o homem romantico

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UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro IFCH – Departamento de História Trabalho de Teória - Noite Nome: Mustafá R. Dalate S. Resenha do Livro O Homem Romantico: GIVONE Sergio, HAUPT Heinz-Gerhard, BOUNTRY Philippe, BACZKO Bronislaw, MICHAUD Stephane, COSMACINI Giorgio, POLLARD Sidney, REBOUL- SCHERRER Fabienne. Lisboa, Editorial Presença, 1998. Capítulo I – O Burguês, págs 7 - 52 O capítulo trabalha com a emersão da burguesia ao cenário político, económico e social na Europa. Aprofundando-se no termo burguesia tentando classificar e analisar cada elemento constituinte em sociedades culturalmente diferentes, como a Inglaterra, França e Alemanha, e sua importancia para a modernidade. Heinz-Gerhard Haupt mostra que o termo burguesia é referente aos habitantes do burgo, definidos pelos previlégios ou pelas “liberdades”, sendo incluido no terceiro estado ou comuns, apontando assim o seu lugar intermediário na sociedade hierarquizada. No dicionário de Joachim Heinrich Campe define a palavra Burger como habitantes legítimos da cidade, no qual estes fazem parte da administração e podem ser membros do Conselho Municipal. Ratificando o dicionário de Haupt, equiparando-os, após a Revolução Francesa, como membros do Terceiro Estado.

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Page 1: o Homem Romantico

UERJ – Universidade do Estado do Rio de JaneiroIFCH – Departamento de História

Trabalho de Teória - Noite

Nome: Mustafá R. Dalate S.

Resenha do Livro O Homem Romantico: GIVONE Sergio, HAUPT Heinz-Gerhard,

BOUNTRY Philippe, BACZKO Bronislaw, MICHAUD Stephane, COSMACINI

Giorgio, POLLARD Sidney, REBOUL-SCHERRER Fabienne. Lisboa, Editorial

Presença, 1998. Capítulo I – O Burguês, págs 7 - 52

O capítulo trabalha com a emersão da burguesia ao cenário político, económico e social

na Europa. Aprofundando-se no termo burguesia tentando classificar e analisar cada

elemento constituinte em sociedades culturalmente diferentes, como a Inglaterra, França

e Alemanha, e sua importancia para a modernidade.

Heinz-Gerhard Haupt mostra que o termo burguesia é referente aos habitantes do burgo,

definidos pelos previlégios ou pelas “liberdades”, sendo incluido no terceiro estado ou

comuns, apontando assim o seu lugar intermediário na sociedade hierarquizada. No

dicionário de Joachim Heinrich Campe define a palavra Burger como habitantes

legítimos da cidade, no qual estes fazem parte da administração e podem ser membros

do Conselho Municipal. Ratificando o dicionário de Haupt, equiparando-os, após a

Revolução Francesa, como membros do Terceiro Estado.

A diferença de classificação do termo burguesia, varia de acordo com a sociedade

analisada, como na França o termo encarna um debate político social entre a nova classe

e a Nobreza e a luta na Alemanha pela manutenção de direitos constitucionais

garantidos por uma carta. Difere-se do inglês, que aponta um conceito de virtudes

políticas e morais diferentemente da França, nesta a classe média ao ser contrário a

restauração de prestígio da Nobreza, pode se desenvolver de uma forma única, diferente

da Inglaterra que manteve o conceito de societas civilis pelo medo da corrosão dos

ganhos na sociedade.

Gustav Rimelin em seu estudo de 1845 aponta como a burguesia se via em relação a

Nobreza, apontando que a mesma se considerava superior pelo número, igual pela

riqueza, importância e inteligência, buscando uma posição política correspondente a

suas qualidades, sendo a mesma que conquistou para todos os direitos civis e a

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participação na política. Seguindo a linha de pensamento, Guzot, aponta a burguesia

como uma classe aberta a todos que tenham conquistado a propriedade e o bem-estar,

diferindo-se dos Nobres, tendo seu lugar por nascimento, e das camadas inferiores.

A cidadania, mesmo após a conquista de tais direitos, foi restrita somente a pessoas que

detinham posses de bens e o exercício de uma profissão, sendo assim o direito de voto

censitário.

Mesmo ao longo da Era Industrial, os burgueses não eram caracterizados como

os grandes industriais e sim ainda como a burguesia municipal e a burguesia cultivada,

medicos, advogados funcionários e comerciantes que representavam o coração da vida

urbana.

Na passagem do século XIX para o XX, o conceito de boa conduta é inspirado

no comerciante que reune em si as qualidades mundanas e o pleno desenvolvimento das

virtudes de modo exemplar, como define um manual de regras de conduta alemão.

Os burgueses se ocupavam de varias atividades ao mesmo tempo, como o

comercio interno entre as cidades e o ultramarino, atividades bancárias e financeiras.

Assim aponta as sua importância nas decisões de suas cidades locais ou as que possuíam

muitas atividades comerciais.

Muitos burgueses que faziam parte de uma atividade comercial ou econômica migraram

para outras, como a burguesia industrial, ou possibilitando os recursos necessários a

seus parentes para novas oportunidade de desenvolver algum negócio no meio

industrial. Dificilmente esse esquema é quebrado tendo como exemplo, um operário

chegar a abrir uma grande companhia. Assim podemos diferenciar a burguesia

comercial da industrial, onde a primeira utiliza especulações e negócios de risco em

contrapartida a industrial investia num capital estavel, na propriedade de meio de

produção.

De fato a Ética protestante na qual Max Weber aponta uma tendencia para auxiliar a

acumulação de capital e assim beneficiar e até “premiar” os burgueses, pode ser

constatada, porém burgueses de outras religiões também possuíram grandes atividades

comerciais.

A Inglaterra tendo um caso muito diferente de burgues, aponta uma ligação entre a

burguesia e o rei, no qual prosperou a economia das cidades, com a instauração de

industrias em meados do século XIX. A propria gentry seria uma forma de reunir o

passado nobre com a ascensão presente da burguesia. Sendo uma forma de nobres

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falidos se recuperar recursos e dos burgueses alcançar o prestígio tão procurado,

principalmente na ilha Britânica.

Como lemos no texto, o autor aponta a dificuldade de se trabalhar com a burguesia, por

possuir vários significados que divergem de acordo com a localidade e por se tratar de

uma classe que com o passar do tempo foi se aprimorando dentro dela mesma. Aponta

ainda, que em cada sociedade tomou um caminho diferente proporcionalmente a sua

cultura e a uma possivel influencia de culturas alheias pelo fato das trocas que ocorriam

entre mercadores de diversas regiões. Aponta ainda a questão religiosa, que pode ter

sido uma forma para catapultar ainda mais o modo de vida burgues, comparando com o

trabalho de Max Weber sobre A Ética Protestante, no qual acumular e especular ganha

mais forma e sentivo ao contrário dos valores pregados pela igreja católica. Lógico que

não só protestantes foram benefíciados nesse processo. E comenta tambem o caso

judáico e sua relação com a burguesia como banqueiros e especuladores. De fato o

protestantismo foi um potencializador para a difusão da burguesia e do conceito de

liberalismo, no qual o acumular era “agora” legítimo, diferente do conceito antigo do

catolicismo, usura.