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O Malhete INFORMATIVO MAÇÔNICO, POLÍTICO E CULTURAL Linhares - ES, Junho de 2020 Ano XII - Nº 134 [email protected] Filiado à ABIM - Associação Brasileira de Impressa Maçônica, Sob o nº 075-J Self Made Man - Bobbie Carlyle

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Page 1: O MALHETE 134 - JUNHO PARA PDFdade, responsabilidade, adaptabilidade e bem-estar na ambiguidade e abertura a mudanças e equilíbrio. 3 – Automotivação: forte impulso para a realização

O MalheteINFORMATIVO MAÇÔNICO, POLÍTICO E CULTURAL

Linhares - ES, Junho de 2020Ano XII - Nº 134

[email protected]

Filiado à ABIM - Associação Brasileira de Impressa Maçônica, Sob o nº 075-J

Self Made Man - Bobbie Carlyle

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O Malhete 03O Malhete Junho de 2020

Meus queridos Irmãos, confesso que não gostaria mais de voltar ao tema do Covid-19, mas, infelizmente, ele está

na agenda diária, e creio que vai perdurar mais do que gostaria.

O assunto que vamos abordar neste peque-no artigo, surgiu em razão do atendimento que fiz a um cliente. Sinceramente me cha-mou muita atenção.

Ele está com problemas sérios em seus negócios (a maioria está), por vários motivos, mas o maior deles é esta pandemia. Mas, o maior ainda, é seu desequilíbrio emocional. Se ele não conseguir esse equilíbrio, certa-mente não vai tomar as decisões corretas (se tomar).

A conversa foi mais de hora e, depois das colocações dele, passei a falar da necessidade dele manter o equilíbrio. Falei da vida dele, que ele tem que se conhecer, saber de suas potencialidades, de seus limites, acreditar nele e se controlar. Enfim, falei sobre as competências emocionais que nós precisa-mos praticar sempre e, agora muito mais, diante dos problemas causados pelo Covid-19.

Desta forma, passei a falar sobre cada uma delas, e dizer a ele que ele era capaz, pois o conhecia e sabia de sua conduta e de seus rela-cionamentos.

A preparação emocional capacita a operar

com ações e emoções mais capazes de levar a eficiência das atividades.

Muitas características dos vencedores estão no plano emocional. E o melhor: quem não as tem, pode desenvolver. É só buscar ajuda.

Goleman definiu inteligência emocional como: "...capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções den-tro de nós e nos nossos relacionamentos." (Goleman, 1998)

Temos cinco habilidades que compõem a “Inteligência Emocional”:

1 - Autoconhecimento; 2 – Autocontrole; 3 – Automotivação: 4 – Empatia; e 5 – Relacio-namento Interpessoal.

As três primeiras é uma questão interna (intrapessoal), você com você mesmo. E as duas últimas, externa (interpessoal), você em relação a outras pessoas.

1 – Autoconhecimento: capacidade de reco-nhecer e compreender seus estados internos e emoções, bem como seus efeitos sobre as outras pessoas. Conhecer suas forças e seus limites e ter certeza de seu próprio valor. Características: autoconfiança, autoavalia-ção realista, segurança pessoal e identidade e autoestima.

2 – Autocontrole: capacidade de controlar ou redirecionar impulsos e estados internos perturbadores. Propensão a pensar antes de agir, gerenciando as reações. (ouvir – refletir - agir). Características: consciência, integri-dade, responsabilidade, adaptabilidade e bem-estar na ambiguidade e abertura a mudanças e equilíbrio.

3 – Automotivação: forte impulso para a realização. Propensão a perseguir objetivos com energia e persistência. Características: visão positiva da vida, aprende com o fracas-so, comprometimento com as situações colo-cadas e iniciativa.

4 – Empatia: capacidade de compreender a constituição emocional dos outros. Habilida-de para tratar as pessoas de acordo com suas reações emocionais e perceber as necessida-des alheias. Características: habilidade para trabalhar em equipe, sensibilidade intercultu-ral, orientação para serviços e desenvolvi-mento dos outros.

5 – Relacionamento Interpessoal: compe-tência para administrar relacionamentos e criar redes. Capacidade de encontrar pontos em comum e cultivar afinidades. Envolve habilidades de comunicação e cooperação. Características: eficácia para trabalhar em equipe/times, influência, liderança, gestão de conflitos, catalisador de mudanças e criador de sinergia.

Devemos sempre buscar manter nosso equilíbrio em nossas decisões, pois alguns erros são difíceis de consertar, e uma decisão desiquilibrada pode ser irreversível.

Lembrem-se: em negociação, quem se desequilibra primeiro, perde.

Um grande e fraternal abraço a todos!!!

Saudações Fraternais!!!

Valdir Massucatti. Grão Mestre Adjunto da Grande Loja

Maçônica do Estado do Espírito Santo

EQUILÍBRIO EMOCIONAL

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Amados irmãos, debatendo em uma loja de estudos maçônicos, pelo ZOOM, vir-tualmente, com mais 75 irmãos referên-

cias em suas Lojas e membros das Três Potencias regularmente reconhecidas no Bra-sil sobre o TEMA : ” A POBREZA INTELECTUAL QUE GRASSA NO I N T E R I O R D A M A Ç O N A R I A BRASILEIRA”, ficamos estarrecidos com a constatação de vários irmãos preocupados com o sombrio futuro de nossa sublime insti-tuição , caso não seja implementado um pro-jeto de revitalização e de doutrinação em mol-des planejados e de educação continuada com quebra de paradigmas e filtragem mais criteriosa dos futuros membro da Ordem.

A Pobreza intelectual aqui ratificada, é a mente desprovida da verdade, do conheci-mento de si e do alcance de seus pensamentos e ações. A escolha deliberada em não conhe-cer as coisas mais importantes começa quan-do a mente rejeita todo e qualquer padrão que não seja ela mesma. Ela vislumbra sua vida espiritual como algo que se edificou a si mes-mo, que se construiu sozinho. A rigor, a mente não pode “fazer” nada errado, pois é ela quem define o que é certo e errado. Da mesma forma, ela não pode perdoar ou ser

perdoada porque isso implicaria que existiria uma fonte e uma medida fora de si. A pobre-za intelectual é a verdadeira origem da pobre-za material, filosófica. Teocrática e instituci-onal. Eis porque a sabedoria maçônica clássi-ca sempre exorta que conheçamos a nós mes-mos, que nos ordenemos por um padrão que não criamos. Nossas mentes trabalham diu-turnamente para distorcer a realidade e fazer com que ela se enquadre em nossas escolhas.

Platão dizia que a vida humana não é “sé-ria”. O homem é um “joguete” dos deuses Sua intenção não é nos denegrir, mas louvar nossas vidas por aquilo que são. Não é “ne-cessário” que existamos. Mesmo assim, exis-timos. Existimos por razões não fundadas no determinismo. O fato de existirmos de mane-ira desnecessária expressa a mais profunda verdade sobre nós. Existimos por escolha, por amor, pela liberdade fundada no que está para além da necessidade. Significa que nos-sas vidas devem refletir essa desnecessidade, essa liberdade de sermos receptores de bens e graças das quais não somos a causa.

Após essa pequena dissertação supracita-da, observamos que os céticos irmãos defi-nem a Maçonaria como a “Instituição da perda de tempo, nos dias atuais”. Os Paladi-nos da Ordem definem que A Pobreza inte-lectual da Maçonaria, não é sinônimo de mar-ginalidade de ações construtivas individuais e coletivas, mas é o alimento de “intelectua-is” canalhas, os profanos de aventais, os vai-dosos arrogantes, os pombos arrulhantes que destilam e semeiam a discórdia em nossos

Templos.A pobreza maior do maçom é a ausência

de compromisso do que é fundamental para a vida humana, não somente para a sua pró-pria, mas também para a de seus irmãos maçons e em Cristo, além de para com a nossa existência enquanto instituição ecléti-ca que somos. Podemos ser pobres material-mente falando e também culturalmente em termos acadêmicos. Ela passa por todos os extratos sociais. Muitas vezes apontamos como pobre só aquele que não tem o que comer ou que não tem condições de habitabi-lidade. Essa é a pobreza mais visível. Mas, no entanto, existe também outro tipo de pobreza e que passa também por aqueles que são eco-nomicamente mais favorecidos, os ricos, se assim quisermos falar, a POBREZA DE ESPÍRITO, essa é a pior que pode ocorrer dentro de um iniciado que recebeu a verdade-ira luz. Um Irmão participante do debate definiu todo o processo que estamos viven-ciando hoje na Maçonaria com a seguinte frase: A nossa maior pobreza intelectual não é a “pobreza econômica” e, sim, a “pobreza moral”. Essa colocação deixou a todos estar-recidos, pois a primeira vista parece ser ofen-siva, inapropriada e que não teria sentido em uma reunião virtual daquele nível Constelar. Em plena era cibernética, onde vemos o adi-antado desenvolvimento das variadas faces da ciência, tais como telecomunicações, medicina, engenharia, etc... ainda persistem, em nossa sociedade discreta,

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A POBREZA INTELECTUAL NA MAÇONARIA

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O Malhete 05O Malhete Junho de 2020

A MAÇONARIA, práticas e comportamentos pouco dignos, controversos e antagônicos ao modelo moral proposto para nossa Sublime Insti-tuição; sendo necessário a criação de novas leis para regular as relações sociais e defender direi-tos naturais. O uso de “máscaras sociais” é a con-fissão íntima da nossa personalidade, ou seja, quando usamos as nossas várias “máscaras” para permearmos a sociedade, confessamos para nós mesmos que, nossa personalidade ainda está aquém daquela que nos foi colocada como mode-lo. Confessamos para nós mesmos que não somos o que gostaríamos de ser, ou, pelo menos, não conseguimos ser o que nos foi ensinado, desta forma, “fabricamos”, aparências circuns-tanciais, efêmeras e transitórias, de comporta-mentos aceitos na vida maçônica, familiar e na comunidade onde vivemos. Nossos comporta-mentos, em verdade, ainda são marcados, de forma indelével, pelo egoísmo, muito embora, às vezes, não o notamos em nossa conduta social,

por estarmos totalmente integrados – inconscien-temente – em nosso próprio arquétipo evolutivo. Ou seja o EGOCENTRISMO .

A Pobreza intelectual é um Estado Moral. Nunca me habituarei a ser pobre Moralmente Falando. Chamo essa pobreza de desamparo Interior. Confundimos pobreza moral com desamparo: pois têm o mesmo rosto. Mas a pobreza é um estado moral, um sentido das coi-sas, uma forma de honestidade desnecessária. Uma renúncia a participar no melhoramento glo-bal do mundo, é isso a pobreza moral e intelectu-al para mim. Talvez não por bondade , por ética ou por um qualquer ideal elevado, mas por incompetência na de partilhar o que de graça , nos brindou o Grande Arquiteto do Universo. Somos, nesse sentido, frades de uma ordem men-dicante e talvez agonizante, clamando por um futuro diferente daquele que se anuncia e está se descortinando no horizonte, infelizmente para nossa amada e Sublime Instituição. Para entrar-

mos no caminho do progresso moral é necessário que tenhamos em mente as modificações que teremos que fazer em nossas atitudes, em nossos sentimentos e em nossas obras para com o outro. Se não houver renuncia dos nossos vícios materi-ais ou morais, não teremos condições de abrir a porta do progresso moral em nossa caminhada, porque só através da mudança verdadeira é que teremos a chave para realmente abrir a porta do progresso moral. Quando buscamos nossa melhora, mudamos de atitude não pensamos mais de forma egoísta, traçamos o nosso desen-volvimento sempre pensando no desenvolvimen-to do outro. Procure em você as modificações necessárias para começar o seu progresso moral, somente você poder corrigir as suas falhas.

Pensemos nisso hoje e sempre!!!!!

TFAG R U P O E D I T O R D A E S C O L A

MAÇÔNICA “ FILHOS DE HIRAM”

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Como bem ilustra o desenho anexo do Irmão João Guilherme Ribeiro, citando célebre humorista do cinema norte-americano nos

anos 30, "Não entro para clubes que me aceitam como sócio".

VAMOS AO CAMPO DA PURA FICÇÃO, começando pela máxima do poeta neolatino, Jean de Santeuil: RIDENDO CASTIGAT MORES (Corrigem-se os costumes através do riso).

A PEDRA BRUTA NO COCURUTO OCCIPITAL

Imaginem uma Loja no ano 40.000 antes de Cristo – Loja Neanderthal – como visualizam os maçons que nutrem bom-humor em relação à cronologia do Ano da Verdadeira Luz, distante de nós 42.020 anos. Imaginem esse alvorecer da humanidade: ainda restam alguns dinossauros pastando do lado de fora da caverna de Platão quando, de repente, iluminado pela leitura do 'voltaire' da época, e cansado de levar pedras brutas no cocuruto occipital, um troglodita cha-mado Julius Henry Marx resolve pedir iniciação na Loja Neanderthal. Havido o escrutínio secre-to, ele é aprovado. Mas antes mesmo da inicia-ção Julius Marx descobre qual tipo de pitecan-tropos e sapiens fazem parte daquela Loja. Acen-de o charutão davidoff e assume sua verdadeira

identidade: ele é o Groucho da família Marx, ancestral indireto do Karl do Capital. Tempera-mental, não aceita, doravante, ser iniciado como tal; afasta-se do portal e toma a decisão fatal, dizendo:

− Não entro para uma sociedade que me acei-ta como membro!,

... e o desespero se abateu pesadamente sobre os stonecutters da Neanderthal Lodge.

SAINDO DO CAMPO DA FICÇÃONessa vetusta sabedoria deveriam se debru-

çar, em decúbito lombar, os ludâmbulos limnolo-gistas, pantanosos girinos da vida maçônica que, passados esses 42.020 anos, ainda inflam nossas Lojas fazendo da Maçonaria algo que ela não é.

Posso não saber ainda o que é Maçonaria; mas aprendi, por experiência o que ela não é. Estou naquela terceira margem do rio de onde clamava João Guimarães Rosa o seguinte:

− Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.

Posso não ter lido todos os sábios, profetas, videntes, bruxos e adivinhos da escola autêntica, mas aprendi que, nos primórdios da Maçonaria, os poderosos, nobres e reis, batiam nos portais do Templo operativo – e que hoje, são os pedreiros especulativos que batem às portas dos políticos para aparecerem em fotografias ao lado deles.

Progredimos pouco...

PASSANDO PARA O CAMPO DA EDUCAÇÃO

Nos últimos anos, o estudo de Maçonaria tem se fixado no intento de reformar hábitos conside-rados espúrios ou subversivos da tradição. Dois terços da nossa energia têm sido desperdiçados em esmiuçar os processos de admissão de novos maçons e a qualidade das sindicâncias. Digo des-

perdiçados porque, não obstante tanto barulho ao redor do tema, nada muda nesse aspecto – melhor dizendo: vem piorando. Os formulários de pro-posta foram simplificados e mutilados; os proce-dimentos são feitos às pressas. Atos e diligências que objetivam a apuração e averiguações siste-máticas sobre os candidatos correm o risco de acontecerem pelo whatsapp.

Uma péssima forma de fazer Maçonaria, diga-se de passagem, surgiu nas telinhas dos celulares, porque em monitores de 15 a 29 polegadas o conhecimento parece muito amplo! Presencia-mos um sentimento de má vontade, uma aversão e antipatia pelo texto escrito, pela leitura e pelo esmero na redação, como se não bastasse a falta de zelo pelos cânones que regem qualquer ofício.

Há 5 ou 6 anos eu me indignava com a afirma-ção de que "maçons não gostam de ler". Até mesmo escrevi um livro, na esperança de que os obreiros da minha aldeia se interessassem pela história, fundamentos e formação da Maçonaria. Adquiriram, sim, o livro − mas para servir como peso de papéis em seus escritórios. Hoje sou obri-gado a concordar com aquele idiota atrás da vitri-ne do stand: a esmagadora maioria dos maçons não gosta mesmo de ler − e sabem por que? Por-que essa é a realidade brasileira que se agrava desde os anos 70. Pergunto (e vocês não preci-sam me responder): quantos livros, não importa o assunto, você leu no último ano? Se leu 11(on-ze), você é um bom leitor; se leu 7(sete), é um leitor mediano; se leu 2(dois) é um mau leitor; se não leu nenhum, você está perdido (conclusão minha com base, entre outros textos, em "Retra-tos da Leitura no Brasil - Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil" ).

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É POSSÍVEL FLEXIBILIZAR MAÇONARIA?

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O Malhete 07O Malhete Junho de 2020

Se é impossível imaginar um cidadão ou eleitor que não leia ou não procure se informar mediante livros, revistas e jornais, mais esta-pafúrdio é ainda existirem maçons que não leem. TODOS os preceitos, rituais, leis, fun-damentos e formação da Maçonaria − enquan-to organização e instituição − estão REGISTRADOS EM TEXTOS ESCRITOS e têm que ser interpretados pela inteligência e discernimento redacional se pretendemos fazer algo sério.

Considera-se fundamental, para admissão na Maçonaria, ser o candidato homem íntegro e atualizado em relação ao seu tempo; mas também se espera, como condição, que ele esteja apto a apreender conhecimentos filosó-ficos e litúrgicos.

Nem por isso, entretanto, o homem simples – a que, se destina a Maçonaria − precisa ser proficiente em inglês, francês ou latim para adentrar o vasto mundo da literatura especiali-zada. Ninguém precisa virar maçonólogo(nova modalidade do folclore neanderthalen-sis brasiliensis) para entender o bê-a-bá da Arte Real. A virtude está no meio e não pode-mos esnobar sapiências com o propósito dissi-mulado de humilhar o "common man" (ho-mem simples) e fazê-lo desistir em suas bus-cas; ou fazê-lo abaixar a cabeça na hora de votar.

A compreensão dos textos maçônicos, des-tinados ao homem simples e inteligente (o "common man"), depende, contudo, de uma alfabetização diferenciada (leitura e interpre-tação de texto, como dizem nas escolas). Sem isso vamos nos transformando, progressiva-mente, numa população que engrossa as filei-ras dos analfabetos funcionais. Repito a máxi-ma de Horatius Quintus Flaccus (28 a.C): "In Medio Stat Virtus": a virtude está no meio.

Dito isso, imaginem o que resulta da com-preensão torta dos textos legais das Lojas e Potências (Constituições, Regulamentos, Leis, Decretos), sem falar no volume, a meu ver exagerado, de atos, circulares, processos administrativos e normas penais. Resulta o caos, já que ninguém consegue entender mais do que duas linhas de whatsapp ou 210 letras num twitter. Falo daquele mesmo de caosonde os alquimistas e prestidigitadores da escola autêntica tentam extrair como se ordotirassem um coelho de dentro de uma cartola... e haja "cartolas"!

Se me perguntarem sobre uma solução para esses desafios, confesso que não sei, nem tenho receitas prontas. "Quase que nada não sei, mas desconfio de muita coisa...»

Ainda estamos no primeiro passo que con-siste na identificação do problema. Chegamos a esse ponto e precisamos nos virar com o que

temos – adotando a prudência necessária, pois nosso futuro é incerto.

PAIS E EDUCADORES MAÇONSO hábito da leitura se forma entre os 8 e 12

anos de idade. Se nesse período, quando as conexões cerebrais e neurônios ainda estão "maleáveis" e "receptivos" à educação formal, não forem semeados bons hábitos no lar e nas escolas, passada a adolescência é praticamen-te impossível consertar o estrago.

Não concordo nem generalizo ao ponto de culpar os problemas sociais e conjunturais brasileiros pela derrocada do cabedal de conhecimentos entre jovens e adultos. Macha-do de Assis, que viveu entre 1839 e 1908, era brasileiro, nasceu no Morro do Livramento, Rio de Janeiro; era mestiço, filho de família pobre, mal estudou em escolas públicas e nunca frequentou universidade. Além disso era gago e sofria de ataques de epilepsia. Hoje, Joaquim Maria Machado de Assis é reconhe-cido como o maior escritor brasileiro de todos os tempos − um dos maiores da língua portu-guesa e, mesmo como filósofo e crítico social, um dos grandes da literatura universal. Inspi-rado na Academia Francesa, Machado de Assis liderou um grupo de intelectuais – entre os quais Medeiros e Albuquerque, Lúcio de Mendonça − e fundou, em 1897, a Academia Brasileira de Letras.

Outro mestiço, Lima Barreto (1881-1922), filho de uma escrava com um madeireiro por-tuguês, destaca-se nas letras como um verda-deiro titã (autor, dentre outras obras, da "Re-

cordações do Escrivão Isaías Caminha" e "Triste Fim de Policarpo Quaresma"), não obs-tante ele ter sido vitimado pelo preconceito social e sucumbido ao vício – sendo frequen-temente internado em hospícios − vindo a mor-rer aos 40 anos de ataque cardíaco.

Citei Machado de Assis e Lima Barreto para exemplo (emulação) da nossa causa, na certeza de que, embora tardiamente, podemos remediar e replanejar nosso futuro. Citei Machado de Assis e Lima Barreto, para não cometer injustiças ao negligenciar grandes personalidades e maçons que ainda vivem entre nós, porém excluídos dos processos deci-sórios sobre a Ordem. Citei Machado e Barre-to, porque na época deles não existia essa pre-guiça e essa vaidade que engessa nossos empreendimentos; nem havia a internet, nem o professor google.

Espero que o bondoso fantasma de Julius (Groucho) Henry Marx venha a sussurrar um dia, dessa vez sério, atrás dos óculos e do bigo-de e sem o charuto davidoff:

− Entrei nessa sociedade porque ela só acei-ta como membros pessoas como eu que, atra-vés do riso, sejam capazes de corrigir os cos-tumes e refletir criticamente sobre si mesmas.

«O homem atrás do bigodeÉ sério, simples e forteQuase não conversaTem poucos, raros amigosO homem atrás dos óculos e do bigode"("Poema de Sete Faces", Carlos Drum-

mond de Andrade)

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02 O Malhete0202 O MalheteNovembro de 2019 O Malhete08 O MalheteJunho de 2020

Queridos e amados Irmãos! Trazendo uma rememoração bíblica, a dou-

trina Cristã traz em sua essência, que Lúcifer era um anjo admirável e ao mesmo tempo muito rebelde, criatura feita por Deus, titulada como o pai da mentira, que acusa os irmãos, engana, trai e governa o reino das trevas ou da escuridão.

Tal poder que tem, ele cega os perdidos para a “luz gloriosa do evangelho de Jesus Cristo” e procura a qualquer custo ser “ado-rado”, porém age também para roubar, matar e destruir.

É esse inimigo a quem devemos resistir, bem como as suas obras malignas que Jesus veio para destruir.

Por analogia, quando analisamos a doutri-na maçônica, todas as pessoas do mundo “pro-fano” vivem sem visão, são condenadas e con-finadas à escuridão em face ao seu espírito.

De acordo com esse contexto e por meio da iniciação maçônica, os homens são tirados da escuridão, são tirados das trevas e são trazi-dos à luz, fazendo uma total purificação inter-na e dando-lhes nova vida.

Assim que se tornam maçons, os homens são chamados de “filhos da luz” (Lightsfoot's Manual Of The Lodge, pg 175 – Manual do Pé de Luz).

Ainda na condição de “cego das almas impotentes” e seguindo os preceitos nas con-

dições ritualísticas maçônicas, no primeiro grau os iniciantes devem Ser Luz, quando já no segundo grau, tenham uma Nova Luz, e alcançando o terceiro grau passam a ter Mais Luz.

Então esses três graus formam assim um conjunto perfeito e harmonioso.

Todos nós pecamos e assim perdemos nesse momento a perfeição que Deus exige, e nesse caso ninguém é justo por sua própria virtude. Quando os homens estiverem compe-netrados da moralidade maçônica, quando estiverem aprendidos a exercitar todas as vir-tudes que ela inculca, quando tudo isso lhes forem sociais, todos estarão preparados a rece-ber a briosa instrução filosófica para galgar as alturas sobre cujo cume estão entronizadas a “luz e a verdade” da maçonaria.

Não só a “luz” fará o homem maçom a ser perfeito e harmonioso. É preciso ser, fazer e sentir a perfeição e saber quem ele é.

Quando nós maçons dividimos a nossa his-tória de vida em um local (no templo maçôni-co) que nos transforma, lapida e nos faz lem-brar que a essência maçônica de transforma-ção passa para nós, a partir dali, questiona-mos: o que é lapidar?

O ato de lapidar é bater, talhar, polir, aper-feiçoar o procedimento que ao longo do viver nos reinventamos dentro da subjetividade de cada um de nós maçons.

No transcurso das nossas vidas, algumas vezes perdemos pedaços de nós mesmos, nos momentos em que perdemos a harmonia e a concórdia dentro da ritualística maçônica com os nossos irmãos, ou na ocasião quando os acontecimentos não saem como almeja-mos ou como projetamos, é nesse instante que devemos a voltar a nos lapidar.

Não ocorre lapidação sem dor. A dor é o elo de ligação do ato de se esculpir. O maçom ao esculpir-se utiliza o maço e o cinzel, que são

duas ferramentas utilizadas por profissionais que trabalham em pedra, que possibilitam tirar lascas da pedra bruta, e para isso é preci-so batidas fortes e repetidas.

Nada pode ser muito leve e sem força, senão não há aperfeiçoamento interno. Ao usar as ferramentas que nos ajuda a nos lapi-dar, chamamos de edificação do homem. Se nós conseguirmos chegar onde estamos, essas conquistas são resultados de uma série de acontecimentos que deram certo, porém por caminhos difíceis.

Assim, muitas coisas que não dão certo, ou não saem como nós esperamos, podemos aprender muito mais se desejarmos alcançar.

O ato final de nos esculpir é um processo da nossa construção pessoal infinita, pois jamais colocamos fim em nossa construção humana até que a morte nos abrigará e nos conduzirá ao oriente eterno.

Até lá, seguimos nos lapidando e nos mol-dando sempre, pois, nós já encontrávamos dentro do bloco de uma pedra bruta, e lá se escondia uma bela escultura que somos hoje.

Porém, quem quiser continuar a mostrá-la (escultura) e ser um maçom de exemplo de harmonia, concórdia e de virtudes, deverá continuar sempre a remover os seus excessos, até expor as partes perfeitas que as escondem dentro de uma pedra bruta.

Um TFA a todos os meus amados Irmãos.

Ir.’. MM Charleston Sperandio de Souza.Presidente da Comissão de Beneficência -

CIM nº 304.753ARLS Fraternidade Guanduense N°

1396.Professor Universitário.

Baixo Guandu/ES.

Self Made Man é uma escultura da artista Bobbie Carlyle que descreve um homem lapidando a si mesmo para fora da pedra bruta.

A Luz é o elemento dissipador das trevas. É sinônimo de Verdade, Sabedoria, Liberdade, Conhecimento e Redenção.

DA CONCEPÇÃO DA “LUZ” A “ESCULTURA MAÇÔNICA”

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O Malhete 09O Malhete Junho de 2020

Essas modestas colocações são dirigidas aos “Padrinhos” daqueles que pretendem entrar para a Ordem Maçônica.

Irei aclarar e dar algumas interpretações ao que considero importantes aos “curiosos” cida-dãos, a quem chamamos de “Profanos” e que pretendem a nós se unir.

Para ser Maçom é preciso ser indicado por um Mestre Maçom. Assim, aconselho que se indague ao pretenso iniciante se já leu alguma coisa sobre o tema “Maçonaria”.

Caso não tenha lido nada é de bom alvitre que primeiro sugira para que leia e que não acredite em tudo que foi lido. Que tome por base de que quem escreveu é um ser humano igual a ele ou você. Cheio de defeitos, mas, que presumivelmente já “lapidado” e sem as facetas inadmissíveis no meio maçônico.

Que esse Iniciante, após a leitura de alguns compêndios (que podem ser baixados até pelo Google), procure conversar com alguém que ele conheça como Maçom e a ele dirija suas perguntas e interrogações que ainda não foram respondidas ou entendidas pelas suas

leituras e pelos seus conhecimentos.Cumprida essa etapa, o Iniciante deve inda-

gar, com mais profundidade, mais detalhes, quais as finalidades, quais os Regulamentos e Regimentos que o obrigarão quando for um Membro da Ordem Maçônica.

Assim, terá conhecimento de como funcio-na a Irmandade, verdadeiramente.

O Iniciante poderá até conhecer muita his-tória atribuída à Ordem, mas, algumas, que foram feitas ou construídas não pela Ordem, mas por seus Obreiros e suas Lojas*.

(*Lojas- assim chamadas os locais onde se reúnem).

O Iniciante a Obreiro de uma Loja precisa saber o que o espera dentro de uma Loja e por que ele estará ali. Há que se mostrar a ele Inici-ante que como todos os que ali adentraram passaram pela aprovação da Loja que o estará examinando e colocando em provas fazendo-se cumprir regra geral, quando será aceito ou não, e se aceito, entrará para o primeiro está-gio de uma caminhada e que é chamada de Aprendiz de Maçom.

Que nessa etapa, ou degrau, ou grau, irá aprender um dos fundamentos principais da Ordem Maçônica que é o da Simbologia, do significado daquilo que verá ao seu redor e durante toda a sua vida terrena.

Deverá saber que nessa etapa como Apren-diz, sua acuidade, deve estar sempre muito ativa. Deve estar atendo a tudo que se passa ao seu redor, Tudo é TUDO, mesmo! Que essa atenção é para todos os sentidos: Visão, Olfa-to, Paladar, Audição e o Tato.

Assim, o Profano à Iniciante saberá que, quando for um Aprendiz começará a Lapidar o seu interior, que junto com muitos Irmãos esta-rá trabalhando na Pedra Bruta que é seu passa-do de Profano e se tornando um verdadeiro Maçom.

Saberá que desses primeiros passos depen-derá toda sua caminhada para se tornar um autêntico MESTRE MAÇOM.

Aos Padrinhos desses Pretensos Iniciantes, creio que essa modesta amostra seja suficiente para estimular ou dissuadir ao cidadão que deseje pertencer a nossa secular entidade.

Eles precisam saber que assim como em qualquer instituição humana, erros e acertos existem, e que sempre existirá um “Papa Negro” com seus seguidores nefastos, mas, a história nos demonstra que o Bem sempre vence o Mal, bastando para tal, se precaver da hipocrisia, da vaidade e da sordidez.

O justo sempre estará mais próximo da per-feição.

Fernando Silva de Palma LimaCIM- 115.552 – GOB

(Ex-Ministro do STEM e seu Presidente; Deputado Federal e Constituinte, período

1993 à 2019 da Augusta e Benemérita Loja Simbólica Professor Hermínio Blacmann-

1761 do Oriente de Vila Velha - ES)

AOS PADRINHOS E PRETENSOS INICIANTES NA ORDEM MAÇÔNICA

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02 O Malhete0202 O MalheteNovembro de 2019 O Malhete10 O MalheteJunho de 2020

Kristine Wilson-Lack

Reformar algo é desmontá-lo, peça por peça, e usar o material para criar uma nova forma, uma nova "coisa" que é

ostensivamente melhor que a antiga "coisa". Reformar os deuses, no mais simples dos ter-mos, é pegar o que sabemos de nossos deuses e criar algo novo de suas formas, de sua essência. Maçonaria não é dogma. Não é per-mitido parar e coletar poeira, garantindo sua morte. Temos que permitir a mudança, a evo-lução; caso contrário, estamos destinados a cair ao extremo, depois murchar e morrer.

Eu estava participando de um grupo de estu-do do Livro Esotérico na semana passada, quando ouvi a frase "reformar os deuses". Eu ouvi muitas vezes sobre como Deus nos refor-ma, como a teologia pode ser reformada, mas não sobre como os humanos reformam os deu-ses. Pareceu arrogância para mim. O que se quer dizer quando dizem: "nós ou ele estamos tentando reformar os deuses?"

Reformar algo é desmontá-lo, peça por peça, e usar o material para criar uma nova forma, uma nova "coisa" que é ostensivamen-te melhor que a antiga "coisa". Reformar os deuses, no mais simples dos termos, é pegar o que sabemos de nossos deuses e criar algo novo de suas formas, de sua essência. Isso não parece tarefa fácil. Estamos remodelando tudo o que entendemos sobre os deuses, ou Deus, e transformando-o em algo que acha-mos melhor. Mais uma vez, arrogância.

A questão é: como o ser humano reforma seus deuses? Talvez a simples devoção se transforme em radical fanatismo. Talvez eles façam isso através de sua própria interpreta-ção errônea dos costumes, costumes e dogmas da religião ou da sociedade, formando regras para se curvarem à sua vontade. Os desejos deles. Eles misturam a idéia da vontade divina com a deles, buscando fundi-los ou procuran-do justificá-los?

Joseph Campbell, em O Herói com Mil Faces , na seção Iniciação, declara:

Os cultos totem, tribal, racial e agressiva-mente missionário representam apenas solu-ções parciais para o problema psicológico de subjugar o ódio pelo amor; eles iniciam ape-nas parcialmente. O ego não é aniquilado

neles; ao contrário, é ampliado; em vez de pensar apenas em si mesmo, o indivíduo se dedica a toda a sua sociedade. O resto do mun-do… é deixado de fora de sua simpatia e pro-teção porque (está) fora da esfera e proteção de seu deus. E ocorre, então, aquele dramáti-co divórcio dos dois princípios de amor e ódio que as páginas da história tão abundantemen-te ilustram. Em vez de limpar o próprio cora-ção, o fanático tenta limpar o mundo.

Pensando nisso, me pergunto se a maneira como os humanos usam a linguagem para expressar seus pensamentos afeta nossa teolo-gia da mesma maneira que a língua, a biologia e a cultura estão inextricavelmente ligadas. Podemos pensar que há evolução da biologia, mas também não há evolução da cultura? E se os dois estão evoluindo, nós, como seres huma-nos e como parte dela, estamos evoluindo a linguagem para acompanhar o ritmo. Faz sen-tido que nossa teologia evolua para sobrevi-ver. Certamente é a adaptação que cria a linha-gem, não apenas a perseverança. No entanto, a evolução ocorre de várias formas, e sabemos que as espécies se desenvolveram extintas: não por vontade própria, mas pelos veículos de adaptação a ambientes hostis e temporári-os. Extremos não podem durar.

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REFORMANDO OS DEUSES

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O Malhete 11O Malhete Junho de 2020

A Maçonaria, de algumas maneiras estra-nhas, não cedeu a essa adaptação de cultura e linguagem; ainda, de certa forma, tem. Temos a Maçonaria empoeirada da antiguidade, que con-tém as formas rituais inalteradas desde tempos imemoriais. É o ritual mantido intocado, as armadilhas mantidas brilhantes, e apenas o mais breve aroma de questionamento fora dos moni-tores e rituais mencionados acima. É uma Maço-naria que é sólida em suas raízes, mas não tem nada acima do solo, onde a Luz possa brilhar sobre ela.

Então nós temos uma Maçonaria que está à beira de algo maior que seus antecessores. Como a evolução, as instituições acompanham o ritmo da cultura. Nisto, a Maçonaria é global. É fundamental que a Maçonaria use símbolos para se comunicar - uma linguagem global. Ele foi transportado para muitos lugares, viajando maçons, estabelecendo Lojas onde quer que descansem. Não pode deixar de ser global, e até a "velha" maçonaria empoeirada é global. Isso significa que deve evoluir para a pressão das ondas da epigenética cultural global. Caso con-trário, segue o caminho do dinossauro - lembra-do em poços de piche e tanques de gasolina, museus e locais históricos. Ele se tornará a espi-nha dorsal de uma nova Maçonaria que busca cumprir seus elevados objetivos de tolerância, solidariedade, igualdade e liberdade para todos os seres humanos. Isso inclui pessoas de todas as raças, credos, sexos, orientação sexual e idades. As virtudes básicas da Maçonaria mantêm a qua-lidade da pessoa, não essas características huma-nas divisórias. Esta é uma Maçonaria que está se construindo sobre as raízes do antigo, empurran-do a terra para cima e começando a crescer ao sol.

Campbell, no mesmo capítulo, defende.Depois de nos libertarmos dos preconceitos

de nossa própria capitulação eclesiástica, tribal ou nacional dos arquétipos mundiais, provincia-na, torna-se possível entender que a iniciação suprema não é a dos pais maternos locais, que então projetam agressão aos vizinhos para sua própria defesa. As boas novas que o Redentor do Mundo traz e que muitos ficaram contentes de

ouvir, fanáticos por pregar, mas aparentemente relutantes em demonstrar, são que Deus é amor, que Ele pode ser e deve ser amado, e que tudo sem exceção, são seus filhos.

As armadilhas do dogma religioso são "arma-dilhas pedantes" que precisam ser mantidas "au-xiliares" das principais virtudes da mensagem. No entanto, nós humanos lutamos com isso. Lutamos todos os dias para interpretar e inter-pretar mal o significado do texto filosófico e religioso, mantendo o que o Dr. Wayne Dyer cha-mou de "uma zona errônea" que inibe a maneira como funcionamos na vida. Não podemos pen-sar de maneira diferente e, quando a mudança chega, a mudança adaptativa para fluir com a evolução, nós nos recusamos.

Algumas das Lojas Maçônicas, na onda da pandemia do COVID-19, alteraram seus forma-tos. Alguns fecharam durante o período, sendo seus membros um risco maior do que a popula-ção média. Outros passaram a fazer sessões de estudo independentes on-line, pontuais e alguns fizeram podcasts. Estas são algumas boas adap-

tações, evolução criada pela população mais jovem e mais experiente em tecnologia. Aqueles que estão em contato com mudanças culturais.

Outras lojas e ordens maçônicas se adaptaram ainda mais. Rituais curtos foram criados para algumas reuniões da Loja que, embora não sejam reuniões regulares com o ritual, reuniram todos em uma teleconferência para discutir ensa-ios e escritos relevantes. É "a forma abreviada" de uma reunião que mantém a consistência e ainda se adapta às necessidades do mundo. Os irmãos ainda compartilham conversa fraterna, amor fraterno e algum alívio dos males que nos cercam. As conversas filosóficas maçônicas, para um grupo, passaram de presenciais, para on-line, com uma participação ainda maior - até 100% mais pessoas registradas do que em reu-niões anteriores. Discussões e debates são ani-mados e estimulantes, permitindo que as pessoas tirem idéias melhores do que tinham no começo da reunião. Isso não suplanta o ritual da Maçona-ria, nem a necessidade de integração da mente, corpo e espírito na forma da Maçonaria. É adap-tação para sobreviver, prosperar, em um mundo de medo, caos e mudanças.

Não vejo que uma Maçonaria que se adapte e flua com as necessidades do mundo seja uma Maçonaria tentando reformar seus deuses. Pelo contrário; é garantir que a Maçonaria não seja dogma, que não seja permitido parar e coletar poeira, garantindo assim seu desaparecimento. Temos que permitir a mudança, a evolução; caso contrário, estamos destinados a cair ao extremo, depois murchar e morrer. Não. Às vezes é preci-so uma pandemia para acordar, mudar o cami-nho em que estamos e tentar algo novo. É uma mudança ponderada, lenta mas progressiva, que mantém o sangue bombeando e as células cres-cendo. Talvez sejam as células e o sangue que instigam a mudança, ao estilo darwiniano, para criar a nova cultura. Não é preciso um salto duchovnyiano de lógica para descobrir que pre-cisamos nos adaptar para que não morramos.

A Maçonaria não está morta. Viva a Maçona-ria.

Fonte:www.universalfreemasonry.org

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02 O Malhete0202 O MalheteNovembro de 2019 O Malhete12 O MalheteJunho de 2020

Por Pamela McDown

Atualmente, parece haver um mercado enorme para "comprar" o seu caminho para a iluminação. Todo mundo está

vendendo um segredo. Cante este mantra. Segure este cristal. Compre um pouco de incenso. Esfregue esse óleo. Diga estas pala-vras. Vá para este retiro. Algumas dessas coisas podem ter algum valor. O desejo espi-ritual é uma parte real da experiência huma-na. Os labirintos têm uma atração especial para mim. Um labirinto pode realmente ser uma ferramenta para a iluminação? Luga-res sagrados são importantes?O primeiro labirinto que eu experimentei foi um labi-rinto de Chartres, embora não tenha tido a sorte de estar no famoso labirinto de Char-tres, na França. Gostei tanto que comecei a investigar labirintos em geral e o Labirinto de Chartres em particular.

A Catedral de Chartres foi construída há mil anos para ser o local de uma Escola de Mistérios. A catedral não era apenas um

feito arquitetônico, mas era um dos princi-pais centros de aprendizado da época. O edifício combinou os ensinamentos visio-nários de Platão com o misticismo cristão. Você deve percorrer todo o caminho do labi-rinto antes de obter entrada para o templo. É o "caminho de entrada", se você preferir, uma espécie de câmara de reflexão.

Aqueles que estiveram no local real na França dizem que o efeito da catedral é pací-fico e estimulante. Você está em repouso, deixado para passear ou meditar em tran-quilidade. A atmosfera sugere que o véu entre os mundos humano e celestial é escas-so, e Deus está muito próximo. Representa o ideal de um espaço sagrado: uma mistura do divino e do material. O impacto de Char-tres nas pessoas da época deve ter sido enor-me. Como um lugar pode ser tão celestial?

Geometria sagradaO mistério divino da caminhada pelo labi-

rinto pode ser devido em parte ao padrão mágico. Um caminho leva para o centro, e o mesmo caminho volta novamente. Chartres possui um projeto de onze circuitos, dividi-do em quatro quadrantes. Eles estão rodea-dos por um anel externo de lunações, que se pensa representar um tipo de calendário lunar. Os quadrantes sugerem a cruz arma-

da par. No centro, há um padrão de roseta de 6 pétalas, que é o local descanso. Isso nos lembra o lótus sagrado, símbolo da ilumi-nação.

Nos tempos medievais, o caminho era considerado um substituto para uma pere-grinação à Terra Santa . É simbólico da jor-nada do peregrino em sua Alma: o Centro. Deve ser uma viagem de mão dupla, que termina no ponto de partida. O peregrino não deve procurar permanecer dentro. Ele vai e volta. Ele visita. Ele caminha do irreal para o real, da periferia para o centro, do mundano para o espiritual e vice-versa. Isso não é vida?

Simetria do projetoEm seu livro, Os mistérios da catedral de

Chartres , Louis Charpentier relembra sua primeira experiência de estar dentro da cate-dral. Ele ficou imediatamente impressiona-do com a impressão de que "tudo continha seu oposto". Ele disse que o mesmo equilí-brio contido no segredo do Tai Chi chinês está em funcionamento em Chartres, onde as “proporções, orientação, posição e sim-bolismo foram projetadas para alertar a psi-que e refrescar o espírito”.

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O LABIRINTO EM CHARTRES: POR QUE OS LUGARES SAGRADOS SÃO IMPORTANTES?

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O Malhete 13O Malhete Junho de 2020

Essa idéia é sugerida no capítulo 14 do Tao Te Ching :

O que procuramos além de ver E chama-mos de invisível, Escutamos além de ouvir E chamamos de inédito. Agarre para além do alcance E chame os retidos, Mesclar para além da compreensão Em uma unidade que não apenas se ergue e dá luz, Não apenas se põe e deixa as trevas, mas sempre envia uma sucessão de coisas vivas tão misteriosas quan-to a existência inesgotável à qual elas Retor-na.

Charpentier afirma ainda:“Se o peregrino experimentou toda a sensu-

alidade da catedral, seria porque os sentidos do corpo haviam apreendido todas as propor-ções musicais e geométricas e todos os núme-ros e linhas expressos no interior do edifício.”

Formas geométricas que existem no labi-rinto ou mesmo no templo maçônico, como cubo, triângulo, esfera, quadrado ou quadrado oblongo, poderiam atuar como uma porta de entrada para vários estados de consciência. "Deus geometriza." Pode-se dizer que os Tem-plos Sagrados representam uma condição invi-sível de algo que pode ser conhecido.

A beleza como expressão da verdadeDizem que os arquétipos divinos não são

apenas portas para o desconhecido, mas, como Platão indicou, eles são a própria essên-cia da beleza. A natureza da beleza nem sem-pre pode ser descrita em palavras e, portanto, é possível que certos símbolos atuem como uma ponte entre o visível e o invisível. Satisfazen-do uma necessidade física e metafísica, a arquitetura sagrada pode:

1. Forneça um centro de foco energético no

plano físico em que os mistérios sejam apren-didos e encenados;

2. Sirva os buscadores que entram no edifí-cio e se tornam intelectualmente e espiritual-mente estimulados.

Quanto mais bonita a aparência em forma - mais intimamente corresponderá à verdade espiritual. Buckminster Fuller declarou assim: "Quando estou trabalhando em um pro-blema, nunca penso em beleza, mas quando terminei, se a solução não for bonita, sei que está errado".

Meu senso é que, se uma pessoa não aprecia coisas bonitas ou santas, ela as perderá. Sem reverência, o sentimento sagrado diminuirá e será esquecido. Depois disso, sua única preo-cupação será seu conforto pessoal e desejos

egoístas.Por outro lado, ao honrarmos os lugares

sagrados, seremos confiados a coisas sagra-das. Exatamente o oposto de descrença e desespero, o objetivo é a vida eterna e a paz. Contemplar arte e arquitetura, o espiritual e o divino, afasta-nos do mundo mundano da roda-da diária.

Os espaços sagrados nos tornam mais ilu-minados? Alguns zombam de labirintos, tem-plos maçônicos, mantras e coisas como crista-is ou incensos há séculos. Em tempos de necessidade, eu tentei todos eles.

Fonte: https:blog.philosophicalsociety.org

Catedral de Chartres, na França

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02 O Malhete0202 O MalheteNovembro de 2019 O Malhete14 O MalheteJunho de 2020

Por Jean-Luc Maxence

A Sombra… Esse conceito que designa a face sombria e oculta da personalidade, a parte inferior, a qual envolve, de certa for-

ma, em seu manto inquietante e obscuro a totali-dade de todos os materiais psíquicos do reino do inconsciente, está presente, de maneira aberta ou em filigrana, em toda a obra de Jung.

A Sombra é o inconsciente que trabalha em cada um de nós, o inconsciente pessoal, certo, mas também o inconsciente coletivo. E é real-mente isso, esse mundo quase ignorado que pode emergir de maneira inesperada e às vezes inquietante em uma reunião maçônica na Loja.

Com ou sem egrégora.1. G. Jung escreve nitidamente: “Os conte-

údos do inconsciente pessoal são aquisi-ções da vida individual, enquanto aque-les do inconsciente coletivo são arquéti-pos que têm uma existência permanente e a priori”. Assim, a Sombra é um “proble-ma moral”. Ela coloca em jogo a globali-dade da personalidade do Eu. “Ninguém pode perceber a Sombra sem um empre-go considerável de firmeza moral”, acrescenta o Mestre.

Eis realmente o ato “que consiste em reco-nhecer a existência real dos aspectos obscuros da personalidade”, o ato que permanece “o fun-damento indispensável de todo modo de conhe-cimento de si, e, consequentemente, confronta-se, via de regra, a uma resistência considerável”.

Tanto na Psicoterapia como na Loja Maçôni-ca, quando os “Irmãos” “trabalham” aceitando a dialética do Eu e do inconsciente, trata-se real-mente de concretizar uma das mais célebres máximas inscritas no frontão do Templo de Del-fos, a saber, gnôthi sauton, isto é, “conhece-te a ti mesmo”. Esse “trabalho” pode levar, com a ajuda de Sócrates ou não, longos anos, exigen-tes e apaixonantes como toda exploração de si

mesmo e de suas relações com o outro e o Outro.Consequentemente, Charles Baudouin

(1893-1963), antigo diretor do Instituto de Psi-coterapia de Gênova, tem razão ao ressaltar que a expressão “sombra”, com ou sem maiúscula, não é somente uma espécie de linguagem figu-rada,porém, muito mais do que isso: ela designa “uma dessas personificações espontâneas cujo segredo o mundo onírico tem”.

Com efeito, o alter ego ou o duplo muitas vezes encontra seu estranho lugar na Literatura. Um dos exemplos mais marcantes é provavel-mente esse magnífico poema de Alfred Musset, La nuit de décembre, que retoma, como uma espécie de leitmotiv obsedante, o símbolo desse “estranho vestido de negro / Que se assemelha a mim como um irmão”… Esse conviva vem mis-teriosamente se colocar ao lado do homem ao longo de seu processo de crescimento…

Quando Musset é aluno, seu duplo é uma pobre criança “vestida de negro”, ele se torna “um jovem rapaz” quando o poeta completa seus 15 anos, depois, “estranho” “na idade em que se crê no amor”, depois, “conviva” “na idade em que se é libertino”, depois, “órfão” à noite… “Anjo ou demônio”, quem é no fundo “essa sombra amiga”? Não é ela realmente “a face humana e suas mentiras?”. Quem é, portan-to, essa sombra do romântico Musset que lhe sorri sem compartilhar sua alegria e o lamenta sem consolá-lo? “Seria um sonho vão? Seria minha própria imagem / que percebo nesse espe-lho?” e um pouco mais adiante: “Quem é, por-tanto, tu, espectro de minha juventude / Peregri-no que nada cansou?”, pergunta o poeta. De fato, Musset, mais visionário do que parece, evoca a Sombra de Jung antes do nascimento deste último! E a Sombra muitas vezes toma o aspecto de um personagem velado, obscuro, da cor do cinza, do vago, do indistinto. Pode ser stricto sensu a sombra que a silhueta do homem forma sob o Sol. Mas, na realidade, raramente é tão simples. A Sombra é mais do que um visitan-te solitário. É uma onipresença plena de ambi-guidade e nem sempre reconhecida, ou declara-

da. E a confrontação com a sombra, em Psicaná-lise, é um difícil e às vezes trágico duelo entre o analisado e o lado sombrio de si mesmo.

Mas a sombra não é realmente o mal, quando se acredita, por exemplo, em Charles Baudouin, grande admirador, leitor e comentarista de Jung, é muito mais o recalcado. Sim, a sombra pode apresentar uma variante positiva e uma outra negativa. Aliás, Jung a estigmatiza quando escreve: “Se as tendências recalcadas da sombra só fossem más, não existiria nenhum problema.

Ora, a sombra é, em regra geral, somente algu-ma coisa inferior, primitiva, inadaptada e infe-liz, mas não absolutamente má. Ela contém mesmo algumas qualidades infantis ou primiti-vas que poderiam em certa medida reavivar e embelezar a existência humana”.28 Com efeito, a Sombra é o duplo e este, em muitas das cultu-ras antigas, está presente em inúmeras represen-tações de animais e todos têm, justamente, uma dupla polaridade simbólica, benéfica e maléfica. Assim, o leão simboliza ao mesmo tempo a for-ça, real, positiva em si, e com um apetite voraz que pode ser destruidor e devastador. Seriam necessárias também páginas e páginas para apre-ender o “duplo jogo” das representações da ser-pente, do dragão, do urso, entre outros! O mito é bem universal e designa sob todas as latitudes dois irmãos gêmeos interiores, indissociáveis, formando um todo sob pena de se desagregar até a loucura. Assim, a Sombra é naturalmente o que se opõe à luz, mas ela deve ser também com-preendida como o reflexo, o jogo de sombras fugidio das coisas humanas efêmeras, irreais e em permanente transformação. Podemos pensar então na alegoria da caverna evocada, evidente-mente, por Platão, quando os seres humanos são concebidos de modo filosófico, como se evolu-íssem em uma caverna de penumbra e de silhue-tas projetadas nas paredes, mas também na ima-gem do salmo 17 (“à sombra das asas de Deus”) que será a divisa do pai espiritual dos rosa-cruzes, Johann Valentin Andrea (1586- 1654), isto é, sub umbra alarum tuarum Jehova.

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A “SOMBRA” JUNGUIANA E A LOJA MAÇÔNICA

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O Malhete 15O Malhete Junho de 2020

Podemos também evocar, se se é católico, a Anunciação feita a Maria quando o anjo res-ponde à Santa Virgem: “A potência do Altíssi-mo te cobrirá com sua sombra” (São Lucas, 1:35).

Jean-Chevalier e Alain Gheerbrant nos relembram que, na África, entre os inúmeros povos, a sombra é frequentemente compreen-dida como a segunda natureza dos seres e das coisas e se encontra, em geral, ligada à morte. Em um grande número de línguas indígenas da América do Sul, a mesma palavra significa sombra, alma, imagem. Além do mais, entre os índios do norte do Canadá, por ocasião da passagem da morte, “a sombra e a alma, dis-tintas uma da outra, separam-se do cadáver”.

Mais amplamente, na simbólica tradicio-nal, o homem que vendeu sua alma ao Diabo (“àquele que separa”) perde sua sombra, aque-le que não sabe mais ver sua sombra está desti-nado à destruição, bem como aquele que passa por cima! Em outros termos, ele confunde a presa com a sombra e não sabe mais em qual sombra confiar…, mas tudo é sempre ambiva-lente, mesmo a sombra de acordo com inúme-ras tradições. E parece que, na China, se dis-tanciar de sua sombra significa que, a partir disso, se está transparente a toda luz (o que é um mérito supremo), e, para alguns gnósticos, que a alma humana não tem mais a sombra de uma sombra quando se realizou totalmente sob o poder da luz sobrenatural! Em resumo, sempre se trata de analisar a sombra, sem ocul-tá-la, para dali extrair uma certa compreensão esclarecedora.

Pode-se então adivinhar, e a observação supera em muito um simples desejo compara-tivo, tanto na psicologia das profundezas quan-to na Loja, quando o Aprendiz quer talhar sua própria pedra bruta para talvez torná-la, um dia, cúbica, e, portanto, passível de melhor se ajustar, de se apoiar, no Templo da humanida-de inteira, devolver a Sombra à nossa cons-ciência torna-se o objetivo tanto da análise quanto do trabalho maçônico. A relação entre a dimensão simbólica e a análise especulativa é decididamente sempre viva e primordial. O símbolo, evidentemente, “revela”, de maneira pedagógica, didática, melhor do que qualquer outra representação passível de sugerir e de mostrar. Todo símbolo é dinâmico e permite passar de um sentido a um outro sentido, sob o impulso de uma espécie de ricochete do racio-cínio e da imaginação. A postura iniciática maçônica e a psicologia das profundezas tra-vam um mesmo combate e ambas raciocinam por analogia. Por meio principalmente de sua

anamnese familiar, C. G. Jung sabe disso melhor do que ninguém. Toda a sua obra con-siste em sua ampla expressão. Em suma, a superação da sombra às vezes complacente da Maçonaria. Fazer “como se” a sombra não existisse, ou ainda desprezar o fenômeno, o que significa tentar suprimi-la, recalcá-la, ou acreditar que sua própria identidade e a som-bra são um só, significa sempre arriscar “peri-gosas dissociações”. Em cada um de nós, sem-pre existe um reino melancólico e neurótico, sem dúvida, mas também uma outra fortaleza bem protegida atrás dos muros de onde a esquizofrenia nos observa…

Para o maçom, evoluir ao trabalhar com as ferramentas simbólicas, ao passar progressi-vamente do esquadro ao compasso, sem esquecer a régua, o prumo, o nível e às vezes até mesmo o machado que fende e a maça que estimula ou esmaga, sempre significa concili-ar-se consigo mesmo, reunir-se, decantar sua pessoa verdadeira para melhor engajar sua eclosão, de acordo com um método de pro-gressão particular. Trata-se de se revelar para melhor se identificar com medida e discerni-mento. Alguns textos falam até mesmo de “tra-balhar sobre si mesmo para estar na medida para se incorporar ao edifício comum”.

Consequentemente, como na análise, na poltrona, face a face, ou deitado em um divã, em conversa, “como a sombra está próxima do mundo dos instintos, levá-la em consideração

contínua é indispensável” (sic). Não se pode temporizar ou tergiversar. Se a cura da alma existe, é frequentemente pela aceitação e pela apreensão inteligentes da Sombra que a liber-tação se dá. E, aliás, em La guérison psycholo-gique que Jung explica: a “Sombra personifica tudo aquilo que o sujeito se recusa a reconhe-cer ou admitir e que, no entanto, se impõe sem-pre a ele, direta ou indiretamente como, por exemplo, os traços do caráter inferiores ou outras tendências incompatíveis”.

Aliás, com um humor que revela e faz senti-do, C. G. Jung evoca “a cauda do sáurio” da qual o homem não consegue se livrar para se tornar um ser realmente civilizado! Em Aion, ele exprime sem ambiguidade: “A sombra é essa personalidade, oculta, recalcada, com muita frequência inferior e carregada de cul-pa, cujas ramificações mais extremas remon-tam até o reino de nossos ancestrais animais e engloba assim todo o aspecto histórico do inconsciente…”.

Assim, a confrontação com a Sombra, às vezes frontal, é muitas vezes gradual e digna de uma peregrinação iniciática sem fim. Ela permanece o ponto comum forte, denso, incontornável, o Centro essencial do círculo de busca comum em que gira o compasso sim-bólico do analisado segundo Jung e do maçom especulativo. Nesse território pouco conheci-do, pode-se encontrar também, sem dúvida, o alquimista em busca de quintessência ou o gnóstico reencontrado que sonha com o conhecimento absoluto. Os arqueólogos da alma estariam todos, mais ou menos, em diá-logo imaginário constante com a sombra? Temos o direito de pensá-lo. E o caminho de Jung e suas marcas sobre essa terra de inocên-cia e de culpabilidade nos instigam.

Alguns dias antes de sua morte terrestre – no plano espiritual, o “cadáver” se mexe mais do que nunca! -, o demasiado velho e Venerá-vel “Sábio” Jung (ele morreu em 6 de junho de 1961, aos 86 anos!) tinha sobre sua mesa de leitura as obras do filósofo e poeta Teilhard de Chardin e parecia entusiasmado pelas ideias mãe do autor do Phénomène humain (1955). Assim, poder-se-ia pensar que, antes de entre-gar sua alma à Sombra, Jung pensou nesse enigmático “ponto ômega” de Teilhard para o qual converge a humanidade em movimento e em busca de Verdade?

Tradução:Idalina LopesFonte: https://bibliot3ca.com/

Carl Gustav Jung

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02 O Malhete0202 O MalheteNovembro de 2019 O Malhete16 O MalheteJunho de 2020

Outro dia recebi a última edição da Journal of the Masonic Society, que continha, den-tre outras coisas interessantes, um artigo

de Thomas Jackson. Para quem não sabe, Tho-mas Jackson é o que podemos chamar de uma lenda viva da Maçonaria no mundo, tendo esta-do por 16 anos à frente da Conferência Mundi-al de Grandes Lojas Regulares. Segue alguns trechos de seu artigo que considero importante compartilhar:

Não há um fator sobre o qual culpar o declí-nio contínuo do interesse pela Maçonaria na América do Norte, mas não há dúvida de que a falta de um compromisso educacional seja um fator importante. Como podemos esperar que exista um interesse em uma organização em que tão poucos membros sabem o que somos ou nosso propósito? (…)

Não consigo me convencer de que os maçons de hoje são menos capazes do que nos-sos irmãos do passado, mas somos definitiva-mente mais ignorantes; mais ignorantes do nosso passado, mais ignorantes do nosso pre-sente e certamente mais ignorantes do nosso propósito. Se é verdade que nossos irmãos dos dias atuais são tão capazes quanto os irmãos do passado, a falta de educação maçônica deve ser a causa raiz de um interesse em declí-nio, e a responsabilidade por esse fracasso está nos pés das lideranças da Maçonaria Sim-bólica. (…)

Não podemos mais escolher por viver da glória do nosso passado. Não podemos mais ter nossa sobrevivência dependente das alega-ções de quão grandes éramos e apontarmos com orgulho a grandeza de nossos irmãos pas-sados. Agora devemos decidir o que queremos ser. Se desejamos ser uma organização que será lembrada na história como uma que con-tribuiu para a grandeza da América, mas que desapareceu digna de poucas notas, basta con-tinuarmos o caminho que estamos trilhando hoje. Se desejamos continuar a herança que nos foi concedida por nossos irmãos anterio-res, devemos tomar a decisão de que nossos membros atuais merecem essa herança e desenvolver programas pelos quais os educa-mos. (…)

Atualmente, há jovens demonstrando inte-resse e buscando muito mais do que estamos oferecendo. Eles estão em busca de algo que a sociedade não está fornecendo-lhes. Eles

estão procurando por uma organização de qua-lidade muito acima da mediocridade da socie-dade atual. Eles estão procurando conheci-mento e um sistema que os forneça isso. Eles sabem mais sobre a Maçonaria antes de solici-tarem ingresso em uma Loja do que qualquer um de seus antecessores. O que sabem, no entanto, é o que eles aprenderam sobre a Maço-naria do passado. Agora cabe a nós fornecer a eles aquilo que eles procuram. Cada um deles e cada um de nós deseja ser afiliado a uma organização de qualidade e é isso que a Maço-naria deve ser. (…)

Provavelmente, expressei muito claramente minha opinião sobre o tema da educação maçô-nica. Este mundo realmente precisa de uma organização alicerçada sobre uma base dos propósitos filosóficos da Maçonaria. Se somos merecedores de nossa herança, devemos empreender um programa de educação de nós mesmos e de nossos membros. O legado de nos-sos irmãos passados merece esse respeito, e o respeito dado à Maçonaria será proporcional às exigências educacionais da Maçonaria (JACKSON, Thomas. Masonic Education: Looking to the Future. The Journal of The Masonic Society, Issue 40, Spring 2020).

Agora, se trocarmos América do Norte por Brasil nessas palavras, você estranharia? Quão distante esse cenário está de nossa realidade? Nossos irmãos não sabem o que realmente é a Maçonaria e qual o seu propósito? Vivemos da glória do passado? Nossas reuniões estão rasas e frustrantes demais para a nova geração?

O que o feeling de Thomas Jackson diag-nosticou nos Estados Unidos é o mesmo que a pesquisa feita a pedido da CMI, em 2018, diag-nosticou no Brasil: Há uma deficiência na educação maçônica brasileira, que tem gerado uma série de problemas para nossas organiza-ções maçônicas e, se não bastasse, também tem gerado a significante evasão maçônica entre os mais jovens, cujo nível de exigência e expecta-tivas por conhecimento não tem sido alcança-do. E, sem os jovens, o futuro de nossa Maço-naria estará comprometido.

Como muito bem observado no artigo cita-do, somente por meio do desenvolvimento de programas sólidos de Educação Maçônica em larga escala poderemos solucionar esses pro-blemas. E os pilares da Educação são: Pesqui-sa, Ensino e Extensão. Ou seja, precisamos pesquisar mais, produzir mais conteúdo (pri-mário e secundário), ensinar mais, e criar ferra-mentas de aplicação desses ensinamentos.

Algumas iniciativas vêm surgindo nos últi-mos anos no Brasil, como Ciência & Maçona-ria, Escola No Esquadro, UniAcácia, Bibliote-ca Digital da CMSB e a UniCMSB; e têm dado suas contribuições em prol da Educação Maçô-nica no Brasil, graças a irmãos cientes de tal responsabilidade e que estão fazendo sua par-te. E você, está fazendo a sua?

Fonte: No Esquadro

DOIS MUNDOS E UMA VERDADE NUA E CRUA

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O Malhete 17O Malhete Junho de 2020

Nascido em Berlim, em 24-01-1712, no palácio de Sans-Souci, e morreu na cidade de Podsman em 17-08-

1786.Rei da Prússia de 1740 a 1786.Filho de Frederico William I, chamado Rei

Sargento, e Sofia Dorotea de Hannover.Desde muito jovem, ele mostrou uma gran-

de inclinação pela política e pelas artes, e prin-cipalmente pelo que era chamado de esoteris-mo em geral, algo muito popular em seu país de sonhos, enigmas e imaginação superior.

Ele dedicou boa parte de sua vida a estu-dar, correspondendo a vários sábios da épo-ca, incluindo Voltaire, e escreveu uma refuta-ção parcial de O príncipe de Maquiavel, que era então chamado de Anti Maquiavel, onde expôs suas idéias políticas.

Em maio de 1740, com a morte do rei sar-gento, seu pai, Frederico II assumiu o poder alguns meses depois, enquanto seus embai-xadores ofereceram a Maria Teresa reconhe-cê-la como a herdeira legítima do trono da Áustria em troca da sessão da Silésia desde que suas tropas ocuparam naquele território, e que foi definitivamente reconhecido no tratado de paz de Aachen em 1748.

Assim começou a guerra de Sanções Prag-máticas (1740 - 1748), que conquistou a Silé-

sia na Prússia e a consideração de ser uma potência européia.

Também o slogan "primeiro ocupar e depo-is negociar" caracterizou a participação de Frederico II na guerra de sete anos (1756-1763), na qual suas brilhantes vitórias em Rossbach, Leuthen e Torndori, no inverno de 1757/1758 , o tornou famoso como um gran-de estrategista; na sua conclusão, a Prússia viu sua posição no Império Alemão reforça-da.

Para completar seus domínios em 1772, Frederico II propôs à Rússia a divisão da Polônia, reivindicando a Prússia polonesa.

Como irmão da Ordem Maçônica, ele teve sucessos retumbantes na conformação do Rito, e sendo governante e maçom, ele traba-lhou enormemente na conformação regular do Oriente prussiano, por um lado, e traba-lhou intensa e incansavelmente na constitui-ção de instituições de bem público que per-maneceram. gravado na história da Prússia como instituições exemplares.

Foi ele quem cunhou a frase de que o monarca foi o primeiro servo do estado e fez com que seus colaboradores se aplicassem principalmente na produção da terra, porque considerava que a pior coisa que poderia acontecer a um país era que seus habitantes passavam fome, por isso, aplicando um prin-cípio maçônico de proteção às pessoas que se governam, desenvolveu agricultura, pecuá-ria, trabalhou na identificação dos diferentes alimentos que a terra e o gado produziam na região, gerando a criação de cavalos montar, trabalhar,e manter o sucesso em todos os pro-

gramas que se propunha a executar.Seu grande projeto para secar e colonizar

as terras pantanosas de Oder e Warta, onde construiu canais, estradas e obras primárias de portos de descarga.

Limitou as importações de itens de luxo de tal maneira que eles foram produzidos na Prússia, e foi isso que deu origem à indústria em um país pecuário eminentemente agríco-la.

Ele fez a primeira reforma do Estado, que foi um sucesso para a época, permitiu que os tribunais de justiça ambulatórios aplicassem a justiça em toda a Prússia e sua obra-prima foi a edição do que foi chamado de CORPUS JURIS FREDERICIANI, e que acabou de ser promulgada. entre 1793 e 1794

O nome El Grande vem à sua paixão por fazer da Prússia um grande país, algo que ele conquistou por sua grande ilustração e dedi-cação ao trabalho.

FREDERICO II, O GRANDE

MAÇONS FAMOSOS

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02 O Malhete0202 O MalheteNovembro de 2019 O Malhete18 O MalheteJunho de 2020

O primeiro presidente dos EUA era um pedreiro livre e assumiu o cargo em 30 de abril de 1780, jurando sobre um livro

de escrituras emprestado a ele por um irmão. Esse volume já foi usado por outros sucesso-res também;

Terminada a emergência do Covid 19 as restaurações que começaram em janeiro da cúpula do Federal Hall National Memorial em Nova York, a Bíblia antiga, na qual em 30 de abril de 1789 jurou George Washington (1732-1799) , primeiro presidente dos Esta-dos Unidos, pai da nação e pedreiro, ela retornará ao seu lugar na vitrine especial da Galeria Inaugural, no andar principal do edi-fício localizado no núme-ro 26 em Wall Street. O precioso volume, entre os símbolos mais altos da história americana, per-tence à loja maçônica St. John n. 1 da Big Apple, e foi entregue a Washington na ocasião de sua inaugu-ração pelo mestre de ceri-mônias e venerável mestre da oficina Jacob Morton, que foi buscá-la quando percebeu que o futuro pre-sidente e irmão haviam

esquecido de levar sua Bíblia com ele.Impresso em Londres em 1765 (na versão

autorizada pelo rei James I), o precioso espé-cime também foi usado por outros presiden-tes como Warren Gamaliel Harding (4 de março de 1921), Dwight D. Eisenhower (20 de janeiro de 1953), Jimmy Carter (20 de janeiro de 1977). ) e George HW Bush (20 de janeiro de 1989).

Barack Obama escolheu jurar sobre a Bíblia usada em 1863 por Abram Lincoln (1809-1865), o presidente que aboliu a escravidão. Donald Trump fez o mesmo, mas ele jurou em duas Bíblias, a de Lincoln e a que sua mãe lhe deu quando ele tinha nove anos. O presidente Washington foi iniciado em 4 de novembro de 1752 na loja de Frede-ricksburg, Virgínia, e em 1788 ele se tornou o primeiro mestre da nova loja de Alexandra. No ano seguinte, ele foi eleito presidente. Entre os fundadores dos Estados Unidos,

Washington foi proclamado, ainda vivo, "pai da pátria" em homenagem à sua liderança militar e política durante e após a Guerra da Independência. Depois de servir como presi-dente dos Estados Unidos por dois manda-tos, ambos votados por unanimidade, ele decidiu se aposentar para a vida privada. Ele também fora presidente da Convenção da Filadélfia em 1787, durante a qual a Consti-tuição Americana foi aprovada. Em 9 de julho de 1790, o Congresso aprovou uma lei estabelecendo a futura capital do país no rio Potomac, e o presidente escolheu o local exa-to.

Composto por uma porção de terra doada pelos estados de Maryland e Virgínia, a forma inicial do distrito federal era de 16 km de cada lado, perfazendo um total de 260 km². Washington, em 18 de setembro de 1793, também lançou a pedra fundamental do futuro Capitólio americano durante uma

cerimônia maçônica, durante a qual o presidente vestiu o avental de pedreiro livre, um avental que lhe fora dado pelo general Lafayette, outro herói da Revolução America-na, também ele maçom livre. No entanto, o edifício atual é o resulta-do de inúmeras reconstruções. Was-hington morreu aos 69 anos, dei-xando seus ideais de liberdade, jus-tiça e irmandade para as gerações futuras.

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A BÍBLIA DE GEORGE WASHINGTONA Bíblia de George Washington aberta na página em que George Washington colocou a mão durante sua primeira posse.

Busto de G. Washington com as insígnias maçônicas. No fundo, a Casa Branca

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O Malhete 19O Malhete Junho de 2020

Mas quais foram os presidentes america-nos iniciados na Maçonaria além dele? James Monroe, Andrew Jackson, James K. Polk, James Buchanan, Andrew Johnson, James Garfield, William McKinley, Theodore Roo-sevelt, William Howard Taft, Warren G. Har-ding, Franklin Delano Roosevelt, Harry S. Truman e Gerald Ford. Quatorze em 227 anos de história Uma representação significativa que atesta a relevância e consideração da Maçonaria Livre no exterior pela opinião pública.

Um presidente dos Estados Unidos nunca se absteve de declarar sua filiação ou se mos-trar publicamente com as insígnias maçôni-cas. Há uma bela imagem, por exemplo, da Getty Images que retrata Franklin Delano Roo-sevelt - o presidente mais amado, segundo os estudiosos - em uma reunião de avental para a entrada na Maçonaria de seus filhos James e Franklin Jr que são visíveis atrás dele. A foto foi tirada em Nova York em 1935 - então Roo-sevelt já estava no comando - e pessoas impor-tantes são imortalizadas com ele. Fiorello La Guardia, um inesquecível prefeito de Nova York, também um maçom, membro do históri-co Garibaldi Lodge n. 542 New Yorker. Bill Clinton, como costuma ler muitas vezes, não estava matriculado na Maçonaria, mas, quan-do menino, ingressou na Ordem de DeMolay. Ronald Reagan era membro honorário da Ordem Paramassonica dos Shriners, o maior corpo filantrópico secular do mundo, e do

Conselho Supremo do Rito Escocês Antigo e Aceito de Washington. Lincoln disse isso. Quanto a Lyndon Johnson, foi iniciado no Johnson City Lodge no. 561, da cidade homô-nima do Texas, mas não foi além. George Bush Senior participou de algumas manifesta-ções públicas convocadas pela Maçonaria,

mas seus membros não estão documentados.

Fonte: Revista Erasmo

Presidentes americanos maçons

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02 O Malhete0202 O MalheteNovembro de 2019 O Malhete20 O MalheteJunho de 2020

Este artigo trata do número três, um número reverenciado desde os tempos antigos, o qual Virgílio disse que era o número perfei-

to. Filosofias, religiões, vida humana em si, matemática e física moderna referem-se cons-tantemente ao ternário. Nas teorias alquímicas, a existência de três mundos é contemplada: o arquetípico, o macrocosmo e o microcosmo. As teogonias mais elaboradas também consideram a existência de um ternário original, constituído por um princípio superior, ou puro (Isvahara na Índia, Tai-Ki no Extremo Oriente ...) e a primei-ra dualidade que emergiu dele (Purusa, Tien, Céu e Prakriti, Você, Terra). O neoplatonismo vê na Tríade a união do Ser, a inteligência e a Alma das coisas.

A alegoria dos três também é encontrada nos numerosos trimurtis (a palavra trimurti significa forma tripla e refere-se aos três aspectos da mesma energia) que aparecem em todas as teo-gonias: Ísis, Osíris, Hórus; Brahatma, Vishnu e Shiva; Tao, Ying e Yang; Caos, Gea e Eros, Khe-ter, Johmah e Binah ... Esses trimurtis represen-tam as três forças primárias da criação e consti-tuem a Tese, pai ou princípio masculino, para alguns o Espírito Absoluto ou consciência, para outros a Vontade ou Poder Aspectos de todos. o que existe; a Antítese, mãe ou princípio femini-no, a Atividade Criativa Inteligente, a Substân-cia Universal e a Síntese gerada por ambos, o Filho ou princípio neutro, Amor-Sabedoria, Autoconsciência ou consciência individual. Esses trimurtis sempre representam as mesmas três forças primárias em todas as culturas, mani-festando a universalidade desse conhecimento simbólico. E assim como nas teogonias antigas, poderíamos aplicar a todos os fenômenos, pode-mos até falar dos trimurti eletrônicos: elétron,

nêutron, pósitron.Se continuarmos a nos aprofundar no concei-

to, o encontraremos na medida: longitude, lati-tude e profundidade; no universo: espaço, maté-ria e movimento; no tempo: passado, presente e futuro; em geometria: ponto, linha e superfície, triângulo, quadrado e círculo; nos reinos da natu-reza: animal, vegetal e mineral; e, claro, na Maçonaria.

Existem três moedas maçônicas: igualdade, liberdade e fraternidade; três graus; aprendiz, Companheiro e Mestre; três baterias; três a idade do aprendiz; Existem três luzes principais que encontramos no Templo: o livro, a praça e a bússola; três luzes iluminam nossas obras: o sol, a lua e a venerável; três pilares; sabedoria, força e beleza; três velas precedem o livro; três são as jornadas de iniciação e três vezes batemos à porta do templo. Da mesma forma, o iniciado recebe a luz no terceiro golpe do martelo do Venerável.

Existem três perguntas principais para o homem: Quem sou eu? De onde venho? E para onde eu vou?

Três coisas que um aprendiz maçônico deve dominar: a palavra, os pensamentos e os instin-tos.

Como já disse, a Loja repousa em três colu-nas: Sabedoria, representada pelo Venerável Mestre, que deve dirigir nossas ações; a Força, representada pelo primeiro Vigilante, que nos sustenta em tempos difíceis, e a Beleza, repre-sentada pelo segundo Vigilante, que deve ador-nar nossas vidas e nosso Espírito.

O Delta que preside o Oriente tem três lados, uma figura que representa três princípios uni-versais, um que cria, outro que preserva e outro que transforma.

O número três representa transformação, mutação, o surgimento de um novo estado. De

uma perspectiva simbólica, é a geração de algo novo que é construído a partir do trabalho reali-zado com nossas ferramentas, após o polimento da pedra bruta. Portanto, representa um novo aspecto do produto da gestação de uma nova realidade que incorpora um trabalho em todas as áreas da vida do maçom, tanto internamente em nível pessoal, espiritual, filosófico e ético quanto em sua projeção externa, socialmente. , o político e econômico.

Os três são, portanto, um construtor simbóli-co que produz transformação, germinação e nas-cimento de um novo ser, aquele que constitui nosso Eu autêntico, longe das miragens das apa-rências externas. É, portanto, um pilar no ensino do aprendiz, e ele está apontando para ele que ele deve trabalhar a pedra para se transformar pouco a pouco em luz, uma luz que ele não deve guardar apenas para si, mas deve irradiar-se para todos os seres do planeta, a fim de promo-ver ações positivas em seu ambiente e colaborar no estabelecimento de relações humanas corre-tas.

Fonte: Alvenaria Mista Internacional

O NÚMERO TRÊS

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O Malhete 21O Malhete Junho de 2020

Por Alberto Gomez

Há uma lenda mitológica grega de que o rei Pigmalião esculpiu uma estátua com a figura ideal da mulher. Pygma-

lion gostou tanto do seu trabalho que que-ria que ele se tornasse um ser real.

O desejo era muito forte e ele fez tudo o que pôde para alcançá-lo. Ele pediu ajuda a Vênus Afrodite, a deusa do amor , que ajudou seu sonho a se tornar realidade. Assim nasceu Galatea, sua mulher ideal.

Quando alguém antecipa um fato, há uma boa chance de que isso aconteça. Esse fenô-meno na psicologia social é chamado: "reali-zação automática de previsões"; Também é

conhecido como " O Efeito Pigmeu, ou a pro-fecia auto-realizável ".

Existem muitos estudos de pedagogos e psicólogos que confirmam esse fato, entre eles o de Rosenthal. Ele deu aos professores de uma escola uma proporção de alunos e disse que eles tinham habilidades superiores, mas que todos haviam sido escolhidos alea-toriamente. Este grupo fez mais avanços inte-lectuais que o resto. Os professores espera-vam melhores resultados e os tinham, então a profecia foi cumprida.

“O Efeito Pigmeu” requer três aspectos: acreditar firmemente em um fato, ter a expec-tativa de que ele será cumprido e acompanhá-lo com mensagens que incentivem sua con-quista.

Esse fenômeno ocorre quando há relações de dependência entre as pessoas: pais e filhos, professores e alunos ... Por que isso acontece, estaria relacionado a uma energia sutil que as pessoas são capazes de enviar a outras pessoas; O que o menino põe em movi-

mento para se adaptar ao que se espera dele e, assim, se sente levado em consideração, posi-tiva ou negativamente, também intervém.

Devemos rever nossas expectativas, por-que às vezes agimos de maneira contraditó-ria. Por exemplo, dizemos à criança para estu-dar, mas acreditamos que ela não o fará, já que tentamos muitas vezes. Esse processo foi polvilhado com frases do estilo: “Dessa for-ma, você não aprovará; você não faz nada além de assistir televisão. ” Sem perceber, estamos colaborando para que o filho cumpra o que pensamos.

O que pais e mães esperam que os filhos tendem a ser cumpridos. Portanto, precisa-mos ter expectativas construtivas que lhes permitam despertar o mais brilhante de si mesmas e rejeitar os negativos, pois levam à degradação e à perda pessoal.

Fonte: Diário Maçônico

O EFEITO PIGMALIÃO, OU A PROFECIA AUTO-REALIZÁVEL

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02 O Malhete0202 O MalheteNovembro de 2019 O Malhete22 O MalheteJunho de 2020

Uma coisa que foi incorporada aos jovens de minha geração foi a importância de construir uma boa reputação. É um tra-

balho árduo, porque sua reputação é o reflexo público de seu personagem. É o que outras pessoas vêem e passam a acreditar em você. É baseado no que você faz. É baseado no que você diz. É baseado em como você age. É baseado em como você trata as outras pessoas e como você as faz sentir. Existem poucas coisas mais importantes que a reputação quan-do se trata de nosso sucesso ou de nosso fra-casso como pessoa. Pode levar anos para cons-truir uma reputação - pode levar apenas alguns segundos para destruí-la. É algo que deve-mos ser muito deliberados sobre a construção e muito cuidadosos em proteger, porque é a essência de quem somos. E é muito difícil reconstruir uma reputação depois de permitir que ela fique manchada.

Não mereço a reputação que tenho. Eu ouço isso muito. É muito raramente

verdade. Veja bem, você pode ter algumas pessoas em sua vida que têm uma opinião des-favorável a seu respeito. Todo mundo faz. Mas sua reputação é o que a maioria das pesso-as que você conhece pensa de você. Se você tem uma reputação de ser opinativo e franco, é

provável que você seja franco. Se você tem uma reputação de não ser confiável, provavel-mente não é confiável. Às vezes, as pessoas não acham isso justo - mas a reputação é base-ada em um princípio muito sólido. É baseado no seu comportamento passado, e qualquer empregador ou supervisor lhe dirá que o melhor indicador de comportamento futuro é o comportamento passado.

Vou dizer o que quero dizer e fazer o que quero, e realmente não me importo com o que as outras pessoas pensam.

Eu também ouço muito isso. Parece muito difícil e desafiador, mas na verdade é uma atitude infantil. Essa atitude egoísta e narci-sista demonstra uma completa falta de cuidado ou preocupação com outras pessoas - mais especificamente aquelas que amam você e se preocupam com você. Sua reputação reflete em você, claro, mas você não acha que isso também reflete em seu cônjuge? Em seus filhos? Sua família? Sua comunidade? Sua igreja? Sua fraternidade? O seu emprega-dor? Você nunca ouviu alguém dizer: "ela é uma mulher muito legal, mas o marido é um idiota de verdade". Você nunca ouviu alguém dizer: "Não sei por que ele anda com esse cara - ele roubava a camisa das suas costas". Claro que você tem. Suas ações afetam todos ao seu redor, seja essa sua intenção ou não.

Construir uma reputação sólida é difícil, porque requer uma quantidade incrível de auto-disciplina. Isso exige que aprendamos com nossos erros e não continuemos a repeti-los - essas são as lições que, eventualmente, ama-

durecem. Isso exige que aprendamos quando é importante falar e quando é melhor permane-cer em silêncio. Exige que escutemos os outros e respeitemos seu ponto de vista. Exige que admitamos quando estamos errados e peço desculpas quando for apropriado. Exige que sejamos sinceros e honestos em todas as nossas relações. Isso exige que faça-mos o que dizemos que vamos fazer, indepen-dentemente da dificuldade da tarefa.

Homens de boa reputação e caráter sólido costumavam ser mais comuns do que são hoje. Não ensinamos mais o valor disso. Nossa sociedade está tão focada em nós mesmos e em nossas próprias necessidades egoístas. Somos uma sociedade de crianças crescidas, brigando e discutindo nas mídias sociais, assim como as crianças costumavam brigar e discutir no parquinho. Nunca crescemos e nos tornamos homens, porque não tivemos os modelos. E, assim como as crianças, não pen-samos no que estamos dizendo, nem pensamos no que nossas palavras e ações estão dizendo sobre nós.

Todos estaríamos em melhor situação se trabalhássemos muito mais para nos tornar-mos seres humanos decentes, em vez de nos concentrarmos tão intensamente em satisfazer nossas próprias necessidades. E aqueles que são capazes devem se concentrar não apenas em modelar esses traços de caráter honrosos, mas em ensinar os outros a serem homens de bom caráter. Homens de bom relacionamen-to. Homens de reputação inquestionável.¨¨¨

A IMPORTÂNCIA DE UMA BOA REPUTAÇÃO"É preciso muitas boas ações para construir uma boa reputação, e apenas uma ruim para perdê-la. "

Benjamin Franklin

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O Malhete 23O Malhete Junho de 2020

Por Kennyo Smail

Desde 2012 que estudo e pesquiso sobre com-portamento organizacional na Maçonaria. Tenho livros e artigos publicados a respeito,

além de lecionar o tema em nível de graduação e pós-graduação. E uma das bandeiras que venho defendendo em todos esses anos é da necessidade de se desenvolver e treinar novas lideranças para a Maçonaria.

A atual pandemia e os reflexos do distancia-mento social sobre as organizações maçônicas têm imposto essa realidade e necessidade aos olhos de quem quiser ver. Nesse sentido, lembro-me que, em minha adolescência, meu pai me dizia que é fácil ser bom quando tudo está bem, mas que sabemos quem realmente é bom quando tudo está mal.

Pesquisas indicam que avaliações cognitivas e afetivas geram comportamentos. Isso parece óbvio: você pensa, depois age. Mas, em alguns casos, ocorre o contrário: de tanto agir de uma for-ma, mesmo encarando fatos irrefutáveis, você se obriga a manter sua avaliação inicial, de forma a não contradizer suas ações. Por isso do uso do termo “aos olhos de quem quiser ver”.

No meio organizacional, adaptado à Maçona-ria, algumas das avaliações e sentimentos envolvi-dos são: a satisfação com a Maçonaria, o envolvi-mento com a Maçonaria e o comprometimento com a Maçonaria. Este último possui três dimen-sões distintas: o comprometimento afetivo, que é o vínculo emocional e com os valores da Maçona-ria; o comprometimento instrumental, que é a necessidade psicológica de permanência; e o com-prometimento normativo, que é a sensação de obri-gação moral de permanência.

Todas essas avaliações e sentimentos são posi-tiva e diretamente moderados pelas atividades

maçônicas e suas frequências. Assim, quanto mais frequente em atividades maçônicas, maiores as chances de satisfação, envolvimento e comprome-timento afetivo, instrumental e normativo. Aqui, ressalta-se que há outras variáveis impactantes nessa relação.

Estudos e pesquisas indicam que o comprome-timento afetivo está fortemente relacionado com desempenho e não tanto com a permanência ou evasão, enquanto que o instrumental baixo gera maior intenção de faltar e, consequentemente, se afastar.

Resumindo a equação, a falta de reuniões e outras atividades maçônicas desencadeará em uma redução da satisfação, do envolvimento e do comprometimento. E a consequência disso será um maior absenteísmo e uma maior evasão quan-do do retorno dos trabalhos maçônicos pós-pandemia.

E como frear esse fenômeno? As organizações conseguem minimizar esses efeitos por meio da

Percepção de Suporte Organizacional (PSO) e da manutenção do engajamento dos membros. A PSO é quando os membros percebem que a orga-nização os valoriza, apoia, e se preocupa com seu bem-estar.

Atividades que proporcionem a percepção de preocupação e cuidado para com os irmãos geram um aumento da PSO, bem como aquelas que pro-porcionem a manutenção de contatos e interações, mesmo que virtuais, retém o engajamento. Com isso, pode-se manter níveis esperados de satisfa-ção, envolvimento e comprometimento, reduzin-do as chances de absenteísmo e evasão.

Gestores maçônicos que proporcionam ações intelectualmente estimulantes, condições de apoio e oferta de ajuda, proporcionarão maior satisfação e envolvimento, levando à renovação do compro-metimento.

É agora, “quando tudo está mal”, que veremos “quem realmente é bom”.

Fonte: No Esquadro

PANDEMIA E COMPORTAMENTO MAÇÔNICO