o leão de chandra

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O Leão De Chandra Por: Stefan P. Costa

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Um misterioso clandestino abordo de um navio mercante narra suas aventuras desde os tempos de sua infância como escravo a perseguição implacável do mais poderoso império do mundo

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OLeoDe Chandra Por: Stefan P. Costa

PrlogoH a crena de que no principio o mundo era nada mais do que rocha infrtil e vazia, mas um dia vindos alm das fronteiras do cu viram os Eternos compadecidos do estado deplorvel em que a Eldor se encontrava ergueram os mares e os coroaram com ilhas, as mesmas se preencheram com plantas e animais de todo tipo, bem como as guas infinitas se tornaram cheias de todo tipo de criaturas. Assim surgiram os continentes de Mondalore, Lambira, YuanDhe, Chandra e Mundarha que at hoje permanece inexplorado.Dentre todas as criaturas a mais perfeita de todas era o homem, os Eternos se orgulharam da perfeio de suas criaes e os educaram ensinando-os a moldar o mundo a sua vontade. Mas chegou o dia em que eles retiraram a sua presena do mundo abandonando suas criaes.O motivo de sua partida bem como especulaes quanto ao seu retorno so motivo de debate de inmeras religies e povos. sabido que eles no retornaram at que todos os pagos sejam convertidos pelos filhos de sangue puro e que todos os povos hereges sejam obliterados.Essa base na f dos Eternos, sabido que todos os povos e criaturas pensantes que vagueiam sobre a terra conhecem essa verdade, mas a compreenso de cada povo conforme esses fatos originaram inmeras religies e contendas entre naes que perduram at os dias de hoje.No norte na Lambiria os reis das cidades estados e das terras feudais digladiam todo o tempo enquanto seus povos perecem de fome nos rigorosos invernos. No sul o imprio dos Saitiri agora controla todos os desertos de Mondalore tornando-os os maiores senhores de escravos da regio e inimigos mortais da sita Mkalli. Em YuanDhe as belas cidades cada vez mais se isolam do mundo ainda que seus mercadores negociem mais do que nunca. Murdaha permanece uma mancha escura nomeada nos mapas, pois at hoje no houve ningum que pudesse voltar de suas praias. Nas estepes interminveis de Chandra cavalgam as brbaras tribos blicas profundamente imersas em seus prprios conflitos e praticamente alheias ao resto do mundo.O mundo assim e isso o que se sabe!

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Nas Estepes A coragem forjada apenas no momento em que necessitamos dela! .Sendu Tmura

Chandra o maior dos continentes conhecidos de Eldor, dos penhascos que margeiam as praias a oeste at as enormes cordilheiras que se a leste estendia-se uma vasta estepe, formada por plancies e colinas sem fim, lar de cavaleiros cujo a alma reside em suas poderosas montarias, onde a felicidade est em seguir a direo em que sopra o vento e onde o rancor e a guerra tribal so as a principal ocupao. Uma terra de brbaros, a terra dos chandrianos. Ao longe sob a sombra de um morro duas figuras corpulentas e escuras corriam em uma velocidade muito superior ao que poderia se imaginar dado ao porte de seus corpos enormes. Eram peludos, com cabeas angulosas, focinhos pequenos, um par de cornos longos cor de creme nascia das laterais das cabeas e curvava-se para frente como lanas, suas patas acolchoadas com unhas grossas faziam o cho tremer com baques surdos durante o galope.Sob os animais, conhecidos como banthas, estavam dois jovens, despreocupados e sorridentes que disputavam uma corrida entre si, no havia um ponto de partida e to pouco de chegada, corriam at que os animais se cansassem ou que algum desistisse, no entanto eram ambos teimosos demais para isso. Eram dois rapazes, o primeiro parecia mais velho, no muito mais do que um ano, o outro completava quatorze anos naquele dia, sendo essa uma das razes para estarem ali.Apearam os animais quando os mesmos comearam a ofegar na subida de uma colina margeada por um afloramento de rvores altas de troncos escuros e folhas de um verde muito claro. O mais velho desceu primeiro e massageou as coxas dormentes enquanto o animal mordiscava grama distraidamente o rapaz deu algumas voltas em um raio de dez metros ao redor da outra montaria com olhos srios atentos a qualquer movimento suspeito. Ao longe, a cinco ou seis quilmetros vale adentro pode ver o marco de suas fronteiras. Era pouco provvel que alguma caravana desavisada ou uma gangue de saqueadores fosse estpida o bastante para cruzar o territrio da tribo Shanka, mas tambm sabia que a possibilidade de um ataque a qualquer momento era real.Satisfeito apeou a montaria e desceu sacando um machado de oitenta centmetros de uma bolsa da sela, a lmia media cerca de quinze centmetros e tinha forma de meia lua presa ao cabo com amarras de fibra de madeira seca, caminhou at o conjunto de arvores acompanhado do outro que deixar de sorrir e mantinha um semblante neutro.- O que a preocupa Rognar?- O dia da cerimnia... hoje, no?- Sim, Bjorn est nervoso! Respondeu sabido que nas muitas disparidades lingusticas dos povos Eldorianos, o idioma de Gad, adotado principalmente em Chandra, tem a particularidade de no possuir o tempo da primeira pessoa do singular de modo que os praticantes referem-se sempre a si mesmos na terceira pessoa. No demorou at que achassem uma rvore velha, o que significava madeira forte e comeassem o trabalho rtmico de cortar ramos adjacentes e lascas da mesma criando sucos profundos no vegetal que vazava um liquido cinzento de cheiro azedo. - Isso preocupa Rognar! O rapaz estava srio Voc ainda no atingiu a idade da razo para a cerimnia!- Mas Bjorn filho do lder, tenho que provar meu valor o quanto antes!- Os Shankas vo perder um grande lenhador!Ambos riram. A seiva escorria do tronco com menos intensidade, mas ainda caia em abundancia em pequenos jarros de barro fixados perto da raiz da planta. Trabalharam por quase quarenta minutos e j concluam o trabalho amarrando os feixes com cordas de pelo e lacrando a tampa dos potes de barro com cera quando Bjorn reparou em um nfimo detalhe do ambiente a sua volta que acabou por salvar sua vida... Os pssaros haviam se silenciado.Mais do que apenas um pressgio para supersticiosos um fato que as aves tal como os roedores se escondem na presena de um predador, as espcies que residem nas estepes tendem a serem barulhentas e agitadas de modo que os caadores da regio haviam aprendido a usar esse comportamento para sondar o ambiente a sua volta, um conhecimento amplamente difundido.Rognar coava distrado o principio de barba que se formava perto do queixo enquanto carregava um feixe nos ombros, no havia notado o silncio, se o tivesse feito ficaria imvel como o amigo havia feito e sido poupado do que viria a ser a experincia mais traumtica de sua vida. Dentre um conjunto de arbustos densos, nos quais normalmente viviam roedores, saltou um leo.No era um leo como voc imagina, mas sim um animal de um metro e meio de altura por trs de largura, do focinho a cauda, a pele era de uma cor similar ao dourado com pelos curtos e eriados, a juba era constituda de milhares de espinhos longos, as garras divididas em cinco dedos grossos eram como facas curvas e negras. O animal o maior predador das estepes. O temor e o respeito pela fera tamanho que vrias tribos chegam ao ponto de idolatra-lo como um enviado dos Eternos.Somente o feixe longo impediu o animal de talhar as costas de Rognar ou quebrar-lhe o pescoo, mas seu peso absurdo o atirou no cho sob um espinheiro que afundaram-se em sua pele causando uma dor agonizante em razo do veneno no letal da planta. O animal esquivou-se dos ganchos de madeira e voltou-se para Bjorn que j girava o machado transcrevendo um arco em direo a tempor do leo que antes de ser atingido saltou derrubando-o no cho. Tentou abocanhar a garganta do jovem que encaixou o machado em sua mandbula, a madeira rachou, mas aguentou bem o suficiente para que os msculos de seus braos no cedessem ante a fora superior do leo.Girou o corpo levando o machado junto o animal resistiu, mas por fim conseguiu afasta-lo, a mandbula do leo comeou a sobrepeujar a ferramenta, uma vez que no fora feita para combate, rpido como o bote de uma cobra sacou sua faca, o instrumento primordial de sobrevivncia, e desferiu em rpida sequencia uma srie de punhaladas na garganta prxima a jugular do leo cujos espinhos que protegiam essa regio feriam a mo do garoto que ignorou a dor at que estivesse debruado sob um cadver que se esvaia em litros e mais litros de sangue banhando suas roupas e a grama ao seu redor.Rognar arrancava os espetos do arbusto enquanto ainda olhava incrdulo para fera morta, apenas o choque amortecia a dor ampliada permitindo-o ficar de p. Balbuciou algo como:- Acabamos de perder um bom lenhador!Bjorn riu e arrancou alguns espetos do pulso estancando o sangramento com musgo mascado.- Quem sabe...

O Tao-KamadoNo somos nada at o momento em que nos tornamos alguma coisa!Sendu Tmura

Como era composta principalmente por plancies era possvel avistar ao longe vrias das capitais, se que podiam ser ditas assim pois mais parecem com fortalezas, das tribos chandrianas e com os Shankas no era diferente. Os muros escuros de madeira velha presas ao cho como colunas podiam ser avistadas de uma colina a quase dez quilmetros de distncia, ao chegar mais perto era possvel ver que a mesma era muito maior do que parecia, com sete metros que o separavam do solo os portes eram entalhados como totens com uma certa beleza enigmtica, uma viso de cair o queixo, mas naquele dia os olhares de espanto se voltavam para o lombo dos banthas de dois infantes.