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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 655 Setembro de 2008 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec A Revue Spirite há 140 anos ..... 15 Aiglon Fasolo .............................. 6 Celso Martins ............................. 11 Crônicas de Além-Mar .............. 12 De coração para coração ............. 4 David Oliveira ........................... 10 Divaldo responde ....................... 11 Editorial ....................................... 2 Édo Mariani ............................... 13 Emmanuel .................................... 2 Espiritismo para crianças .......... 14 Estudando as obras de André Luiz ............................ 10 Grandes Vultos do Espiritismo ... 7 Histórias que nos ensinam ........ 13 Joanna de Ângelis ....................... 2 José Viana Gonçalves ............... 12 Palestras, seminários e outros eventos ........................... 5 Ainda nesta edição Estreou o filme “Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito” Há 140 anos nascia Cairbar Schutel Cairbar Schutel, que foi cog- nominado O Bandeirante do Es- piritismo, nasceu em 22 de setem- bro de 1868, portanto, há 140 anos. Carioca de nascimento, destacou- se na vida pública e profissional no interior de São Paulo e foi o pri- meiro prefeito de Matão, cidade em que fundou o Centro Espírita Amantes da Pobreza, o jornal O Clarim e a Revista Internacional de Espiritismo, uma publicação de circulação e renome internacional. Este ano assinala também o aniversário de 70 anos de sua de- sencarnação, data que vai ser lem- brada pelos espiritistas de Matão em um grande evento marcado para o dia 21 de setembro, como o lei- tor pode conferir na pág. 5 desta edição. Pioneiro da divulgação espíri- ta pelo rádio e autor de obras im- portantes da literatura espírita, Cairbar é lembrado nesta edição em três artigos especiais que o lei- tor verá nas páginas 8, 9 e 13 do presente número. História do Médico dos Pobres é levada à tela do cinema Chico Xavier é também o Codificador? Teria Kardec voltado à exis- tência corpórea na pessoa de Chico Xavier? Para uns, a per- gunta em si já constitui um ab- surdo, dadas as diferenças de tem- peramento e de estilo que os mar- cam de forma indiscutível. Para outros, essa possibilidade existe, embora sejam poucos os que sa- bem que o Espírito de Allan Kar- dec comunicou-se em inúmeras oportunidades numa época em que Chico já havia nascido. O confrade Paulo da Silva Neto Sobrinho, radicado em Guanhães (MG), fez um minuci- oso estudo em torno do assunto, que o leitor poderá ler na presen- te edição, e concluiu que é muito difícil, e mesmo improvável, que Kardec pudesse manifestar-se tantas vezes e em diferentes am- bientes, caso estivesse reencarna- do na ocasião. O artigo de Paulo Neto não avança por outros caminhos que tornam difícil aceitar a tese de que se trata de um mesmo Espí- rito, mas sua contribuição ao de- bate é de grande valia a todos nós que nos interessamos pelo tema. Pág. 3 A pedra de toque do Espiritismo É conhecida no meio espíri- ta a frase de Erasto: “É preferí- vel repelir dez verdades a admi- tir uma única mentira”. No Bra- sil, é tradição considerar a obra de Kardec a base do Espiritismo. Para nos servir de uma expres- são muito usada por José Hercu- lano Pires, a obra kardequiana é, em matéria de Doutrina Espíri- ta, a pedra de toque. Editorial, pág. 2 Jornada Espírita Cairbar Schutel começa dia 7 Realiza-se em setembro na Comunhão Espírita Cristã de Lon- drina, na Rua Tadao Ohira, 555 – Jardim Perobal, mais uma Jorna- da Espírita Cairbar Schutel, com palestras aos domingos, às 9h da manhã, sobre vultos do Espiritis- mo. Eis a programação da Jornada: dia 7 de setembro – Vídeo sobre Eurípedes Barsanulfo (Dogomar Ferraz dos Santos); dia 14 de se- tembro – A médium Anita Borela de Oliveira (Astolfo O. de Olivei- ra Filho); dia 21 de setembro – O vulto espírita Hermínio Corrêa Miranda (Ilza Maria Lima Braga); e dia 28 de setembro – João Leão Pitta: o baluarte da divulgação es- pírita (Wilson Marconi). Pág. 5 A educação deve ser nossa prioridade Natural de São Paulo mas radicado no Rio de Janeiro há 30 anos, o educador Marcus Alberto De Mario (foto), em entrevista que o leitor lerá nesta edição, fala sobre seus livros e sua atuação na área da educação. Segundo Marcus De Maio, está faltando em nos- so meio “estudar mais Kar- dec, democratizar a gestão do Centro Espírita, humanizar as relações e erigir a educação como prioridade”. Pág. 16 O primeiro filme cearense passado no século XIX estreou no dia 29 de agosto último em Lon- drina e em 13 capitais brasileiras. Realizado com a mais avan- çada tecnologia digital e finaliza- do em 35mm, o longa-metragem “Bezerra de Menezes - O Diário de Um Espírito” apresenta uma tando Bezerra de Menezes, além de grande elenco cearense e a vá- rios nomes de destaque no teatro e na televisão brasileira, como Lúcio Mauro, Caio Blat, Paulo Goulart Filho e Ana Rosa (foto). Em Londrina o filme está em cartaz no Shopping Center Catuaí. Pág. 11 fiel reconstitui- ção de época e narra a história de Adolfo Be- zerra de Mene- zes, cognomina- do pelo povo simples do Rio de Janeiro “O Médico dos Po- bres”. O filme teve locações no Cea- rá, Pernambuco e Rio de Janeiro e conta com o talen- to do ator Carlos Vereza interpre-

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Page 1: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Para nos servir de uma expres-são muito usada por José Hercu-lano Pires, a obra kardequiana é, em matéria de Doutrina Espíri-ta, a pedra de

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 655 Setembro de 2008 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

A Revue Spirite há 140 anos ..... 15Aiglon Fasolo .............................. 6Celso Martins ............................. 11Crônicas de Além-Mar .............. 12De coração para coração ............. 4David Oliveira ........................... 10Divaldo responde ....................... 11Editorial ....................................... 2Édo Mariani ............................... 13Emmanuel .................................... 2Espiritismo para crianças .......... 14Estudando as obrasde André Luiz ............................ 10Grandes Vultos do Espiritismo ... 7Histórias que nos ensinam ........ 13Joanna de Ângelis ....................... 2José Viana Gonçalves ............... 12Palestras, semináriose outros eventos ........................... 5

Ainda nesta edição

Estreou o filme “Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito”Há 140 anos nasciaCairbar Schutel

Cairbar Schutel, que foi cog-nominado O Bandeirante do Es-piritismo, nasceu em 22 de setem-bro de 1868, portanto, há 140 anos.Carioca de nascimento, destacou-se na vida pública e profissionalno interior de São Paulo e foi o pri-meiro prefeito de Matão, cidadeem que fundou o Centro EspíritaAmantes da Pobreza, o jornal OClarim e a Revista Internacionalde Espiritismo, uma publicação decirculação e renome internacional.

Este ano assinala também o

aniversário de 70 anos de sua de-sencarnação, data que vai ser lem-brada pelos espiritistas de Matãoem um grande evento marcado parao dia 21 de setembro, como o lei-tor pode conferir na pág. 5 destaedição.

Pioneiro da divulgação espíri-ta pelo rádio e autor de obras im-portantes da literatura espírita,Cairbar é lembrado nesta ediçãoem três artigos especiais que o lei-tor verá nas páginas 8, 9 e 13 dopresente número.

História do Médico dos Pobresé levada à tela do cinema

Chico Xavier étambém o Codificador?Teria Kardec voltado à exis-

tência corpórea na pessoa deChico Xavier? Para uns, a per-gunta em si já constitui um ab-surdo, dadas as diferenças de tem-peramento e de estilo que os mar-cam de forma indiscutível. Paraoutros, essa possibilidade existe,embora sejam poucos os que sa-bem que o Espírito de Allan Kar-dec comunicou-se em inúmerasoportunidades numa época emque Chico já havia nascido.

O confrade Paulo da SilvaNeto Sobrinho, radicado emGuanhães (MG), fez um minuci-

oso estudo em torno do assunto,que o leitor poderá ler na presen-te edição, e concluiu que é muitodifícil, e mesmo improvável, queKardec pudesse manifestar-setantas vezes e em diferentes am-bientes, caso estivesse reencarna-do na ocasião.

O artigo de Paulo Neto nãoavança por outros caminhos quetornam difícil aceitar a tese deque se trata de um mesmo Espí-rito, mas sua contribuição ao de-bate é de grande valia a todos nósque nos interessamos pelo tema.Pág. 3

A pedra de toque do EspiritismoÉ conhecida no meio espíri-

ta a frase de Erasto: “É preferí-vel repelir dez verdades a admi-tir uma única mentira”. No Bra-

sil, é tradição considerar a obrade Kardec a base do Espiritismo.Para nos servir de uma expres-são muito usada por José Hercu-

lano Pires, a obra kardequiana é,em matéria de Doutrina Espíri-ta, a pedra de toque. Editorial,pág. 2

Jornada Espírita CairbarSchutel começa dia 7

Realiza-se em setembro naComunhão Espírita Cristã de Lon-drina, na Rua Tadao Ohira, 555 –Jardim Perobal, mais uma Jorna-da Espírita Cairbar Schutel, compalestras aos domingos, às 9h damanhã, sobre vultos do Espiritis-mo.

Eis a programação da Jornada:dia 7 de setembro – Vídeo sobre

Eurípedes Barsanulfo (DogomarFerraz dos Santos); dia 14 de se-tembro – A médium Anita Borelade Oliveira (Astolfo O. de Olivei-ra Filho); dia 21 de setembro – Ovulto espírita Hermínio CorrêaMiranda (Ilza Maria Lima Braga);e dia 28 de setembro – João LeãoPitta: o baluarte da divulgação es-pírita (Wilson Marconi). Pág. 5

A educação deveser nossa prioridade

Natural de São Paulo masradicado no Rio de Janeiro há30 anos, o educador MarcusAlberto De Mario (foto), ementrevista que o leitor leránesta edição, fala sobre seuslivros e sua atuação na áreada educação.

Segundo Marcus DeMaio, está faltando em nos-so meio “estudar mais Kar-dec, democratizar a gestão doCentro Espírita, humanizar asrelações e erigir a educaçãocomo prioridade”. Pág. 16

O primeiro filme cearensepassado no século XIX estreou nodia 29 de agosto último em Lon-drina e em 13 capitais brasileiras.

Realizado com a mais avan-çada tecnologia digital e finaliza-do em 35mm, o longa-metragem“Bezerra de Menezes - O Diáriode Um Espírito” apresenta uma

tando Bezerra de Menezes, alémde grande elenco cearense e a vá-rios nomes de destaque no teatroe na televisão brasileira, comoLúcio Mauro, Caio Blat, PauloGoulart Filho e Ana Rosa (foto).

Em Londrina o filme está emcartaz no Shopping CenterCatuaí. Pág. 11

fiel reconstitui-ção de época enarra a históriade Adolfo Be-zerra de Mene-zes, cognomina-do pelo povosimples do Riode Janeiro “O

Médico dos Po-bres”.

O filme tevelocações no Cea-rá, Pernambuco eRio de Janeiro econta com o talen-to do ator CarlosVereza interpre-

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O IMORTALPÁGINA 2 SETEMBRO/2008

EditorialEMMANUEL

Erasto é categórico: “é preferí-vel repelir dez verdades a admitiruma única mentira”. No Brasil, étradição considerar a obra de Kar-dec a base do Espiritismo. Para nosservir de uma expressão muito usa-da por José Herculano Pires, a obrakardequiana é a pedra de toque paratratar toda idéia pretensamente dou-trinária.

As metáforas “base” e “pedra detoque” são reveladoras. Tudo aquiloque for construído sobre as basesfundamentais da obra de Kardec fazparte do edifício doutrinário – é Dou-trina Espírita. A pedra de toque, porsua vez, é composta de jaspe, e quan-do friccionado um metal e este dei-xar uma marca característica que in-dique ouro, este metal é ouro. As-sim, toda doutrina erigida que esti-ver de acordo com a obra kardequi-ana é Doutrina Espírita.

As considerações precedentessugerem que a obra de Kardec é,realmente, o marco zero do Espiri-tismo. Isso, ao menos no Brasil, éfato sem discussão.

No entanto, assim entendidas ascoisas, surgem dois problemas aserem enfrentados pelo Movimen-to Espírita: o radicalismo e os as-suntos não tratados por Kardec, es-pecialmente os suscitados peloavanço da ciência.

Por radicalismo, entendemos oposicionamento de muitos espíritasque se baseiam no apego à letra dopensamento kardequiano em detri-mento dos avanços da Doutrina comrelação a assuntos não tratados por

O prazer legítimo decorre doamor pleno, gerador da felicidade,enquanto o comum é devorador deenergias e de formação angustiante.

O amor atravessa diferentes fa-ses: o infantil, que tem caráter pos-sessivo, o juvenil, que se expressapela insegurança, o maduro, paci-

O homem de meditação encon-trará pensamen-tos divinos, anali-sando o passado e o futuro.

Ver-se-á colocado entre duaseternidades — a dos dias que seforam e a que lhe acena do porvir.

Examinando os tesouros dopresente, descobri-rá suas oportu-nidades preciosas.

No futuro, antevê a bendita luzda imortalidade, enquanto que nopretérito se localizam as trevas daignorância, dos erros praticados, dasexperiências mal vividas. Esmaga-dora maioria de personalidades hu-manas não possui outra paisagem,com respeito ao passado próximoou remoto, senão essa constituídade ruína e desencanto, competindo-as a revalorizar os recursos em mão.

A vida humana, pois, apesar detransitória, é a chama que vos co-loca em contacto com o serviço deque necessitais para a ascensão jus-ta. Nesse aben-çoado ensejo, é pos-sível resgatar, corrigir, aprender,ganhar, conquistar, reunir, recon-ciliar e enriquecer-se no Senhor.

A pedra de toqueKardec e dos desenvolvimentos quefizeram autores surgidos posterior-mente ao Codificador, encarnadose desencarnados. Muitas vezes, oposicionamento radical restringe aspossibilidades interpretativas e re-jeita como não doutrinária toda aná-lise baseada em fontes que não se-jam a Codificação.

É interessante notar que aque-les que se apegam à letra muitasvezes não reconhecem que a obrakardequiana e o ensino dos Espíri-tos Superiores, como o próprio Co-dificador propôs, são progressivos.

O caráter progressivo da Dou-trina Espírita é facilmente visívelquando Kardec trata de um mesmoassunto em épocas diferentes. Al-gumas vezes o Codificador mudasuas considerações, como no casoda possessão, que foi tratada de for-ma diferente em diferentes obras,sem que Kardec modificasse, mes-mo em nota, o texto primitivo cons-tante de obras republicadas.

Se em pouco mais de uma dé-cada do período kardequiano a Dou-trina Espírita se modificou, por queo excessivo apego à letra da obrada Codificação? É certo que as ba-ses doutrinárias não se alteraram,mas elas constituem tão-somenteisso, ou seja, a base do edifício, umedifício com fundações sólidas, masainda em construção. O que noscompete é achar os meios de cons-truirmos uma obra segura e de acor-do com seus fundamentos.

Desse modo, fica-nos uma dú-vida: Como lidar com os temas não

tratados pelo Codificador, como,por exemplo, o transplante de ór-gãos, a manipulação genética e oestudo das células-tronco embrio-nárias?

Aí o caso é delicado, porquemexe com o posicionamento segun-do o qual a base kardequiana é apedra de toque. Dizemos isso por-que, se tudo aquilo que não é erigidosobre a base não é Doutrina Espíri-ta, onde estão as bases para tratardesses assuntos sem que se recorraa outros autores?

Kardec, muito judiciosamente,considerou o avanço da ciência esugeriu que a cada vinte e cincoanos se fizesse o cotejo daquilo quefoi tratado pela Doutrina com aqui-lo que foi positivado pela ciência,e, onde houvesse discrepância, seprocedesse aos ajustes necessários.

É preciso, pois, que se tenha cla-ro quais são as bases doutrináriasinvioláveis. E, certamente, essasnão dizem respeito a assuntos cien-tíficos de per se, mas se encontramno ensinamento moral e naquilo queKardec chamou de Ciência Espíri-ta, que trata da relação dos homenscom os Espíritos.

Em face disso, como Jesus jápropusera a seu tempo, é necessá-rio que o joio e trigo cresçam paraque se realize a ceifa discriminató-ria. O trigo, no entanto, já está pron-to para a colheita, visto que a Dou-trina Espírita já atingiu a maturida-de e não é difícil, à vista dos seusprincípios, verificar o que é joio e,por isso, deve ser descartado.

Um minuto com Joanna de Ângelisficador, que se entrega sem reser-vas e faz-se plenificador.

Há um período em que se ex-pressa como compensação, na faseintermediária entre a insegurança ea plenificação, quando dá e recebe,procurando liberar-se da consciên-cia de culpa.

Valei-vos da luz

Refleti na observação do Mes-tre e apreender-lhe-eis o luminososentido. Andai enquanto tendes aluz, disse Ele.

Aproveitai a dádiva de temporecebida, no tra-balho edificante.

Afastai-vos da condição infe-rior, adquirindo mais alto entendi-mento.

Sem os característicos de me-lhoria e aprimora-mento no ato demarcha, sereis dominados pelastre-vas, isto é, anulareis vossaoportunidade santa, tor-nando aosimpulsos menos dignos e regres-sando, em seguida à morte do cor-po, ao mesmo sítio de som-bras,de onde emergistes para vencernovos degraus na sublime monta-nha da vida.

JOANNA DE ÂNGELIS, men-tora espiritual de Divaldo P. Fran-co, é autora, entre outros livros, deAmor, imbatível amor, do qual foiextraído o texto acima.

O estado de prazer difere daque-le de plenitude, em razão de o pri-meiro ser fugaz, enquanto o segun-do é permanente, mesmo que sob ainjunção de relativas aflições e pro-blemas-desafios que podem e de-vem ser vencidos.

Somente o amor real conseguedistingui-los e os pode unir quandose apresentem esporádicos.

A ambição, a posse, a inquietaçãogeradora de insegurança — ciúme,incerteza, ansiedade afetiva, cobran-çade carinhos e atenções —, a necessi-dade de ser ama-do caracterizam oestágio do amor infantil, obsessivo,dominador, que pensa exclusivamen-te em si antes que no ser amado.

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EMMANUEL, que foi o men-tor espiritual de Francisco Cândi-do Xavier e coordenador da obramediúnica do saudoso médium mi-neiro, é autor, entre outros livros,de “Pão Nosso”, do qual foi ex-traído o texto acima.

“Andai enquanto tendes a luz, para que astrevas não vos apanhem.” — Jesus.(João, capítulo 12, versículo 35.)

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O IMORTALSETEMBRO/2008 PÁGINA 3

Volta e meia esse tema, polê-mico por sinal, é comentado nomeio Espírita. Livros a favor datese ou contra ela estão à dispo-sição dos que se interessam peloassunto. Podemos até tratá-lacomo uma possibilidade; mas,para defini-la, é necessário resol-ver dois pontos:

1 – que o espírito de uma pes-soa viva possa manifestar-se;

2 – que, em se manifestando,dadas as condições necessáriaspara isso, o espírito encarnadopossa assumir a personalidadeanterior que lhe é atribuída.

Bom, o primeiro ponto, naverdade, já está resolvido, pois opróprio Kardec narra, na RevistaEspírita, casos de manifestação depessoas vivas. Na do ano 1860, p.ex., há muitos exemplos notáveisde evocação de pessoas vivas;porém, para que isso ocorra, énecessário que o encarnado nãose encontre em estado de vigília,conforme nos explicou o codifi-cador (KARDEC, 2001, p. 138).

Em março de 1860, publicao artigo “Estudo sobre os espíri-tos de pessoas vivas”, no qual sereporta à evocação do Dr. Vignal,para estudo desses casos (p. 81-88). Provavelmente o resultadoé o que consta no Livro dos Mé-diuns, Cap. XXV – Das evoca-ções, item 284 - Evocação daspessoas vivas, do qual transcre-vemos estas questões:

38ª Pode evocar-se o Espíri-to de uma pessoa viva?

“Pode-se, visto que se podeevocar um Espírito encarnado. OEspírito de um vivo também pode,

PAULO DA SILVA NETOSOBRINHO

[email protected] Guanhães, MG

em seus momen-tos de liberdade,se apresentar semser evocado; istodepende da sim-patia que tenhapelas pessoascom quem se co-munica.”

39ª Em queestado se acha ocorpo da pessoacujo Espírito éevocado?

“Dorme, oucochila; é quan-do o Espírito estálivre.”

43ª É absolu-tamente impossível evocar-se oEspírito de uma pessoa acordada?

“Ainda que difícil, não é abso-lutamente impossível, porquanto,se a evocação produz efeito, podedar-se que a pessoa adormeça; mas,o Espírito não pode comunicar-se,como Espírito, senão nos momen-tos em que a sua presença não énecessária à atividade inteligentedo corpo.” (KARDEC, 2007, p.384-392).

Assim, podemos dizer que écerta a possibilidade da manifesta-ção de um espírito encarnado; en-tretanto, haverá uma condição paraque isso aconteça, qual seja a deestar numa situação em que a pre-sença do espírito não esteja sendonecessária à atividade inteligentedo corpo físico.

Em relação ao segundo ponto,vemos essa informação:

45ª Evocado o Espírito de umapessoa viva, responde ele comoEspírito, ou com as idéias que temno estado de vigília?

“Isso depende da sua elevação;porém, sempre julga com maisponderação e tem menos prejuízos,

Kardec reencarnou como Chico Xavier?

exatamente como os sonâmbulos;é um estado quase semelhante.”(KARDEC, 2007, p. 387-388).

A situação aqui é do espíritoevocado, não diz nada sobre a sualivre manifestação. E o fato de res-ponder como Espírito não quer di-zer que assuma a sua personalida-de anterior. Concluímos, portanto,que não temos informações segu-ras para afirmar que isso possaacontecer.

Tudo o que estamos colocandotem razão de ser, pois há manifes-tações do espírito de Kardec namesma época que Chico estavaencarnado. O que nos levaria a crerque, nesse caso, teria havido a ma-nifestação de um espírito de pes-soa viva.

Eduardo Carvalho Monteiro,em Allan Kardec (o druida reen-carnado), narra o seguinte:

Na obra O Gênio Céltico e oMundo invisível do mestre LéonDenis, só há pouco tempo disponí-vel ao público brasileiro, o autor re-produziu uma série de mensagens doEspírito de Allan Kardec que, emverdade, escreveu a parte final de O

Gênio Céltico. Madame Baumard,esta que o acompanhou nos últimosanos de vida como sua secretária,assim descreveu o processo criativodo grande escritor: “Durante os anosde 1926-1927, Denis manteve cons-tantes contatos com o invisível. O in-teresse de Allan Kardec para com aobra em elaboração era “intenso”:apresentava-se a cada quinze dias ese encarregou, por ditado mediúnico,da parte final do livro” (MONTEI-RO, 1996, p. 74).

O biógrafo André Moreil, emVida e Obra de Allan Kardec, afir-ma: “Na segunda-feira da Páscoade 1910, no centro “Esperança” deLião, por intermédio da Srta.Bernadette em estado de sonambu-lismo, Allan Kardec manifestou-separa agradecer ao que fora até en-tão o seu único biógrafo, o espíritaHenri Sausse” (MOREIL, 1986, p.174). Conforme nos informaGarcia “a Páscoa de 1910 coinci-de exatamente com o retorno aocorpo físico do Espírito que hojeconhecemos por Chico Xavier.Como se sabe, Chico nasceu em 2de abril de 1910.” (GARCIA,

É bem pouco provável que o Espírito de Allan Kardec, se reencarnado como Chico Xavier, pudesse manifestar-se tantas vezes, como diversosautores e estudiosos registraram; eis aí o primeiro desafio a ser vencido pelos que advogam a tese de que eles sejam o mesmo Espírito

1999, p. 141). Assim, essa mani-festação já seria de um espíritode um vivo. Nesse autor tambémencontramos:

Os registros de comunicaçõesdadas por Kardec já na condiçãode Espírito fora do corpo físiconão ficam apenas no período ime-diatamente posterior à sua desen-carnação. Avançamos no tempo euma dessas mensagens merecedestaque, apesar de ser bem co-nhecida dos estudiosos. Foidirigida ao extraordinário filóso-fo Léon Denis no ano de 1925(mais uma vez, anote o leitor adata), contendo um veemente ape-lo de Kardec para que compare-cesse ao congresso espiritualistadaquele ano, em virtude da impor-tância do evento para o Espiritis-mo. [...] (GARGIA, 1999, p. 143).

De fato, em Herculano Piresse confirma isso:

Em 1925, quando se reuniuem Paris o Congresso Espiritua-lista Internacional, o próprio Kar-dec, através de comunicaçõesmediúnicas teve de forçar LéonDenis, já velho e cego, a sair deTours, na província, para defen-der o Espiritismo dos enxertosque lhe pretendiam fazer os re-presentantes de várias tendênci-as, como a aceitação ingênua deilustres mas desprevenidos mili-tantes espíritas. [...]”. (PIRES,1978, p. 13-14).

Informa-nos também Garciaque Wantuil e Thiesen reproduzem,ainda, na mesma obra [Allan Kar-dec], uma mensagem transmitidapor Kardec no dia 14 de junho de1979, no Grupo Espírita Ismael, doRio de Janeiro. A íntegra do docu-mento aparece ao final do volumeIII, fechando a biografia. (GAR-CIA, 1999, p. 146). (Continua napág. 10 desta edição.)

Chico Xavier, o maior médium da história Kardec, o codificador do Espiritismo

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O IMORTALPÁGINA 4 SETEMBRO/2008

De coração para coração

É bom lembrar sempre que, ex-cetuado o caso do abortamento pra-ticado para salvar a vida da gestan-te, a Doutrina Espírita considera oaborto um crime contra a vida, oqual é severamente punido pelasLeis de Deus.

Assunto do momento, pergun-ta-se se igual entendimento aplica-se à prática do aborto nos casos deanencefalia, um tema que, por ra-zões óbvias, não chegou a ser trata-do nas obras do Codificador daDoutrina Espírita.

Os especialistas espíritas encar-nados e desencarnados, conquantoKardec não haja examinado o assun-to, entendem que continua em plenovigor o entendimento espírita, con-sagrado em O Livro dos Espíritos eacima exposto, de que só é admissívelo aborto realizado para salvar a vidada gestante posta em perigo com acontinuidade da gravidez.

Vários motivos embasam essepensamento.

Primeiro: Não existe gravidezpor acaso, da mesma forma que nãobasta a uma mulher querer engra-vidar para que a gravidez ocorra. A

vinda de um Espírito à existênciacorporal, ainda que por poucas ho-ras, faz parte de um programa re-encarnatório minucioso.

Segundo: As mutilações orgâni-cas de nascença têm sua causa ematos praticados no passado, obvia-mente em outras existências. Se al-guém atenta contra o próprio cére-bro, ensina Emmanuel, necessitarápara refazê-lo de, no mínimo, duasexistências corporais. “Quando per-petramos determinado delito e ins-talamos a culpa em nós, engendra-mos o caos adentro da própria almae, regressando à Vida Maior, após adesencarnação, envolvidos na som-bra do processo culposo, natural-mente padecemos em nós mesmosos resultados dos próprios atos infe-lizes”, eis o que Chico Xavier, sob ainspiração do seu mentor e guia, de-clarou na noite de 7 de maio de 1974em sessão solene da Assembléia Le-gislativa do Estado de Goiás, comoo leitor pode verificar na obra ChicoXavier em Goiânia, publicada pelaGEEM Editora. O Espírito que seencontra ligado ao organismo defei-tuoso já se achava assim, com muti-

lações semelhantes, na vida espiri-tual. A reencarnação constitui, então,para ele uma oportunidade de repa-ração, que fica evidentemente inter-rompida com o abortamento.

Terceiro: Diz Joanna de Ânge-lis, em seu livro Alerta, cap. 22, quena maioria dos casos de aborto a

expulsão do corpo em formação demodo nenhum interrompe as liga-ções Espírito-a-Espírito, entre agestante e o filho rejeitado. Em facedisso, sem compreender a ocorrên-cia, ou percebendo-a em desespe-ro, o ser espiritual expulso agarra-se às matrizes orgânicas e terminapor lesar a aparelhagem genital,dando gênese a doenças de etiologiacomplicada, sem falar nos casos deobsessão daí decorrentes.

Os argumentos pró-aborto emcasos tais, além de não terem o am-paro da Lei brasileira, que só o ad-mite em duas hipóteses, são – em-bora compreensíveis – impregnadosde forte conteúdo materialista.

Um equívoco freqüente no to-cante à anencefalia é imaginar que acriança vá nascer e morrer em segui-da. Há, no entanto, casos inúmerosem que o indivíduo, embora sem océrebro inteiramente formado, vivepor vários anos, o que implica dizerque ninguém sabe exatamente – in-clusive os médicos – o que vai acon-tecer depois do parto. O que não ofe-

É válido o aborto nos casos de anencefalia?

Pílulas gramaticaisQuando alguém se refere aos

ganhadores do Prêmio Nobel, háquem pronuncie a palavra Nobelcomo se fosse paroxítona (Nóbel),o que constitui um erro porque essevocábulo é oxítono e como tal deveser pronunciado: Nobél.

Se nos referirmos a mais deum prêmio, diremos: prêmiosNobel. Caso o plural seja aplica-do ao vocábulo Nobel, não há dú-vida em dizer: Nobéis.

É correto, portanto, esta cons-trução: - Foram entregues ontemos Nobéis de física, de química ede economia.

A razão disso é que, de acordo

com o Formulário Ortográfico vigenteno País, os nomes próprios seguemas mesmas normas aplicáveis aos no-mes comuns e por isso têm plural.

Diremos então: os Armandos,os Josés, os Luíses, as Franciscas,os Maias, os Andradas, os Nobéis,os Silvas.

Se o nome próprio é compos-to, o plural recairá no segundo vo-cábulo: os Almeida Prados, os Sil-va Jardins, os Nascimento Silvas.

Se os vocábulos que formam onome próprio forem ligados pelapreposição “de”, o plural recairásobre o primeiro: os Monteiros deCarvalho, os Castros de Lima.

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO - [email protected] Londrina

O Espiritismo respondeO leitor Gilberto Pinheiro, do

Rio de Janeiro, aludindo ao livroExilados de Capela, de EdgardArmond, diz que até hoje nenhumplaneta foi encontrado no sistema daestrela Capela, que seria constituí-do de nove formações estelares queapresentam um comportamentoorbital que inviabiliza a existênciade planetas. Questiona, então, o re-lato contido no citado livro, segun-do o qual Espíritos teriam sido en-viados para a Terra procedentes deum planeta situado naquele sistema.

O tema planetas habitados temsido bastante discutido nos últimostempos e dele tratamos também,não faz muito.

Repetimos então o que temosdito, ou seja, que as informações re-

lacionadas com as condições de vidae com a natureza dos habitantes dosdiferentes planetas não constituemassunto pertinente à Doutrina Espí-rita, visto que lhes faltam o critérioda universalidade do ensino e a pos-sibilidade de comprovação.

Sabemos bem que, no âmbito daCiência, as opiniões relativas à exis-tência ou não de vida em outros pla-netas são divergentes. Devemos en-tender, pois, como opiniões pesso-ais o que a respeito disso tem sidodito pelos Espíritos. No caso deCapela, Edgard Armond apenas dis-sertou acerca de uma revelação fei-ta por Emmanuel no livro A Cami-nho da Luz, psicografado por Fran-cisco Cândido Xavier. Trata-se, por-tanto, de uma informação singular

que o tempo confirmará ou não.O consenso universal, ou seja,

a concordância entre as várias co-municações obtidas por meio demédiuns diversos em diferentes lu-gares, é um dos critérios que defi-nem se determinado ensinamentode natureza mediúnica faz parte ounão da Doutrina Espírita. Em OEvangelho segundo o Espiritismo,Introdução, item II, Kardec tratacom clareza desse assunto.

Registre-se, porém, que a plu-ralidade dos mundos habitados e oprocesso de migração de Espíritosentre os diversos planetas fazemparte do arcabouço da DoutrinaEspírita e nenhum autor sério, en-carnado ou desencarnado, contes-tou até hoje esse entendimento.

rece dúvida é o fato de que, durantea gestação, existe no ventre da ges-tante um ser vivo, com característi-cas próprias, e não um simples apên-dice do corpo da gestante.

Alega-se, também, que. aindaque a criança anencéfala venha a vi-ver algum tempo, terá ela tão-somen-te vida vegetativa. Ora, muitas pes-soas vitimadas por acidentes auto-mobilísticos e mesmo por derramespassam também a ter somente vidavegetativa. Iremos então, por causadisso, exterminá-las? Não é exata-mente esse o móvel da eutanásia?

É fácil, portanto, compreenderque a admissão do aborto nas con-dições citadas constitui um passolargo para a admissão legal do cha-mado aborto eugênico, cuja finali-dade seria atender a outros casos demalformação fetal, como algunsmédicos já têm proposto, com am-paro, aqui e ali, por liminares con-cedidas pela Justiça brasileira. Daíà legalização da eutanásia, como sedeu na Holanda, o passo é bem maiscurto do que imaginam as pessoas.

Neste livro, Joanna fala sobre asconseqüências do aborto

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O IMORTALSETEMBRO/2008 PÁGINA 5

Palestras, seminários e outros eventos– Será realizado nos próximos dias 11e 12 de outubro o 2º Encontro Estadu-al de Evangelizadores. O evento ocor-rerá na sede da Federação Espírita doParaná, localizada na Alameda Cabral,300, sob a direção de Sandra BorbaPereira. Mais informações podem serobtidas com a direção do Departamen-to de Infância e Juventude de cadaUnião Regional Espírita.

Foz do Iguaçu – Está programadopara o dia 6 de setembro a VIII Fei-ra Cultural Espírita, evento promo-vido pelo Departamento da Infânciae Juventude (DIJ) do Centro Espíri-ta Os Mensageiros (CEOM). A Fei-ra abordará o tema “A Gênese – 140anos” e será realizada das 14h às18h, na Rua Padre Montoya, 454,Centro. Durante o evento haveráapresentações feitas pelos ciclos deinfância, juventude e grupos de es-tudo, reunindo trabalhadores espíri-tas da região, além do público geral.Mais informações podem ser obtidascom Célia, diretora do DIJ, pelo te-lefone (45) 9929-4260.

Londrina – Realiza-se em setembrona Comunhão Espírita Cristã de Lon-drina, na Rua Tadao Ohira, 555 – Jar-dim Perobal, mais uma Jornada Es-pírita Cairbar Schutel, com pales-tras aos domingos, às 9h da manhã,sobre vultos do Espiritismo. Eis aprogramação: dia 7 de setembro –Vídeo sobre Eurípedes Barsanulfo(Dogomar Ferraz dos Santos); dia 14de setembro – A médium Anita Bo-rela de Oliveira (Astolfo O. de Oli-veira Filho); dia 21 de setembro – Ovulto espírita Hermínio CorrêaMiranda (Ilza Maria Lima Braga); edia 28 de setembro – João Leão Pitta:o baluarte da divulgação espírita(Wilson Marconi).– Realiza-se no próximo domingo, dia7 de setembro, mais uma reunião doCírculo de Leitura Anita Borela deOliveira, desta vez na residência deMarinei Ferreira Rezende, quando seráestudado o romance “O silêncio dosdomingos”, de Lígia Barbieri.

Toledo – O médium e orador espíritaRaul Teixeira realizou uma conferên-cia na cidade no dia 28 de agosto últi-mo. O evento, que foi presenciado porgrande público, realizou-se no TeatroMunicipal de Toledo.

Eventos no ParanáCambé – O ciclo de palestras promo-vido mensalmente pelo Centro Espí-rita Allan Kardec, às quartas-feiras, às20h30, apresenta em setembro os se-guintes palestrantes: dia 3, Cilene DiasSoares; dia 10, Maria Eloíza Ferreira;dia 17, Marcelo Seneda, e dia 24, JoséGonçalves de Oliveira.

Cascavel – O médium e orador espíritaRaul Teixeira realizou uma conferência naúltima sexta-feira, dia 29 de agosto, no An-fiteatro da Faculdade Assis Gurgacz(FAG). Ontem, dia 30, à tarde, ele tam-bém coordenou o V ENCORAJE – En-contro Regional de Amigos Jovens Espí-ritas, que reuniu dezenas de jovens comidades entre 14 a 25 anos de idade.

Curitiba – Foi realizado no dia 29 deagosto último o seminário “O Contex-to Atual da Assistência Social e asPrestações de Contas”, no auditório daSede Histórica da FEP. O expositor foio Dr. Euclides Machado, ex-Conse-lheiro do CNAS e Diretor-Presidenteda BM-Consultoria - Porto Alegre-RS.– Realizou-se no dia 31 de agosto, das 9hàs 12h, o 3º Seminário sobre o Sesquicen-tenário da Revista Espírita: 1858 – 2008.A exposição foi feita por Cosme Massi,no Teatro da FEP, localizado na Alame-da Cabral, 300, com entrada franca. – O Departamento da Infância e Juventu-de da URE Metropolitana Leste realizano dia 31 de agosto o II Encontro de Evan-gelizadores, que focalizou o tema “Desen-volvimento da Autonomia Moral da Cri-ança”. O evento reuniu evangelizadores,pais e trabalhadores espíritas que discuti-ram assuntos ligados à criança: implica-ções para a moralidade; fases do desen-volvimento moral; questões práticas so-bre limites; agressividade infantil, entreoutros. O seminário contou com a coor-denação do psicólogo educacional Mar-cos Alan Viana e foi realizado das 14h30às 19h, no Centro Espírita Semeador daVerdade, localizado na Rua Antônio OlívioRodrigues, 252, Capão da Imbuia. Infor-mações pelo telefone (41) 9953-5386.

Eventos em outrasregiões do Brasil

Brasília – O longa-metragem “Bezer-ra de Menezes: o Diário de Um Espí-rito”, dirigido pelos cineastas cearen-ses Glauber Filho e Joe Pimentel, ten-do em seu elenco nomes como CarlosVereza – que interpreta o papel prin-cipal, Lúcio Mauro e Ana Rosa, foilançado no último dia 29 de agosto nassalas de cinema de todo o Brasil. Es-pera-se a mobilização dos espíritas nosentido de apoiar a iniciativa de se le-var para as telas um tema como a vidado grande missionário espírita. Amanutenção do filme em cartaz depen-derá do afluxo de pessoas nos três pri-meiros dias de exibição. – No dia 10 de setembro, a partir das15h, está programada a Marcha Na-cional da Cidadania pela Vida – Bra-sil Sem Aborto, em frente àEsplanada dos Ministérios, emBrasília. Será um marco importan-te entre as mobilizações para se evi-tar a aprovação da proposta de lega-lização do aborto que tramita na Câ-mara dos Deputados. A FEB parti-cipa da direção do Movimento Na-cional da Cidadania – Brasil SemAborto e tem editado livros, opús-culos e folhetos dentro das Campa-nhas “Em Defesa da Vida”, “Viverem Família” e “Construamos a PazPromovendo o Bem”. Informações:[email protected]/.

São Paulo – O Instituto Espírita deEstudos Filosóficos iniciou no dia 22de agosto o curso “A filosofia de LéonDenis”, que será ministrado às sextas-feiras, das 18h às 19h pelo professorWalter Barreto, estudioso de LéonDenis há mais de 20 anos. O curso,com duração de três meses, abordaráo trabalho descritivo de Denis, comanálise comparativa com a Codifica-ção kardequiana. As aulas acontecemna Instituição Beneficente Nosso Lar,na Vila Mariana, em São Paulo. In-formações: Fones: 2263-8681 – 2215-2522 e www.institutodeestudosfilosoficos.com/.– Está sendo apresentada aqui a peça“Getúlio Vargas em dois mundos” ba-seada no livro da médium Wanda A.Canutti, ditado pelo espírito de Eçade Queirós e adaptada por RubenEspinoza. A peça é dirigida porMaurycio Madruga e é encenada noEspaço Cultural Juca Chaves, sem-

pre aos sábados e domingos, às 18h. O Espaço Cultural fica na R. João Ca-choeira, 899, Itaim Bibi, dentro doHipermercado Extra Itaim e tem es-tacionamento gratuito. Mais infor-mações pelo telefone (11)30730044ou pelo site www.espaçoculturaljucachaves.com.br/.

Matão (SP) – Realiza-se em setem-bro o 28º Mês Espírita Cairbar Schu-tel, que apresentará a seguinte progra-mação: dia 6, às 20h: palestra deElizeu Florentino da Mota Junior so-bre “Sexualidade e Espiritismo”; dia13, às 20h: palestra de Otaciro Rangeldo Nascimento sobre “Oração”; dia14, às 9h, seminário com OtaciroRangel do Nascimento sobre “Origemdo Universo”; dia 20, às 20h, palestrade Richard Simonetti sobre “Pena deTalião e o Amor”; dia 27, às 20h, pa-lestra de Lea Canucci Fazam sobre“Espiritismo e Educação”.– A programação do Mês Espírita éda Comunidade Espírita, que nesteano fará uma homenagem especial aCairbar Schutel pela passagem de 70anos de sua desencarnação, organi-zada pela USE Intermunicipal deMatão, no dia 21, domingo, quandofalarão várias pessoas lembrando ca-pítulos da obra do fundador da Re-vista Internacional de Espiritismo.Haverá também depoimentos de pes-soas contemporâneas de Cairbar, oca-sião em que um dos convidados a fa-lar é nosso confrade Hugo Gonçal-ves, diretor deste jornal.

Votuporanga (SP) – O Centro Espí-rita Humberto de Campos realizará seu15º Encontro Regional das MocidadesEspíritas, evento que acontecerá nosdias 13 e 14 de setembro de 2008. Nosábado à noite (dia 13) será realizadouma peça teatral com o tema “A Im-prudência do Jovem”. Maisinformações pelo fone (17) 3422-4738ou pelo e-mail: [email protected].

Niterói – No dia 6 de setembro, sába-do, das 16 às 19h30, será realizado oIX Encontro Fluminense da DoutrinaEspírita com o Direito. A programa-ção prevista é a seguinte: Liberdade,Igualdade e Fraternidade – Reflexõessobre um direito fraterno por JoaquimMentor Junior; A Lei Maria da Penhacontra a violência no lar – uma leituraespírita por Marcelo Castro Anatocles

da Silva Ferreira; O Princípio daIgualdade – uma visão jurídica e es-pírita por Fabio de Souza Silva e umapalestra com tema livre proferida porValdemar Zveiter. O evento aconte-ce na sede do Instituto Espírita Be-zerra de Menezes que fica na Rua Cel.Gomes Machado, nº 140, 5º andar,Centro.

Florianópolis – Será realizado nosdias 6 e 7 de setembro de 2008 o 8ºEncontro Estadual na Área da Mediu-nidade, com a Equipe do Projeto Ma-noel Philomeno de Miranda. Local:Hotel Cambirela, Av. Max Schramm,2.179, no Bairro Estreito - Florianó-polis (SC). Palestrantes: Nilo Cala-zans, José Ferraz e João Neves. Ins-crições e informações sobre hospeda-gens: www.fec.org.br e tel. (48) 32235367 e (47) 9987 6011.

Salvador – Em setembro será ence-nada a peça “O dia em que os caipi-ras acordaram n’outro mundo” que oNúcleo de Arte Cornélio Pires, daCasa de Oração Bezerra de Menezes(Cobem), vai apresentar em parceriacom a federativa. A comédia relataa chegada de nove caipiras à espiri-tualidade, onde são acolhidos por umespírito, também caipira, dotado degrande bondade e sabedoria. A tôni-ca do espetáculo é o aprendizado so-bre conquistas internas a respeito deamor, caridade, bondade, perdão, to-lerância, etc. O texto é de Nádia Oli-veira e tem direção de Jorge Lyrio. Inspirado nos livros “Antologia doMais Além”, de Jorge Rizzini e nasobras do espírito Cornélio Pires o es-petáculo promete agradar a todos. Oelenco é formado por Cássia Reis,Cibele Souza, Eurípedes Fraga, Fá-tima Souza, Iraci Reis, Leila Dantas,Nelson Júnior, Roberto Dantas,Tassiane Rabelo e Vítor Gally.

Guarajuba (BA) – No período de 5 a7 de setembro ocorrerá o ENCON-TRO FRATERNO COM DIVALDOFRANCO, no Hotel Vila Galé Marés-Resort, Spa e Conference Hotel, naPraia de Guarajuba-Bahia. Toda aprogramação do encontro já foidelineada e há poucas vagas. Infor-mações pelos telefones: (71)3409.8320 e 3393.8933 e celu-lar 9191.2884 e 8155.5509 – e-mail:[email protected]/.

O Encontro Estadual deEvangelizadores será em outubro

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O IMORTALPÁGINA 6 SETEMBRO/2008

Domingos de Gusmão, o primeiroinquisidor – A Ordem dos Pregadores(latim: Ordo Prædicatorum, O. P.), tam-bém conhecida por Ordem dos Domini-canos ou Ordem Dominicana, é uma or-dem religiosa católica que tem como ob-jetivo a pregação da mensagem de JesusCristo e a conversão ao cristianismo. Foifundada em Toulouse, França, no ano de1216 por Domingos de Gusmão, sacer-dote castelhano (atual Espanha), o qualera originário de Caleruega.

Os dominicanos não são monges,mas sim religiosos: realizam voto depobreza, castidade e obediência. Vivemem comunidade, que se designam porconventos e não como abadias ou mos-teiros. Os seus conventos são tradicio-nalmente junto das cidades.

Domingos de Gusmão nasceu emCaleruega, Castela, tendo cedo descober-to a sua vocação religiosa. Estudou emTolosa e tornou-se cônego no Cabido deOsma. O seu bispo Diego foi enviado àDinamarca a negociar o casamento de umaprincesa com o filho do rei e Domingosacompanhou-o. No regresso, ao passarempelo sul de França depararam-se com umcenário de verdadeira guerra civil,provocada pela grande influência das he-resias dos albigenses e cátaros em toda azona designada como Languedoc. Demo-rando-se pela região, os dois descobriramque a pregação e esforços dos legados doPapa Inocêncio III enviados para tentardemover as heresias e levar as populaçõesnovamente para o seio da Igreja não re-sultavam. Tal devia-se ao fato de aquelesenviados se apresentarem com todas assuas honras, mordomias e autoridade facea heréticos que pregavam e viviam umavida de simplicidade, informalismo e cujasteorias advogavam um cristianismo base-ado na humildade e vida comunitária.

Domingos e Diego envolveram-se napregação, utilizando as mesmas técnicas

dos heréticos: despidos de qualquer sinalde autoridade, falando uma linguagem quetodos compreendiam, disputando debatespúblicos, em praças, igrejas, e mesmo ta-bernas. O seu sucesso foi imediato. Con-venceram os legados papais e alguns mon-ges beneditinos a segui-los nos seus mé-todos e durante algum tempo prossegui-ram a sua ação pregadora. Diego, comobispo teve, no entanto de regressar à suaDiocese falecendo pouco depois.

Surge a Ordem dos Pregadores –Domingos viu-se em pouco tempo prati-camente sozinho na sua missão, percor-rendo toda a região durante alguns anos, aqual se viu assolada pela guerra, em vir-tude de uma cruzada ter sido lançada peloPapa, com o apoio do rei de França quepretendia conquistar a região e derrubaros senhores feudais locais, apoiantes dasheresias por estas defenderem o fim da ins-tituição eclesial e como tal deixarem deinterferir nos seus poderes.

Em 1206, Domingos consegue queum grupo de mulheres convertidas da he-resia se constituam como comunidade, en-contrando uma casa onde se estabeleceme apóiam a missão da «santa pregação, navila de Prouille. Foi a primeira fundaçãoda do que viria a ser a Ordem dos Prega-dores. Domingos prossegue com a suamissão e em 1216 tem um pequeno grupode 16 seguidores, para os quais solicita,em Roma, a aprovação de uma Regra paraa constituição de uma nova ordem monás-tica. Mas o Papa, limitado pela decisãodo recente Concílio de Latrão que proibiua aprovação de novas ordens, pretenden-do de qualquer forma apoiar o projeto deDomingos, sugere que adotem a regra deSanto Agostinho, o que este fazem.

Assim, em 1216 é aprovada oficial-mente a constituição da Ordem dos Pre-gadores, uma ordem de religiosos intei-ramente dedicados à missão da prega-ção, função até então exclusivamente re-servada aos bispos.

Nesse mesmo ano, e face a um gru-po ainda em formação, Domingos deci-de dispersar essa pequena comunidade.

AIGLON FASOLOaiglon@nêmora.com.br

De Londrina

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

Uns são enviados para a Universidade deParis, de modo a adquirirem competên-cias de ensino, uma vez que o estudo será,para todo o sempre um elemento funda-mental da ordem dominicana. Outros sãoenviados para Espanha, Itália, Inglater-ra, Polônia a fim de fundarem novas co-munidades e exercerem a pregação nosmoldes originais de Domingos.

A Ordem cresce e surgem centenasde conventos – Em 1221, em Bolonha,realiza-se o primeiro Capítulo Geral da Or-dem, na qual são aprovadas as primeiraregras de funcionamento, estabelecendo-se como a primeira ordem de cariz demo-crático, uma vez que para o desempenhode todos os cargos, do mais alto (Mestregeral) ao mais pequeno, sempre se exigea respectiva eleição. Acresce ainda umaforma dupla de governo: Capítulo, isto éassembléias em que estão presentes os res-ponsáveis hierárquicos - Províncias, po-dendo aprovar as medidas que entende-rem. Sendo que o capítulo geral seguinteé formado por representantes eleitos dosconventos, isto é, das «bases», com iguaispoderes. E todas as medidas aprovadasapenas entram em vigor com a aprovaçãoconsecutiva de 3 capítulos gerais. Dessaforma, pretendia-se evitar «precipitações»e dar tempo a alterações de pormenor quetornassem as medidas, quando em funci-onamento, já depuradas de imperfeiçõese devidamente testadas.

Logo na década seguinte, 1230, a Or-dem teve uns crescimentos exponenciais,contando com centenas de conventos es-palhados por toda a Europa e com mi-lhares de membros. A razão de tal suces-so derivava de vários fatores. Por umlado, as velhas formas medievais estavamem desuso e decadência, fruto sobretu-do, de uma crescente estabilidade políti-ca que permitia o desenvolvimento dascidades, do comércio e da cultura.

A ordem nasceu sob o signo da Verda-de (Veritas, em latim), isto é o estudo, areflexão e a pregação da verdade reveladapor Jesus Cristo e pela Igreja. Daí que nãosurpreenda que inúmeros membros da or-dem se tenham tornado famosos teólogos,escritores e pregadores. A sua atividade deensino e da busca e disputa intelectual, ti-veram como fruto grande pensadores, einúmeras contribuições para a história daEuropa e do mundo. Mas esse mesmo ca-ráter, quando foi assumido de formadogmática, e sob o signo da autoridade, foiinstrumentalizado, sobretudo pelo poderpolítico para o recorrente recrutamento defrades dominicanos para assistência e dire-ção do Tribunal do Santo Ofício, ou Inqui-sição. (Continua no próximo número.)

Sobre a evolução das religiões, oucomo Kardec chegou ao Espiritismo

(Parte 31)

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O IMORTALSETEMBRO/2008 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Cornélio Pires

Cornélio Pires nasceu na ci-dade de Tietê, Estado de São Pau-lo, no dia 13 de julho de 1884, esua desencarnação aconteceu nacidade de S. Paulo, no dia 17 defevereiro de 1958.

Natural da cidade de Tietê(SP), escritor, folclorista, jornalis-

ta, poeta e cantador, foi com Cor-nélio que a música sertaneja pas-sou a ser encarada sob o ponto devista profissional.

Pelos idos de 1910, CornélioPires lançou o livro Musa Caipira,obra que foi largamente saudadapela crítica, graças ao seu conteú-do tipicamente brasileiro. Ambici-onando cursar a Faculdade de Far-mácia, deslocou-se de Tietê para acidade de São Paulo, a fim de pres-tar concurso de admissão. Não ten-do obtido sucesso em seu intento,conseguiu empregar-se na redação

do jornal O Comércio de São Pau-lo. Posteriormente trabalhou no jor-nal O Estado de S. Paulo, onde de-sempenhou a função de revisor. Apartir de 1914, passou a trabalharno periódico O Pirralho.

Dedicou-se ao jornalismo, de-senvolvendo um aprendizado bas-tante estafante. No mesmo ano, cer-to de que a representação de narra-tivas humorísticas era sua verdadei-ra vocação, Cornélio Pires abando-nou o jornalismo e resolveu abra-çar a carreira artística.

Viajando pelo Estado de São

Paulo e depois por todo o Brasil,Cornélio começou a organizar es-petáculos pelo interior de São Pau-lo, para divulgar a arte caipira eapresentar artistas sertanejos: eramas conferências Cornélio Pires.

No início do século 20, Corné-lio Pires começou a freqüentar aIgreja Presbiteriana. Não conseguiu,no entanto, conciliar os ensinamen-tos dessa religião com o seu modode pensar. Ele não admitia a exis-tência das penas eternas e de umDeus que desse preferência aos se-guidores de determinadas religiões.O demasiado apego aos formalismosda letra, na interpretação dos textosevangélicos, fez com que ele quasedescambasse para o materialismo.

Nessa época ele desconhecia oque era Espiritismo, entretanto, du-rante as suas viagens ao interior,aconteceram com ele vários fenô-menos mediúnicos, inclusive algu-mas comunicações do Espírito deEmilio de Menezes, as quais muitoo impressionaram. Como conseqü-ência disso ele passou a estudarobras espíritas, principalmente asde Allan Kardec, Léon Denis,Albert de Rochas e alguns livrospsicografados pelo médium Fran-cisco Cândido Xavier.

Dali por diante integrou-se de-cididamente no Espiritismo, inte-ressando-se muito pelos fenômenosde efeitos físicos.

Nos anos de 1944 a 1947 escre-veu os livros Coisas do Outro Mun-do e Onde estás, ó morte?, este últi-mo apresentando fotografias de Es-píritos materializados. E desencarnouquando escrevia Coletânea Espírita.

Num de dos seus escritos sobre oEspiritismo, disse ele: “O Espiritis-mo, mais cedo ou mais tarde, fará aoscatólicos romanos, aos protestantese aos adeptos de outros credos, a ca-ridade de robustecer-lhes a Fé, comos fatos que provam a imortalidade

da Alma, que se transforma em Es-pírito ao deixar o invólucro mate-rial”. E mais adiante: “O Espiritis-mo nos proporciona a FÉ RACIO-CINADA, nos arrebata ao jugo dodogma e nos ensina a compreen-der DEUS como Ele é”.

Cornélio produziu dois filmes,ou melhor, dois documentários.Em outubro de 1929, compôs emtorno de 90 músicas, lançou 5 dis-cos, com tiragem de cinco mil cadam, totalizando dessa forma 25 milunidades. Escreveu também maisde vinte livros.

Pouco antes de sua desencar-nação, Cornélio Pires, demons-trando que havia assimilado opreceito de Jesus Cristo: “Ama aopróximo como a ti mesmo”, vol-tou para a cidade do Tietê e alicomprou uma chácara, onde fun-dou a “Granja de Jesus”, lar des-tinado a crianças desamparadas.Infelizmente, por haver desencar-nado pouco depois, não chegoua ver a conclusão da obra.

Cornélio Pires organizou o“Teatro Ambulante Cornélio Pi-res”, perambulando de cidade emcidade, sendo aplaudido por todaa população brasileira por ondepassava. Esse intento foi concre-tizado após ter abandonado a car-reira jornalística.

Cornélio Pires faleceu em vir-tude de um câncer na laringe, em17 de fevereiro de 1958, e a elese deve a abertura do caminhopara os programas de música ser-taneja nas rádios de nosso país.

Uma vez no plano espiritual,Cornélio prosseguiu compondopoemas magistrais por meio, so-bretudo, do médium FranciscoCândido Xavier, que dele psico-grafou o livro Retratos da Vida,do qual reproduzimos ao ladouma magnífica lição em versossobre a obsessão.

Você procura saberPrezada Rita Simão,

Qual a melhor das receitasNa cura da obsessão.

Como sucede à doençaQue ataca sob disfarceObsessão quando surge

Tem os meios de ocultar-se.Muitas vítimas preferem

Engano, fuga, prazer,Há quem se largue na sombra

E deixa a sombra correr...

A história, no entanto, é esta:O espírito obsessorÉ sempre alguém

que nos pedeEnsino, perdão e amor.

Alguém que pensa conosco,Que fala por nossa voz,

Que caminha em nosso passo,Que vive em nós e por nós,

Sempre alguém que nos atraiSeja no bem ou no mal,

Que nos partilha depois,A vida espiritual.

Refletindo no problema,Considero, em torno disso:

Cura de obsessãoQue a cura da obsessãoTem a base no serviço.

Sabe você: ódio, inveja,Paixão, impulso violento,

Hábito, rixa, aversãoComeçam no pensamento.

Observe e notaráNas lutas do dia-a-dia,Sugestão de obsessorVem pela hora vazia.

Tempo recorda a moeda,Roga caminho direito

Precisamos de equilíbrioPara usá-lo com proveito.

Pessoa de tempo vago,Sem manejá-lo no bem,Dá pasto a muita ilusão,

Ouvindo o que não convém.

Quem sofra com tentaçõesAtenda, em linhas gerais,

A trabalho e mais trabalho,Lidando e servindo mais.

Obsessor quando vêA melhoria na gente,Passa logo a refletir,

Tornando-se diferente.

É isso aí!... A entidadeQue nos perturba ou complica

Converte-se para o bemPelo bem que se edifica.

Se a questão é com vocêNão se atrase, minha irmã,

Tarefa marcada hojeNão deixe para amanhã.

Trabalhe. Não permaneçaCozinhando a alma ferida,Trabalho renova a mente,

A mente conduz a vida.

Estude. Não esmoreça,Modifique a própria estrada,

Obsessor não agüentaNossa vida transformada.

Continue no auxílio aos outros,Creia, esforce-se, não tema,

Na essência, temos aquiA solução do problema:

A cura da obsessãoNa reforma se processa,Mas pessoa que trabalha

Sara sempre mais depressa.

Do livro Retratos da Vida, ditado pelo Espírito de Cornélio Pires, psicografado pelo médium FranciscoCândido Xavier.

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Cairbar Schutel, o homem cordial, o amigo dos pobres e dos enfermos

O sentimento e a sabedoria -assevera Emmanuel - são as duasasas com que a alma se elevarápara a perfeição infinita. No cír-culo acanhado do orbe terrestre,eles são classificados como adi-antamento moral e adiantamen-to intelectual, ambos igualmen-te imprescindíveis ao progresso.(O Consolador, questão 204.).

Como Cairbar Schutel se en-quadra na definição citada?

No tocante à área do senti-mento – ou do adiantamentomoral – ninguém que acompanhao Movimento Espírita pode ig-norar a estatura moral de Cair-bar Schutel, o homem cordial, oamigo dos pobres e dos enfer-mos, a quem curava não somen-te as mazelas do corpo, mas asenfermidades da alma.

Amante da natureza, é conhe-cido o amor que Cairbar nutria pe-los animais. Nhonhô, o gato quefora sacrificado por Cairbar apósuma briga, olhava-o atentamentequando Cairbar escrevia.

Cabrito, seu último cavalo,aposentado por Cairbar quandocomprou seu primeiro carro, re-cebia tanto carinho do dono que,momentos antes de morrer, veiodespedir-se do protetor e amigo.

Os cães Rolf e Leão, dois es-pécimes dinamarqueses, senta-vam-se à mesa e eram servidosem primeiro lugar por seu dono.Rolf, aliás, adorava pastéis eovos cozidos, embora sua prefe-rência fosse mesmo sorvete. Egostava também de passear de

carro nas visitas que Cairbar fa-zia aos doentes, ocasião em que,sentado no banco traseiro, pare-cia um fidalgo.

Na assistência aos obsidiadose aos enfermos de toda ordem quechegavam a Matão, o zelo de Cair-bar chegava a ponto de levá-lospara a sua própria casa, onde cons-truíra alguns quartos nos fundosdo terreno, exatamente para po-der acolhê-los e assisti-los.

No tocante à área da sabedo-ria – ou do adiantamento intelec-tual – existe uma faceta da obrade Cairbar que tem sido poucoenfatizada pelos biógrafos.

Evidentemente, ninguém des-conhece o trabalho do Cairbar-jor-nalista, fundador d’O Clarim e daRevista Internacional de Espiritis-mo e pioneiro da divulgação es-pírita por intermédio do rádio; doCairbar-orador e polemista vi-brante; do Cairbar-escritor, autorde 17 livros dentre os quais quempoderia ignorar “Parábolas e En-sinos de Jesus”, “Vida e Atos dosApóstolos”, “O Espírito do Cris-tianismo”, “Espiritismo para ascrianças” e tantos outros indispen-sáveis aos que pretendem ter umasólida formação espírita? A listacompleta dos 17 livros de Cair-bar figura na última página de“Médiuns e Mediunidade”.

Pouco se fala, porém, da pro-fundidade e mesmo do pioneiris-mo com que Cairbar examinouvários assuntos relacionados coma prática da mediunidade e as con-dições da vida no Outro Mundo,algo que era confinado a poucaspessoas antes da eclosão, na dé-cada de 40, da Série Nosso Lar.Como se sabe, Cairbar desencar-nou em janeiro de 1938.

O confrade Antenor de Sou-za, recentemente falecido, dizque em 1944, quando foi lançadaa 1a edição do livro Nosso Lar,de André Luiz, muitos confradesde relevo deste país, comoLeopoldo Machado, tiveram mui-tas dúvidas pertinentes a aspec-tos da vida espiritual que lhespareceram, naquele momento,algo absolutamente inédito na li-teratura espírita, embora CairbarSchutel já houvesse tratado doassunto 12 anos antes.

Eis na seqüência algunsexemplos do que acabamos de re-latar.

Observações pertinentesà prática mediúnica

Do livro “Médiuns e Mediu-nidade”:

Sobre a influência do meiona reunião mediúnica – As co-municações com os Espíritos exi-gem muito recato, muito respei-to, muita civilidade e muito reco-lhimento. O meio exerce açãoconsiderável para o bom êxito dassessões. Jesus estava acompanha-do de três apóstolos no episódiodo monte Tabor. Em Betsaida(Marcos, 8:22), ele conduziu ocego fora da aldeia antes de curá-lo. Fato idêntico ocorreu com ohomem surdo e gago, que Jesustirou da multidão e atendeu à par-te (Marcos, 7:32), e com a filhade Jairo (Mateus, 9:18). (Médiunse Mediunidade, pp. 73 e 74.)

Apelo à privacidade das ses-sões mediúnicas – As sessõespráticas devem ser privativas,com número reduzido de assisten-tes convencionados e assíduos,

porque elementos estranhos pre-judicam o resultado dos trabalhos.Não se concebe, pois, a realiza-ção de sessões mediúnicas públi-cas, com portas abertas, semcircunspecção e critério exigidospara a prática mediúnica. (Obracitada, pp. 53 e 72.)

Deveres que competem aosmédiuns – Primeiramente, estu-dar, porque o estudo preparatóriodos médiuns é indispensável aoexercício da mediunidade. Osmédiuns necessitam ter, ainda,muita persistência, muita paciên-cia, muita perseverança nas reu-niões e nos estudos, para melhorse relacionarem com o mundo in-visível. (Obra citada, pp. 75 e 76.)

Uma advertência pertinenteao diálogo com os desencarna-dos – Convém deixar o Espíritocomunicante falar. (Obra citada,p. 53.)

O recinto das sessões medi-únicas – As sessões requerem umambiente de semi-obscuridade ouiluminado com uma lâmpada ver-melha com luz fraca. (Obra cita-

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da, p. 51.) (N.R.: Ver Novo Tesou-ro da Juventude, vol. 1, pág. 167.)

Descrição sobre a vidano Outro Mundo

Do livro “A Vida no OutroMundo”:

Os diversos planos do Mun-do Espiritual – Há no OutroMundo diversos planos de exis-tência, e não poderia ser de outromodo, porque os Espíritos, reves-tidos de seu corpo espiritual, nãopodem viver num meio que nãoesteja de acordo com suavestimenta espiritual, que vibrasempre ao ritmo da elevação decada um, em sabedoria e morali-dade. Uma região isenta de oxi-gênio seria hostil a Espíritos ain-da necessitados de oxigênio. Oscírculos que envolvem a Terra sediferenciam pela fluidez da ma-téria que os compõe. (A Vida noOutro Mundo, pp. 82, 83, 85 e107.)

Semelhanças entre o nossoplano e o plano espiritual – Oprimeiro plano do Mundo Espiri-tual é bem parecido com o planoterráqueo. Pode-se dizer que onosso plano aqui na Terra é umacópia materializada desse plano,o que explica a existência ali dehabitações semelhantes às nossas.(Obra citada, pp. 87 a 89.)

As obras e os estudiosos quetratam do assunto – Mais de umlivro ou autor fala sobre a exis-tência de cidades, casas, hospitais,templos e palácios no Outro Mun-do. Conan Doyle menciona emseu livro “História do Espiritis-mo” vários casos, a exemplo desir Oliver Lodge, Carl du Prel,

Swedenborg, Winifred Moyes eLilian Walbrook. (Obra citada, pp.54, 56, 57, 78, 92, 95, 96, 97, 102e 103.)

Os alimentos no plano espi-ritual – Nas mensagens transcri-tas por Conan Doyle, além da re-ferência à existência de casas lin-das e flores, um dos comunicantesfala do alimento utilizado no pla-no em que vivia, o qual não separece com o nosso porque é mui-to mais agradável e delicado.(Obra citada, pp. 95 a 97.)

O que Swedenborg revelou– Nas obras do grande videntesueco faz-se menção a casas, tem-plos, salões, palácios. As criançassão bem recebidas no Outro Mun-do, sejam ou não batizadas, e alielas crescem cuidadas por mulhe-res jovens, até que lhes apareçamsuas mães verdadeiras. (Obra ci-tada, pp. 98 a 100.)

Como é o trabalho no planoespiritual – Extraída do livro “OCaso de Lester Coltman”, deLilian Walbrook, eis parte da men-sagem dada por Coltman: “Meutrabalho continua aqui como seiniciou na Terra, ou seja, no terre-no científico. Para progredir emmeus estudos, visito freqüente-mente um laboratório, onde en-contro facilidades tão completascomo extraordinárias para a rea-lização de experiências. Tenhocasa própria, verdadeiramentebela, com uma grande biblioteca,na qual existe toda a classe de li-vros de consulta: históricos, cien-tíficos, de Medicina, e de todos osgêneros da Literatura. Para nós,estes livros são tão interessantescomo para vós, os da Terra. Te-nho uma sala de música com todaa sorte de instrumentos. Tenho

quadros de rara beleza e móveisde gosto apurado.” Na seqüência,Lester Coltman refere-se a umapaisagem extraordinariamentebela que ele podia descortinar desuas janelas e diz haver ali mag-níficas escolas para instrução dosEspíritos de crianças. (Obra cita-da, pp. 93 a 95.)

O destino do homem além damorte – Eis o que Cairbar escre-veu sobre o destino das criaturashumanas: “O túmulo não é o pon-to final da existência. Nosso des-tino é grandioso. Existem mundosde luz, onde reina a verdade; mun-dos que serão nossas futuras mo-radas! Assim como o progressocaracteriza perfeitamente a evo-lução gradativa do nosso planeta,que será um dia paraíso terrenal,assim também essa Lei inflexível,que rege os mundos que se balou-çam no Éter, nos prepara mora-das felizes, dispersas na Casa deDeus, que é o Cosmo infinito.

“Tenhamos fé e estudemos!Ignoramos? Progridamos! Por-que do estudo e da pesquisa vema verdade que esclarece a inteli-gência, e, desta, a evolução espi-ritual, que nos guinda às alturas,para compreendermos as coisasdo Espírito, coisas que Deus re-serva para todos os que procuramcrescer no Seu conhecimento e naSua graça. Que as luzes da cari-dade, que vamos conquistando,nos ilumine toda a Ciência, todaa Religião, toda a Filosofia, parapodermos, com justos títulos,observar as magnificências doUniverso e cientificar-nos daimortalidade e da Eternidade daVida.” (“A Vida no Outro Mun-do”, de Cairbar Schutel, 5a edi-ção, 1978, pág. 126.)

ASTOLFO O. DEOLIVEIRA [email protected]

De Londrina

Cairbar Schutel

Aquele que foi cognomina-do O Bandeirante do Espiritis-mo nasceu em 22 de setembrode 1868, portanto, há 140 anos,no Rio de Janeiro. Depois depassagens por Itápolis ePiracicaba, fixou-se em Matão,tornando-se seu primeiro Pre-feito, e fundou em 15 de julhode 1905 o Centro EspíritaAmantes da Pobreza; em 15 deagosto de 1905 fundou o jor-nal O Clarim; posteriormente,em 1925, a Revista Internaci-onal de Espiritismo, tradicio-nais publicações de circulaçãointernacional.

Schutel foi pioneiro da divul-gação espírita pelo rádio, alémde suas iniciativas humanitáriasem favor da coletividade que,bem antes de tornar-se espírita,falam bem da grandeza de seucoração. Amava e socorria ospobres, amparando-os material eespiritualmente, estendendo suaatenção até mesmo para com osanimais.

Foi na vivência espírita, to-davia, que sua personalidademostrou-se ainda mais grandio-sa. Seus exemplos de amor aopróximo e de dedicação ao estu-do e divulgação do Espiritismosensibilizaram o país e ultrapas-saram as fronteiras do territórionacional. Escreveu inúmeros li-vros, entre eles o notável Pará-bolas e Ensinos de Jesus, que

destaca – como indica o própriotítulo – os ensinos do Mestre daHumanidade.

No mesmo ano em que se co-memoram os 140 anos de funda-ção da Revista Espírita e da Soci-edade Parisiense de Estudos Es-píritas, por Allan Kardec, tambémse alcança a mesma quantidade deanos do nascimento de Cairbar deSouza Schutel.

Seu trabalho, todavia, conti-nua. Embora sua desencarnaçãotenha ocorrido antes de comple-tar 70 anos, no dia 30 de janeirode 1938, é interessante porquetambém vivemos o mesmo anoem que se comemora os 70 anosde sua desencarnação. Sua edito-ra continuou através das décadas,apesar de todas as dificuldades en-contradas, e continua ativa, dis-tribuindo luzes através de suaspublicações mensais e livros quecontinua a editar.

E não é só. Através dos mé-diuns Chico e Divaldo, nossoSchutel trouxe também sua firme-za doutrinária e o estímulo em pá-ginas conhecidas e instrutivas. E,atualmente, é conhecida sua atu-ação em favor da expansão dopensamento espírita.

Exemplo notável de dedica-ção, de persistência, de confiançana vida, de lucidez na importân-cia do pensamento espírita em fa-vor do equilíbrio e da serenidadehumana. Inspiração que devenortear os passos de todos aque-les que nos dedicamos à lideran-ça e à divulgação espírita pelapalavra ou pela escrita, especial-mente agora que os modernos re-

cursos da tecnologia se fazem tãopresentes.

Notemos, para encerrar, oque ele escreveu em um de seuslivros:

“(...) Os que têm o dom dapalavra, falem, façam pales-tras públicas, conferências; osque têm o de escrever, escre-vam; e os que não podem co-ordenar idéias, copiem escritosdoutrinários insertos nas obrasespíritas e leiam por ocasiãodas reuniões, que devem ser emdias determinados e de portasabertas, com entrada franca.Não podemos compreender aatitude de Centros Espíritasque resumem seus deveres noexercício de uma ou duas ses-sões por semana, entre meiadúzia de pessoas. ‘A luz nãodeve ficar sob o alqueire’, épreciso que seja posta novelador”.

Concorda o leitor? A transcri-ção é parcial e consta do livroMédiuns e Mediunidades, assi-nado por Cairbar Schutel e edi-tado pela Casa Editora O Clarim.Uma página esquecida, constan-te do capítulo Os Deveres dePropaganda, às páginas 93 e 94da 10a edição de julho de 2001.

Em homenagem ao exemploinspirador de Cairbar, será reali-zado, em promoção da USEMatão, em evento programadopara o dia 21 de setembro de2008, domingo, reunindo as ins-tituições espíritas no EncontroCairbar Schutel, que visa come-morar os 140 anos do Bandeiran-te do Espiritismo.

140 anos de Cairbar SchutelORSON PETER

[email protected]

De Matão, SP

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O IMORTALPÁGINA 10 SETEMBRO/2008

Desde a antiguidade é constantea busca do homem pelas razões desua vida e o seu destino através dostempos até a eternidade. Quem so-mos? Por que vivemos? De onde vi-emos? Para onde vamos? Existe vidaapós a morte? Há, ainda, em plenoséculo XXI, aqueles que querem nosesconder as verdades a respeito dasquestões fundamentais de nossa vida,aqueles que sobrevivem da ignorân-cia dos homens, e repudiam toda for-ma de pesquisa e de busca das nos-sas verdades essenciais.

Chamam a essa busca e ao escla-recimento dessas questões de “ocultis-mo”, Ora se há algo desconhecido quese pretende esclarecer enquanto outrosquerem impedir o esclarecimento, per-gunta-se onde está o ocultismo? Nãoseria em quem pretende impedir as re-velações, os esclarecimentos?

É natural que as pessoas tenhammedo de enfrentar as questões rela-tivas ao destino das almas, afinal issorepresenta enfrentar um assunto tido

historicamente como tenebroso – amorte. Mas isso assim tem sido por-que a morte sempre foi nos apresen-tada como o “fim extremo”, enquan-to possuímos em nós o instinto depreservação e o amor à vida. Por issotudo o que passa pelo evento da mor-te nos é mais fácil evitar. Mas seráque não seria mais fácil para todosencarar o “monstro” da morte se ti-véssemos a certeza, a prova definiti-va, de que ela é apenas uma mudan-ça? De que a nossa vida seguirá oseu curso imediatamente após o “des-ligamento” do corpo carnal? Seráque não é mais fácil aceitarmos e vi-vermos as provas da vida se as com-preendêssemos os porquês e apren-dêssemos porque viemos para a vidanas condições em que estamos?

O sentimento e a crença na vidaeterna têm estado presente no seioda humanidade em todos os tempose esse é o sentido de todas as religi-ões, mas será as pessoas aceitam defato, em suas consciências, que fica-riam milhões de anos “dormindo” es-perando o juízo final? Será que osprimeiros seres da humanidade quehabitaram a terra estão dormindo?

Porque muitos têm tanto medo quese desvendem o mistério da vida apósa morte do corpo? Simples: a infor-mação e o esclarecimento despertamas consciências e geram independên-cia e libertação.

Não podemos continuar tratandoa origem e o destino de nossas vi-das, como se fossem coisas de me-nor importância, como descreve opróprio Allan Kardec, codificador daDoutrina Espírita sobre o início desuas pesquisas:

“Assisti a alguns ensaios de es-crita mediúnica em uma ardósia, con-tando-se com o auxílio de uma cesta.Minhas idéias longe estavam de te-rem sofrido modificação, mas no quesucedia devia haver uma causa. Per-cebi, debaixo dessas aparentes futili-dades e a espécie de brincadeira quese fazia com esses fenômenos, algode sério e como que a revelação deuma nova lei, que a mim mesmo pro-meti investigar mais a fundo.”

“Aí foi que iniciei os meus estu-dos sérios em Espiritismo. Sujeitei aessa nova ciência, como o fazia a tudo,ao método da experimentação; jamaisformulei teorias preconcebidas; obser-

vava acuradamente, comparava, tira-va conseqüências; procurava pelosefeitos atingir as causas através dadedução pelo encadeamento lógico dosfatos, não aceitando como válida umaexplicação, a não ser quando ela pos-sa resolver as dificuldades da questão...Percebi nesses fenômenos a chave doproblema tão obscuro e tão discutidodo passado e do futuro, a solução queem toda a minha vida andara procu-rando; em uma palavra, era uma totalreviravolta nas idéias e nas crenças.”

Outro aspecto importante queprecisa ser observado é sobre a ques-tão da possibilidade de comunicaçãocom os nossos irmãos desencarna-dos, ou como comumente se diz: comos “mortos”. Ao mesmo tempo emque dizem que é impossível tal co-municação pois eles estariam “dor-mindo”, algumas pessoas afirmamque tais fenômenos são proibidos eque não se deve acreditar no que osmortos dizem. Ora, desde cedo mepergunto: se é impossível, não é ne-cessário proibir. Só se pode proibiro que é possível, logo em proibindojá estão admitindo a possibilidade.

A mais enfática proibição referidapelas religiões veio de Moisés ao seupovo, quando da fuga do Egito. Narealidade Moisés proibiu as evocaçõesnão as comunicações. Em outra opor-tunidade trataremos especificamente

Somos nós espíritos imortais?DAVID OLIVEIRA

[email protected] Ibiporã, PR

desse assunto. Lembremos, por ora,que Moisés, juntamente com Elias, sé-culos depois de “mortos” reuniram-separa uma conversa com Jesus no monteTabor à presença de Pedro, João eTiago, na mais esplêndida manifesta-ção de “espíritos desencarnados” nar-rada pelo Evangelho do Cristo..

Por outro lado, quanto ao fato deacreditar ou não nas mensagens dedesencarnados, devemos lembrar queaqueles são pessoas, seres humanoscomo nós, entre os quais existem sá-bios e ignorantes, sinceros e menti-rosos, mais ou menos bons confor-me o nível moral em que se encon-tram, alguns, como nossos “Anjos deguarda” aptos e dispostos a nos aju-dar, enquanto outros, atormentadose sofredores precisando de ajuda. Porisso disse o Apóstolo Paulo: “Nãoacrediteis em todos os espíritos, masprovai se são de Deus. ..”

Não foi diferente as impressõesde Kardec logo ao iniciar as pesqui-sas sobre os fenômenos:

“Das primeiras conclusões deminhas observações foi constatar queos Espíritos, sendo apenas a alma doshomens, não possuíam nem a sobe-rana sabedoria, nem a soberana ci-ência; seu saber era adstrito ao graude sua evolução; e que a opinião queemitissem tinha apenas o valor deuma opinião pessoal...”

Estudando as obrasde André Luiz

Difícil esquecer aquele precio-so momento aos pés do MonteTabor, quando Jesus afasta um es-pírito que subjugava um jovem,espírito este resistente à ação deseus discípulos que, inconforma-dos, questionaram a ausência depoder naquela hora. A resposta deJesus deixaria um ensinamentopara a posteridade: “Para certa cas-ta de espíritos é necessário muitojejum e oração”.

No livro “No Mundo Maior”,vamos encontrar cena semelhante.André aceitara o convite de Calde-raro para visitar um enfermo, en-carnado, em determinado hospitalda Terra, vítima de profunda obses-são espiritual, alimentada por inten-sa idéia de vingança por parte dodesencarnado e sustentado por suaconsciência atormentada pela cul-pa. Após a ação magnética de seuinstrutor, André pergunta se o men-tor amigo não iria conversar com

ambos, buscando esclarecer-lhes. Aresposta do guia amigo surpreen-deu o aprendiz:

– Falaríamos em vão, André,porque ainda não sabemos amá-loscomo se fossem nossos irmãos ounossos filhos. Mas a providêncianão foi porém esquecida. A irmãCipriana, orientadora dos serviçosde socorro do grupo em que coo-pero, não pode tardar.

Nesse momento, alguém surgeà porta de entrada. Era o nobre es-pírito de uma mulher madura, irra-diando sublime luz espiritual que,acercando-se de ambos os infelizes,colocou-se em oração. Em brevemomento, suave luz descia do altosobre a sua fronte venerável...e as-sim, transfigurada, estendeu asmãos em direção aos dois desven-turados, atingindo-os com o seuamoroso magnetismo e modifican-do-lhes totalmente o campo vibra-tório, desarmando-os de todos ossentimentos negativos dos quais sealimentavam, permitindo, assim, aação mais positiva do bem em fa-vor de ambos.

Ao que tudo indica não é de hojeessa de se querer apontar alguémcomo sendo Kardec reencarnado;vejamos, novamente, em Garcia:

“Devemos registrar um outro fato.Denis faz uma anotação interessanteno livro, a respeito de uma notícia queentão se divulgava, dando conta deque Kardec estaria na época reencar-nado. Ora, isso demonstra como aquestão é antiga. Denis escreveu o li-vro em 1927, quando Chico estavacom 17 anos de idade e dava início àsua tarefa mediúnica. Já havia na oca-sião aqueles que admitiam estar Kar-dec reencarnado mas não como Chico,note-se! Era ele um francês, com cer-ca de 30 anos de idade, portanto, teriareencarnado antes do novo século. Eiso registro de Denis: “Uma outra obje-ção consiste em pretender que AllanKardec está reencarnado no Havre,desde 1897. Trinta anos teriam se pas-sado de sua nova existência terrestre.Ora, pode-se admitir que um espíritodeste valor tenha esperado tão longotempo para se revelar por obras ouações adequadas? Além disso, AllanKardec não se comunica unicamenteem Tours, mas também em muitos ou-

Kardec reencarnou como Chico Xavier?(Conclusão do artigo publicado na pág. 3.)

tros grupos espíritas da França e da Bél-gica. Em todos esses lugares ele se afir-ma pela autoridade de sua palavra e asabedoria de seus conhecimentos” (OGênio Céltico, p. 220). (GARCIA,1999, p. 145)

O que podemos concluir dissotudo é que é bem pouco provável queo espírito de Kardec, se reencarnadocomo Chico, pudesse manifestar-setantas vezes como se menciona. Paraaceitarmos a tese seria imprescindí-vel levantar todas elas, especifican-do dia e hora, para ver se Chico, na-queles momentos nos quais Kardecse manifestava, estava dormindo ounuma situação na qual o seu espíritonão precisasse comandar seu corpofísico. Fica aí o primeiro desafio paraos que advogam essa tese.

Por outro lado, na possibilidade dis-so ter ocorrido, ainda resta um outrodesafio a ser vencido que seria o dedesmentir o próprio Chico, pois, nessahipótese levantada, após emancipar-sedo corpo ele teria que, de forma total-mente consciente, como acontece comos desencarnados, ter assumido a per-sonalidade anterior para se manifestar.Ora, isso nos leva à situação de queChico deveria se lembrar dessa “mu-dança”. Então, como explicar que nodia 28 de agosto de 1988, em entrevis-ta ao jornal Diário da Manhã, deGoiânia, respondendo à pergunta se

seria Kardec reencarnado ele disse:“Consulto a minha via psicológica, asminhas tendências. Tudo aquilo quetenho dentro do meu coração é eu.Não tenho nenhuma semelhança comaquele homem corajoso e forte que,em doze anos, deixou dezoito livrosmaravilhosos. [...]” (COSTA E SIL-VA, 2004, p. 115-116).

Assim, quem ainda quiser man-ter a idéia de que Kardec reencarnoucomo Chico Xavier deve resolveresses dois desafios, que, acredita-mos, resolvem de vez a questão.

Referências bibliográficas:COSTA E SILVA, L. N. Chico

Xavier, o mineiro do século. BragançaPaulista, SP: Lachâtre, 2004.

GARCIA, W. Chico você é Kar-dec? Capivari, SP: EME, 1999.

KARDEC, A. Revista Espírita1859. Araras, SP: IDE, 2001.

KARDEC, A. Revista Espírita1860. Araras, SP: IDE, 2000.

KARDEC, A. Livro dos Mé-diuns. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

MONTEIRO, E. C. Allan Kar-dec (o druida reencarnado). SãoPaulo: Eldorado/Eme, 1996.

MOREIL, A. Vida e Obra deAllan Kardec. São Paulo: Edicel,1986.

PIRES, H. J. Na hora do teste-munho. São Paulo: Paidéia, 1978.

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

PAULO DA SILVANETO SOBRINHO

[email protected] Guanhães, MG

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O IMORTALSETEMBRO/2008 PÁGINA 11

Estreou no dia 29 de agosto o filme“Bezerra de Menezes - O Diário de um Espírito”

ANGÉLICA [email protected]

De Londrina

Realizado com a mais avan-çada tecnologia digital e finaliza-do em 35mm, o longa-metragem“Bezerra de Menezes - O Diáriode Um Espírito” apresenta umafiel reconstituição de época doCeará e do Rio de Janeiro do sé-culo XIX. Baseado em cuidado-sa pesquisa feita por LucianoKlein, biógrafo de Bezerra deMenezes, aliada a extensa consul-ta nos acervos mais importantesdo país, a vida de Bezerra deMenezes é contada, no filme, compassagens ficcionais e relatos depesquisadores de sua vida e obra.

O filme teve locações no Ceará,Pernambuco e Rio de Janeiro e con-tou com o talento do ator CarlosVereza interpretando Bezerra deMenezes, além de grande elencocearense e a vários nomes de desta-que no teatro e na televisão brasi-leira, como Lúcio Mauro, Caio Blat,Paulo Goulart Filho e Ana Rosa.

A direção do longa-metragemcoube aos cineastas cearensesGlauber Filho e Joe Pimentel. A pro-dução do filme e a Fox Filmes doBrasil, distribuidora da produção nomercado nacional, agendaram umaavant-première em treze capitais bra-sileiras (Belém, Teresina, Fortaleza,Recife, Natal, Salvador, Brasília,

Goiânia, Belo Hori-zonte, Rio de Janeiro,São Paulo, Curitiba ePorto Alegre).

O universo sertane-jo permeia a trama naprimeira fase do filme,na qual Bezerra de Me-nezes vive a infância ea adolescência. Aos de-zoito anos, o

protagonista inicia no Rio deJaneiro seus estudos de Me-dicina. Na então Capital daRepública, elegeu-se verea-dor e deputado em váriaslegislaturas e defendeu asidéias abolicionistas. Mas oque lhe trouxe o maior reco-nhecimento de seu povo foio trabalho anônimo realiza-do em prol dos desfavoreci-dos. Por conta disso, ficou conhecidocomo o “Médico dos Pobres”. Sejacomo político devotado às causas hu-

manitárias ou como médico conhe-cido por jamais negar socorro aquem batesse à sua porta, Bezerrade Menezes tornou-se um exemplode homem e escreveu uma históriade vida marcada pelo amor e pelacaridade.

A primeira versão do filme,registrado sob o formato dedocumentário ficcional, será in-

cluída na versão para DVD, queestará disponível posteriormente.

Observações:Para assistir ao trailer

do filme, acesse: www.y o u t u b e . c o m / w a t c h ?v=DdPyFpj6aI4.

Mais informações so-bre o filme podem ser ob-tidas no site: http://www.bezerrademenezesofilme.com.br/

Deu na televisão

Sérgio Porto, o mesmo StanislawPonte Preta, cujos livros sobre o Riode Janeiro dos anos 60 do séculopassado li (pois acho que o espíritadeve ler obras do momento, aforaaquelas doutrinárias, e Kardec, comotodo intelectual que se preza assimagia – ver a Revista Espírita), diziao sobrinho (entre as aspas) da TiaZulmira que a televisão era uma ver-dadeira máquina de fazer doidos.

Não diria eu ser a televisão exa-tamente isto; mas o modo pelo qualé ela utilizada em países terceiro-mundistas! instrumento de alto va-lor educativo, já que reúne a cor aosom, hoje em dia tudo em temporeal, só perdendo para a Internet,malfadadamente vem sendo usadapelos poderosos proprietários que sevalem da concessão governamentalpara – salvo raríssimas exceções –alienar o povo mais incauto.

Não faz muito tempo Macaé Es-pírita estampou um comentário de

ta do Criador, um princípio inteli-gente em os animais. Eu mesmo,modéstia à parte, escrevi em poucassemanas, por instâncias de JoséCarlos de Carvalho, dono da Distri-buidora Paulista de Livros Ltda.(DPL), e à venda em vários pontosdo Brasil, o livrinho “A Alma dosAnimais”, com base não só em Kar-dec e em André Luiz e tambémGabriel Delanne, mas sobremaneiraem obras científicas de reconhecidovalor demonstrado, um elementonão meramente mecânico nas atitu-des dos animais. E aí vindo numcrescente sobre o que é inteligênciae culminando com a evoluçãoanímica ao longo da história paleon-tológica da Terra, citando dezenas deexemplos num estilo ao povo emgeral, fugindo-me à terminologianeurológica do desenvolvimento dosistema nervoso. Mas é uma afrontaao Livro dos Médiuns o dizer que oprincípio inteligente possa mandarrecados através de médiuns a seusdonos aqui na Terra. Chega a sercômico para não dizer trágico. Queme diz você, hein?

Texto de entrevista concedida por Divaldo Franco, constante dolivro “Seara de Luz”.

Divaldo responde– Quais recursos poderiam ser

acionados para expandir a tarefade evangelização infanto-juvenil?

Divaldo Franco: Maior e maisconstante intercâmbio entre evan-gelizadores e pais, a fim de cons-cientizá-los de suas responsabilida-des, pois ambos estão interessados

CELSO [email protected]

Do Rio de Janeiro

na formação moral e espiritual dacriança e do jovem. Seria tambémmuito válido que os resultados daevangelização infanto-juvenil fos-sem mais divulgados nos centrosespíritas e se insistisse em difundirque o bem à infância se transfor-ma em bênção para o adulto.

minha lavra onde eu pedia (e faço omesmo apelo aqui) aos pais (emboraos saiba assoberbados de tarefas ab-sorventes inadiáveis) no sentido deque façam seus filhos verem a telinhamágica com olhos críticos, de vez queseria de todo contraproducente proi-bi-los de assistirem a certos programastelevisivos.

Assisti ao lado de minha queridaesposa Neli Tavares Martins ao pro-grama Sem Censura, da antiga TVEducativa do Rio de Janeiro, agora TVBrasil, relativo à tarde de Quarta-fei-ra, 6 de agosto de 2008. E ali fiqueiabismado quando uma senhora, dizen-do-se médium espírita, em se referin-do a outra médium (já desencarnada)aqui da minha Cidade Maravilhosa,dava conta de uma comunicação me-diúnica (palavras delas, não minhas,eu apenas transcrevo e creio que ou-tros leitores também tiveram estaacerba surpresa) que o Espírito de umacadelinha enviara, depois de desencar-nada, para a sua chorosa proprietária(sic!).

Não padece dúvida de que existe,sim, para que haja coerência na lei jus-

Primeiro filme cearense passado no século XIX, o longa-metragem é um marco na cinematografia do Ceará.Além de 13 capitais brasileiras, Londrina teve o privilégio de ser a única cidade do interior do país a participar da estréia

Lúcio Mauro: “Espírita” Carlos Vereza: “Bezerra de Menezes”

Paulo Goulart Filho: “Militardo palácio da guarda velha”

Thaís Dahas: “Hermínia - Jovem obsediada”

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O IMORTALPÁGINA 12 SETEMBRO/2008

ELSA [email protected]

De Londres

Um segundo objetivo foi atin-gido, dentro do planejamento daBritish Union of Spiritist Societies,instituição que reúne os gruposespíritas de Londres.

Trata-se da Feira do Livro Es-pírita Usado, que foi montada nasede da BUSS, na Oxford House,na sala número 9. Foram feitasmodificações, mesas foram colo-cadas, prateleiras foram adaptadase, na abertura da Feira, era só ale-gria. Após a prece, foram feitosmais uns ajustes e pronto. Ali es-tava uma Feira de Livros...pequenina, mas muito rica em tí-tulos de livros espíritas, CDs,DVDs, revistas espíritas.

Já na abertura estiveram pes-soas que ficaram felizes em poderampliar suas bibliotecas particula-res, a um preço muito reduzido,pois era essa mesma a intenção:não deixar livros parados, mas quepudessem circular de mãos emmãos.

Pensamos que, quando a gente

deseja realizar algo de bom, temostanta ajuda dos Benfeitores que osimpedimentos ficam tão fraqui-nhos e são muito facilmente ultra-passados e sempre atingimos osobjetivos bons, programados.

Nossa sede própria, a sede daBUSS, é uma realidade hoje. Hápoucos anos, se falássemos em teruma sede própria, parecia que iriadurar um século a espera. Assimtambém a Feira. Estou escreven-do e pronunciando mentalmente aspalavras e sinto que encho a bocacom salivas de alegrias ao pronun-ciar “FEIRA”.

Hoje tivemos a presença deuma alemã, que reside neste paíshá muitos anos. Todas as quartas-feiras possíveis, ela aqui está paraos estudos do Livro dos Espíritose do Evangelho segundo o Espiri-tismo na língua inglesa, e depoissempre tem tempo de conversarmuito sobre Doutrina Espírita.

Ela olhou todos os livros, viuque já temos uma grande quanti-dade de obras em língua inglesa,viu os livros espíritas em alemão,todos muito bem organizados nasprateleiras. Já percebo, nestes me-

ses de encontros semanais, o seucoração já tão espiritualizado, quequando conversamos sobre qual-quer dos assuntos ela concordacem por cento com Kardec e comJesus. Ninguém de seu relaciona-mento familiar e social a entende.Como ela se digna a vir a um estu-do espírita?

Hoje pela manhã, quando lemoso Evangelho segundo o Espiritismo,em inglês, item 5, “SPIRITISM” docapitulo 1 – Não vim destruir a Lei,nossa amiga nos disse:

– Ah, se todos pudessem leresse tópico veriam que não sabemo que dizem e desconhecem o queseja o Espiritismo.

Infelizmente ela não pode le-var consigo nenhum livro espírita.Ela mantém bem dobradinho eguardado dentro de sua carteira ofolheto do CEI intitulado “Conhe-ça o Espiritismo”, nada mais doque isso. Então, pensando aqui so-zinha, após a saída dessa amiga,vejo quanta liberdade nós espíri-tas já temos, depois que conhece-mos a Verdade através do esclare-cimento espírita, libertando-nosdos grilhões que nos prendiam na

Crônicas de Além-Mar

Na Inglaterra, uma feira de livros espíritas usadosELSA ROSSI, escritora e pa-

lestrante espírita brasileira radicadaem Londres, é 2ª Secretária doConselho Espírita Internacional,diretora do Departamento de Uni-ficação para os Países da Europa,organismo do Conselho EspíritaInternacional e secretária da Bri-tish Union of Spiritist Societies(BUSS).

Deus verdadeiro

O Deus que Moisés mostrou,Cheio de maldade e ira,

Até a crença me tira.Deus assim eu desconheço.Mas o que Jesus nos trouxe,Um Pai de Bondade e Amor,

Que jamais teve rancor,Esse, sim, esse eu conheço.

Não fosse Ele tão bom,Como o homem estaria,Com toda a hipocrisia

Que possui milenarmente?E pleno de ingenuidade,

Pensa, conquanto o mal faça,Que disfarçando a trapaçaVai ter o “céu” de presente!

Mas quando a morte, enfim, chega,Não tem p´ra onde correr...E passa então a entender

O que é viver a esmo...Aí, surpreso, descobreCom enorme decepção

Que o “céu” e o “inferno” estãoAli dentro dele mesmo!

ignorância.Você, leitor amigo deste tão

conceituado jornal O Imortal, quereside no exterior, nas terras dealém-mar, pode imaginar umaFEIRA DE LIVRO dentro de umasala? Pois é, dá certo, pode fazerque dá certo! E angariamos mui-tos amigos.

Muita paz.

Fundada em 18/4/2007, arevista eletrônica O Conso-lador apresenta todos os do-mingos na rede mundial decomputadores uma nova edi-ção contendo artigos, notíci-as, entrevistas e reportagenssobre os principais eventosocorridos no Brasil e no ex-terior.

Leia e divulgue

O ConsoladorRevista Semanal de Divulgação Espírita

www.oconsolador.com

Por meio da revista é pos-sível ler, também, na internetas edições integrais do jornalO Imortal desde o númerode janeiro de 2006, sem cus-to algum, sem necessidade deinscrição nem de senha.

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Acessando o site www.oconsolador.com você, alémde ler a edição da semana etodas as edições anteriores darevista, tem acesso a biografi-as de vultos espíritas, a umabiblioteca virtual, a mensa-gens de voz, a música e a umextenso material que facilita oestudo da Doutrina Espírita.

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

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O IMORTALSETEMBRO/2008 PÁGINA 13

Em “O Livro dos Espíritos”, emseu capítulo IX, questões 489 a 521,Kardec tratou da proteção que os Es-píritos exercem sobre os encarnados,quando aprendemos através dessadoutrina consoladora e encantadoraao mesmo tempo como Deus, Paiamoroso, vela pelos seus filhos des-de o seu nascedouro.

De fato se voltarmos os olhossobre o passado da humanidade atéonde temos notícias, encontraremosa mão de Deus protegendo e velan-do incansavelmente.

Desde Abraão, passando porMoisés, sentimos que todos foramEspíritos superiores que vieram àTerra a mando da Providência Divi-

na, cada um trazendo-nos ensina-mentos de conformidade com a nos-sa capacidade de aprender. Há maisde dois mil anos esteve entre nóspara coroar essa ajuda o seu Filhodileto, Jesus, diretor e governador daTerra, desde os seus primórdios.

Depois de Jesus, que nos trouxea segunda das grandes revelações,estabelecendo entre os homens a leido amor, tivemos com Kardec, soba égide dos Espíritos luminares, aterceira revelação em obediência àpromessa de Jesus. Esta última tevepor escopo relembrar todos os ensi-namentos anteriores ensinando no-vas verdades e abrindo para a hu-manidade as portas da imortalidadedo espírito.

Com Kardec e após a suahercúlea tarefa, uma plêiade de lu-minares aqui aportou sempre com o

objetivo de ensinar, ajudar, protegere iluminar, com luzes mais fortes, oporvir da humanidade.

Entre todos esses, que forammuitos, todos prepostos de Jesus,recordamos a figura do apóstoloCairbar de Souza Schutel, o qualneste mês de setembro comemoraseu aniversário natalício e neste anoos setenta anos de seu retorno aomundo espiritual.

Cairbar Schutel, de família tra-dicionalmente católica, foi convoca-do às luzes do Espiritismo atravésde provas da imortalidade do Espí-rito e nunca mais parou de estudar etrabalhar na “Seara Bendita”.

Espírito de vasta cultura, autên-tico autodidata, conseguiu visualizaro conteúdo fecundo da doutrina noseu todo. Foi o espírita completo, overdadeiro espírita. Amou a verda-

de. Compreendeu os meandros dou-trinários e passou a produzir a favorda humanidade. Escreveu vários li-vros e muitas outras páginas sobreciência, filosofia e religião, todasembasadas nos postulados doutriná-rios. Escreveu: “A Religião de Je-sus tem o seu fundamento na Imor-talidade; a sua origem vem da Imor-talidade; a Sua Palavra é de VidaEterna”. “A Religião de Deus é o Salda Terra; conserta, conserva, trans-forma e purifica.” “Chegamos à épo-ca da grande renovação espiritualis-ta. Não há mais quem detenha a ondaque cresce e se eleva todos os dias,ameaçando terrível desmoronamen-to dos diques que privam os homensde uma ação persistente em seu pró-prio proveito espiritual.” “O grandemal que se encontra em toda a par-

Cairbar SchutelÉDO MARIANI

[email protected] Matão, SP

Histórias que nos ensinam

Há alguns anos, chegou-nos àsmãos um periódico espírita onde,entre suas matérias, apresentava in-teressante discurso, que teria sidoproferido pelo notável estadista RuiBarbosa, por ocasião da inauguraçãode uma hidroelétrica brasileira. Oconteúdo de sua vibrante oratória eratão interessante que resolvi apresen-tar aos leitores deste jornal, mas nãotive a felicidade de reencontrá-lo.

Mas, como a mensagem que eleusou foi muito bela, resolvi tentarapresentá-la de uma maneira maissimples nesta coluna.

Disse, mais ou menos assim, oorador:

– “No começo, era um simplesolho d´água a descer celerementepor uma montanha que inevitavel-

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

te, a falta de confiança na religião ena ciência, o descontentamento po-lítico e desilusão nos homens que secolocaram à testa dos governos é aprova de que algo de grave está emvéspera de realização.”

Foi incansável na pregação dasmudanças estruturais e soubecolocá-las em prática. Respeitava atodos e pautou sua vida pelos prin-cípios do amor e do verdadeiro ho-mem de bem.

Toda sua luta foi reconhecida evários títulos lhe foram concedidoscom total merecimento: “O Espíritanúmero um do Brasil”, “O Bandei-rante do Espiritismo”, “O Pai daPobreza” e “O ApóstoloMatonense”. Fica aqui a nossa ho-menagem e a nossa mais profundagratidão ao grande Mestre Cairbar.

mente encontraria o mar, não fossepor uma imensa pedra que surgiu emseu caminho.

Sem forças para empurrá-la, nemcondições geográficas para contor-ná-la, ali ficaria, atrás daquele obs-táculo, não fosse ele um olho d´águaque pulsava sem cessar.

Por não parar de brotar na sua nas-cente, passados alguns dias, foi seavolumando até que suplantou a alturadaquela pedra. Só que, ao ultrapassá-la, já não era mais um simples filete deágua, mas um pequeno córrego.

E, como córrego, alcançaria omar, destino final de todas as nas-centes, não fosse outro obstáculointransponível no caminho...

Mas ele era um olho d´água quenão parava de brotar... E foi seavolumando, se avolumando, até quepôde transpor aquela parede de pe-dras. E, ao chegar do outro lado, jánão era mais um córrego, mas um

Adayr VisintinFaleceu no dia 18 de agosto

último, em Londrina, nossa con-freira Adayr Geraldina Visintin(foto), viúva de Guido Visintin efilha dos pioneiros espíritasAstrogilda Carnelosso Marconi eHenrique Félix Marconi. O sepul-tamento realizou-se no CemitérioSão Pedro, na região central da ci-dade, no dia 19, às 10h30.

Adayr nasceu na cidade deItápolis (SP),em 8 de marçode 1933. Seuspais mudaram-se para Londri-na em outubrode 1941. No dia23 de fevereirode 1950 faleceusua mãe, maisc o n h e c i d acomo GildaMarconi, quecontava 44 anosde idade e, aodesencarnar,deixou seu filhocaçula, Francis-co César, comapenas 23 diasde idade. Adayr, ainda muito jo-vem, passou a cuidar do irmãocomo se fosse seu próprio filho.

No dia 8 de dezembro de 1952casou-se com Guido Vizintin, quefaleceu em 3/10/1988. O casal tevesete filhos: José Francisco, OféliaCristina, Emílio Henrique, MarcoRogério, Gilda Regina, GuidoJúnior e Walter Rômulo.

Na década de 1980 passou a as-sinar o sobrenome como Visintin,

e não mais Vizintin, em face da de-claração de cidadania italiana.

De berço espírita, sempre pau-tou, por esforço próprio, o que aDoutrina Espírita lhe ensinou, tor-nando-se um exemplo de amor aopróximo, de paciência e humilda-de, dando sempre ênfase à união eao amor familiar, o que conseguiu.

Vinculada ao Centro EspíritaNosso Lar e ao Lar das Vovozinhas

Gilda Marconi,onde atuou ati-vamente emtoda a sua vida,Adayr contava,ao desencarnar,75 anos de ida-de. Estiverampresentes ao ve-lório amigos ecompanheirosde trabalho,além dos sete fi-lhos – Gilda,Cristina, JoséF r a n c i s c o ,Walter Rômulo,Emílio Henri-que, Marco Ro-gério e Guido

Júnior – e dos irmãos FranciscoCésar e Wilson Marconi, bem comonoras, netos e sobrinhos. Exemplode mãe dedicada e irmã prestimosa,Adayr deixa-nos exemplos tambémde abnegação e de trabalho perse-verante no bem.

Que Deus a ampare e abençoe,tanto quanto aos seus familiares,que ela tanto amava e, evidente-mente, continua a amar. (Da Re-dação)

belo riacho que, mais tarde, apósnovos obstáculos, se transformouem um rio caudaloso.

Quando o homem percebeu queos obstáculos não impediam aque-le olho d´água de crescer, ao con-trário, o estimulavam, construiu estabarragem, que hoje está sendo inau-gurada, como um novo obstáculopara o agora rio caudaloso. E con-fiante na energia acumulada na lutapara crescer, disse o homem ao rio:Acenda a nossa luz!”

Se olharmos para os obstáculosque surgem em nossas vidas comoalgo intransponível, colocamo-nosem sofrimento intenso; mas, se lem-brarmos nossa natureza divina,como centelhas espirituais que pul-sam sob a orientação de uma forçamaior, observaremos que cada novoobstáculo que surge em nossas vi-das é apenas Deus nos dizendo:“Acendam as suas luzes!”.

Fundada em 18/4/2007, a re-vista eletrônica O Consoladorapresenta todos os domingos narede mundial de computadoresuma nova edição contendo artigos,notícias, entrevistas e reportagenssobre os principais eventos ocor-ridos no Brasil e no exterior.

Acessando o site www.

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Por meio da revista é possível

Adayr Visintin

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O IMORTALPÁGINA 14 SETEMBRO/2008

O GirassolNarciso, um garoto muito mima-

do, vivia sempre criando problemascom os colegas.

Ele não aceitava ser contrariado.Sua vontade tinha sempre que pre-valecer. E, quando isso acontecia,fechava-se, irritado, e não conver-sava com ninguém.

Aproximava-se a primavera, es-tação das flores. Num lindo dia de sol,a professora levou os seus alunos atéum jardim, no fundo da escola.

— Como vocês sabem, o invernoestá terminando e logo a primavera vaichegar. Por isso, hoje vamos ter umaaula prática de jardinagem. Já apren-deram em classe o que as plantas pre-cisam para germinar, se desenvolvere dar flores ou frutos. Então, vocês vãoagora plantar as sementes ou mudasque trouxeram de casa.

Os alunos, animados, foram re-tirando das sacolas o que haviam tra-zido para plantar.

Cada um deles escolheu umaespécie diferente de flor.

Um aluno dizia, orgulhoso:— Professora, trouxe algumas

mudas de onze-horas. Mamãe disseque elas se alastram com facilidadee dão lindas flores.

mostrando a planta, cujas folhas ca-ídas pareciam murchas:

— Não sei nome dessa planta,professora.

— Alguém sabe? — ela indagoupara os demais.

Rafael, um garoto muito espertoe inteligente, do qual Narciso nãogostava, respondeu:

— Eu sei, professora! É uma mi-mosa ou sensitiva. Ela se encolhe todaao ser tocada, por isso está assim.

Um dos meninos comentou emtom de brincadeira:

— O Narciso tem nome de flor,mas se assemelha mais à sensitiva:ninguém pode se aproximar dele!

Os demais caíram na risada. Sen-tindo-se humilhado perante o conhe-cimento do outro e a brincadeira docolega, Narciso revidou, irritado:

— E você, Rafael, trouxe essa enor-me flor amarela para aparecer, não é?

Rafael, que realmente trouxerauma muda já com uma linda flor, es-tranhou a reação do colega. Olhoupara ele, pensou um pouco e respon-deu tranqüilo:

— Está enganado, Narciso. Es-colhi o girassol porque é uma plantaque acho linda e admiro muito. Nãosei se você reparou, mas ele sempre,onde estiver, procura o sol. Tem gen-te que busca a escuridão, mas eu,como o girassol, desejo buscar a luz.

Narciso baixou a cabeça. Talvez aresposta estivesse nessa frase, pensou.

Rafael sempre estava cercado deamigos, e ele sempre sozinho. Nin-guém gostava dele. Sentiu que pre-cisava mudar seu comportamento sequisesse fazer amigos.

Aquela manhã os alunos ficaramno jardim entretidos com as plantas. Aobater o sinal, cada um tomou seu rumo.

No trajeto para casa, Narcisonotou Rafael que, um pouco atrás,ia para o mesmo lado. Parou e espe-rou. Rafael se aproximou dele e pas-sou a acompanhá-lo.

— Narciso, eu sei que você não

Olá, meus amiguinhos!A estação das flores chegou!

Este ano não tivemos um invernomuito rigoroso, com dias nublados,chuvosos e frios, daqueles que agente se enche de roupas pesadasde lã: casaco, blusa, gorro e meias.

Geralmente, no inverno quasenão chove e as paisagens ficam tris-tes e queimadas pelo sol.

Mas, de repente, percebemosbrotinhos nascendo aqui e ali, elogo as árvores ficam cobertas defolhas novas e verdinhas, as gra-mas perdem o aspecto seco e ama-relado e ganham nova força, as flo-res se abrem nosjardins, enfeitandoa vida.

É a primaveraque chegou, trazen-do um coloridotodo especial e ale-grando as pessoas.Um espetáculo quese repete todos os anos, como bên-ção de Deus.

É a melhor época também paraplantar. Que tal ajudarmos a natu-reza, plantando uma nova muda deárvore, uma flor ou umaverdurinha?

Não acham uma boa idéia? Quetal fazer uma pequena horta emcasa? É muito fácil e divertido!

Você pode usar qualquer peda-cinho de terra, um vaso ou até mes-mo uma caixa para plantar flores,temperos como salsa, cebolinha,hortelã; ou verduras como alface,almeirão, couve, etc.

O importante é ter boa-vonta-de e paciência.

Viva a Primavera!— Muito bem, Zezinho.— Eu trouxe uma muda de

hortênsia, professora — disseRicardo.

— E eu, uma muda de manacápara enfeitar e perfumar nosso jar-dim! — afirmou Bentinho.

E assim, cada um deles mostra-va o que trouxera de casa: roseiras,crisântemos, petúnias, violetas, mar-garidas e muito mais.

Narciso, que lembrou na últimahora a necessidade de levar umaplanta para a escola, ao sair de casaarrancou a primeira que encontrou.

Ao observar o que os colegastrouxeram, sentiu-se diminuído aover que havia plantas muito maisbonitas que a sua.

Vendo que só ele se mantinhacalado, a professora perguntou:

— Narciso, o que você trouxe?Envergonhado, ele respondeu,

gosta de mim, mas quero ser seuamigo. Se eu fiz algo que o desgos-tou, peço-lhe desculpas. Nunca tivea intenção de magoá-lo.

O outro, olhando para o colega,notou tanta sinceridade em sua ati-tude, que se desarmou:

— Não, Rafael, você nunca mefez nada. A culpa é minha. Eu é quesou um chato.

Pela primeira vez, sentiu neces-sidade de ser verdadeiro, humilde-mente reconhecendo seus erros.

Trocaram um sorriso e, a partirdali, passaram a conversar, falando

Você vai precisar escolher umterreninho, um vaso ou colocaruma caixa com terra em local quepegue bastante sol durante o dia.As plantinhas precisam muito decalor.

Em seguida, afofe bem a terra.Um pouco de adubo também ébom. Peça para alguém, mudas ousementes do que deseja plantar, oucompre numa casa de produtosagrícolas.

Lance as sementes no solo, co-brindo com cuidado; ou faça umburaquinho e deposite ali a mudaque vai plantar, cobrindo em segui-

da com a terra.Não se esqueça

de regar todos osdias. As plantasprecisam de calor,luz e água.

Depois, é só es-perar. Você ficarásurpreso com a ra-

pidez com que brotam as plantas.Vamos trabalhar? Tenho certe-

za de que o papai e a mamãe fica-rão muito contentes, e você estaráaprendendo a lidar com a terra, fa-zendo uma tarefa importante e útil.

As vantagens serão muitas.Além de colher verduras fresqui-nhas que irão diretamente para asua mesa (depois de lavadas, é cla-ro!), elas não conterão agrotóxicos,que são substâncias utilizadas naslavouras e consideradas prejudici-ais à saúde.

Além disso, a verdura terá ou-tro sabor, pois é fruto do seu traba-lho. E as flores enfeitarão sua casa.

BOA SORTE!

sobre a escola, futebol e do que cadaum mais gostava.

Naquele pequeno trajeto, apren-deram a se conhecer melhor e Nar-ciso passou a estimar Rafael. Pare-ciam velhos amigos.

Ao chegar em casa, convidou-opara entrar e conhecer sua mãe, e ooutro aceitou, satisfeito.

Chegando à cozinha, Narcisoapresentou o colega:

— Mamãe, este é meu amigoRafael. Como ele, eu também queroser como um girassol!

Tia Célia

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O IMORTALSETEMBRO/2008 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1868 (9ª Parte)

Continuamos a publicação do tex-to condensado da Revista Espírita de1868. As páginas citadas referem-se àversão publicada pela Edicel.

*107. A Terra não tem, como os ho-

mens, uma alma, de modo que a expres-são alma da Terra não é exata. Esse as-sunto é comentado por Kardec em umartigo em que o Codificador faz váriasobservações importantes: I – Admitidoque o princípio da vida tenha sua fonteno movimento molecular, não se poderácontestar que seja ainda mais rudimen-tar no mineral do que na planta. II – Odesenvolvimento orgânico está sempreem relação com o desenvolvimento doprincípio inteligente. O organismo secompleta à medida que se multiplicamas faculdades da alma. III – A escala or-gânica segue sempre, em todos os seres,a progressão da inteligência, desde opólipo até o homem; e não poderia serdiferente, desde que à alma é necessárioum instrumento apropriado à importân-cia das funções que deve desempenhar.De que serviria à ostra ter a inteligênciado macaco, sem os órgãos necessários àsua manifestação? IV – Por alma da Ter-ra pode entender-se, mais racionalmen-te, a coletividade dos Espíritos encarre-gados da elaboração e da direção de seuselementos constitutivos, ou, melhor ain-da, o Espírito ao qual é confiada a altadireção dos destinos morais e do progres-so de seus habitantes. V – Esse Espíritonão está nela encarnado; ele é o chefe,preposto à sua direção, como um gene-ral é preposto à condução de um exérci-to. (Págs. 259 e 260.)

108. Diversas comunicações, dadasem vários lugares, confirmaram as idéi-as de Kardec sobre esse assunto. A Re-vista reproduziu uma dessas comunica-ções, recebida em Bordeaux em abril de1862, na qual o instrutor espiritual dizclaramente que a Terra não tem alma,porque não é um ser organizado. Os Es-píritos encarregados em cada mundo daexecução das leis de Deus são agentesde sua vontade, mas agem sob a direçãode um delegado superior. “É a coletivi-dade de todas essas inteligências, encar-nadas e desencarnadas, inclusive o de-legado superior, que constitui, a bem di-zer, a alma da Terra, da qual cada um devós faz parte”, acrescentou o comuni-cante. (Págs. 261 e 262.)

109. Os santos sob cuja invocaçãonos colocam ao nascermos tornam-senossos protetores? Respondendo a essaquestão, Kardec diz que os espíritas sa-bem, perfeitamente, que pensamentoatrai pensamento e que a simpatia dosEspíritos, beatificados ou não pela Igre-ja, depende dos nossos sentimentos aseu respeito. Ora, existem santos queninguém a rigor conhece, a não ser onome. Os espíritas deveriam, em casosassim, agir de forma diferente. Ao nas-cer uma criança, os pais escolheriam,

entre os Espíritos, beatificados ou não,antigos ou modernos, parentes ou es-tranhos, um que tenha dado provasirrecusáveis de sua superioridade, porsua vida exemplar, pelos atos meritóri-os praticados, pelas virtudes exempli-ficadas. Eles então invocá-lo-iam sole-nemente e com fervor, pedindo-lhe quese unisse ao anjo da guarda da criançapara a proteger na vida terrena e guiá-la com seus bons conselhos e suas boasinspirações. Depois, à medida que a cri-ança crescesse, ensinar-lhe-iam a his-tória do seu protetor, contar-lhe-iamsuas boas ações, e a criança saberia, en-tão, por que tem o seu nome, nome quelhe lembraria um belo modelo a seguir.Então, na festa de aniversário o prote-tor invisível não deixaria de associar-se ao júbilo geral, porque teria seu lu-gar no coração dos assistentes. (Págs.262 a 264.)

110. Em casa de um escritor-poetade grande renome havia o costume demanter sempre, à mesa da família, umacadeira vazia. Fechada por um cadea-do, ninguém nela podia sentar-se: era olugar reservado aos antepassados, aosavós e aos amigos que desencarnaram.Kardec diz que a cadeira aparentemen-te vazia era toda uma profissão de fé eum ensinamento, tanto para os grandes,quanto para os pequenos. A idéia da pre-sença, em torno de nós, de nossos avósou de pessoas veneradas será para to-dos, sobretudo para as crianças, umfreio mais poderoso que o medo do di-abo. (Pág. 264.)

111. A Revista noticia o surgimentode mais uma sociedade espírita: o Cír-culo da Moral Espírita, de Toulouse. Apalavra círculo, observa Kardec, indica-va que ele não se limitaria a sessões or-dinárias, mas que seria, além disso, umlocal de reuniões, onde os membros po-deriam vir entreter-se com o objetivo es-pecial de seus estudos. (Pág. 265.)

A reparação será individual quandoo efeito do mal praticado se

detém na pessoa lesada112. Os traços do Espiritismo, que

se encontram por toda a parte, são comoas inscrições e as medalhas antigas, queatestam através dos séculos o movimen-to do espírito humano. Essa observaçãofoi feita por Kardec a propósito da obraAs Memórias de um Marido, editada em1849 por Eugène Sue, que relata a vidado Sr. Fernand Duplessis. Algumas pas-sagens da obra são transcritas pela Re-vista e mostram que tanto a Sra.Raymond como seu filho Jean tinhamprofundas convicções imortalistas. Amorte, diz o livro, “não é senão a horade um renascimento completo, que umaoutra vida espera com suas novidadesmisteriosas”. No texto da obra há refe-rência ao dogma druídico segundo oqual a alma se aperfeiçoa numa sériede existências até atingir a perfeição.(Págs. 265 a 268.)

113. Na seção de livros, o destaquedo número de setembro é o livro O Re-gimento Fantástico, de Victor Dazur,publicado em Lyon. A Revista repro-

duz uma resenha da obra publicada a22 de junho de 1868 pelo jornal LeSiècle. O livro relata um sonho que con-duz o cabo François Pamphile a Marte,aliás Soraï-Kanor, nome que os marcia-nos lhe deram. Lá, o cabo mantém con-tato com um suboficial que na Terra foirei e se chamou Francisco I. Este per-tencia naquele planeta ao regimento fan-tástico, um regimento composto da mai-oria dos soberanos que haviam reinadona Terra, cujo coronel é Alexandre, oGrande, assessorado pelo tenente-coro-nel Júlio César e pelo major Péricles. Oregimento conta com três batalhões ecada batalhão possui oito companhias.Sesostris, Carlos Magno e Aníbal são oscomandantes dos batalhões. Cada com-panhia é composta de soberanos de umamesma nação. A companhia francesa éa primeira do segundo batalhão e temcomo capitão Luís XIV. As cantineirasdo regimento são Semíramis, Cleópatra,Elisabeth e Catarina II. Assim como osoficiais e soldados do regimento são an-tigos soberanos ou homens que exerce-ram a soberania na Terra, as cantineirase as servas da cantina são antigas sobe-ranas. (Págs. 268 a 271.)

114. Depois de informar que há so-beranos que jamais figuraram no regi-mento fantástico, o suboficial explicouque o regimento nunca muda de guarni-ção e jamais faz guerra. Trata-se, na ver-dade, de uma espécie de regimento peni-tenciário no qual as pessoas expiam asmaldades cometidas em seus reinados. Osuplício habitual dos militares e dascantineiras é o suplício de Tântalo, por-que o poder divino interditou a guerra emMarte. Os voluptuosos sofrem um suplí-cio semelhante: conservam a beleza deque gozaram na Terra, mas são submeti-dos a uma causa fisiológica que os con-dena a uma castidade absoluta. Outro cas-tigo, que os desola ainda mais, é o suplí-cio das lembranças. A cada instante sãoeles condenados à sala de lembrançasonde recordam os crimes que cometerame vêem os sofrimentos e os morticíniosque ordenaram. Quando Luís XI está nasala de lembranças, é posto numa gaiolade ferro, em uso no seu reinado, bem emfrente ao cadafalso de Nemours, do qualo sangue goteja sobre a cabeça de seusfilhos. (Págs. 271 e 272.)

115. Comentando o livro, Kardecafirma que seu autor se inspirou larga-mente nas obras espíritas para escrevê-lo. Sua teoria a respeito das penas futu-ras, da pluralidade das existências e doestado dos Espíritos desprendidos doscorpos foi evidentemente colhida nadoutrina espírita, da qual reproduz aidéia e até mesmo a forma. (Pág. 273.)

116. As passagens da obra reprodu-zidas pela Revista não deixam, comefeito, dúvidas sobre este ponto, sobre-tudo no tocante à necessidade de repa-ração, focalizada pelo autor, a que o Co-dificador juntou uma nota explicativa di-zendo que a necessidade de reparaçãoserá individual quando o efeito do malpraticado se detém na pessoa lesada. Se,ao contrário, esse mal prejudica a cen-tenas de indivíduos, a dívida será cen-

tuplicada, porque serão centenas de re-parações a realizar. Essa é a situação dosmonarcas fracassados que não cumpri-ram corretamente os seus deveres.(Págs. 275 e 276.)

A doutrina da ressurreição doscorpos era uma das mais antigas

da religião judaica117. Kardec elogia o livro Confe-

rências sobre a alma, do Sr. AlexandreChaseray, em que o princípio da plura-lidade das existências é tratado de ma-neira completa. Nela, seu autor procurademonstrar que a idéia da reencarnaçãocresce e se impõe cada dia mais aos Es-píritos esclarecidos. Eis alguns trechosextraídos da obra: I – A transmigraçãodas almas é uma idéia filosófica ao mes-mo tempo das mais antigas e das maismodernas. II – A metempsicose consti-tui o fundo da religião dos indianos, queé muito anterior ao judaísmo. III – Se-gundo Heródoto, os sacerdotes egípci-os foram os primeiros a anunciar que aalma é imortal e passa sucessivamentepor todas as espécies animais antes deentrar num corpo humano. É provávelque, tendo vivido muito tempo no Egi-to, foi dali que Pitágoras trouxe para aGrécia essa crença. IV – Os gregos ja-mais abandonaram completamente aidéia da metempsicose. Os que dentreeles não admitiam por inteiro a doutri-na de Pitágoras acreditavam vagamen-te com Platão que a alma tinha existidoalgures, antes de se manifestar sob aforma humana. V – Pierre Leroux, em-bora não creia que o homem haja pas-sado pelos tipos inferiores da criação,não deixa de ser um ardoroso defensorda idéia de que a vida atual se liga auma série de existências que a precede-ram. (Págs. 276 a 282.)

118. Diz o Codificador que as nu-merosas citações feitas pelo Sr. Alexan-dre Chaseray, embora longe de seremcompletas, provam quanto é geral aidéia da pluralidade das existências, queem pouco tempo será, sem dúvida, ad-mitida como verdade incontestável.“Salvo alguns pontos muito controver-tidos, observa Kardec, a obra contémvistas muito profundas e muito justas,às quais o Espiritismo não deixa de as-sociar-se.” (Pág. 283.)

119. Após transcrever uma comu-nicação mediúnica publicada no jornalespírita Le Salut, de New Orléans, dejunho de 1868, Kardec fez o seguintecomentário: “Pode ver-se que as instru-ções dadas na América sobre a caridadee a fraternidade não cedem em nada àsque são dadas na Europa”. Esse é o eloque, segundo o Codificador, “unirá oshabitantes dos dois mundos”. (Págs. 283a 285.)

120. O número de setembro traz, fe-chando a edição, duas notas. A primeirarefere-se à Liga Internacional da Paz,uma associação que tinha por objetivoeliminar da Terra o flagelo da guerra. ARevista fornece os endereços dos locaisonde os interessados poderiam aderir àLiga. A nota seguinte anuncia a obra OEspiritismo na Bíblia, ensaio sobre as

idéias psicológicas entre os antigoshebreus, de autoria de Henri Stecki, deSão Petersburgo. (Pág. 285.)

121. Um artigo assinado por W.Foelkner, de São Petersburgo, analisao livro Horas de Piedade, escrito porC. Tschokke, distinto escritor suíço eautor de várias obras literárias muitoapreciadas na Alemanha. O livro obje-to do artigo havia tido desde 1815 maisde quarenta edições e, embora escritocinqüenta e três anos atrás, apresentaidéias nitidamente espíritas sobre vári-os assuntos, como a reencarnação e ocorpo espiritual ou perispírito. Na Re-vista são transcritas do livro citado a141a. Meditação – que fala do nasci-mento e da morte – e a 143a. Meditação– que explica o que ocorre com as pes-soas depois da morte corporal. (Págs.287 a 290.)

122. Eis, de forma resumida, algunstrechos da 143a. Meditação: I – A dou-trina da ressurreição dos corpos era umadas mais antigas da religião judaica. Maseles interpretavam tal idéia de forma er-rônea imaginando que os corpos materi-ais já sepultados é que um dia deveriamressuscitar. II – Paulo corrigiu esse equí-voco, que era partilhado também pelosdiscípulos de Jesus, esclarecendo que, damesma maneira que há um corpo ani-mal, há também um corpo espiritual e éeste que brilha e brilhará sempre. III –Diz-se muitas vezes que o sono é o ir-mão da morte, e assim o é. O sono é aretirada do Espírito ou alma, o abando-no provisório feito por ela das partesmais grosseiras do corpo. A mesma coi-sa ocorre no momento da morte. IV –No sono, a vida vegetativa, abandonadaa si mesma e deixada em repouso peloEspírito, pode continuar a trabalhar sementraves na sua restauração, conforme asleis de sua natureza. Eis por que, depoisde um sono em estado de saúde, senti-mos nosso corpo repousado, com que sealegra o nosso Espírito. V – O sono é oalimento da força vital. O estado de vi-gília é um consumo de força vital. VI –O sono compõe-se sempre de visões, dedesejos e de sentimentos, que se formamde uma maneira independente dos senti-dos exteriores do homem, que naquelemomento se encontram inativos. É porisso que raramente deixam uma impres-são viva e durável na memória. VII – Ossonhos são outras tantas provas da con-tinuação da atividade do Espírito. Umoutro estado que nos dá a prova dessaatividade é o estado de sonambulismo.VIII – Como explicar esse fenômeno?Como é que um homem que dorme podever e ouvir, mais perfeitamente do queem vigília? A resposta é simples: o cor-po não é senão o envoltório da alma esem ela nada pode experimentar, porqueé a alma que sente, vê e ouve o que sepassa ao seu redor. IX – Ao perder o cor-po material com o fenômeno da morte, éfácil compreender que o Espírito imor-tal conserva a consciência e o sentimen-to de sua existência e – por meio do cor-po espiritual de que fala o apóstolo Pau-lo – pode continuar a agir. (Págs. 290 a297.) (Continua no próximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

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O IMORTALPÁGINA 16 SETEMBRO/2008

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

Nascido em São Paulo e radi-cado no Rio de Janeiro há 30anos, o educador Marcus AlbertoDe Mario, escritor e palestrante– inclusive na área profissional deeducação –, atua, em nosso meio,no Centro Espírita Humildade eAmor, situado no Rio de Janeiro.

Nesta entrevista, ele fala so-bre seus livros, sua atuação naárea da educação e como vê omovimento espírita brasileiro.Segundo nosso entrevistado, fal-ta-nos “estudar mais Kardec, de-mocratizar a gestão do CentroEspírita, humanizar as relações eerigir a educação como priorida-de”.

– Quantos livros você já es-creveu?

Tenho dois livros publicados:“Visão Espírita da Educação”(Editora O Clarim) e “Espiritis-mo e Cultura” (Editora Mauad).Tenho outros livros prontos e quecircularam na forma apostilada.Para 2008 deverão alguns delesser publicados e distribuídos poruma editora. São livros nas áreasda educação, auto-ajuda e roman-ce.

– De onde vem seu interesse

pela temática da educação?A melhor resposta que posso

dar é que está na minha alma.Sempre fui autodidata, cheguei apossuir uma biblioteca com apro-ximadamente 3 mil livros, lendode tudo e com grande tendênciapara a educação. É vocação. Fiza Faculdade de Pedagogia, masnão cheguei a me diplomar, poisentrei em choque com as idéiasmaterialistas e as formalidades

ORSON PETER [email protected]

De Matão, SP

a c a d ê m i c a squando estavano final do cur-so. Muitos pro-fessores diziamque eu não tinhanada a aprenderali, e sim quedevia ensinar,mas estou sem-pre pronto paraaprender. Os es-tudos de Kardecsobre a educa-ção moral sem-pre me motiva-ram a trabalharnessa área.

– Nos cur-

sos e seminári-os que realiza,no movimento espírita e foradele, em ambientes educativos,como utiliza o conhecimento es-pírita em termos de didáticapara os participantes?

Fora do ambiente espírita uti-lizo a visão integral e profunda quea doutrina me oferta sobre a vida eo homem. Não preciso citar con-ceitos ou palavras espíritas de for-ma direta, tudo está implícito naabordagem que faço, que é sem-pre espiritualista e espiritualizante.Naturalmente que no ambiente es-pírita tenho liberdade para desdo-brar o amplo conhecimento que oEspiritismo nos dá.

– Descreva sua experiência

na área profissional como gestor,palestrante e educador.

O que posso dizer? São maisde trinta anos na estrada, aprenden-do, trocando experiências, ressig-nificando valores. Nunca me co-loco na posição de alguém que vaiensinar ou comandar, mas sim naposição de cooperador, de alguém

que faz pensar e que trabalha paraunir os esforços em metas e ideaiscomuns, sempre visando o bemcoletivo.

– Como é feita a ligação en-

tre o pensamento espírita e os ali-cerces da educação, dentro e forado movimento espírita?

Pergunta profunda. Encontra-mos entre pensadores e pedagogosmuitos conceitos e pesquisas quese alinham ou se aproximam dosprincípios espíritas. Essa é a pon-te. E trabalhar valores, sentimen-tos e formação moral é terreno co-mum, com a diferença que a basedo pensamento espírita ampliamuito a abordagem, que fica maisprofunda. Nas escolas e secretari-as de educação apresento um pro-jeto de educação moral do sernuma perspectiva holística desseser e da vida. Isso tem sido muitobem aceito.

– Em suas viagens doutriná-

rias espíritas, como tem sentido

Marcus Alberto De Mario:

o movimentoespírita?

Com visãomuito positiva.Tenho aprendi-do muito, pre-senciado açõesmaravilhosas.Mas nem tudosão flores, exis-tem os espinhos.Devemos traba-lhar para conhe-cer cada vezmais a obra deAllan Kardec etê-la como ori-entadora doCentro Espírita,assim como de-vemos fazer es-forços em vi-

venciar os ensinos e exemplos deJesus. Nas últimas décadas o mo-vimento espírita cresceu em quan-tidade e qualidade.

– Na sua opinião, o que está

faltando para melhor estruturarnossas instituições, tanto a níveleducativo como a nível de movi-mento espírita?

Estudar mais Kardec, democra-tizar a gestão do Centro Espírita,humanizar as relações e erigir aeducação como prioridade.

– Por que há tanto desinteres-

se na educação integral do Espí-rito, mesmo considerando o mo-vimento espírita?

Porque não demos ainda adevida importância à educaçãodo Espírito, que é a educaçãomoral proposta por Kardec e pe-los Espíritos Superiores. Quan-do trabalharmos a formação docaráter do ser, atingiremos ascausa dos desvios humanos, etodos os males, com o tempo,

serão história do passado. – Quais as maiores dificul-

dades, a seu ver, que o movi-mento espírita tem a vencerpara cumprir seus altos e no-bres objetivos?

Os espíritas precisamos com-preender que sem tolerância, fra-ternidade e solidariedade fica di-fícil cumprir o ideal de unifica-ção, que pressupõe primeiro aunião.

– Como palestrante nas em-

presas e em cursos na área daeducação, qual característicamais marcante você destaca nosparticipantes?

Destaco a procura por algu-ma coisa a mais na vida, aquelealgo que dê significado ao que sefaz. Mas isso não é geral. Gran-de maioria de gestores efuncionários de empresas, assimcomo os professores, vive apenaso dia-a-dia, indiferente ao resto.Aliás, indiferença e egoísmo es-tão de mãos entrelaçadas, e de-vemos manter nossa fé inabalá-vel no trabalho da educação mo-ral, da humanização das relaçõese do resgate dos reais valores hu-manos – morais e espirituais - para mudar esse quadro, mesmoque leve tempo. Eu acreditofirmemente que estamos plantan-do sementes que germinarão coma proteção de Deus, porque o beme o amor são mais fortes do queo egoísmo e a indiferença.

Observação:Marcus Alberto De Mario

mantém o site http://www.educacaomoral.org.br/. Os quedesejarem comunicar-se com elepodem fazê-lo por meio do cor-reio eletrônico [email protected]

“É preciso estudar mais Kardec eerigir a educação como prioridade”

Marcus Alberto De Mario