o futuro precário do estado nação - 4

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[email protected] 22/01/2018 1 O futuro precário do estado-nação (4) (partes 1, 2 e 3 aqui , aqui e aqui ) Os modelos recentes de gestão do capital o keynesiano e o neoliberal revelam nas crises a sua inadaptação, sem conjurarem as causas da pobreza, das desigualdades, das guerras, com o novo fenómeno das massas de refugiados e o agudizar de um clássico os desastres climáticos e as alterações climáticas, O que se revela nas últimas décadas é o esboroar do poder autónomo dos estados-nação e a condução das suas classes políticas pelas multinacionais responsáveis por 70% dos transportes de mercadorias em parceria com um sistema financeiro sobredimensionado, rolando em pista própria, sem esquecer a importância de um impune capital do crime. Para essa crise na infraestrutura económica e social acrescenta-se o descrédito da “democracia representativa”, que não é democrática e representa muito poucos e a decrepitude da esquerda tradicional de raiz leninista. Um palco onde eclode o ovo da serpente fascista, sem que se afirme uma crítica radical, organizada e sem nacionalidades, à esquerda. D A chegada ao sufoco neoliberal 18 - A mudança para o paradigma neoliberal 19 O acelerar da globalização capitalista; o encurtamento do tempo 19.1 A transição portuguesa 20 - O caráter global da formatação ideológica 21 - O pós-crise de 2008

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[email protected] 22/01/2018 1

O futuro precário do estado-nação (4)

(partes 1, 2 e 3 aqui, aqui e aqui)

Os modelos recentes de gestão do capital – o keynesiano

e o neoliberal – revelam nas crises a sua inadaptação,

sem conjurarem as causas da pobreza, das

desigualdades, das guerras, com o novo fenómeno das

massas de refugiados e o agudizar de um clássico – os

desastres climáticos e as alterações climáticas,

O que se revela nas últimas décadas é o esboroar do

poder autónomo dos estados-nação e a condução das

suas classes políticas pelas multinacionais – responsáveis

por 70% dos transportes de mercadorias – em parceria

com um sistema financeiro sobredimensionado, rolando

em pista própria, sem esquecer a importância de um

impune capital do crime.

Para essa crise na infraestrutura económica e social

acrescenta-se o descrédito da “democracia

representativa”, que não é democrática e representa

muito poucos e a decrepitude da esquerda tradicional de

raiz leninista. Um palco onde eclode o ovo da serpente

fascista, sem que se afirme uma crítica radical,

organizada e sem nacionalidades, à esquerda.

D – A chegada ao sufoco neoliberal

18 - A mudança para o paradigma neoliberal

19 – O acelerar da globalização capitalista; o encurtamento do tempo

19.1 – A transição portuguesa

20 - O caráter global da formatação ideológica

21 - O pós-crise de 2008

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D – A chegada ao sufoco neoliberal

18 - A mudança para o paradigma neoliberal

Na primeira metade do ciclo iniciado no pós-guerra de 1939/45, observa-se o

seu pendor ascendente, a que correspondem elevados crescimentos do PIB

per capita, tanto mais relevantes porque surgem em época de elevado

crescimento demográfico, com o “baby boom” que se seguiu à guerra e com a

importação de imigrantes que, na Europa, se deslocaram dos países mais

pobres para os mais ricos, para além de magrebinos, paquistaneses e

caribenhos. A segunda parte do ciclo, retrata a sua fase descendente, que se

arrasta para além da crise do subprime, com a afirmação do paradigma

neoliberal,

com a financiarização, os offshores e a dívida que afoga famílias,

empresas e entidades estatais;

com a religião da competitividade e do empreendedorismo;

com a precariedade laboral e na vida; com o desenvolvimento da internet,

das comunicações e da computação em geral, que facilitaram a

segmentação da produção e as deslocalizações, a robotização, a

aceleração da integração económica, a desintegração das fronteiras e a

monitorização das nossas vidas escrutinadas nas chamadas big data;

com a vulgarização da lógica do mercado aplicada a bens e serviços mas

também a pessoas, regimes políticos como na gestão da deriva climática;

com a impunidade de tráficos diversos, como mulheres, crianças, escravos,

armas, órgãos e estupefacientes;

com a presença constante de longas guerras, de grande impacto

destrutivo, com a indiferença de quem está fora delas e assiste às

destruições de pessoas e bens num écran. A “arte” da guerra deixou (ainda

mais) de ter regras para ser levada a cabo por cobardes que destroem à

distância, sem correrem riscos nem darem a cara, encafuados a milhares

de quilómetros de distância a matar, como em jogos de computador.

O quadro que se segue é bastante esclarecedor sobre as duas fases do

quarto ciclo de Kondratiev, até 2008; mais adiante abordaremos o período

subsequente. Se o paradigma keynesiano aproveitou as condições favoráveis

ao crescimento do PIB e à melhoria relativa das condições de vida das

pessoas, nomeadamente no Ocidente, ao chegar a meados da década de 70

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atolou-se nos problemas de ordem económica e política do sistema capitalista

e abriu as portas às reacionárias figuras que se agrupavam na Sociedade

Mont Pelerin, entre elas, Friederich Hayek, Milton Friedman e Karl Popper,

paladinos do liberalismo económico, contra a forte intervenção do Estado,

como se observava então e da colocação dos capitalistas como criadores do

bem-estar da Humanidade. Como transparece no quadro seguinte, depois da

crise dos anos 70, os neoliberais, assumindo o controlo da economia mundial

mostraram as limitações dos seus paradigmas e que o problema que continua

por resolver se chama capitalismo; seja sob o messianismo neoliberal, seja

com o forte empenho do Estado keynesiano.

Evolução da capitação do PIB ($ 1990)

1.948 1.973 2.008 1973/ 1946

2008/ 1973

França 4.393 12.824 22.057 2,92 1,72

Alemanha 2.834 11.966 20.801 4,22 1,74

Holanda 5.490 13.081 25.112 2,38 1,92

Suiça 9.116 18.204 25.293 2,00 1,39

Grã-Bretanha 6.746 12.025 24.602 1,78 2,05

12 países da Europa*

4.944 12.070 22.350 2,44 1,85

Portugal 2.046 7.063 14.583 3,45 2,06

Espanha 2.186 7.661 17.734 3,51 2,31

EUA 9.065 16.689

31.251 1,84 1,87

Japão 1.725 11.434 22.175 6,63 1,94

* Ocidental e Norte http://www.ggdc.net/maddison/maddison-

project/home.htm

Essa fase ascendente que iniciou a quarta onda de Kondratiev sofreu um

primeiro abanão quando a Grã-Bretanha desvalorizou a libra em 1967 e, em

seguida, os EUA (1971) suspenderam a possibilidade de conversão da sua

moeda em ouro… o que, de facto seria impossível de cumprir porque o metal

disponível já não tinha qualquer correspondência com a moeda em

circulação. A arquitetura de Bretton Woods sofria assim, um rude golpe e a

instabilidade monetária voltou.

O encerramento do canal de Suez em 1967 (só reaberto em 1975) provocou

grandes alterações no transporte de mercadorias entre a Europa e a Ásia,

bem como no abastecimento da Europa, quanto ao petróleo proveniente do

Médio Oriente. Em seguida, acontece o choque da quadruplicação do preço

do petróleo em 1973, na sequência da atitude concertada dos estados árabes

depois da guerra contra Israel; que serviu também para que os países da

OPEP aumentassem o valor da componente energética no produto global, em

detrimento dos países industrializados; e ainda, para nacionalizarem as

instalações petrolíferas na posse daqueles países, que voltariam, no século

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XXI, a assenhoriarem-se daqueles recursos energéticos, no Iraque e na Líbia,

na sequência (ou na causa?) das invasões ocidentais. Em 1979 sucedeu

nova subida, devido às perturbações resultantes da encomenda americana

feita ao Iraque para atacar o Irão; e que originou uma guerra cruenta que se

arrastou por dez anos.

Estas alterações nos preços e na logística do petróleo criaram dificuldades

em indústrias essenciais como a siderurgia, a construção naval, a química

pesada e o automóvel, com consequências nos níveis de desemprego,

residuais até pouco antes – e, sobretudo, junto de trabalhadores menos

qualificados, mulheres e imigrantes. Por outro lado, a lógica keynesiana

dominante vai promover uma forte intervenção do Estado nacional e o apoio

aos desempregados, cujo número volta a crescer; e ainda com a exploração

das virtudes do investimento público e do deficit público, com o crescimento

do endividamento e da emissão de moeda. Aos aumentos dos preços

resultantes dos acrescidos preços da energia, somam-se os efeitos

inflacionistas do gasto público, num contexto que continua de estagnação

produtiva.

Como a inflação convive com uma recessão isso coloca em causa a lógica

keynesiana para a qual a inflação somente podia surgir em situações de

proximidade do pleno emprego dos recursos e não em fases de recessão e

desemprego, quando existem “factores de produção disponíveis”. Este

fenómeno que se veio a chamar estagflação veio a animar o reacendimento

das teses neoliberais, em experimentação no Chile desde 1973 e, onde

passaram a vigorar todas as liberdades para a acumulação de capital, para a

entrada massiva de capitais externos, para a redução do gasto público,

mormente de conteúdo social, com privatizações e repressão brutal dos

rendimentos e dos direitos dos trabalhadores, sob a cobertura politica de um

regime militar fascista.

O Chile, até então um dos países da América Latina com uma democracia de

mercado estabilizada, passa à situação de laboratório neoliberal. Os gastos

sociais a cargo do Estado, em nada se assemelham ao “modelo social

europeu”; enquanto neste último o Estado geria uma segurança social

generosa, direitos avançados no âmbito da estabilidade no emprego, direito à

greve, segurança na doença e no desemprego, os Chicago Boys, no seu

ensaio chileno, reduzem os encargos sociais às situações de indigência,

subordinam os direitos laborais aos desígnios da rendabilidade das empresas,

precarizam o emprego através de um maior poder dos capitalistas, com

qualquer contestação laboral, altamente penalizada e reprimida. O exemplo

chileno foi replicado na Argentina, no Uruguai, na Bolívia, no Paraguai, no

Equador, entre outros, ainda que nem em todas as ditaduras tenham tido o

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mesmo cariz neoliberal mas antes, o domínio oligárquico das classes

abastadas tradicionais, em ligação com militares fascistas.

19 – O acelerar da globalização capitalista

O modelo keynesiano exigia um elevado e incessante crescimento do PIB que

se tornava difícil de conseguir num contexto de estagflação; mantendo o

fetiche do PIB como objetivo, o paradigma neoliberal, para conseguir

crescimento iria utilizar como instrumentos, a desregulamentação, a

privatização, o apoio estatal à criação de competitividade, o mercado livre em

detrimento de limitações de ordem laboral, salarial e social e as fronteiras

abertas à circulação de bens, capital e (nem sempre) a de pessoas. Do ponto

de vista da multidão de trabalhadores e despossuídos, a gestão keynesiana

como a neoliberal, são apenas duas modalidades de gestão capitalista; o

capitalismo é sempre um sistema dependente da acumulação de capital.

A propósito daquela dependência, convém frisar aqui que a incontinente

pulsão pela acumulação de capital torna o capitalismo expansivo, em termos

geográficos, em termos sociais e em termos de tempo, este último objeto de

uma luta constante para o seu encurtamento; uma pulsão neurótica. Produzir

mais por unidade de tempo ou o mesmo em menos tempo, corresponde a um

aumento da produtividade que tende a elevar as margens de lucro; conseguir

que o trabalhador produza mais por unidade de tempo é uma forma de reduzir

o custo do trabalho; e se o consumidor for motivado a empanturrar-se de mais

comida, de mais serviços e de mais dívida por cada dia de vida, isso é inseri-

lo na luta do capital contra o tempo, na teia montada pelo capital para o

dominar. A lógica capitalista para o crescimento incessante do PIB faz parte

dessa avidez de antecipação da passagem do tempo; e que se aplica de

modo evidente no funcionamento dos chamados mercados financeiros. E,

nada disso incomoda os incorporantes da lógica neoliberal ou da keynesiana,

mesmo aqueles que se dizem de “esquerda”.

A pulsão do capitalismo para o encurtamento do tempo, comporta o

desenvolvimento da tecnologia, a começar pela náutica, quando se tornou

necessário fazer as longas viagens de Europa para o Oriente ou para a

América, que globalizaram o planeta e que permitiram que a última viesse a

ser cavalgada pelo capitalismo, sobretudo a partir do século XVII, com a

colonização extensiva e o esclavagismo. Como já referimos recentemente, o

problema não é a globalização, com as trocas de bens, culturas e afetos entre

os humanos; o problema é o capitalismo que desumaniza e abastarda essas

trocas, destruindo entre outros danos colaterais, o ambiente, este, impossível

de apropriação privada.

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Prosseguindo a abordagem sobre a transição de paradigma no capitalismo, a

crise dos anos 70 evidencia a interdependência entre os países ocidentais,

mormente na Europa ocidental, com poucas diferenciações e, por outro lado,

a sua integração coletiva com os países produtores de petróleo, numa lógica

cada vez mais globalizada que não facilitava soluções específicas no âmbito

dos estados-nação. E essa interdependência vai exigir articulação num

contexto competitivo e de grandes desigualdades, com o recurso à guerra

aplicado, então, apenas aos espaços coloniais e neocoloniais.

Enquanto nos EUA a contestação à guerra do Vietnam aumentava - à medida

que a derrota se aproximava - e o caso Watergate provocava estragos

políticos, a URSS, aproveitando a paralisia americana, garantiu uma forte

influência em Angola e na Etiópia. A revolução iraniana e a desastrosa

intervenção militar dos EUA no Irão foi mais um elemento que favoreceu uma

mudança qualitativa, com Reagan, em 1981, no sentido da aplicação

descomplexada e brutal do paradigma neoliberal, que já vinha a ser aplicado,

com enorme determinação por Margaret Thatcher na Grã-Bretanha, desde

1979. Em ambos os casos foram marcantes as formas como foram

esmagadas as lutas dos mineiros ingleses e dos controladores aéreos norte-

americanos; sem reações à altura da gravidade do momento por parte das

estruturas sindicais, domesticadas e burocratizadas.

19.1 – A transição portuguesa

Na Europa, o fascismo era varrido em Portugal e na Grécia enquanto a morte

de Franco atapetava em Espanha uma transição suave que reciclou a

oligarquia fascista num futuro rotativismo com o PSOE; e a então CEE que já

havia integrado a Grã-Bretanha, a Irlanda e a Dinamarca iria preparar-se para

estender a área de integração económica – um mercado único - para sul, aos

países saídos do fascismo. A CEE era então, essencialmente, uma área de

comércio livre, com um vago projeto político subjacente.

Em Portugal, na época, é bem clara essa situação de crise estrutural,

económica, social e política a exigir uma transição ou mesmo uma mudança.

A crise do petróleo arruinou a estratégia de integração global, montada nos

últimos tempos do fascismo, baseada na química pesada e na metalurgia,

afetadas ambas pela reabertura do Suez. Sucede-se a queda do fascismo e a

absorção de centenas de milhares de pessoas vindas das colónias, a

cessação do movimento migratório para a Europa, dada a crise global e,

procede-se de seguida a um enorme investimento nas empresas

descapitalizadas e, por isso, nacionalizadas – transportes, indústria pesada,

banca e seguros nomeadamente – com o desenvolvimento, em paralelo, de

um aparelho de estado muito alargado, confrontado com novas ou mais

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intensivas funções nos campos da educação, saúde, coordenação

económica, equipamentos sociais… O Estado assumiu assim as funções

típicas de salvaguarda dos interesses do capital, em paralelo com um grande

reforço das suas atribuições sociais, o que se viria a tornar incomportável, a

curto prazo, mesmo que, numa primeira fase, tivesse o apoio de toda a classe

política portuguesa, de direita ou de “esquerda”.

Essa unanimidade rompeu-se rapidamente dando lugar à lenta passagem do

modelo keynesiano bem expresso no programa do primeiro governo do PS

para o neoliberalismo reinante.

a) Numa primeira fase e após um curto período (1974/75) de generalizada

luta dos trabalhadores por melhores salários, a distribuição dos

rendimentos altera-se em seu desfavor logo a partir de 1976, com a

instauração do poder oligárquico que ainda hoje subsiste, já sem militares

mas, com uma nova geração de gente, sem qualidade democrática nem

idoneidade pessoal. Em 1977 e em 1983/85 sucedem-se as duas

intervenções “regeneradoras” do FMI, com efeitos bem visíveis (Gráfico 1).

Ainda no gráfico, pode observar-se que a chegada dos fundos comunitários

e a integração europeia, aliada a uma baixa conflitualidade laboral, só

conduzem a melhorias no peso dos rendimentos do trabalho entre 1990/93,

a que se segue um período regressivo1 e a estabilização do peso dos

rendimentos do trabalho no PIB até 2005 – sem impactos visíveis da

introdução do euro - sucedendo-se, finalmente, a segunda posição mais

baixa, em 2015, num período de 56 anos, na sequência da intervenção da

troika.

Gráfico 1

1 Não resistimos em divulgar dois episódios anedóticos provenientes do economicismo doméstico. No

princípio da década de 1990, Abel Mateus que entretanto circulou pelo BdP e pela Autoridade da

Concorrência, construiu um fabuloso modelo macroeconómico que anunciou um crescimento do PIB

em… 10%. E pela mesma época, o ministro Braga de Macedo, em comentário à crise recessiva que se

verificava na Europa, referiu Portugal ser um oásis (!)… que no gráfico mostra afinal ter estado seco,

sem dar tâmaras, embora com camelos por lá estacionados.

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Fonte: Pordata

b) A segunda fase surgiria em meados da década de 90, com as privatizações

acordadas entre o primeiro-ministro Cavaco (PSD) e Constâncio (PS) no

âmbito do qual o “grupo” Estado foi alienando as empresas que haviam

sido nacionalizadas e recapitalizadas; tudo em nome da redução do deficit

público que subsistiu a todas as etapas de privatizações que terão atingido

o seu fim (provisório) depois das que foram ordenadas pela troika.

Entretanto, para favorecer o capital privado, foram criadas rendas no

âmbito das parcerias-publico-privadas (a primeira para a concessão da

Ponte Vasco da Gama foi de 1994) e, assumidos pelo Estado, os prejuízos

com o afundamento do setor financeiro autóctone.

20 - O caráter global da formatação ideológica

Como se vem observando, as instituições de caráter plurinacional visam

objetivos de caráter económico, de facilitação de negócios de multinacionais e

de acumulação de capitais; ou por temáticas que sejam veículos para a

prossecução dos objetivos referidos. As multinacionais ou as entidades do

difuso e volátil sistema financeiro sabem bem como adestrar as classes

políticas ao seu serviço; e sabem que é mais fácil atuar a partir de instituições

que agregam vários estados-nação, do que andar, de país em país, em ações

de convencimento, junto das respetivas classes políticas. As multinacionais e

o sistema financeiro, há muito atuam em bases globais e, em demasiadas

situações, consideram que os estados-nação só atrapalham a acumulação de

capital2, com as suas leis domésticas, os seus parlamentos e as suas

2 Na sua boçalidade e arrogância Trump torna isso bem claro ao referir-se recentemente a

“países de merda”

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burocracias. Somente se mostram mais respeitosos perante alguns poucos

países, entre os que detêm algum peso em termos de empresas globais, com

uma dimensão razoável de mercado (população x poder de compra) e um

quadro político relativamente estável; como serão os casos dos maiores

países da UE, dos EUA, da Coreia do Sul, do Japão (mesmo que protegidos

militarmente pelos EUA), da China, da Rússia, da Índia, do Irão, do Canadá e

poucos mais. A própria forma como, no seio da UE, foram intervencionados, a

Grécia, a Irlanda e Portugal, com a monitorização da troika, foi distinta da

atitude face à Espanha, onde a troika não foi introduzida.

Na área da produção material, a constituição de um capital globalizado,

desnacionalizado, é o produto da segmentação dessa produção, com o

desenvolvimento de cadeias logísticas que incluem sistemas multimodais de

transporte e acomodação de carga, bem como da massificação da

informação, da distribuição e da venda; o que permite a sua gestão num

quadro integrado. Embora com infraestruturas materiais distintas, os serviços

e o sistema financeiro constituem-se também sob uma forma global. Ficam de

fora dessa lógica os milhões de pequenas e médias empresas de âmbito

nacional, regional ou local, sem grandes meios financeiros, muitas delas

endividadas, com baixas taxas de lucro e, tendencialmente sonhando com um

mirífico retorno ao passado, ao quadro nacional, com fronteiras guardadas,

moeda própria, cortejadas pelas direitas xenófobas e fascistas, como pelas

“esquerdas” trotsko-estalinistas. Um retorno ao passado.

Dessa necessidade de gestão global, de subalternização dos estados-nação

e das suas classes políticas resulta a constituição de uma elite

desnacionalizada, mercenária, produtora de um pensamento único e que é

uma peça fulcral e presente em todas as sociedades. Essa elite manifesta-se

sob a forma institucional, formal – FMI, OMC, UE…; outras vezes, em

conclaves formais – mas não institucionalizados - com a presença de

representantes dos principais estados-nação, sejam o G20, o G7, o G8, o

G10…; e ainda os discretos encontros Bilderberg, Davos, Trilateral, das elites

políticas com os altos dirigentes da banca, das multinacionais e dos media,

onde surgem anualmente elementos dos pequenos e médios países, para

apreciação (regularmente são convocados portugueses para os encontros

Bilderberg). E, seria injusto, esquecer o que designámos por Bilderberg

Saloio, reunião dos mais ricos membros do empresariato luso e dos think

tanks da paróquia, no já longínquo ano de 2009.

Essa elite gestora e política constitui os tais 1% (referidos nos movimentos

populares de 2011/13), que constituem o grande estorvo para os 99% e que

detêm um poder enorme, mesmo num contexto de divergências internas, por

defenderem instituições concorrentes, muitas vezes com interesses

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antagónicos. É como produto da sua ação e da gestão de conflitos no seu

seio, numa escala global, que se constitui o Império como definido por Hardt e

Negri; um Império que afasta das decisões os outros 99% da Humanidade -

incluindo os que ainda votam nas respetivas classes políticas – onde estão

contidos todos os candidatos ao genocídio a perpetrar para um

redimensionamento “rentável” da Humanidade.

Há muito se descobriu que a força bruta do Estado – militares e polícias – não

deve, nem tem capacidade para estar na primeira linha da dominação;

constituem reservas repressivas em situação de constante prevenção, atentas

à voz do comando governamental, quando a multidão desperta da sua

letargia e se rebela, colocando na sargeta aquele pensamento único.

Uma das áreas onde se gera e propaga esse pensamento único é constituída

pelas business schools, especializadas em “ciências empresariais” e que

afastaram do ensino a economia, a sociologia, a história, como disciplinas de

compreensão da integração do social com o político, focando-se em

panaceias ideológicas como o empreendedorismo ou a competitividade; ou,

em técnicas como a contabilidade e a fiscalidade, integradas em pacotes

informáticos estandardizados.

Dominante na maioria dos países ou na configuração das relações

económicas e políticas das últimas décadas, o catecismo neoliberal é

incorporado nos noviços da nova religião da criação de valor (para os

acionistas, entenda-se) mesmo que o seja da forma mais estouvada, como o

registo dos ativos (a norma IFRS 9, segundo supomos) pelos valores de

mercado, o que torna os balanços bastante volúveis, sensíveis aos humores

da especulação financeira, podendo a qualquer momento contribuir para o

desabar da próxima crise financeira global.

Os mais cotados ou mediáticos catequistas repartem as suas atividades em

vários segmentos dessa coisa difusa chamada mercado. Destacam-se nas

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atividades empresariais como gestores de topo ou consultores3; como arautos

no mercado partidário; no bem pago mercado mediático, como opinion

makers, contribuindo com uma mistura de banalidades e falsidades para

formatarem o pensamento da plebe, com oráculos sobre os enigmáticos e

caprichosos desígnios da economia, que contrastam com a bem concreta

economia doméstica, que se cinge ao equilíbrio entre o salário e o pagamento

dos gastos essenciais ou das prestações de dívidas que os bancos tanto

gostam seja constituída.

No âmbito desse pensamento único, neoliberal, há um conjunto de normas

que os grandes poderes económicos no planeta - multinacionais e sistema

financeiro - definiram para aplicação generalizada, pelas várias estirpes de

classes políticas, nacionais e plurinacionais:

Um, é a privatização de tudo o que é público, formal ou informalmente,

desde que possa ser fonte de lucro privado, eventualmente com preços

inflacionados para o efeito, como as parcerias público-privadas ou a

chamada externalização de funções; esta, consiste na contratação de

empresas para desempenhar funções específicas no seio dos órgãos

públicos – serviços de informática, segurança, limpeza, refeições… ou essa

função miserável de fornecimento de trabalho temporário, na qual brilham

negreiros do século XXI, sob o nome moderno de empresários. O

programa de privatizações da troika foi muito claro nesse ponto, como nos

anos 90 o havia sido, no âmbito do acordo Cavaco-Constâncio, como

chefes dos gangs PSD e PS;

Ligada à euforia privatizadora e em contradição com a externalização,

aposta-se na redução dos gastos públicos, nos cortes de “gorduras” como

é habitual ser dito e que, monotonamente significam congelamento de

salários, redução do número de trabalhadores em funções públicas e

cortes nas áreas sociais; mas… jamais no capítulo da defesa e segurança,

em nome da luta contra o terrorismo. Na política fiscal, há sempre a

preocupação de apoiar as empresas com reduções de impostos, ao

mesmo tempo que aquelas clamam por isenções, subsídios e

investimentos governamentais para reduzir os “custos de contexto” e a

criação de apoios para uma maior competitividade; outras vezes,

hipocritamente, para contrariar a desertificação das regiões mais

deprimidas. Como dizia o malfeitor Portas, “temos de apoiar as empresas

3 Os consultores de topo são poucos e caraterizam-se por “amarrar o burro à vontade do

dono”. Recentemente a Price (PwC) foi banida da Índia; e, em Portugal, nos casos do BPN ou

do BES, os auditores também “não detetaram” o resvalar das contas (como aliás o BdP que

também utiliza as preciosas empresas de auditoria), mesmo que principescamente pagas.

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pois são elas que criam postos de trabalho”; nessa lógica Portas

reescreveria o Genesis colocando Deus a criar primeiramente o empresário

para depois o ofertar com servos. A dívida pública resulta precisamente da

utilização da classe política para a concretização destas normas

neoliberais, incluindo aí a assunção das perdas e dos efeitos nefastos das

burlas de bancos e banqueiros;

A liberdade de circulação dos capitais inclui a domiciliação de empresas

nacionais no exterior, para alívio da carga fiscal ou a compra e venda de

empresas, infraestruturas, serviços, por parte de capitais ditos estrangeiros,

embora esta designação, vá perdendo significado dado o caráter

globalizado das empresas, nomeadamente quando têm localização em

registos offshore. Inclui-se aqui a prestimosa ação dos fundos abutres que

compram empresas em dificuldades, refazem-nas, reestruturam-nas,

despedindo em massa e vendendo depois os despojos, numa lógica

meramente financeira, sem qualquer ligação ao caráter criador de riqueza

que se julgava inerente ao capitalismo, nos seus tempos mais recuados,

como consta dos manuais;

A liberalização das transações e do funcionamento do mercado exige o

desmantelamento das normas que davam alguma segurança aos

trabalhadores – no quadro nacional - herdadas do minguante ou extinto

“modelo social europeu”; pretendem os capitalistas e operam as classes

políticas no sentido de que cada assalariado se torne num precário

obediente, esforçado, sem direitos e, se possível, pago com fundos

públicos. Outra vertente dessa liberalização é o desprezo pela extensiva

incorporação de elementos nocivos à saúde humana em bens alimentares

ou, pela produção e disseminação descuidada de lixo e produtos poluentes

que impregnam o ar, os solos, contaminam as águas e que se introduzem

na cadeia alimentar de pessoas e animais. O importante é a “criação de

valor”, a reprodução do capital, a distribuição de lucros aos acionistas

mesmo da forma mais disparatada em termos de gestão4. Por outro lado, a

4 Uma empresa publica portuguesa, os CTT (serviços postais), ao ser privatizada pelo governo Passos,

foi brindada com uma autorização para o exercício da atividade bancária, transitada gratuitamente

pelo banco público CGD. Percebeu-se bem o negócio; os acionistas – entre os quais a grandiosa

Goldman Sachs – recebia umas centenas de balcões espalhados pelo país onde funcionam os serviços

postais que veriam acoplados serviços bancários. O CEO encarregue dessa mescla serviços

postais/bancários foi um tal Francisco Lacerda, com um salário anual de um milhão de euros,

certamente muitas vezes superior ao da média dos trabalhadores dos CTT. Recentemente, a empresa

apresentou elevados prejuízos e o Lacerda apontou para 800 despedimentos ao mesmo tempo que

distribuía gordos dividendos pelos acionistas; num acto de comovente solidariedade, o tal Lacerda terá

baixado o seu salário para uns miseráveis € 750000, num acto de autoflagelação que cai bem a um

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displicência em regular a qualidade ambiental e em não contribuir para

conter as mudanças climáticas também acontece para que não afete a

rendabilidade e a competitividade das empresas; mesmo que para tal se

torne necessário reduzir a Humanidade a uns 600 milhões de pessoas,

conforme já ventilado no seio dos conclaves Bilderberg.

A deriva financeira é o elemento mais dinâmico do capitalismo. O capital,

neste âmbito, resume-se a títulos de propriedade em empresas (ações),

obrigações, títulos de dívida pública ou privada, cds’s e outros derivados

que, naturalmente, dão direito a lucros e juros. Ficaram para trás os tempos

da constituição do capital financeiro, na acepção pioneira de Hilferding,

como resultado da integração entre empresas industriais e bancos, com

ambos os tipos de instituições ancoradas num mesmo estado-nação;

conglomerados esses que procuravam a maximização dos lucros através

das empresas que os constituíam, aproveitando as sinergias entre si

existentes e os apoios estatais.

Hoje, mais valioso do que essas sinergias é, por um lado, comprar e

vender esses títulos, com uma enorme frequência - como se queimassem -

mesmo que nessas operações os ganhos sejam pequenos por unidade;

mas, como são transacionados frequentemente e em enorme volume, isso

conduz a que ao fim de algum tempo, esses pequenos ganhos se

materializem em grandes aumentos do valor inicial detido em carteira pelo

especulador. O caráter instantâneo dos circuitos de informação a nível

mundial e a utilização de potentes computadores para a análise das

cotações e transações efetuadas, torna também extremamente rápidas as

opções pela compra de uns títulos e a venda de outros ou ainda pelo seu

momentâneo parqueamento numa conta bancária, à espera de uma

oportunidade de aplicação vantajosa. Apesar dos jornalistas económicos

chamarem aos protagonistas desta frenética atividade “investidores”, o

investimento é o que menos os importa, fixando-se nos ganhos da

especulação, na obtenção de lucros sem investimento, sem produção de

quaisquer bens ou serviços; parasitismo puro do ponto de vista social.

Outro aspecto em que se observa o domínio do sistema financeiro é a

dívida, das famílias, das empresas a que se deve juntar a dívida pública.

Esta última, mutualizada para pagamento pela multidão, é uma forma de,

através do Estado, se constituírem rendas a favor do capital financeiro em

geral. A dívida, é uma forma de assegurar aplicação para os capitais

especulativos, de alimentar a bolha; um dos papéis das classes políticas

antigo frequentador da Universidade Católica. Sobre o tema destacamos aqui comentário do jornalista

Nicolau Santos

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enquanto agentes do capital financeiro é convencer a plebe do dever do

seu (impossível) pagamento.

21 - O pós-crise de 2008

Assim como o keynesianismo esbarrou na crise dos anos 70 e deu origem à

vaga neoliberal esta encontrou nas sequelas da crise do subprime a sua crise

sistémica que está longe de ser ultrapassada mas, amortecida, refém,

particularmente, da dinâmica económica da China. E, está por construir um

paradigma que satisfaça minimamente a grande maioria da Humanidade, pelo

que o neoliberalismo se arrasta, politicamente com alianças a grupos

fascistas, sem que se afirme uma alternativa de mudança credível e capaz de

entusiasmar os muitos milhões de vítimas da deriva neoliberal; mesmo que

perante cenários evidentes de catástrofe climática ou de políticas deliberadas

de genocídio.

A ligação entre o capitalismo e o Estado, mesmo sendo permanente,

atravessou várias fases:

O capitalismo nascente ancorou-se a uma forte intervenção estatal, no

século XVII, criou gradualmente os seus empórios nacionais e dessa

parceria constituiu-se o estado-nação, muito útil para proteger os negócios

dos seus autóctones ricos, aliciar a plebe através do patriotismo e fazer a

guerra contra a concorrência;

No século XIX e durante algumas décadas, até à I Guerra, os liberais que

compreendiam o sistema global à imagem da empresa privada, pensaram

arredar o Estado do seu caminho, com a liberalização do trabalho, a

repressão dos trabalhadores e a livre empresa; mas, sem prescindir da

afirmação do estado-nação da acirrada defesa das fronteiras, da guerra e

da expansão colonial;

As coisas não correram bem para os liberais e o Estado foi de novo

chamado a um papel central na atividade económica, com o New Deal, os

fascismos e o capitalismo de estado, num contexto de estados-nação

isolacionistas, centrados sobre si próprios, o que não impediu a guerra

mais destrutiva e mortífera de sempre (1939/45);

Seguiu-se o II pós-guerra, com o surgimento dos órgãos de concertação

plurinacional entre os estados-nação, a que se seguiram casos de

integração, na Europa Ocidental como na Oriental; e, com a continuidade

de uma forte intervenção dos Estados nos capítulos do investimento, da

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regulação e da domesticação do trabalho – é o período de domínio

keynesiano na política económica;

A abertura das fronteiras ao comércio e às transações de capital, aliados a

um desenvolvimento tecnológico apreciável, aumentaram a dimensão e o

poder das multinacionais; estas, continuando sem prescindir dos apoios

dos Estados, passaram a controlá-los, acoplando à sua lógica de

acumulação, as classes políticas, como mediadoras dos seus interesses

junto dos povos, ainda mantidos sobre a ilusão de poder por parte dos

estados-nação, na grande maioria destes últimos. Mais do que nunca se

pode dizer que o capital não tem pátria, tem apenas interesses; mas,

certamente que gosta de ver os povos desavindos, infetados pela tara

patriótica.

A evolução tecnológica no campo das comunicações e da computação,

associada à liberdade de movimentação dos capitais, da sua capacidade

para se isentarem de regulações e imposições fiscais, permitiu a

constituição de um poderoso sistema financeiro, em grande parte

desconectado face à economia dos bens e serviços (a chamada economia

real), como do mundo social e do trabalho mas, cujas disfunções são

determinantes para o desastroso estado do mundo. Reproduzimos, a

propósito, uma frase de Mikhail Gorbatchov5 : “… as estruturas financeiras,

que não são controladas por ninguém, rapidamente se adaptaram à

globalização e tiraram vantagens dela, criando “bolas de sabão” umas após

as outras e fazendo milhares de milhões literalmente a partir do ar. Esses

milhares de milhões ficam à disposição de um grupo cada vez mais

reduzido de pessoas que fogem ao pagamento de impostos”. E,

recentemente, estão nas notícias essas “bolas de sabão” como a bitcoin e

as suas cópias que vão surgindo um pouco por todo o lado.

Finalmente, a relevância do sistema financeiro e a produção das

multinacionais, segmentada e espalhada um pouco por todo o lado

aceleraram a globalização, vêm-na controlando. O fim da URSS que, à

partida, parecia a vitória do neoliberalismo sobre o capitalismo de estado –

o Fim da História, de Fukuyama, já objeto de autocrítica do seu autor –

destruiu aquele modelo político e económico mas não transformou quer a

Rússia como a China, em simples corredores dos fluxos das

multinacionais, mantendo-se ali Estados ancorados em partidos-estado,

determinantes e interventivos na gestão dos respetivos estados-nação.

5 Rossiskaia Gazeta, 20/4/2016

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