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O infinito e os cinco sentidos Ana Paula Gonçalves (PG) [email protected] HCTE/UFRJ Palmira Margarida Ribeiro da Costa Ribeiro (PG) [email protected] HCTE/UFRJ Suzana Queiroga (PG) [email protected] HCTE/UFRJ Resumo Este trabalho propõe um debate panorâmico e transdisciplinar sobre a concepção de infinito junto a Matemática, a História e as Artes, tendo a obra de Michel Serres, “Os cinco sentidos” como possível contribuição ao estudo e apreciação de infinito, matemático ou não, através das sensoridades, das emoções e dos sentidos. Palavras-chave: infinito; sentidos; sensibilidade; sensoridade; história; arte; matemática; emoções. Introdução O conceito de Infinito e a abstração sobre o mesmo exercem fascínio sobre pesquisadores e estudantes de diversas áreas. O infinito associado à religião, aos eventos físicos, o infinito matemático, ao amor, Deus, e outras inúmeras materialidades e imaterialidades são apresentadas como uma forma de sustentar uma ideia que é discutida academicamente em vários níveis, desde a educação básica à pós graduação. KINDEL(2015 p. 85), em sua obra “Diálogos de alunos sobre o infinito”, elenca alguns termos usados pelos licenciandos em Matemática para definir o infinito: dízimas,

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O infinito e os cinco sentidos

Ana Paula Gonçalves (PG) [email protected]

HCTE/UFRJ

Palmira Margarida Ribeiro da Costa Ribeiro (PG) [email protected]

HCTE/UFRJ

Suzana Queiroga (PG) [email protected]

HCTE/UFRJ

Resumo Este trabalho propõe um debate panorâmico e transdisciplinar sobre a concepção de infinito junto a Matemática, a História e as Artes, tendo a obra de Michel Serres, “Os cinco sentidos” como possível contribuição ao estudo e apreciação de infinito, matemático ou não, através das sensoridades, das emoções e dos sentidos. Palavras-chave: infinito; sentidos; sensibilidade; sensoridade; história; arte; matemática; emoções.

Introdução

O conceito de Infinito e a abstração sobre o mesmo exercem fascínio sobre

pesquisadores e estudantes de diversas áreas. O infinito associado à religião, aos eventos

físicos, o infinito matemático, ao amor, Deus, e outras inúmeras materialidades e

imaterialidades são apresentadas como uma forma de sustentar uma ideia que é discutida

academicamente em vários níveis, desde a educação básica à pós graduação.

KINDEL(2015 p. 85), em sua obra “Diálogos de alunos sobre o infinito”, elenca

alguns termos usados pelos licenciandos em Matemática para definir o infinito: dízimas,

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número pi, estrelas, tempo, gráficos, funções, reais, complexos, universo, números, para

sempre, sem fim, muito grande, conjuntos, formas, o céu, Deus, nunca acaba, ilimitado,

amor. Percebemos, nesses termos apresentados, que alguns são relacionados estritamente à

Matemática. Outros não. Isso se dá pelo fato de não existir um único tipo de infinito.

Quando se discute o conceito de infinito, normalmente são mencionados o infinito

potencial e ao infinito atual.

Para BRITTO e GONÇALVES (2016 p. 2) Por maior que seja um número natural, sempre podemos acrescentar mais uma unidade, de modo que não existe o maior número natural. O infinito atual é o infinito acabado, realizado, que pode ser tomado em sua totalidade. O infinito potencial se realizará no futuro, o infinito atual se realiza no presente. Segundo Aristóteles, o único infinito que existe é o potencial. O infinito, quando tomado em ato, é fonte de problemas sem solução, como os paradoxos de Zenão. Zenão argumenta que o movimento é impossível quando admitimos o infinito em ato.

KUBRUSLY (S/D) nos diz que

A certeza do fim e a necessidade de dar um sentido à vida, agora bem delimitada, faz o homem dedicar-se a transcendência. Para aplacar essa angústia que o dominava,. era preciso driblar o tempo e recriar a eternidade. Daí surgem todas as religiões com seus deuses poderosos e também o pensamento científico com a missão de compreender o que se passava e de deixar uma memória gravada que o tempo não conseguisse apagar. Surgem linguagem e matemática, surgem as perguntas filosóficas e as explicações da física, que a cada instante reinventava a natureza segundo seus caprichos e a moda de seu tempo. Era o pensamento buscando o infinito. O que ignora a morte, não tendo fim nem começo, diferente de toda a natureza, impossível, num universo onde tudo é finito.

É também possível encontrar o infinito em obras de arte, em sons, cores, aromas.

É possível experimentar o conceito de infinito também na literatura remetendo às palavras

sensações com texturas, cores, cheiros, amargores, relacionando-as às sensoridades e,

desta forma, perpassando-as, por esse conceito que tanto nos aflige, como uma atitude

comum. Augusto de Campos (1953 p. ), ilustra esse pensamento, quando nos apresenta o

poema “Bestiário para fagote e esôfago”,

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Assim, entende-se que quando o conceito de infinito é vivenciado através dos

sentidos é possível compreendê-lo de forma orgânica e é junto a esta compreensão que o

conceito de Infinito pode ser posto em diálogo com Michel Serres, no que tange o

pensamento sobre os cinco sentidos.

Os cinco sentidos e a não finitude

Visão, tato, audição, paladar, olfato. Os cinco sentidos estão escritos em ordem de

maior para menor importância. É eminente que nossos sentidos não são concebidos de

forma igualitária pela ciência e na sociedade, sendo notório, que a primeira tenha

influenciado ou sido utilizada como paradigma ou conceito de verdade pelo discurso

progressista e civilizado a fim de controlar os outros quatro sentidos. Há uma tendência,

legitimada pelos fundamentos científicos e construída culturalmente, em conceber os

sentidos não como uma capacidade de sensorialidade integral, mas como entes em

funcionamento separados e sensibilidades não conectadas, uma concepção linear e

cartesiana que limita, finita o que necessita de uma experenciação orgânica e mosaica. Ou

seja, uma forma de sentir/ analisar que vai de encontro à formação estrutural de lógica e

1 Extrato do livro “Poetamenos”, de Augusto de Campos (1953).

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pensamento do mundo ocidental. Assim, através desta desconexão sensorial, alguns

sentidos são interpretados socialmente como menos importantes ou, até mesmo,

desnecessários, como o caso do olfato.

Os cinco sentidos não são analisados de forma inter-relacional nos estudos da

história das ciências e isso pode ser um reflexo do que ocorre na própria ciência. A falta de

estudos em conformidade a uma concepção integral entre os sentidos é aparente e a

ausência de análises científicas que vão além de uma visão Comteana solapam a

observação e análise sensorial em unicidade entre os cinco.

A racionalidade clássica, majoritariamente, elegeu o sentido da visão como o

comandante dos outros quatro, como se dele participem tentáculos das sensibilidades que,

de fato, não lhe cabem ou que só fariam sentido em interação entre os outros. Assim, a

visão, como detentora da razão, promovida a sentido racional e civilizado, foi

domesticada, justamente, em seu fator sensibilidade, questão esta esmiuçada por Michel

Serres no que tange uma compreensão mais sensível sobre o sentir, os orgãos e o meio,

subvertendo a ordem clássica da ciência.

Enquadrando os sentidos

Essa concepção sobre o sentido da visão como superior aos demais é tão

fortemente incutida que até mesmo na linguística se faz perceptível. Na língua

portuguesa, por exemplo, visão é sinônimo de compreensão, entendimento, previsão,

revelação ou ainda, no sentido de algo visionário.

A visão torna-se, assim, o principal sentido desde o Iluminismo, pois é passível de

controle e civilidade. Macroscópicos e microscópios fomentam, literalmente, a

visualização da racionalidade, do progresso e da civilidade. Apenas o que pode ser visto é

passível de análise e, portanto, científico, controlável, calculado e dominado. A visão

permite que a razão se materialize, o panoptismo descrito por Foucault é evidente na

construção do sentido da visão como baluarte de racionalidade, pois é através dele que o

controle, mediado pela ciência, passa a ser possível.

A partir da visão o tato/ espaço passa a ser construído, a audição, milimetricamente

calculada, respeitando normas ocidentalizadas sobre a sonoridade fazendo com que alguns

tipos de musicalidades, por exemplo, não sejam interpretadas em formato culturalmente

agradável ou socialmente aceito para a audição.

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O paladar fica em segundo plano quando o importante do alimento passa a ser

cobiçado pela visão (comido com os olhos). Viver a sensação de comer de olhos fechados,

por exemplo, degustando apenas da sensorialidade do paladar, pode ser interpretado pela

sociedade visual e fomentada em uma racionalidade clássica, como algo perigoso ou

irresponsável, sexual ou erótico, o que torna a cena passível de imoralidade e, portanto,

irracional e não permitida.

Por fim, o olfato, demasiadamente volátil e imperceptível aos olhos, foi execrado

do mundo racionalmente civilizado, silenciado e jogado ao limbo. É feio cheirar como os

animais, é deselegante cheirar a própria comida e é falta de higiene exalar os próprios

cheiros naturais. Além disso, o olfato é o sentido que mais provoca as memórias e,

portanto, as emoções. Único entre os sentidos a não precisar ser filtrado pelo tálamo, o

olfato torna-se perigoso justamente porque a metodologia científica não admite ir além do

que os olhos podem ver. Assim, o sentido olfativo, o mais distante da visão, é, não por

coincidência, o menos estudado pela ciência.

O filósofo das ciências, Michel Serres, alumia essa questão da ausência da

interação entre os sentidos e o formato de análises clássicas dadas aos mesmos.

Transforma os sentidos em um banquete sensorial, misturados e comunicativos entre si.

Desafia a superficialidade da finitude cartesiana revelando em sua obra o profundo sentir

de cada sentido, levando o leitor a uma viagem em que o experienciamento do sentir não

tem regras e muito menos fim, pode-se ir até onde for possível para si e de acordo com as

próprias experiências internas, no entanto, é perceptível que não há fim. Serres nos

persuade a sentir, na pele e por todos os poros que a experimentação do sentir não é uma

linha que nos leva há algum lugar determinado. O infinito em Serres também está em não

saber para onde ir e em uma regra sobre como sentir. As sensibilidades, as emoções e

sentidos estão livres.

As infinitas sensoridades

Entender as relações de corpos misturados que Serres faz sobre os sentidos é de

uma dificuldade imensa para os matemáticos. A ideia de categorização e de linearidade,

muito presente nos estudos das ciências matemáticas, nos impede de sentir os sentidos

misturados e, dessa forma, nos tolhe nas experimentações impregnadas de permeabilidade,

onde uma proposta transdisciplinar pode ser possível mas, rendidos ao pensamento

cartesiano, nos sentimos aprisionados.

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No entanto, junto a uma visão transdisciplinar é possível sentir o conceito de

infinito e não, apenas, formata-lo, por exemplo, quando na poesia, nas artes e literatura.

Textos de poetas consagrados como Fernando Pessoa, Manoel de Barros, Ferreira Goulart

e Leminski nos permitem vivenciar o infinito permitindo possibilidades de aprendizado

sobre algo impalpável, mas palatável quando nos utilizamos das potencialidades de nossas

sensoridades.

Materialidades associadas ao infinito estão presentes nas artes como, por exemplo,

nas obras de Suzana Queiroga, os infláveis apresentam uma experiência de misto

sensorial. Diversidades de formas no olhar, o toque, o corpo, a relação com o espaço nos

remete à experimentação mestiça dos sentidos de Michel Serres, como podemos observar

na imagem abaixo:

Imagem 22

O trabalho com os infláveis aciona o nosso olhar topológico. O que é o inflável? É o

que está dentro? É o que está fora? Quando se está dentro, a sua visão muda, porque se vê o

mundo colorizado pela cor da película do inflável. Quando se está fora, se vê quem está

dentro como uma célula, uma parte de uma cena de pintura. Por isso, esse material trabalha

com a ausência de limites do que é uma obra de arte. E ligar a essa experiência topológica ao

nosso próprio corpo, à nossa presença ali. Os sentidos são todos acionados: ao tocar, ao deitar,

ao olhar para fora, ao ouvir o som do compressor, a percepção sonora é diferente, ao respirar,

o som da respiração dentro do ar. A ideia do inflável é a materialidade de uma tinta, onde, ao

2 Performance no inflável Vitória Suíte, na Caixa Cultural Rio, com os bailarinos Toni Rodrigues, Patricia Riess e Marina Callado, julho de 2007. Fotos Joel Queiroga Pessôa.

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invés de só contemplar, usar apenas a visão, que fosse possível mergulhar e sentir a própria

obra. O sentimento de pertença, de estar na obra, faz com que esses sentidos se misturem.

Essa imersão for uma brincadeira com a dualidade micro, onde você pode ser uma célula, um

infinitésimo, e com o macro, onde você pode ser o universo, sem limites. É a pintura jogada

no espaço.

Serres(2001) afirma que A recepção, raramente pontual, ocorre em um esquema onde a captura,móvel, encontra oportunidades notáveis de retornar a si. Em ciclos rapidos, transforma-se em emissão e vice-versa: ricochetes, ecos, reflexos sobre as telas, por caminhos estreitos, passagens, gargantas, desfiladeiros, becos sem saída, bifurcações numerosas e inesperadas, circuitos - dir-se-ia um chip embaralhado - que criam pontos singulares e devolvem uns aos outros os fluxos capturados. (Serres 2001 p. 137-138)

A apresentação de uma cartografia do tempo e do infinito, com a relação espaço-

tempo, através de objetos cartográficos mutantes, que se reconfiguram a cada montagem, não

esgota as possibilidades de instalação. Os objetos, baseados em mapas e redes urbanas,

também se apresentam de diversas formas, pois as cartografias mudam com a interação com o

homem, como um organismo vivo pronto a se reconfigurar a cada intervenção. A cartografia,

nesse caso, é um objeto transdisciplinar e, à luz do texto de Serres, promove uma filosofia

mestiça, pois fala de História, fala de Política, fala de Poder, fala de Geografia, fala de

Matemática, fala de História da Arte, ou seja, a característica mutante da cartografia permite

que seu corpo vivo seja permeado pelos conhecimentos como corpos misturados.

Imagem 33

Imagens 4 e 54

3 Mapamaré, em nanquim sobre papel, peça da Exposição “Miradouro”, realizada no Paço Imperial/RJ.

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A cartografia se modifica e modifica a nós, que a experimentamos. A obra de arte

abandona a sua apresentação estática e passa a ser, ela mesma, uma experiência infinita. Na

imagem a seguir, a obra é composta por inúmeros pedaços de papel, onde cada um deles é a

cartografia de uma cidade. Numa proposta de reconfiguração, há infinitas possibilidades de

composição dessa figura.

Imagem 55

Em matemática, se o mapa estivesse totalmente planificado e se elencássemos uma

ordem de configuração, poderíamos, através de um simples exercícios de contagem e

utilizando um princípio multiplicativo, quantificar as poucas formas de apresentação dessa

obra. Porém, como também é desejada uma experiência topológica, através da maleabilidade

da forma, da exploração dos seus buracos e das dobras, as possibilidades de configuração são

inúmeras.

Serres(2001) nos brinda com uma visão mestiça da cartografia ao dizer: No banquete estão sentadas, portanto, três amigas ou inimigas, desenhando mapas, mexendo as misturas, descobrindo o tempo. Os mapas chamalotados, matizados, traçam as vizinhanças dos corpos misturados, vertidos juntos, sua fusão na mesma depsidra ou garrafa segue o curso da duração.

Essa maleabilidade, a relação com o tempo, as fronteiras, as tramas. O infinito

materializado através da arte. BARROS (2013 p.231) nos diria “Do lugar onde estou eu já fui

embora.” A ideia de poder ter sempre uma transformação a mais, a infinitude de

possibilidades, nos remete a uma configuração que não podemos enumerar.

4 “Detalhe da montagem de 'Rioma' criado especialmente para o projeto 'Ver e sentir através do toque', no MNBA/RJ. À esquerda, o Rioma 'de mão', uma cartografia baseada no centro do Rio de Janeiro a ser sentida pelos dedos das mãos. À direita, o Rioma para ser vestido e experimentado.” 5 Cloud Cities – Cartografia em papel

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As cidades são, nessa cartografia, uma soma de sistemas, somas de passados, somas

de sistemas, subterrâneos que carregam outras cidades. Uma soma infinita que tende a

descrever um determinado lugar.

Considerações finais

Podemos explicar a lógica do terceiro excluído, que consiste em dizer que, para

qualquer preposição, ou ela é verdadeira ou sua negação é verdadeira, não existindo uma

terceira possibilidade. Considerando que Serres propõe uma filosofia mestiça, o ideal seria

que fosse considerada a lógica do terceiro incluído, onde uma proposição pode ser

verdadeira, sua negação pode ser verdadeira e ainda haverá outras possibilidades a serem

consideradas, extrapolando a binaridade sugerida pela lógica do terceiro excluído e

permitindo a mestiçagem, a fisolofia dos corpos misturados.

Castiel(1998) nos diz que “Serres faz também um jogo de palavras, no qual introduz a crítica ao postulado lógico referente ao 'terceiro excluído', em relação ao qual, mediante especial processo de aprendizagem (instrução), seria possível 'incluí-lo'. Assim, seria viável a ultrapassagem da binariedade limitada da lógica da identidade, 2 ao permitir o acesso a 'outro lugar', 'terceiro', 'mestiço'. Isto não significa que se deva abandonar tal lógica, mas sim dimensionar as características de fechamento/abertura do problema em estudo e verificar se o seu emprego procede. (Castiel (1998 p. 227)

O professor Michael Atiyah, conceituado matemático do Reino Unido, nos disse no

último ICM (International Congresso of Matematicians): “A matemática precisa de uma

abordagem interdisciplinar. Para ser um matemático, você também tem que ser um filósofo,

um artista" “

“Nada confere mais sentido do que mudar de sentido.

Michel Serres

Bibliografia

ACKERMAN, Diane. Uma história natural dos sentidos. 2.ed. Rio de Janeiro: Bertrand

Brasil, 1996.

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BARROS, M. Manoel de Barros – Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2013.

CAMPOS, Augusto de – Poetamenos. São Paulo: Invenção, 1953.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador: Uma história dos costumes. Rio de Janeiro:

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FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1997.

KINDEL, Dora Soraia – Diálogos de alunos sobre o infinito – Curitiba: Appirus, 2015

QUEIROGA, Suzana – Performance no inflável vitria sute – Disponível em:

<http://suzanaqueiroga.blogspot.com/2007/10/performance-no-inflvel-vitria-sute.html>,

acesso em 30 Ago. 2018

SERRES, Michel. Os cinco sentidos: filosofia dos corpos misturados. Rio de Janeiro:

Bertrand Brasil, 2001.

KUBRUSLY, Ricardo – O tamanho do infinito – Disponível em

http://www.dmm.im.ufrj.br/~risk/diversos/tamanho.html, acesso em 30. Ago. 2018