiliário se relaciona com sua arquitetura, Niemeyer mostrou mais uma vertente admirá-vel de seu trabalho e deixou uma obra eterna, cujos contextos físi-co, cultural, político e teórico trabalhados pelo arquiteto, segundo Underwood (2002), elucidam intenções e sentidos por trás de suas inovações. Niemeyer faleceu aos 104 anos no Rio de Janeiro.

Sérgio Rodrigues (1927-2014)

Sérgio Rodrigues começou sua carreira como arquiteto, mas foi como designer que protagonizou décadas de reconhecimento pelo seu trabalho, mantendo a coerência da busca de expressão da nossa identidade cultural e, ao mesmo tempo, depurando as formas e reduzindo a quantidade de matéria em cada peça. Rodrigues tam-bém acreditava que a arquitetura deveria contemplar o planejamen-to do espaço interno através do mobiliário (BORGES, 2013).

Sua mais famosa criação foi a poltrona Mole (1957), conside-rada um clássico do design brasileiro. Premiada na Bienal de Can-tu, na Itália, em 1961, é parte da coleção permanente do MoMA, em Nova York. Sua procura era por materiais que caracterizavam a brasilidade, um resgate do espírito da mobília tradicional e influ-ências indígenas. Suas criações traziam um conceito de informali-

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dade, e suas cadeiras romperam com o “sentar bem-comportado”. A Mole traduz bem essa linguagem não só com a sua estrutura, seu almofadão, suas correias, mas também como algo vindo da senzala, a luxúria, pela maneira que o pessoal se jogava. Antes de Sérgio Rodrigues, não havia nada assim no Brasil (BORGES, 2013).

3. DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

O design dos móveis brasileiros segue o contexto histórico do nosso país. Com a influência do Modernismo, passando pelo Pós--Modernismo e rumo à contemporaneidade, nos anos de 1980, o conceito da produção de móveis volta-se para a tendência do design inovador com materiais diversificados, pela madeira e pela execu-ção quase artesanal (DORNAS, 2012).

Surge uma geração de profissionais que segue a trilha aberta pelos modernos, envolvidos agora pela globalização, e que inova especialmente na linguagem. Abolindo o chamado funcionalismo, próprio à tecnologia industrial em que “a forma segue a função”, os designers começam a utilizar matérias-primas até então não usuais no segmento, como borracha, lona, alumínio, laminados estampa-dos e fibras de cimento. Surge a proposta de móveis mais intuitivos e irreverentes. Os designers começam a captar as novas exigências de mobilidade, flexibilidade, leveza e simplicidade surgidas na casa contemporânea em função de mudanças no estilo de vida.

No século XXI, a marca do design mobiliário brasileiro é a diversidade. A contemporaneidade traz em si a possibilidade de va-riadas visões e estilos representados por designers de projeção no cenário da criação do mobiliário brasileiro. Demonstra que o Bra-sil é um importante centro criativo inserido no panorama cultural mundial, e o design assume, hoje, o status de arte de maneira uni-versal. A arquitetura e o mobiliário continuam tendo uma relação inseparável (BORGES, 2013).

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4. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE CULTURA, ARTE E DESIGN

O Brasil tem uma pluralidade de origens sociais e étnicas que fornece aos profissionais ideias capazes de originar produtos dife-renciados e dá ao design contemporâneo o título de “Novo Design” com características típicas de um país culturalmente rico. O design contemporâneo reporta-se ao processo moderno de produção e as bases tradicionais típicas das culturas locais. Um móvel pode ser projetado em função das necessidades dos indivíduos e da materia-lização de uma cultura.

Seguindo alguns conceitos, arte é um fenômeno cultural de identidade própria de cada sociedade, definida por determinados períodos, e exerce funções estéticas, culturais e sociais. Pensar as relações e as fronteiras entre arte e design é uma discussão constan-te e, muitas vezes, encontramos quase a necessidade de se estabele-cer arte e design como campos contraditórios. Mas não é por meio da oposição que as duas áreas poderão contribuir mutuamente.

Na contemporaneidade, é possível observar que um objeto pode ter como a obra de arte a função de provocar reflexões, admi-ração, sensações, expressar um pensamento, uma visão de mundo, provocando uma experiência estética. Surge a ideia de que, além de funcionalidade, o design também deve proporcionar experiências agradáveis ao usuário. Tornam-se cada vez mais comuns no proces-so de criação do mobiliário atual o cuidado e a atenção ao conforto dado ao corpo humano no seu meio ambiente cotidiano (MOURA, 2012).

Portanto, é fundamental compreender que, dentro da nossa contemporaneidade, a arte cumpre seu papel importante de modo a proporcionar novos significados a conceitos já desgastados e reper-cutidos culturalmente na sociedade. A relação entre arte e design, em vez de dividir e fragmentar, deve somar e possibilitar a abertura de novos horizontes.

Atualmente, sucessivas tentativas para solucionar questões ambientais têm sido realizadas em todo o mundo. Tornou-se ne-cessário repensar tais questões em todas as atividades humanas,

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surgindo, assim, novos conceitos que basicamente entre si têm a concepção de que um produto deve ser ambientalmente sustentá-vel. A solução proposta é chamada de ecodesign, que é o desenvol-vimento de produtos planejados desde a sua concepção até o seu descarte para reciclagem.

O designer contemporâneo enfrenta desafios ao incluir a sus-tentabilidade em seu processo de criação e desenvolvimento do produto. Em um dado momento da história, a sustentabilidade in-fluencia e gera um impacto na configuração do móvel, mas, a partir do design sustentável, é possível propor uma série de medidas con-dizentes com essa nova demanda social e cultural, que não deve ser negligenciada pelos designers.

É possível rastrear as mudanças influenciadas pela sustentabilidade no setor moveleiro desde 1980 e podem ser percebidas no Brasil através de mostras de mobiliário sustentável, que já acontecem regularmente, e diversos concursos com enfoque nesse tema.

A intenção dos designers contemporâneos é criar móveis que mantenham o design original e produzam menos impactos no meio ambiente. Boa parte do design sustentável parte do princípio da es-colha de materiais adequados, como a madeira de reflorestamento e do processo de execução (KAZAZIAN, 2005).

Atualmente, o design de mobiliário vive um momento de efervescência no país. Entretanto, não se pode falar em movimen-to. A diversidade expressiva e o perfil de seus criadores são a marca do design brasileiro de móveis contemporâneos, que hoje ganha o mundo com características tão distintas. Entre nomes importantes de agora, há herdeiros do modernismo, artistas ecléticos, marcenei-ros, arquitetos, entre outros, além da diversidade dos materiais que faz parte desse amplo universo, em processos artesanais e indus-triais (DORNAS, 2012).

Nesse cenário globalizado com um repertório ilimitado de possibilidades, ressaltaremos o trabalho de alguns dos nomes mais expressivos do design nacional (BORGES, 2013).

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Os irmãos Campana apareceram em um momento propício, chamado de “Novo Design”, em que se valorizavam novas formas e a possibilidade da busca por outras referências para projetar. Com um estúdio inaugurado nos anos de 1980, hoje eles são reconhecidos em diversos países. Nascidos no interior de São Paulo, Humberto e Fernando têm por formação Direito e Arquitetura, respectivamente. Na década de 1990, houve um resgate do design brasileiro com base na cultura do país, contribuindo para que os designers construíssem uma identidade local. Surge, assim, a geração de designers representantes do “Novo Design Brasileiro”, tendo Humberto e Fernando como exemplos.

Em seu trabalho, os materiais sempre tiveram um lugar de destaque, aparecendo num constante diálogo com os processos construtivos. Uma das características mais marcantes é o fazer com as mãos, criando modos de execução independentes da indústria, contrapondo a produção em série. Eles se permitem enrolar teci-dos, inventar nós e utilizar materiais impensados, experimentan-do texturas e reinventando objetos que expressam a história e a contemporaneidade, esbanjam humor, têm uma linguagem global e mostram orgulhosamente que são brasileiros.

Os resultados de se utilizarem materiais comuns com origi-nalidade são móveis únicos que nos dizem como foram feitos, re-velam o processo com os quais foram fabricados e nos levam a lugares onde nunca fomos.

Entre suas criações mais famosas, estão a poltrona Vermelha, a cadeira Discos, a cadeira Favela, a mesa Tatoo, a cadeira Amêno-ma e a cadeira Cone. Móveis e objetos projetados por eles estão no acervo de importantes museus em vários países (DORNAS, 2012).

Carlos Motta, formado em Arquitetura, mas dando maior ên-fase ao design de móveis, foi um dos primeiros designers a tomar atitudes concretas quanto ao meio ambiente em seus projetos. Utili-za materiais reciclados e sua produção tem duas vertentes distintas: a primeira consiste na produção artesanal com baixas tiragens, de móveis de madeira maciça, especialmente cadeiras, e a segunda, iniciada nos anos 2000, é o fornecimento de projetos para produção em larga escala por indústrias.

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Vários de seus móveis foram premiados, e seu caminho no design pode ser definido por adjetivos como “simples” e “honesto”. A linguagem trilha um caminho próprio, marcada pela essenciali-dade.

Entre suas mais importantes obras, podemos destacar a Pol-trona Giratória Radar, feita de madeira e ferro oxidado, a Cadeira Rio, feita de madeira e laminado de PET reciclado, a cadeira Estre-la, a cadeira São Paulo, o Banco Mandacaru e a Poltrona Astúrias Balanço (BORGES, 2013).

Fernando Jaeger, designer formado pela Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (UFRJ), começou a projetar móveis nos anos de 1980. Sua principal característica está na atenção à racionaliza-ção dos processos produtivos, que resulta em móveis acessíveis à classe média. Inclui o uso correto de matérias-primas e adota pro-vidências contra o desperdício. A poltrona e o pufe Theo receberam o prêmio Planeta Casa em 2008. Outra criação famosa é o Banco Bienal Baixo (BORGES, 2013).

Guto Indio da Costa é formado em design pelo Art Center College of Design nos Estados Unidos e na Suíça. Sua atuação em mobiliário é pequena em relação aos outros segmentos que são des-tinados à produção industrial em larga escala – experiência que le-vou para o setor com o mesmo raciocínio de utilização de materiais.

Sua participação no setor é significativa por ter uma carac-terística inovadora. A cadeira IC01 foi criada e produzida a partir da combinação entre polipropileno com um polímero de engenha-ria reforçado por fibras estruturais. A Poltrona Arraia também está entre algumas de suas criações, feita de fibra natural e aço inox (BORGES, 2013).

Domingos Tótora, nascido na cidade mineira de Santa Fé, é conhecido por desenvolver uma técnica que transforma caixas de papelão descartadas pelos supermercados e indústrias numa massa de celulose que, misturada à cola e água, se torna um material sóli-do e resistente utilizado na elaboração de seus móveis. O processo não gera resíduos e seus bancos, bases de mesas, assentos e painéis são feitos artesanalmente, um a um, em formas orgânicas que lem-bram pedras e águas.

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Tótora busca a beleza através da quietude, inspirado pela na-tureza. O banco Solo obteve o primeiro lugar na categoria mobili-ário do Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira em 2010 e foi selecionado para a premiação anual do London Design Museum em 2011 (BORGES, 2013).

Os designers citados neste estudo têm seu trabalho reconhe-cido no Brasil e no exterior, por sua criatividade efervescente e o uso de materiais e formas inusitados, o que enobrece ainda mais o mobiliário nacional no mercado.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização desta pesquisa foi motivada pela necessidade de se investigar a história do mobiliário brasileiro e as principais influências criativas do design nacional desde o modernismo até a contemporaneidade. Percebeu-se que, ao longo da história, sempre se manteve uma forte dependência de modelos estrangeiros, prin-cipalmente o europeu, e a ruptura com esses moldes fez com que o design brasileiro conquistasse uma nova identidade.

A revisão de literatura relata como surgiram no modernis-mo as primeiras manifestações que demonstraram a necessidade de mudanças no design mobiliário e que fizeram da arquitetura moder-nista sua principal influência. Os estudos bibliográficos a respeito da obra de nomes consagrados da época certificam que a criação de uma nova estética estava relacionada à cultura e ao contexto histó-rico vivido pelo país.

As particularidades do design pós-moderno nortearam o momento criativo de vários artistas e determinaram o surgimento de novas correntes formadas pelo conceito denominado como “Novo Design”, caracterizado por pensamentos independentes, separando indústria e funcionalismo, tirando-o do foco da produção em série (DORNAS, 2011).

A relação entre arte e design começa a ser discutida e proble-matizada, visto que muitos designers foram treinados para acreditar que o design não é arte e, sim, técnica e funcionalidade. Pensar

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nessa relação é, portanto, compreender que o design pode ser in-fluenciado pela arte e nos proporcionar sensações e experiências determinantes que envolvem diversos aspectos.

Foi possível, graças a pesquisas anteriores relacionadas ao tema, perceber que, muito mais que um simples conceito, o “Novo Design” representou uma etapa importante na trajetória do design de mobiliário nacional rumo à contemporaneidade.

Atualmente, no universo globalizado, refletido em novas tec-nologias, processos produtivos e materiais diversificados, vivemos uma “idade” em que se impõe o desenvolvimento sustentável, es-tando ao alcance dos designers contemporâneos pensar em solu-ções que não desfavoreçam a criação original, mas que explorem novas possibilidades, novas funções e novos significados.

Por fim, o design nacional hoje é, assim como o próprio País, rico e diversificado. A leitura de autores fundamentais dedicados ao tema permitiu o entendimento de que a história do mobiliário nacional é uma relevante pesquisa e deve dimensionar o que tornou o Brasil um país reconhecido mundialmente nesse setor por sua ori-ginalidade e pluralidade cultural, traduzidas pelas obras de grandes nomes da arquitetura modernista, do design contemporâneo e de áreas afins, impregnados pelo desejo de buscar a nossa identidade cultural.

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