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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Faculdade de Gestão e Negócios Programa de Pós-Graduação em Administração Mestrado em Administração O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM EMPRESAS INCUBADAS DE UBERLÂNDIA PERTENCENTES À ÁREA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Carlos Henrique Viola Uberlândia [MG] 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Faculdade de Gestão e Negócios

Programa de Pós-Graduação em Administração

Mestrado em Administração

O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM

EMPRESAS INCUBADAS DE UBERLÂNDIA PERTENCENTES À

ÁREA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Carlos Henrique Viola

Uberlândia [MG]

2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Faculdade de Gestão e Negócios

Programa de Pós-Graduação em Administração

Mestrado em Administração

O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM

EMPRESAS INCUBADAS DE UBERLÂNDIA PERTENCENTES À

ÁREA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Carlos Henrique Viola

Uberlândia [MG]

2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Faculdade de Gestão e Negócios

O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM

EMPRESAS INCUBADAS DE UBERLÂNDIA PERTENCENTES À

ÁREA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Administração da

Universidade Federal de Uberlândia,

como requisito à obtenção do título de

Mestre em Administração.

Carlos Henrique Viola

Orientador: Prof. Dr. João Bento de Oliveira Filho

Uberlândia [MG]

Março-2006

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação

V795i

Viola, Carlos Henrique / 1975-

O impacto da orientação para o mercado em empresas incubadas de

Uberlândia pertencentes à área de tecnologia da informação / Carlos

Henrique Viola. - Uberlândia, 2006.

109f. : il.

Orientador: João Bento de Oliveira Filho.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia, Progra-

ma de Pós-Graduação em Administração.

Inclui bibliografia.

1. Marketing - Teses. 2. Incubadoras de empresas - Uberlândia - Te-

ses. I. Oliveira Filho, João Bento de. II. Universidade Federal de Uber-

lândia. Programa de Pós-Graduação em Administração. III. Título.

CDU: 658.8

Page 5: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

Reitor da Universidade Federal de Uberlândia Arquimedes Diógenes Cilone

Diretor da Faculdade de Gestão e Negócios Reinaldo Campos Andraus

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Administração Valdir Machado Valadão Júnior

Page 6: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Faculdade de Gestão e Negócios

Programa de Pós-Graduação em Administração

Mestrado em Administração

A dissertação

Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada por todos os membros da

Banca Examinadora foi aceita pela Faculdade de Gestão e Negócios da

Universidade Federal de Uberlândia, como requisito à obtenção do título de

MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO

Data: 17/03/2006.

BANCA EXAMINADORA

Dr. João Bento de Oliveira Filho

Dra. Stella Naomi Moriguchi

Dr. Edmilson de Oliveira Lima

Page 7: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

ii

DEDICATÓRIA

À amada Milena,

que sempre me apoiou

durante todos esses

anos na carreira de

Administrador.

Page 8: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

iii

AGRADECIMENTOS

O mérito de galgar mais um degrau na profissão de Administrador não pertence

somente a mim, mas a várias pessoas que contribuíram para mais este desafio, cada qual

à sua maneira, seja convivendo comigo no dia-a-dia apoiando-me nos obstáculos da

profissão ou compartilhando comigo os momentos de glória profissional e na vida

pessoal.

Dessa forma, dedico meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que de

algum modo participaram dessa conquista: à minha esposa e ilustre advogada Milena, a

meus pais Carlos Roberto e Rose, aos meus sogros e amigos Audeni e Eliana, às minhas

queridas irmãs Luciana, Andréa e Carla, aos meus sobrinhos Gustavo, Flávia, Matteo,

Fabiana, Enzo e Luca, aos meus cunhados Flávio, Gustavo, Reginaldo, Vanessa, Cíntia

e Tibério, aos meus amigos Leonardo, Rodrigo, Marcos, Érico, Demétrio, Gustavo e

César, aos professores Dr. João Bento de Oliveira Filho, Dra. Eliana Xavier Linhares de

Andrade, Dra. Stella Naomi, Dra. Tânia Regina Brasileiro e Dr. Valdir Machado

Valadão.

Muito obrigado e conto com todos para o próximo desafio!

Page 9: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

iv

RESUMO

Dentre as dificuldades de organizações de base tecnológica que passaram por todo o

processo de incubação de empresas, os aspectos mercadológicos apresentam-se como o

principal empecilho que compromete sua inserção no mercado, crescimento e a própria

sobrevivência. As atividades que visam satisfazer aos clientes e são orientadas para as

necessidades do mercado têm um papel importante na minimização das deficiências de

marketing dessas empresas. Este trabalho tem como problema de pesquisa verificar a

intensidade da orientação para o mercado – OPM – quanto se baseiam nas informações

do mercado nas tomadas de ação, das empresas de uma incubadora em Uberlândia e

como essa orientação contribui para a sobrevivência delas. O trabalho é baseado em

estudo de levantamento realizado com os proprietários ou gestores destas empresas de

Tecnologia da Informação – TI, que foram incubadas até 2004 na Incubadora de

Empresas de Tecnologia em Software - INETEC, cujo gestor é o Núcleo Softex do

Triângulo – TRISOFT. O objetivo geral deste trabalho é descrever o impacto da

orientação para o mercado sobre a sobrevivência das empresas incubadas na INETEC e

para realizar esse estudo será utilizada uma escala de medição de nível de OPM

complementada com outras questões pertinentes aos objetivos específicos definidos. A

principal conclusão deste estudo foi a constatação da existência de uma sensível

orientação para o mercado nas tomadas de decisões das empresas incubadas na

INETEC. Verificou-se, também, que as empresas sobreviventes foram as que

apresentaram maior nível de orientação para o mercado. Essas informações poderão

contribuir para o planejamento dos negócios das próximas empresas a serem incubadas.

Palavras-chave: Orientação para o Mercado, Empresa de Base Tecnológica,

Tecnologia da Informação e Incubadora.

Page 10: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

v

ABSTRACT

In the midst of the difficulties presented by the technological based organizations, from

incubators, that went thorough all the process of incubation, the marketing aspects

figure as the main hindrance that jeopardizes the entrance, growth and survival of these

companies in the market place. The activities that aim customer satisfaction and are

market oriented play an important roll in minimizing marketing deficiencies of these

firms. The research problem of this work is to verify the intensity of market orientation

of companies in an incubator from Uberlândia and how this orientation contributes to

their survival. This work is based on a survey study made with the owners or managers

of the Tecnological Information Companies that were incubated in Incubadora de

Empresas de Tecnologia em Software – INETEC – whose manager is Núcleo Softex do

Triângulo – TRISOFT. The general objective of this work is to describe the impact of

market orientation in the survival of the incubated companies from INETEC and, as a

way to accomplish this study, it was used an scale that measures the orientation market

level, which was added by the other questions concerning the specific objectives

proposed here. The main conclusion of this study was that there is a sensible market

orientation in the decision making of the incubated companies from INETEC. Besides

that, it was verified that the surviving companies were those that achieved the higher

level of market orientation. This information can contribute to plan the business of

future incubated enterprises.

Keywords: Market Orientation, Tecnological based enterprise, Tecnological

Information and Incubator.

Page 11: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 4

1.1 Justificativa e Delimitação do Tema .................................................... 10

1.2 Problema de Pesquisa ........................................................................... 11

1.3 Objetivos do Trabalho .......................................................................... 11

1.3.1 Objetivo Geral .......................................................................... 11

1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................... 12

1.4 Estrutura do Trabalho ........................................................................... 13

2. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................... 14

2.1 Incubadora de Empresas ....................................................................... 14

2.2 Incubadoras no Brasil ........................................................................... 17

2.3 O Processo de Incubação de Empresas ................................................ 22

2.4 O Conceito de Orientação para o Mercado .......................................... 25

2.5 A Síntese dos Conceitos de Orientação para o Mercado – OPM ......... 32

2.6 Impacto da Orientação para o Mercado ............................................... 36

2.7 Medindo a Orientação para o Mercado ................................................ 45

2.7.1 Sintetizando a Escala de Orientação para o Mercado ............... 53

2.8 Estatística Aplicada ao Estudo de OPM ............................................... 58

3. METODO DA PESQUISA ......................................................................... 62

3.1 Tipo e Abordagem de Pesquisa ............................................................ 62

3.2 Técnica de Coleta de Dados e Tipo de Instrumento de Coleta ........... 63

3.3 Fonte de Dados de Pesquisa ................................................................. 64

3.4 Tamanho da Amostra .......................................................................... 65

4. ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS ....................................... 66

4.1 Núcleo Softex do Triângulo – TRISOFT.............................................. 66

4.2 Resultados por Objetivo de Pesquisa ................................................... 69

4.3 Resultados por Hipótese de Pesquisa ................................................... 87

4.4 Resolução do Problema de Pesquisa .................................................... 90

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 93

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 95

ANEXO I - Escala de Deshpandé e Farley: Mensuração de Orientação

para o Mercado.......................................................................... 100

ANEXO II - Instrumento de Coleta de Dados – Questionário..................... 101

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ANEXO III - Escala de Checagem de Validade Utilizada no Estudo de Deshpandé e Farley (1998)........................................................ 104

ANEXO IV - Escalas de Mensuração da Validade Preditiva da Correlação entre OPM e Performance......................................................... 105

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Principais estudos que validam o impacto da OPM na performance organizacional ................................................................................. 37

Page 14: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Coeficiente de correlação para cada caminho (Path) de hipótese de Lee .................................................................................................... 40

Tabela 2 Confiança e validade das medidas para as três escalas de OPM ...... 49

Tabela 3 Coeficiente de confiabilidade das três escalas aplicadas em vários países, mensurada pelo coeficiente α de Cronback ................................ 52

Tabela 4 A escala eumária ‘MORTN’ de OPM, sintetizada das três escalas existentes ........................................................................................... 55

Tabela 5 Escala modificada de mensuração de OPM ...................................... 57

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Número de incubadoras de empresas no Brasil ................................. 19

Gráfico 2 Nível de OPM geral e por variável, considerando o status de funcionamento da empresa incubada ................................................. 70

Gráfico 3 Distribuição das empresas incubadas na INETEC por faixa de faturamento médio anual durante sua existência e status ..................

71

Gráfico 4 Número de clientes conquistados pelas empresas incubadas durante sua existência por status de funcionamento ....................................... 72

Gráfico 5 Participação de cada serviço/produto nas empresas incubadas na INETEC ............................................................................................. 74

Gráfico 6 Status das empresas incubadas na INETEC ...................................... 75

Gráfico 7 Intensidade geral e por variável de OPM .......................................... 76

Gráfico 8 Nível médio de OPM das empresas sobreviventes (em funcionamento) e não sobreviventes (atividades encerradas) ............ 77

Gráfico 9 Coeficientes de correlação e determinação entre variáveis de OPM . 78

Gráfico 10 Ênfase no Cliente - Justificativas para Discordância/Neutralidade e, em caso de Concordância, evidências de que os ‘objetivos de negócios são dirigidos prioritariamente pela satisfação do cliente’....

80

Gráfico 11 Ênfase no Cliente - Justificativas para Discordâncias/Neutralidades e, em caso de Concordância, evidências de que ‘levam em consideração as necessidades dos clientes para serem mais competitivos’ ......................................................................................

81

Gráfico 12 Ênfase no Cliente - Justificativas para Discordâncias/Neutralidades e, em caso de Concordância, evidências de que ‘são mais focados no cliente do que a concorrência’ .......................................................

83

Gráfico 13 Ênfase no Cliente - Justificativas para Discordâncias/Neutralidades de que ‘o negócio existe, primeiramente, para servir aos clientes’ .... 84

Gráfico 14 Importância da Informação - Justificativas para Discordâncias/Neutralidades e, em caso de Concordância, evidências de que ‘monitoram, constantemente, o nível interno de comprometimento para com às necessidades dos clientes’ ................

85

Gráfico 15 Importância da Informação - Em caso de Concordância, evidências de que ‘quando descobrem que o cliente deseja que modifiquem o produto, as pessoas competentes se encarregam de atendê-lo’ – A mais importante mudança no produto realizada pela empresa, em função do cliente ................................................................................

87

Gráfico 16 Nível OPM comparativo entre empresas sobreviventes (em atividade) e não sobrevivente (atividades encerradas), segundo a média ponderada, moda e mediana .................................................... 89

Gráfico 17 Resposta à Questão-Problema - Intensidade de orientação para o mercado das empresas incubadas na INETEC, segundo as medidas: média, moda e mediana ......................................................................

91

Page 16: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Dimensões sintetizadas de orientação para o mercado ...................... 33

Figura 2 Modelo geral de correlação entre as variáveis estudadas por Lee ..... 39

Figura 3 Modelo de organização para o mercado para organização pública ... 41

Figura 4 Modelo dos efeitos moderadores da OPM sobre a rentabilidade ...... 43

Page 17: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho analisa empresas de base tecnológica originadas de uma incubadora de

empresas e a sua inserção no mercado.

De acordo com Dornelas (2002, p. 36) “a empresa de base tecnológica é aquela

cujos produtos, processos ou serviços são gerados a partir de resultados de pesquisa

aplicada, e nos quais a tecnologia representa alto valor agregado”.

Por incubadora de empresas, entende-se:

um arranjo interinstitucional com instalações e infra-estrutura apropriadas,

estruturadas para estimular e facilitar determinados fatores. São exemplos

destes fatores: vinculação empresa-universidade, fortalecimento das

empresas e o aumento de seu entrosamento, bem como crescente

vinculação do setor produtivo com diversas instituições de apoio

(GUEDES; FORMICA, 1997, p. 45).

Normalmente uma empresa tecnológica surge a partir de pesquisas e alta

qualificação técnica. Porém, alguns pesquisadores de inovações tecnológicas e empresários

de sucesso no desenvolvimento e lançamento de produtos inovadores afirmam que a

tecnologia não é tudo, e ela por si só não vende um produto. Há a necessidade de um

planejamento de marketing para se atingir o público desejado.

Os aspectos mercadológicos têm sido a maior dificuldade das empresas de base

tecnológica em incubadoras de empresas, o que têm comprometido a inserção no mercado,

o crescimento e sua própria sobrevivência.

As seguintes afirmativas de Formica (2000, p.59) confirmam esses pontos de vista:

“Ao contrário do que se pensa, a criatividade em tecnologia está longe de habilitar o

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8

emprendedor tecnológico a aproveitar as oportunidades que mudam o presente. A visão

tecnológica precisa ser enriquecida com criatividade tanto no planejamento da produção

quanto no marketing”. Concluindo, Formica (2000, p.71) afirma ainda que “o

empreendedor tecnológico deve mudar de atitude para ajudar seus clientes a aproveitar as

vantagens acarretadas pelas mudanças tecnológicas”.

De acordo com Morita (1999 apud Formica, 2000, p.72), fundador da empresa Sony

que criou produtos inovadores como o video-cassette, walkman e outros:

a criatividade em marketing não deve ser esquecida. Se você dispõe de

muita tecnologia e mesmo de um ótimo produto, assim mesmo você só

terá sucesso se o mercado estiver informado sobre ele para poder aceitá-

lo. No caso do walkman, o seu sucesso se deu graças ao planejamento do

produto e ao marketing.

Complementarmente, Formica (2000, p.72) considera que “até mesmo uma boa

tecnologia não se vende por ela mesma, e o empreendedor tecnológico sofre de uma lacuna

em marketing e vendas, o que dificulta a comercialização das inovações”.

Segundo Odebrecht (2005, p.5):

há uma nova lógica na hierarquia histórica das relações de trabalho porque

o poder já não pode estar no ‘chefe’ ou na empresa. O poder está no

cliente – razão da existência e fonte de vida de qualquer empreendimento

no mundo dos negócios – cujo desejo precisa ser satisfeito.

Odebrecht (2005, p. 5) conclui ainda que “o fabricante que se mantiver,

conservadoramente, vendendo apenas produtos a meros consumidores, sem agregar

serviços, corre o risco de ficar pelo caminho”.

Diante disso, fica evidente que os aspectos relacionados ao marketing são

fundamentais para o negócio. Percebe-se, também, que o exercício puro e simples da

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criatividade para o desenvolvimento de novas tecnologias sem a orientação para o mercado

pode inviabilizar a aceitação de um novo produto, uma vez que as necessidades e desejos

dos clientes, dificilmente, estarão sendo satisfeitos.

Entende-se por orientação para o mercado, segundo Deshpandé e Farley (1998, p.

222), “o conjunto de processos e atividades interdisciplinares criadas e direcionadas para a

satisfação dos consumidores através de avaliações contínuas das necessidades”. Esses

autores afirmam, também, que as empresas com maior orientação para o mercado estarão

mais aptas a competir no mercado globalizado. Devido à importância do assunto, no final

da década de 90, Deshpandé e Farley (1998, p.220) propuseram uma escala para mensurar a

orientação para o mercado.

Kohli e Jaworski (1990, p.3) propõem uma definição formal de orientação para o

mercado: “a geração de inteligência de mercado pela organização pertinente às

necessidades atuais e futuras dos consumidores, sua disseminação pelos departamentos da

empresa e a capacidade da organização de responder a essas necessidades”.

Narver e Slater (1990, p.28) identificaram três componentes comportamentais em

empresas orientadas para o mercado, que são:

1. orientação para o consumidor, a qual envolve entender clientes-alvo

atuais e ao longo do tempo com o intuito de criar um valor superior a eles;

2. orientação para a concorrência, a qual envolve adquirir informação

sobre os concorrentes existentes e potenciais, compreendendo as forças e

fraquezas de curto prazo e suas habilidades de longo prazo;

3. coordenação interfuncional, isto é, o uso coordenado dos recursos

no processo de criação de valor superior para os clientes-alvo.

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Diante dessas definições, parece ser possível concluir que, para se considerar uma

empresa como orientada para o mercado, deve existir, pelo menos, quatro aspectos: ênfase

no cliente, importância da informação, coordenação interfuncional e tomada de decisão.

1.1 Justificativa e Delimitação do Tema

Como delimitação do tema para a análise de empresas de base tecnológica, optou-se

por estudar as empresas de Tecnologia da Informação, devido à sua dinâmica e importância

na economia nacional e mundial nos dias de hoje e à grande perspectiva de crescimento

deste setor. Dentre essas empresas, para facilidade de obtenção de dados, serão analisadas

as que passaram pela Incubadora de Empresas de Tecnologia em Software - INETEC,

inaugurada em Uberlândia em maio de 1998, e que conta com 14 empresas que saíram da

incubadora, aqui referidas como empresas graduadas.

Além da facilidade de obtenção de dados destas empresas, deve-se considerar que

para se ingressar em uma incubadora, as empresas candidatas devem apresentar um plano

de negócios completo. Neste plano, é necessário haver um plano estratégico, um plano de

marketing e um estudo técnico financeiro-comercial.

Assim, pressupõe-se que todas essas empresas tiveram que definir uma estratégia e

ter feito uma análise mínima da concorrência. Sabendo que as empresas realizaram este

estudo, pode-se concluir que estarão aptas a responder à pesquisa com respeito à orientação

para o mercado.

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1.2 Problema de Pesquisa

Diante do que foi apresentado nas seções anteriores, elaboraram-se as seguintes

questões-problema: qual a intensidade da orientação para o mercado das empresas

incubadas na Incubadora de Empresas de Tecnologia de Software de Uberlândia, em termos

do quanto se baseiam nas informações do mercado para tomar ações? Como a orientação

para o mercado tem contribuído para a sobrevivência dessas empresas?

A partir desses questionamentos foram formuladas as seguintes hipóteses:

• As empresas incubadas não sobreviventes não possuem o hábito de pesquisar os

usuários finais para conhecer a percepção da qualidade de seus produtos e

serviços;

• As empresas incubadas sobreviventes possuem maior hábito de pesquisar os

usuários finais para conhecer a percepção da qualidade de seus produtos e

serviços;

• As empresas com maior orientação para o mercado foram as sobreviventes.

1.3 Objetivos do Trabalho

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste estudo é descrever o impacto da orientação para o mercado

na sobrevivência das empresas incubadas na INETEC.

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1.3.2 Objetivos Específicos

A partir do objetivo geral foram elaborados os seguintes objetivos específicos:

• Caracterizar as empresas estudadas no que diz respeito aos produtos que

comercializam e se são sobreviventes ou não.

• Medir a intensidade média de orientação para o mercado das empresas

incubadas, segundo escala de Deshpandé e Farley (1998), considerando do

período da incubação até o momento da pesquisa.

• Verificar se as empresas sobreviventes possuem maior nível de orientação para

o mercado do que as não sobreviventes.

• Verificar a existência ou não de correlação entre as variáveis de OPM (ênfase no

cliente, importância da informação, coordenação interfuncional e tomada de

decisão), através de análise estatística de correlação;

• Levantar as principais justificativas das concordâncias ou

discordâncias/neutralidade dos entrevistados perante as afirmações sobre OPM

presentes no instrumento de pesquisa. Essa verificação deverá permitir conhecer

as razões da escolha do entrevistado quanto ao nível de concordância, além de

checar seu entendimento das afirmações realizadas sobre sua empresa.

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1.4 Estrutura do Trabalho

Esta investigação está estruturada em cinco capítulos:

No Capítulo 1, conforme visto, apresentaram-se os principais aspectos concernentes

à presente pesquisa, a questão-problema, sua justificativa de estudo e seus objetivos.

No Capítulo 2 é apresentada uma revisão da literatura acerca das principais

abordagens e assuntos tratados nesta pesquisa, como forma de apresentar uma base

conceitual adequada às necessidades do trabalho.

No Capítulo 3, delineia-se a metodologia empregada nesta investigação,

caracterizando-se os aspectos norteados no trabalho e buscando-se uma completa coerência

com as técnicas de pesquisa amplamente divulgadas pela literatura pertinente.

O Capítulo 4 aborda a pesquisa empírica, trata do estudo nas empresas incubadas da

INETEC, apresenta os resultados, a análise dos dados, a interpretação e a discussão dos

resultados obtidos.

No Capítulo 5 são apresentadas as considerações finais, as recomendações e

sugestões para pesquisas futuras.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Incubadoras de Empresas

Em função do aumento da competitividade, as micro, pequenas e médias empresas –

PME – enfrentam dificuldades para se manterem no mercado. Isso se dá por várias razões,

seja pelo baixo poder de barganha que possuem perante clientes e fornecedores ou pela sua

pequena estrutura e restrita capacidade de investimento.

Entretanto, sabe-se que estas empresas são de extrema importância para o Brasil

devido ao seu volume e, principalmente, ao número de mão-de-obra que absorvem em suas

atividades, gerando renda para a população.

Nesse sentido, para fomentar a abertura das Pequenas e Médias Empresas - PME - e

o seu desenvolvimento, as incubadoras buscam capacitá-las na gestão do novo negócio.

Esta prática de apoio tem crescido substancialmente devido ao aumento das chances de

sobrevivência das empresas que se instalam em incubadoras.

Segundo Fonseca e Kruglianskas (2000, p. 3):

a idéia de incubadora esteve associada ao propósito de estimular o

surgimento de negócios resultantes de projetos tecnológicos

desenvolvidos dentro das universidades ou não. A partir dos anos 90

passaram a surgir as incubadoras mistas, unidades criadas por governos

locais com a finalidade de estimular o crescimento econômico e gerar

empregos.

Assim, pode-se entender também, por incubadora de empresas como “um arranjo

interinstitucional com instalações e infra-estrutura apropriadas, estruturadas para estimular

e facilitar determinados fatores” (Amato Neto, 2000, p. 3). São exemplos destes fatores:

vinculação empresa-universidade, fortalecimento das empresas e o aumento de seu

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15

entrosamento, bem como crescente vinculação do setor produtivo com diversas instituições

de apoio.

Para a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de

Tecnologias Avançadas ANPROTEC (2005) “uma incubadora de empresas é um ambiente

flexível e encorajador onde é oferecida uma série de facilidades para o surgimento e

crescimento de novos empreendimentos”. Além da assessoria na gestão técnica e

empresarial da empresa, a incubadora oferece a infra-estrutura e serviços compartilhados

necessários para o desenvolvimento do novo negócio, como espaço físico, salas de reunião,

telefone, fax, acesso à Internet, suporte em informática, entre outros. Desta forma, as

incubadoras de empresas geridas por órgãos governamentais, universidades, associações

empresariais e fundações, são catalizadoras do processo de desenvolvimento e consolidação

de empreendimentos inovadores no mercado competitivo.

Percebe-se, pela definição apresentada, que o empreendedor recebe todo o apoio e

infra-estrutura para a fase inicial de seu negócio, o que contribui para que essas novas

empresas possam entrar no mercado de forma mais profissional e competitiva.

Conforme Baêta (1999, p. 80), “as incubadoras implicam em condições bastante

específicas e não se esgotam numa simples criação de empresas, mas também há o

monitoramento para estimular o processo de inovação”. As incubadoras promovem

oportunidades para o desenvolvimento tecnológico do processo produtivo e oferecem aos

novos empreendedores, além de espaço físico e os serviços de escritório, o apoio

administrativo, aconselhamento e consultoria gerencial e de marketing.

Sob uma perspectiva mais ampla, a missão das incubadoras é a de fornecer serviços

e recursos compartilhados, em termos de profissionais competentes, instalações adequadas

e infra-estrutura administrativa e operacional à disposição das empresas incubadas.

Page 26: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

16

Estes elementos geram um ambiente propício à consolidação de novos

empreendimentos, mediante algumas iniciativas, tais como: fornecer apoio técnico e

gerencial às empresas incubadas, promover e acelerar a consolidação de empresas,

estimular o espírito empreendedor, desenvolver ações associativas e compartilhadas,

reduzir custos para o conjunto das empresas e seus parceiros, buscar novos apoios e

parcerias para as empresas, divulgar as empresas e seus produtos e participar de outras

redes (AMATO NETO, 2000).

Segundo Beuren e Raupp (2003, p. 8), as tipologias mais comuns de incubadoras

são:

incubadoras de empresas de base tecnológica, incubadoras de empresas de

setores tradicionais e incubadoras mistas. As incubadoras de empresas de

base tecnológica contemplam empreendimentos relacionados ao

desenvolvimento de tecnologia, como empresas de informática,

biotecnologia, química fina, mecânica de precisão e novos materiais. As

incubadoras de setores tradicionais abrigam empresas orientadas para o

desenvolvimento econômico, como: mecânica, eletrônica, confecção,

alimentos, agroindústria, sendo que normalmente dependem do suporte de

órgãos e entidades como prefeituras, governo do Estado ou associações

comerciais, industriais e agrícolas. As incubadoras mistas, como o próprio

nome demonstra, abrigam ao mesmo tempo empresas de base tecnológica

e empresas de setores tradicionais. Todavia, as incubadoras de empresas

não atuam sozinhas. Atualmente, essas entidades desenvolvem parcerias

com vários outros organismos, como governo, prefeituras, entidades com

ou sem fins lucrativos, agentes financeiros, entre outros. Por meio deste

apoio, as incubadoras conseguem atingir seu objetivo principal: promover

o desenvolvimento e o crescimento de micro e pequenas empresas.

Aliado a definição de incubadoras, tem-se discutido o compartilhamento do

conhecimento no ambiente onde as empresas encontram-se incubadas. Deve-se analisar o

Page 27: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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compartilhamento do conhecimento entre os gestores e empregados da incubadora, entre os

empregados e os empreendedores e, principalmente, a troca de conhecimentos entre

empreendedores de ramos similares ou de ramos diferentes, que muitas vezes detectam a

mesma dificuldade durante o processo de incubação.

Tendo em vista as tipologias de incubadoras de empresas apresentadas, neste

trabalho serão estudadas aquelas de base tecnológica, as quais percebe-se que possuem

papel importante na economia brasileira, tanto na geração de empregos quanto na oferta de

produtos tecnológicos.

Para melhor compreensão da importância da criação de empresas em um ambiente

que favoreça a sua sobrevivência, a seguir será apresentado como se deu o surgimento das

incubadoras no Brasil, bem como indicativos de sua relevância para a economia nacional.

2.2 Incubadoras no Brasil

No Brasil, de acordo com Nascimento Júnior e Souza (2003, p. 7):

o primeiro passo efetivo em direção às experiências de pólos, parques e

incubadoras deu-se a partir do Programa de Inovação Tecnológica do

CNPq, criado em 1982, com o objetivo de aproximar a área acadêmica

das atividades empresariais no país. Esse programa criou treze Núcleos de

Inovação Tecnológica – NITs – em instituições de ensino.

Os primeiros parques de incubadoras de empresas no Brasil foram acrescentados ao

programa desde 1984, tais como: os de Joinville e Florianópolis (SC), São Carlos (SP),

Campina Grande (PB), Manaus (AM), Santa Maria (RS) e Rio de Janeiro (RJ). Duas outras

Page 28: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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iniciativas foram marcantes: os estudos desenvolvidos pela Financiadora de Estudos e

Projetos – FINEP, em parceria com a Organização dos Estados Americanos – OEA, e a

criação, em 1987, da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

de Tecnologia Avançada – ANPROTEC (BARQUETTE, 2000).

Segundo Guedes e Bermúdez (1997), a ampla disseminação dos conceitos de parque

tecnológico e incubadora de empresas no Brasil ocorreu somente a partir de 1993, em

virtude de alguns fatores favoráveis à sua difusão.

O primeiro deles foi a mudança no cenário econômico mundial, que trouxe consigo

a necessidade de elevar a competitividade das empresas nacionais por meio do aumento de

sua capacidade de inovação tecnológica. Além disso, intensas relações internacionais,

mantidas pelas universidades brasileiras, criaram um apreciável potencial de recursos

humanos.

O segundo fator foi a criação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas – Sebrae, em 1990. As incubadoras, no Brasil, cresceram em média 30% até o

ano de 2000, atingindo em 2001 o número de 150 em operação, as quais ocuparam as

regiões mostradas no Gráfico 1 a seguir.

Page 29: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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Gráfico 1

Fonte: ANPROTEC (2005)

Existem algumas características comuns às incubadoras brasileiras, tais como:

fomentação ao empreendedorismo e ao crescimento econômico regional; vínculo com o

mercado formal; capacidade de abrigar, em média, treze empresas, sendo que a menor

abriga quatro e a maior 119; a infra-estrutura e os serviços ofertados aos incubados

absorvem amplo espectro de recursos; quadro de pessoal reduzido; alto grau de instrução

das pessoas, sendo 89% do pessoal com nível superior e 32% com pós-graduação; têm a

maior parte de seus custos cobertos por entidades gestoras, instituições parceiras e pelas

próprias empresas incubadas (BARQUETTE, 2000).

Page 30: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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Com respeito às empresas incubadas, Lemos & Maculan (s/d apud Oliveira e Paula,

2004, p.4) entrevistaram 53 pequenas empresas de base tecnológica instaladas em doze

incubadoras brasileiras:

no que se refere aos problemas mais freqüentes enfrentados por tais

empresas, destacam-se: a) o preconceito do mercado em relação às

companhias incubadas; b) a dificuldade de relacionamento com a

instituição acadêmica responsável pela gestão da incubadora; c) a

inadequação do espaço físico e da infra-estrutura; d) a distância do centro

comercial; e) a falta de privacidade; f) poluição em área próxima.

As incubadoras surgiram no Brasil como uma alternativa de desenvolvimento

técnico-científico, proporcionando, às empresas públicas e privadas, mecanismos de

competitividade e de desenvolvimento econômico. Assim, podem ser consideradas

instrumentos essenciais para apoiar a reestruturação econômica e a evolução da economia

industrial, estimulando e apoiando a criação e o desenvolvimento das empresas (BAÊTA,

1999).

O processo de incubação é realizado em três fases: a primeira é chamada de pré-

incubação, cujo foco é a idéia-projeto, com período de seis meses de duração. A segunda é

a incubação, na qual o fator central é a empresa, possui duração de 24 meses, a contar do

término da fase anterior, e a terceira é a pós-incubação, voltada para a interação das

empresas com o ecossistema e o mercado, desenvolvida em um período de seis meses, a

contar do término da segunda fase (FILÁRTIGA; GUEDES; MEDEIROS, 1999).

A sinergia que deve haver não somente entre as empresas participantes, mas,

também, com a comunidade local onde o programa está inserido, visando à geração de

emprego e renda, é apontada por Bermúdez (2000) como requisito para o desenvolvimento

de programas de incubadoras no Brasil.

Page 31: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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Assim sendo, as incubadoras configuram-se como mecanismos eficientes de apoio à

criação de micro e pequenas empresas ao oferecer instalações físicas, infra-estrutura e

apoio gerencial, propiciando-lhes melhores condições, o que resultará na redução do risco

inicial do empreendimento. Além disso, as pequenas empresas, ao elevarem as taxas de

empregos, podem contribuir também para a redução das desigualdades sociais.

Salomão (1999) destaca que as incubadoras, quando bem estruturadas, apresentam

importantes resultados: adequação à questão urbana, adoção de novas tecnologias, aumento

de produtividade com ênfase na qualidade para maior competitividade, minimização dos

custos pela ação compartilhada entre empresas, estímulo ao associativismo e ao

empreendedorismo, sintonização da empresa com a chamada sociedade do conhecimento e

inserção das empresas no processo de globalização da economia.

Na visão de Bermúdez e Guedes (1997, p. 15), as principais dificuldades

enfrentadas pelas empresas incubadas brasileiras são:

falta de tradição familiar e experiência empresarial dos fundadores,

dificuldades de acesso a crédito decorrentes das políticas no país,

inexistência de fontes de capital de risco, inexperiência e falta de

treinamento na área de marketing e de transferência de tecnologia, poucas

disciplinas ligadas aos negócios nos cursos universitários de base

tecnológica, escassa disponibilidade de recursos, ausência de alianças e

parcerias estratégicas com grandes empresas e, por fim, falta de uma

cultura de empreendedorismo na sociedade brasileira.

Bermúdez e Guedes (1997) destacam que para criação de incubadoras no contexto

brasileiro, é importante uma sólida base e envolvimento das lideranças locais,

estabelecimento de parcerias, investimentos em resultados de longo prazo,

Page 32: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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desenvolvimento de visibilidade ao projeto e uma profunda análise e avaliação do

empreendimento a ser desenvolvido.

Ocani (1998, p. 15) afirma que “para uma incubadora ter sucesso, sua equipe

administrativa deve possuir capacitação técnica suficiente para trabalhar com informações e

definir estratégias”.

2.3 O Processo de Incubação de Empresas

Pode-se entender por Incubadoras como “uma das formas de transferir para o setor

produtivo a tecnologia desenvolvida nas instituições de ensino e pesquisa, através do apoio

à criação e ao desenvolvimento de novas empresas” (ALVAREZ; MELO, 1996, p. 558).

Nessa mesma linha, a ANPROTEC relaciona a criação de incubadoras com o

“estímulo à cooperação entre universidades e a sociedade, com a otimização do potencial

regional no desenvolvimento econômico, social, tecnológico e, principalmente, com o

incentivo ao empreendedorismo” (FILÁRTIGA; GUEDES; MEDEIROS, 1999, p. 9)

Alguns aspectos podem ser percebidos como resultantes do processo de incubação,

tais como:

a cooperação entre a universidade e a sociedade; a transferência para o setor produtivo

da tecnologia gerada nas instituições de ensino e pesquisa; a criação e o

desenvolvimento de novas empresas; a capacitação técnica e gerencial dessas empresas,

a fim de torná-las competitivas para o mercado (BIGNETTI; WOLFFENBÜTTEL,

2003, p. 3-5)

Estes autores consideram três etapas que caracterizam a trajetória das empresas

residentes numa incubadora: o período de pré-incubação, representado por todo o processo

Page 33: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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de seleção; o período de incubação propriamente dita, no qual a empresa recebe todo o

suporte administrativo necessário ao seu desenvolvimento e o aporte de conhecimentos

resultante da interação com a instituição de ensino e pesquisa parceira; e o processo de

saída da empresa da incubadora.

O período de pré-incubação compreende as atividades de constituição da empresa,

de negociação dos empreendedores com a incubadora e da definição do plano de negócios.

Esse plano, na verdade, constitui-se de um primeiro estudo de viabilidade técnica e

econômica para o empreendimento e obriga os empreendedores a uma reflexão inicial sobre

as potencialidades e os riscos do empreendimento.

No período de incubação, desenrolam-se as ações sistemáticas que oferecem

condições às empresas de desenvolverem seus projetos de inovação e de se capacitarem

para enfrentar a concorrência do mercado.

Com relação à saída da empresa da incubadora, podem-se considerar três

alternativas:

• a empresa, ao final do período de incubação, está consolidada e pronta para

enfrentar o mercado. Isto significa que o processo teve êxito;

• a empresa esgotou o período de tempo de permanência e as eventuais

prorrogações e deve deixar a incubadora mesmo sem estar madura para

enfrentar o mercado. Nessa situação, o processo de incubação teve êxito parcial;

• a empresa faliu durante o processo de incubação. Nesse caso, o processo não

teve êxito e a experiência deve ser analisada para a identificação das razões que

levaram ao fracasso.

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Ainda podem ocorrer outras situações, como, por exemplo, o empreendimento

nascente ser adquirido, ou haver uma fusão com uma empresa maior, durante o processo de

incubação (BIGNETTI; WOLFFENBÜTTEL, 2003).

Neste sentido, para que se possa avaliar o impacto do processo de incubação nas

empresas, Fonseca (2000) propõe a avaliação do desempenho de incubadoras a partir de

dois grupos de indicadores.

O primeiro grupo possui, como foco, a própria atividade da incubadora como

fornecedora de serviços às empresas residentes. O segundo grupo de indicadores proposto

focaliza os resultados obtidos pelas empresas incubadas. Esse grupo é relevante para a

presente investigação na medida em que permite avaliar o real impacto de um processo de

incubação nas empresas. O autor propõe os seguintes indicadores: as inovações

incorporadas de qualquer tipo e fonte; os empregos diretos criados, formais ou informais; e

o fortalecimento das empresas, representado pelo aumento na renda gerada ou pela

consolidação da posição em mercados.

Outra possibilidade foi proposta pela National Business Incubation Association.

Esta associação publicou, em 1993, um manual para avaliação de projetos de incubação.

Nele, Bearse (1993) apresenta uma estrutura de avaliação de projetos de incubação dividida

em dois níveis: o nível interno, ou de auto-avaliação, e o externo.

No nível interno, os atores envolvidos no processo avaliam a performance da

incubadora em relação aos seus próprios objetivos. No nível externo, a avaliação é

realizada por agências externas, enfocando o impacto que a incubadora tem na comunidade

e no desenvolvimento sócio-econômico.

Para efeito de análise deste trabalho, será considerado, como principal indicador de

êxito da empresa incubada, o fato dela estar em atividade no momento da pesquisa. Desta

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forma, será observada a relação de sua sobrevivência com a orientação para o mercado em

suas decisões, assunto este a ser tratado a seguir.

2.4 Os Conceitos de Orientação para o Mercado - OPM

Examinando a evolução das estruturas organizacionais das empresas depois de

1960, Webster (1992) nota que as definições clássicas da administração de marketing não

eram mais adequadas aos objetivos das empresas modernas.

Com efeito, a administração de marketing, no sentido tradicional do termo, era

largamente baseada na noção de transação entre vendedor e comprador com o objetivo de

maximizar o lucro da empresa. Entretanto, nos dias de hoje, as empresas não são mais

aquelas organizações fortemente hierarquizadas dos anos 1960 e 1970, nas quais a função

de marketing era ainda muito centralizada.

A partir dos anos 1980, esta situação, então, mudou progressivamente, conforme

posto por Webster (1992, p.10):

... há uma clara evolução das transações realizadas à força, hierarquias

tradicionais e burocráticas formas de organização para tipos mais flexíveis

de parcerias, alianças e redes de relacionamento. Nesses novos tipos de

organizações, as formas tradicionais de organizar a função de marketing e

de pensar sobre o propósito da atividade de marketing devem ser

reexaminadas, com foco nos relacionamentos de longo prazo, parcerias e

alianças estratégicas.

Assim, segundo Webster (1992), o marketing passa de uma função departamental

para uma função que engloba todos os setores da empresa.

Desta forma, o conceito de OPM alinha-se a essa nova realidade corporativa ao

privilegiar o desempenho de toda a corporação.

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Nas empresas orientadas para o mercado, então, todos seriam responsáveis por

marketing e a alta hierarquia garantiria a necessária coesão interna e a implementação dos

princípios correspondentes. Esse conceito amplo dissolveu todas as questões de poder entre

departamento de marketing e alta hierarquia que pesquisadores do âmbito de estratégia de

marketing haviam identificado até o final dos anos 80, tais como Driver e Foxall (1996) e

Boxer e Wensley (1986).

Posto assim, desde o início da década de 1990 as empresas passaram a adotar esse

novo conceito que gerava mais aderência aos conceitos de marketing, bem como a sua

relevância para o alcance dos objetivos corporativos.

No que se diz respeito à definição do termo orientação para o mercado, pode-se

verificar cinco diferentes perspectivas propostas por alguns autores:

1. a perspectiva da tomada de decisão;

2. a perspectiva da inteligência de mercado;

3. a perspectiva cultural baseado no comportamento;

4. a perspectiva estratégica;

5. a perspectiva do cliente.

A seguir, serão apresentadas estas cinco perspectivas seguidas de uma proposta de

Hult e Lafferty (1999) de síntese destas definições, a qual integra todos os pensamentos dos

conceitos apresentados.

A perspectiva da tomada de decisão. “Orientação para o mercado vai além do clichê de se

aproximar do cliente... o termo representa um conjunto de processos tocantes a todos os

aspectos da empresa” (SHAPIRO, 1998, p.120).

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Shapiro (1998) define orientação para o mercado como um processo organizacional

de tomada de decisão. No âmbito desse processo, há um forte comprometimento da

administração de compartilhar informações entre os departamentos e de praticar uma

tomada de decisão aberta entre os colaboradores dos diversos níveis da empresa.

Desta forma, Shapiro (1998) especifica três características que constituem uma

empresa orientada para o mercado:

1. informação sobre todas as influências importantes de compras permeia todas as

funções da corporação;

2. decisões estratégicas e táticas são tomadas interdepartamentalmente e

interdivisionalmente;

3. divisões e funções tomam decisões mais coordenadas e as executam com senso

de comprometimento.

A primeira característica reflete a necessidade da empresa de compreender seu

mercado e seus clientes, permitindo que as informações sobre eles sejam disseminadas e

permeiem todas as funções da corporação.

A segunda sugere que empresas orientadas para o mercado devem possuir a

habilidade de tomar decisões estratégicas e táticas envolvendo todos os níveis da

organização. Todos os níveis organizacionais devem se sentir motivados a expressar suas

opiniões e idéias honesta e abertamente.

A terceira característica sugere que a tomada de decisão coordenada entre os

diversos níveis da organização aumenta as forças da empresa. Shapiro (1988) indica que

fortes conexões internas geram uma comunicação clara, forte coordenação e alto

comprometimento.

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A perspectiva da inteligência de mercado. A orientação para o mercado é “a geração de

uma inteligência de mercado para toda a organização com respeito às necessidades atuais e

futuras dos clientes, a disseminação desta através dos departamentos e a resposta positiva a

esta inteligência” (JAWORSKI; KOHLI, 1990, p. 5).

Jaworsky e Kohli (1990) propuseram sua definição de orientação para o mercado

baseada em três elementos-chave:

1. geração de inteligência;

2. disseminação de inteligência e

3. capacidade de resposta.

O ponto de partida de orientação para o mercado, segundo Jaworsky e Kohli (1990),

é a inteligência de mercado. Eles conceituam inteligência de mercado de maneira mais

ampla indo além das necessidades declaradas e das preferências dos clientes. Jaworsky e

Kohli (1990) afirmam que inteligência de mercado inclui monitorar as ações da

concorrência e, também, seus efeitos nas preferências dos consumidores tanto quanto os

outros fatores exógenos, tais como: regulamentos do governo, tecnologia e forças

ambientais.

Desta forma, uma efetiva inteligência de marketing envolve não somente analisar as

necessidades correntes dos consumidores, mas as futuras, visto que a empresa leva anos

para desenvolver soluções para atendê-las.

O primeiro elemento-chave proposto por Jaworsky e Kohli (1990), geração de

inteligência, implica no uso de mecanismos formais ou informais tais como: pesquisas de

clientes, reuniões e discussões com clientes e parceiros, análise de relatórios de vendas,

pesquisa formal de mercado etc. Uma parte importante deste elemento é que a geração de

inteligência não é de responsabilidade exclusiva do departamento de marketing

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(JAWORSKI; KOHLI, 1990). Informação que é pertinente a clientes e concorrentes é

obtida por todos os departamentos na empresa, tais como: pesquisa e desenvolvimento,

produção e financeiro. Alguns mecanismos, entretanto, devem estar instalados para

assegurar que estas informações sejam disseminadas, efetivamente, a todos os

departamentos.

Isto leva ao segundo elemento-chave, disseminação da informação. A disseminação

da informação é importante porque proporciona uma base para ações corretivas originadas

nos diferentes departamentos (JAWORSKI; KOHLI, 1990).

Os dois primeiros elementos não têm valor algum se a organização não for capaz de

responder às informações adquiridas. Portanto, o terceiro elemento, capacidade de resposta,

pode significar: selecionar o mercado-alvo apropriado, desenvolver produtos, produzir,

promover e distribuir produtos que atendam às necessidades atuais e, ainda, sejam capazes

de antecipá-las.

A perspectiva cultural baseada no comportamento. “A orientação para o mercado é a

cultura organizacional que mais efetiva e eficientemente cria os comportamentos

necessários para a criação de um valor superior para compradores e, assim, uma

performance superior contínua para o negócio” (NARVER; SLATER, 1990, p.21).

O que fica inerente à definição proposta por Narver e Slater (1990) é o componente

comportamento. Assim, estes autores propõem três elementos comportamentais, os quais

devem estar presentes em uma empresa orientada para o mercado:

1. orientação para o cliente;

2. orientação para o concorrente e

3. coordenação interfuncional.

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De acordo com Narver e Slater (1990), a orientação para o cliente requer um

suficiente entendimento do consumidor com o intuito de criar produtos e serviços

superiores para eles. Essa criação de valor é alcançada através da criação de benefícios aos

compradores ou clientes enquanto os custos decrescem. Para desenvolver este nível de

entendimento, se faz necessário adquirir informações sobre os clientes e compreender as

forças econômicas e políticas que os influenciam.

A orientação para o concorrente descrita por Narver e Slater (1990) significa que a

empresa entende as forças e as fraquezas dos concorrentes atuais e futuros tanto quanto

suas habilidades e estratégias de longo prazo.

O terceiro elemento comportamental proposto por Narver e Salter (1990) é a

coordenação interfuncional, a qual pode ser entendida como a forma coordenada de

utilização dos recursos por uma empresa para criar valor superior as seus clientes. A

coordenação dos recursos do negócio está fortemente ligada à orientação para os clientes e

concorrentes. Para que a coordenação interfuncional seja efetiva, cada departamento deve

ser sensível às necessidades de todos os outros.

A perspectiva do foco estratégico. “O nível de orientação para o mercado, em uma

unidade de negócio, é o grau em que ela obtém e usa as informações dos consumidores,

desenvolve as estratégias que irão atender às necessidades dos clientes e as implementa,

respondendo às necessidades e desejos dos clientes” (RUEKERT, 1992, p.228).

Ruekert (1992) utiliza alguns dos conceitos de Narver e Slater (1990) e Kohli e

Jaworski (1990) e foca em unidades de negócio como elemento de análise.

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A abordagem estratégica de Ruekert (1992) permite aos administradores coletar e

interpretar informações do ambiente externo para definir metas e objetivos e para alocar

recursos aos programas das unidades de negócio.

De acordo como Ruekert (1992), o mais crítico no ambiente externo para

desenvolver uma orientação para o mercado é o cliente. A segunda dimensão de orientação

para o mercado é o desenvolvimento de um plano de ação e de uma estratégia focada no

cliente. Na terceira dimensão, a estratégia orientada pelo cliente é implementada e

executada pela resposta da organização às necessidades e desejos do mercado.

A perspectiva da orientação para o cliente. “Orientação para o cliente é um conjunto de

crenças que colocam os interesses dos clientes em primeiro lugar, enquanto não exclui os

dos stakeholders, tais como: proprietários, administradores e empregados, com o intuito de

desenvolver uma empresa lucrativa a longo prazo” (DESHPANDÉ; FARLEY; WEBSTER,

1993).

Estes autores propuseram a visão mais divergente de orientação para o mercado,

sugerindo que é sinônima à orientação para o cliente. Uma vez que Deshpandé, Farley e

Webster (1992) argumentam que orientação para a concorrência é quase uma antítese de

orientação para o cliente, estes autores excluem o foco da concorrência do conceito de

OPM. Entretanto, reconhecem que uma coordenação interfuncional é consistente com a

orientação para o cliente e deveria ser parte de seu significado.

Esses autores vêm a orientação para o cliente como parte de cultura organizacional,

como um todo cujos valores reforçam e perpetuam seu foco. Este ponto de vista é similar

ao de Narver e Slater (1995, p.67), os quais definem orientação para o mercado com sendo

a cultura que:

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1. coloca a maior prioridade na criação e manutenção criativa de valor superior aos

clientes, considerando os interesses dos stakeholders;

2. provê normas para comportamento concernentes ao desenvolvimento e

capacidade de resposta da organização à informação de mercado.

Diante destes diversos conceitos pode-se perceber alguns pontos convergentes entre

as visões de cada autor para a definição de uma empresa que é orientada para o mercado.

Posto assim, a seguir será apresentada uma síntese destes conceitos, como forma de

destacar os elementos principais sobre OPM identificados na literatura.

2.5 A síntese dos Conceitos de Orientação para o Mercado – OPM

Hult e Lafferty (1999) propõem uma síntese das cinco perspectivas contemporâneas

sobre o conceito de OMP.

Percebe-se que, enquanto há algumas diferenças inerentes aos cinco modelos,

existem, também, várias similaridades que refletem uma concordância geral quanto às

fundações básicas de orientação para o mercado. Logo, existem quatro áreas gerais de

concordância nas cinco perspectivas, as quais são apresentadas abaixo e na Figura 1:

1. ênfase nos clientes;

2. a importância de compartilhamento de conhecimento (informação);

3. coordenação interfuncional das atividades e relacionamento de marketing e

4. ser responsivo às atividades do mercado, através da tomada de ação apropriada.

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Figura 1 – Dimensões sintetizadas de orientação para o mercado

Fonte: HULT e LAFFERTY (1999)

Emphasis on customer (Ênfase no cliente). Pode-se notar que o elemento central de todas

as definições sobre orientação para mercado é a ênfase nos clientes da organização.

“Uma vez que orientação para o mercado é a operacionalização e a

implementação do conceito de marketing, faz-se sentido que a premissa

fundamental de satisfazer as necessidades e desejos dos clientes da

empresa sejam inerentes à qualquer conceito de orientação para o

mercado. Nas diversas maneiras tomadas pelas perspectivas, a

necessidade da empresa de entender seus clientes (Shapiro, 1988), atender

suas necessidades (Ruekert, 1992), agora e no futuro (Kohli e Jaworski,

1990), criar valor para eles (Narver e Slater, 1990) e colocar seus

interesses em primeiro lugar (Deshpandé et al, 1993) é claramente

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percebida nas diversas definições de orientação para o mercado” (HULT;

LAFFERTY, 1999).

Importance of information (Importância da informação). O segundo elemento unificante

sobre orientação para mercado é a necessidade de informação por toda a organização. Esta

informação tem o foco, também, nos clientes.

Shapiro (1988) indica que uma organização dirigida pelo mercado é

aquela que adquire e utiliza informação em todos os fatores importantes

de influência que afetam os compradores. Este sentimento é percebido,

também, em outras perspectivas. Jaworski e Kohli (1990) referem-se à

necessidade de gerar informação que eles discutem em uma estrutura mais

ampla de inteligência de mercado. Narver e Slater (1990) indicam que

para criar valor, um nível de entendimento sobre o cliente é requerido,

para tal necessita-se adquirir informação sobre suas necessidades. Ruekert

(1992) também especifica que o grau, com o qual uma empresa obtém e

usa informação sobre clientes, irá determinar o nível de orientação para o

mercado daquela organização. Finalmente, na conceituação de orientação

para o mercado de Deshpandé et al (1993) discutem que, embora o foco

na informação sobre as necessidades dos clientes seja importante em uma

empresa orientada para o cliente, ele torna-se inadequado sem a

consideração dos valores que permeiam aquela organização e que ajuda a

definir o foco do cliente. Três dos cinco modelos indicam a necessidade

da organização de gerar e utilizar as informações, também, sobre os

concorrentes. (HULT; LAFFERTY, 1999).

Interfunctional coordination (Coordenação interfuncional). A terceira área de

concordância entre os modelos é a coordenação interfuncional. Na conceituação de Shapiro

(1988), a importância desta orientação da corporação é evidente em todas as três

características utilizadas para definir uma empresa orientada para o mercado. Não apenas a

Page 45: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

35

informação deve permear toda a organização, mas também as estratégias e táticas devem

ser tomadas e executadas entre as funções.

O segundo elemento-chave na definição de orientação para o mercado de

Jaworski e Kohli (1990) especificamente refere-se à disseminação de

inteligência entre departamentos e a necessidade deste passo para

assegurar ação conjunta dos diferentes departamentos. Narver e Slater

(1993) destacam coordenação interfuncional como elemento-chave para

conceituar orientação para o mercado e indicam que este é um elemento

igualmente importante tanto como cliente e orientação para a

concorrência. Ruekert (1992) também concorda com a necessidade de

existir coordenação interfuncional com o intuito de prover valor ao cliente

e Despandé et al (1993) reconhecem, também, que este conceito é

consistente com a idéia de orientação para o cliente e deveria fazer parte

de seu significado. (HULT; LAFFERTY, 1999).

Taking action (Tomada de Ação). A quarta área de concordância, entre quatro dos cinco

modelos é a tomada de ação. Shapiro (1988) expressa este conceito através da menção de

“execução de decisões bem coordenadas com o sentido de comprometimento” e Jaworski e

Kohli (1990) mencionam a “capacidade de resposta de toda a organização às informações

de mercado”. Narver e Slater (1990) tratam do “uso dos recursos da empresa para entregar

mais valor aos clientes” e Ruekert (1992) cita que “é claro que a implementação da

orientação para o cliente é um ingrediente crítico na definição de orientação para o

mercado”.

Diante do exposto, fica evidente que, para a constatação da orientação para o

mercado em uma empresa, deverão existir pelo menos os seguintes quatro elementos:

ênfase no cliente, importância da informação, coordenação interfuncional e tomada de ação,

Page 46: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

36

os quais serão avaliados neste trabalho para efeito de medição do nível de orientação para o

mercado das empresa incubadas.

Como forma de legitimar a eficácia desta nova visão de marketing e de toda

organização, segundo a qual as decisões deveriam ser orientadas para o mercado, vários

trabalhos foram realizados para identificar o impacto da OPM sobre a performance das

empresas. A revisão destes estudos será apresentada a seguir.

2.6 O Impacto da Orientação para o Mercado

Há mais de 15 anos, pesquisadores de todas as partes do mundo vêem examinando

empiricamente a ligação entre orientação para o mercado e a performance de uma

organização.

As principais conclusões a esse respeito confirmam a importância de uma

organização orientar-se para o mercado, ao mesmo tempo em que consolidam o conceito de

OPM, conforme apresentado anteriormente.

Neste período histórico de análises profundas a respeito do impacto da OPM nas

organizações, podem ser citados cinco estudos aplicados na Europa, América do Norte e

Ásia, cujas conclusões são amparadas por técnicas estatísticas com alto nível de

confiabilidade.

Estes estudos são apresentados, resumidamente, no Quadro 1 abaixo e detalhados a

seguir.

Page 47: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

37

Quadro 1 – Principais estudos que validam o impacto da OPM na performance organizacional

Autores País Título Original do Artigo Principais Conclusões

Kropp, Shoham e Rose (2005)

América do Norte: USA

Market orientation and performance: a meta-analysis

Os impactos da orientação para o mercado foram todos significantes.

Yong-Ki Lee (2004)

Nordeste da Ásia: Korea

The effects of market orientation on business and customer loyalty in the hotel industry

Quanto maior a orientação para o mercado, maior a satisfação dos funcionários e a performance do negócio.

Carrillo e Taulet (2004)

Europa: EspanhaOrientación al mercado y performance em las organizaciones públicas

O nível de orientação para o mercado apresenta correlações positivas sobre a performance (geral, financeira, em relação aos cidadãos e aos empregados), assim como os resultados eleitorais.

Armario e Silva (2001)

Europa: EspanhaLa orientación al mercado y el rendimiento empresarial

A orientação para o mercado tem efeitos diretos e indiretos sobre a rentabilidade da empresa.

Narver e Slater (1990)

América do Norte: USA

The effect of a market orientation on business profitability

Quanto mais alta a orientação para o mercado, maior a lucratividade.

Kropp, Rose e Shoham (2005) avaliaram quantitativamente os efeitos da OPM

sobre a performance, o comprometimento organizacional e o espírito de grupo dos

funcionários.

O estudo realizado por estes autores confirma que existe uma ligação

estatisticamente significante entre OPM e performance organizacional.

Além disso, a experiência na análise de várias pesquisas, por Kropp, Rose e Shoham

(2005), mostrou que, para se verificar o impacto da OPM, faz-se necessário comparar as

estratégias pretendidas com as medidas de performance. Isto porque é importante utilizar

medidas que envolvam as metas da empresa para que se evitem distorções nesta análise.

Page 48: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

38

Por exemplo, um pesquisador pode achar que OPM afeta o crescimento das vendas, a

retenção de clientes e a performance global e, no entanto, concluir que não houve impacto

sobre a rentabilidade ou a participação de mercado. Neste caso, pode ter ocorrido que, em

sua amostra, os dirigentes das empresas realmente não tiveram intenções estratégicas de

melhoramento de rentabilidade ou aumento de participação de mercado e, por isto, a OPM,

naturalmente, não geraria impacto algum sobre estas variáveis.

Outro recente estudo de Lee (2004) investigou o relacionamento entre orientação

para o mercado e a performance do negócio, e examinou como a satisfação do funcionário,

a qualidade do serviço e a satisfação do cliente atuam como mediadores entre OPM e

performance do negócio no setor hoteleiro. Complementarmente, este estudo verificou se

os esforços de orientação para o mercado melhoram também a lealdade do cliente.

As conclusões de Lee (2004) foram reveladoras:

1. quanto maior a orientação para o mercado, maior a satisfação dos funcionários;

2. quanto maior a orientação para o mercado, maior a performance do negócio;

3. quanto maior a satisfação dos funcionários, maior a qualidade dos serviços;

4. quanto maior a qualidade dos serviços, maior a satisfação dos clientes e

5. quanto maior a qualidade dos serviços, maior a lealdade dos clientes;

A representação gráfica dos níveis de correlação entre as variáveis estudadas está

apresentada na Figura 2 e na Tabela 1 abaixo:

Page 49: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

39

Figura 2 – Modelo geral de correlação entre as variáveis estudadas por Lee

Fonte: LEE (2004)

Page 50: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

40

Tabela 1 – Coeficiente de correlação para cada caminho (Path) de hipótese de Lee

Fonte: LEE (2004)

Tanto a Figura 2 quanto a Tabela 1 demonstram que existe um coeficiente de

correlação positivo e significativo (próximo de 1) entre as variáveis, tornando as hipóteses

aceitáveis. As exceções são as hipóteses H4 e H5 que, embora positivas, são menos

significativas. Todas as correlações, segundo Lee (2004), têm probabilidade de erro menor

do que 1% (p<0,01), o que assegura um alto índice de confiabilidade dos resultados.

O terceiro estudo sobre OPM, citado no Quadro 1, pertence a Carrillo e Taulet

(2004), os quais analisaram o impacto da OPM na performance de organizações públicas na

Espanha.

Carrillo e Taulet (2004) partiram de um modelo de OPM, apresentado a seguir na

Figura 3, adaptado para ser implementado em uma organização pública.

Page 51: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

41

Figura 3 – Modelo de orientação para o mercado para organização pública

Fonte: CARRILLO e TAULET (2004)

A OPM aparece no contexto das administrações públicas como orientação ao

serviço do público para servir como uma filosofia que guia as autoridades locais que tentam

enfrentar o desafio de desenvolver novos padrões de organizações mais sensíveis. Este

conceito se baseia na idéia de que as organizações locais devem prestar serviços para e com

as pessoas (cidadãos).

Partindo deste pressuposto, Carrillo e Taulet (2004) realizaram um estudo, cujas

principais conclusões foram a existência de uma relação positiva entre:

1. o nível de OPM do governo local e seu desempenho;

2. o nível de OPM do governo local e seu desempenho em relação aos cidadãos;

Page 52: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

42

3. o nível de OPM do governo local e seu desempenho em relação aos

empregados;

4. o nível de OPM do governo local e sua utilização de recursos.

Sendo assim, Carrillo e Taulet (2004), também, chegam a conclusões que

confirmam os efeitos positivos da OPM sobre a performance de um governo, o que

corrobora com os demais estudos apresentados até então.

O quarto estudo mencionado no Quadro 1 foi o dos autores Armario e Silva (2001)

realizado com bancos privados espanhóis, nos quais buscaram estudar as conseqüências da

orientação para o mercado sobre o rendimento empresarial. De concreto, os autores

propuseram um modelo segundo o qual os efeitos da OPM sobre a rentabilidade se

manifestam através de outras variáveis medidoras de resultados. Essa investigação empírica

utiliza-se de modelos de equações estruturais para constatação das hipóteses propostas.

Segundo Armario e Silva (2001), OPM é um recurso intangível e suscetível de gerar

uma vantagem competitiva. Esta vantagem, explorada através da estratégia, se materializa

na criação e entrega de um valor maior ao cliente, tornando possível a obtenção de um

rendimento superior.

Com isto, esses autores formulam a principal hipótese de sua investigação empírica:

o efeito positivo que a orientação ao mercado exerce sobre a rentabilidade da empresa. A

Figura 4 apresenta o modelo de análise proposto pelos autores:

Page 53: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

43

Figura 4 – Modelo dos efeitos moderadores da OPM sobre a rentabilidade

Fonte: ARMARIO e SILVA (2001)

Como se pode perceber, o modelo de Armario e Silva (2001) está integrado pelo

construto de “orientação ao mercado” e as variáveis de resultado, as quais se materializam

em “eficácia de marketing/vendas”, “crescimento/participação de mercado” e

“rentabilidade”. A Figura 4 apresenta, também, as relações direta e indireta da OPM sobre a

“rentabilidade”.

As principais conclusões deste estudo são:

1. a OPM tem efeitos diretos e indiretos sobre a “rentabilidade” da empresa;

2. a OPM, a longo prazo, pode ter efeitos diretos e positivos sobre a

“rentabilidade”;

3. a OPM tem efeitos diretos positivos sobre a dimensão dos resultados, “eficácia

marketing/vendas”;

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44

4. a dimensão dos resultados “crescimento / cota” tem efeitos positivos sobre a

“rentabilidade” da empresa.

O quinto estudo, o mais citado em toda a literatura sobre OPM, foi realizado por

Narver e Slater (1990). Estes autores estudaram 110 Unidades Estratégicas de Negócios de

36 empresas commodities, 23 de produtos de especialidade e 51 de serviços de distribuição.

As empresas de produtos de especialidade e de serviços de distribuição foram agrupadas na

categoria de ‘empresas não commodities’. O estudo fez uso de ferramentas estatísticas de

correlação com probabilidade de erro de 5%.

A principal hipótese da pesquisa de Narver e Salter (1990) foi que “quanto maior a

orientação para o mercado de uma empresa, maior será sua lucratividade”. Em particular,

os autores esperavam encontrar uma relação geral positiva entre OPM e a lucratividade da

empresa dentre 3 tipos de negócio, organizados em 2 categorias, conforme mencionado.

Os principais resultados desse estudo suportam a hipótese, segundo a qual, para

ambas as empresas de commodities e não commodities, a orientação para o mercado é um

determinante importante da lucratividade. Segundo Narve e Slater (1990), outros resultados

também foram alcançados, tais como:

• em ambas as categorias de empresas os custos relativos parecem ser um dos

determinantes da lucratividade, assim as duas podem se “dedicar a estratégias de

diferenciação ou de baixo custo;

• o crescimento do mercado é um importante determinante da lucratividade para

os dois tipos de empresa, mas as relações se diferem. Para as empresas de não

commodities, o crescimento do mercado a curto prazo apresenta-se como uma

oportunidade lucrativa, enquanto que para as de commodities, que em geral são

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45

menos adaptáveis ao mercado do que as outras, o crescimento parece reduzir a

lucratividade a curto prazo;

• as empresas de commodities que são, substancialmente, orientadas para o

mercado têm maiores condições de iniciar programas de aumento de valor com

compradores em potencial para obter um resultado mutuamente lucrativo;

• as empresas de commodities que têm mais condições de criar valor superior ao

cliente podem até criar uma dependência econômica por parte dos compradores

que, em outros casos, seriam mais fortes;

Conforme mencionado anteriormente, o estudo de Narver e Slater (1990) foi um

importante passo para a validação da relação entre OPM e performance organizacional que

influenciou e estimulou o desenvolvimento de diversas outras pesquisas a este respeito ao

redor do mundo. Algumas destas pesquisas foram apresentadas neste trabalho.

Para que se viabilizassem os estudos de OPM, a maioria dos autores fez uso de

escalas de medição validadas, através de técnicas estatísticas, que conferiram a

credibilidade necessária a suas conclusões.

Desta forma, a seguir serão apresentadas as principais escalas de mensuração de

orientação para o mercado, destacando aquela que será utilizada neste trabalho para efeito

de avaliação das empresas incubadas na INETEC.

2.7 Medindo a Orientação para o Mercado

Ao final da década de 1980, independentemente, três grupos de pesquisadores

desenvolveram medidas de orientação para o mercado como elementos de estudos mais

amplos com diferentes objetivos.

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46

Narver e Slater (1990) desenvolveram uma escala de fatores com pesos de 15 itens

que foi usada como uma das 9 diferentes medidas para explicar o retorno sobre o

investimento. Os outros fatores incluíam o poder de compradores e vendedores,

concentração e facilidade de entrada em mercados, crescimento de mercado, mudança

tecnológica e o tamanho e crescimento de empresas. A escala foi testada, juntamente com

outras medidas, em uma amostra de 371 questionários auto-preenchíveis aplicados com a

alta direção de 140 unidades estratégicas de negócios de empresas. Seus resultados,

publicados no Journal of Marketing em 1990, encontraram efeitos diferenciais (positivos e

significantes) de orientação para o mercado para negócios de commodities e não

commodities.

Jaworski, Kohli e Kumar (1993) publicaram MARKOR, uma escala de padrões

livres de 20 itens no Journal of Marketing Research em 1993. Jaworski e Kohli (1990)

tinham estabelecido previamente um modelo conceitual de caminhos de fatores que afetam

a orientação para mercado. Sua escala foi construída utilizando análises de fatores não-

lineares de amostras combinadas de profissionais seniores de marketing e executivos de

outras funções de 222 unidades estratégicas de negócios, incluindo firmas que eram

membros do MSI – Marketing Science Institute. Sua abordagem foi estendida mais tarde

para a Escandinávia (DESHPANDÉ; FARLEY, 1998).

Deshpandé, Farley e Webster (1993) desenvolveram uma escala de orientação para

o cliente com um elemento de um estudo mais amplo, o qual incluía o impacto da cultura

corporativa e da inovação organizacional na performance da empresa. Cientes dos

problemas relacionados à especificidade cultural desse tipo de trabalho, eles primeiramente

testaram seus conceitos e medidas no Japão. Sua escala de 9 itens foi desenvolvida a partir

de uma lista de 30 itens, juntamente com medidas de saliência de item, utilizando

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47

resultados de um estudo de 138 executivos japoneses publicado no Journal of Marketing

em 1993. Entrevistas pessoais com pares de clientes e fornecedores de empresas permitiram

alcançar taxas confiáveis do nível de orientação para o mercado das empresas. Mais tarde,

esta escala foi usada nos Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Índia, Vietnam,

Tailândia, Hong Kong e China.

Posto assim, Deshpandé e Farley (1998) realizaram um estudo para examinar as

características inter e intra-escalas das 3 escalas de orientação para o mercado existentes até

o momento. O objetivo desse estudo não foi julgar qual era a melhor ou pior escala, mas

sim o de saber como elas se comparavam sob condições similares. Para esse fim,

Deshpandé e Farley (1998) solicitaram a ajuda de executivos de marketing das 27

principais empresas que eram membros do Marketing Science Institute – MSI.

Foram executadas comparações diretas de nível de confiança e análise de validade

do comportamento das três escalas em uma mesma amostra. Complementarmente, os

autores examinaram dois dos quatro elementos básicos sugeridos por Farley e Lehmann

(1986) como fontes potenciais para diferenças sistemáticas em resultados de diferentes

estudos de um mesmo fenômeno, considerando o ambiente de pesquisa (possíveis

diferenças geográficas e setoriais) e medidas de pesquisa possíveis das três escalas.

A amostra do estudo de Deshpandé e Farley (1998) foi composta por 82 executivos

de marketing de 27 empresas participantes, as quais representavam 45% dos membros do

MSI em 1995. Em média, 3 questionários foram respondidos por unidade estratégica de

negócio, visto que nenhuma empresa teve mais do que uma unidade estratégica de negócio

– UEN – representada na amostra. Isto permitiu aos pesquisadores examinarem a confiança

dos resultados por empresa ou UEN. Os participantes avaliaram a orientação para o

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48

mercado de suas próprias empresas, através de uma nova composição de escala construída a

partir das outras 3 escalas existentes, que foi o resultado dos estudos.

Confiança e Validade das Escalas. Foram utilizados testes de confiança e validade das

três escalas de orientação para o mercado. As análises são apresentadas na Tabela 2 a

seguir:

Page 59: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

49

Tabela 2 – Confiança e validade das medidas para as três escalas de OPM

Fonte: DESHPANDÉ e FARLEY (1998)

A. Confiança. Esta medida refere-se aos padrões alta inter-relação entre os elementos na

escala, a qual indica que elas constituem um conjunto coerente para medir um conceito. A

Tabela 2, item A, indica que as escalas de Narver e Slater e de Deshpandé, Farley e

Webster têm níveis aceitáveis de medidas de padrão de confiança (nível Cronbach α abaixo

Page 60: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

50

de 0.6) em ambos, estudos originais e na pesquisa do MSI, respectivamente. O nível de

confiança aparece um pouco fraco na escala de Jaworski, Kohli e Kumar, mas está dentro

de uma amplitude aceitável para um trabalho exploratório.

B. Comprovação de Validade. Questionários desse tipo, normalmente, contêm uma

checagem de validade independente. A utilizada neste trabalho foi a mesma de Jaworski,

Kohli e Kumar (1993), a qual é apresentada no ANEXO III. Todas as três escalas

correlacionaram-se significa e positivamente com essa comprovação de validade de

orientação para o mercado. Isto indica que as escalas estão, de fato, mensurando orientação

para o mercado.

C. Validade Preditiva. Validade preditiva das medidas de orientação para o mercado revela

se as medidas correlacionam-se com a variável-alvo, no caso deste estudo, a performance.

Para examinar a correlação das escalas com a performance do negócio foram utilizadas

duas escalas apresentadas no Anexo IV. O resultado encontrado foi que todas as três

escalas estão significativamente correlacionadas com as medidas de performance.

D. Validade Discriminante. Uma preocupação comum com escalas deste tipo é que todas

as medidas providas por um dado respondente são correlacionadas, assim, com efeito,

provêem igualmente fortes relacionamentos com medidas que são estranhas ao estudo

principal. Para comprovar este efeito, os questionários freqüentemente contêm itens não

esperados para correlacionar com a medida principal. Neste caso, foram escolhidos três

itens de uma escala de Clima Organizacional utilizada por Deshpandé et al. (1997). Sete

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51

dos nove desses itens não correlacionaram-se com a medida de orientação para mercado,

configurando-se como um consistente resultado com forte validade discriminante.

Complementarmente, Deshpande e Farley (1998) realizaram uma análise de inter-

relacionamento entre as escalas e, conforme previam, concluíram que existia uma forte

correlação entre elas.

Generalizações para Outras Nações – Confiabilidade das Escalas. A principal

preocupação com a internacionalização do conceito de orientação para o mercado é se as

escalas derivadas e testadas, em uma determinada cultura nacional, seriam transpostas

utilmente para outros ambientes. Segundo Deshpandé e Farley (1998), uma importante

indicação de tranferibilidade se dá quando a confiabilidade de uma escala é encontrada em

um número significativo de ambientes culturais diversos. Isto significa que uma variedade

de aplicações internacionais da escala de orientação para o mercado proveria a melhor

evidência de confiabilidade.

Neste caso, Deshpandé e Farley (1998) não pretendiam testar se os vários países são

os mesmos em termos de OPM, ou seja, eles não queriam testar se os meios para alcançar a

OPM eram iguais. Entretanto, estes pesquisadores testaram se as escalas apresentavam um

nível de confiança aceitável, segundo a medida padrão do coeficiente de correlação de

Cronback alpha (α).

O resultado desta avaliação realizada por Deshpandé e Farley (1998) está

demonstrado na Tabela 3:

Page 62: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

52

Tabela 3 – Coeficiente de confiabilidade das três escalas aplicada em vários países, mensurada pelo

coeficiente α de Cronback

Fonte: DESHPANDÉ e FARLEY (1998)

Conforme demonstrado acima, o estudo revela uma forte confiabilidade das escalas

aplicadas nas diversas nações, o que significa que elas podem ser utilizadas em outros

países, diferentes daqueles de onde originaram.

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53

Generalizações para Outras Nações – Orientação para o Mercado e Performance. “A

teoria de OPM, como um elemento de marketing, deve ser amplamente válido em várias

situações” (Deshpandé e Farley, 1998). Para testar a robustez deste conceito nas diversas

nações, esses autores mencionados utilizaram uma abordagem sugerida por Farley e

Lehmann (1994) para comparar os resultados entre as escalas no que se diz respeito aos

efeitos da OPM sobre a performance em empresas da Europa e EUA. A amostra foi

composta por 82 respondentes de 27 empresas. As principais conclusões deste estudo

foram:

1. não há diferenças significantes entre as escalas;

2. a mais importante descoberta foi a robustez do relacionamento entre

orientação para o mercado e performance. Todas as inclinações

(slopes) relativas à orientação para o mercado e performance foram

positivas e significantes (...) a implicação das conclusões indicaram

que o relacionamento da regressão entre orientação para o mercado e

performance é o mesmo na Europa e nos EUA.

(DESHPANDÉ; FARLEY, 1998, p.221).

2.7.1 Sintetizando a Escala de Orientação para o Mercado

Os resultados dos estudos de Despandé e Farley (1998) mostraram que as três

escalas são intercambiáveis e, indesejadamente, redundantes, o que faz da tarefa de usar

todas as três algo tendencioso aos respondentes. Isto significou, para Deshandé e Farley

(1998), que a tentativa de sintetizá-las poderia ser útil. Nos trabalhos do MSI, os

pesquisadores são orientados a encontrar, sempre que possível, um menor número de itens,

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54

talvez dez ou doze com validade e rigor técnico, que constituem um dispositivo de medida

mais adequado, neste caso, baseado nas três escalas.

Deshpandé e Farley (1998) desenvolveram uma síntese baseada em uma análise de

fator de 44 itens individuais das três escalas originais - 15 de Narver e Slater (1990), 9 de

Deshpandé, Farley e Webster (1993) e 20 de Jaworski, Kohli e Kumar (1993). A escala

sumarizada encontrada por esses autores, apresentada na Tabela 4, contém 10 itens, os

quais “pareceram ter integridade intuitiva (...) e constituem uma escala sumarizada de alta

confiabilidade, com o coeficiente alfa Cronbach de 0.88, com coeficientes de 0.89 para

cada sub-amostra européia e americana” (Deshpandé e Farley, 1998, p.225).

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Tabela 4 – A Escala sumária ‘MORTN’ de OPM, sintetizada das três escalas existentes

Fonte: DESHPANDÉ e FARLEY (1998)

Apesar do alto nível de confiabilidade da escala sintetizada, pode-se perceber,

diante dos diversos conceitos e estudos apresentados até o momento, que este instrumento

de medida ficará mais coerente com as 4 dimensões de orientação para o mercado – Ênfase

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56

no Cliente, Importância da Informação, Coordenação Interfuncional e tomadas de Ação –

se forem realizados os seguintes complementos ou ajustes para adequação ao estudo

proposto por este trabalho:

1. para cada item, deverão ser acrescentadas questões para complementar o estudo

e captar mais a realidade local.

2. não serão analisadas unidades estratégicas de negócios – UEN – mas a empresa

como um todo, visto que as pequenas e médias empresas incubadas na INETEC

não possuem esse tipo de organização de seus negócios;

3. a escala proposta por Deshpandé e Farley (1998), embora altamente confiável,

não dispõe de itens que mensurem a dimensão ‘tomada de ação’. Portanto, será

acrescentado o item 20 da escala validada de Jaworski, Kohli e Kumar (1993).

Desta forma, pretende-se que o instrumento de pesquisa fique em sintonia com o

conceito de orientação para o mercado sintetizado nas 4 dimensões de OPM.

Os itens da escala modificada de Deshpandé e Farley (1998) ficariam da seguinte

forma, conforme Tabela 5:

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57

Tabela 5 – Escala modificada de mensuração de OPM

Dis

cord

o

fort

em

ente

Dis

cord

o

Não d

iscord

o e

nem

concord

o

Concord

o

Concord

o

fort

em

ente

1.1. Nossos objetivos de negócios são dirigidos prioritariamente pelasatisfação do cliente.

1 2 3 4 5

1.2 Nossa estratégia para obter vantagem competitiva é baseada emnosso entendimento das necessidades do cliente.

1 2 3 4 5

1.3 Nós somos mais focados ao cliente do que nossos concorrentes.1 2 3 4 5

1.4 Eu acredito que este negócio existe primeiramente para servir aosclientes.

1 2 3 4 5

2.1 Nós monitoramos constantemente nosso nível de compromisso eorientação para servir as necessidades dos clientes.

1 2 3 4 5

2.2 Nós medimos satisfação do cliente sistematicamente efrequentemente.

1 2 3 4 5

2.3 Nós temos rotinas ou medidas regulares de serviço ao cliente.1 2 3 4 5

2.4 Nós pesquisamos usuários finais ao menos uma vez ao ano parasaber da qualidade de nossos produtos e serviços.

1 2 3 4 5

3.1. Dados sobre satisfação do cliente são disseminados, regularmente,em todos os níveis da empresa.

1 2 3 4 5

3.2 Nós comunicamos as informações livremente sobre nossas experiências,

bem e mal sucedidas, com clientes através de todas as funções da empresa.1 2 3 4 5

4.1 Quando descobrimos que clientes gostariam que modificássemos umproduto ou serviço, os departamentos / funções competentes fazem osesforços corretivos para atendê-los.

1 2 3 4 5

3.1.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:

3.1.2 (Para respostas de 4 a 5) Quais canais de comunicação interna são utilizados pela empresa? Como é feita

2 - Itens de Mensuração da Importância da Informação

2.4.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:

2.4.2 (Para respostas de 4 a 5) Com qual freqüência a qualidade percebida dos produtos e serviços, perante os

a) Semanal ( ) b) Quinzenal ( ) c) Mensal ( ) d) Bimestral ( ) e) Trimestral ( )

f) Semestral ( ) g) Anual ( ) h) Bianual ( )

1.3.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:

1.3.2 (Para respostas de 4 a 5) O que sua empresa faz a mais do que os concorrentes?

1.4.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:

1 - Itens de Mensuração da Ênfase no Cliente

4.1.1 (Para respostas de 4 a 5) Dê exemplo em que as pesquisas ou outras fontes de informação resultaram em

tomadas de ação para atender às necessidades dos clientes.

2.3.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:

2.3.2 (Para respostas de 4 a 5) Quais são as rotinas ou medidas utilizadas pela empresa?

3 - Itens de Mensuração da Coordenação Interfuncional

4 - Itens de Mensuração da Tomada de Ação

2.2.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:

2.2.2 (Para respostas de 4 a 5) Com qual freqüência a satisfação do cliente é medida?

a) Semanal ( ) b) Quinzenal ( ) c) Mensal ( ) d) Bimestral ( ) e) Trimestral ( )

f) Semestral ( ) g) Anual ( ) h) Bianual ( )

1.2.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:

1.2.2 (Para respostas de 4 a 5) O que é feito para que se entenda as necessidades do cliente?

1.2.3 (Para respostas de 4 a 5) O que contém em suas estratégias que está atendendo às necessidades dos

2.1.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:

2.1.2 (Para respostas de 4 a 5) Quais são os tipos de monitoramento utilizados e qual sua freqüência?

3.2.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:

3.2.2 (Para respostas de 4 a 5) Quais canais de comunicação externa são utilizados pela empresa? Como é feita

INSTRUÇÕES: as afirmações que vou lhe dizer descrevem normas aplicadas em negócios. Por favor,indique seu grau de concordância sobre quão bem estas afirmações descrevem as normas atuais em suaempresa.

1.1.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:

1.1.2 (Para respostas de 4 a 5) Quais são esses objetivos?

Page 68: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

58

A seguir será apresentada uma revisão das técnicas estatísticas a serem utilizadas

neste estudo para que se possa analisar os resultados obtidos.

2.8 Estatística Aplicada ao Estudo de OPM

Para efeito de tabulação dos dados pesquisados na escala utilizada por Deshpandé e

Farley (1998) no instrumento de pesquisa adotado pelo trabalho aqui proposto, será

utilizado um sistema de ponderação das respostas, conforme se segue:

Page 69: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

59

Esse sistema de ponderação será utilizado para tabulação de todas as afirmações,

sendo que o nível médio de OPM das empresas entrevistadas será obtido através das médias

simples de todas as afirmações.

Complementarmente, para efeito de comparação entre os resultados do nível de

OPM entre as empresas sobreviventes e aquelas cujas atividades se encerraram, serão

utilizadas, também, as medianas de tendência central que são a moda e a mediana. Segundo

Mattar (1997), mediana “é o valor da variável que divide o grupo em dois subgrupos de

igual tamanho ou, em outras palavras, é o valor da variável correspondente ao elemento

central da distribuição”. Quanto à moda, ainda segundo Mattar (1997), “é o valor da

variável que ocorre com a maior freqüência”.

Outra análise a ser aplicada nos dados coletados será a de correlação.

“O objetivo do estudo correlacional é a determinação da força do

relacionamento entre duas observações emparelhadas. O termo

“correlação” significa literalmente “co-relacionamento”, pois indica até

que ponto os valores de uma variável estão relacionados com os de outra.

O resultado de tal análise é um coeficiente de correlação – um valor que

quantifica o grau de correlação (r)” (STEVENSON, 2001, p.367).

A aplicação do cálculo de correlação entre variáveis será realizada nesse trabalho

para verificar a força do relacionamento entre as variáveis de OPM, quais sejam: ênfase no

cliente, importância da informação, coordenação interfuncional e tomada de decisão.

Para tal, será calculado o coeficiente de correlação entre as afirmações pertencentes

a cada variável de OPM, para a obtenção da intensidade da relação entre as variáveis, tais

como:

Page 70: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

60

• Correlação existente entre ‘ênfase no cliente’ e ‘importância da informação’;

• Correlação existente entre ‘ênfase no cliente’ e coordenação interfuncional’;

• Correlação existente entre ‘ênfase no cliente’ e ‘tomada de decisão’;

• Correlação existente entre ‘importância da informação’ e ‘coordenação

interfuncional’;

• Correlação existente entre ‘importância da informação’ e ‘tomada de decisão’;

• Correlação existente entre ‘coordenação interfuncional’ e ‘tomada de decisão’.

Pode-se observar que a correlação será sempre feita entre duas variáveis.

A fórmula para encontrar o coeficiente de correlação a ser utilizada neste trabalho

será a que se segue:

2

11

2

2

11

2

111

=

∑∑∑∑

∑∑∑

====

===

n

i

i

n

i

i

n

i

i

n

i

i

n

i

i

n

i

i

n

i

ii

yynxxn

yxyxn

r ,

onde r é o coeficiente de correlação, n é o número de elementos cujo r se pretende obter, e

ix e iy são as variáveis que se pretende verificar a correlação.

“O coeficiente de correlação tem duas propriedades que

caracterizam a natureza de uma relação entre duas variáveis. Uma é o

sinal (+ ou -) e a outra é sua magnitude. O sinal é o mesmo que o do

coeficiente angular de uma reta imaginária que se “ajustasse” aos dados se

fosse traçada num diagrama de dispersão, e a magnitude de r indica quão

próximos da “reta” estão os pontos individuais. Portanto, podemos dizer:

Page 71: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

61

1. o valor de r varia de -1,00 a +1,00: -1,00≤ r ≤1,00.

2. Um relacionamento positivo, r é +, entre duas variáveis indica

que os valores altos (baixos) de uma das variáveis, corresponde

valores altos (baixos) da outra.

3. Um relacionamento negativo, r é -, significa que a valores altos

(baixos) de uma variável correspondem valores baixos (altos) da

outra.

4. Um relacionamento zero, r ≡ 0, indica que alguns valores altos

estão em correspondência com valores baixos e outros estão em

correspondência com valores altos.

5. O sinal de r é sempre o mesmo sinal de b, o coeficiente angular de

uma reta imaginária ajustada aos dados. Nota-se que não é

necessário calcular essa reta.”

(STEVENSON, 2001, p.369)

Segundo Stevenson (2001), para que se verifique a relevância de um determinado r

encontrado, pode-se utilizar o coeficiente de determinação que fornece “a percentagem de

variação numa variável que é ‘explicada’ estatisticamente pela variação da outra variável”.

Neste caso, sugere-se que também se avalie o coeficiente de determinação através do

cálculo de r². Desta forma, ambos serão adotados neste trabalho.

Posto assim, tendo sido revisado todo o arcabouço teórico pertinente ao estudo em

questão, faz-se importante discorrer sobre a metodologia a ser utilizada para a obtenção dos

dados aqui almejados.

Page 72: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

62

3. MÉTODO DA PESQUISA

Selltiz et al. (1965, p.5) asseveram que “o objetivo da pesquisa é descobrir respostas

para perguntas, através do emprego de processo científicos”. Portanto, nesse capítulo, é

descrita e discutida a metodologia da presente pesquisa, em que é evidenciada a natureza

quantitativa empregada na abordagem e na solução do problema estudado, Optou-se por

essas modalidades de pesquisa, pelo fato de possibilitar a resolução do problema em estudo.

Foi realizado um estudo de levantamento (survey) com os gestores ou proprietários

das quatorze empresas da área de Tecnologia da Informação (TI), que foram incubadas e

graduadas na INETEC até 2004.

3.1 Tipo e Abordagem da Pesquisa

Segundo Marconi e Lakatos (2002, p.19), “os critérios para a classificação dos tipos

de pesquisa variam de acordo com o enfoque dado pelo autor. A divisão obedece a

interesses, condições, campos, metodologia, situações, objetivos, objetos de estudo etc”.

Tipo de Pesquisa. Neste trabalho utilizou-se utilizada a pesquisa tipo descritiva, vez que

esta técnica tem como principal finalidade:

a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou,

ainda, o estabelecimento de relações entre variáveis, utilizando-se de

técnicas padronizadas de coleta de dados. São incluídas no grupo de

pesquisa descritiva aquelas que visam descobrir a existência entre

variáveis, os levantamentos de opiniões, atitudes e crenças de uma

população (GIL, 1999, p. 43-5).

Page 73: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

63

Abordagem da Pesquisa. Quanto ao tipo de abordagem foi utilizada a quantitativa, visto

que aferiu-se o nível de orientação de mercado das empresas entrevistadas e para isto

tivemos que incorrer no uso de técnicas estatísticas para quantificar essas informações.

A pesquisa nas ciências sociais tem sido fortemente marcada, ao longo

dos anos, por estudos que valorizam a adoção de métodos quantitativos na

descrição e explicação dos fenômenos de seu interesse (...) a pesquisa

quantitativa é apoiada basicamente em quadro de referência estatístico e

preocupa-se com a precisão com que os dados são coletados (GODOY,

1995, p. 58).

Complementarmente, no questionário aplicado aos dirigentes das empresas

analisadas, foram inseridas perguntas abertas como forma de melhor descrever os

fenômenos que são objetos desse estudo, conforme pode-se verificar na Tabela 5.

3.2 Técnica de Coleta de Dados e Tipo de Instrumento de Coleta

Técnica de Coleta. Entrevista por telefone – “consistem da obtenção dos dados da pesquisa

através de telefone, ao invés de contato pessoal. De todos os métodos de coletar dados, a

entrevista por telefone é a que atualmente predomina nos países onde a grande maioria da

população possui telefone” (MATTAR, 1997, p. 171).

Instrumento de Coleta. Foi utilizado o questionário estruturado não disfarçado – método

utilizado em pesquisas conclusivas, principalmente levantamentos amostrais e estudos de

campo. “Neste instrumento, comumente denominado questionário, as perguntas são

apresentadas exatamente com as mesmas palavras, sempre na mesma ordem e com as

Page 74: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

64

mesmas opções de respostas a todos os respondentes. O objetivo desta extrema

padronização é ter certeza de que todos responderam exatamente à mesma pergunta”

(MATTAR, 1997, p. 160).

O Instrumento de Coleta de dados está apresentado no Anexo II, conforme aqui

descrito. Este instrumento contém questões abertas que se somarão às afirmações cujo grau

de concordância ou discordância será medido pela escala proposta.

3.3 Fonte de Dados de Pesquisa

Fonte de Dados Primários. Foi utilizado como fonte de dados primários as opiniões dos

sócios-proprietários ou diretores das 14 empresas incubadas na INETEC, que foram os

entrevistados desta pesquisa. Entende-se por dados primários todos “aqueles que não foram

antes coletados, estando ainda em posse dos pesquisados, e que são coletados com o

propósito de atender às necessidades específicas da pesquisa em andamento” (MATTAR,

1997, p. 148).

Fonte de Dados Secundários. Foi consultado o Catálogo da Rede Mineira de Incubadora

do ano de 2004 para levantamento das informações individuais de cada empresa

entrevistada. Entende-se por dados secundários “aqueles que já foram coletados, tabulados,

ordenados e, às vezes, analisados, e que estão à disposição de interessados” (MATTAR,

1997, p. 134).

Page 75: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

65

3.4 Elementos da População

Foi feito levantamento nas 14 empresas que foram incubadas na INETEC, as quais

representam todos os elementos da população a ser estudada. Essas empresas

permaneceram de 2 a 3 anos na incubadora, no período de 1998 a 2004, e já saíram para

atuar no mercado, recebendo a denominação de empresas graduadas. Neste trabalho,

entrevistou-se pelo menos um sócio-proprietário ou diretor de cada uma delas, sendo que

estão todas localizadas em Uberlândia - Minas Gerais.

De acordo com Mattar (1997, p. 260):

Quando se pretende conhecer alguns aspectos de uma população, há dois

caminhos a seguir, ou se pesquisam todos os seus elementos, e neste caso

o estudo é chamado de censo, ou apenas uma amostra deles, a partir do

qual se estima os dados a respeito de toda a população. Neste caso, o

estudo é chamado de pesquisa. Realizam-se censos de populações ao

invés de apenas pesquisá-las:

• quando a população for considerada pequena;

• quando os dados forem facilmente obteníveis.

Dessa forma, considera-se que esse trabalho foi realizado um censo, através do qual

foram levantados os dados pertinentes à orientação para o mercado de todas as empresas

que foram graduadas na INETEC.

A seguir serão apresentadas a análise dos dados levantados nessa pesquisa, bem

como as conclusões obtidas pelo estudo aqui proposto.

Page 76: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

66

4. ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Antes de apresentar os dados levantados pela pesquisa, faz-se necessária a

apresentação de um breve histórico do Núcleo Softex e da INETEC, os quais são os

responsáveis pela incubação das empresas aqui estudadas.

4.1 O Núcleo Softex do Triângulo – TRISOFT

O Núcleo Softex do Triângulo – TRISOFT – é uma instituição privada, sem fins

lucrativos, cujo objetivo principal é contribuir para o surgimento, crescimento e

fortalecimento das empresas desenvolvedoras de software do Triângulo Mineiro e Alto

Paranaíba. É hoje um dos 20 núcleos do Programa Softex, criado pelo CNPq.

Procurando criar um ambiente propício que permitisse a instalação de novos

empreendimentos, foi criada, no ano de 1998, a Incubadora de Empresas de Tecnologia em

Software - INETEC - que busca dar o suporte necessário à consolidação de novas empresas

de Software.

A Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro – SOFTEX – é a

entidade gestora do Programa SOFTEX, instrumento de apoio à produção e comércio do

software brasileiro. Criado pelo CNPq em 1993 como o Programa Softex 2000, foi

reformulado por ocasião do término de sua vigência, de acordo com a nova política

brasileira de software.

Inicialmente chamada Associação Brasileira para Promoção da Exportação de

Software, a SOFTEX também foi reformulada na mesma época, adaptando-se às

necessidades da nova economia brasileira. Hoje, a entidade promove a excelência da

Page 77: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

67

tecnologia nacional visando atender à demanda local e, conseqüentemente, atingir o

mercado global (TRISOFT, 2005).

As empresas ligadas ao INETEC são empresas desenvolvedoras de Tecnologia da

Informação (TI). Entende-se por Tecnologia da Informação “o conjunto de softwares e

hardwares que executam uma ou mais tarefas de processamento das informações, tais

como: coletar, transmitir, estocar, recuperar, manipular e exibir dados. Porém, a TI precisa

também ser vista como uma área estratégica, que se inter-relaciona com as outras áreas,

oferecendo ferramentas que auxiliam no processo decisório e criando diferentes soluções a

cada nova necessidade da empresa” (PRATES,1994, p. 7-12).

Embora todas as empresas do Núcleo SOFTEX sejam empresas de TI, suas áreas de

atuação são diversas, conforme apresentadas no catálogo da Rede Mineira de Incubadora de

2004, tais como:

1. Portal de negócios: leva informação para os internautas e soluções para

empresas.

2. Software para ortopedia: permite medir curvaturas e articulações do corpo

humano, tais como inclinação peitoral, flexão do cotovelo e joelho.

3. Multimídia: atua no desenvolvimento de softwares e consultoria na área de

informática e soluções para internet.

4. Gestão de empresas via web: desenvole sistema de gestão empresarial composto

por ferramentas que permitem controles essenciais para um gerenciamenteo

atual e competente via web.

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68

5. Logística: cria soluções direcionadas à área de logística, através de softwares

que permitem gerenciar, distribuir e controlar operações de movimentação,

armazenagem, separação e carregamento.

6. Software para Automação: atua na criação, desenvolvimento, gerenciamento e

reengenharia de web sites e comércio eletrônico.

7. Agronegócio – software para bolsas de mercadorias: desenvolve softwares que

permitem solucionar e agilizar os problemas decorrentes das diversas

negociações de cereais entre corretores e seus clientes.

8. Software para medicina: atua no desenvolvimento de softwares, suporte,

manutenção e comercialização de sistemas que facilitam a análise e a

interpretação de diagnósticos por imagens, ampliando a eficácia do trabalho dos

profissionais da saúde.

9. Software para academias: atua no desenvolvimento de sistemas de

gerenciamento das relações com o cliente e controle de programas de

treinamento físico com exercícios para academias de ginástica; softwares de e-

learning para profissionais de educação física; software exclusivo para

planejamento e supervisionamento de programas de treinamento físico

personalizado.

10. Software para Gráficas: desenvolve Sistemas de Gestão de Gráficas.

11. Certificação de origem animal e rastreabilidade: desenvolve softwares para

gestão da certificação de origem animal, de acordo com o Sisbov – Sistema

Brasileiro da Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina.

Page 79: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

69

4.2 Resultados por Objetivo de Pesquisa

Para que se possa ter mais clareza na análise e interpretação dos dados, o resultado

desse estudo de levantamento será apresentado segundo cada objetivo de pesquisa aqui

definido. Vale ressaltar que os entrevistados foram orientados para que respondessem às

questões da pesquisa:

• levando em consideração as práticas de gestão comumente adotadas pelos sócios

desde o período de incubação até a data da entrevista, janeiro de 2006, e

• com sinceridade, procurando retratar a realidade dos fatos, visto que para essa

pesquisa somente nos interessa a verdade.

Conforme levantado pela pesquisa, realizada com todas as empresas que se

graduaram na incubadora, 9 delas estavam em funcionamento, sobreviventes, e 5

encerraram suas atividades, consideradas não sobreviventes. Todos os dirigentes das

empresas, sobreviventes ou não, foram identificados e entrevistados.

Desta forma, chegou-se aos resultados da pesquisa que serão apresentados a seguir

por objetivo alcançado:

Objetivo geral: ‘descrever o impacto da orientação para o mercado na sobrevivência das

empresas incubadas’.

A escala de Deshpandé e Farley (1998) utilizada no instrumento de pesquisa desse

trabalho possibilitou verificar o nível de orientação para o mercado das empresas que

sobreviveram, aquelas que estavam em funcionamento na ocasião da pesquisa, bem como

daquelas que encerraram suas atividades ao longo dos últimos anos.

Page 80: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

70

Visto assim, com essa pesquisa pôde-se verificar um impacto positivo, vez que as

empresas mais orientadas ao mercado apresentaram melhores desempenhos, levando-se em

consideração o número de clientes conquistados, faixa de faturamento e a própria

sobrevivência.

O Gráfico 2 mostra o nível de orientação para o mercado das empresas

entrevistadas, indicando maior OPM nas empresas que estavam em funcionamento na

ocasião da pesquisa. Esta orientação superior das empresas sobreviventes é verificada na

‘intensidade geral da OPM’, que apresenta um nível médio de 4 pontos, em uma escala

onde o máximo é 5, estando acima da média geral de ‘todas as empresas’ analisadas, cuja

média é de 3,7 pontos.

Gráfico 2

Pode-se observar, ainda, que as empresas cujas atividades foram encerradas

apresentaram nível de OPM abaixo da média, com 3,3 pontos. Isto também mostra que os

Page 81: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

71

gestores destas empresas se aproximaram mais do nível de 3 pontos, o que significa uma

posição próxima à neutralidade no que se diz respeito à concordância com as afirmações

sobre as práticas ideais de orientação para o mercado.

Diante disto, pode-se afirmar que a orientação para o mercado teve uma relação

positiva com a sobrevivência das empresas incubadas na INETEC, as quais inclusive

apresentaram outras evidências de que, não somente conseguiram sobreviver no mercado,

como também alcançaram melhores resultados. Os Gráficos 3 e 4, a seguir, comprovam o

melhor desempenho das sobreviventes no que se diz respeito ao número de clientes

conquistados ao longo da existência das empresas e a faixa de faturamento,

respectivamente.

Gráfico 3

No Gráfico 3 observa-se que as empresas com nível médio de OPM de 3,3 pontos,

cujas atividades foram encerradas, não apresentaram faturamento ou, como pode-se

Page 82: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

72

concluir das entrevistas, o valor foi inexpressível ou “insignificante”, conforme colocado

por alguns dos entrevistados. Por outro lado, nas ‘empresas em funcionamento’, pôde-se

verificar que 56% delas alcançaram faturamento médio anual durante seu período de

existência de pelo menos R$200.000,00 / ano, valor este significativamente superior aos

das empresas não sobreviventes. Para comprovar a correlação entre as variáveis ‘nível

médio de OPM’ e ‘Faixa de Faturamento’, foi utilizada ferramenta estatística de análise de

correlação, através da qual se encontrou um coeficiente de correlação (r) de 0,21, o que

comprovou uma relação positiva e real entre as duas variáveis.

Gráfico 4

O Gráfico 4 reforça a relação positiva existente entre o nível de OPM e o

desempenho das empresas incubadas na INETEC, visto que, para as ‘empresas em

funcionamento’ o resultado da conquista de clientes foi, também, significativamente

Page 83: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

73

superior aos das ‘empresas com atividades encerradas’. Isto explica, ainda, o faturamento

superior das empresas sobreviventes. Tal como feito para a ‘faixa de faturamento’, foi

analisada, também, a correlação entre as variáveis ‘nível médio de OPM’ e ‘número de

clientes’, chegando-se a um valor de 0,16, o que comprova uma correlação positiva entre

essas duas variáveis.

Portanto, pode-se concluir que foi confirmado o impacto positivo do nível de

orientação para o mercado no desempenho das empresas incubadas na INETEC, o que

significa que quanto maior o nível de orientação para o mercado, maiores as chances de

sobrevivência e de alcance de melhores resultados, em termos de conquista de clientes e

faturamento.

Objetivo específico 1: ‘caracterizar as empresas entrevistadas no que se diz respeito aos

produtos que comercializam e se sobreviventes ou não’.

Produtos que comercializam. O Gráfico 5 mostra os produtos comercializados

pelas empresas incubadas, no qual se pode perceber uma participação significativa da

comercialização de ‘sistemas de gestão’ em 85,7% delas, sendo que os demais

serviços/produtos foram menos adotados, tais como: ‘consultoria em Tecnologia da

Informação – T.I.’, ‘e-commerce’, ‘sistema de e-learning’, ‘serviços de conectividade’ e

‘website’.

Page 84: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

74

Gráfico 5

A concentração na venda de produtos de ‘sistema de gestão’, pela maior parte das

empresas incubadas, revela, no mínimo, uma fragilidade na definição do adequado portfolio

de produtos destas empresas para serem competitivas no mercado, visto que foi constatado

que quase 85,7% das empresas focaram no mercado comprador de ‘sistemas de gestão’.

Status das empresas: atividades encerradas ou em funcionamento. O Gráfico 6 a

seguir apresenta o status das empresas incubadas na INETEC, que demonstra que 64% das

empresas sobreviveram, até o momento das entrevistas, às dificuldades do mercado. É uma

taxa de sucesso acima da média brasileira, pois segundo o SEBRAE (2004) 49,9% das

empresas brasileiras encerram suas atividades no segundo ano de existência. No caso das

Page 85: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

75

empresas cujos dirigentes foram entrevistados, todas já estão no mercado há mais de 2

anos. Entretanto, analisando os dados da ANPROTEC (2005) sobre a mortalidade das

empresas incubadas, percebe-se que 36% da taxa de mortalidade da INETEC está

sensivelmente superior aos 7% da média brasileira das incubadoras. Mesmo assim, deve-se

considerar que a média da ANPROTEC é composta por empresas de diversos setores do

mercado brasileiro e a taxa de mortalidade encontrada na INETEC pertence,

exclusivamente, às empresas de base tecnológica. A mesma consideração deve ser feita

para a realidade da média de mortalidade calculada pelo SEBRAE.

Gráfico 6

Objetivo específico 2: ‘medir a intensidade média de orientação para o mercado das

empresas incubadas’.

Page 86: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

76

O Gráfico 7 revela que a intensidade média de orientação para o mercado das

empresas incubadas é de 3,7 pontos. Além disso, pode-se perceber que a variável

‘importância da informação’ foi a que alcançou menor nota, principalmente devido ao fato

das empresas não possuírem hábito de mensurar o nível de satisfação dos clientes e checar

a qualidade percebida pelos clientes quanto aos produtos ou serviços que comercializam.

As afirmações pertinentes a esse aspecto alcançaram uma média de 2,9 pontos na pesquisa

realizada, o que indica uma nota relativamente baixa se comparada às demais apresentadas

nas outras variáveis de OPM medidas.

Gráfico 7

Objetivo específico 3: ‘verificar se as empresas sobreviventes possuem maior nível de

orientação para o mercado do que as não sobreviventes’.

O Gráfico 8 confirma que as empresas sobreviventes possuem maior nível de

orientação para o mercado do que as não sobreviventes.

Page 87: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

77

Gráfico 8

O nível médio de OPM de 4 pontos das ‘empresas em funcionamento’ confirma

pelo menos os seguintes aspectos:

• os empresários das empresas ‘em funcionamento’ ‘concordaram’, no geral, que as

afirmações da escala de medição de OPM utilizada retratavam a realidade das regras

de negócio adotadas por eles, visto que a nota 4 representa a alternativa ‘concorda’

da escala adotada pela escala de Deshpandé e Farley (1998);

• as ‘empresas em funcionamento’ têm um nível médio de orientação para o mercado

superior às ‘empresas com atividades encerradas’, 4 e 3,3 pontos, respectivamente;

• as ‘empresas em funcionamento’ estão acima da média em termos de orientação

para o mercado, 4 e 3,7 pontos, respectivamente.

Page 88: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

78

Objetivos específico 4: ‘verificar a existência ou não de correlação entre as variáveis de

OPM (ênfase no cliente, importância da informação, coordenação interfuncional e

tomada de decisão)’, através de análise estatística de correlação.

O Gráfico 9 apresenta os coeficientes de correlação das variáveis de OPM no estudo

realizado.

Gráfico 9

Como pode ser visto no Gráfico 9, a análise de correlação entre as variáveis de OPM

revelou uma correlação positiva entre todas as variáveis, com destaque para a relação entre:

• ‘ênfase no cliente’ e ‘importância da informação’ que apresentou um coeficiente de

correlação positivo e significante, mostrando que quanto maior o foco no cliente, maior a

valorização de informações pertinentes ao cliente;

Page 89: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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• ‘importância da informação’ e ‘coordenação interfuncional’ que apresentou um coeficiente

de correlação positivo e significante, mostrando que quanto maior a valorização da

informação, maior será seu comprometimento com a coordenação dessas informações entre

as funções na empresas;

• ‘coordenação interfuncional’ e ‘tomada de ação’ que apresentou um coeficiente de

correlação positivo e significante, comprovando que quanto maior for o comprometimento

com a coordenação interfuncional das informações, maior será o comprometimento com as

tomadas de decisão.

Objetivo específico 5: ‘Levantar as principais justificativas das concordâncias ou

discordâncias/neutralidade dos entrevistados perante as afirmações sobre OPM presentes

no instrumento de pesquisa’.

A seguir, serão apresentadas as respostas dos entrevistados às questões abertas do

questionário utilizado na pesquisa realizada com as empresas incubadas na INETEC. Para

cada afirmação, conforme se pode verificar no Anexo II, o entrevistado teve que justificar,

em caso de discordância ou neutralidade (respostas de 1 a 3 na escala) ou citar evidências

para respaldar suas respostas em caso de concordância (4 a 5).

Ênfase no Cliente – ‘objetivos de negócios são dirigidos prioritariamente pela satisfação

do cliente’. O Gráfico 10 demonstra as justificativas ou evidências dos objetivos que os

entrevistados definiram para suas empresas de acordo com a satisfação do cliente.

Page 90: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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Gráfico 10

Como se pode perceber, os entrevistados que discordaram da afirmação tinham foco

no produto, ou seja, os objetivos de seu negócio não são ou eram respaldados nas

oportunidades de satisfação dos clientes, mas acreditavam que o produto que

comercializavam atingiria seus objetivos, possivelmente por serem inovadores ou de

“qualidade”.

Por outro lado, os entrevistados que concordaram com a afirmação responderam que

seus negócios tinham como objetivo oferecer produtos/serviços sempre adequados às

necessidades dos clientes, com prazo de entrega conforme contratado, com a qualidade

esperada pelo cliente, melhorando o desempenho ou nível de serviço do cliente e ser

sempre resoluto às demandas de suporte técnico.

Page 91: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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Ênfase no Cliente – ‘levam em consideração as necessidades do cliente para serem

competitivos’. O Gráfico 11 apresenta as justificativas ou evidências de que as empresas

levam ou levavam em consideração as necessidades do cliente para serem mais

competitivos que os concorrentes.

Gráfico 11

Conforme o Gráfico 10, as empresas adotavam algumas táticas para manterem-se

mais competitivos, tais como: ‘customizar o software’ de acordo com o cliente,

‘compreender o negócio do cliente’ melhor do que a concorrência e fornecer ‘suporte

técnico’ mais ágil do que os concorrentes. Aqueles que não levavam em consideração as

necessidades dos clientes para serem competitivos, o faziam em função de conhecer

superficialmente as necessidades dos clientes ou por não se preocuparem com a

concorrência.

Page 92: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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Ênfase no Cliente – ‘são mais focados no cliente do que a concorrência’. O Gráfico 12

demonstra que aqueles que concordaram com esta afirmação acreditam compreenderem

melhor o cliente do que a concorrência ou julgam oferecerem mais benefícios, tal como o

‘atendimento ao cliente pelo gerente’ e não por “assistentes”. Entretanto, o que pôde-se

perceber, com relação aos respondentes que discordaram da afirmação, foi que se sentiram

inseguros em afirmar que ‘são mais focados no cliente do que a concorrência’. Uma das

razões, como se pode perceber nas entrevistas foi que muitos, 67%, não conheciam seus

concorrentes suficientemente. Isso demonstra, de certa forma, fragilidade na estratégia de

marketing das empresas incubadas, visto que o estabelecimento da vantagem competitiva

sobre a concorrência é indispensável, considerando o mercado atual que é altamente

disputado.

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Gráfico 12

Ênfase no Cliente – ‘meu negócio existe, primeiramente, para servir aos clientes’. Para

esta afirmação, foi solicitada, nas entrevistas, somente a justificativa do respondente que

discordou ou se posicionou com neutralidade a esse respeito. Desta forma, aqueles que

discordaram justificaram existirem outras prioridades, visarem primeiramente o lucro ou

apresentaram-se resistentes à idéia de que os clientes são prioridades no negócio. O Gráfico

13 demonstra essas respostas.

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Gráfico 13

Importância da Informação – ‘monitoramos, constantemente, o nível interno de

comprometimento para com as necessidades dos clientes’. As formas de monitoramento

utilizadas pelas empresas são basicamente a análise interna de andamento de ordem de

serviços e pesquisas junto aos clientes. O Gráfico 14 apresenta as respostas a essa

afirmação.

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Gráfico 14

Importância da Informação – ‘medem o nível de satisfação dos clientes sistematicamente

e frequentemente’. Esta afirmação foi a que recebeu menor nível médio de concordância –

2,5 – visto que pôde-se constatar que as empresas não possuem o hábito de pesquisa

clientes para esta finalidade. Aqueles que pesquisam, o fazem com uma freqüência anual ou

trimestral. Como mencionado anteriormente, a baixa freqüência na aplicação de pesquisas

de satisfação foi a principal responsável pela baixa pontuação da variável ‘importância da

informação’, o que demonstra uma necessidade evidente de estabelecer hábito.

Importância da Informação – ‘mensuram e acompanham, regularmente, o atendimento

às solicitações dos clientes’. Para essa afirmação, constatou-se que as empresas que

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possuem o hábito desse acompanhamento o fazem, basicamente, através da checagem de

ordens de serviços em 67% dos casos.

Importância da Informação – ‘pesquisam usuários finais para saber da qualidade

percebida dos produtos’. As empresas que concordaram com essa afirmação possuem o

hábito de pesquisar consumidores finais, pelo menos, anualmente. Entretanto, pôde-se

constatar que esta pesquisa se dava mais por meio de informações do que através de

questionários ou outros instrumentos de coletas de dados.

Coordenação Interfuncional – ‘os dados sobre o nível de satisfação dos clientes são

disseminados por toda a empresa’. 70% das empresas respondentes confirmaram

possuírem a prática de disseminar as informações por todos na empresa, mesmo porque o

porte das empresas entrevistadas é pequeno e a comunicação flui, normalmente, muito

melhor do que nas grandes companhias. Constatou-se, também, que os principais meios de

comunicação utilizados para esse fim, foram e-mail e pessoalmente, totalizando 80% dos

casos.

Coordenação Interfuncional – ‘comunicamos internamente nossas experiências com

clientes para toda a empresa, sejam bem ou mal sucedidas’. Para essa afirmação, 92% das

empresas demonstraram concordância e os meios utilizados são as reuniões e e-mails.

Tomada de Decisão – ‘quando descobrimos que o cliente deseja que modifiquemos nosso

produto ou serviço, as pessoas competentes se empenham para atendê-lo’. Para essa

afirmação, 86% dos entrevistados demonstraram concordância, sendo que as principais

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mudanças realizadas foram a inclusão de ‘novas parametrizações nos sistemas’, com 50%,

e ‘inclusão de módulos no sistema’, com 25%, conforme apresentado no Gráfico 15, a

seguir.

Gráfico 15

4.3 Resultados por Hipótese de Pesquisa

Com o intuito de verificar se as hipóteses definidas nesse trabalho podem ser aceitas

como verdadeiras, a seguir serão apresentados os resultados da pesquisa que respondem a

essa questão.

Hipótese 1: ‘As empresas incubadas, não sobreviventes, não possuem o hábito de

pesquisar os usuários finais para conhecer a percepção da qualidade de seus produtos e

serviços’.

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Analisando o resultado do nível de concordância dos entrevistados das empresas

não sobreviventes, com relação à afirmação do item 3.4 do instrumento de pesquisa,

pertinente à hipótese 1, pode-se concluir que:

• A resposta mais freqüente, com moda igual a 1, discorda fortemente, e

mediana, como elemento central, igual a 2, discorda, revelam que as

empresas não sobreviventes negaram a afirmação que ‘pesquisam usuários

finais ao menos uma vez ao ano para saber da qualidade dos produtos e

serviços’. Desta forma, pode-se concluir que a hipótese 1 é verdadeira.

Hipótese 2: ‘As empresas incubadas, sobreviventes, possuem maior hábito de pesquisar

os usuários finais para conhecer a percepção da qualidade de seus produtos e serviços’.

Analisando o resultado do nível de concordância dos entrevistados, das empresas

sobreviventes, com relação à afirmação, do item 3.4 do instrumento de pesquisa, pertinente

à hipótese 2, pode-se concluir que:

• A resposta mais freqüente, ‘concorda fortemente, moda igual a 5, e a

resposta ‘concorda’, mediana igual a 4, revelam que as empresas

sobreviventes aceitaram a afirmação de que ‘pesquisam usurários finais ao

menos uma vez ao ano para saber da qualidade dos produtos e serviços’.

Desta forma, pode-se concluir que a hipótese 2 também é verdadeira.

Hipótese 3: ‘As empresas com maior orientação para o mercado foram as sobreviventes’.

Analisando o nível de orientação para o mercado através da média ponderada, moda

e mediana, pode-se concluir que a hipótese 3 é verdadeira. O Gráfico 16 apresenta esses

resultados comparativos entre as empresas sobreviventes e não sobreviventes.

Page 99: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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Gráfico 16

Conforme se pôde observar no Gráfico 15, as empresas sobreviventes apresentaram

maior concordância com as afirmações que descrevem práticas de orientação para o

mercado, como sendo as regras ou normas de negócios adotadas em suas empresas. Essa

concordância é respaldada nos resultados da média ponderada (4,0), moda (5,0) e mediana

(4,0).

4.4 Resolução do Problema de Pesquisa

Mesmo o problema de pesquisa tendo sido resolvido, em parte, pelas demonstrações

dos resultados anteriores, a seguir será dada uma atenção especial ao assunto, através da

demonstração das respostas pertinentes à resolução da questão-problema.

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Questão-problema: ‘qual a intensidade da orientação para o mercado das

empresas incubadas na Incubadora de Empresas de Tecnologia de Software de

Uberlândia? Como a orientação para o mercado tem contribuído para a sobrevivência

dessas empresas?’

A intensidade de orientação para o mercado das empresas pesquisadas é apresentada

através da média ponderada, moda e mediana calculadas para todas as empresas incubadas,

conforme Gráfico 17 a seguir.

Gráfico 17

A intensidade média de orientação para o mercado das empresas incubadas na

INETEC, adotando a média ponderada com a principal medida de tendência central

Page 101: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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utilizada nesse trabalho, é de 3,7 em uma escala de até 5 pontos. Algumas considerações

podem ser feitas a esse respeito:

• média ponderada de 3,7, em um conjunto de dados que apresenta a moda

com pontuação máxima (5,0), indica que existe uma sensível orientação para

o mercado nas empresas que foram incubadas;

• O resultado médio de intensidade de OPM de 3,7, com moda de 5,0 para

todas as empresas, foi alcançado, principalmente, em função do nível de

OPM das empresas sobreviventes;

Com relação às contribuições da orientação para o mercado para a sobrevivência

das empresas incubadas, pode-se afirmar que a OPM:

• gera maior consciência sobre a importância de se considerar as necessidades dos

clientes na definição dos objetivos e estratégias do negócio, visto que foi

observado esse aspecto nas empresas que sobreviveram na INETEC;

• cria hábito de valorizar a informação sobre o mercado, o que torna as empresas

mais aptas a competir;

• incentiva a prática de compartilhamento de informações dentro da empresa –

coordenação interfuncional – à medida que as informações sobre o mercado

passa a ser de interesse de todos;

• proporciona maiores condições para tomadas de ação em função das

necessidades e desejos dos clientes, fazendo com que, inclusive, seja uma

organização mais responsiva às exigências do mercado, vide maioria das

empresas pesquisadas que apresentaram evidências de adaptação de seus

produtos ou serviços em função do cliente.

Page 102: O IMPACTO DA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO EM … · Elaborada por Carlos Henrique Viola e aprovada ... ANEXO IV - Escalas de Mensuração da ... Tabela 2 Confiança e validade das

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Desta forma, tendo sido respondidas todas as questões propostas por essa pesquisa,

a seguir serão apresentadas as considerações finais desse trabalho.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora não seja objetivo deste trabalho analisar a incubadora INETEC, mas as

empresas nela incubadas, deve-se notar que o apoio recebido por essas empresas para o

desenvolvimento de seus negócios, qual seja a própria assessoria na elaboração de planos

de negócio, contribuiu para que a taxa de sobrevivência das empresas incubadas fosse

acima da média do mercado brasileiro, confirmando os dados apresentados pelo

levantamento realizado pela ANPROTEC que demonstram que empresas que passaram por

incubadoras têm maiores chances de sobrevivência.

Como se pôde constatar nos resultados deste estudo, a orientação para o mercado -

OPM - ocasionou um impacto positivo nas empresas incubadas na INETEC, seja pela taxa

de sobrevivência geral ou pela constatação de que há uma correlação real e positiva de que

quanto maior o nível de OPM maior deverá ser o resultado em termos de conquista de

clientes e faturamento.

A principal contribuição deste trabalho foi a própria comprovação de que há uma

relação do nível de OPM com o desempenho das empresas, o que significa que o

instrumento deste estudo pode ser utilizado para monitorar o nível de OPM das empresas a

serem incubadas, como forma de contribuir para o aumento da taxa de sobrevivência das

empresas durante o processo de incubação. Assim, acredita-se que seja possível realizar os

ajustes nas práticas de inovação empreendedora dessas empresas antes mesmo de sua

graduação, momento a partir do qual elas deixam de ter o apoio da incubadora e conduzem

seus negócios por si só. Assim acredita-se que, com a orientação para o mercado, as

inovações empreendedoras possam se respaldar nas necessidades do mercado, aumentando

suas chances de sobrevivência.

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Como indicação para futuras investigações, sugere-se que este estudo seja ampliado

para empresas de outros setores, pertencentes ou não à incubadoras de empresas, para que

se possa verificar o impacto da OPM, tanto quanto a forma como ela poderá contribuir para

a sobrevivência dessas empresas que ainda apresentam taxas de mortalidade elevadas. A

escala deverá contribuir também para a obtenção de um diagnóstico, bem como para indicar

um caminho para melhoria e alcance de maiores chances de sobrevivência no mercado

atual altamente competitivo.

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ANEXO I

Escala de Deshpandé e Farley: Mensuração de Orientação para o Mercado

3. Escala para medição de orientação para mercado: Instruções: as afirmações que vou lhe dizer descrevem normas aplicadas em negócios. Por favor, indique seu grau de concordância sobre quão bem estas afirmações descrevem as normas atuais em sua empresa.

Discordo totalmente

Discordo Não discordo

e nem concordo

Concordo Concordo totalmente

1. Nossos objetivos de negócios são dirigidos prioritariamente pela satisfação do cliente.

1 2 3 4 5

2. Nós monitoramos constantemente nosso nível de compromisso e orientação para servir as necessidades dos clientes.

1 2 3 4 5

3. Nós comunicamos informação livremente sobre nossas experiências com clientes tanto bem como mal sucedidas, através de todas as funções do negócio.

1 2 3 4 5

4. Nossa estratégia para vantagem competitiva é baseada em nosso entendimento das necessidades do cliente.

1 2 3 4 5

5. Nós medimos satisfação do cliente sistematicamente e frequentemente.

1 2 3 4 5

6. Nós temos rotinas ou medidas regulares de serviço ao cliente. 1 2 3 4 5

7. Nós somos mais focados ao cliente do que nossos competidores.

1 2 3 4 5

8. Eu acredito que este negócio existe primariamente para servir aos clientes.

1 2 3 4 5

9. Nós pesquisamos usuários finais ao menos uma vez ao ano para saber da qualidade de nossos produtos e serviços.

1 2 3 4 5

10. Dados sobre satisfação do cliente são disseminados, regularmente, em todos os níveis da empresa.

1 2 3 4 5

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ANEXO II

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS: QUESTIONÁRIO Introdução: Sr(a) bom dia/tarde. Quem está falando é Carlos Henrique Viola, aluno de mestrado em administração da UFU. Conforme o comunicado da diretoria da SOFTEX às empresas incubadas na INETEC, no período de 2001 a 2004, estou entrando em contato com o Sr.(a) para realizar a pesquisa que servirá de subsídio para a minha dissertação de mestrado.

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Dis

cord

o

fort

emen

te

Dis

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o

Não

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o e

nem

con

cord

o

Con

cord

o

Con

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fort

emen

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2.1. Nossos objetivos de negócios são dirigidos prioritariamente pela satisfação docliente.

1 2 3 4 5

2.2 Nossa estratégia para obter vantagem competitiva é baseada em nossoentendimento das necessidades do cliente.

1 2 3 4 5

2.3 Nós somos mais focados ao cliente do que nossos concorrentes.1 2 3 4 5

2.4 Eu acredito que este negócio existe primeiramente para servir aos clientes.1 2 3 4 5

3.1 Nós monitoramos constantemente nosso nível de compromisso e orientação paraservir as necessidades dos clientes.

1 2 3 4 5

3.2 Nós medimos satisfação do cliente sistematicamente e frequentemente.1 2 3 4 5

3.3 Nós temos rotinas ou medidas regulares de serviço ao cliente.1 2 3 4 5

3.4 Nós pesquisamos usuários finais ao menos uma vez ao ano para saber daqualidade de nossos produtos e serviços.

1 2 3 4 5

4.1. Dados sobre satisfação do cliente são disseminados, regularmente, em todos osníveis da empresa.

1 2 3 4 5

4.2 Nós comunicamos as informações livremente sobre nossas experiências, bem emal sucedidas, com clientes através de todas as funções da empresa. 1 2 3 4 5

5.1 Quando descobrimos que clientes gostariam que modificássemos um produto ouserviço, os departamentos / funções competentes fazem os esforços corretivos paraatendê-los.

1 2 3 4 5

5 - Itens de Mensuração da Tomada de Ação

5.1.1 (Para respostas de 4 a 5) Dê exemplo em que as pesquisas ou outras fontes de informação resultaram em tomadas de ação para atender às necessidades dos clientes.

4.1.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:4.1.2 (Para respostas de 4 a 5) Quais canais de comunicação interna são utilizados pela empresa? Como é feita esta

4.2.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:4.2.2 (Para respostas de 4 a 5) Quais canais de comunicação externa são utilizados pela empresa? Como é feita esta comunicação?

3.4.2 (Para respostas de 4 a 5) Com qual freqüência a qualidade percebida dos produtos e serviços, perante os usuários finais, é a) Semanal ( ) b) Quinzenal ( ) c) Mensal ( ) d) Bimestral ( ) e) Trimestral ( )f) Semestral ( ) g) Anual ( ) h) Bianual ( )4 - Itens de Mensuração da Coordenação Interfuncional

f) Semestral ( ) g) Anual ( ) h) Bianual ( )

3.3.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:3.3.2 (Para respostas de 4 a 5) Quais são as rotinas ou medidas utilizadas pela empresa?

3.4.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:

3.1.2 (Para respostas de 4 a 5) Quais são os tipos de monitoramento utilizados e qual sua freqüência?

3.2.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:3.2.2 (Para respostas de 4 a 5) Com qual freqüência a satisfação do cliente é medida? a) Semanal ( ) b) Quinzenal ( ) c) Mensal ( ) d) Bimestral ( ) e) Trimestral ( )

2.3.2 (Para respostas de 4 a 5) O que sua empresa faz a mais do que os concorrentes?

2.4.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:3 - Itens de Mensuração da Importância da Informação

3.1.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:

2.2.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:2.2.2 (Para respostas de 4 a 5) O que é feito para que se entenda as necessidades do cliente?2.2.3 (Para respostas de 4 a 5) O que contém em suas estratégias que está atendendo às necessidades dos clientes?

2.3.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:

INSTRUÇÕES: as afirmações que vou lhe dizer descrevem normas aplicadas em negócios. Por favor, indique seu grau de concordância sobre quão bem estas afirmações descrevem as normas em sua empresa desde o período de incubação atéos dias de hoje.

2 - Itens de Mensuração da Ênfase no Cliente

2.1.1 (Para respostas de 1 a 3) Justifique:2.1.2 (Para respostas de 4 a 5) Quais são esses objetivos?

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5.1 Quando descobrimos que clientes gostariam que modificássemos um produto ouserviço, os departamentos / funções competentes fazem os esforços corretivos paraatendê-los.

1 2 3 4 5

5 - Itens de Mensuração da Tomada de Ação

5.1.1 (Para respostas de 4 a 5) Dê exemplo em que as pesquisas ou outras fontes de informação resultaram em tomadas de ação para atender às necessidades dos clientes.

Senhor(a), terminamos. Obrigado por disponibilizar seu tempo para participar desta pesquisa!

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ANEXO III

ESCALA DE CHECAGEM DE VALIDADE UTILIZADA NO ESTUDO DE

DESHPANDÉ E FARLEY (1998)

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ANEXO IV

ESCALAS DE MENSURAÇÃO DA VALIDADE PREDITIVA DA CORRELAÇÃO

ENTRE OPM E PERFORMANCE