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Tecnologia e Meio Ambiente 3 o Ciclo de Mecânica -1- O homem e o meio ambiente Os recursos naturais do planeta dão os primeiros sinais de esgotamento. Estoques de água diminuem e são crescentemente contaminados. A rarefação da camada de ozônio aumenta a carga de radiação solar ultravioleta e as chuvas ácidas corroem florestas e cidades. (...) Mas o mais preocupante dos efeitos da poluição sobre o meio ambiente se deve à concentração dos gases que causam o efeito estufa, o que eleva o aquecimento da atmosfera, provocando inevitáveis mudanças climáticas. (...) O que a natureza sempre consumiu milhares de anos para alterar, a atividade humana pode alterar em poucos séculos. (...) As Maldivas, ilhas do Oceano Índico, irão desaparecer encobertas pelo aumento do volume das águas do mar, devido ao descongelamento das calotas polares (...). O Estado de S. Paulo, 16/4/95. Essa notícia traz apenas alguns exemplos do que está acontecendo com o nosso planeta, devido ao desequilíbrio do meio ambiente, causado por fatores poluentes. Vamos ler a aula, para você saber mais sobre isso. Nossa aula Como está o ambiente de sua casa, ulti-mamente? E do seu trabalho? Meio ambiente, ou simplesmente ambiente, é tudo aquilo que rodeia os seres vivos, tudo o que podemos perceber ao nosso redor; são todas as realidades físicas que nos cercam. Assim, o globo terrestre é formado por uma grande quantidade de meios ambientes onde todos nós vivemos, onde homens, animais e plantas coexistem. O meio ambiente é constituído por água, terra, ar, vegetais, seres humanos e animais. Por exemplo, um jardim pode ser o meio ambiente de uma formiga. O meio ambiente de um animal selvagem é a selva; o meio ambiente de uma vaca é a fazenda; e o nosso meio ambiente, além da nossa casa, é a cidade onde vivemos. No início da civilização, os povos viviam em um meio ambiente perfeitamente equilibrado. Caçavam bichos e colhiam frutos para comer. Bebiam a água dos rios e das fontes. Havia um equilíbrio ambiental. Quando a caça e os vegetais começavam a escassear, as tribos mudavam de lugar, e a região ocupada anteriormente podia se renovar. Porém, a população foi aumentando, e o homem, que não pára de inventar e descobrir coisas, foi utilizando cada vez mais recursos da natureza para melhorar sua condição de vida. A formação das primeiras cidades deu início a um problema que só tem se agravado: o acúmulo de resíduos. A partir do século XIX, as condições de vida nas cidades sofreram desequilíbrios causados por diversos fatores, como, por exemplo, o aumento populacional, migrações do campo e crescimento industrial. A melhoria das condições sanitárias e o aparecimento de novos remédios prolongaram a vida da população. Campos abandonados modificaram climas. Nas áreas cultivadas com monocultura, as plantas concorrentes passaram a ser combatidas como “ervas daninhas”, e os animais, consumidores naturais daquelas plantações, passaram a ser destruídos como pragas da lavoura. O crescimento do número de indústrias, sem qualquer controle sobre a poluição, começou a gerar resíduos em quantidade cada vez maior. A natureza demora cada vez mais para decompor os resíduos produzidos pela enorme quantidade de produtos. Há materiais novos, como o plástico, que praticamente não se decompõem ou o fazem muito lentamente. Ao mesmo tempo, a quantidade de materiais que pode ser assimilada pela natureza, como papel, aço e materiais orgânicos, está sendo acumulada numa velocidade maior do que o tempo que a natureza necessita para decompô-la. Fique por dentro Os materiais orgânicos se decompõem naturalmente pela ação dos microrganismos que se alimentam deles. São, portanto, materiais biodegradáveis. Produtos químicos tóxicos e resíduos lançados no mar e em rios, riachos, lagos e lagoas causam danos irrecuperáveis à vida da fauna e flora, atingindo, mais cedo ou mais tarde, o ser humano. O mesmo acontece quando esgotos domésticos sem tratamento são lançados nos rios, em quantidades superiores às que a depuração e oxigenação natural das águas podem aceitar.

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Tecnologia e Meio Ambiente 3o Ciclo de Mecânica

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O homem e o meio ambiente

Os recursos naturais do planeta dão os primeiros sinais deesgotamento. Estoques de água diminuem e sãocrescentemente contaminados. A rarefação da camada deozônio aumenta a carga de radiação solar ultravioleta e aschuvas ácidas corroem florestas e cidades. (...) Mas o maispreocupante dos efeitos da poluição sobre o meio ambientese deve à concentração dos gases que causam o efeitoestufa, o que eleva o aquecimento da atmosfera, provocandoinevitáveis mudanças climáticas. (...) O que a naturezasempre consumiu milhares de anos para alterar, a atividadehumana pode alterar em poucos séculos. (...) As Maldivas,ilhas do Oceano Índico, irão desaparecer encobertas peloaumento do volume das águas do mar, devido aodescongelamento das calotas polares (...).O Estado de S. Paulo, 16/4/95.

Essa notícia traz apenas alguns exemplos do que estáacontecendo com o nosso planeta, devido ao desequilíbrio domeio ambiente, causado por fatores poluentes. Vamos ler aaula, para você saber mais sobre isso.

Nossa aulaComo está o ambiente de sua casa, ulti-mamente? E do seutrabalho?

Meio ambiente, ou simplesmente ambiente, é tudo aquilo querodeia os seres vivos, tudo o que podemos perceber aonosso redor; são todas as realidades físicas que nos cercam.Assim, o globo terrestre é formado por uma grandequantidade de meios ambientes onde todos nós vivemos,onde homens, animais e plantas coexistem.

O meio ambiente é constituído por água, terra, ar, vegetais,seres humanos e animais. Por exemplo, um jardim pode ser omeio ambiente de uma formiga. O meio ambiente de umanimal selvagem é a selva; o meio ambiente de uma vaca é afazenda; e o nosso meio ambiente, além da nossa casa, é acidade onde vivemos.

No início da civilização, os povos viviam em um meioambiente perfeitamente equilibrado. Caçavam bichos ecolhiam frutos para comer. Bebiam a água dos rios e dasfontes. Havia um equilíbrio ambiental. Quando a caça e osvegetais começavam a escassear, as tribos mudavam delugar, e a região ocupada anteriormente podia se renovar.

Porém, a população foi aumentando, e o homem, que nãopára de inventar e descobrir coisas, foi utilizando cada vezmais recursos da natureza para melhorar sua condição devida.

A formação das primeiras cidades deu início a um problemaque só tem se agravado: o acúmulo de resíduos.

A partir do século XIX, as condições de vida nas cidadessofreram desequilíbrios causados por diversos fatores, como,por exemplo, o aumento populacional, migrações do campo ecrescimento industrial.

A melhoria das condições sanitárias e o aparecimento denovos remédios prolongaram a vida da população. Camposabandonados modificaram climas. Nas áreas cultivadas commonocultura, as plantas concorrentes passaram a sercombatidas como “ervas daninhas”, e os animais,consumidores naturais daquelas plantações, passaram a serdestruídos como pragas da lavoura. O crescimento donúmero de indústrias, sem qualquer controle sobre apoluição, começou a gerar resíduos em quantidade cada vezmaior.

A natureza demora cada vez mais para decompor osresíduos produzidos pela enorme quantidade de produtos. Hámateriais novos, como o plástico, que praticamente não sedecompõem ou o fazem muito lentamente. Ao mesmo tempo,a quantidade de materiais que pode ser assimilada pelanatureza, como papel, aço e materiais orgânicos, está sendoacumulada numa velocidade maior do que o tempo que anatureza necessita para decompô-la.

Fique por dentroOs materiais orgânicos se decompõem naturalmente pelaação dos microrganismos que se alimentam deles. São,portanto, materiais biodegradáveis.

Produtos químicos tóxicos e resíduos lançados no mar e emrios, riachos, lagos e lagoas causam danos irrecuperáveis àvida da fauna e flora, atingindo, mais cedo ou mais tarde, oser humano.

O mesmo acontece quando esgotos domésticos semtratamento são lançados nos rios, em quantidades superioresàs que a depuração e oxigenação natural das águas podemaceitar.

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Porém, a partir de 1960, os governos e as organizaçõespreocupadas com o meio ambiente, no mundo inteiro,começaram a perceber que, para garantir o futuro do planeta,é necessário controlar e, principalmente, reduzir a poluição.

Em 1972, as Nações Unidas prepararam uma conferênciainternacional, em Estocolmo, Suécia, para debater osproblemas do meio ambiente. O resultado da conferência foia constatação de que os países ricos e os países pobres nãopodem tratar os problemas ambientais da mesma maneira,pois os países ricos em geral preservam sua natureza,explorando a dos países pobres. Nessa conferência,proclamaram-se os seguintes princípios, entre outros,relacionados à qualidade de vida do ser humano (do livro Ooutro lado do meio ambiente, de José de Ávila AguiarCoimbra):

1. O direito à alimentação adequada.2. O direito de consumir água pura.3. O direito de respirar ar limpo.4. O direito à moradia decente, sem amontoados epromiscui-dade.5. O direito de desfrutar as belezas naturais.6. O direito ao silêncio e à paz ambiental.7. O direito de salvar-se da intoxicação por pesticidas.8. O direito de livrar-se de guerras e extermínio.

Nós podemos ajudar a melhorar nosso meio ambiente no dia-a-dia, por exemplo, comprando produtos e adquirindoaqueles cujas embalagens sejam recicláveis, e usando overso das folhas de papel para rascunho. A maior parte dolixo das casas é constituída por restos de comida que podemser transformados em alimento para animais ou em adubo.

Devemos diminuir os desperdícios de todas as maneiras.Assim como cuidamos de nossa saúde, para que tenhamosuma vida mais longa e saudável, devemos fazer os materiaisterem um ciclo de vida maior. Se cada um fizer sua pequenaparte a favor do meio ambiente, diminuindo resíduos,separando as embalagens e os materiais recicláveis, o mundo,aos poucos, irá melhorar.

Nas próximas aulas, você vai saber como podemos ajudar, emuito, na preservação do meio ambiente.

Só para recordar

Exercício 1

Responda às questões a seguir.a) O que é meio ambiente?

b) O que a formação das primeiras cidades ocasionou?

c) O que é necessário fazer para garantirmos o futuro doplaneta?

d) Será que, no Brasil, temos todos os direitos proclamadospela Conferência de Estocolmo? Discuta sua resposta comseus colegas.

Gabarito1. a) Tudo aquilo que rodeia os seres vivos; tudo o quepodemos perceber ao nosso redor.

b) O acúmulo de resíduos em quantidades cada vezmaiores.

c) É necessário controlar e, principalmente, reduzir apoluição.

d) Resposta aberta.

Poluição da água

Deu no jornal

De acordo com uma notícia dada pela Gazeta Mercantil, de11/01/94, o excesso de efluentes industriais e de esgotodoméstico lançados no leito do rio Iririú, em Santa Catarina,provocou falta de oxigênio na água, causando a morte de,aproximadamente, uma tonelada de peixes. A região poronde o rio passa havia sido ocupada, indevidamente, porindústrias e residências.

Washington Novaes, geólogo e ex-secretário do Meio Ambien-te de Brasília, afirma que 65% das internações pediátricas sãodevidas à contaminação da água. (...) Ele diz ainda que, noBrasil, apenas 40% da população recebe água encanada, massó 10% dessa água é tratada. (...) No país há cerca de 20% daágua doce de todo o mundo, mas os programas de tratamentoda água são ineficientes, e o desinteresse é total por parte dopoder público.Diário do Comércio e Indústria, 18/05/95.

Tristes notícias, não? Leia a aula para saber mais sobre apoluição da água.

Nossa aulaEra uma vez um peixe. Esse peixe era mágico, pois tinhasete vidas! Mas, infelizmente, ele morreu.

Na primeira vez que morreu, ele morava no riacho ao lado deuma casa simples, na periferia da cidade. Aí, ele ressuscitoue foi morar num grande rio, que passava perto de uma indús-tria. Passou um tempinho e ele morreu pela segunda vez.

Ele ressuscitou e foi morar bem longe, em outro estado, emum rio que passava no meio de uma fazenda. E... morreu denovo. Morreu quando foi morar numa represa, quando foimorar num lago, quando foi morar em alto-mar e morreu, pelasétima vez, quando foi morar num simples aquário.

Você saberia explicar o que ocasionou as mortes do coitadodo peixe? Pense um pouco.

Lendo esta aula, você vai saber por que o peixe morreu, e oque poderia ter sido feito para evitar que sua vida fosse maiscurta do que deveria.

A água, esse líquido que não pode faltarA água está amplamente distribuída na natureza. Ela se en-contra em estado líquido nos mares, oceanos, rios, lagos elençóis subterrâneos. É a porção do globo terrestre denomi-nada hidrosfera. Na atmosfera, está sob a forma gasosa. Aágua está presente também, em estado sólido, no gelo e naneve. Nas nuvens, a água está sob a forma de vapor, que setransforma em gotas quando chove. A água é vital para asplantas, para os animais e para os seres humanos.

Nosso organismo contém cerca de 70% de água, que fazparte das células. A água está presente nos músculos, nosórgãos, no sangue e até mesmo nos ossos.

Os vegetais retiram a água do solo e, junto com ela, nutrien-tes como sais minerais de ferro, de nitrogênio, de cálcio, demagnésio e de potássio.A água pode ser classificada em:

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• Água doce: constitui as fontes e os rios. Contém saisretirados das rochas, dos leitos e das margens dos rios. Aágua da chuva é doce e possui nitrogênio dissolvido retiradodo ar.• Água mineral: como a água é um ótimo solvente, contémsais minerais dissolvidos. A água mineral é encontrada emfontes e, muitas vezes, possui propriedades medicinais. Porexemplo, fontes de águas gasosas ou aciduladas (presençade gás carbônico); águas alcalinas (presença de bicarbona-tos); águas ferruginosas (presença de sais de ferro) e sulfu-rosas (presença de sais de enxofre).

• Água salgada: os mares e oceanos ocupam, aproxima-damente, três quartos da superfície terrestre, o que corres-ponde a cerca de 1 bilhão e 400 milhões de km3 de água.Na água salgada, a maior concentração de sais é a de clo-reto de sódio (sal comum) e, em menor quantidade, a demagnésio e de iodo.

• Água dura: é água rica em sais de cálcio e de magnésio,sendo imprópria para o uso doméstico. Os sais dissolvidosimpedem a formação da espuma do sabão e endurecem asverduras. Para uso na indústria, esse tipo de água deve sertratado com a adição de substâncias químicas.

• Água potável: é a água doce ou mineral, que se presta aoconsumo humano. Precisa ser incolor, límpida e inodora; tersabor agradável; estar a uma temperatura em torno de 10ºC;ter cerca de 200 ml de oxigênio dissolvido por litro; conteruma pequena quantidade de sais minerais, não possuir mi-crorganismos e nem restos orgânicos.

A água absolutamente pura, sem minerais dissolvidos, não éencontrada na natureza. É a água destilada, obtida para usoem laboratórios ou na fabricação de remédios.

O volume de água do nosso planeta é praticamente estável.As águas dos mares, rios e lagos se evaporam formandonuvens. As nuvens, quando encontram uma frente de ar frio,se condensam, caindo sob a forma de chuva. A água daschuvas volta aos mares, rios, lagos e lençóis subterrâneos.É a movimentação natural da água, formando um ciclo mui-to útil à manutenção da vida.

Poluição da águaA poluição da água ocorre de várias formas: por meio dedejetos humanos ou animais, esgotos domésticos, efluentesindustriais, defensivos agrícolas, sabões, detergentes etc.

Efluentes são resíduos líquidos.

Os esgotos domésticos e os efluentes industriais contêmmicróbios, bactérias e outros elementos tóxicos. Quandolançados diretamente nos mares e nos rios, poluem a água,contaminando-a.

As pessoas, individualmente, também poluem a água, jogan-do lixo e outros detritos diretamente nas fontes e rios oumesmo nas represas que reservam a água potável.

Há, ainda, os microrganismos que vivem na água. Quantomaior for a quantidade de matéria orgânica lançada na água,maior será o número de microrganismos que aí se desenvol-verão. Esses microrganismos respiram, consumindo o oxigê-nio dissolvido na água. A água pobre em oxigênio dissolvidocausa a morte, por asfixia, de peixes e outros animais aquáti-cos.

O que você acabou de ler explica por que nosso peixe morreu.Ele morreu porque viveu nos rios, represas ou lagos poluídospor esgotos domésticos ou industriais, ou ainda, pelo excessode defensivos agrícolas usados nas plantações próximas ao rioonde ele morava.

No alto-mar, o peixe morreu por causa do vazamento depetróleo de um navio. O petróleo impediu que ele respirasse.No aquário, morreu pelo excesso de ração que alguém jogou,o que ocasionou um aumento dos microrganismos que vivemna água.

Mas, o que poderia ser feito para evitar isso? Não jogar lixo eoutros detritos diretamente na água e não permitir que osefluentes domésticos e industriais sejam despejados nos riosou no mar sem antes passarem por uma estação de trata-mento. A água poluída precisa ser tratada. É sobre isso quevamos falar agora.

Tratamento da águaComo a água não se multiplica, isto é, não nasce água, elaprecisa ser tratada para poder ser reutilizada. Há três tiposbásicos de tratamento de água.

• Tratamento das águas naturais captadas e canaliza-das de fontes e rios para o consumo nas cidades.• Tratamento de efluentes industriais, isto é, resíduoslíquidos, originados dos processos industriais.• Tratamento de efluentes domésticos recolhidos dosesgotos e fossas sépticas.

Tratamento das águas naturaisA água dissolve a maioria das substâncias, em particular asminerais. Não é de estranhar que um solvente tão eficazquase sempre contenha impurezas.

Após a captação, a água é distribuída nas cidades, por umarede de encanamentos, reservatórios, bombas, válvulas ecaixas-d’água. Em todas as cidades são construídas uma oumais estações de tratamento de água (ETA) que a purificamantes da distribuição e do consumo.

Uma ETA se compõe, basicamente, de:• tanques de decantação, onde as impurezas sedimentam;Decantar é separar as impurezas sólidas de um líquido.• uma unidade de filtração, com um ou mais filtros formadospor camadas de pedregulho, diversos tipos de areia e carvãoativado;• uma unidade de mistura e desinfecção;• reservatórios, onde fica a água limpa, própria para consu-mo.A água potável também deve ser purificada domesticamen-te. A purificação caseira da água pode ser feita:• com filtro de vela ou filtro de ozônio;• com a fervura da água;• com a adição de substâncias químicas que não são carasnem nocivas, como solução de hipoclorito de sódio ou depermanganato de potássio.

Tratamento de efluentes industriaisOs efluentes industriais são tratados em estações de trata-mento de efluentes (ETE). Essas estações possuem unida-des específicas para cada tipo de efluente a ser tratado.

Não há um sistema único, modelo, para o tratamento dessesefluentes, uma vez que a construção de uma ETE depende danatureza do efluente. Porém, as seguintes operações básicassão praticadas na maioria das estações, com algumas varia-ções:

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• Gradeamento e peneiramento: os materiais sólidos, comopedaços de metal e outros resíduos, ficam retidos nas grades.As partículas que não foram retidas no gradeamento ficamretidas nas peneiras. Esse material é então removido manualou mecanicamente.

• Desarenação: nessa etapa, depois de algum tempo, éseparado o restante dos resíduos sólidos. Os resíduos maispesados vão para o fundo do tanque, formando uma espéciede lodo, e os mais leves flutuam na superfície. Os resíduos queficaram no fundo são retirados e depositados em aterros sani-tários.

• Separação de óleos e graxas: nesse tanque, apósalgum tempo, os óleos e graxas, por serem menos densosdo que a água, sobem à superfície, formando uma camadachamada escuma.

• Equalização: nos tanques de equalização, a água é ho-mogeneizada, isto é, movimentada por meio de agitadoreseletromecânicos.

tanque de equalização

tanque de decantação

Depois disso, o líquido passa por ajuste de pH, ou seja, temseu nível de acidez corrigido e fica em repouso novamente,para que os últimos resíduos se depositem no fundo do tan-que, ou subam à superfície. Os resíduos são retirados e éfeita outra correção do pH da água.

A medida de pH está relacionada com o grau de acidez ou debasicidade de uma solução.

Essa água, depois de tratada, pode ser reutilizada na própriaindústria.

Tratamento de efluentes domésticosEsse tratamento pode ser feito de dois modos principais: comlodo ativado ou com filtros biológicos.

• Lodo ativado: é uma massa de microrganismos que sealimenta das impurezas contidas na água. Essa massa écolocada num tanque de água poluída. A água é agitada pormeio de aeradores, para manter o nível de oxigênio; os mi-crorganismos consomem os resíduos, e vão se multiplicando.O tempo de permanência é estabelecido pelos técnicos, deacordo com o tipo e a concentração de resíduos existentesna água. Depois desse tempo, o lodo é retirado e a água vaipara outro tanque, onde fica em repouso. Esse processopossibilita a remoção de até 95% dos resíduos, tornando osefluentes mais limpos do que na maioria dos outros proces-sos.

• Filtros biológicos: são tanques cheios de cascalho, quecontêm microrganismos semelhantes aos do lodo ativado. Oesgoto é despejado de maneira lenta e uniforme sobre ocascalho, formando uma camada fina. Os microrganismos sealimentam dos detritos, limpando o líquido do esgoto. Esseprocesso elimina de 80% a 90% das impurezas contidas naágua.

Os efluentes tratados devem ser objeto de análises microbio-lógicas químicas e físico-químicas em laboratório confiável,para verificar a eficiência do tratamento e se foram obedeci-das as normas nacionais e locais de despejo de efluentes.O lodo retido em cada processo de tratamento deve ser desi-dratado e seco em filtros-prensa, filtros de banda contínua,filtros a vácuo ou em leitos de secagem ao ar livre. Esse lodoforma um resíduo que, de acordo com sua composição eorigem, pode ser utilizado como fertilizante (resíduos de es-gotos domésticos), colocado em aterros controlados, serincinerado ou, ainda, ser utilizado em processos de recicla-gem e incorporado a outros materiais.

Só para recordar

Exercício 1Responda às questões a seguir.

a) Quais são os principais tipos de poluição da água?

b) Por que a água precisa ser tratada?

c) Quais são os tipos de tratamento da água?

Gabarito

1. a) Poluição causada por esgotos domésticos, causadapor efluentes industriais, por defensivos agrícolas, por derra-mamento de petróleo no mar, etc.

b) Porque o volume total de água no nosso planeta éconstante.

c) Tratamento de águas naturais, tratamento de efluen-tes industriais e tratamento de efluentes domésticos.

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O lixo: problemas e soluções

Deu no jornal

Numa rua do Parque Palmas do Tremembé, São Paulo, umcaminhão despeja entulho e terra num terreno baldio. A sujei-ra é grande e ocupa um pedaço da calçada. Um carro daPolícia Militar chega ao local e interrompe a operação, masmomentos depois vai embora. Após a saída dos policiais, oresto da sujeira é despejado no terreno, e o caminhão tam-bém sai de cena, como se nada tivesse acontecido.O Estado de S. Paulo, 19/06/95.

Na cidade de Taubaté, no Estado de São Paulo, a saturaçãodo aterro sanitário levou a Prefeitura a decretar estado decalamidade pública: o aterro exala mau cheiro (...) e estápróximo ao rio Una, onde se faz a captação de água queabastece a cidade.Diário do Comércio e Indústria, 28/05/94.

(...) O sistema de coleta seletiva de lixo, inaugurado em SãoPaulo na gestão Luiza Erundina, só não foi extinto porqueexiste uma lei municipal que o torna obrigatório. Os sacos delixo se amontoam ao lado dos contêineres coloridos, não hádivulgação e a coleta domiciliar é deficiente. Das 12 mil tone-ladas de lixo recolhidas por dia, apenas 10 toneladas vãopara a reciclagem - menos de 0,09%. Agora a Prefeiturapromete, por meio de dois novos projetos, retomar e ampliaro programa.O Estado de S. Paulo, 26/06/95.

O acúmulo de lixo é um problema e tanto, não? Vamos ver,nesta aula, o que podemos fazer para resolver esse proble-ma.Nossa aula

Nasci em um pequeno bairro formado de casinhas, a maioriatérrea, três ou quatro vendas e duas quitandas. Agora, 40anos depois, a minha casinha é a única da rua, espremidaentre imensos prédios de apartamentos por todos os lados.As pessoas não resistiram às ofertas das construtoras, ven-deram suas casas e se mudaram para outros bairros maisdistantes.

Então, veja: nos terrenos das casas que abrigavam quatro oucinco pessoas, foram construídos prédios de vinte andares,com dezenas de apartamentos, abrigando centenas de pes-soas. Isso fez com que aumentasse o número de carros,piorasse o trânsito, houvesse mais barulho e mais... lixo!

O acúmulo de lixo polui o ambiente. Mas há soluções para oproblema do lixo, como você verá a seguir.

Tratamento do lixo

O Brasil produz cerca de 90 mil toneladas de lixo por dia, oque corresponde a 30 mil caminhões cheios de lixo. A grandequantidade de embalagens e produtos descartáveis agravaainda mais o problema. Boa parte desse lixo é constituída demateriais que podem ser reciclados; outra parte é constituídade material orgânico que pode ser decomposto por microrga-nismos. No Brasil, quase todo o lixo ainda é jogado em lixões.O quadro abaixo mostra os principais destinos do lixo noBrasil.

Destino Em tone-ladas

Em cami-nhões

Porcenta-gem

lixões 79.200 26.400 88%

aterrossanitários 9.000 3.000 10%

usinas detratamento 1.800 600 2%

Vamos ver agora o que acontece com o lixo nesses lugares.• Lixões: são terrenos comuns, onde o lixo é depositadodiariamente a céu aberto, o que provoca contaminação daágua, do solo e do ar.

A decomposição do lixo produz um líquido negro, altamentepoluente chamado "chorume", que penetra no solo e atingeas águas subterrâneas, contaminando as minas e fontes. Adecomposição também provoca a proliferação de animaistransmissores de inúmeras doenças, como ratos, baratas,moscas e mosquitos. O solo contaminado torna-se improduti-vo, além de ser um desperdício a ocupação de grandes ter-renos com lixo.

• Aterros sanitários: são áreas escolhidas com critério,geralmente terrenos não produtivos e que não estão localiza-dos em áreas de preservação ambiental. O fundo do aterrodeve ser preparado com camadas plastificadas resistentes,prevendo o escoamento do "chorume" e o seu tratamento. Éuma obra de engenharia complexa, executada com todos oscritérios técnicos, de acordo com a legislação antipoluiçãovigente.

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Nos aterros sanitários, o lixo é disposto em camadas, cober-tas com terra ou argila e compactadas por tratores de estei-ras. Após algum tempo, esse lixo é parcialmente decompostopelos microrganismos que se alimentam dele. Os resíduos delixo vão se acumulando, até lotar a capacidade do terreno.Em São Paulo existem, atualmente, cinco aterros sanitários.Um deles é só para entulho da construção civil. Dos outrosquatro, dois já estão esgotados.

• Usinas de tratamento: nessas usinas, o lixo não é acu-mulado. Ao chegar, o lixo é espalhado em esteiras móveis,para que os materiais recicláveis possam ser separados,como vidros, papéis, metais, plásticos etc., e vendidos àsindústrias de reciclagem. O lixo restante é colocado em gran-des reatores chamados biodigestores. Por meio da ação dosmicrorganismos, o lixo se transforma em um composto orgâ-nico que pode ser usado como adubo ou como componentede rações para animais. O lixo residual que porventura sobraré levado para um aterro sanitário.

• Incineração: o lixo incinerado é proveniente de hospitais,clínicas veterinárias, materiais tóxicos etc. Os gases contidosna fumaça do lixo queimado podem ser poluentes, se nãoforem corretamente tratados.

Reciclagem do lixo

Para podermos aumentar a vida útil dos aterros, precisamosaprender a reutilizar e a reciclar parte do lixo. Separar vidros,papéis, plásticos etc. é lucrativo, pois você pode vendê-losou, se quiser, doá-los para entidades assistenciais. Podetambém participar da coleta seletiva de lixo da prefeitura,jogando os papéis, os plásticos e os vidros nos coletoresapropriados, espalhados pela cidade.

separação de lixo para reciclagem

Pense um pouco: será que você está colaborando para dimi-nuir o lixo na sua cidade? Que sugestões você faria para umprograma de melhor aproveitamento do lixo? Vamos conhe-cer os processos de reciclagem de alguns produtos maiscomuns.

PapelInventado na China, por volta de 200 anos antes de Cristo,o papel chegou à Europa somente no século XI da nossaera.

O papel é fabricado, basicamente, a partir de uma pasta decelulose, obtida pelo cozimento da mistura de cavacos demadeira e água. Os dejetos desse processo de cozimentopoluem a água e o ar. Para fabricar uma tonelada de papelvirgem, são utilizadas de 10 a 20 árvores adultas e 100 millitros de água.

Quando o papel é reciclado, a quantidade de água emprega-da no processo diminui para 2 mil litros, e evita-se o corte detantas árvores. A energia gasta é 71% menor do que para aprodução de papel virgem, e o processo não é tão poluidor.

O processo de reciclagem é simples. O papel usado (jornaisvelhos, restos de produção de gráficas, aparas, papéis deembrulho, cadernos usados etc.) vai para uma máquina se-melhante a um grande liquidificador. O papel é desfibrado,formando uma pasta. Essa pasta passa por uma máquinaque retira as impurezas. Depois de limpa, a pasta é imersaem água e colocada em uma superfície plana, sobre umatela, que dará forma ao papel. O excesso de água escoa eum sistema de rolos compressores dá consistência às folhas,que são postas para secar.

No Brasil, cerca de 30% do papel produzido vai para a reci-clagem. O papel reciclado é utilizado, principalmente, nafabricação de caixas de papelão.

Atualmente, o Brasil importa milhares de toneladas de aparaspor ano. Se o volume de papel reciclado fosse maior, o Brasilnão precisaria comprar restos de papel para dar conta de suaprodução.

VidroO vidro foi criado há cerca de 4000 anos antes de Cristo. Éfeito de matérias-primas naturais, como areia, barrilha, felds-pato, alumina etc. Algumas dessas jazidas já estão se esgo-tando.

Na produção de vidro, são gastos 1.200 kg de matéria-primapara cada 1.000 kg de vidro. A extração desse material agri-de a natureza e o meio ambiente.

O vidro não é degradável, mas é 100% reciclável. Com 1.000kg de vidro triturado são produzidos praticamente 1.000 kg devidro novo.

Na reciclagem, o vidro passa por um processo de lavagem esão retirados objetos estranhos, como rótulos, anéis metáli-cos etc. Depois, é separado pela cor e triturado. A seguir,entra no processo de fabricação normal: o vidro é fundidopara a produção de novos objetos.

Alguns tipos de vidro, como os planos, usados em janelas eportas, necessitam de tratamento especial na reciclagem.Esses vidros podem ser reutilizados na fabricação de telhas elã de vidro, ou ainda, convertidos em pequenos grãos, quesão misturados à tinta para pintura de asfalto.

Um objeto de vidro pode ser usado infinitamente, desde quenão se quebre. Por isso, as indústrias alimentícias e derefrigerantes reutilizam os vidros, depois de lavados e de-sinfetados. Uma tonelada de vidro reutilizado economizacerca de 290 kg de petróleo e 1.200 kg de matéria-primaque seriam gastos em sua fundição.

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MetalOs metais têm sido utilizados pelo homem desde a Idade doFerro, na confecção de armas e ferramentas. A partir do finaldo século XIX, iniciou-se a fabricação de embalagens paraconservar alimentos, feitas de ligas metálicas como folha-de-flandres, aço e alumínio.

O aço é uma liga de ferro com teor de carbono que variaentre 0,06% e 1,7%. Ele é obtido do beneficiamento side-rúrgico do ferro-gusa com adição de metais diversos para aprodução de ligas especiais. Atualmente, no Brasil, sãoconsumidas 650 mil toneladas de aço laminado, por ano, e25% delas são destinadas à fabricação de latas para a in-dústria alimentícia.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de minério deferro, e o sexto maior produtor de aço, mas essa produçãonão é suficiente para suprir nossas necessidades internas.Por isso, o Brasil gasta muito dinheiro com importação desucata de ferro. E as reservas de minério de ferro do planetapodem suprir o consumo só por pouco mais de um século.

O alumínio é obtido da bauxita. São necessárias cinco tone-ladas de bauxita para se produzir uma tonelada de alumínio,e a extração da bauxita é extremamente agressora ao meioambiente. Nos últimos anos, tem aumentado muito o empre-go das embalagens de alumínio. São de alumínio as embala-gens para pasta de dente, creme de barbear, refrigerante,cerveja e muitas outras.

O Brasil consegue reciclar 27% do aço produzido e 50% daslatas de alumínio. A reciclagem é simples. A sucata é sepa-rada conforme o material predominante, lavada, prensada efundida novamente. A reciclagem do aço possibilita 74% deeconomia de energia, e a do alumínio possibilita 95%. Umalatinha de alumínio reciclada poupa meia latinha de gasolina.

PlásticoO plástico é um produto relativamente novo, pois foi desen-volvido no início deste século e popularizado. É elaborado apartir de derivados do petróleo. Além do fato de que o pe-tróleo é um recurso natural dificilmente renovável, calcula-se que certos tipos de plástico podem levar mais de cin-qüenta anos para degradar.

Cada cidadão brasileiro joga no lixo, anualmente, uma médiade 10 quilos de plástico. Só na cidade de São Paulo sãorecolhidas 670 toneladas de plástico diariamente!

O plástico pode ser reciclado na própria indústria que o fabri-ca. As peças defeituosas ou as aparas são trituradas, derreti-das e novamente colocadas na linha de produção. Embala-gens e outros plásticos usados também podem ser recicla-dos. Na reciclagem do plástico a economia de energia chegaa 90%.

Para aumentar a produtividade na reciclagem, os plásticossão codificados com números de 1 a 7, de acordo com aresina básica de que foram feitos. Isso facilita a classificaçãona hora da reciclagem, pois plásticos feitos da mesma resinafornecem um produto final de melhor qualidade.

Veja no quadro a seguir alguns tipos de resina, seus usosprincipais e os produtos obtidos de sua reciclagem.

Resina Uso principal Produtos dereciclagem

1. polietilenotereftalato

Garrafas de refri-gerante

Tapetes, penu-gem das bolas de

tênis

2. polietilenode alta densi-

dade

Garrafas de água,recipientes para

detergentes

Cadeiras e latasde lixo

3. vinil oupolivinil

Recipientes paraóleo, embalagemde alimentos, vál-

vulas e juntas

Esteiras de chão,canos e manguei-

ras

4. Polietilenode baixa densi-

dade

Embalagens debiscoitos e massas

Saquinhos desupermercado

5. polipropileno Recipientes dealimentos

Recipientes paratinta

6. poliestireno

Copos descartá-veis, utensílios

domésticos, isolan-tes

Canos, latas delixo

Alguns países reutilizam o plástico como combustível. Ele équeimado em grandes incineradores, gerando uma energiasuperior à do carvão. Porém, é necessário o uso de um sis-tema de filtros para diminuir a poluição do ar. A emissãodesses gases na atmosfera deve seguir as normas de segu-rança e a legislação aplicada à poluição do ar.

Você viu como é simples diminuir o volume de lixo de umacidade, tornando nosso ambiente mais saudável. O Progra-ma das Nações Unidas para o Meio Ambiente apresentaas seguintes soluções para o problema de acúmulo de lixo.

• Reduzir: usar menos material, evitar desperdícios.• Reutilizar: não jogar fora produtos usados, mas sim em-pregá-los de outras maneiras ou encaminhá-los para fábricasde reciclagem.• Reciclar: reprocessar a matéria-prima dos produtos usa-dos, para a fabricação de novos produtos.• Incinerar: para aproveitar, pelo menos, parte da energiaque foi gasta na confecção dos produtos.• Dispor em aterros: em último caso, acumular os resíduosem áreas especialmente preparadas, para evitar a contami-nação do solo e de lençóis de água subterrânea.

Para terminar a aula, veja se as sugestões que você pensoupara um programa de melhor aproveitamento do lixo sãoparecidas com alguma destas:• Sempre que possível, comprar bebidas em garrafas retor-náveis.• Separar o papel (branco, jornal, papelão) e os recipientesde vidro usados, para vender ou doar para entidades assis-tenciais.

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• Reutilizar embalagens. Por exemplo, as latinhas de cerve-ja ou refrigerante podem guardar lápis e canetas.• Quem mora em casa com quintal de terra pode separar ascascas de frutas e as folhas de verduras para serem trans-formadas em adubo orgânico.

Só para recordar

Exercício 1Responda às questões a seguir.a) Para onde é levada a maior parte do lixo no Brasil?

b) O que podemos fazer para aumentar a vida útil dos ater-ros sanitários?

c) O que se economiza quando se recicla o papel?

d) Qual é o material 100% reciclável?

e) Quais são as etapas de reciclagem da sucata de alumí-nio?

f) Dos materiais recicláveis, qual leva mais tempo para sedegradar?

Gabarito

1. a) É levada a lixões.b) Principalmente reduzindo a quantidade de lixo que

produzimos e separando os materiais recicláveis.c) Água, energia e matéria-prima virgem (árvores).d) Vidros.e) Separação, lavagem, prensagem e fundição.

f) Os plásticos.

Poluição do ar

Segundo o pesquisador Paulo Saldiva, coordenador do labo-ratório de poluição atmosférica experimental da Faculdade deMedicina da USP, a relação entre o nível de poluição e amortalidade é direta. (...) Saldiva constatou que, todas asvezes que os índices de poluição sobem, aumenta o númerode óbitos. “Existe um problema de saúde pública gerado pelonúmero excessivo de carros nas ruas, e o pior é que as pes-soas que estão pagando a conta não andam de carro", dizele.Folha de S. Paulo, 10/04/95.

Os índices de poluição do ar na cidade de São Paulo volta-ram a aumentar em 1994. Enquanto em 1993 foram declara-dos seis estados de atenção, em 1994 esse número puloupara 43, ou seja, o índice de monóxido de carbono superou opermitido por lei em 43 dias do ano.Folha de S. Paulo, 18/04/95.

Segundo entrevista dada à Folha de S. Paulo, de 18/06/95,Cláudio Darwin Alonso, gerente de qualidade ambiental daCetesb, declarou que a região do ABCD, formada pelas cida-des de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetanodo Sul e Diadema, apresentou, no início do mês de junho, ospiores índices de poluição da Grande São Paulo. CláudioAlonso disse ainda, que as indústrias e os veículos são osgrandes poluidores do ABCD. “Hoje, chaminé não é maissímbolo de progresso. Todo mundo sabe que a fumaça poluio ambiente.”

É, hoje em dia, morar em cidades grandes ou em regiõesindustriais faz muito mal à saúde. Leia a aula para você co-nhecer o que a poluição do ar pode causar ao meio ambiente.Nossa aula

Nos exemplos a seguir temos fatos relacionados à poluiçãodo ar.

Emissão de poluentes industriais pelas chaminés

Congestionamentos nas grandes cidades

Uso de substâncias em spray

Você saberia explicar por que esses fatos estão errados?Após ler esta aula, você saberá, com certeza.

O ar em equilíbrio na atmosfera

É impossível ficar sem respirar. O ar é um elemento essencialpara a vida dos seres vivos, desde seres microscópicos atéplantas e animais.

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Por meio da respiração, os seres vivos retiram oxigênio do are a ele devolvem o gás carbônico. Se essa transformaçãoocorresse apenas nesse sentido, ao fim de um certo tempo,morreríamos todos - plantas, animais e o homem - por faltade oxigênio, que teria sido todo transformado em gás carbô-nico. Você pode perceber isso ficando em uma sala pequena,fechada e cheia de gente.

Felizmente, as plantas verdes produzem uma transformaçãoinversa: absorvem o gás carbônico e devolvem o oxigêniopara a atmosfera. Esse processo, chamado fotossíntese,garante o equilíbrio natural entre as quantidades de oxigênioe de gás carbônico na atmosfera. Por isso, a Amazônia échamada “o pulmão do mundo”, por ser uma das poucasflorestas relativamente grandes ainda existentes.

Esse equilíbrio tem sido ameaçado por uma das principaisconquistas do homem: o domínio sobre o fogo. Aprendendo aproduzir e a controlar o fogo, o homem pôde cozinhar seusalimentos, aquecer-se no frio e, aos poucos, foi criando asmais diversas máquinas, movidas, primeiro, a vapor e, de-pois, a combustível derivado do petróleo.

Entretanto, a combustão não produz apenas calor; em todaqueima há produção de gases, principalmente de gás carbô-nico. E aí começam os problemas: o gás carbônico, por cau-sa da atividade humana, começou a ser produzido em quan-tidades cada vez maiores, causando um aumento da tempe-ratura geral da Terra.

A queima de derivados de petróleo – como gasolina e óleodiesel - e de resíduos industriais, domésticos e hospitalarestem, também, levado outros gases para a atmosfera. Muitosdesses gases, como os óxidos de nitrogênio, óxidos de enxo-fre e o monóxido de carbono, são prejudiciais à saúde.

Além disso, florestas são destruídas para dar lugar a planta-ções e a pastagens para criação de animais. As queimadas,na maioria das vezes, estendem-se por grandes áreas flores-tais, destruindo grande quantidade de árvores que têm papelimportante na produção de oxigênio.

Conheça agora quais são os principais poluentes do ar.

Principais poluentes do ar

As principais fontes poluidoras do ar nas cidades são asindústrias e os veículos movidos a derivados de petróleo.Entre os gases tóxicos lançados diariamente na atmosferapodemos destacar:• Monóxido de carbono: um dos mais perigosos poluentespara a respiração do homem e dos animais. Forma-se noprocesso de combustão, em que há pouco oxigênio para aqueima completa dos combustíveis, como, por exemplo,quando o motor de um carro está desregulado.Em lugares fechados, como túneis congestionados ou dentroda garagem, não é recomendável deixar o motor do carrofuncionando. O excesso de monóxido de carbono no ar pro-voca desde sonolência e diminuição dos reflexos até doençasrespiratórias. Em alta concentração, o monóxido de carbonopode causar a morte por asfixia. Como é um gás invisível esem cheiro, apresenta grande perigo por não ser facilmentepercebido.

• Compostos sulfurosos: são compostos de oxigênio eenxofre, produzidos na queima de combustíveis de petróleo,de carvão mineral, e nos processos industriais. Esses óxidossão nocivos às vias respiratórias, podendo provocar a mortedas plantas. Óxidos de enxofre são um dos responsáveispela chuva ácida.

Vamos ver agora o que o excesso desses gases pode causarà atmosfera.

Efeito estufa

A queima de petróleo e seus derivados e a queimada dasmatas provocam uma grande concentração de gás carbônico.Esse gás age na atmosfera de modo semelhante ao vidro emuma estufa de plantas: deixa passar a radiação solar e retémo calor, aumentando, gradativamente, a temperatura da Ter-ra.

A longo prazo, o excesso de gás carbônico provoca o derre-timento do gelo dos pólos e a conseqüente elevação dasmarés. Ainda pode tornar áridas e desérticas as terras produ-tivas.

Buraco na camada de ozônio

A camada de gás ozônio fica na alta atmosfera, entre 15 e 40km de altitude. Essa camada tem a importante função deproteger a Terra dos efeitos nocivos dos raios ultravioleta doSol. O excesso de exposição à radiação ultravioleta podecausar câncer de pele, catarata e prejudicar o crescimento dediversas espécies vegetais.

Acontece que o ozônio está sendo bombardeado pelos gasesconhecidos como clorofluorcarbonos (CFCs), produzidosartificialmente pelo homem. Esses gases são muito utilizadosna fabricação de “sprays”, usados em tintas, inseticidas edesodorantes, nos refrigeradores e aparelhos de ar condicio-nado e na fabricação de espumas de material plástico, comoas usadas para colchões e travesseiros.

Os CFCs são mais leves que o ar e, liberados para a atmos-fera, sobem até suas camadas mais altas e reagem com asmoléculas de ozônio, provocando sua destruição.

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Em algumas regiões da alta atmosfera já se registrou umadiminuição significativa da espessura da camada de ozônio.A esse efeito foi dado o nome de buraco na camada deozônio.

Esse buraco constitui uma “abertura” no escudo que garanteas condições de habitabilidade do planeta. Para salvar acamada de ozônio, diversos países assinaram acordos inter-nacionais para eliminar a produção dos CFCs.

Em setembro de 1987, representantes de 24 países reuni-ram-se em Montreal, Canadá, para firmar um acordo com oobjetivo de conservar a camada de ozônio. O documento,denominado Protocolo de Montreal, definiu prazos para aredução da produção e consumo de substâncias prejudiciaisà camada de ozônio. Atualmente, são 113 países compro-metidos com a defesa ambiental. O Brasil assinou o acordoem 1992, comprometendo-se a acabar com a produção deequipamentos à base de CFC até 2006. A indústria nacio-nal, porém, antecipou a data para 2001. Alguns países maisindustrializados deram como prazo dezembro de 1996.

Inversão térmica

Os efeitos dos gases poluentes são agravados quando ocorreo fenômeno chamado inversão térmica. É sabido que o arquente é mais leve do que o ar frio, e tende a subir, enquantoo ar frio tende a descer.

Porém, condições climáticas desfavoráveis podem inverteresse movimento do ar. No inverno, principalmente, o ar nãose aquece e não sobe, impedindo o movimento das corren-tes de ar verticais que ajudam a dissipar as fumaças e osgases poluentes. Assim, os gases poluentes ficam presosnas camadas baixas da atmosfera, causando muito descon-forto para a população, como irritação dos olhos, problemasrespiratórios e intoxicação.

Chuva ácida

A chuva ácida é provocada pelos óxidos de nitrogênio e deenxofre, provenientes de processos industriais e da combus-tão de motores, lançados na atmosfera. Esses óxidos gaso-sos contaminam a água da chuva. A acidez da atmosferaprovoca problemas de saúde, queima as plantas e deixa oslagos mais ácidos, provocando a morte das plantas e dosanimais aquáticos.

Há leis internacionais que obrigam as indústrias a usar filtroscontra gases poluentes e, atualmente, os veículos são dota-dos de catalisadores. Manter o carro regulado ajuda a diminu-ir a poluição do ar.

Só para recordar

Exercício 1Responda às questões a seguir.a) Qual é o papel das plantas verdes em relação ao ar?

b) Além do gás carbônico, quais são os outros gases tóxicoslançados na atmosfera?

c) Quais são os efeitos que o excesso de gases tóxicospodem causar à atmosfera?

Gabarito

1. a) As plantas verdes realizam o fotossíntese, regene-rando oxigênio.

b) Monóxido de carbono, óxidos nitrosos e óxidos sulfu-rosos.

c) Efeito estufa, buraco na camada de ozônio, inversãotérmica e chuva ácida.

Qualidade de vida

Deu no jornal

O presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro Gus-tavo Krause anunciaram, no programa Palavra do Presidentedo dia 06/06/95, as metas do governo para a preservaçãoambiental.(...) Disse o presidente: "tratar bem a natureza édever de cada um de nós, do governo e dos cidadãos, porquequem sofre, quando o meio ambiente não está bem tratado, éo homem". Disse também que "os mais prejudicados são ospobres, pois eles moram nas periferias das grandes cidades,sem rede de esgoto, sem água tratada para beber; muitosagricultores exploram a terra sem qualquer condição técnica.Então, a terra fica fraca, a produção de alimentos cai e apanela acaba vazia, porque os preços sobem".O Estado de S. Paulo, 07/06/95.

O que o presidente falou tem muito a ver com qualidade devida. Leia esta aula para saber mais sobre isso.

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Nossa aula

Vimos nas aulas anteriores que o homem passou a se preo-cupar com o controle da poluição recentemente. Se, por umlado, a qualidade de vida nas cidades está se deteriorando,por outro, grandes esforços vêm sendo feitos para modificaressa situação.

O termo qualidade de vida pode ser entendido de váriasformas. Muitas pessoas acham que para ter boa qualidade devida é preciso ganhar um bom salário para poupar, consumiretc. Outras já gostariam de trocar um emprego desgastantenuma cidade grande por um trabalho numa cidade do interior,mesmo ganhando menos, para melhorar a qualidade de suavida. Alguns sonham em largar tudo e ir viver numa praia,sem nenhum tipo de preocupação.

Mas dinheiro, sossego e silêncio não são as únicas coisasque contribuem para uma melhor qualidade de vida. Quandose trata de meio ambiente, a qualidade de vida está relacio-nada a mais questões. Qualidade de vida é a soma de todosos fatores positivos que o meio ambiente reúne para a vidahumana, proporcionando satisfação física, psicológica e afeti-va.

De um modo geral, qualidade de vida é tudo o que vai nosdar tranqüilidade, segurança e esperança num futuro melhor.Esse e outros pensamentos semelhantes passam pela cabe-ça das pessoas assim que começam a se preocupar com aqualidade de vida que levam. Na prática, a qualidade de vidade uma sociedade começa a melhorar quando ela sabe res-ponder a todas as pressões negativas e a todos os impactosambientais que a cercam.

O nível de progresso e bem-estar da população está intima-mente ligado às suas condições sanitárias e ambientais.Assim, todos os esforços que as empresas fazem para dimi-nuir a poluição, todos os esforços dos governos para aumen-tar a infra-estrutura de saneamento de água e esgotos, paralimpar a cidade, para cuidar das áreas verdes, e para diminuiro ruído, são esforços que melhoram nossa qualidade de vida.

As indústrias devem ter como meta contribuir para a manu-tenção de um meio ambiente adequado, procurando desen-volver tecnologias para diminuir, recuperar, reciclar e tratarseus resíduos. A solução dos problemas de controle de polui-ção nas indústrias está também relacionada à solução dosproblemas de segurança e saúde dos trabalhadores.

Todas as técnicas, ações e atitudes utilizadas para preservaro meio ambiente devem ser divulgadas à população; devemmesmo fazer parte da educação dos jovens, com a introdu-ção de novos conhecimentos em ciências ambientais noscurrículos escolares.

Na Alemanha, no Canadá, no Japão e em outros paísesdesenvolvidos, a preocupação com a preservação do meioambiente e as novas leis de proteção ambiental fizeram de-saparecer empregos nas áreas mais poluidoras. Porém, aca-baram criando empregos na área da despoluição, como emempresas de reaproveitamento e reciclagem de materiais, emlaboratórios de tratamento de resíduos, em pesquisas e estu-dos de fontes alternativas de energia, em equipes de asses-soria ecológica, em empresas de controle de resíduos indus-triais, entre outros. Todas essas áreas são ramos de negó-cios lucrativos.

As empresas que investiram numa imagem “mais verde”,utilizando processos não poluidores, e que colaboram para apreservação do meio ambiente são mais respeitadas, têm asimpatia do público e crescem mais que as outras.

Podemos sempre contribuir para a qualidade de vida de nos-so meio. O guia da AIPA (Associação Ituana de ProteçãoAmbiental) nos dá algumas sugestões:• Evitar adquirir produtos que comprometam a saúde.• Cultivar verduras e legumes em casa, quando possível.• Plantar árvores e outras plantas, sempre que for possível.• Participar das atividades de grupos ecológicos, comogincanas, passeios, atividades de conservação da natureza ede educação ambiental.• Organizar a coleta e a seleção de lixo na comunidade,bairro, escola, trabalho.• Organizar campanhas ecológicas para conscientizar apopulação e as autoridades sobre a importância da conser-vação do meio ambiente.

De acordo com artigo publicado no número 50 do JornalVerde, uma publicação da editora Forest, de Brasília, pode-mos apontar pelo menos sete grandes problemas ambientaismundiais.

1. A área de solo bom para agricultura é escassa no mundo.Mesmo assim, os seres humanos adotam práticas nocivas aotratar o solo no intuito de elevar a produtividade: usam fertili-zantes e defensivos agrícolas inadequados e expõem a terraà erosão. A erosão causa acúmulo de terra nos leitos dosrios, tornando-os muito rasos, o que prejudica a sobrevivên-cia dos peixes, além de causar enchentes.

2. Há excessiva concentração de pessoas nas grandescidades, o que causa desequilíbrios variados, como congesti-onamentos de trânsito, aumento da poluição atmosférica,aumento da violência e aumento da poluição hídrica pelosesgotos e pelos efluentes industriais.

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3. Há dificuldade crescente em oferecer alfabetização, prin-cipalmente nos países mais pobres. A ignorância gera umasérie de novos problemas e desequilíbrios ligados a doenças,poluição e violência.

4. As emissões de gás carbônico e monóxido de carbonopoluem a atmosfera, causando o efeito estufa, e as de gasesnitrosos e sulfurosos originam as chuvas ácidas.

5. No ano 2000, seremos cerca de 6 bilhões de pessoas noplaneta. Somente 5% dos dejetos orgânicos da populaçãosão tratados. Falta água potável, faltam obras de saneamentobásico, como redes coletoras e estações de tratamento deesgotos. A água no século XXI (faltam apenas 4 anos) seráum recurso raro e caro.

6. O aumento demográfico causa crescente aumento doconsumo de alimentos e de água potável. Isso provoca des-truição desenfreada de florestas, de peixes e da fauna silves-tre. Diversas espécies animais e vegetais estão em extinção,pondo em risco a biodiversidade do planeta.

7. A energia exigida para manter níveis razoáveis de vidapelos países é cada vez maior. Sessenta por cento da ener-gia mundial é obtida pela queima dos combustíveis fósseis(carvão, petróleo e seus derivados e gás natural) e 20 % éobtida por processos nucleares (fissão). Esses dois proces-sos geram poluição.

A qualidade de vida da população aumenta quando se inves-te mais em educação, saúde, saneamento e geração deempregos. Aumenta, também, quando pretendemos deixarum mundo melhorado aos nossos descendentes, pelas nos-sas ações coletivas e individuais.

ISO 14000

1. Introdução

Na Europa, na década de 70, iniciou-se a busca de alternati-vas para diminuir os efeitos da atividade industrial sobre omeio ambiente. O assunto virou ponto de destaque na pautade governos de muitos países europeus. Esse fato acabourefletindo na economia mundial, criando na década de 90demanda por normas ambientais.

A série ISO 14000 veio cumprir esse objetivo, trazendo avariável ambiental para a gestão das empresas. Além depromover a harmonização no campo da gestão ambiental,área bastante complexa e de enfoque multidisciplinar, vemauxiliar as empresas a demonstrar o seu comprometimentocom o “desenvolvimento sustentável”, por meio de normaliza-ção voluntária, estabelecendo consenso entre todos os inte-ressados no negócio – como bancos, acionistas, clientes econsumidores.

A expressão “desenvolvimento sustentável” foi popularizadapela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimen-to, nomeada pela primeira ministra norueguesa, Gro-HarlemBrundtland, no início da década passada, que o definiu como“O processo de desenvolvimento onde os recursos naturaissão usados de forma racional para manter as condições devida adequadas para as gerações atuais e futuras”. As nor-mas ambientais surgem exatamente com a preocupaçãoexpressa pela Comissão quando elaborou esta definição. AInglaterra foi a precursora dos sistemas de gestão ambiental,

desenvolvendo em primeira mão a norma conhecida comoBS7750, que acabou dando origem à ISO 14001.

A elaboração de normas em geral, incluindo-se aí a ISO série14000, a serem adotadas em nível mundial, fica a cargo daISO – International Organization for Standardization, a fede-ração mundial dos organismos nacionais de normalização,criada em 1947. Com sede em Genebra, a ISO é compostapor 110 organismos nacionais. A Associação Brasileira deNormas Técnicas (ABNT), é a representante oficial do Brasilna ISO, sendo também responsável pela distribuição de nor-mas técnicas no país.

Vale a pena ressaltar que o desenvolvimento das normas desistemas de gestão ambiental para serviços, processos eprodutos associa dois movimentos de extrema importâncianos anos 90. O primeiro deles refere-se aos sistemas degestão da qualidade e aos conceitos de controle da qualidadee qualidade total, adotados por cerca de 100.000 empresas,em nível mundial, que buscaram a certificação pela ISO série9000. O segundo movimento está ligado ao crescimento dasorganizações não-governamentais, agências e partidos políti-cos em torno das questões ambientais. As pressões sobre asatividades produtivas passam a se dar com maior força e demaneira organizada.

A tendência atual é a de que o consumidor ecologicamenteconsciente exija produtos que tenham, ao mesmo tempo,qualidade e que sejam ambientalmente sadios.

2. O significado da sigla ISO

ISO - International Organization for Standardization – é umafederação mundial de entidades nacionais de normalização,formada por mais de 100 países, representando praticamente95% da produção industrial do mundo.

É uma organização internacional, não governamental, consti-tuída desde fevereiro de 1947, com sede em Genebra – Sui-ça, com o objetivo principal de criar normas internacionais.Ela elabora e avalia normas através de vários comitês técni-cos, compostos por especialistas dos diversos países mem-bros.

Em relação às propostas de normas ambientais, o comitêtécnico especialmente designado para o assunto foi o denúmero 207 (TC 207), intitulado de Gestão Ambiental, com-posto de cerca de 56 países. Este comitê, está inter-relacionado com o comitê responsável pelas normas de qua-lidade (TC 176).

O Brasil participa da ISO através da ABNT. A AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma sociedadeprivada, sem fins lucrativos, fundada em 1940, reconhecidapelo governo brasileiro como o Fórum Nacional de Normali-zação. Também pode efetuar a certificação de produtos esistemas.

A associação também foi fundadora da ISO em 1947, e por-tanto, considerada como membro “P”, ou seja, com direito avoto no Fórum Internacional de Normalização.

3. Os objetivos da ISO

Os objetivos da ISO se resumem em elaborar normas querepresentam e traduzem o consenso dos mais diferentespaíses do mundo para uma uniformização de procedimentos.

Tecnologia e Meio Ambiente 3o Ciclo de Mecânica

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4. Origem da ISO 14000

Uma reunião da ONU, realizada no Rio de Janeiro, em Junhode 1992, sobre o meio ambiente, foi considerada o primeiropasso decisivo para o movimento de normalização ambientalinternacional.

Durante a ECO-92, foi proposta a criação junto à InternationalOrganization for Standardization – ISO (Organização Interna-cional para Normalização) de um grupo especial para elabo-rar as normas ambientais. Após alguns meses de trabalho,este grupo propôs a criação de um comitê específico e inde-pendente na ISO para tratar de questões ambientais. Emmarço de 1993, ocorria a instalação do comitê técnico GestãoAmbiental (ISO/TC 207), com a função de elaborar a série denormas ambientais.

O ISO/TC 207, foi o responsável pelo desenvolvimento damais importante série de normas já produzidas, pela suaabrangência ou pelos inúmeros benefícios que proporcionamà sociedade e às empresas. Estas normas foram batizadaspelo nome de ISO SÉRIE 14000.

5. O que é a ISO 14000

A série ISO 14000 é um grupo de normas que visão estabe-lecer padrões internacionais de desempenho das empresa,no que se refere ao gerenciamento dos problemas ambientaise à adoção de processos produtivos não prejudiciais ao meioambiente, utilizando um processo técnico:• Não proporcionam, ou reduzem ao mínimo, os danos

ambientais• Estejam de acordo com a Legislação Ambiental

Inicialmente, através do conceito de qualidade (ISO 9000), acertificação estava diretamente associado às conformidadesde especificações do produto.

Entretanto, o consumidor passou a ter participação decisivano processo, exigindo pontualidade de entrega do produto,condições de pagamento, atendimento, entre outros. Assim, otermo qualidade passou a representar a busca da satisfação,não só do consumidor, mas de todos os segmentos sociais etambém da excelência organizacional da empresa.

O desenvolvimento das normas internacionais de gestãoambiental (ISO 14000), aponta cada vez mais para uma con-vergência com o conteúdo da ISO 9000, aproveitando umaexperiência de implementação já testada a nível mundial.

A interatividade entre ambiente e qualidade, segue uma ten-dência para a utilização de sistemas integrados de gestão,agrupando outras áreas e aproveitando o esforço das açõesem conjunto. Estas normas terão abrangência internacional,permitindo a análise da certificação de qualidade ambientalcomo padrão geral, pré-determinado.

As 6 áreas de abrangência da ISO 14000 podem ser distribu-ídas em 2 blocos: o processo produtivo e o produto. As áreassão: sistemas de gestão ambiental, auditorias ambientais,selos verdes, avaliação de desempenho ambiental, análisedo ciclo de vida do produto e termos e definições.

Na tentativa de tornar iguais os procedimentos de gerencia-mento ambiental que as empresas deverão adotar, váriasinstituições de normalização reuniram-se em Junho passado,durante a IV Reunião Plenária do Comitê Técnico 207 daOrganização Internacional de Padronização (InternationalStandardization Organization – ISO). Como produto, as pri-

meiras normas da série: As ISO 14001 e 14004 que tratamdos sistemas de gestão ambiental e as ISO 14010, 14011 e14012 que estabelecem regras para as atividades de audito-ria ambiental.

Segundo a filosofia internacional, qualquer empresa pode secandidatar ao selo de qualidade em gestão ambiental, mes-mo que não esteja certificada na ISO 9000.

A certificação é dada por uma instituição normalizadora na-cional ou por outra por ela delegada, emitindo um certificadopara o processo de produção e/ou rótulo, denominado “seloverde” sobre o produto.

Em relação ao selo verde brasileiro, além de ser uma ferra-menta para a implantação de políticas ambientais pode serum excelente veículo de marketing, atribuindo ao produtouma qualidade a mais.

Várias empresas já estão preparando para se adequarem aonovo sistema de gestão ambiental, resolvendo seus proble-mas. Este é um aspecto positivo no quadro das ações onde omaior beneficiário é o ambiente. A conscientização das em-presas, permite a visualização de uma compatibilidade entrea atividade industrial com a boa gestão ambiental.

6. Como alcançar a certificação ambiental

O primeiro passo é a implantação e operacionalização de umSistema de Gestão Ambiental (SGA) adequado à tipologia daorganização empresarial. A partir daí uma documentação dosprocedimentos deve ser elaborada, com base nas própriasnormas ISO. É preciso formular um pedido oficial a uma insti-tuição certificadora, como a própria ABNT ou o INMETRO, aqual irá realizar as auditorias para a certificação.

Tanto a empresa quanto os seus produtos podem ser certifi-cados, em conjunto ou isoladamente, podendo resultar nãoapenas em uma certificação do SGA, como também em umarotulagem ambiental dos produtos, conhecido como “seloverde”, a partir da Análise do Ciclo de Vida (ACV) de cadaproduto. Nestes selos são inseridas informações sobre odesempenho ambiental dos produtos.

Anotações:

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7. Compõem a ISO Série 14000

Número Título

ISO 14000 Sistemas de Gestão Ambiental – MapaGuia

ISO 14001Atribui certificado de qualidade ambiental àsempresas;

ISO 14004É um guia de princípios, sistemas e técni-cas de suporte para que as empresas pos-sam se enquadrar e, no futuro, conseguir acertificação;

ISO 14010 Guia para Auditoria Ambiental – Diretrizesgerais;

ISO 14011-1Diretrizes para auditoria ambiental e proce-dimentos para auditoria – princípios geraispara auditoria dos SGAs

ISO 14011-2Diretrizes para a auditoria ambiental e pro-cedimentos para auditoria – princípios ge-rais para auditoria legal

ISO 14012 Diretrizes para auditoria ambiental – crité-rios de qualificação de auditores

ISO 14014 Diretrizes para auditoria ambiental – guiapara avaliações iniciais

ISO 14015 Diretrizes para auditoria ambiental – guiapara avaliação de sítios

ISO 14020 Rotulagem ambiental – Princípios básicos

ISO 14021Rotulagem Ambiental – Termos e definiçõespara aplicação especifica e autodeclaraco-es

ISO 14022 Rotulagem Ambiental – Simbologia para osrótulos

ISO 14023 Rotulagem Ambiental – Testes e metodolo-gias de verificação

ISO 14024 Rotulagem Ambiental – Guia para certifica-ção com base em análise multicriterial

ISO 14031 Avaliação do desempenho ambiental

ISO 14040 Análise do ciclo de vida – Princípios geraise prática

ISO 14041 Análise do ciclo de vida – Inventário;

ISO 14042 Análise do ciclo de vida – Análise dos im-pactos

ISO 14043 Análise do ciclo de vida – InterpretaçãoISO 14050 Termos e definições – Vocabulário

ISO Guide 64 Guia de inclusões dos aspectos ambientaisnas normas do produto.

8. Certificação ISO 14000

• Analise da legislação pertinente, da documentação, edas reclamações das partes interessadas relevantes

• Diagnostico da situação da empresa e definição dosrecursos necessários

• Treinamento gerencial e definição da estrutura organiza-cional

• Treinamento dos multiplicadores• Treinamento e conscientização dos funcionários• Estabelecimento da política e das diretrizes• Estudo dos aspectos e impactos ambientais• Classificação dos impactos e definição dos procedimen-

tos operacionais• Quantificação, segregação e desatinação dos resíduos• Normalização dos processos influentes (referencial ISO e

das boas praticas de manufatura quando aplicável) – do-cumentação do sistema

• Implantação das normas estabelecidas

• Implementação do processo de melhoria continua• Pré auditoria e auditoria da certificação.

9. ISO 9001 comparada a ISO 14001

A ISO 14001 contem 6 requisitos e a ISO 9001 contem 20.Existem muitas semelhanças entre os requisitos que a ISO14001 e a ISO 9001 exigem. E útil usar a ISO 9001 comoguia para determinados requisitos da ISO 14001. Por exem-plo, a ISO 14001 exige um processo de Ação Corretiva ePreventiva, porem da muito pouca estrutura para este requisi-to. A ISO 9001, no entanto, dedica um requisito inteiro aotópico dos processos de Ações Corretiva e Preventiva. Acombinação dos dois padrões e aconselhável por causa desuas muitas inter-relações.

A tabela abaixo descreve a correlação entre os dois padrões.A informação aqui fornecida e geral e destina-se a dar umainformação básica apenas, e não uma comparação abran-gente.

9.1 – Requisitos ISO 14001 e Correlação ISO 9001

Requisitos ISO 14000 Requisitos ISO 9000

Estabelecer a Política Ambi-ental

Estabelecer a Política daQualidade

Planejamento Ambiental Planejamento da Qualidade

Definir e documentar res-ponsabilidades

Definir responsabilidade eautoridade

Treinar o pessoal relaciona-do

Treinar o pessoal relaciona-do

Estabelecer e manter Con-trole da Documentação

Estabelecer e manter Con-trole da Documentação

Documentar políticas e pro-cedimentos relacionados aoSistema de GerenciamentoAmbiental

Documentar políticas e pro-cedimentos relacionados aoSistema da Qualidade

Estabelecer controles demonitoramento, medição econtrole

Desenvolver procedimentosde testes, procedimentos decalibragem e controle deProcessos Estatísticos

Estabelecer controle dosregistros

Estabelecer controle sobreos Registros de Qualidade

Estabelecer procedimentospara as Não Conformidade

Estabelecer Procedimentospara Material Não Conforme

Estabelecer procedimentosde Ação Corretivas e Pre-ventivas

Estabelecer procedimentosde Ação Corretivas e Pre-ventivas

Realizar Auditorias SEM Realizar Auditorias Internasda Qualidade

Estabelecer Processo deRevisão Gerencial

Estabelecer Processo Revi-são Gerencial

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10. Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

É um conjunto de procedimentos que visam gerir ou adminis-trar uma empresa, com a finalidade de obter através de umamelhoria contínua, o melhor relacionamento com o meioambiente.

No sistema de Gestão Ambiental, a alta direção da empresa,define o seu comportamento face às questões ambientais.

As 4 ações (4 Rs) básicas da cultura ambiental:

• Evitar• Reduzir• Reutilizar• Reciclar

Para implantar um sistema de gestão ambiental numa organi-zação, torna-se necessário seguir um roteiro que no casoseria uma das normas da ISO Série 14000, ou seja, a ISO14001, que estabelece algumas etapas para a sua implemen-tação, que podem ser executadas separadamente ou parale-lamente, são ela:

1. Estabelecimento da política ambiental da organização2. Planejamento para implementação3. Implantação e operação4. Monitoramento e ações corretivas5. Revisão ou análise crítica

Todas essas etapas buscam a melhoria continua da empre-sa, sendo um ciclo dinâmico, no qual esta se reavaliandopermanentemente o Sistema de Gestão e procurando a me-lhor relação possível com o meio ambiente.

11. SGA e a ISO 14000

A ISO Serie 14000 não foi a primeira proposta para normasde sistema de Gestão Ambiental surgida no mundo. A normabritânica editada pela British Standard Institution (BSI), denumero BS7750 e uma norma oficial, homologada por asso-ciações normativas que foi publicada em fevereiro de 1994 eserviu de subsídios para o subcomite da ISO / TC20.

As empresas que já obtiveram pela norma ambiental inglesaBS7750 certificado terão maior facilidade de implementaçãoda serie ISO 14000, pois já possuem um sistema de gestãoambiental implantado.

12. O Brasil e a ISO 14000

A participação brasileira na ISO Serie 14000, deu-se atravésdo GANA (grupo de apoio a normalização ambiental), criadono segundo semestre de 1994 no âmbito da ABNT, no Rio deJaneiro. Foi resultante de esforços de empresas, associaçõese entidades representativas importantes para os segmentoseconômicos e técnicos do pais.

O GANA foi estruturado da mesma maneira que o ISO/TC207, sempre apoiado por um grupo de apoio técnico (GAT)que teve como objetivo estudar e avaliar os documentosproduzidos pelo subcomite da ISO.

O GANA, através da ABNT, representa a sociedade brasileiraperante ao órgão internacional de normalização.

Em outubro de 1996, a ISO publicou as cinco primeiras nor-mas da serie ISO 14000.

Com relação a certificação ambiental no Brasil, o InstitutoNacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial(INMETRO), por delegação do Conselho Nacional de Metro-logia (CONMETRO), criou, no âmbito do Sistema Brasileirode Certificação (SBC). Essa comissão e constituída por re-presentantes de órgãos governamentais federais e estaduaisde meio ambiente, grandes empresas, associações empresa-riais, universidades ONGs* e organismos de certificação desistemas tendo elaborado os critérios e procedimentos para acertificação ambiental de organizações pela norma ISO14001, bem como para a formação e registro de auditores desistemas de gestão ambiental. Esses critérios já estão dispo-níveis no pais e são compatíveis com os critérios utilizadospor organismos de acreditado da Inglaterra, EUA, Holanda eJapão.

(*) As ONGs são entidades sem fins lucrativos que tem comopapel principal a preservação do meio ambiente e da paz.

13. A ISO 14000 e os negócios

A ISO 14000 permite a empresa demonstrar que se preocupacom o meio ambiente. Apesar de ser uma norma voluntária, omercado passara a exigir a sua utilização. Alem disso, se oconsumidor pode escolher entre dois produtos com o mesmopreço e qualidade similar, certamente ele dará prioridade aprodutos que não afetem ao meio ambiente de forma dano-sa. A sua implantação também proporcionara economiaspara as empresas, através da redução do desperdício e douso de recursos naturais. A ISO 14000 da ênfase ao melho-ramento continuo, o que proporcionara economias crescentesa medida que o sistema esta em funcionamento.

Os principais objetivos das empresas que estão implantandosistemas de gerenciamento ambiental são:

• Redução de riscos com multas, indenizações, etc.,• Melhoria da imagem da empresa em relação a perfor-

mance ambiental,• Melhoria da imagem da empresa quanto ao cumprimento

da legislação ambiental,• Prevenção da poluição,• Redução dos custos com a disposição de efluentes atra-

vés do seu tratamento,• Redução dos custos com os seguros,• Melhoria do sistema de gerenciamento da empresa.

14. A Phillips Brasil

14.1 - Fábrica de lâmpada é a primeira a receber o certifica-do ambiental ISO 14001

A fábrica de lâmpadas da Phillips, situada em Mauá, na gran-de São Paulo, recebeu a certificação ambiental ISO 14001 nodia 13 de agosto de 1998. Nenhum outro fabricante de lâm-padas em atividade na América Latina possui um sistema degerenciamento ambiental com esse status.

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Líder do mercado brasileiro de lâmpadas, a Phillips fabricaem Mauá, cerca de 100 modelos de lâmpadas incandescen-tes e outros 22 modelos de lâmpadas fluorescentes, além deuma linha com 32 tipos diferentes de lâmpadas para ilumina-ção pública.

O Sistema de Gerenciamento Ambiental criado e implantadonessa fábrica em 1991, consumiu investimentos de US$ 2milhões nesse período. Outros US$ 500 mil deverão seraplicados pela empresa na manutenção desse projeto e nacontínua melhoria dos resultados já alcançados, até o final de1999. O resultado desse esforço começou a surgir rapida-mente, também como conseqüência do envolvimento diretodos 1.000 funcionários da Phillips e de outros 300 emprega-dos em fornecedores, empresas prestadoras de serviços eem clientes.

Uma das prioridades da Phillips, era “zerar” o consumo deCFCs e CHCs, nocivos à camada de ozônio da atmosfera.Isso foi alcançado em 1995. Até os anos anteriores a fábricaconsumia um volume de 17,3 toneladas anuais. Ainda comoparte dessa prioridade, várias outras substâncias agressivasao meio ambiente, também foram eliminadas, como foi ocaso do tolueno, xileno, cádmio, cromo, benzeno, arsênico,chumbo e antimônio.

Entre 1992 e 1998, a fábrica de lâmpadas da Phillips, conse-guiu reduzir substancialmente o consumo de energia elétrica.Para cada mil lâmpadas produzidas, eram gastos 167 kwhhá seis anos. Hoje a fábrica produz 20% mais lâmpadasconsumindo 117kwh, numa redução de 30%.

Foram construídas áreas internas para a armazenagem deresíduos produzidos pela atividade produtiva, que passarama ser recolhidos e destruídos exclusivamente por empresasespecializadas e homologadas. Em 1994, foi inaugurada aestação de tratamento de efluentes, que teve seu projeto econstrução monitorados pela CETESB. Essa estação detratamento monitora e neutraliza a presença de efluentesácidos.

O envolvimento de 100% na questão da proteção ambientalgerou a formação de Grupos de Trabalho voltados especifi-camente para questões ambientais, como o GT Green Pack,que representou a América Latina em um concurso interna-cional promovido pela empresa em 1997 defendendo umprojeto de redução do uso de papel e papelão nas embala-gens das lâmpadas. A economia já alcançada pela empresano Brasil a partir da aplicação das propostas do GT GreenPack está próxima de atingir US$ 400 mil e a redução no usode papel e papelão já chegou a 15%.

14.2 - Certificado Ambiental ISO 14001 da Phillips é pioneirono Recife e abre as comemorações dos 30 anos de ativida-des da empresa em Pernambuco.

A Phillips investiu cerca de R$ 500 mil e 16 meses de traba-lho num esforço que envolveu 100% dos seus funcionários eprincipais fornecedores.

A conclusão do processo de certificação foi obtida após 16meses de intensa conscientização interna, trabalho que en-volveu 100% dos funcionários e prestadores de serviço emvárias palestras e auditorias internas. O certificado foi credi-tado pelo BVQI (Bureau Veritas Quality International) e éválido no Brasil e no exterior.

A meta da Empresa é tornar-se referência mundial em termosde preservação ambiental

Um dos objetivos da Phillips em todo o mundo é fabricarprodutos e componentes cada dia mais eficientes e atraentespara o mercado sem que isso ofereça qualquer risco de a-gressão ao meio ambiente.

Para assegurar isso, a Phillips estabeleceu em 1994, umaabrangente Política Ambiental com o objetivo de se transfor-mar num líder mundial em termos de eficiência ambiental.Válida em todo o mundo, essa Política Ambiental especificaobjetivos mensuráveis a serem atingidos ano após ano por100% das fábricas da empresa.

Por exemplo, o consumo de água deverá ser reduzido naPhillips mundial em 25% até 2002. A redução no uso de ma-térias-primas nas embalagens dos produtos e a certificaçãoISO 14001 para todos os centros produtivos são outros doispontos dessa Política Ambiental, disponível em português noendereço www.phillips.com.br.

No seu Relatório Ambiental, divulgado no ano passado, aPhillips apresentou pela primeira vez, dados quantitativoscomprovando que a adoção de sistemas, materiais e padrõesecologicamente amigáveis, proporcionou à empresa, econo-mias anuais da ordem de US$ 350 milhões. A íntegra desseRelatório, está disponível no Site internacional da Phillips,www.phillips.com/environment .

O atendimento às metas desta Política já deu à Phillips, im-portantes prêmios ambientais, como a Medalha de Ouro1998, entregue pelo World Enviroment Center, sediado emWashington, e o prêmio de Proteção Climática, entregue pelaUnited States Environmental Protection Agency, outra impor-tante entidade internacional de preservação ambiental. Essereconhecimento coloca a Phillips numa categoria de elite daqual ainda não participam nenhum de seus concorrentes.

Atualmente, 85% de todas as fábricas da Phillips no mundo,já receberam o certificado ambiental ISO 14001. No Brasil,todas as fábricas da Phillips já possuem esse certificado.

Adequação às normas internacionais exigiu que 802 ati-vidades internas fossem monitoradas

O trabalho de adequação das atividades da Phillips no Recifeàs exigências da norma internacional, consumiu investimen-tos de cerca de R$ 500 mil. Além de palestras e encontrospara difundir entre os funcionários e prestadores de serviçosda Phillips no Recife, o conteúdo e os objetivos da NormaInternacional ISO 14001, a empresa implantou um Sistemade Gerenciamento Ambiental que passou a monitorar 802rotinas internas, cujo controle total do resultado era exigidopela norma.A partir da listagem desses pontos, a empresa implantou umconjunto de Programas Ambientais com objetivos e metasespecíficas. São eles:

Programa ObjetivoPAAGUA Melhorar a qualidade dos efluentesPASOLO Reduzir a geração de resíduosPAATMO Adequar a emissão de gases na atmosfera

PARNAT Utilizar racionalmente os recursos naturais

PAPROD Reduzir o impacto ambiental provocado pelasembalagens dos nossos produtos

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Principais metas ambientais da Phillips no Recife (base1998)

• Reduzir o consumo de água em 15% até o final de 2000• Reduzir o consumo de eletricidade e de gases em 10%até o final de 2000-06-07• Reduzir em 15% o peso das embalagens dos produtosfinais até o final de 2001• Reduzir em 10% a utilização de substâncias perigosasaté o final de 2001

Várias ações foram implantadas dentro e fora da fábrica daPhillips, ainda como parte das ações necessárias ao cumpri-mento das determinações da norma internacional. O nível deemissão de poluentes dos caminhões das empresas queprestam serviços para a Phillips deve ser monitorada conti-nuamente.

Em toda a fábrica foi implantado um sistema de coleta seleti-va de lixo. Além de recolher em reservatórios específicosplásticos, papel, vidro, metais, refugos industriais e lixo co-mum, a empresa separa todos os resíduos recicláveis e osencaminha a um tratamento de reciclagem. A disposição finaldos resíduos – recicláveis ou não – é feita por empresasprestadoras especializadas que obedecem a legislação am-biental municipal, estadual e federal. Todos os procedimentossão continuamente monitorados pela Phillips.

Implantada em junho do ano passado, a 1ª semana do MeioAmbiente passou a fazer parte do calendário anual de ativi-dades da Phillips no Recife. Várias entidades foram convida-das para proferirem palestras para os funcionários e presta-dores de serviços, entre as quais o IBAMA, a CPRH, a E-MLURB, o PROCEL e também a UPE. Teatro com funcioná-rios, caminhadas ecológicas e exposição de arte feita comsucata envolveram não apenas todos os funcionários comotambém seus familiares.

O principal esforço da Phillips nos eventos desse tipo foi eserá conscientizar cada funcionário sobre a fundamentalimportância da sua contribuição individual para a preservaçãodo meio ambiente , seja através da participação em açõesdentro da empresa, seja economizando água, energia elétri-ca e fazendo coleta seletiva de lixo nas suas casas. A 2ªSemana do Meio Ambiente na Phillips, já está agendada parao mês de Novembro próximo e será realizada simultanea-mente à Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Tra-balho (SITAP).

16. Conclusão

Muitas discussões e mitos já se formaram em torno destasnormas. Ainda hoje há especulações sobre os riscos delasvirem a se constituir em barreiras protecionistas de mercados,o que teria um efeito nocivo na economia mundial.

Contudo, a evolução das normas ISO 14000 têm demonstra-do constituírem-se em uma poderosa ferramenta de estímu-los à busca do desenvolvimento sustentável e, a cada dia,mais e mais empresas descobrem na certificação ambientaluma grande estratégia de marketing e, ao mesmo tempo umacondicionante às suas capacidades de exportação.

Por isso, até o final do ano passado (1999), o Brasil já conta-va com 149 empresas certificadas e a estimativa, segundo oINMETRO (Instituto Nacional de Metrologia), são de que oano 2000 deve se encerrar com 500 certificações, na maioriapara empresas que integram “clusters” exportadores.

Na contrapartida, aumentam as exigências de mercados,principalmente o europeu, quanto a qualidade ambiental dosprodutos. Os alimentos orgânicos, por exemplo, são hoje apreferência; as tecnologias de refrigeração substituem osCFCs, são praticamente unanimidade. Mesmo no Brasil,questões como a reciclagem, agricultura orgânica e conser-vação dos recursos naturais vêm sendo usados com instru-mentos de marketing por empresas que procuram se desta-car num mercado que, a cada dia, vem ficando mais exigentequanto à postura ambiental do seu setor empresarial.

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ETE “Cel. Fernando Febeliano da Costa”

TECNOLOGIAE MEIO

AMBIENTE

3o Ciclo deTécnico em Mecânica

Apostila baseada nas anotações de Professorese do TC – 2000 Técnico – Distribuição gratuita aos Alunos