o jogo como um fator positivo para a aprendizagem de crianças com tdah

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O jogo como um fator positivo para a aprendizagem de crianças com TDAH. Drielly Adrean Batista Mestranda em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista UNESP Email: [email protected] Resumo Esse trabalho busca identificar os jogos como uma ferramenta facilitadora para o processo de ensino de aprendizagem de crianças que apresentam o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Esses aspectos também são representados como uma fator importante para o processo cognitivo, social, afetivo e moral. Introdução O jogo advém do século XVI, e os primeiros estudos foram realizados em Roma e Grécia, destinados ao aprendizado das letras. Esse interesse decresceu com o advento do cristianismo que visava uma educação disciplinada como memorização e obediência. A palavra jogo vem do latim ‘’incus’’ quer dizer diversão, brincadeira, com aparecimento da companhia de Jesus (uma organização religiosa inspirada em moldes militares, decididos a lutar em prol do catolicismo e que utilizamos o processo educacional como uma arma), o jogo educativo passou a ser um recurso auxiliar de ensino, vindo a expandir-se a partir de então. Kishimoto (1994, p.14) vem nos dizer: Se brinquedos são sempre suportes de brincadeiras, sua utilização deveria criar momentos lúdicos de livre exploração, no quais prevalecem a incerteza do ato e não se buscam resultados. Porém ,

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Page 1: O jogo como um fator positivo para a aprendizagem de crianças com TDAH

O jogo como um fator positivo para a aprendizagem de crianças com TDAH.

Drielly Adrean Batista Mestranda em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista UNESP

Email: [email protected] Resumo Esse trabalho busca identificar os jogos como uma ferramenta

facilitadora para o processo de ensino de aprendizagem de crianças que

apresentam o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Esses

aspectos também são representados como uma fator importante para o

processo cognitivo, social, afetivo e moral.

Introdução O jogo advém do século XVI, e os primeiros estudos foram realizados

em Roma e Grécia, destinados ao aprendizado das letras. Esse interesse

decresceu com o advento do cristianismo que visava uma educação

disciplinada como memorização e obediência. A palavra jogo vem do latim ‘’incus’’ quer dizer diversão, brincadeira, com

aparecimento da companhia de Jesus (uma organização religiosa inspirada em

moldes militares, decididos a lutar em prol do catolicismo e que utilizamos o

processo educacional como uma arma), o jogo educativo passou a ser um

recurso auxiliar de ensino, vindo a expandir-se a partir de então.

Kishimoto (1994, p.14) vem nos dizer:

Se brinquedos são sempre suportes de brincadeiras, sua utilização deveria criar momentos lúdicos de livre exploração, no quais prevalecem a incerteza do ato e não se buscam resultados. Porém ,

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se os mesmos objetos servem como auxiliar da ação docente, buscam-se resultados em relação á aprendizagem de conceitos e noções ou mesmo ao desenvolvimento de algumas habilidades. Nesse caso o objeto conhecido como brinquedo não realiza sua função lúdica deixa de ser brinquedo para tornar-se material pedagógico. (KISHIMOTO, 1994, p. 14)

Os jogos pode ser uma grande alternativa para trabalhar com crianças com

TDAH, através deles é possível trabalhar vários conceitos, como a

coordenação motora, o raciocínio lógico, noções de espaço... Quando uma

criança brinca tudo em volta dela se transforma, ela reflete, ordena, reconstrói,

organiza, suas idéias e passa a desenvolver melhor o seu conhecimento.

Como nos fala Sanches, Martinez e Penalvez (2003, p.23) A ação da criança tem sempre um objetivo, a transformação do outro e mais adiante, quando a criança já pode exercer controle sobre seu corpo seu objetivo será a transformação do ambiente a partir de sua ação sobre ele. Tal representa a manifestação externa da união entre o corpo e a mente e, portanto esta carregada de simbologia.

Desde o seu nascimento, é de extrema importância para a criança o ato de

brincar, tanto para o desenvolvimento cognitivo, como para a aprendizagem,

para que ela possa crescer saudável, fazendo utilização de suas fantasias,

desejos e liberdade. Através da brincadeira a criança enxerga o mundo de

uma outra forma, utilizando expressões variadas.

Nos revela Macedo, Petty e Passos (2005, p.14)

O brincar é um jogar com idéias[...]O jogar é uma brincadeira organizada[...]O jogo é uma brincadeira que evolui[...] A brincadeira é o que será do jogo, é sua antecipação, é sua condição primordial. A brincadeira é uma necessidade da criança;o jogo, uma de suas possibilidades á medida que nos tornamos mais velhos

É através do jogo, que a criança aprimora a sua função lingüística

infantil, passando isso para a realidade, transformando cada dia algo inovador

e construtivo.

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Para Kishimoto (2007, p.13) ‘’[...] Tentar definir o jogo não é uma tarefa

fácil. Quando se pronuncia a palavra jogo cada um pode entendê-la de modo

diferente. Pode-se estar falando de jogos políticos de adultos, crianças’’.

Pode-se dizer que o jogo pode significar muito na vida de uma criança,

através dele, a criança pode diminuir a sensação de angustia, aflição, raiva,

inveja, e faz com que ela adquira maior concentração e também aprende como

lição com situações difíceis, nos jogos com regras

Para Kishimoto (2007, p. 24) ‘’[...] A existência de regras em todos os

jogos é uma característica marcante. Há regras explicitas, como no xadrez ou

amarelinhas, regras implícitas como na brincadeira de faz-de-conta’’.

Quando uma criança brinca ela não esta somente preocupada com a

aquisição de conhecimento ou desenvolvimento de qualquer habilidade mental

ou física.

Podemos dizer que no jogo jamais de sabem os rumos da ação do

jogador, mas que há uma importância para as motivações pessoais e de

estímulos externos como a conduta de seus outros amiguinhos que estão

jogando, ou seja quando uma criança brinca em um determinado lugar ela esta

fazendo a sua criação cultural.

Kishimoto (2002, p. 19) nos diz:

Se brincar é essencial é por que é brincando que o paciente se mostra criativo.Brincar é visto como um mecanismo psicológico que garante ao sujeito manter uma certa distancia em relação ao real, na comparação de Freud, que vê no brincar o modelo do principio de prazer oposto ao principio de realidade. Brincar torna-se o arquétipo de toda atividade cultural, que como a arte, não se limita a uma relação simples com o real.

Não podemos considerar o brincar como um defeito de não levar em

conta a dimensão social da atividade humana, que o jogo também é uma forma

de mostrar que há como aprender, a como se ensinar através de jogos,

brincadeiras.

Por que o brincar não é somente uma dinâmica interna, mas uma

atividade que desenvolve todos os processos da criança, principalmente o

social, que no caso de crianças com TDAH, é o ponto chave, onde o jogos,

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pode ser uma das alternativas para serem trabalhadas com essas crianças,

pois o seu convivo social é confuso e complicado.

Quem diz interpretação supõe um contexto cultural subjacente ligado a linguagem, que permite dar sentido as atividades. O jogo se inscreve num sistema de significação que nos leva a interpretar como brincar, em função da imagem que temos dessa atividade, o comportamento do bebê, retomando este o termo e integrando-o progressivamente ao seu incipiente sistema de representação Se isso é verdadeiro de todos os objetos do mundo, é ainda mais verdadeiro de uma atividade que pressupõe uma interpretação especifica de sua relação com o mundo para existir. (KISHIMOTO, 2002, p. 21)

Afinal, os jogos e as brincadeiras, são essencial durante o processo de

desenvolvimento, crianças com TDAH, é bem mais destacados esses

princípios, pois é muito difícil assegurar a atenção desses alunos na sala de

aula por exemplo, então por que impor conteúdos, dentro de um jogo

estabelecendo regras e limites. Geralmente essas crianças gostam de coisas

que lhe atraiam, despertando o interesse, e causando vontade de cada vez

mais aprender.

Aprendizagem e Conhecimento

Existem vários tipos de brincadeiras, que podem auxiliar no

desenvolvimento das crianças com hiperatividade, então vamos começar

falando da atividade lúdica, que auxilia no aprendizado tornando capazes de

exercer a criatividade, a simbologia e a auto expressão. A escola é um grande aliado para que as brincadeiras lúdicas

aconteçam, hoje nas escolas, pouco se brinca deixando de lado recursos para

a aprendizagem, que faz com que eles adquirem gosto e prazer em aprender.

O jogo do faz-de-conta, também entra como um recurso importante para

o processo de uma criança com TDAH.

Singer apud Kishimoto (2007, p.60) nos revela:

A maior parte dos jogos de faz-de-conta, também tem qualidade social no sentido simbólico. Envolve transações interpessoais, eventos e aventuras que englobam outras característica e situações no espaço e no tempo. O jogo imaginário acontece com pares ou

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grupos de crianças que introduzem objetos inanimados, pessoas e animais que não estão presentes no momento.

Esses jogos auxiliam na aprendizagem de crianças com TDAH, atuando

principalmente no processo de imaginação, como um recurso auto didático, e

que trabalha o aspecto social, intervindo também na área disciplinar, pois é

essencial dentro da sala de aula.

As brincadeiras de faz de conta, também pode ser um recurso muito

importante para o desenvolvimento da criança, no seu processo de

conhecimento. Pode se dizer que o jogo de faz de conta é como uma ponte

entre a realidade e a fantasia, faz com que a criança saia de seu mundo, e

conheça outro universo imaginário, fantasiando e viajando em um mundo

desconhecido, essa também é uma brincadeira que se pode utilizar com

crianças com TDAH, dentro da sala de aula,

Salum e Morais apud Kishimoto (2002, p. 80) nos diz que:

O alto grau de fantasia de estórias de super-heróis, dotados dos quais estranhos poderes,como voar esticar-se, subir em superfícies verticais lisas, forças e velocidade de movimento descomunais, etc, bem como o fato de terem duas personalidades a do homem comum e a do homem dotado de poderes extra naturais representam um desafio á compreensão da criança a respeito das regularidades do mundo que começa a perceber. Nesse sentido, ela pode representar esses personagens com todos os seus acessórios, armas, veículos de transportes fantásticos na tentativa de integrar uma experiência que lhe é tão pouco familiar e incomum. A realidade do cotidiano, diante do fantástico mundo da ficção, parece menos interessante e de mais fácil assimilação pela criança.

Todas essas habilidades podem ter muita importância para o

comportamento, e a atenção do aluno da sala de aula, o professor sempre

deve estar ciente que há varias alternativas para ser trabalhadas em sala de

aula com alunos com TDAH, e a brincadeira do faz de conta é uma delas.

Nas crianças com 6 a 8 anos, há um forte enriquecimento na

representação de papeis que se tornam mais definidos, embora a gravidez e o

nascimento ainda façam parte de um mundo mágico. Então é através dos

brinquedos e das brincadeiras que a criança tem oportunidade de desenvolver

um canal de comunicação, uma abertura para o possível dialogo com o mundo

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dos adultos. Ou seja, no sonho, na fantasia, na de faz-de-conta, onde desejos

que pareciam irrealizáveis podem ser realizados.

O brincar é fundamental para o desenvolvimento, é uma das principais

atividades da criança. Todas as crianças brincam se não estão cansadas,

doentes ou impedidas. Brincar é totalmente envolvente, interesse e informativo,

envolvente por que coloca a criança em um contexto de interação, em que

suas atividades físicas e de fantasias, bem como os objetos que servem de

projeção ou de suporte como canaliza, orienta, organiza as energias da criança

dando formas de ocupação.

Referências

KISHIMOTO, T, M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo:

Cortez, 2007.

_________. O brincar e suas teorias, São Paulo, Pioneira, 2002.

_________. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Livraria Pioneira

Editora, 1994.

MACEDO, L.; PETTY, A. L. S. e PASSOS, N. C. Os jogos e o lúdico na aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 2005.

SÃNCHEZ, P. A.; MARTÍNEZ, M. R.; PEÑALVEZ, I. V. Educación inclusiva: uma escuela para todos. Archidona, Aljibe, 2003.

SALUM, M. l.; CARVALHO, A. M. Brincar: uma revisão de algumas concepções clássica: Boletim de Psicologia, 1987.