o imc nÃo prediz obesidade

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Artigo ___________________________________________________________________ O IMC (ÌNDICE DE MASSA CORPORAL) E A PREDIÇÃO DE OBESIDADE Resumo O Índice de Massa Corporal (IMC) é utilizado como um preditor de obesidade, apesar de utilizar a massa corporal total como parâmetro, e tem sido utilizado em publicações, de natureza clínica e/ou epidemiológica. A larga utilização deste índice pode ser provavelmente atribuída à obtenção simples das medidas utilizadas em sua construção, e da relativa validade clínico-epidemiológica demonstrada. Porém, existem referenciais científicos que apontam importantes limitações conceituais e práticas no uso atual desse método, incluindo as premissas matemáticas, pontos de corte de normalidade e consistência para dados extremos. As críticas finais neste texto foram norteadas após as definições de obesidade, e revisões estatísticas que demonstram o aumento da obesidade no mundo. Na seqüência se apresenta a importância do diagnóstico da obesidade, dando ênfase aos autores que demonstram o diferencial entre massa corporal total, equivocadamente referida como peso corporal, e o percentual de gordura. Faz-se referência aos estudos que envolvem avaliação e análise da composição corporal em diferentes segmentos da população, e se apresenta autores que demonstraram as limitações que o IMC possui quando utilizado nos diferentes momentos da vida. Desta forma, em função da obesidade ser caracterizada pelo aumento do percentual de gordura corporal, é importante que sejam realizadas análise, de composição corporal para este fim, sabendo que a utilização do IMC pode trazer conseqüências à saúde da população, quando utilizado como um índice preditor absoluto de obesidade. Definição de Obesidade A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2002 definiu obesidade como um excesso de gordura corporal acumulada no tecido adiposo, com implicações para a saúde. Definiu ainda que a mesma é caracterizada pela acumulação excessiva de

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O artigo discursa sobre o erro comum se se predizer obesidade a partir do IMC - Índice de Massa Corporal.

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Artigo ___________________________________________________________________

O IMC (ÌNDICE DE MASSA CORPORAL) E A PREDIÇÃO DE OBESIDADE

Resumo

O Índice de Massa Corporal (IMC) é utilizado como um preditor de obesidade,

apesar de utilizar a massa corporal total como parâmetro, e tem sido utilizado em

publicações, de natureza clínica e/ou epidemiológica. A larga utilização deste índice

pode ser provavelmente atribuída à obtenção simples das medidas utilizadas em sua

construção, e da relativa validade clínico-epidemiológica demonstrada. Porém,

existem referenciais científicos que apontam importantes limitações conceituais e

práticas no uso atual desse método, incluindo as premissas matemáticas, pontos de

corte de normalidade e consistência para dados extremos. As críticas finais neste

texto foram norteadas após as definições de obesidade, e revisões estatísticas que

demonstram o aumento da obesidade no mundo. Na seqüência se apresenta a

importância do diagnóstico da obesidade, dando ênfase aos autores que

demonstram o diferencial entre massa corporal total, equivocadamente referida

como peso corporal, e o percentual de gordura. Faz-se referência aos estudos que

envolvem avaliação e análise da composição corporal em diferentes segmentos da

população, e se apresenta autores que demonstraram as limitações que o IMC

possui quando utilizado nos diferentes momentos da vida. Desta forma, em função

da obesidade ser caracterizada pelo aumento do percentual de gordura corporal, é

importante que sejam realizadas análise, de composição corporal para este fim,

sabendo que a utilização do IMC pode trazer conseqüências à saúde da população,

quando utilizado como um índice preditor absoluto de obesidade.

Definição de Obesidade

A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2002 definiu obesidade como um

excesso de gordura corporal acumulada no tecido adiposo, com implicações para a

saúde. Definiu ainda que a mesma é caracterizada pela acumulação excessiva de

gordura corporal com potencial prejuízo à saúde, decorrente de vários fatores:

Genéticos ou ambientais, padrões dietéticos e de atividade física, individuais de

susceptibilidade biológica, e outros que possam interagir na etiologia da patologia.

Frisberg et al.(2004) apontam a definição de obesidade como um excesso de peso

que resultado do aumento de células adiposas no corpo, e/ou seu conteúdo,

caracterizando uma acumulação de gordura para além da fisiológica, isto é, além da

necessária ao equilíbrio funcional e morfológico de um corpo saudável.

Há ainda alguns autores, como Bray (2004), que fazem a distinção entre obesidade

e excesso de peso. Enquanto o excesso de peso consistiria num aumento da massa

corporal acima de um padrão estabelecido (relativamente à altura), obesidade

significaria a existência de uma percentagem elevada de gordura corporal, podendo

estar generalizada ou localizada numa determinada zona do corpo.

A Obesidade Mundial

A Associação Internacional para o Estudo da Obesidade (IASO), a Força-Tarefa

Internacional de Estudo da Obesidade (IOFT) e a Organização Mundial de Saúde

(OMS) estimam que haja 1.7 bilhões de pessoas com sobrepeso e obesidade em

todo o mundo.

Dados do Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM), em 2003, relatou que o

excesso de massa corporal é um problema que atinge 33,4% dos americanos, e isto

representava um custo anual com saúde próximo aos 140 bilhões de dólares.

Na Europa, de acordo com Força-Tarefa Internacional de Estudo da Obesidade

(IOFT), em levantamento realizado em 2007, 10% a 20% dos homens são obesos e

quase metade da população está acima do peso, acreditando que exista por volta de

11 milhões de europeus obesos.

A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), realizada entre 2002 e 2003, com apoio do Ministério da Saúde,

mostrou que dos 38,6 milhões de brasileiros que estão acima do peso, 10 milhões

são obesos.

Diagnóstico de obesidade

Em termos nutricionais, a gordura que se necessita mensurar, cujo aumento

caracteriza os diversos níveis de obesidade, é a armazenada no tecido adiposo

branco. Esta gordura tem na realidade a nômina de triglicerídeo, triglicéride, ou

triacilglicerol, e em relação ao valor nominal calórico, equivale a por volta de 7,75

Kcal por grama, e não 9 Kcal por grama (Bray, 2004).

Como a definição de obesidade refere-se ao aumento do percentual de gordura,

determinar se um indivíduo é obeso necessita da análise da composição corporal,

pois a mesma, que por definição fraciona massa corporal em seus diversos

componentes, determina a massa de gordura.

De acordo com Borges (2004) quantificar e avaliar a distribuição da gordura corporal

e a sua relação com os outros componentes da composição corporal é fundamental

para o tratamento da obesidade e outras desordens nutricionais. Uma compreensão

das bases teóricas e empíricas dos componentes da composição corporal e as suas

inter-relações são essenciais, e os métodos de avaliação da composição corporal

devem ser apropriados nesse sentido. (Heymsfield, 1997),

O corpo humano consiste de diferentes componentes que organizados entre si,

formam o corpo em cinco níveis.

Quadro 1. Modelo da constituição química e anatômica do corpo humano.

(Eston et al., 2001)

Para efeito da mensuração de seus componentes, de maneira a controlar o

percentual de gordura, o corpo é basicamente dividido em dois componentes

apenas: (a) massa de gordura e (b) massa isenta de gordura. A massa de gordura

compreende toda forma de gordura no corpo (essencial – considerada indispensável

à manutenção da vida , e não essencial – sendo apenas as reservas nutricionais).

Os cálculos metabólicos e de atividade física, são realizados a partir do tecido mais

ativo presente no corpo. Este tecido ativo é conhecido como massa magra, que na

realidade é a soma da massa isenta de gordura com a gordura essencial. (Borges,

2004).

Figura.1. Modelos de fracionamento do peso corporal com base em dois componentes – Massa Magra e Massa Isenta de Gordura (Eston et al., 2001).

Diferentes técnicas têm surgido para determinação do estado nutricional através de

parâmetros da composição corporal. Desta forma permitem que sejam encontradas

medidas acuradas quanto aos diferentes componentes corporais. Segundo Eston et

al. (2001), as avaliações da composição corporal podem ser dividas por dois

métodos distintos: in vitro e in vivo.

O método in vitro é realizado pela determinação direta da gordura corporal, o que

somente é possível em cadáveres, e o método in vivo, que preconiza a

determinação da composição corporal em indivíduos em vida.

No âmbito das técnicas para determinação dos componentes da composição

corporal, em seus diferentes modelos e níveis de análise, estão freqüentemente

englobadas em três métodos: os métodos diretos, os indiretos e os duplamente

indiretos (Borges, 2004):

Tabela 1. Diferentes métodos e técnicas empregadas na análise da composição corporal.

Borges, (2004).

O IMC – índice de massa corporal

Definição e histórico

O principal instrumento utilizado para diagnóstico epidemiológico de obesidade no

Brasil é o IMC - Índice de Massa Corporal. Segundo Araújo et al. (2000) tem sido

utilizado em mais de seis mil publicações, de natureza clínica e/ou epidemiológica,

indexadas no MEDLINE, desde 1994. Historicamente, este índice foi criado no

século XIX, em 1835, pelo matemático/astrônomo e estatístico Lambert Adolphe

Quetelet (1796-1874), que propôs uma estratégia de relacionar matematicamente a

massa corporal e a estatura do indivíduo, através da divisão da massa pelo

quadrado da estatura.

A criação deste índice, também chamado de índice de Quetelet, não possuía o

objetivo de determinar níveis de obesidade, mas foi criado para fins de estudos

estatísticos sobre a população humana, em perfis antropométricos, na tentativa de

agrupar as pessoas em uma “curva normal”, já trabalhada por Gauss em 1809. Com

a mesma finalidade, posteriormente outros índices foram criados, como o Índice

Ponderal de Livi em 1898, que representava a massa corporal dividida pela raiz

cúbica da estatura (massa / 3√estatura), e o Índice Ponderal de Rohrer em 1908,

que representava a massa corporal dividida pela estatura elevada ao cubo (massa /

estatura3). As relações matemáticas destes índices se apresentam mais corretas

que a utilizada pelo índice de Quetelet, pois ambas utilizam grandezas matemáticas

coerentes.

Outros índices são conhecidos na literatura, efetivando a relação estatuto/ponderal:

Fórmula de Broca, Índice de Kaup, Coeficiente de Pirquet, Índice ponderal recíproco

e Índice Nutricional.

O índice de massa corporal possui ainda faixas de normalidade para adultos que

têm sido preconizadas por diferentes autores e organismos internacionais (IOFT,

2001), supostamente permitindo identificar indivíduos com subnutrição, excesso de

peso e obesidade, devendo manter a relação com a tabela de determinação normal

de percentuais de gordura, e conforme a página oficial da OMS se reproduz na

íntegra a seguinte tabela:

“Table 1: The International Classification of adult underweight, overweight and obesity according to BMI

Classification BMI(kg/m2)

Principal cut-off points Additional cut-off points

Underweight <18.50 <18.50

Severe thinness <16.00 <16.00

Moderate thinness 16.00 - 16.99 16.00 - 16.99

Mild thinness 17.00 - 18.49 17.00 - 18.49

Normal range 18.50 - 24.99 18.50 - 22.99

23.00 - 24.99

Overweight ≥25.00 ≥25.00

Pre-obese 25.00 - 29.99 25.00 - 27.49

27.50 - 29.99

Obese ≥30.00 ≥30.00

Obese class I 30.00 - 34-99 30.00 - 32.49

32.50 - 34.99

Obese class II 35.00 - 39.99 35.00 - 37.49

37.50 - 39.99

Obese class III ≥40.00 ≥40.00

Source: Adapted from WHO, 1995, WHO, 2000 and WHO 2004.

BMI values are age-independent and the same for both sexes. However, BMI may not correspond to the same degree of fatness in different populations due, in part, to different body proportions. The health risks associated with increasing BMI are continuous and the interpretation of BMI gradings in relation to risk may differ for different populations.”

Traduzindo partes dos textos do arquivo original, se verifica que são feitas menções

às alterações de conteúdo de gordura em diferentes populações, e em diferentes

partes do corpo. E correlacionando os níveis de IMC com as faixas de percentual de

gordura se obtêm a seguinte tabela:

Tabela 2. Composição corporal x IMC (índice de massa corporal)

PERCENTUAL DE GORDURA X IMC (HOMENS)

Nível /Idade 18 - 25 26 - 35 36 - 45 46 - 55 56 - 65

Atlético/Risco =ou<12 kg/m2 (*) 4 a 7 % (*) 8 a 11% (*) 10 a 15% (*) 12 a 17% (*) 13 a 19%

Atlético 12.1< 18.5 kg/m2 8 a 11% 12 a 15% 16 a 18% 18 a 20% 20 a 21%

Ótimo 18.6< 19.9 kg/m2 12 a 13% 16 a 18% 19 a 21% 21 a 23% 22 a 23%

Saudável 20< 24.9kg/m2 14 a 16% 19 a 21% 22 a 24% 24 a 25% 24 a 25%

Sobrepeso 25< 29.9 kg/m2 17 a 20% 22 a 24% 25 a 27% 26 a 27% 26 a 27%

Obeso Grau I 30< 34.9 kg/m2 21 a 24% 25 a 27% 28 a 30% 28 a 31% 28 a 31%

Obeso Grau II 35< 39.9 kg/m2 25 a 36% 28 a 36% 31 a 39% 32 a 38% 32 a 38%

PERCENTUAL DE GORDURA X IMC (MULHERES)

Nível /Idade 18 - 25 26 - 35 36 - 45 46 - 55 56 - 65

Atlético/Risco =ou<12 kg/m2 (*) 13 a 16 % (*) 14 a 17% (*) 16 a 19% (*) 17 a 21% (*) 18 a 22%

Atlético 12.1< 18.5 kg/m2 17 a 19% 18 a 20% 20 a 23% 22 a 25% 24 a 26%

Ótimo 18.6< 19.9 kg/m2 20 a 22% 21 a 23% 24 a 26% 26 a 28% 27 a 29%

Saudável 20< 24.9kg/m2 23 a 25% 24 a 26% 27 a 29% 29 a 31% 30 a 32%

Sobrepeso 25< 29.9 kg/m2 26 a 28% 27 a 29% 30 a 32% 32 a 34% 33 a 35%

Obeso Grau I 30< 34.9 kg/m2 29 a 31% 30 a 33% 33 a 36% 35 a 38% 36 a 38%

Obeso Grau II 35< 39.9 kg/m2 32 a 43% 34 a 49% 37 a 48% 39 a 50% 39 a 49%

Referencial: Pollock & Wilmore,1993; e OMS, 1997

Em função da tabela de IMC e de percentual de gordura serem formuladas para

adultos, os valores de normalidade em adolescentes, crianças e infantes são,

todavia, distintos e baseados em percentis (Bundred, 2001).

Considerações em relação à validade do IMC

De acordo com Trindade (2004), vários são os fatores capazes de afetar a validade

do IMC, dentre eles se destacam:

Pessoas negras ou ativas fisicamente, em geral, possuem maior densidade

mineral óssea, portanto tendem a apresentar um peso ósseo mais elevado, e

por conseqüência, maior IMC;

Atletas de força, como fisiculturistas e levantadores de peso, possuem maior

quantidade de massa muscular do que a média da população. Pelo IMC a

grande maioria é considerada obesa, percepção facilmente refutada pela

observação visual;

Pessoas com diâmetros transversais ósseos proporcionalmente maiores em

relação à estatura (diâmetro de tórax, ombros, bacia, joelhos, braços) também

tendem a ter um IMC elevado;

Indivíduos com estatura maior que a média e com diâmetros transversais

menores (os chamados ectomorfos), podem ser classificados como baixo

peso pelo IMC;

Indivíduo com peso corporal adequado aos padrões do IMC pode ter pouca

massa magra e muita massa de gordura. É o chamado "falso magro", pois

tem aspecto visual de pessoas com peso normal ou reduzido, no entanto,

possui percentual de gordura elevado, fato muito comum em mulheres adultas

jovens.

Araújo et al. (2000) em um estudo que objetivava criticar cientificamente o índice de

massa corporal, e propor outras alternativas baseadas em evidências para relacionar

peso corporal e altura que eliminem ou reduzam as limitações, mostrou que de

acordo com as fases da vida, podemos encontrar mais ou menos situações que

forneçam estas limitações. Na fase da adolescência citaram:

Peso e altura crescem em proporções distintas ao longo da vida,

Diferenças no crescimento quanto ao processo maturacional (ex. idade da

menarca e momento do "peak height velocity"),

Influência da altura Bellizzi,

Proporcionalidade: relação tronco e membros inferiores,

Idade, dimorfismo sexual, origem étnica e classe social.

Na vida adulta:

Correlação com a altura que, apesar de baixa, ainda é significativa,

Massa magra elevada,

Proporcionalidade: relação tronco/pernas,

Alta especificidade e uma baixa e variável sensibilidade,

Não reflete a gordura corporal e muito menos sua distribuição.

Nos idosos:

Sarcopenia: perda da massa muscular é acompanhada pelo aumento da

adiposidade,

Distribuição centrípeta da gordura

McLaren (1987) é especialmente crítico da utilização do IMC na avaliação da

obesidade, considerando que a sua utilização tem prejudicado os estudos e a

definição de estratégias para atuar sobre a obesidade enquanto epidemia em franca

expansão em crianças e adultos.

Para Lohman (1992), aumento do IMC não discrimina se o aumento da massa se

deve ao aumento de massa adiposa ou ao aumento da massa isenta de gordura.

Nesse sentido, aconselha-se a complementação da avaliação da obesidade por

outras medidas de avaliação do percentual de massa gorda.

Já Filho (1999) diz que as principais limitações do IMC surgem

“quando não se leva em conta: a composição proporcional do organismo; a gordura

corporal excessiva, a massa óssea e muscular; a quantidade de volume plasmático

que aumenta pelo treinamento com exercícios”

Na tentativa de valorizar este indicador houve vários estudos do âmbito clínico que

correlacionaram resultados do IMC com outros fatores de risco de doença e com a

ocorrência de doenças.

“Há evidências, na literatura especializada, de que valores baixos de IMC estão

relacionados a doenças pulmonares obstrutivas, câncer pulmonar e tuberculose e

que valores altos de IMC estão associados a doenças cardiovasculares, hipertensão

arterial, diabete mellitus e outras” (Filho, 1999).

Considerações Finais

Mesmo que o Índice de Massa Corporal, nas populações mais diversas, apresente

uma boa correlação com medidas antropométricas de composição corporal, persiste

a dificuldade em definir, para populações específicas, pontos de corte a fim de

determinar o estado nutricional, incluindo baixo peso, normalidade, sobrepeso e

obesidade. Erros de conduta clínico/nutricional, prescrição de exercícios e

prognósticos de saúde podem ser decorrentes da utilização do Índice de Massa

Corporal como classificador de adiposidade em indivíduos. Desta forma, as

metodologias de determinação dos componentes corporais, devem ser priorizadas

em detrimento ao IMC, quando se tratar da análise de volume de gordura presente

na massa corporal total do indivíduo adulto, criança ou idoso. Políticas públicas

relacionadas à nutrição e dietética, podem ser as mais prejudicadas quando

baseadas em julgamentos decorrentes somente do Índice de Massa Corporal.

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Prof. Dr. Walter Celso de Lima Professor do Programa do Mestrado em Ciências do Movimento Humano UDESC/SC

Ricardo Wallace das Chagas Lucas Membro da Subcomissão das Especialidades Associadas/COESAS em Fisioterapia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica/SBCBM. Mestrando em Ciências do Movimento Humano UDESC/SC