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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 652 Junho de 2008 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec “Nosso Lar” recebe dia 15 o espetáculo Brasil, Coração do Mundo A questão da violência e da criminalidade vista sob a ótica da Doutrina Espírita O confrade Gerson Si- mões Monteiro (foto), pre- sidente da Fundação Cristã- Espírita Cultural Paulo de Tarso, operadora da Rádio Rio de Janeiro, a Emissora dos espíritas da Cidade Ma- ravilhosa, fala, em entrevis- ta concedida à jornalista Fernanda Borges, sobre di- versos assuntos do interes- se de nossos leitores. Espírita desde os 16 anos de idade, Gerson já partici- pou de inúmeros eventos na- cionais e internacionais importan- tes ligados ao Espiritismo, como o 1 o e o 2 o Congresso Espírita Mun- dial e o 1 o Congresso Espírita Bra- sileiro em Salvador (2002), e em todos apresentou propostas doutri- nárias. Carioca e ex-presidente da USEERJ - União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Ja- neiro, o confrade examinou, den- tre as questões do momento, o pro- blema da criminalidade, assunto sobre o qual ele é objetivo e enfá- tico: “Diante da criminalidade e da violência, creio que a causa está na falta de Cristo. Em outras palavras, está faltando orientação espiritual para as crianças e para os jovens.” Págs. 8 e 9 Com direção artística de Wag- ner Donadio e musical do maestro José Mário Tomal, a Associação Coral Espírita Hugo Gonçalves, de Cambé, apresenta o espetáculo te- atral sobre o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, no dia 15 de junho, às 20h, no au- ditório do Centro Espírita Nosso Lar, em Londrina. O espetáculo será também apresentado em di- versas cidades de nossa região, sempre com entrada franca. Pág. 11 Aumenta o número de leitores da revista O Consolador No mês de maio a revista espírita O Consolador , www.oconsolador.com, passou a publicar 5 textos também em in- glês e espanhol, fato que vem se observando desde a edição 56, de 18/5/2008. Os números registra- dos pela revista tiveram, desde então, um salto extraordinário: o número de visitas e de downloa- ds da revista triplicou entre janei- ro e maio deste ano, enquanto que o número de impressões che- gou a 3.685 em média por dia, 120% a mais do que no início do ano. Pág. 10 O túmulo de Allan Kardec e suas histórias O confrade Humberto Werdi- ne, de Viena , refere um episódio bem interessante ocorrido numa de suas viagens à cidade de Isla- mabad, capital da República Islâmica do Paquistão. Ele estava calmamente lendo algo em sua poltrona quando viu que o passageiro ao lado lia aten- tamente uma página da revista principal da companhia aérea A Revue Spirite há 140 anos ......................... 15 Aiglon Fasolo ................................................. 6 Arthur Bernardes de Oliveira ....................... 13 Clássicos do Espiritismo ................................ 5 Crônicas de Além-Mar ................................. 12 De coração para coração ................................ 4 Divaldo responde ............................................ 5 Editorial .......................................................... 2 Emmanuel ....................................................... 2 Espiritismo para crianças ............................. 14 Estudando as obras de André Luiz ............... 13 Édo Mariani .................................................. 10 Grandes Vultos do Espiritismo ....................... 7 Jane Martins Vilela ....................................... 13 Joanna de Ângelis ........................................... 2 José Viana Gonçalves ................................... 12 Momentos com Divaldo Franco ................... 10 Palestras, seminários e outros eventos ......... 11 Wellington Balbo .......................................... 10 Ainda nesta edição Continua o debate em torno das células-tronco embrionárias Em decisão histórica to- mada no dia 29 de maio úl- timo, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela constitucionalidade do arti- go 5º da Lei de Biosseguran- ça, que permite a utilização em pesquisas de células- tronco embrionárias fertili- zadas in vitro e não utiliza- das. As pesquisas, que seto- res da Igreja Católica gosta- riam de interditar, estão, por- tanto, liberadas no Brasil, sem nenhuma restrição. O debate em torno de- las, contudo, continua, como mostra o artigo assi- nado pelo confrade Jorge Hessen, de Brasília (DF), que fecha a presente edição. Nele, o confrade analisa do ponto de vista doutrinário as várias correntes que se for- maram no meio espírita a respeito do assunto, visto que entre os espíritas há quem defenda as pesquisas e há os que pensam de for- ma contrária. Pág. 16 Emirates, que falava sobre Pa- ris e, especial- mente, sobre o cemitério de Père-Lachaise . Curioso, abriu a revista e come- çou também a ler a mesma re- portagem. Como sabemos, é no referido ce- mitério que se encontra o tú- mulo de Allan Kardec, o Codi- ficador do Espi- ritismo (fotos). Foi com sur- presa que ele viu, então, que o autor da matéria falava exatamen- te sobre o túmulo de Kardec, um dos mais visitados do local, e di- zia, segundo seu próprio enten- dimento, que era o túmulo do fun- dador da crença da transmigra- ção das almas, passando de um corpo para outro após a morte. Nesse momento o vizinho puxou conversa, pois viu que ele lia a mesma reportagem. Pág. 3

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Page 1: O IMORTAL - oconsolador.com.br · O confrade Gerson Si-mões Monteiro (foto), pre-sidente da Fundação Cristã-Espírita Cultural Paulo de Tarso, operadora da Rádio Rio de Janeiro,

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 652 Junho de 2008 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

“Nosso Lar” recebe dia 15o espetáculo Brasil,Coração do Mundo

A questão da violência e da criminalidadevista sob a ótica da Doutrina Espírita

O confrade Gerson Si-mões Monteiro (foto), pre-sidente da Fundação Cristã-Espírita Cultural Paulo deTarso, operadora da RádioRio de Janeiro, a Emissorados espíritas da Cidade Ma-ravilhosa, fala, em entrevis-ta concedida à jornalistaFernanda Borges, sobre di-versos assuntos do interes-se de nossos leitores.

Espírita desde os 16 anosde idade, Gerson já partici-pou de inúmeros eventos na-cionais e internacionais importan-tes ligados ao Espiritismo, como o1o e o 2o Congresso Espírita Mun-dial e o 1o Congresso Espírita Bra-sileiro em Salvador (2002), e emtodos apresentou propostas doutri-nárias.

Carioca e ex-presidente daUSEERJ - União das SociedadesEspíritas do Estado do Rio de Ja-

neiro, o confrade examinou, den-tre as questões do momento, o pro-blema da criminalidade, assuntosobre o qual ele é objetivo e enfá-tico: “Diante da criminalidade e daviolência, creio que a causa está nafalta de Cristo. Em outras palavras,está faltando orientação espiritualpara as crianças e para os jovens.”Págs. 8 e 9

Com direção artística de Wag-ner Donadio e musical do maestroJosé Mário Tomal, a AssociaçãoCoral Espírita Hugo Gonçalves, deCambé, apresenta o espetáculo te-atral sobre o livro Brasil, Coraçãodo Mundo, Pátria do Evangelho,

no dia 15 de junho, às 20h, no au-ditório do Centro Espírita NossoLar, em Londrina. O espetáculoserá também apresentado em di-versas cidades de nossa região,sempre com entrada franca. Pág.11

Aumenta o número de leitoresda revista O Consolador

No mês de maio a revistae s p í r i t a O C o n s o l a d o r ,www.oconsolador.com, passou apublicar 5 textos também em in-glês e espanhol, fato que vem seobservando desde a edição 56, de18/5/2008. Os números registra-dos pela revista tiveram, desde

então, um salto extraordinário: onúmero de visitas e de downloa-ds da revista triplicou entre janei-ro e maio deste ano, enquantoque o número de impressões che-gou a 3.685 em média por dia,120% a mais do que no início doano. Pág. 10

O túmulo de Allan Kardec e suas históriasO confrade Humberto Werdi-

ne, de Viena , refere um episódiobem interessante ocorrido numade suas viagens à cidade de Isla-mabad, capital da RepúblicaIslâmica do Paquistão.

Ele estava calmamente lendoalgo em sua poltrona quando viuque o passageiro ao lado lia aten-tamente uma página da revistaprincipal da companhia aérea

A Revue Spirite há 140 anos ......................... 15Aiglon Fasolo ................................................. 6Arthur Bernardes de Oliveira ....................... 13Clássicos do Espiritismo ................................ 5Crônicas de Além-Mar ................................. 12De coração para coração ................................ 4Divaldo responde ............................................ 5Editorial .......................................................... 2Emmanuel ....................................................... 2Espiritismo para crianças ............................. 14Estudando as obras de André Luiz ............... 13Édo Mariani .................................................. 10Grandes Vultos do Espiritismo ....................... 7Jane Martins Vilela ....................................... 13Joanna de Ângelis ........................................... 2José Viana Gonçalves ................................... 12Momentos com Divaldo Franco ................... 10Palestras, seminários e outros eventos ......... 11Wellington Balbo .......................................... 10

Ainda nesta ediçãoContinua o debate emtorno das células-tronco

embrionáriasEm decisão histórica to-

mada no dia 29 de maio úl-timo, o Supremo TribunalFederal decidiu pelaconstitucionalidade do arti-go 5º da Lei de Biosseguran-ça, que permite a utilizaçãoem pesquisas de células-tronco embrionárias fertili-zadas in vitro e não utiliza-das. As pesquisas, que seto-res da Igreja Católica gosta-riam de interditar, estão, por-tanto, liberadas no Brasil,sem nenhuma restrição.

O debate em torno de-las, contudo, continua,como mostra o artigo assi-nado pelo confrade JorgeHessen, de Brasília (DF),que fecha a presente edição.Nele, o confrade analisa doponto de vista doutrinário asvárias correntes que se for-maram no meio espírita arespeito do assunto, vistoque entre os espíritas háquem defenda as pesquisase há os que pensam de for-ma contrária. Pág. 16

Emirates, quefalava sobre Pa-ris e, especial-mente, sobre ocemitério dePère-Lachaise.Curioso, abriu arevista e come-çou também aler a mesma re-p o r t a g e m .

Como sabemos,é no referido ce-mitério que seencontra o tú-mulo de AllanKardec, o Codi-ficador do Espi-ritismo (fotos).

Foi com sur-presa que eleviu, então, que o

autor da matéria falava exatamen-te sobre o túmulo de Kardec, umdos mais visitados do local, e di-zia, segundo seu próprio enten-dimento, que era o túmulo do fun-dador da crença da transmigra-ção das almas, passando de umcorpo para outro após a morte.

Nesse momento o vizinhopuxou conversa, pois viu que elelia a mesma reportagem. Pág. 3

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O IMORTALPÁGINA 2 JUNHO/2008

EditorialEMMANUEL

Emmanuel considera singular ofato de Jesus não ter deixado para aposteridade um compêndio de seusensinamentos, como fazemcomumente os homens extraordiná-rios. É que, segundo ele, o métododo Cristo foi diferente, gravando nocoração dos homens a mensagemque, segundo as inclinações de cadaum, se manifesta como carta viva.

As manifestações humanas acer-ca de seus ensinamentos, de ordiná-rio, dão margem a controvérsias.Mas os homens sinceros sabem o es-sencial.

Ninguém poderia ter vislumbra-do a essência do Cristianismo commaior precisão do que Paulo, o após-tolo dos gentios. E, seguindo a ori-entação de Paulo-Espírito, Kardec.

A essência do Cristianismoredivivo, o Espiritismo, está no amorfraterno, ou seja, na caridade.

Caridade é amar a Deus atravésda fé humilde e aos homens comoJesus nos amou, ou, como define OLivro dos Espíritos, é benevolên-cia para com todos, indulgência paracom as imperfeições alheias e per-dão das ofensas.

Caridade! Talvez seja essa a pa-lavra mais pronunciada pelos espí-ritas e mais comentada nos escritosdos autores basilares – e certamentea menos compreendida.

Vejamos a origem desse vocábu-lo.

Caridade é uma palavra do idio-ma português que tem raiz numa pa-lavra latina, caritas, que significa

Coloca, nas janelas da alma, oamor, a bondade, a compaixão, a ter-nura, a fim de acompanhares o mun-do e o seu séquito de ocorrências.

O amor te facultará ampliar o cír-culo de afetividade, abençoando osteus amigos com a cortesia, os estí-mulos encorajadores e a tranqüilida-de.

A bondade irrigará de esperança

A resposta de João Batista aossoldados, que lhe rogavam escla-recimentos, é modelo de concisãoe de bom senso.

Muita gente se perde através deinextricáveis labirintos, em virtu-de da compreensão deficiente acer-ca dos problemas de remuneraçãona vida comum.

Operários existem que recla-mam salários devidos a ministros,sem cogitarem das graves respon-sabilidades que, não raro, conver-tem os administradores do mundoem vítimas da inquietação e da in-sônia, quando não seja em márti-res de representações e banquetes.

Há homens cultos que vendema paz do lar em troca da dilataçãode vencimentos.

Inúmeras pessoas seguem, damocidade à velhice do corpo, an-siosas e descrentes, enfermas e afli-tas, por não se conformarem comos ordenados mensais que as cir-cunstâncias do caminho humanolhes assinalam, dentro dos impers-

Cartas vivas“amor de irmão” – amor fraterno, eque traduz uma outra palavra grega,usada nos evangelhos, agape, quetem o mesmo sentido.

Vê-se, em face disso, que cari-dade nada tem que ver com dar coi-sas. Isso tem outro nome: beneficên-cia. Mas, como damos o que nospertence e o que está depositado emnossas mãos, o ato de dar pode re-vestir-se de caridade.

O que está depositado em nos-sas mãos são os bens materiais. Oque nos pertence de fato são os nos-sos sentimentos, nossa cultura e nos-sa inteligência.

Assim, existe caridade quandodamos coisas com sentimento, quan-do distribuímos nosso afeto, quan-do ensinamos e quando auxiliamosos outros com o uso de nossa razão.

O que Emmanuel destaca emseus comentários em torno do Evan-gelho é que, tendo inscrito no cora-ção as duas leis máximas que resu-mem a Boa Nova, o crente sincerodispõe de um guia seguro para to-dos os seus atos na vida.

É preciso lembrar, porém, que,como asseveram os Espíritos supe-riores, a lei do amor é por demaisabrangente e precisa ser aplicada àssituações cotidianas para ser bemcompreendida. E, nesse sentido, osque a aplicam tornam-se, por issomesmo, cartas vivas do evangelhodo Cristo.

Das coisas mais belas ensinadaspelo Espiritismo destaca-se o ensina-mento de que depende de nós melho-

rarmos nossa situação diante do pas-sado e do presente, construindo umpresente e um futuro mais felizes.

Foi com tal propósito que Jesusiniciou suas pregações fazendo suasas palavras do Batista, segundo nosrelatam os evangelhos. O Cristo di-zia docemente: “Arrependam-se, fa-çam penitência, convertam-se, por-que o Reino de Deus está próximode vocês”.

O que é preciso para nos melho-rarmos é, primeiro, o arrependimen-to sincero; depois, expiar e repararo mal que fizemos, e convertermo-nos, ou seja, virar nossa face para oCriador. E tudo nos será dado poracréscimo, se nos dispusermos a pra-ticar a lei do amor. Assim agindo,ensina o evangelho, tudo se tornadiferente e a vida se enche de felici-dade, porque aceitando a justiça deDeus – a lei de causa e efeito – eaceitando sua bondade – que dá acruz segundo as forças, além de to-das as compensações referentes aosentes queridos que nos acompanhame às sempre renovadas oportunida-des de crescimento – compreende-mos por que Jesus disse que seu far-do é leve e seu jugo é suave.

É leve porque, compreendendoa justiça e a bondade de Deus, nos-sas vidas tornam-se mais suportá-veis; e suave porque sua única exi-gência é a observância da lei de amor– amor a Deus e amor ao próximo –algo que é acessível a qualquer pes-soa, independentemente de sua con-dição social, cultural ou econômica.

Um minuto com Joanna de Ângelisos corações ressequidos pelos sofri-mentos e as emoções despedaçadaspela aflição que se te acerquem.

O perdão constituirá a tua forçarevigoradora colocada a benefíciodo delinqüente, do mau, do alucina-do, que te busquem.

A ternura espraiará o perfume re-confortante da tua afabilidade, le-vantando os caídos e segurando os

Salários

crutáveis Desígnios.Não é por demasia de remune-

ração que a criatura se integrarános quadros divinos.

Se um homem permanececonsciente quanto aos deveres quelhe competem, quanto mais alta-mente pago, estará mais intranqüi-lo.

Desde muito, esclarece a filo-sofia popular que para a grande nausurgirá a grande tormenta.

Contentar-se cada servidorcom o próprio salário é prova deelevada compreensão, ante a justi-ça do Todo-Poderoso.

Antes, pois, de analisar o pa-gamento da Terra, habitua-te a va-lorizar as concessões do Céu.

JOANNA DE ÂNGELIS, men-tora espiritual de Divaldo P. Franco,é autora, entre outros livros, de Mo-mentos de Felicidade, do qual foiextraído o texto acima.

trôpegos, de modo a impedir-lhes aqueda, quando próximos de ti.

As janelas da alma são espaçosfelizes para que espraie a luz, e serealize a comunhão com o bem.

Colocando os santos óleos daafabilidade nas engrenagens da tuaalma, descerrarás as janelas fecha-das dos teus sentimentos, e a tuaabençoada emoção se alongará,afagando todos aqueles que seaproximem de ti, proporcionando-lhes a amizade pura que se conver-terá, afagando todos aqueles quese aproximem de ti, proporcionan-do-lhes a amizade pura que se con-verter em amor, rico de bondade ede perdão, a proclamarem chega-da a hora de ternura entre os ho-mens da Terra.

“E contentai-vos com o vosso soldo.” — João Batista.(Lucas, cap. 3, versículo 14.)

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EMMANUEL, que foi o men-tor espiritual de Francisco Cândi-do Xavier e coordenador da obramediúnica do saudoso médium mi-neiro, é autor, entre outros livros,de “Pão Nosso”, de onde foi ex-traído o texto acima.

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O IMORTALJUNHO/2008 PÁGINA 3

Sempre acreditei que uma dasprincipais missões de um espíri-ta consciente é a divulgação doEspiritismo. Esta divulgação temque ser feita sem proselitismos,nem fanatismo, mas com deter-minação e conhecimento, saben-do que muitas pessoas ainda nãoestão preparadas para entenderou mesmo aceitar o que signifi-ca ser espírita. Sei também que éatravés de seu comportamento,no dia-a-dia, em suas vitórias,derrotas ou rotinas, que o espíri-ta dá sinais do vigor de sua fé.

Devido ao meu trabalho pro-fissional, viajo com freqüência,principalmente aos diversos paíseseuropeus e asiáticos. Tenho porhábito levar sempre comigo doisexemplares de algum livro da Co-dificação e alguns livros espíritasde auto-ajuda, todos traduzidospara o inglês, para serem dados depresente em alguma oportunidade.

Numa de minhas últimas vi-agens à Coréia do Sul, na cidadede Pusan (a segunda em impor-tância após a capital Seul), oferteium exemplar de O Livro dos Es-píritos e A Gênese para uma bi-blioteca de um grande hotel, cujo

HUMBERTO [email protected]

De Viena, Áustria

gerente e eu tive-mos uma longaconversa sobrereligião e reencar-nação durante umjantar. Achei inte-ressante a grandeaceitação do ge-rente em relação àoferta dos livrose, inclusive, eleme disse que irialer os livros commuita atenção.

Outro episódiobem interessanteocorreu comigodurante um vôo aDubai, capital dosEmirados Árabes Unidos. Era umvôo de conexão, pois estava na rea-lidade indo para Islamabad, capitalda República Islâmica do Paquistão.Estava calmamente lendo em minhapoltrona, quando observei que a pes-soa que estava na poltrona ao meulado estava lendo atentamente umapágina da revista principal da com-panhia aérea Emirates, que falavasobre Paris e, especialmente, sobreo cemitério de Père-Lachaise. Curi-oso, abri a revista e comecei tambéma ler a referida reportagem. Foi comsurpresa que vi que o autor da maté-ria falava do túmulo de Allan Kar-dec, como um dos mais visitados e

Histórias sobre o túmulo de Allan Kardec

dizia, no seu entendimento, que erao túmulo do fundador da crença datransmigração das almas, passan-do de um corpo para outro após amorte.

Estava absorvido na leitura,quando meu vizinho puxou conver-sa, pois viu que eu estava lendo amesma reportagem. Ele iniciou odiálogo da seguinte maneira:

– Veja você, que curioso..., hápessoas que acreditam nisso e re-verenciam seus líderes mesmoapós a morte deles. Como acredi-tar nisso??? Só mesmo Paris paratransformar um cemitério em pon-to turístico! Eu moro em Paris, soumuçulmano e minha fé é bastantediferente, embora respeite a todas,mas acreditar nisso de transmigra-ção de almas é impensável!!!

Neste momento, percebi que eunão podia ficar calado, que tería-mos uma viagem bem interessan-te pela frente e que eu tinha emmãos uma bela oportunidade paradivulgar corretamente o Espiritis-mo. Imediatamente pensei..., mascomo fazer isto sem parecer pie-gas ou fanático? Mentalmente fizuma oração, respirei fundo e deicontinuidade ao diálogo, dizendoque havia um engano do autor damatéria, pois aquela pessoa cujotúmulo estava sendo referenciado

pela reportagemnão era o funda-dor da teoria datransmigração dasalmas. Aquele ho-mem chamava-seAllan Kardec eque ensinara, den-tre outras coisas,sobre a aplicaçãoda justiça divinaatravés das vidassucessivas, ondeo ser humanonunca regride eavança sempre,uns mais lenta-mente que outros;mas todos rece-

bendo as mesmas oportunidades.Acrescentei que eu acreditava nes-sa filosofia, pois uma vida só nãoé suficiente para alguém ser total-mente bom ou completamentemau. Mas que eu entendia, por terorigem católica, ter estudado a Bí-blia e também ter estudado o livrosagrado dos muçulmanos, o Sagra-do Corão ou Alcorão, que estasdoutrinas pregam uma única vida,o castigo ou a salvação eterna, eque é difícil para estas pessoasacreditarem em vidas sucessivas.

O meu interlocutor ficou sur-preso, pensou um pouco e me per-guntou por que eu acreditava. Euentão disse a ele que a resposta se-ria longa e poderia ser enfadonhapara ele, mas para minha surpresaele insistiu, me dizendo que tínha-mos algumas horas de vôo e quegostaria muito de me ouvir. Con-versamos sobre o assunto por maisde uma hora e terminei dizendo queeu já tinha visitado aquele túmuloe que havia um escrito muito inte-ressante no dólmen: “Nascer, mor-rer, renascer ainda e progredir semcessar, tal é a lei.”

Meu companheiro de viagemnão comentou nada e, durante aminha explicação, murmuravaeventualmente algumas palavrasde concordância e outras de

discordância. Quando estávamosnos aproximando de Dubai, eleme abordou novamente, dizendoque a conversa tinha sido muitointeressante e que o vôo tinhapassado mais rápido, me agrade-cendo pelas explicações. Nestemomento, senti que o momentoera apropriado e arrisquei: – Poracaso tenho um livro aqui comi-go sobre este assunto. Eu teria omaior prazer de presenteá-lo avocê, caso não se ofenda. Elesorriu, disse-me que teria algu-mas semanas em Dubai e quelogo retornaria a Paris, mas quegostaria de ler o livro, sim. Pe-guei em minha maleta de mão osexemplares de O Livro dos Espí-ritos e de O Céu e o Inferno, en-tregando ao meu companheiro deviagem com uma pequena dedi-catória onde coloquei meu e-mail. Despedimo-nos ao coletarnossas malas e nunca mais o vi.

E fiquei a pensar: como as coi-sas são engraçadas! Conversei so-bre o Espiritismo durante algumashoras com um companheiro de vi-agem, alguém que eu nem conhe-cia, de religião muito diferente daminha e agora ele estava com doislivros da Codificação em inglês.O que ele faria com estes livros?Será que ele iria lê-los? Não sei.E até hoje não recebi nenhum e-mail dele. Mas, como sei que sãoestranhos e diversos os terrenosonde a mensagem deve serlançada, assim como são diversastambém as oportunidades que oPai nos dá para que divulguemosa mensagem desta DoutrinaConsoladora, fiquei feliz por terfeito a minha parte.

Os livros estão lá, num hotelimportante, na segunda maior ci-dade da Coréia do Sul, e outrosnas mãos de um homem de ne-gócios, muçulmano, residente emParis. Quem sabe, um dia, al-guém possa pegar estes livros aoacaso e encontrar ali as respostasàs suas indagações...Cemitério Père-Lachaise, em Paris

Túmulo de Kardec em Paris

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O IMORTALPÁGINA 4 JUNHO/2008

De coração para coração

Uma questão que intriga muitosconfrades é o fato de haver no meioespírita quem defenda, em vez dasimples imposição de mãos, a movi-mentação delas para a ministração dopasse. Conquanto não se trate de umtema relevante, essa é uma das ques-tões que costumam causar embara-ços em algumas situações, sobretu-do quando o espírita, habituado comuma determinada sistemática, passaa freqüentar uma instituição que pro-ponha sistemática diferente.

A divergência de entendimentonesse assunto é, contudo, fácil decompreender.

Há pessoas que esquecem que opasse ministrado por nós encarnadospertence, segundo terminologia adota-da por Kardec, à chamada ação mag-nética mista, semi-espiritual ou huma-no-espiritual (A Gênese, cap. XIV, item33), na qual, combinado com o fluidohumano, o fluido espiritual lhe impri-me qualidades de que ele carece.

Nessas circunstâncias, o concur-so dos Espíritos é amiúde espontâneo,porém, as mais das vezes, provocadopor um apelo do magnetizador, que emnosso meio ficou popularizado com onome de médium passista.

Ora, aprendemos numa das obrasque compõem o Pentateuco Karde-quiano, O Livro dos Médiuns, cap.14, item 176, que são exatamente es-ses Espíritos que, associando suasforças fluídicas às forças do mé-dium, dirigem o fluido que vai serderramado sobre o paciente, compe-tindo ao médium passista tão-so-mente projetar suas forças fluídicassobre o cérebro do paciente, onde selocaliza o centro coronário, queexerce papel fundamental sobre osdemais centros ou chacras.

Diferentemente é a ação magnéti-ca realizada sem intermediário pelosEspíritos, diretamente sobre os enfer-mos, a que Kardec chama de magne-tismo espiritual (cf. A Gênese, cap.XIV, item 33). A movimentação dasmãos por parte deles é justificável,porque vendo o problema específicodo paciente, inclusive seus órgãos in-ternos, podem eles direcionar sobreessas partes o fluido movimentado.

Um outro dado importante a con-siderar é que muitos espíritas atual-mente encarnados se iniciaram noEspiritismo quando era ainda muitoforte em nosso país a orientação deEdgard Armond a respeito dos pas-

ses padronizados.Na própria estrutura do COEM

– Centro de Orientação e EducaçãoMediúnica, obra criada por dois mé-dicos, Alexandre Sech e Célio Tru-jilo Costa, e um notável professor,Ney de Meira Albach, a primeiraversão dos estudos sobre o passe era

no sentido dos passes padronizados,algo que mudou por completo quan-do Herculano Pires tratou do assun-to e produziu um livro, pequeno notamanho mas enorme no conteúdo,intitulado “Obsessão, o passe, a dou-trinação”. Basta compulsar as pri-meiras apostilas do COEM para ver-mos a preocupação que havia entãocom a postura física e a movimenta-ção de braços e mãos, consideradafundamental à eficácia da terapia.

Há espíritas, e certamente issodeve ocorrer com alguns médiuns,que sentem uma influenciação maisforte do Espírito amigo que os auxi-lia no passe e, movidos por essainfluenciação, movimentam o braçoseguindo uma intuição especial, quepoucas pessoas sentem. Advém daía orientação pela simples imposiçãode mãos visto que, não sabendo qualo problema específico do enfermo,não há razão nenhuma para movi-mentarmos a esmo nossas mãos.

Sabem todos os que trabalham natarefa do passe que geralmente osmédiuns passistas não conhecem as

pessoas que ali estão para receber esseauxílio. E, ainda que os conheça, omédium não tem ciência do que le-vou a pessoa a buscar o recurso mag-nético, visto que num grupo de 80pessoas à espera do passe, há de tudo:indivíduos gravemente enfermos, cri-aturas preocupadas com problemasmateriais, pessoas que têm saudade doente querido que partiu e casos inú-meros – desemprego, depressão, soli-dão etc. – de que os médiuns passistasnão têm o menor conhecimento.

Em face disso, sem nos impor-tarmos com quem defenda pensa-mento contrário, somos inteiramen-te a favor do que Herculano Piresexpõe na obra referida, porque foiele, até o momento, quem melhorexplicitou a mecânica do passe emnosso meio.

“O passe espírita – ensina-nosHerculano – é simplesmente a impo-sição das mãos, usada e ensinada porJesus, como se vê nos Evangelhos.”E sua eficácia está toda, inteira, naassistência espiritual do médium enão na técnica que ele utilize.

Por que, na questão do passe, é suficiente a imposição de mãos?

Pílulas gramaticaisMuitos oradores e palestrantes

costumam, ao referir-se a si mes-mos, utilizar o plural “nós” em vezdo singular “eu”.

Exemplos:• Nós estivemos no local. (Em vezde: Eu estive no local.)• Fomos nós quem apresentou oprojeto. (Em vez de: Fui eu quemapresentou o projeto.)• Estamos indo agora falar com opresidente. (Em vez de: Estou indoagora falar com o presidente.)

É o chamado plural de modés-tia, visto que é realmente desagra-dável ouvir um orador ou um pa-lestrante que a todo o momento uti-

lize o pronome “eu” (Eu estive; euapresentei; fui eu quem disse etc.)

Preciso é, porém, observar que,embora o verbo concorde com opronome “nós”, o adjetivo aplicá-vel ao sujeito da oração deve ficarno singular.

Exemplos:• Nós estamos atento (se for ho-mem) ou atenta (se for mulher).• Nós nos sentimos honrado (se forhomem) ou honrada (se for mu-lher).• Ficamos cansado (ou cansada) detanto argumentar.• Fomos bem acolhido (ou acolhi-da) pelo público da cidade.

ASTOLFO OLEGÁRIO DE OLIVEIRA FILHO - [email protected] Londrina

O Espiritismo respondeUm assunto suscitado por vári-

as pessoas e que intriga os espíritasdiz respeito à vida no planeta Mar-te, sobre o que existe divergênciaclara de pensamentos entre o queKardec escreveu e o que alguns au-tores desencarnados disseram pormeio de Francisco Cândido Xavier.

Na Revista Espírita há referên-cias a quatro planetas do sistemasolar. Vênus e Júpiter seriam mun-dos mais adiantados do que a Ter-ra; Mercúrio e Marte, inferiores aonosso planeta. As referências aMarte aparecem no volume de 1858(pp. 70 e 71) e no volume de 1860(pp. 332 a 334), em que Marte é des-crito como um mundo bem inferiorà Terra, onde os se-res, embora ten-do a forma humana, são rudimen-

tares e sem nenhuma beleza.Duas obras recebidas por Chico

Xavier, assinadas por Humberto deCampos e Maria João de Deus, trazeminformações diferentes. Por que a con-tradição? Não sabemos responder. Oque podemos, sim, é afirmar que todasas informações relacionadas com ascondições de vida e com a natureza doshabitantes dos diferentes planetas nãoconstituem assunto pertinente à Dou-trina Espírita, visto que lhes faltam ocritério da universalidade do ensino ea possibilidade de comprovação. Comosabemos, no âmbito da Ciência, as opi-niões relativas à existência ou não devida em outros mundos são divergen-tes. Há cientistas que crêem nessa pos-sibilidade, mas a maioria pensa de for-ma diferente.

Devemos entender, pois, comoopiniões pessoais ou como revelaçõessingulares o que Kardec e os doisEspíritos citados escreveram. O con-senso universal, ou seja, a concordân-cia entre as várias comunicações ob-tidas por meio de médiuns diversosem diferentes lugares, é um dos cri-térios que definem se determinado en-sinamento de natureza mediúnica fazparte ou não da Doutrina Espírita. EmO Evangelho segundo o Espiritis-mo, Introdução, item II, Kardec tratacom clareza desse assunto.

Ora, havendo divergências tãoclaras como as aqui citadas, o temafoge ao arcabouço da DoutrinaEspírita e, por isso, não deveriamerecer maior atenção por partedos espíritas.

Fac-símile do livro em que Herculano Piresensina como deve ser ministrado o passe

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O IMORTALJUNHO/2008 PÁGINA 5

Clássicos do Espiritismo

O Grande Enigma (9ª Parte)ANGÉLICA REIS

[email protected] Londrina

Damos continuidade à publica-ção do texto condensado da obra OGrande Enigma, de Léon Denis. Aspáginas citadas referem-se à 7.a edi-ção publicada pela Editora da FEB.

*142. A idade madura é o verão

de nossa existência terrena. A exem-plo da estação estival, é feita de ar-dores, cheia de luz. O nascer do Solé logo manhã; o poente é radioso;as noites são alumiadas suntuosa-mente pelas estrelas. A criatura sen-te-se aí feliz com o viver; tem a cons-ciência de sua força e dela sabe ser-vir-se. É quando atinge física e mo-ralmente o ponto culminante da Be-leza, porque existe uma beleza naidade madura e esta é a verdadeira.Um de nossos erros está em crer quea beleza da mocidade é a única se-nhora da vida, mas falta-lhe o ele-mento principal, a força, resultantedo equilíbrio geral e harmonioso doser. (PP. 206 e 207)

143. A velhice é o outono da vida;no último declínio, a vida está no in-verno. A velhice, segundo o modo dever comum dos homens, é adecrepitude, a ruína; é o prelúdio me-lancólico e aflitivo do último adeus.Mas existe aí um grave erro, porque,em regra geral, nenhuma fase da vidahumana é inteiramente deserdada dosdons da Natureza. (P. 207)

144. Ao contrário; a velhice ébela, grande, santa. Recapitula todoo livro da vida. Resume os dons dasoutras épocas da existência, sem asilusões, as paixões e os erros. Oancião viu o nada de tudo quantodeixa; entreviu a certeza de tudo oque há de vir; é um vidente. (P. 208)

145. Entretanto, é preciso nãoesquecer que em nossa época, já di-zia Chateaubriand, “há muitos velhose poucos anciães”. Ora, o ancião ébom, indulgente, estima e encoraja amocidade; seu coração não envelhe-

ceu. Os velhos são ciumentos, malé-volos e severos. (PP. 208 e 209)

146. A velhice é santa, pura quan-to a primeira infância; por isso, apro-xima-se de Deus e vê mais claro emais longe nas profundezas do Infi-nito. Ela é, em realidade, um come-ço de desmaterialização. A insônia,característico ordinário dessa idade,oferece disso a prova material. Avelhice assemelha-se à vigília pro-longada, à vigília da eternidade. Ovelho é uma espécie de sentinelaavançada, na extrema fronteira davida, onde tem um pé na terra pro-metida e vê a outra margem, a se-gunda vertente do destino. (P. 209)

A morte é, simplesmente,um segundo nascimento

147. As transformações, ou me-lhor, as transfigurações operadas nasfaculdades da alma, pela velhice,são admiráveis. Esse trabalho inte-rior resume-se em uma única pala-vra: a simplicidade. A velhice éeminentemente simplificadora detudo. Simplifica, inicialmente, olado material da vida e suprime to-das as necessidades irreais, as milnecessidades artificiosas que a mo-cidade e a idade madura criaram. Oancião tem uma faculdade precio-sa: a de esquecer. Tudo o que lhefoi fútil, supérfluo na vida, apaga-se, só conservando na memória oque lhe foi e é substancial. (P. 211)

148. A velhice é o prefácio damorte; é o que a torna santa, igual àvigília solene que faziam os inicia-dos antigos, antes de levantar o véuque cobria os mistérios. A morte é,pois, uma iniciação. (P. 212)

149. Ainda desconhecida emseu verdadeiro caráter pelas religi-ões e pelas filosofias, a morte é,simplesmente, um segundo nasci-mento. Deixamos o mundo pelamesma razão por que nele entra-mos, segundo a mesma lei. (P. 212

150. Algum tempo antes da mor-te, um trabalho silencioso se execu-ta. A desmaterialização já está

começada. A moléstia goza aqui depapel considerável, pois acaba emalguns meses, em algumas semanas,em alguns dias, o que o lento traba-lho da idade havia preparado. Trata-se da obra de “dissolução” de quefala Paulo de Tarso. (PP. 212 e 213)

151. Na fronteira dos dois mun-dos, a alma é visitada pelas visões ini-ciais daquele em que vai entrar. Omundo que deixa envia-lhe os fantas-mas da lembrança, e todo um cortejode Espíritos lhe aparece do lado daaurora. Ninguém morre só, pela mes-ma forma que ninguém nasce só. Osinvisíveis que a conheceram, que aamaram, que a assistiram aqui, vêmajudá-la a desembaraçar-se das últimascadeias do cativeiro terrestre. (P. 213)

152. Considerando apenas asvidas ordinárias, as existências queseguem tranqüilamente as fases ló-gicas do seu destino, que é a condi-ção comum da maior parte dosmortais, ao entrar na sombria gale-ria a alma aí fica em obscuridade,em uma penumbra próxima da luz.É o crepúsculo do Além. (P. 216)

No Além, as almas se agrupamsegundo as leis de afinidade

153. Aqui, as analogias entre avida e a morte são impressionan-

tes. A criança permanece muitosdias sem fixar a luz e sem ter co-nhecimento do que a rodeia. O re-cém-nascido no mundo invisívelfica também algum tempo sem to-mar conhecimento do seu modo deser e de seu destino. (P. 216)

154. Em tais momentos, as in-fluências magnéticas da prece, daslembranças, do amor, podem gozarum papel considerável e apressar oadvento das claridades reveladorasque vão iluminar essa consciênciaainda adormecida. (P. 217)

155. Esse período de transiçãoe essa parada no túnel da morte são,no entanto, absolutamente neces-sários, como preparação da visãode luz que deve suceder à obscuri-dade. É preciso que o sentido psí-quico se vá adaptando proporcio-nalmente ao novo foco que o iráesclarecer. (P. 217)

156. As almas, por instinto in-falível, vão para a esfera proporci-onada ao seu grau de evolução, àsua faculdade de iluminação, à suaaptidão atual de perfectibilidade. Asafinidades fluídicas conduzem-na,qual doce mas imperiosa brisa queimpele um batel, para outras almassimilares, com as quais vai unir-seem uma espécie de amizade. No

Além, as famílias, os grupos de al-mas e os círculos de Espíritos re-formam-se segundo as leis de afi-nidade e simpatia. (P. 218)

157. O purgatório é visitado pe-los anjos, diz a teologia católica. Omundo errático é visitado, dirigido,harmonizado pelos Espíritos supe-riores, e a lei circulatória que presi-de ao eterno progresso dos Estadose dos mundos desenrola-se sem ces-sar em esferas e mundos cada vezmais engrandecidos. (P. 219)

158. As almas, a quem a cons-ciência acusa de haverem falhadona última existência, compreen-dem a necessidade de reencarnare preparam-se para isso. Tudo en-tão se agita, tudo se move nessasesferas, sempre em vibração, sem-pre em movimento. O trabalho dospovos na Terra nada é, em compa-ração com esse labor harmoniosodo Universo. (PP. 219 e 220)

159. Quando se lança um olharrápido sobre o conjunto da Histó-ria, tem-se a impressão de que cadaséculo tem um papel especial apreencher na marcha da Humani-dade. O século XX parece ter, nes-se sentido, uma vocação superiorà de todos os outros. (P. 222) (Con-tinua no próximo número.)

Entrevista publicada no jornal O IMORTAL, edição de dezembro/1998, págs. 8 e 9.

Divaldo responde– Em face de tantas tragédias

e tantos problemas que ocorremno mundo, você vê com otimismoo futuro de nosso planeta?

Divaldo: Sem dúvida; emboraas calamidades que nos agridem,nunca vivemos um período no quala humanidade conheceu tanto apresença do amor e da responsabi-lidade como nos dias atuais.

Existem muitos conflitos,mas também muito amor. Multi-plicam-se os Organismos Interna-cionais em favor da paz, como aONU, a Unesco, dos direitos hu-

manos, dos direitos da mulher, dosdireitos das minorias de todo jaez,da Organização Mundial de Saúdee de Saúde Mental, da liberdade,das opções pessoais, demonstran-do que marchamos para uma Eramelhor, conforme acentuou AllanKardec, para o futuro-próximomundo de regeneração.

A minha mensagem é de paz ede confiança no porvir, que esta-mos construindo desde agora. Secada um de nós oferecer a sua par-cela de amor, por mais insignifi-cante que seja, de dignidade, por

mínima que pareça, estaremosedificando uma nova sociedade,um porvir melhor para a posteri-dade, para nós mesmos em ou-tras roupagens orgânicas...

Vale, portanto, a pena confi-ar, trabalhando pelo bem e divul-gando-o, a fim de que as forçasda anarquia e da desordem nãonos surpreendam, arrastando-nosde roldão.

Confio, sinceramente, no po-der do amor, e por essa razãoamo, mesmo quando ultrajado,incompreendido e perseguido...

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O IMORTALPÁGINA 6 JUNHO/2008

Um verdadeiro santo é eleito Papa– A condenação de Gerardo di Borgoacarretou o desprestígio do MinistroGeral franciscano Frei João de Parma.

O que tornava as idéias dos Espi-rituais mais perigosos era o fato de queos frades mais famosos pela virtudepertenciam a essa facção, enquantoseus opositores geralmente eram maisrelaxados. Exceção de valor único foiSão Boaventura, que foi eleito Minis-tro Geral da Ordem, em 1257, e quetomou posição clara contra os pseudo-erros dos Espirituais, sem ceder emnada aos relaxados. Ele determinou atéa prisão de João de Parma, o que lhevaleu a ira dos Espirituais, como An-gelo Clareno, que acusou São Boaven-tura de organizar a quarta perseguiçãogeral contra os “verdadeiros seguido-res de São Francisco”.

A situação dos Espirituais obtevegrande vantagem política com a elei-ção ao Papado de São Pedro Celestino- o Papa Celestino V.

Seu nome era Pedro de Morrone.Ele havia fundado uma ordem de ere-mitas - os Celestinos - e levava, elemesmo, uma vida de anacoreta em umamontanha, tendo fama de santidade.

Quando, em Roma, os Cardeaisnão entravam em acordo para a elei-ção de um Papa, devido às lutas entreGuelfos e Gibelinos, na Itália se pro-pôs eleger esse santo eremita comoPapa. Ele foi eleito, mas resistiu mui-to antes de aceitar. Entrou em Romamontado num burrico, e tomou o nomede Celestino V.

Era um homem de vida muito santa,mas que não sabia governar, nem enten-dia de política. Os Gibelinos o domina-

ram, e o levaram a tomar medidas queprejudicavam os senhores da Igreja.

Ele, normalmente, se arrependia.Afinal, constatando que não sabia go-vernar, ele ameaçou renunciar ao tro-no pontifício, coisa que os gibelinosnão queriam de modo algum, pois ex-ploravam a falta de capacidade de go-verno desse santo Pontífice.

Foi aí que os Espirituais AngeloClareno e Pedro de Macerata se apro-ximaram do Papa São Celestino V.

São Pedro Celestino conhecia, hátempos, os Espirituais franciscanos, eos recebeu com benevolência. Ouviuas suas queixas e os atendeu além detoda a medida: desligou-os de todaobediência com relação à Ordem Fran-ciscana, e autorizou-os a viver nos ere-mitérios que um Abade da Ordem dosCelestinos devia colocar à disposiçãodeles, para ali observar a Regra e oTestamento de São Francisco.

O Papa renuncia e tudo volta àsituação anterior – Para não magoaros franciscanos com essas concessões,São Pedro Celestino não permitiu queeles se denominassem Minoritas oufranciscanos, mas deu a esse novos Ere-mitas o nome de Pobres Eremitas, e oscolocou sob a proteção do CardealNapoleão Orsini. (Cf. Gratien, Historiade la Fundación y evolución de la ordende frailes menores en el siglo XIII.Buenos Aires: Desclée, 1947.)

Era um Papa santo - São PedroCelestino - que apoiava os discípulos(desviados) de um outro grande santo- São Francisco de Assis -, discípulosque eram acusados de heresia.

Pode-se imaginar o triunfo que foi,para os Espirituais, essa aprovação dopapa santo. Entretanto, essa aprova-ção “estatutária” dos Espirituais nãotinha a aprovação dos que detinham opoder na Igreja.

AIGLON FASOLOaiglon@nêmora.com.br

De Londrina

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

O triunfo dos hereges Espirituaisfoi curto: São Pedro Celestino, verifi-cando que era incapaz de governar, re-nunciou ao papado.

A 24 de dezembro de 1284, foi elei-to Papa, em lugar de São PedroCelestino, o Cardeal Benedito Gaetani,que tomou o nome de Bonifácio VIII,que era extremamente antigibelino econtrário aos Espirituais franciscanos.

“Bonifácio VIII, logo que cingiu atiara, anulou todas as concessões de seupredecessor” (Llorca, Garcia Villosla-da, Montalban, Historia de la IglesiaCatolica, Madrid: Bac) e os Espiritu-ais caíram de novo em desgraça.

A 8 de abril de 1295, colocou os Es-pirituais, que se haviam refugiado entreos Celestinos, de novo sob a jurisdiçãodo Ministro Geral Franciscano. Depois,pela Bula Ad Augmentum (Nov. 1295),deu poder ao Ministro Geral de tratar daquestão, chegando a proibir aos Espiri-tuais a apelação a Roma porque a ques-tão deles já fora julgada. (Cf. Graciano,Historia de la Fundación y evolución dela orden de frailes menores en el sigloXIII, Buenos Aires: Desclée, 1947.)

A luta contra os hereges Espiritu-ais franciscanos não ia terminar aí. Elase estenderia ainda por muito tempo.A grande condenação contra eles vi-ria a ser pronunciada pelo Papa JoãoXXII, que classificou como heresia aposição dos espirituais em 1318. (Cf.:Os principais erros dos espirituaisfranciscanos condenados por JoãoXXII in Denzinger 484-490.)

Vê-se por essa história que a apro-vação da prática de uma regra de umsanto por um Papa santo não significaa aprovação das idéias daqueles quese alicerçam numa regra ou num san-to, quando contrariam interesses se-culares da Igreja. (Continua no próxi-mo número.)

Sobre a evolução das religiões, oucomo Kardec chegou ao Espiritismo

(Parte 28)

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O IMORTALJUNHO/2008 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Luís Olímpio Teles de Menezes

Jornalista brasileiro, LuísOlímpio Teles de Menezes é con-siderado como um dos pioneirosdo Espiritismo no país. Filho deum oficial do Exército, FernandoLuis Teles de Menezes, e de D.Francisca Umbelina de Figueire-do Menezes, esse valoroso pio-neiro do Espiritismo em nossopaís nasceu em Salvador, Bahia,aos 26 de Julho de 1825. Ele fazparte da ilustre família dos Me-nezes, de velhos capitães, magis-trados e clérigos portugueses, quedesde os primórdios do séculoXVIII dera entrada no Brasil e sefirmou na Bahia, dando origem aextensa descendência.

Teles de Menezes casou-se,em primeiras núpcias, aos 23anos, com D. Ana Amélia Xavierde Menezes, da mesma idade.Nela, Teles de Menezes encon-trou a esposa compreensiva e ca-rinhosa de todos os instantes atéa sua desencarnação em 28 deagosto de 1865.

Foi pródiga a descendênciadesse primeiro matrimônio – entrefilhos, netos, bisnetos e tetranetos.Segundo o historiador Dr. Alexan-dre Passos, embora não seja possí-vel determinar, de fato, a que ramopertenceu Teles de Menezes, “nãoresta dúvida, a menor dúvida, ali-ás, que os Menezes, salvo rarasexceções, bons serviços prestaramao Brasil Colônia e ao Brasil Rei-no”. Ainda jovem, Teles de Mene-zes decidiu seguir a carreira do pai,que era militar. Entrou para o cur-so de Artilharia em sua cidade na-tal, porém logo a abandonou porfaltar-lhe a vocação.

Estudioso, autodidata, dedicou-se, então, ao magistério. Participou,ardorosamente, da campanha con-tra o analfabetismo e ao incentivoda literatura entre os jovens baia-nos. O ensino das primeiras letrasno Brasil decretado desde 1827,ainda não era bem aceito pelo povo,como não o era o próprio, destesendo exigida muita renúncia eabnegação.

Por vários anos, Teles de Mene-zes foi professor de instrução pri-mária e de Latim. Apreciador dopurismo gramatical publicou umcompêndio a que deu o título de“Ortoépia da Língua Portuguesa”.Foi um dos fundadores do jornal“Época Literária”, foi presidente emembro da diretoria do InstitutoHistórico da Bahia. Companheirode Rui Barbosa no ConservatórioDramático da Bahia, foi professorprimário, estenógrafo, funcionárioda Assembléia Legislativa e Ofici-al da Biblioteca Pública da Bahia.Falava o Inglês, o Francês, o Caste-lhano e o Latim. Escreveu nos se-guintes periódicos: Diário da Bahia,Jornal da Bahia, A Época Literáriae autor do romance Os Dois Rivais.

Foi devido à sua sede de cultu-ra e de conhecimento que Teles deMenezes veio a se interessar pelosfenômenos “inexplicáveis” queocorriam em todos os continentese que chamaram a atenção da hu-manidade. Durante toda a fase deimplantação da Doutrina Espíritana França, por Allan Kardec, Telesde Menezes manteve relações deamizade com os espíritas franceses.O intercâmbio de idéias e a corres-pondência entre os dois países fa-cilitaram a chegada a terras baianasdas tendências filosóficas e cultu-rais que emergiam além-mar.

A febre do magnetismo e osfenômenos espíritas explodiam em

toda parte e Teles de Menezes in-teressou-se, vivamente, por essesassuntos, da mesma forma quantoa Allan Kardec e aos trabalhos queeste desenvolveu juntamente comos espíritos Codificadores e queculminaram com o lançamento doLivro dos Espíritos em 1857. DaíTeles de Menezes vir a tornar-sesócio honorário correspondente daSociedade Magnética da Itália,filiando-se “igualmente a váriasentidades espíritas” européias.Dentre os distintos confrades comquem Teles de Menezes mantevecorrespondência, distinguem-se oprofessor Hippolyte Léon Deni-zard Rivail e seu secretário A. Des-liens.

Em 1860, surgiram no Brasil asprimeiras obras espíritas. Cincoanos depois, precisamente às22h30 do dia 17 de setembro de1865, realizou-se em Salvador, naBahia, a primeira sessão espírita noBrasil, sob a direção do pioneiroLuís Olímpio Teles de Menezes, esurgiu também o primeiro CentroEspírita brasileiro, o Grupo Fami-liar do Espiritismo, na então Pro-víncia da Bahia, primeira agremi-ação doutrinária no Brasil.

Naquela data, durante a primei-ra reunião do Grupo, um Espíritoque se denominou “Anjo de Deus”(“Anjo Brasil”, segundo outrosautores, e que alguns associam aopróprio “Ismael”), enviou psico-graficamente uma mensagem, cujoteor muito sensibilizou os presen-tes. Essa iniciativa provocou ime-diata reação da Igreja, que encon-trou, em Teles de Menezes, umadversário corajoso e honesto.

No ano seguinte (1866) publi-cou o opúsculo “O Espiritismo -Introdução ao Estudo da Doutri-na Espírita”, uma seleção de tre-chos que traduziu de O Livro dos

Espíritos, de Allan Kardec. O pe-riódico, impresso na tipografia doDiário da Bahia, contava com 56páginas e chegou a circular no ex-terior - em Londres, Madri, NovaIorque e Paris. Em breve se fez sen-tir a reação da Igreja Católica, quecomeçou a pregar acerca dosmalefícios da nova doutrina, vin-do a lançar uma Carta Pastoral,datada de 16 de junho, mas apenasdivulgada a 25 de julho de 1867.Essa Carta, em forma de opúscu-lo, com o título “Erros pernicio-sos do Espiritismo”, acusava vio-lentamente o Espiritismo recorren-do a inverdades.

Teles de Meneses, para refutá-la, escreveu uma carta aberta, daqual publicou duas edições no mes-mo ano, ao Arcebispo da Bahia ePrimaz do Brasil, D. Manoel Joa-quim da Silveira, onde afirma: “OEspiritismo tem de passar por pro-vas rudes, e nelas Deus reconhe-cerá sua coragem, sua firmeza esua perseverança. Os que se au-sentam por um simples temor, oupor uma decepção, assemelham-sea soldados que somente são cora-josos em tempo de paz, mas que,ao primeiro tiro, abandonam asarmas.” Acredita-se que essa cartatenha se constituído na primeiraobra espírita de autor brasileiropublicada no Brasil. Sendo o pon-to mais aceso a questão da reen-carnação, a polêmica veio a encer-rar-se depois de longo tempo,quando o padre Juliano José deMiranda, sabendo que Teles deMeneses era católico de nascimen-to, deu-a por encerrada afirmandoque “Espiritismo e Catolicismo sãoa mesma Igreja de nosso SenhorJesus Cristo”.

Teles de Menezes detém igual-mente o título de pioneiro da im-prensa espírita no Brasil. Em 8 de

março de 1869 anunciou, atravésde discurso proferido no Grêmiodos Estudos Espiríticos da Bahia,o aparecimento do jornal O Ecod’Além-Túmulo - Monitor do Es-piritismo no Brasi, o primeiro pe-riódico espírita no país.

Com 56 páginas, in 8º, bimes-tral, circulava não só na Bahia,mas em outras partes do territórionacional, bem como em Londres,Lyon, Paris, Madrid, Barcelona,Sevilha, Nova Iorque, Bolonha eCatânia. O “ECHO D’ALÉM-TÚMULO” nasceu abolicionista,difundindo, em meio à eferves-cência política da época, os prin-cípios imortais do Espiritismo,sustentados na máxima: igualda-de, liberdade e fraternidade.

Por volta de 1876, Teles deMenezes partiu para o Rio de Ja-neiro onde fixou residência naRua Barão de são Félix, 165 –Sobrado, onde viveu com a suasegunda esposa, D. Elisa Pereirade Figueiredo Menezes e algunsfilhos do primeiro matrimônio.Aos 16 de março de 1893, apóssofrer os embates de dolorosa epertinaz enfermidade (nefrite),desencarnou o pioneiro da Im-prensa Espírita no Brasil, aos 68anos de idade. Pouco tempo devida terrena restava a Teles e estepouco ele o passou sob longos edolorosos padecimentos causa-dos pela nefrite.

Desencarnou em pobreza ex-trema, sendo o seu enterro feitoa expensas de dois colegastaquígrafos, que lhe prestaram osmelhores serviços de amizade.Teles de Menezes inscreve-se nocontexto da Imprensa Espírita, e,historicamente, no da ImprensaBrasileira como um de seus maislídimos exemplos de idealismo ehonradez.

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“Creio que a causa da criminalidade está na falta de Cristo”Gerson Simões Monteiro

(foto), radialista, articulista e ati-vo trabalhador na divulgação daDoutrina Espírita, possui um ex-tenso currículo de atividades de-senvolvidas no movimento espíri-ta. Nascido no Rio de Janeiro (RJ),onde vive, é presidente da Funda-ção Cristã-Espírita Cultural Paulode Tarso, operadora da Rádio Riode Janeiro. Graduado em Econo-mia, Gerson tornou-se espírita aos16 anos de idade, por influência deum tio materno, e sua família rea-giu diante disso de forma natural,sem reações contrárias ao seu in-gresso nas hostes espíritas.

Gerson participou de eventosnacionais e internacionais importan-tes, ligados ao Espiritismo, como o1o e o 2o Congresso Espírita Mundi-al, respectivamente em Brasília(1995) e Lisboa (1998), e o 1o Con-gresso Espírita Brasileiro em Salva-dor (2002). Em todos, apresentoupropostas doutrinárias. Na União dasSociedades Espíritas do Estado doRio de Janeiro (USEERJ) foi relatorde documentos e na qualidade depresidente da USEERJ esteve à fren-te da organização e implantação doSistema Federativo Espírita de Uni-ficação do Estado do Rio de Janei-ro, tomando iniciativas decisivaspara a fusão da USEERJ com aFEERJ. Naquela oportunidade, co-ordenou a realização dosCinedebates, uma atividade pionei-ra de exibição de filmes renomadoscom temática espírita em cinemastradicionais do Rio de Janeiro.

Para ele, o movimento espíritatem empregado todos os esforçospossíveis para ser atuante na vidanacional, mas se ressente da faltade recursos para a realização de um

trabalho maior. Esse é um dos fato-res que impedem um maior avan-ço, que ele exemplifica citando amanutenção da Rádio Rio de Janei-ro, que luta há 36 anos com dificul-dades para permanecer no ar, em-bora seja uma das duas únicas emis-soras espíritas de rádio no País.

A seguir, a entrevista que ele nosconcedeu:

– Que cargos ou funções vocêjá exerceu no movimento espíritaao longo desta vida?

Gerson Simões Monteiro: Inici-almente fui secretário da MocidadeEspírita Dias da Cruz e evangelizadorda Escola Espírita Célia Lúcius, daCasa Espírita Dias da Cruz, em Juizde Fora. No Rio de Janeiro, participeida Mocidade Espírita do Centro Espí-rita Joaquim Murtinho, e presidi aMocidade Espírita Emmanuel, da As-sociação Cristã-Espírita Bezerra deMenezes, em Vaz Lobo. Posteriormen-te, integrei a diretoria dessa Associa-ção, participando de suas atividades as-sistenciais. Desempenhei os cargos desecretário e vice-presidente do CentroEspírita Discípulos de Allan Kardec,no Lins de Vasconcelos. Também co-laborei, de 1962 a 1972, na EscolaEspírita que funcionava no Presídio daRua Frei Caneca, sob a coordenaçãodo Departamento de Assistência aoPresidiário da Instituição EspíritaAmélie Boudet, proferindo palestraspara os presidiários. Também realizeipalestras em diversos Centros Espíri-tas do Estado do Rio.

Na televisão, participei na con-dição de entrevistado, pela primei-ra vez, no programa da TelevisãoSociedade de Juiz de Fora, apresen-tado por Custódio Beiral. Posteri-ormente, participei em programasda TV Rio, da TV Tupi (1978), daTVE (programa “Sem Censura”), daTV Manchete (programa O GrandeJúri, defendendo a tese da imortali-dade da alma com um psicólogo

materialista), da TV Record, doSBT (no extinto Programa Livre,debatendo com o Padre Quevedosobre materializações de espíritos)e da TV Globo (programas Fantás-tico, opinando sobre cirurgias espi-rituais, e Linha Direta, emitindo umdepoimento sobre o médium ZéArigó). Na TV Globo, participeiainda do Programa Ecumênico, soba responsabilidade da FederaçãoEspírita Brasileira, apresentandocrônicas sobre temas espíritas, noperíodo de 1997 a 2003. Fui entre-vistado em diversas rádios sobreassuntos ligados ao Espiritismo, eparticipei do programa Revista Na-cional, da Rádio Nacional, de julhode 1988 a fevereiro de 1989. Fuiarticulista do jornal Última Hora,assinando a Coluna “Espiritismo”de 1978 a 1982.

Por volta de 1973, organizei aCaravana do Ibraim, que leva sem-pre no dia 25 de dezembro doaçõesde frutas e objetos de higiene pesso-al, feitas por diversos confrades, paraos pacientes da Colônia de Curupaiti,destinada ao tratamento da hansení-ase. Colaborei ainda nos seguintesgrupos espíritas que funcionavam emhospitais para o tratamento da tuber-culose: Clemente Ferreira, no Caju,e Rafael de Souza, em Curicica. Fuivice-presidente do Grupo EspíritaDias da Cruz, de Caratinga, MinasGerais, sendo o responsável pela di-reção dos trabalhos de materializa-ção para assistência aos enfermos,com a desencarnação do confradeRamiro Viana, conforme orientaçãode Chico Xavier.

– Que atividades você exerceneste momento?

Gerson: Exerço o cargo de pre-sidente da Fundação Cristã-EspíritaCultural Paulo de Tarso, operadorada Rádio Rio de Janeiro, desde abrilde 2003, e apresento os programasDebate na Rio, Clube da Fraternida-

de e Entrevista. Presido também des-de outubro de 1956 o Grupo Espíri-ta Maria de Nazaré, que funciona nasdependências do Hospital EstadualSanta Maria, para tratamento da tu-berculose. Escrevo semanalmente,aos domingos, a coluna Em Nome deDeus, sobre temas espíritas, no jor-nal EXTRA, com grande circulação.Coordeno as reuniões de Desobses-são e de Estudos e Assistência Espi-ritual do Centro Espírita AugustoPaiva. Presido o Conselho do Abri-go Tereza de Jesus para amparo decrianças carentes. E, por fim, tam-bém presido o Conselho Fiscal doLar Anália Franco para amparo dacriança carente e integro, na condi-ção de ator convidado, o Grupo Tea-tral Mensageiros, que colabora finan-ceiramente com a Rádio Rio de Ja-neiro, participando das peças Pauloe Estêvão, Há Dois Mil Anos, O Céue o Inferno, Cinqüenta Anos Depoise Ave Cristo.

– Quando e como teve contatocom o Espiritismo a primeira vez?

Gerson: Ingressei em 1952, aos16 anos de idade, na Mocidade Es-pírita Dias da Cruz, da Casa Espíri-ta de mesmo nome, em Juiz de Fora(MG), ao ler um exemplar de OEvangelho segundo o Espiritismo.O exemplar pertencia ao meu irmãoYvoart, que chegou a freqüentar aMocidade da qual fazia parte umdos meus tios, Joaquim Simões daSilva. Nessa oportunidade, assisti àsreuniões de estudos doutrinários naCasa Espírita e no Centro Humil-dade e Caridade, além de participarda Campanha do Quilo promovidapela Aliança Municipal Espírita deJuiz de Fora. Voltando para o Riode Janeiro, freqüentei as bibliotecasda FEB, na Avenida Passos, e doReal Gabinete Português de Leitu-ra, nas quais pude ler muitas obrasespíritas. As primeiras obras lidas eque contribuíram para o meu des-

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pertar espiritualforam Nosso Lare Paulo e Estêvão.

– Qual dostrês aspectos doEspiritismo – ci-entífico, filosófi-co e religioso –mais o atrai?

Gerson: O fi-losófico, sem tirara importância doaspecto religiosoe do científico.

– Quais auto-res espíritas maislhe agradam?

Gerson: Como autores encarna-dos, Allan Kardec, Deolindo Amo-rim, Léon Denis, Bezerra de Mene-zes e Yvonne Pereira; e entre os de-sencarnados, Humberto de Campos,Emmanuel e André Luiz.

– Que livros espíritas você con-sidera de leitura indispensávelàqueles que se iniciam no Espiri-tismo?

Gerson: O Livro dos Espíritose O Evangelho segundo o Espiritis-mo, de Allan Kardec; Boa Nova, doEspírito Humberto de Campos, eNosso Lar, do Espírito André Luiz,ambos psicografados por FranciscoCândido Xavier.

– Se fosse para um local dis-tante, sem acesso às atividades etrabalhos espíritas, que livrosvocê levaria?

Gerson: O Livro dos Espíritose O Evangelho segundo o Espiritis-mo.

– As divergências doutrinári-as em nosso meio reduzem-se apoucos assuntos. Um deles diz res-peito ao chamado Espiritismolaico. Para você, o Espiritismo éuma religião?

Gerson: Penso que o Espiritis-mo, enquanto Ciência, estuda e pes-quisa os fenômenos espíritas como

fatos naturais euniversais perfei-tamente observá-veis, bem comoprova que os Es-píritos existem esão imortais, sen-do eterna a vida.Enquanto Filoso-fia compreendetodas as conseqü-ências morais queemanam da inter-pretação dos fatosnaturais e univer-sais, permitindoao Homem che-

gar, através da reflexão e da razão,à verdade a respeito de si, confor-me alguns lexicólogos, e mesmo daVida, do Mundo e de Deus. Já en-quanto Religião compreende os de-veres do Homem para com Deus,não admite liturgia ou culto exteri-or, prega a fé raciocinada e repousasobre as bases fundamentais dacrença religiosa: Deus, a alma e avida futura. O pensamento do ben-feitor espiritual Emmanuel, na ques-tão 260 de “O Consolador”, livropsicografado pelo médium ChicoXavier, é muito claro: “Religião é osentimento divino, cujas exteriori-zações são sempre o Amor, nas ex-pressões mais sublimes. Enquantoa Ciência e a Filosofia operam o tra-balho da experimentação e do raci-ocínio, a religião edifica e iluminaos sentimentos. As primeiras se ir-manam na sabedoria, a segunda per-sonifica o amor, as duas asas divi-nas com que a alma humana pene-trará, um dia, nos pórticos sagradosda espiritualidade”.

– Outro tema que suscita ge-ralmente grandes debates diz res-peito à obra publicada na Françapor J. B. Roustaing. Que vocêpensa sobre essa obra?

Gerson: Como sempre me pre-

ocupei em estudar as obras da Co-dificação do Espiritismo, e acredi-tar que o antídoto a qualquer inter-pretação antidoutrinária estaria nelaprópria, acredito que o próprio tem-po se encarregará de esclarecer averdade dos fatos.

– Que você pensa sobre os pas-ses padronizados, propostos naobra de Edgard Armond?

Gerson: No livro publicadopelo antigo Conselho Estadual Es-pírita do Estado do Rio de Janeiro,da USEERJ, O Passe e a Água Flui-dificada, o Movimento Espírita doEstado, com base nas obras da Co-dificação Espírita, deu a devida ori-entação sobre o tema, cuja obra tiveo prazer apresentar na condição depresidente dessa federativa.

– Como você vê a discussão emtorno do aborto? Os espíritas de-veriam ser mais ousados na defesada vida como tem feito a Igreja?

Gerson: De minha parte, tenhodefendido a vida de forma intransi-gente desde 1978, quando já escre-via no jornal Última Hora, e atual-mente através do jornal EXTRA(com mais de um milhão de leito-res aos domingos) e de toda a pro-gramação da Rádio Rio de Janeiro,em especial no programa Debate naRio, que coordeno. Considero queo Movimento Espírita não tem seomitido na defesa de suas posiçõessobre o assunto, desde quando par-ticipava das reuniões do ConselhoFederativo Nacional da FEB, naqualidade de presidente daUSEERJ, até o presente momento.

– A eutanásia, como sabemos, éuma prática que não tem o apoio daDoutrina Espírita. Kardec e outrosautores, como Joanna de Ângelis, jáse posicionaram sobre esse tema.Surgiu, no entanto, ultimamente aidéia da ortotanásia, defendida atémesmo por médicos espíritas. Qualé sua opinião a respeito?

Gerson: Sobre a ortotanásia,minha opinião é totalmenteafinizada com a da Doutrina Espí-rita. Assim sendo, contesto a reso-lução do Conselho Federal de Me-dicina, de 9 de novembro de 2006,que autoriza o médico a limitar oususpender procedimentos e trata-mentos que prolonguem a vida dodoente em fase terminal de enfer-midades graves e incuráveis, medi-da esta denominada como ortotaná-sia. Em princípio, os espíritas nãosão e não podem ser favoráveis àprática da ortotanásia ou eutanásiapassiva, porque ela afronta o direi-to à vida garantido pela nossa Cons-tituição.

Por isso, com base nesse funda-mento constitucional, a prática daortotanásia configura-se como umhomicídio, cuja penalidade está pre-vista no artigo 21 e parágrafos daLei Penal. Por outro lado, quempode adivinhar os desígnios deDeus? Neste sentido, lembro o casonotório da jovem Karen AnnQuilan, que emocionou o mundointeiro na década de 80. Os pais dareferida jovem, ante a iminência einevitabilidade de sua morte, prog-nosticada pelos médicos, haviampedido à justiça americana autori-zação para desligar os aparelhos quelhe mantinham artificialmente avida. O processo durou muitos elongos meses. Finalmente, foi con-cedida a pretendida autorização, eos aparelhos foram desligados. Noentanto, mesmo sem a ajuda dosaparelhos, Karen continuou a viverpor mais dez anos, contrariandofrontalmente o prognóstico da Me-dicina. Assim sendo, pergunto: seos referidos aparelhos tivessem con-tinuado ligados, ela não se teria re-cuperado plenamente? A morte éfatal, como sabemos; por que entãoapressá-la, contrariando as leis na-turais?

– Como você vê o nível da cri-minalidade e da violência que pa-rece aumentar em todo o País? Nasua opinião, como nós, espíritas,podemos cooperar para que essasituação seja revertida?

Gerson: Diante da criminalida-de e da violência, creio que a causaestá na falta de Cristo. Em outraspalavras, está faltando orientaçãoespiritual para as crianças e para osjovens. Orientação que possa des-pertar neles o amor ao próximo, anecessidade de perdoar, o amor aDeus, enfim, a vivência dos ensi-namentos cristãos. A meu ver, o pri-meiro passo para acabarmos comtanta violência é despertar, na cri-ança e no jovem, o sentimento dereligiosidade. E isso consiste no de-senvolvimento em suas almas da féem Deus, no cultivo do hábito deorar, no respeito ao próprio corpopara evitar os vícios e habituá-los apraticarem a caridade. Quantos paisse preocupam em preparar os filhospara a vida, fazendo de tudo paraeles terem corpos “sarados” e rece-berem a melhor instrução? Tudoisso está certo, mas não basta, por-que eles, antes de tudo, são espíri-tos imortais habitando temporaria-mente corpos físicos. Eles, além denecessitarem dos cuidados materi-ais, precisam de fato de educação.A educação a que me refiro não ésinônima de instrução, mas sim aresponsável pela formação de hábi-tos perante Deus, perante o próxi-mo e perante si mesmo. Dessa for-ma, estaremos criando homens debem, conforme o perfil traçado porAllan Kardec na questão 918 de “OLivro dos Espíritos”.

– Daqui a quantos anos vocêacredita que a Terra deixará deser um mundo de provas e expia-ções, passando plenamente à con-dição de um mundo de regenera-ção, em que, segundo Santo Agos-

tinho, a palavra amor estará es-crita em todas as frontes e umaeqüidade perfeita regulará as re-lações sociais?

Gerson: Está claro que faltamuito; é só assistirmos aos jornaistelevisivos a respeito das notíciasdo mundo em que vivemos. Mas,como cremos nas palavras do Cris-to, ao dizer que “os brandos e pa-cíficos herdarão a Terra” no céle-bre Sermão da Montanha, estamostrabalhando para tal advento, fa-zendo a nossa parte para sermoscandidatos a viver neste mundo.

– Quanto aos problemas quea sociedade terrena está enfren-tando, o que você acha que deveser a prioridade máxima dos quedirigem atualmente o movimen-to espírita no Brasil e no mundo?

Gerson: A prioridade escolhi-da deve ser a da máxima divulga-ção da Doutrina Espírita, atravésde uma literatura de mais fácil en-tendimento voltada ao grande pú-blico, desentranhando o pensa-mento da Codificação Kardequia-na. A literatura doutrinária, de certaforma, direcionou-se historica-mente para os espíritas de bom ní-vel cultural, fato atestado atravésde pesquisas realizadas atualmen-te por institutos oficiais. Com talpropósito, publiquei três livros:“Suicídio e Suas Conseqüências”,“Entusiasmo para Viver” e “O QueEnsina o Espiritismo”, todos combase nos artigos que escrevi paraos jornais Última Hora e EXTRA,nos quais procuro adequar os en-sinamentos doutrinários para pes-soas situadas na faixa socioculturaldas classes C e D, de forma sim-ples e objetiva. Na mesma linhaeditorial, já estou preparando ou-tras três obras: “Aprender Maiscom o Espiritismo”, “Vultos queMarcaram o Tempo” e “NuncaPerca a Esperança”.

Entrevista: Gerson Simões Monteiro

FERNANDA [email protected]

De Londrina

Gerson Simões Monteiro

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O IMORTALPÁGINA 10 JUNHO/2008

Estudando e observandocomo se processa a evolução doser humano, concluímos ser ne-cessário não conservar idéiasamargas do que nos fizeram so-frer e ainda o fazem: o sonhodesfeito, a resposta de fel, a de-serção dos que mais amamos, ofracasso no empreendimento, adesilusão e tantos outros proble-mas que carregamos e que noscausaram dor, sofrimento e tris-teza.

Se ficarmos presos à idéia fixade sofrimento, emperramos as pos-sibilidades de crescimento. Fica-

mos como o veículo atolado que,acelerado o motor, os pneus giramem falso e ele não consegue sairdo lugar.

Da mesma forma, observando,e estudando a natureza, notamosque recomeçar é Lei de Deus. Aespiga ressurge da semente; a águaque se transforma em vapor retornada nuvem para a fonte; o calor doverão, no verão seguinte; o sol quese esconde no horizonte volta namanhã seguinte com a mesma luze o mesmo calor; a árvore podadabrota de novo; tudo recomeça paracrescer e ser útil.

O exemplo da natureza é ensi-namento para nós a nos conclamar:- Se queres, também podes reco-meçar.

Jesus nos ensinou que ninguémpõe remendo de pano novo em te-cido velho.

Igualmente devemos procederdesfazendo-nos do imprestável, doinútil, dos desenganos, das afliçõesque em nada nos ajudam. Recome-çar é necessário para o nosso cres-cimento, pois enquanto o homemraciona a distribuição dos seus re-cursos, Deus oferece sem distinçãoseus benefícios em abundância: osol esplendoroso nutrindo a vidaem todas as direções; o ar puro; aágua cristalina, tudo doado a todose repartido com liberalidade.

O mesmo que ocorre com asconcessões de Deus na esfera ma-terial, acontece no reino do espíri-to.

As portas do saber e do amorpermanecem sempre abertas paratodos. A riqueza da Ciência e dasalegrias da Vida com compreensãohumana; as glórias da arte e da ilu-minação interior estão à disposi-ção de todas as criaturas humanas.

No entanto, de todas essasbenesses divinas, cada um retirasomente a porção que possa lhe serútil e proveitosa.

Portanto, para fazermos jus auma retirada maior de benefíciosé necessário estudar mais para en-tender melhor, observar com aten-ção, trabalhar sempre e fazer as ne-cessárias renovações para a prati-ca do bem e do amor. Aumentar avisão que já temos e auxiliar osoutros é que ajudamos a nós mes-mos.

Recomeçar para crescerÉDO MARIANI

[email protected] Matão (SP)

Recordemos que Deus a nin-guém dá de sua riqueza por medi-da, mas cada um faz jus a receberà medida que instalou no própriointimo, pelo necessário mereci-mento.

Ensina-nos o EvangelistaPedro: “O amor cobre uma multi-dão de pecados”.

A ordem em nosso favor é:Cresçamos aprendendo a fazer obem e nos iluminando por dentro,únicos caminhos para a felicidadeque todos nós buscamos.

Este artigo tem base em duasbelas páginas de autoria do Espí-rito Emmanuel, psicografia doamado Chico Xavier, contida nolivro PALAVRAS DE VIDAETERNA.

Momentos comDivaldo Franco

O médium e tribuno baianoDivaldo psicografou, pela pri-meira vez, uma mensagem noidioma alemão, de sua MentoraEspiritual Joanna de Ângelis, em8/6/1990, na cidade de Frechen,Colônia, na Alemanha.

Trata-se de um fato notável doponto de vista mediúnico, consi-derando-se que Divaldo, da lín-gua alemã, só conhece a palavra“Já” (sim).

Divaldo encontrava-se naEuropa atendendo compromissodoutrinários e foi convidado porum grupo de amigos a ir até a ci-dade de Frechen, para proferiruma conferência em público, so-bre Fenômenos Parapsicológicose Mediúnicos.

No dia 8 de junho, nessa mes-ma cidade, Divaldo reunido comonze pessoas, dialogando sobreEspiritismo e lançando sementespara a formação de um pequenogrupo de estudos espíritas.

Divaldo conta que, enquantoestavam reunidos, Joanna acer-cou-se-lhe, propondo escrever,diante de todos. Assim, ele tomoude esferográfica e papel, passan-do a psicografar automaticamen-

te, como sempre o faz, sem ter amenor idéia do conteúdo ou for-ma, imaginando tratar-se de umamensagem em português.

Quando terminou, para sur-presa geral, a mensagem estavaescrita em alemão, e um perfu-me invadiu a sala, impregnandotodo o ambiente. Túlio Rodri-gues, brasileiro que reside emFrechem, emocionado, leu amensagem a todos que, sensibi-lizados, a firmaram.

Um dos presentes traduziu,oralmente, a mensagem a Dival-do:

“Queridos amigos:Cristo para sempre!Diante de um mundo marcado

pela dor e torturado pela angústiaque se estende em escala gigantes-ca ao Universo, sem jamais ter re-solvido a problemática da criaturahumana, a vivência conforme oEvangelho e de acordo com os en-sinamentos do Espiritismo, é a so-lução de maior urgência.

Interpretando os enigmas daFilosofia, Sociologia e os ensina-mentos sobre a alma e a fé, con-cedendo lógica e razão em rela-ção ao pensamento religioso,está, no Espiritismo, a “respostade Deus”, às eternas perguntas eindagações da humanidade.

Joanna de Ângelis.

Dentre os mais variadospredicados que colocam o Codifi-cador da Doutrina Espírita no roldas figuras que deixaram marcasde contribuição à humanidade, estásua capacidade de temperar namedida exata as situações. Kardecconseguiu o prodígio de aliar ou-sadia e prudência. Foi ousado por-que em pleno século XIX quebrouparadigmas e esposou uma novaidéia, sem temer opiniões contrári-as e preconceitos que estão sujei-tos aqueles que tentam de uma for-ma ou outra romper com amesmice. Foi ousado porque sededicou de corpo e alma à Doutri-na que nascia, e não obstante so-fresse críticas das mais ferozes, le-vou adiante os ideais sublimes daEspiritualidade. Foi ousado porquenaquela já distante época mencio-nava a necessidade de divulgar oEspiritismo em larga escala. Ousa-do, viajou por várias cidades dointerior francês encorajando oscompanheiros e levando até elespalavras de alento e bom ânimo. Aousadia é característica nata dosgrandes líderes. Kardec foi umgrande líder, talvez ainda demorealgumas décadas para o Homemcompreender com exatidão a mag-nitude de sua tarefa. Entretanto,Kardec foi ousado na medida exa-

Revista espírita O Consolador traduzmatérias para outros idiomas!

ta. O Codificador também foi pru-dente; prudente porque não aceitoutodas as teorias propostas pelos Es-píritos. Prudente porque analisava ecomparava as comunicações; pru-dente porque raciocinava antes de to-mar decisões. A união da ousadia eprudência deságua na responsabili-dade. Kardec conseguiu então unira tríade: ousadia, prudência e respon-sabilidade. E o Espiritismo só fruti-ficou porque foi codificado sobre atábua sagrada da responsabilidade.

A revista espírita O Conso-lador – disponível no sitewww.oconsolador.com – é umveículo de comunicação espíritaque se norteia pela tríade: ousa-dia, prudência e responsabilida-de, legada pelo Codificador.

Ousadia porque quebra amesmice e dia a dia apresenta novi-dades que conquistam o leitor. Nasseções da notável revista pode-se verque há traduções das matérias e li-vros estudados para o idioma inglêse espanhol. Eis uma forma criativade fazer o Espiritismo penetrar commais facilidade em outros países.

Pesquisas informam que no Bra-sil há cerca de 2,3 milhões de espíri-tas, sendo, portanto, o Brasil o paísonde o Espiritismo vicejou com mai-or abundância. Mas sabemos que hápoucos espíritas no Brasil e no mun-do. Ora, sendo o Espiritismo umadoutrina que ataca o egoísmo e pro-move a reforma moral do indivíduo,é mister divulgá-lo para que o Ho-

mem se regenere e transforme seumundo íntimo, e, por conseqüên-cia, a sociedade será transformada.Não que o Espiritismo seja o úni-co caminho para a melhoria domundo, nada disso. Mas é inegá-vel de que suas lições indicam queele – o Espiritismo – é um dos ca-minhos. Portanto, com o adventoda internet a iniciativa da revista éde singular importância para a di-vulgação do Espiritismo. A tradu-ção das matérias para outros idio-mas é uma forma eficaz de fazer apropagação em larga escala que sereferia o Codificador.

Prudência também é umamarca da revista, porquanto pu-blica matérias, entrevistas e es-tudos cujos conteúdos são emba-sados no Espiritismo codificadohá pouco mais de 150 anos porAllan Kardec, sem, contudo, dei-xar de analisar os assuntos que sevivenciam na atualidade.

E a responsabilidade é umaconseqüência natural da ousadiatemperada com a prudência quea revista utiliza tão bem para di-vulgar o Espiritismo.

Fica, pois, a dica ao leitorpara que acesse o s i te –www.oconsolador.com, e cola-bore também para a propagaçãodo Espiritismo além dos horizon-tes do Centro Espírita e tambémde nosso Brasil. Nossos parabénsaos editores, idealizadores e co-laboradores da notável revista.

(Texto extraído do livro: Atos do Apóstolo Espírita, de Washing-ton Luiz Nogueira Fernandes –FEESP.)

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

WELLINGTON [email protected]

De Bauru, SP

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O IMORTALJUNHO/2008 PÁGINA 11

Palestras, seminários e outros eventosAntônioVieira de Paula; dia 15 - Do-mingo – 9h30 – Centro Espírita AnitaBorela de Oliveira. Tema: “Em Buscado Equilíbrio” – Palestrante: RobertoCamargo; dia 17 - Terça-feira – 20h –Sociedade de Divulgação Espírita Ma-ria de Nazaré. Tema: “Desapego dosBens Materiais” – Palestrante: AldéricoNatal Sposti; dia 17 - Terça-feira – 20h– Centro Espírita Allan Kardec. Tema:“A Nova Era: Mundo de Regeneração”– Palestrante: Hamilton Fabrício; dia19 - Quinta-feira – 20h – Centro de Es-tudos Espirituais Vinha de Luz. Tema:“Saúde na Visão Espírita” – Palestran-te: Júpiter Villoz da Silveira; dia 20 -Sexta-feira – 20h - Caminho EspíritaCaminho de Damasco. Tema: “Mensa-gens Musicais Espíritas” – Palestran-te: Pedro Vanderlei Paulino; dia 21 -Sábado – 16h30 - Núcleo EspíritaBenedita Fernandes. Tema: “Orgulhoe Humildade” – Palestrante: WalquiriaFerracini; dia 22 - Domingo – 9h15 –Grupo Espírita Jésus Gonçalves. Tema:“Comportamento Verbal” – Palestran-te: Leda Negrini de Almeida; dia 27 -Quarta-feira – 20h – Centro EspíritaBom Samaritano. Tema: “Descobertade Valores” – Palestrante: OsvaldoSantos; dia 29 - Domingo – 9h - Co-munhão Espírita Cristã de Londrina.Tema: “O Aborto na Visão Espírita” –Palestrante: José Alves Costa.

Curitiba – No dia 30 de maio, sob acoordenação de Francisco Ferraz Ba-tista, presidente da Federação Espíritado Paraná, reuniram-se os componen-tes do DOM - Departamento de Orien-tação e Dinamização do MovimentoEspírita da FEP e, no dia seguinte, ospresidentes das 17 Uniões RegionaisEspíritas do Paraná e demais lideran-ças do Movimento Espírita paranaen-se para mais uma reunião trimestral doConselho Federativo Estadual da FEP.– Foi lançado no dia 31 de maio, em Cu-ritiba, o CD Momento Espírita vol. 12,no Teatro da Federação Espírita do Para-ná (Alameda Cabral, 300). O CD já podeser adquirido na Livraria Mundo Espíri-ta, na Praça General Osório, 399, ou pelosite www.livrariamundoespirita.com.br.– Em alusão ao sesquicentenário daRevista Espírita, a Federação Espíritado Paraná programou a realização deum ciclo de seminários acerca da Re-vista, a cargo do confrade CosmeMassi. O primeiro seminário ocorre nodia 1º de junho, das 9 às 12 horas, no

Estado do ParanáCambé – No Centro Espírita AllanKardec realizam-se todas as quartas-feiras, às 20h30, palestras abertas aopúblico. Em junho, a programaçãoserá a seguinte: dia 4, Pedro Garcia(Arapongas); dia 11, Paulo Costa(Londrina); dia 18, José Antônio Vi-eira de Paula (Cambé) e dia 25,Dorotéia Cristina Ziel Silveira (Lon-drina).– A Associação Coral Espírita HugoGonçalves, de Cambé, apresenta umespetáculo teatral sobre o livro Bra-sil, Coração do Mundo, Pátria doEvangelho, com entrada franca, nasdatas e locais seguintes: 6 de junho,às 20h, em Cornélio Procópio; 7 dejunho, às 20h, no Cine Teatro Fênix,em Apucarana; 14 de junho, às 20h,no Centro Espírita Fé, Luz e Carida-de, em Arapongas; 21 de junho, às20h, no Teatro Municipal em Ibiporã.

Londrina – Realiza-se no dia 1º dejunho, na residência de Gilvânia, naRua Taquari, 175 – Vila Nova, maisuma reunião do Círculo de LeituraAnita Borela de Oliveira, quandoserá concluído o estudo do romanceFeira dos Casamentos, de J. W.Rochester.– A USEL – União das SociedadesEspíritas de Londrina promove emjunho mais um Ciclo Mensal de pa-lestras, de acordo com a seguinte pro-gramação: dia 1º - Domingo - 9h30 -Centro Espírita Meimei. Tema: “Por-que Sou Espírita” – Palestrante: Al-ceu Augusto de Moraes; dia 6 - Sex-ta-feira – 20h – Centro Espírita Nos-so Lar. Tema: “A Verdadeira Infeli-cidade” – Palestrante: Déa Walter;dia 6 - Sexta-feira – 20h – Centro Es-pírita Maria de Nazaré. Tema: “Re-lacionamento Afetivo” – Palestran-te: Geraldo Saviani; dia 7 - Sábado –20h – Centro Espírita Amor e Cari-dade. Tema: “A Morte” – Palestran-te: Dorotéia C. Ziel Silveira; dia 7 -Sábado – 15h – Centro Espírita CasaFabiano de Cristo. Tema: “O FilhoPródigo” – Palestrante: WilsonMarconi; dia 13 - Sexta-feira – 20h– Centro Espírita Aprendizes doEvangelho. Tema: “O Cristão e oMundo” – Palestrante: João AntonioSilva Neto; dia 14 - Sábado – 15h –Núcleo Espírita Hugo Gonçalves.Tema: “Estudando as Obras de AndréLuiz” – Palestrante: José

Teatro da FEP (Alameda Cabral, 300).O segundo seminário será realizado nodia 15 do corrente mês.– O Módulo II do treinamento de For-mação de Evangelizadores será reali-zado das 19h30 às 21h30, nos dias 5 e6 de junho, na sede histórica da Fede-ração Espírita do Paraná (acesso pelaAlameda Cabral, 300). O tema será “AEvangelização e o Evangelizador” e acoordenação é da equipe do Departa-mento de Infância e Juventude da Fe-deração Espírita do Paraná. As inscri-ções devem ser formalizadas comDarck, pelo telefone 3223-6174, nohorário comercial.– Luis Maurício Resende, membro daCoordenação do Estudo da DoutrinaEspírita da FEP e presidente da 2ªUnião Regional Espírita, coordenaráno dia 7 de junho, no Centro EspíritaSemeador da Verdade, o treinamento“Técnica de Didática para Coordena-dor de Grupos de Estudos”. O treina-mento será realizado das 17 às 20h30.O Centro Espírita Semeador da Ver-dade situa-se na Rua Antônio OlívioRodrigues, 252, no Capão da Imbuia.– Shou Wen Alegretti profere palestrano dia 8 de junho, às 10h, no Teatro daFEP (Alameda Cabral, 300). O temada palestra será “Poema do Perdão”.

Campo Mourão – Nos dias 7 e 8 dejunho a cidade será sede do 8ºENDESP – Encontro de DirigentesEspíritas, promovida pela Inter-Regi-onal Noroeste. A coordenação do En-contro será de Cosme Massi.

Cascavel – A 10ª União Regional Es-pírita promove no dia 4 de julho, naFAG-Cascavel, o seminário “ Ilumi-nação Interior”, sob a coordenação deDivaldo Franco. O horário será das 19

as 22 horas e as inscrições estão sendorealizadas nas Casas Espíritasabrangidas pela União regional Espí-rita – 10ª URE. Mais informações po-dem ser obtidas pelo telefone (45)9973-6700. O seminário leva o mes-mo título de um dos mais recentes li-vros de Joanna de Ângelis.

Pato Branco – No dia 5 de julho, Di-valdo Franco profere palestra nesta ci-dade.

Ponta Grossa – No dia 7 de junho,Tatyanna Braga de Moraes e KarinaGreca, Diretora e Vice-Diretora doDepartamento de Infância e Juventu-de da FEP, estarão na cidade coorde-nando o seminário “Evangelizador:servidor de Jesus”. O seminário estáprogramado para acontecer no horáriodas 15 às 18 horas, na Sociedade Espí-rita Francisco de Assis (Rua SantosDumont, 640).

Ribeirão do Pinhal – No dia 13 de ju-nho, José Lázaro Boberg profere pa-lestra na cidade sobre o tema “Deus naintimidade”, numa promoção da 4ª.União Regional Espírita.

Santo Antônio da Platina – SôniaNegrão S. Carvalho fala no dia 20 dejunho nesta cidade sobre o tema “Mu-dar é preciso”, em promoção da 4ª.União Regional Espírita.

São Mateus do Sul – José VirgílioGóes, Diretor do Departamento deUnificação do Movimento Espírita,e Daniel Dallagnol, Diretor do De-partamento Administrativo, ambos daFederação Espírita do Paraná, coor-denarão o treinamento União e Uni-ficação, no dia 7 de junho. O treina-mento acontece das 14 às 18 horas,no Centro Espírita Manoel FigueiraNeto, localizado na Rua LucianoStencel, 431.

Sertanópolis – A Casa Espírita “OBom Samaritano” (Rua Goiás, 290)encerrou o ciclo de palestras progra-madas para o Mês Espírita, realizadoem maio, com a palestra de Célia C.de Camargo (Rolândia) no dia 29, so-bre o tema “Discípulo Anônimo”, e, nodia 31 de maio, com Vandercy Aguile-ra sobre o tema “Buscando a Paz”.

Uraí – O Centro Espírita Comunidade

Espírita Cristã, localizado na Aveni-da Brasil, 1193, promove no dia 5 dejunho, às 20h, palestra que será pro-ferida por Célia Xavier de Camargo,de Rolândia.

Outros estados brasileirosSão Paulo (SP) – Nos dias 4 a 6 dejunho realiza-se o II Simpósio deSaúde e Espiritualidade daUNIFESP/EPM, no Teatro MarcosLindenberg. Eis o programa geraldo evento: 4/junho: 18h30-18h50:Abertura; 18h50-19h: Apresenta-ção artística; 19h-19h40: Correla-ções entre Saúde, Física Quânticae Espiritualidade (Dr. FábioNasri); 19h40-19h50: Intervalo;19h50-20h30: O Espírito sob oponto de vista da MecânicaQuântica (Prof. Dr. WladimyrSanchez); 20h30-20h50: Discus-são; 5/junho: 18h30-19h20: Fisio-logia Transdimensional (Dr. DécioIandoli Junior); 19h20-19h30: In-tervalo; 19h30-20h30: O uso doPensamento Quântico para a Saú-de Integral (Dr.Leandro Romani);20h30-20h50: Discussão; 6/junho:18h30-19h20: Comunicação emSaúde R11; novos rumos através daFísica da Alma (Enf. RamonMoraes Penha); 19h20-19h30: In-tervalo; 19h30-20h20: MedicinaIntegrativa e Espiritualidade(Dr.José Roberto Leite); 20h20-20h40: Discussão; 20h40-20h50:Encerramento. – No dia 7 de junho, em seguidaao Simpósio, realiza-se o V Congres-so Nacional de Saúde e Espirituali-dade, também no Teatro MarcosLindenberg, com início às 8h da ma-nhã e encerramento às 18h.

São José do Rio Preto (SP) – A As-sociação Espírita Cirinéia realizaráo 8º Encontro Regional de Pais,Evangelizadores e Juventude Espí-rita nos dias 7 e 8 de junho, na ruaNabor Meudes, nº 448, São Deocle-ciano III. O horário de realização éo seguinte: 7 de junho a partir das14h e no dia 8 de junho a partir das12h30. O tema deste ano será Pe-los Caminhos da Educação, a car-go do confrade Walter OliveiraAlves. A taxa de Inscrição será deR$ 10,00. Informações pelos tele-fones (17) 3227-0195, 3212-5215ou 3121-6733.

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O IMORTALPÁGINA 12 JUNHO/2008

ELSA [email protected]

De Londres

Levantei-me naquela manhã,desperta de um sonho, onde umavoz me soava claro aos ouvidos.Sentei-me na borda da cama, ain-da meio sem saber se eu estavadormindo ou acordada. Sentiquando braços invisíveis estimu-lavam a levantar-me e deixar al-gumas notas escritas na folha depapel diante do computador, nasalinha ao lado.

Quando me senti acordada defato, estava escovando os dentese olhando-me no espelho do ba-nheiro. Olhei pra mim e pensei...Nossa! que sonho! Nem percebique saí da cama e já estava aliescovando os dentes.

Que coisa estranha! pensei.Mas, de um minuto para outro,a água aquecida da torneira, atoalha macia enxugando o ros-to, dirigi-me para o sofá da sala,onde costumeiramente me sen-to nos primeiros minutos damanhã para a leitura de umamensagem e a prece, a fim deiniciar bem o dia, cumprimen-tando primeiro os nossos Ben-feitores Espirituais.

Ao terminar de ler uma men-sagem do livro Fonte Viva, fuiaté o computador, apertei o bo-tão para iniciá-lo e fui até a co-zinha preparar meu café da ma-nha.

Finalizei meu café, ouvindoas notícias da BBC rádio 4, queajuda muito a melhorar o nossoinglês enquanto brasileiros aquiem Londres. Dirigi-me ao com-putador para responder aos e-mails recebidos durante a noite.Automaticamente li a folha depapel, com uma escrita tão mal

feita, que nem parecia a minha.Lia-se: ir ver salas para alugarpara a sede da BUSS.

Era muito cedo ainda, e deiuma olhada nos web sites de ape-nas algumas imobiliárias de Lon-dres – as “Estates Agents” – ebusquei os preços de salas co-merciais. Impraticável, comoseria isso?

Nós da BUSS já tínhamossentido a necessidade de termosum endereço próprio, mas com-prar, nem pensar... Já havíamosfeito pesquisas e mais pesqui-sas... Alugar, de que maneira?Onde arranjar recursos para osaltos preços que já se conheci-am?

Nada disso parecia empeci-lho naquela manhã. Deixei al-guns pedidos para ir ver deter-minados imóveis, deixei meunúmero de celular e pretendiaaguardar as respostas calmamen-te em casa. Mas às 8h30 da ma-nhã, um impulso muito forte fez-me sair de casa, rumo às imedia-ções da Liverpool Street Station.

Entrei em prédios comerciais,fiz perguntas, entrei nas imobi-liárias e nada era compatível como que se poderia pensar em ob-ter para ser a sede da BUSS. En-quanto retornava caminhando nosentido de minha casa, entrandoe saindo de imobiliárias, deixan-do meu nome em todas elas, paraque me telefonassem, vendo ou-tros locais que os corretores memostravam, nada parecia sercompatível.

Já cansada, me deparei pró-ximo de um supermercado, ondeentrei para comprar algo para oalmoço. De repente, meus olhosbateram num edifício já nossoconhecido, a Oxford House, fun-dada em 1886. Tijolinhos à vis-

ta, era muito parecido com o lo-cal em que eu havia estado emsonhos três anos antes e que era,no sonho, a sede da BUSS.

Meu Deus, como não penseinisso antes!? Atravessei a rua eentrei na recepção, perguntei sehavia alguma sala para alugar..Fui levada a conversar com amanager, e esta me disse que ti-nha duas salas. Fui ver as duas, eimediatamente disse a ela quedecidira ficar com a maior. Opreço era a metade do que ou-tras tantas pediam. Sem taxas,por ser a Oxford House umaCharity Institution, instituiçãosem fins lucrativos, com regis-tro no Governo como Charity.Era exatamente o que precisáva-mos.

Aí veio a segunda preocupa-ção, mas com confiança: Ondebuscar os recursos?

A voz amiga soprou e segui aintuição. Ao chegar em casa, li-guei pro Joca, presidente daBUSS, relatei as peripécias damanhã e depois escrevi um e-mail a amigos. Aguardávamosansiosamente que nos chamas-sem para assinarmos o contratoe os dias passavam. Um mês.. e,quando pensávamos que se pas-saria mais um mês, numa tardeàs 3 horas fui chamada para as-sinar o contrato. Era o dia 18 deabril de 2008. Emoção à parte,sentia, ao assinar o contrato exa-tamente às 4 horas da tarde, queEspíritos iluminados ali estavamassinando comigo, e era como sedissessem: Hoje, dia 18 de abril,estamos dando um presente avocês espíritas do Reino Unido.

E hoje, dia 2 de maio – quan-do escrevo esta crônica – faz,graças a Deus, 14 dias que te-mos a chave do nosso espaço,

Crônicas de Além-Mar

Realizando sonhos

ELSA ROSSI, escritora e pa-lestrante espírita brasileiraradicada em Londres, é 2ª Secre-tária do Conselho Espírita Inter-nacional, diretora do Departa-mento de Unificação para os Pa-íses da Europa, organismo doConselho Espírita Internacionale secretária da British Union ofSpiritist Societies (BUSS).

da sede própria da BUSS e po-demos afinal dizer que o Movi-mento Espírita Nacional do Rei-no Unido tem um endereço fixoe próprio.

Em breve teremos um localpara facilitar as pessoas que de-sejarem adquirir obras espíritas,manter livros da Codificação eoutros, além de termos nosso es-paço para as reuniões da Direto-ria e Conselho da BUSS, semprecisarmos alugar espaços cadavez em locais diferentes, pagan-do altos preços por hora.

E assim, uma vez mais comos esforços conjuntos de todosnós, espíritas que estamos plan-

Obrigado, meu Deus!

Não me queixo de nada nesta vida.Eu já fui pobre, mas hoje sou rico,

E essa riqueza eu aqui explico:Não foi coisa de graça recebida.

Com grande esforço entendi que o amorTem mais valor do que o papel-moeda,Que, para o avaro, é razão de quedaE ao pródigo, também, lhe traz a dor.

Eis por que hoje, no silêncio, ajudoA quem precisa, pois já não me iludo

Com muitas coisas; outra é minha meta.

Então procuro praticar o bemPorque muitos sequer comida têm.

Será que eu penso assim por ser poeta?

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

tados nos países onde presente-mente nos encontramos, que pos-samos florescer enquanto movi-mento espírita, levando a men-sagem sempre encorajadora daunião e da paz entre todos nósirmãos de além-mar.

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O IMORTALJUNHO/2008 PÁGINA 13

Uma das questões que mais têmintrigado as pessoas que pensam éexatamente a que constitui o tema des-te artigo. De fato os homens semprese perguntaram:

– O que estamos fazendo aqui?– Qual o objetivo da existência

humana?– Até quando teremos que passar

por esse fatigante processo?As respostas têm sido as mais

desencontradas. Filósofos ensaia-ram explicações. As religiões nosacenam com outras. Os materialis-tas supõem que somos um caprichoda Natureza, agrupando células, eem torno delas desenvolvendo avida. Uns acham que estamos aquipara sofrer. Até já se definiu o pla-neta em que vivemos como “umvale de lágrimas” onde a felicidadeé impossível. Os que assim pensam

só nos acenam com o sofrimento eo fracasso.

A gente percebe que, embora se-melhantes, somos profundamente di-ferentes. A forma geral – o desenhofísico – é a mesma para todos, mas oconteúdo é profundamente diferente.Níveis de percepção diferentes, gos-tos diferentes, habilidades diferentes,tendências, reações, comportamentosdiferentes.

Por que somos assim? Será quefomos feitos assim? Deus fez paracada um de nós, uma forma diferen-te? Ou a Natureza (para aqueles quenão crêem em Deus) fez cada um denós, diferentes um do outro? Por queuns são tão mais esclarecidos que ou-tros? Mais sábios, mais belos, maisamados, mais simpáticos, mais habi-lidosos. Por que há ídolos que a una-nimidade cultua? Por que há títeres,déspotas, governantes tão arrogantes?Por que há Hitler e Francisco de As-sis? Lucrécia Bórgia e Joana D‘Arc?

A ciência nos diz que o Universoé resultado de uma lei a que todos nós

estamos subordinados: a lei da evolu-ção. Nossa meta é a perfeição. Perfei-ção possível, a que estão destinadostodos os seres humanos. Um dia to-dos nós seremos perfeitos.

Quando será esse dia, ninguémsabe. Só depende de nós apressarsua vinda ou adiá-la no tempo. Aoque nos foi dado saber, esse trajetoe essa caminhada devem ser feitosatravés da matéria, da carne, das en-carnações.

Precisamos lembrar que, em1865, surgiu uma volumosa obra,dita mediúnica, que nos trouxe umaestranha idéia sobre isso. Precisamosrelembrar para que não reste nenhu-ma dúvida entre nós. Inclusive por-que há vários companheiros queaceitam e divulgam essa idéia. Essaobra contraria frontalmente a Dou-trina dos Espíritos ao afirmar que aevolução dos Espíritos se faria, nor-malmente, enquanto Espíritos, sema necessidade de passar pela experi-ência da carne. Jesus, segundo essateoria, teria alcançado sua evoluçãoem linha reta, sem nunca ter preci-sado encarnar-se e, conseqüente-mente, reencarnar-se. E mais: que oque leva o Espírito às agruras da en-carnação é a sua queda pelo pecado.A encarnação, nessa hipótese, nãoseria uma necessidade, mas um cas-tigo para quem tivesse cometido,como Espírito, o pecado do orgulho,da inveja ou do ateísmo. Esses trêspecados, e só esses, levariam ao cas-tigo da encarnação. Depois, sim,pelos erros cometidos na carne, vi-ria a exigência das reencarnações.

Esse pensamento não foi acolhi-do por Kardec, para quem, conformeafirmaram os Espíritos que o ajuda-ram na consolidação da doutrina, aencarnação não é um castigo e simuma necessidade da evolução.

Algumas pessoas costumam inda-gar: Não nos poderia Deus ter feitoperfeitos já de uma vez, poupando-nosdas encarnações? Teria evitado essasérie de dificuldades por que temos depassar quando mergulhamos na maté-ria... Essas amolações todas que en-volvem nossa passagem por aqui...

É claro que Deus poderia ter-nosfeito perfeitos. Ele pode tudo. Mas porque não fez? Só perguntando a Ele ouesperar que o tempo, talvez, nos per-mita entender.

Kardec foi direto à questão: – Afi-nal, qual é o objetivo da encarnação?(Questão 132, de O Livro dos Espíri-tos.)

– Os objetivos são dois – respon-deram os Espíritos: (a) encaminhar oEspírito na jornada da evolução e (b)colocá-lo em condições de realizar aparte que lhe cabe na obra da criação.

Ou seja: ao mesmo tempo em queDeus nos põe na Terra em contato coma matéria para, através dela, atingir-mos a perfeição a que estamos desti-nados, fez de nós co-autores de suaobra. O planeta que Deus nos entre-gou para nele vivermos nossa experi-ência na carne não estava pronto, aca-bado. Como ainda não está. Essas sub-versões que periodicamente nos visi-tam são necessárias à acomodação dascoisas e ao equilíbrio das forças que ogovernam.

Nossa participação no processo deaperfeiçoamento da Terra é fundamen-tal. Hoje a Terra é um jardim, muitodiferente daquela bola de fogo que nosfoi entregue para as nossas primeirasexperiências. Os pântanos, os deser-tos, os lugares insalubres e sombrios,ao pouco, pela ação do trabalho hu-mano, foram se transformando e aTerra hoje é um planeta saudável, belo,harmonioso, quase pronto. Há aindacoisas a fazer; desertos a reflorestar,

Finalidade da encarnaçãoARTHUR BERNARDES

DE [email protected]

De Guarani, MG

áreas a colorir. Mas o grande modeloestá quase completo.

É fácil perceber a nossa partici-pação na obra do Criador. Deus deu-nos a pedra e nós a transformamos emmáquina. Deu-nos o trigo e nós fize-mos a farinha e o pão. Escondeu opetróleo e nós fomos buscá-lo no fun-do do poço para construirmos as coi-sas de que nós precisamos. Deu-nos acana e fizemos o açúcar. Mas comosomos travessos, da cana também fi-zemos o álcool e a cachaça. Deu-nosa uva e nós fizemos o vinho. Deu-nosa árvore e nós criamos o papel, a rou-pa, o caderno e os livros que guardamo que aprendemos para repassá-los aosque vierem depois. Da árvore tambémfizemos o abrigo. Deu-nos a alegria enós construímos os sonhos.

São dois, pois, os objetivos prin-cipais da encarnação: acelerar o nos-so crescimento e trabalhar no aperfei-çoamento da grande obra de Deus. Há,porém, outros objetivos a alcançar.Objetivos paralelos. Importantíssi-mos, como tudo que nos vem da partedo Senhor:

Passarmos pelas provas que esco-lhemos para vencer fraquezas que ain-da nos dominam (provação);

Corrigirmos, pela cirurgia da dor,as lesões que causamos em nós mes-mos, por indisciplina, por imprudên-cia ou por teimosia (expiação);

Enriquecermo-nos com os donsque a traça não rói, o ladrão não rou-ba e a ferrugem não consome, únicariqueza que nos acompanha para ondeformos, porque essa, sim, é patrimô-nio que se incorpora, definitivamen-te, à nossa alma;

Substituirmos pelo afeto de hojea mágoa que, por descuido, implanta-mos, ontem, no coração das pessoas aquem ferimos ou humilhamos (repa-ração).

Observando os animais

Um dia desses, no mês de maio,saindo de uma casa humilde ondevive uma pessoa que assistimos, vi-mos uma cena que gostaríamos deter fotografado se tivéssemos ali umamáquina. Uma cena cativante: umcachorro desses vira-latas, mas bemsimpático e peludo, cor marrom, equatro gatos em que se via a ascen-dência siamesa, cinzentos, olhosazuis, iguais aos siameses, mas como peito branco peludo em forma tri-angular e mais gordinhos que o sia-mês propriamente dito.

A cena era a seguinte: o cachor-ro estava deitado, abraçado a umgato, como quando abraçamos al-guém amado. Os dois estavamacordados, quietinhos, e os outrostrês gatos acomodados um ao ladodo outro, fazendo de travesseiro ocorpo do cachorro e olhando sobreele.

A cena nos encantou e a todosos que ali estavam. A dona da casadisse que era sempre assim a amiza-de entre os cinco animais. O nossopensamento então voou longe, ima-ginando o princípio de inteligência,o espírito criado por Deus.

Vemos o ser humano hoje agin-do muitas vezes movido pela igno-rância, com tanta violência, demons-trando imaturidade, muitas vezes atébarbárie, sem a compreensão doamor, e aí encontramos esses animai-zinhos, que muitos dizem serem ini-migos naturais, convivendo em har-

JANE MARTINS [email protected]

De Cambé

monia, pacificamente, com laços cla-ros de amizade.

O homem deveria observar me-lhor a natureza e mesmo aprendercom os animais. Se estes sabem vi-ver em paz, o ser humano, dois milanos após Jesus, deveria fazer maisesforços para a conquista do amor eda paz.

Um mandamento eu vos deixo:Que vos ameis uns aos outros, disseJesus. Animaizinhos criados juntosnum mesmo lar estão tendo afeto eEspíritos que vieram para uma mes-ma família e que, por suas atitudes,denotam inimizade advinda de vidasanteriores, necessitam despertar, vis-to que às vezes conseguem abraçar umgato ou um cachorro e não abraçam oirmão, ou o pai ou a mãe, havendocasos em que até crimes cometem noseio de sua família. É a imaturidade.

Um dia, graças às múltiplas en-carnações e às experiências adquiri-das, eles haverão de amar, e amar tãoprofundamente a ponto de se sacrifi-carem, se necessário, em nome doamor. Até que isso aconteça, paciên-cia é o que devemos ter, muita paci-ência e exemplos a dar. Que apren-damos com Jesus e observemos a na-tureza, os animais. Eles também evo-luem. Quando o homem perceberbem isso, acabará naturalmente setornando vegetariano!

Por enquanto, como dizem os Es-píritos, a carne nutre a carne, mas oque realmente importa mais é nos ali-mentarmos dos ensinos de Jesus e be-bermos da água que Ele nos oferece,vivendo o amor a cada dia e amandocada vez mais.

Estudando as obras de André Luiz

Neste mês, apresentaremos nãoum estudo contido em uma das obrasde André, mas algo a respeito do pró-prio autor.

Todos sabemos que Chico Xavierteve durante toda sua vida, como guia,Emmanuel e que, quando surgeAndré, para se desincumbir dos livrosque deveria escrever, um grande obs-táculo existia, muito bem explicadopor Allan Kardec no estudo da Me-diunidade: a questão da sintonia.

Como ser um fiel instrumento deum Espírito que com quem não es-tamos habituados?

Allan Kardec, em suas obras bá-sicas, deixa bem claro que, se nãohouver uma plena sintonia entre o

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

espiritual”, que depois se revelou porAndré Luiz, ao lado de Emmanuel.Assim decorreram quase dois anos,antes de Nosso Lar (o livro).

Achava estranho o cuidado dele,o interesse e a estima; entretanto, de-corrido algum tempo, disse-me Em-manuel que estava o Companheirotreinando para se desincumbir detarefa projetada, e, de fato, em 1943,iniciava o trabalho “Nosso Lar”.

Desde então, vejo que o esforçode Emmanuel e de outros amigosnossos concentrou-se nele, acredi-tando, intimamente, que André Luizestá representando um círculo talvezvasto de entidades superiores.’

E, assim, fica bem claro que fo-ram dois anos de aproximação parafortalecimento dos laços fluídicos,antes do início de trabalho tão im-portante.

médium e o Espírito comunicante, acomunicação poderá: ser impossível,imperfeita ou um outro espírito apro-veitar da situação e se comunicar, mis-tificando a mensagem.

Porém, é o próprio Codificadorquem diz que essa sintonia poderia serdesenvolvida com o tempo.

E é exatamente isso que ocorreentre Chico e André Luiz.

Chico explica isso em cartas queescreve, naquela época, ao então diri-gente da Federação Espírita Brasilei-ra, quando comenta que algumas au-toridades, segundo seu guia Emmanu-el, estavam interessadas em trazer parao nosso meio uma visão mais profun-da de alguns aspectos da vida do “ou-tro lado”.

Leiamos o que escreve o médium:‘Desde então, onde me concen-

trasse, via sempre aquele “cavalheiro

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O IMORTALPÁGINA 14 JUNHO/2008

A corujinha medrosaNo meio da floresta, entre árvores

frondosas e flores silvestres. Vivia umapequena coruja chamada Cacá.

Embora tivesse nascido naque-le ambiente e crescido entre ani-mais amigos e bondosos, Cacá vi-via atormentada pelo medo.

Via perigo em todos os luga-res, atrás de cada árvore e um ini-migo debaixo de cada pedra.

Durante o dia, andava tromban-do nas coisas, como todos os da suaespécie, incapaz de enxergar. Masquando a noite caía, o sofrimentode Cacá era maior.

Temendo mover-se, permaneciano galho da árvore que lhe servia deabrigo, tremendo dos pés à cabeça,com aqueles grandes olhos arrega-lados que o Senhor lhe concedera.

Ao menor ruído, escondia acabeça entre as asas e ficava ali,encorujada e trêmula.

Um dia, mestre Corujão, queera muito inteligente e sabido,aproximou-se de Cacá e convidou:

— Vamos dar uma voltinha?Cacá levantou a cabeça, teme-

rosa:

— Lobo? Mas não existem lo-bos nesta floresta! Você já o viu?

— Não preciso vê-lo para saberque existe. Ouço sempre seus uivos.

— É o medo que faz você vercoisas, Cacá!

— Sabia que mestre Corujãonão iria acreditar em mim. Ah! Etem ainda um fantasma que meespia entre as árvores com seusolhos coruscantes!

Abanando a cabeça, mestreCorujão afirmou-lhe com calma edelicadeza:

— Cacá, acredito que vocêouça tudo o que diz. Mas o seumedo faz com que interprete erra-do tudo o que ouve e vê.

E, tomando uma decisão, orde-nou-lhe: — Venha comigo.

— Não! Tenho medo! — ex-clamava a medrosa corujinha.

— Não tenha receio. Verá quetudo tem uma explicação muitosimples. Bem, por onde começa-mos? De que lado você disse quevinha o monstro?

— Daquele.Voaram, com cuidado e aten-

ção, na direção que Cacá apontou.Ao chegarem perto do local deonde vinha o ruído, mestre Corujãoafastou alguns galhos e encontrouos meigos olhos de Dona Corça eseus filhotes.

— Ah, Mestre Corujão! Meusfilhotes não querem se acomodaresta noite. Já se faz tão tarde e elesnão dormem — justificou-se amamãe Corça.

Ao vê-los, Cacá respirou alivi-ada.

Você já reparou, meu amigui-nho, no valor das pequenas coisas?

Não? Pois são muito impor-tantes!

Muitas vezes desejamos fazeralguma coisa que consideramosgrande e valiosa, mas nossas pos-sibilidades não permitem, e entãoficamos tristes e desconsolados.

Não desanime! As pequenascoisas são tão importantes quan-to as grandes.

O mar imenso é formado depequenas gotas de água.

Uma casa, por grande queseja, não poderia ser construídasem a colaboração de cada peque-no tijolo.

As montanhas imensas se er-guem de grão em grão de areia.

O corpo humano, que é umamáquina perfeita, baseia-se notrabalho humilde e anônimo dascélulas.

Portanto, se você anseia servir,não despreze o valor dos peque-nos serviços que possa executar.

Você deseja ajudar a mamãea carregar as compras, mas as cai-xas são muito pesadas. Colaborecarregando um pacote cujo pesopossa suportar.

Gostaria de fazer todo o servi-

ço doméstico porque sua mãe estámuito cansada. Ajudará bastante searrumar a mesa para as refeições,lavar os pratos ou varrer a casa.

Apreciaria suprir as necessi-dades daquela criança que bate àsua porta e que passa por priva-ções. Porém isso custa muito di-nheiro e você não tem. Auxiliedando um prato de comida, umapeça de roupa, um par de calça-dos ou um brinquedo.

Gostaria de poder curar aque-le seu colega que está doente, masisso está fora das suas possibili-dades, porque você não é médi-co. Faça uma visita fraterna e oalegre com sua presença amiga.Além disso, sempre que lembrar,faça uma prece por ele. Verá comoseu amigo será beneficiado.

Estes são apenas alguns exem-plos, mas existem muitas outrascoisas que você pode fazer.

Sempre podemos ajudar. Bas-ta ter boa vontade e desejo deservir, pois não é o tamanho da-quilo que fazemos que importa ,mas como fazemos.

Por isso, meu amiguinho, nãodespreze o valor das pequenasgrandes coisas. Faça sua parte e,por certo, Jesus o abençoará.

Pequenas grandes coisas

— Gostaria muito, mestreCorujão, mas, não posso. Oh! Comoeu sofro! — e desatou a chorar.

Arregalando ainda mais osolhos, Mestre corujão exclamou:

— Ora essa! Por que não pode?Olhando para todos os lados,

Cacá murmurou com medo:— O Mestre não ouve o ruído

do monstro que se aproxima?— Monstro? Mas, Cacá, não

existe monstro nenhum!— Como não? Ouça o ruído!

E o lobo feroz que me espreita,aguardando uma oportunidadepara me abocanhar?

— Está mais tranqüila agora?O ruído do “monstro” era simples-mente o ruído dos veadinhos seagitando no chão de folhas secas!

— Está bem! Mas, e o lobo?— disse Cacá.

Voaram na direção que Cacáafirmara ter ouvido uivos, até che-garem a uma gruta. O ruído pare-cia vir de lá.

Cacá ficou escondida, pois so-mente Mestre Corujão teve cora-gem de se aproximar. Entrou nagruta e logo saiu dando uma gar-galhada.

— Não tem lobo nenhum, Cacá.Sabe o que faz esse ruído? O ventopassa por uma fresta da gruta e as-sobia, produzindo esse som, seme-lhante ao de um apavorante uivo.Vejamos agora o fantasma.

Voaram para o local onde Cacáafirmou ter visto dois olhos corus-cantes que a fitavam. Sabem o queera? Apenas o reflexo da luz do luarnas saliências de uma pedra.

Envergonhada, Cacá abaixou acabeça.

— Está vendo? O medo está nanossa cabeça, Cacá. Temos medode tudo o que não vemos e de tudoo que não conhecemos. Na verda-de, precisamos aprender a confiarem Deus que nunca abandona seusfilhos — falou-lhe o amigo.

Cacá concordou com MestreCorujão e, daquele dia em diante,tornou-se uma corujinha bem maistranqüila e feliz.

E nunca mais viu perigos ondenão existia!

Tia Célia

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O IMORTALJUNHO/2008 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1868 (6ª Parte)

Continuamos a publicação do tex-to condensado da Revista Espíritade 1868. As páginas citadas referem-se à versão publicada pela Edicel.

*63. Mais um flagelo desabava em

1868 sobre as populações árabes daArgélia, então colônia da França. Ter-minados os rigores do inverno, os ára-bes agora morriam de fome. Em car-ta dirigida a Kardec, o Sr. Bourgès,capitão da guarnição de Laghouat, dizque desde alguns anos os flagelos sesucediam na colônia: tremores de ter-ra, invasão de gafanhotos, cólera, tifo,seca e fome. Comentando esse fato,Kardec lembra que os Espíritos nãose enganaram quando anunciaramque flagelos de toda a sorte devasta-riam a Terra. A Argélia não era o úni-co país em prova. Mas não se podeacusar a Providência por essas misé-rias, que resultam unicamente da ig-norância, da incúria, do egoísmo, doorgulho e das paixões humanas. Asgerações de agora colhem o que se-mearam, porque são compostas dasmesmas individualidades espirituaisque renascem em diferentes épocas eaproveitam os melhoramentos queelas próprias prepararam e a experi-ência adquirida no passado. (Págs.154 a 157.)

64. Em mensagem dada em Lyona 2 de fevereiro de 1868, por meio doSr. Dubois, um instrutor espiritual, quese designou O Espírito da Fé, voltouao tema da regeneração da Terra e dis-se que o Messias que deve presidir aesse movimento já havia nascido. Eraele o próprio Cristo? O comunicantenão diz que sim nem que não, mas afir-ma que cabe ao Espiritismo removeras pedras que possam dificultar a suapassagem. Esse homem será podero-so e forte, e numerosos Espíritos es-tão na Terra para aplainar o caminho efazer cumprir o que foi predito. “A au-rora do século marcado por Deus paraa realização dos fatos que devem mu-dar a face deste mundo começa a sur-gir no horizonte”, conclui a mensa-gem. (Págs. 157 a 159.)

65. A mediunidade no copo d’água é o tema inicial do número dejunho. O novo gênero de mediuni-dade vidente permite ver imagensem um copo de água magnetizada,como se uma fotografia aparecesseno líquido. As informações constan-tes do artigo foram fornecidas porum dos correspondentes da Revistaem Genebra. (Págs. 161 a 166.)

66. Eis como o fenômeno se rea-liza: I – Primeiramente é preciso umcopo liso e bem igual no fundo, noqual a água deve ser colocada até àmetade, magnetizando-a em seguidapelos processos comuns, isto é, pelaimposição das mãos. A duração damagnetização é de cerca de dez mi-nutos na primeira vez; depois bastamcinco minutos, podendo ser magneti-zados vários copos ao mesmo tempo.II – O médium vidente ou aquele quequer experimentar não deve magne-tizar o seu próprio copo, pois gastaráfluidos que lhe são necessários paraa vidência. Para a magnetização énecessário um médium especial. III –Feito isto, cada experimentador co-loca o copo à sua frente e o olha du-rante 20 ou 30 minutos no máximo,por vezes menos, conforme a aptidão.Esse tempo só é necessário nas pri-meiras tentativas; depois, bastarão al-guns minutos. Durante esse tempo,uma pessoa fará uma prece para pe-dir o concurso dos bons Espíritos. IV– Os que são aptos a ver distinguem aprincípio, no fundo do copo, uma es-pécie de nuvem; é um indício certode que verão. Pouco a pouco essanuvem toma uma forma mais acentu-ada e a imagem se desenha à vista domédium. V – Entre si os médiuns po-dem ver nos copos uns dos outros.Algumas vezes parte do assunto apa-rece num copo e a outra parte em ou-tro; por exemplo, em caso de doen-ças, um verá o mal e o outro, o remé-dio. VI – O médium só verá com osolhos abertos. Pelo menos é o que temsido observado, o que denota uma va-riedade na mediunidade de vidência.VII – A imagem das pessoas vivas seapresenta no copo tão facilmentequanto a das pessoas mortas. VIII –Ocorre nesta mediunidade o que sedá nas outras: o médium atrai a si osEspíritos que lhe são simpáticos, e omeio de atrair os bons Espíritos é es-tar animado de bons sentimentos, nãoperguntar senão coisas justas e razo-áveis, não se servir desta faculdadesenão para o bem, e não para coisasfúteis. (Págs. 161 a 165.)

Os médiuns videntes só vêem oque os Espíritos permitem67. Comentando o assunto, Kar-

dec adverte que, como princípio, estamediunidade não é nova, mas simuma das variedades da mediunidadede vidência. Os médiuns videntes, poreste processo ou por qualquer outro,não vêem à vontade; eles só vêem oque os Espíritos querem fazer ver oulhes permitem ver. (Págs. 165 e 166.)

68. Escrevendo sobre a fotogra-fia do pensamento, Kardec diz que

tal fenômeno se liga ao fenômeno dascriações fluídicas descrito em A Gê-nese, e reproduz na Revista trechosdaquela obra em que o assunto é tra-tado. (Págs. 166 a 169.)

69. Eis, de forma resumida, ospontos principais contidos no artigo:I – Os fluidos espirituais são, a bemdizer, a atmosfera dos seres espiritu-ais e o elemento onde os Espíritos co-lhem os materiais com que operam. II– Os fluidos são também o veículo dopensamento e os Espíritos agem so-bre eles, não os manipulando como ohomem manipula os gases, mas como auxílio do pensamento e da vonta-de. III – Pelo pensamento, eles impri-mem a esses fluidos essa ou aqueladireção e podem combiná-los,aglomerá-los e dispersá-los. IV – Porvezes essas transformações resultamde um ato intencional; muitas vezessão o produto de um pensamento in-consciente, bastando ao Espírito pen-sar em uma coisa para que essa coisase produza. V – O pensamento do Es-pírito cria fluidicamente os objetos deque tinha o hábito de se servir. É as-sim que o fumante aparece com seucachimbo e o militar, com suas armas.VI – Os objetos fluídicos são tão reaispara o Espírito, quanto eram materi-ais para os encarnados; sua existên-cia, no entanto, é fugaz como o pen-samento. VII – Ao criar imagensfluídicas, o pensamento se reflete noperispírito como num espelho, e decerto modo aí se fotografa. É assimque os mais secretos movimentos daalma repercutem no envoltório peris-piritual, permitindo a outrem, encar-nado ou desencarnado, ler na almacomo num livro e ver o que não é per-ceptível pelos olhos do corpo. VIII –Na teoria das criações fluídicas podeser encontrada a explicação da mediu-nidade pelo copo d’água. Ora, já queo objeto que se vê não pode estar nocopo, a água deve fazer aí o papel deum espelho, que reflete a imagem cri-ada pelo Espírito. Essa imagem podeser a reprodução de uma coisa real,como a de uma criação de fantasia.(Págs. 166 a 169.)

70. A Revista registra o faleci-mento do Sr. Bizet, cura de Sétif,morto aos 43 anos de idade. Os atosde caridade e de tolerância que nota-bilizaram o pároco foram destacadosna reportagem, à qual se segue atranscrição de uma comunicaçãodada pelo Espírito do Sr. Bizet naSociedade Espírita de Paris, a 14 demaio de 1868, 29 dias depois do seufalecimento. Em sua mensagem, opadre informa haver encontrado nomundo espiritual muitos amigos cujoacolhimento simpático o ajudou a

reconhecer-se em seu novo estado.Bizet descreve, também, algo queseria inimaginável noutros tempos:o triste espetáculo da fome entre osdesencarnados – criaturas infelizes,mortas nas torturas da fome e queainda procuravam satisfazer, em vão,uma necessidade imaginária. No fi-nal da comunicação, Bizet confessaque os princípios da doutrina espíri-ta lhe pareciam agora mais justos,porque, depois de haver conhecido asua teoria, via no mundo espiritual asua mais larga aplicação prática.(Págs. 169 a 172.)

71. O relato pertinente aos horro-res da fome entre os desencarnadosmereceu de Kardec uma notaexplicativa. Os Espíritos, adverte ele,são seres como nós: têm um corpo,fluídico é verdade, mas que não dei-xa de ser matéria. Deixando o invólu-cro carnal, certos Espíritos continu-am a vida terrena com as mesmas vi-cissitudes, durante um tempo mais oumenos longo. Tal é a situação dos Es-píritos que viveram mais a vida mate-rial que a vida espiritual. As evoca-ções nos mostram uma porção de Es-píritos que ainda se julgam encarna-dos: suicidas, supliciados, avarentos,náufragos etc. O quadro apresentadopelo Sr. Bizet nada tem, pois, de es-tranho; ao contrário, vem confirmar,por meio de um depoimento insuspei-to, o que já se sabia. (Págs. 172 a 174.)

O livro “A Gênese” é elogiadopelo jornal Solidarité

72. Sob o título de Boletim domovimento filosófico e religioso, onúmero de maio do jornal Solidarité,de Paris, publicou interessante arti-go em que o autor analisa A Gênese,última obra publicada por Kardec. Aspassagens principais do artigo são re-produzidas pela Revista. (Págs. 174a 177.)

73. Além de vários elogios a Kar-dec e à sua obra, o articulista, repor-tando-se à doutrina espírita, diz quenos encontramos em presença de umadoutrina geral “que está perfeitamen-te em relação com o estado da ciênciaem nossa época, e que responde per-feitamente às necessidades e às aspi-rações modernas”. “E o que há de no-tável – acrescenta o jornalista – é quea doutrina espírita é mais ou menos amesma em toda a parte.” (Pág. 177.)

74. Numa série de conferênciasfeitas em abril de 1868 pelo Sr.Chavée, no Instituto livre do boule-vard dos Capuchinhos, o orador fezum estudo analítico e filosófico dosVedas e das Leis de Manu, compara-dos com o livro de Jó e os Salmos.Eis, do texto transcrito pela Revista,

algumas observações feitas pelo con-ferencista: I – A alma é sem exten-são; ela não é estendida senão por seucorpo etéreo e circunscrita pelos li-mites desse corpo, que São Paulo cha-ma organismo luminoso. II – Depoisda morte, a alma continua sua vidano espaço, com seu corpo etéreo, con-servando assim a sua individualida-de. III – Entre nós, assistindo invisí-veis às nossas palestras, certamentese encontram muitos dos que já mor-reram; eles estão ao nosso lado e pla-nam acima de nossas cabeças; vêem-nos e nos escutam. IV – Há fenôme-nos patológicos que provam a exis-tência da alma após a morte? Sim, háe vou citar um. É ao sonambulismo eao êxtase que vou pedir essas provas.Diz Kardec que o orador citou entãonumerosos exemplos de sonambulis-mo e de êxtase que lhe deram a pro-va, de certo modo material, da exis-tência da alma, de sua ação isoladado corpo carnal, de sua individuali-dade após a morte e, finalmente, deseu corpo etéreo ou perispírito. “Asconferências do Sr. Chavée são, pois,verdadeiras conferências espíritas,menos a palavra”, adverte Kardec. “E,sob esse último aspecto, diremos quearvoram abertamente a bandeira. Po-pularizam as suas idéias fundamen-tais sem ofuscar os que, por ignorân-cia da coisa, tivessem prevenção con-tra o nome.” (Págs. 178 a 181.)

75. Uma alentada crítica assina-da pelo Sr. Emile Barrault a respeitoda obra A Religião e a Política naSociedade Moderna, de FrédéricHerrenschneider, antigo sansimonis-ta que depois se tornou espírita, fe-cha o número de junho de 1868. DizEmile Barrault que a obra em apre-ço é notável e que o Sr. Herrensch-neider revelou-se um pensador pro-fundo e espírita convicto, mas quenão concordava com todas as con-clusões a que ele chegou, como, porexemplo, a idéia de que existem Es-píritos que se podem chamar Espíri-tos ingleses, franceses, italianos etc.Diremos, sim - propõe o Sr. Barrault-, que não há Espíritos franceses ouingleses, mas que há Espíritos cujoestado, hábitos e tradições impelemuns a se encarnarem na França, ou-tros na Inglaterra, como se vê, du-rante a vida terrestre, as pessoasagrupar-se segundo suas simpatias ecaracteres. (N.R.: Sansimonista: par-tidário do sansimonismo, sistemapolítico e social proposto por ClaudeHenri de Rouvroy, Conde de Saint-Simon {1760-1825}, filósofo e eco-nomista francês, um dos precurso-res do socialismo.) (Págs. 181 a 191)(Continua no próximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

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O IMORTALPÁGINA 16 JUNHO/2008

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

Em razão do processo (1) (deranço religioso) proposto no Su-premo Tribunal Federal contra oartigo que trata da manipulaçãode células-tronco embrionáriaspara fins terapêuticos, defende-mos o argumento de que a ciên-cia e o direito à vida precisam pre-valecer sobre a religião na deci-são final. Ressaltamos, por opor-tuno, que a Secretaria Especialdos Direitos Humanos da Presi-dência da República ratificou adecisão do Congresso Nacional,que aprovou, por ampla maioriade deputados e senadores, a per-missão de pesquisas com células-tronco embrionárias no Brasil. Éimportante frisar, também, que“defender a liberação das pes-quisas com células-tronco embri-onárias para fins terapêuticosmais do que um posicionamentotécnico-científico é a defesa dosDireitos Humanos, da Dignidadeda Pessoa Humana”. (2)

Essas células são conhecidaspela sigla ES, do inglês embryonicstem cells (células-tronco embrio-nárias). Esse sonho biotecnológicotornou-se um pouco mais real em1998, quando o biólogo JamesThomson (foto) e sua equipe con-seguiram, na Universidade deWisconsin (Estados Unidos), imor-talizar células ES de embriões hu-manos. Lembrando ao amigo lei-tor que o Congresso dos EstadosUnidos autorizou recentemente ouso de células ES humanas nas pes-quisas financiadas pelo NationalInstitutes of Health (NIH).

O geneticista Oliver Smithies,de 82 anos, prêmio Nobel de Me-dicina e Fisiologia em 2007, temalertado que o Brasil deve acele-rar o processo de pesquisas comcélulas-tronco, a começar pela li-beração da lei em discussão noSupremo Tribunal Federal (STF).Caso contrário, ficará para trás noprocesso científico mundial.Smithies trabalha com células-tronco há mais de 20 anos. Afir-

JORGE HESSEN [email protected]

De Brasília, DF

mou ontem, em São Paulo, que “umpaís, que não tomar parte nas pes-quisas com células-tronco embrio-nárias, perderá a oportunidade deoferecer sua contribuição à huma-nidade”. Com sua experiência de 60anos como biólogo molecular, dis-se, ainda, que “Existe muita discus-são sobre matar embriões. Mas, naverdade, trata-se de preservar a vidado embrião.” O cientista acreditaque os primórdios de qualquer cam-po de pesquisa costumam ser con-troversos, mas, com o tempo, as res-trições, inclusive religiosas, tendema diminuir e desaparecer. (3)

Sobre pesquisa com células-tronco embrionárias, as informa-ções instrutivas dos BenfeitoresEspirituais não são abundantes.Porém, reconhecemos que o pro-jeto demonstra o esforço da ciên-cia humana. Para quem não sabe,“as pesquisas com células-troncosó poderão ser realizadas se elasforem obtidas através de fertiliza-ção in vitro e estiverem congela-das há mais de três anos”. (4) Ocenso realizado pela SBRA (Soci-edade Brasileira de ReproduçãoAssistida) revela a existência de9.914 embriões congelados nas 15maiores clínicas brasileiras de re-produção. Desses, 3.219 estão con-gelados há mais de três anos, cri-tério essencial para a utilização empesquisas com células-tronco(CTs) embrionárias aprovado pelaLei de Biossegurança.

Colocado o assunto controver-so, uma questão se apresenta: teri-am os embriões congelados, nosquais se encontram as células-tron-co embrionárias, potencial de vita-lidade que não se pode transformar?Alguns crêem ser um “aborto”, masnão percorremos nessa direção. Se-gundo os cientistas, seriam usados,apenas, embriões descartados pelasclínicas de fertilização e que, mes-mo se implantados no útero de umamulher, dificilmente resultariam emuma gravidez. Portanto, embriõesque, provavelmente, nunca se de-senvolverão.

Seguindo nosso argumento so-bre a relação corpo físico/Espíri-to, temos a pergunta 356, em “O

Livro dos Espíritos”, cuja respos-ta esclarece o seguinte: “há corposque jamais tiveram um Espíritodesignado”, ou seja, há corpos fí-sicos que se desenvolvem sem quehaja a finalidade da reencarnação.(5) Se há um planejamento reencar-natório com o concurso de Espíri-tos superiores, por que eles iriamdesignar um Espírito, com provasa cumprir, a um conjunto de célu-las que seria, apenas, matéria or-gânica e que não teria, em sua fi-nalidade, a evolução da gestação?

Se constitui um conjunto decélulas amorfas, descartado apósalgum tempo, então, devemos re-pensar essa aversão mórbida àstransformações, que podem seroperadas com os embriões conge-lados. Por bom senso doutrinário,utilizar células-tronco embrionári-as, nesse sentido, não será umaafronta às Leis naturais, mas umaenorme contribuição científicapara a Humanidade, possibilitan-do melhorar a vida física dos seresreencarnados.

Kardec desejava um Espiritis-mo que caminhasse pari passu coma Ciência e não um Espiritismoestático, como acontece com algu-mas religiões. Não se podeencabrestar a Ciência. Quanto àneurastenia sobre o uso imprópriodas células-tronco embrionárias,mantenhamos a calma, pois a Ci-ência, colaboradora inconteste doprogresso, saberá lidar cada vezmelhor com as técnicas que envol-vem o tema.

As células-tronco embrionári-as têm grande potencial de formartodos os tecidos humanos. Elas

O debate em torno das pesquisas com células-tronco embrionáriaspodem ser retiradas dos embriõesexcedentes, daqueles descartadospelas clínicas de fertilização, pornão terem qualidade para implan-tação ou por terem sido congela-dos por muito tempo e aproveita-das pela técnica de clonagem te-rapêutica. A clonagem terapêutica,muitas vezes confundida com te-rapia celular, é a transferência denúcleos de uma célula para umóvulo sem núcleo. Ela nada mais édo que um aprimoramento das téc-nicas, hoje, existentes para cultu-ras de tecidos, que são realizadashá décadas.

As células-tronco são classifica-das como: totipotentes ou embrio-nárias (são as que conseguem sediferenciar em todos os 216 tecidos- inclusive a placenta e anexos em-brionários que formam o corpohumano); pluripotentes (6) ou mul-tipotentes (são as que conseguemse diferenciar em quase todos os te-cidos humanos, menos placenta eanexos embrionários);oligopotentes (aquelas que conse-guem diferenciar-se em poucos te-cidos) e unipotentes (as que con-seguem diferenciar-se em um úni-co tecido). (7) Cabe aqui explicar quehá diferença entre células-troncoembrionárias e células-tronco adul-tas no tratamento de um paciente.As células adultas têm uma capaci-dade limitada de se transformaremem tecidos. Já as células embrioná-rias podem dar origem a todos ostecidos do corpo humano.

Concluo, fazendo minhas aspalavras de meu amigo AstolfoOlegário: “É preciso considerarque todas as opiniões sobre o temasão opiniões pessoais; não sãoposições da Doutrina Espírita.Mas, considerando como são for-mados os embriões resultantes dafertilização in vitro, é-nos difícilentender que a todos eles estejamligados Espíritos, visto que, paraum mesmo casal, produzem-se di-versos embriões – 6, 8 ou mais –,dos quais alguns são implantadose os outros mantidos em baixíssimatemperatura. Se tudo correr bemna gestação, é comum que os em-briões congelados sejam esqueci-

dos e, por conseguinte, jamaisutilizados. Em alguns países,como a Inglaterra, a lei estipulaum prazo, findo o qual eles sãoeliminados. Esses são os dadospostos na mesa. Mas, seja qualfor a opinião que tenhamos, épreciso deixar claro que não setrata de uma posição do Espiri-tismo, e sim uma opinião pesso-al que será futuramente confir-mada ou não pelos fatos”. (8)

Referências:1. A ação pediu a exclusão do

artigo 5º da Lei de Biosseguran-ça. O artigo permite a utilizaçãoem pesquisas de células-troncoembrionárias fertilizadas in vitroe não utilizadas. O Supremo Tri-bunal Federal, em decisão toma-da no dia 29/5/2008, liberou aspesquisas, sem restrições.

2. Barone, Alexandre, “A pro-ximidade de uma esperança adi-ada”, artigo disponível em<http://www.olhardireto.com.br/artigoseopinioes/artigo.asp?cod=1714>acesso em 11/03/2008- Barone é presidente doConade - Conselho Nacional dosDireitos da Pessoa Portadora deDeficiência.

3. Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Brasi l /0,,MUL344213-5598,00-USO+D E + C E L U L A S T R O N C O +PRESERVA+A+VIDA+DIZ+NOBEL.html. Acesso em 21/3/08.

4. Revista Veja editada em 03de Março de 2005.

5. Kardec, Allan. O Livro dosEspíritos, Rio de Janeiro:Ed.FEB, 2001, perg. 356.

6. As células-tronco embrioná-rias são denominadas pluripotentes,porque podem proliferar indefinida-mente in vitro sem se diferenciar,mas se diferenciam se forem altera-das as condições de cultivo.

7. As células-tronco totipo-tentes e pluripotentes (ou multi-potentes) só são encontradas nosembriões.

8. Nota de Astolfo O. de Oli-veira Filho, Diretor de Redaçãoda Revista O Consolador Ano 1- N° 48 - 23 de março de 2008 -In Cartas.

James Thomson, biólogo americano