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O INVESTIMENTO EM MINERAÇÃO FACE AO CÓDIGO MINEIRO Francisco Queiroz Advogado Professor de Direito Económico Redactor Coordenador do Código Mineiro

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O INVESTIMENTO EM MINERAÇÃO

FACE AO CÓDIGO MINEIRO

Francisco QueirozAdvogadoProfessor de Direito EconómicoRedactor Coordenador do Código Mineiro

I – REGRAS E PRINCÍPIOS GERAIS DO INVESTIMENTO MINEIRO

1. PRINCÍPIOS DE POLÍTICA MINEIRA

� Propriedade dominial originária do Estado de todos os recursos minerais, nos termos da Lei Constitucional;

� Concessão temporária de direitos mineiros pelo Estado;

� Propriedade privada dos minerais extraídos pelos titulares de direitos mineiros, nos termos da lei;

� Distinção entre direitos sobre minerais e direitos sobre solos e sobre propriedades existentes no solo e no subsolo;

� Orientação e Planificação macroeconómica da actividade mineira pelo Governo;

� Transmissibilidade dos direitos mineiros e possibilidade da sua dação para garantia de créditos

4/7/20122 [email protected]

2. Formas de Produção Mineira (95º)

Industrial Semi -industrial Artesanal

4/7/20123 [email protected]

3. Pressupostos para acesso aos direitos mineiros (96º e 108º e ss).

� Pessoa singular maior de idade, ou pessoa colectiva regularmenteconstituída;

� Nacional ou estrangeiro;

� Requerer a concessão e obter autorização competente;

� Cumprir os requisitos de idoneidade criminal, tributária, ambiental e de boa gestão, do artº 96º.

4/7/20124 [email protected]

4. Meios de atribuição de direitos mineiros (97º)

� Concurso público (98º e 99º)

� Concessão (ajuste) directo (100º e ss).

4/7/20125 [email protected]

5. Regimes de Investimento Mineiro Privado (artº 110º)

� Regime geral

� Regime especial para minerais estratégicos

� Regime especial para mineração artesanal

4/7/20126 [email protected]

II – REGIME GERAL DE INVESTIMENTO MINEIRO

� O regime de investimento mineiro à escala industrial, por concessão directa, é o regime regra, aplicando-se subsidiariamente aos outros regimes.

� Realiza-se segundo 4 grandes momentos processuais:

� a) Obtenção da Informação Geológico-Mineira;

� b) Negociação do Contrato de Investimento;

� c) Emissão do Título Mineiro e

� d) Início das Operações Mineiras.

� A cada um destes momentos processuais correspondem os respectivos passos e procedimentos para a sua concretização prática.

� Assim,

4/7/20127 [email protected]

1. Obtenção de Informação Geológico-Mineira

a) Um primeiro requerimento a solicitar informação sobre área mineira disponível, dirigido ao ministro da tutela, contendo identificação do investidor, e indicação do mineral a explorar, do mapa geodésico da área e uma declaração de cumprimento dos requisitos pessoais estabelecidos no artº 96º (artº 100º);

b) Este requerimento é entregue junto dos Serviços de Informação Geológica (SIG) do Ministério da Geologia e Minas e da Indústria – Artº100º;

c) A informação requerida deve ser prestada pelo SIG no prazo de 30 dias e pode servir de base para requerer a concessão de direitos mineiros (Artº100º, nº 3);

4/7/20128 [email protected]

d) Um segundo requerimento para a concessão de direitos mineiros, que apenas se faz depois de confirmada a disponibilidade da área mineira (Artº 101º);

e) Os pedidos são apreciados e atendidos por ordem de entrada (102º) e a resposta ao pedido é dada no prazo de 30 dias úteis após a sua entrada no SIG (Artºs 103º, nº 2, e 158º, a/);

f) Registo cadastral do pedido de concessão, publicação de editais e prazos para reclamações e recursos, junto do SIG (Artºs 104º e seguintes);

g) Caso o pedido seja pacífico e não haja reclamações sobre a área requerida, o SIG emite o Certificado de Registo de Pedido de Concessão Mineira (RPCM). (Artº106º). Prazo – até 15 dias após a comprovação de que o pedido de concessão mineira é viável (Artº 158º, b/);

4/7/20129 [email protected]

2. Negociação do Contrato Mineiro

� O investimento mineiro à escala industrial e semi-industrial faz-se por contrato administrativo assinado pelo titular do órgão de tutela. Quando o valor a investir seja superior a US$ 25 milhões, ou o investimento seja em minerais estratégicos, é competente para aprovar previamente o contrato o Titular do Poder Executivo (164º, b/, e 111º, nº 2).

� Quando houver lugar a prospecção prévia, o contrato deve conter regras repartidas entre as seguintes 3 fases do processo de mineração (Artº113º):

a) Prospecção;b) Avaliação;c) Exploração.

� O contrato é negociado por uma comissão de negociação (artº 112º).

4/7/201210 [email protected]

Fases de Prospecção e Avaliação

� (Passos para obtenção de título de prospecção e avaliação)

a) Apresentação no órgão competente do RPCM emitido pelo SIG, acompanhado de uma Declaração de Intenção de Investimento (DII) (Artº 115º);

b) Observar os elementos contratuais para a prospecção do Artº 119º;

c) Cumprir o prazo para a negociação – até 180 dias após a criação da Comissão de Negociações (Artº 158º, d/);

d) Emissão do Título de Prospecção, depois de aprovado o contrato (artº126º e 127º)

4/7/201211 [email protected]

Fase de Exploração

a) Direito mineiros de exploração são atribuídos a quem tenha exercido com sucesso os direitos mineiros de prospecção e avaliação (Artº 128º);

b) O Contrato Mineiro deve prever a obrigação de o investidor apresentar EVTEF e Estudo de Impacte Ambiental sobre a exploração (artº 116º);

c) Observar os elementos contratuais da exploração do Artº 131º;

d) Emissão do Título de Exploração é conferida depois de avaliado e aprovado o EVTEF e o Estudo de Impacte Ambiental (129º, 132º e 134º).

4/7/201212 [email protected]

Procedimentos para qualquer das

Fases

a) Criação da Comissão de Negociações pelo ministro da tutela (Artº 112º). Prazo – 30 dias após a apresentação da RPCM e da Declaração de Intenção de Investimento (Artº 158º, c/);

b) Formulação da Acta Final das Negociações e remessa ao ministro da tutela (Artº 112º, nº 3). Prazo para envio – 8 dias após o fim das negociações (Artº 158º, e/);

c) Aprovação do contrato pelo ministro da tutela (minerais não estratégicos e investimentos inferiores a USD 25 milhões) – Artº 111º. Prazo – 8 dias após a recepção da Acta Final (Artº 158º, f/);

d) Aprovação do Contrato pelo Titular do Poder Executivo (minerais estratégicos e investimentos superiores a USD 25 milhões) (Artº 158º e 164º, a/). Prazo dependente da agenda do Titular do Poder Executivo.

4/7/201213 [email protected]

3. Prazos para emissão de Títulos Mineiros, do CRIP e da LICa) Título de Prospecção, pelo ministro da tutela (Artº 126º). Prazo – 8 dias

após a aprovação do contrato pelo órgão competente (Artº 158º, g/);

b) Título de Exploração, pelo ministtro da tutela (Artº 134º). Prazo – 8 dias após a aprovação do EVTEF e Estudo de Impacte Ambiental pelo órgão competente (Art 158º, g/);

c) Envio de cópias dos títulos e dos contratos aprovados ao Ministro das Finanças, ao Executivo da Província e à ANIP, no caso de haver facilidades ou isenções fiscais ou aduaneiras e/ou em caso de investimento externo (Artº 155º, 156º e 165º). Prazo – até 8 dias após a emissão do título mineiro respectivo Artº 158º, h/);

4/7/201214 [email protected]

d) Emissão do Certificado de Investimento Privado (CRIP), pela ANIP, caso haja investimento externo (Artº 156º). Prazo – 8 dias após recepção da cópia do título mineiro e do contrato aprovado;

e) Emissão da Licença de Importação de Capitais (LIC), pelo BNA, caso haja investimento externo, (Artº 156º e 126º, nº 3). Prazo – 8 dias após recepção de cópia do título mineiro e do contrato aprovado.

4/7/201215 [email protected]

4. Prazos para início das Operações de Mineração

a) Operação de prospecção (Artº 126º, nº 4). Prazos contam-se a partir da aprovação do contrato e sua notificação ao investidor – caso nada resulte especificamente da lei ou do contrato de negociação, observam-se os prazos da lei do Investimento Privado (Artº 157º);

b) Operações de exploração (Artº. 135º e 138º). Prazos contam-se a partir da aprovação do EVTEF e EIA e sua notificação ao investidor – caso nada resulte especificamente da lei ou do contrato de negociação, observam-se os prazos da Lei do Investimento Privado (Artº 157º).

4/7/201216 [email protected]

III – REGIME ESPECIAL DE INVESTIMENTO EM MINERAIS ESTRATÉGICOS (Artº 164º e ss)

� Poderes especiais conferidos ao Titular do Poder Executivo para a criação do órgão negociador e para aprovação dos contratos e participação da concessionária nacional (quando exista) nas negociações (164º).

� Tramitação especial do processo para e do Titular do Poder Executivo (165º) – sem prazos pré-estabelecidos.

� No mais, aplica-se o regime geral (164º).

4/7/201217 [email protected]

IV – REGIME DE INVESTIMENTO MINEIRO ARTESANAL

4/7/201218 [email protected]

1.Regime Geral (Artº 167º e ss)

a) Considera-se mineração artesanal “aquela em que não é empregue mão-de-obra assalariada e em que são usados exclusivamente métodos e meios artesanais, sem intervenção de meios mecânicos auto-propulsores nem tecnologia mineira industrial” (Artº 167º);

b) “Em tudo que não contrarie disposições específicas sobre investimento na produção artesanal estabelecidos nesta código e em legislação complementar, aplica-se no investimento em actividades mineiras artesanais, com as necessárias adaptações, as regras do regime geral de investimento mineiro privado e de atribuição de direito mineiros” (Artº 171º, nº 2).

c) Os títulos de concessão de direitos para mineração artesanal designam-se “Senha Mineira” e são atribuídos por Despacho do Ministro da tutela, mediante requerimento dirigido ao Ministro, com os dados que permitam identificar o investidor, o preenchimento das condições e requisitos exigidos pelo Código Mineiro e o mapa da área requerida (Artº 172º).

4/7/201219 [email protected]

2. Regime Especial para Diamantes (Artº 281º e ss)

a) O exercício da actividade mineira de exploração artesanal de diamantes sóé possível em jazigos aluvionares ou em rejeitados de jazigos primários, desde que a sua exploração não se possa realizar de forma industrial ou semi-industrial (artº 282º, nº 2).

b) É competente para emitir a Senha Mineira, o ministro da tutela, mediante proposta da concessionária nacional dos direitos mineiros de diamantes (artº 282º, nº 1, e 283º);

c) O título é concedido por 1 ano prorrogável, apenas a cidadãos angolanos maiores, em áreas de até 1 hectar por cada titular (Artºs 284º e 285º);

d) O pedido é feito por requerimento ao ministro da tutela, entregue no órgão da administração local do ministério da tutela na província respectiva, e após emissão favorável do parecer pelo órgão competente da polícia. O Ministro tem 45 dias para decidir sobre o requerido (Artº284º).

4/7/201220 [email protected]

V - Investimento Mineiro em Fundos Marinhos (25º ess), Materiais para Construção Civil (329º e ss) e Águas Minerais (342º e ss).

� Regime Legal – aplica-se o regime geral do investimento mineiro privado, àescala industrial, com as necessária adaptações, observando-se as regras específicas definidas no Código Mineiro para cada um dos minerais respectivos.

4/7/201221 [email protected]

VI - Investimento na Lapidação de Diamantes (Artº303º)

� O investimento na indústria de lapidação de diamantes é feito de acordo com o regime comum de investimento privado (nacional e externo), com as seguintes adaptações:

a) O processo deve dar entrada na concessionária nacional, que o encaminha à ANIP com os respectivos pareceres (Artº 303º, a/);

b) A empresa concessionária nacional de diamantes e o órgão de comercialização de diamantes devem sempre ter participação societária na empresa de lapidação (Artº 303º, b/);

c) O regime fiscal e de incentivos é o do Código Mineiro (artº 304º).

4/7/201222 [email protected]