o legado da guerra de canudos

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O LEGADO DA GUERRA DE CANUDOS Pintura retratando a comunidade de Canudos no interior do estado da Bahia, antes da guerra. Fonte: Wikmedia Commons.

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Page 1: O legado da Guerra de Canudos

O LEGADO DA GUERRA DE CANUDOS

Pintura retratando a comunidade de Canudos no interior do estado da Bahia, antes da guerra. Fonte: Wikmedia Commons.

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• A Guerra de Canudos está incluída entre as revoltas populares ocorridas na Primeira República Brasileira (1889 -1930).

• Esta é uma fase regida pela primeira Constituição republicana brasileira e marcada pelo poder de grupos oligárquicos que estavam ligados ao cultivo de café e às grandes propriedades de terra.

• O regime político era o presidencialismo e as eleições eram caracterizadas pelo chamado voto de cabresto. Os coronéis, grandes proprietários de terra, controlavam os votos de seus subordinados e definiam os rumos políticos de acordo com seus interesses. A votação não era secreta e fraudes nas eleições eram corriqueiras.

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Reportagem do Jornal da Record sobre a Guerra de Canudos.

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Quem foi Antônio Conselheiro?

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• Antônio Vicente Mendes Maciel, apelidado mais tarde de Antônio Conselheiro, nasceu na cidade de Quixeramobim, no Ceará, em 13 de março de 1830. Foi comerciante, professor e advogado.

• É importante ressaltar que parte de seus argumentos tocavam diretamente à população pobre da época: condenação da cobrança abusiva de impostos; repúdio ao casamento apenas no civil; separação entre Estado e Igreja; Todos esses pontos faziam parte da pregação messiânica de Conselheiro e utilizada como provas do final dos tempos.

• Foram 25 anos de andança até chegar a Canudos, um arraial localizado no interior do norte da Bahia. Ele chegou em 1893. Junto dele vieram milhares de seguidores atraídos pela pregação religiosa.

• No total, cerca de 25 mil pessoas passaram a viver em Belo Monte, nome que Conselheiro deu a Canudos.

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 Antônio Conselheiro morto. Essa é a única foto conhecida do líder. A foto foi tirada por Flávio de Barros no dia 6 de outubro de 1897. Fonte: Wikmedia Commons

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Por que um grupo de “miseráveis” incomodou tanto a República?

• As  populações  de  uma  região  de  poucos  recursos naturais é abandonada a sua própria sorte –  fome, seca, miséria,  violência  e  abandono  político.  Quando  esta mesma  população  se  organiza  para  resolver  seu problema  passa  a  ser  vista  como  uma  ameaça  ao Estado.

• Não  demorou  para  que  Antônio  Conselheiro  fosse identificado  como  inimigo  da  Igreja  Católica  e  dos coronéis.  Os  religiosos  estavam  insatisfeitos  com  a quantidade  de  fieis  que  passaram  a  seguir  um  falso profeta e os proprietários de  terra  reclamavam da perda de mão-de-obra e dos saques em suas propriedades. 

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Expedições • 1896,  quando  houve  um  confronto  no  município  de  Uauá entre  um  destacamento  policial  do  governo  baiano  e canudenses.  O  destacamento  policial  deslocava-se  para Canudos  quando  foi  surpreendido  e  derrotado  pelos seguidores de Conselheiro.

• 1897, em janeiro e março; derrotadas.• O Ministro da Guerra do governo Prudente de Morais, Carlos Machado Bittencourt, recrutou cerca de 10 mil soldados para uma quarta expedição. A investida começou em junho e em setembro os soldados cercaram o arraial de Canudos.

• Antônio Conselheiro faleceu no dia 22 deste mesmo mês em 1897,  vítima  de  disenteria.  Mesmo  assim,   parte  dos  seus seguidores manteve  a  resistência  que  durou  até  o  dia  5  de outubro. 

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• "A Guerra das Caatingas" "Ao passo que as caatingas são um aliado incorruptível do sertanejo em revolta.Entram também de certo modo na luta. Armam-se para o combate; agridem.Trançam-se,  impenetráveis,  ante  o  forasteiro, mas  abrem-se  em  trilhas multívias para o matuto que ali nasceu e cresceu. E o jagunço faz-se o guerrilheiro-tugue, intangível...

As caatingas não o escondem apenas, amparam-no. Ao avistá-las, no verão, uma coluna  em  marcha  não  se  surpreende.  Segue  pelos  caminhos  em  torcicolos, aforradamente. E os soldados, decassando com as vistas o matagal sem folhas, nem  pensam  no  inimigo.  Reagindo  à  canícula  e  com  o  desalinho  natural  às marchas,  prosseguem  envoltos  no  vozear  confuso  das  conversas  travadas  em toda  a  linha,  virguladas  de  tinidos  de  armas,  cindidas  de  risos  joviais  mal sofreados. [...] De repente, pelos seus flancos, estoura, perto, um tiro...

A bala passa,  rechinante, ou estende, morto, em terra, um homem. Sucedem-se, pausadas, outras, passando sobre as  tropas, em sibilos  longos. Cem, duzentos olhos, mil  olhos  perscrutadores,  volvem-se,  impacientes,  em  roda. Nada  veem. Há  a  primeira  surpresa. Um  fluxo  de  espanto  corre  de  uma  a  outra  ponta  das fileiras.  E  os  tiros  continuam  raros,  mais  insistentes  e  compassados,  pela esquerda, pela direita, pela frente agora, irrompendo de toda a banda...

Então  estranha ansiedade  invade os mais provados valentes,  ante o antagonista que vê e não é visto. Forma-se claramente em atiradores uma companhia, mal destacada da massa de batalhões constritos na vereda estreita. Distende-se pela orla  da  caatinga.  Ouve-se  uma  voz  de  comando;  e  um  turbilhão  de  balas  rola estrugidoramente dentro das galhadas..." 

("Os Sertões" de Euclides da Cunha)

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Mulheres e crianças seguidoras de Antônio Conselheiro. O grupo foi preso durante os últimos dias da guerra. Fonte: Flávio de Barros/Wikmedia Commons

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