o filho pródigo

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O FILHO PRÓDIGO A primeira vista, observei que o filho pródigo da parábola é órfão de mãe, pois ela não se encontra na despedida do filho, nem compartilha do abraço no seu pródigo regresso. Coisas do Judaísmo! Existem também duas cruzes que são tomadas; - uma Celestial e a outra terrena... Mais uma vez o Caminho de Volta está presente! Sobre a cruz Celestial, tenho a observar que o jovem recebe antecipadamente sua parte de direito, gasta tudo, e aí, é reduzido a uma tal pobreza, que vai viver com os porcos com o que lhe sobra. É, entretanto recebido pelo pai como se tivesse cumprido algo mais do que se esperava dele, e desempenhado o seu compromisso de jovem, numa extensão maior do que a do seu irmão, que ficara em casa cumprindo todos os deveres que o seu pai, família e sociedade exigiam como padrão comportamental da época. Não me surpreendo que o irmão se sinta injustiçado ao final; pois ele toma a sua cruz terrena, de ovelha arrebanhada pelas convenções sócio-religiosas, da teologia de causa e efeito vigentes. A injustiça aqui só é tolerada, pois há a prerrogativa de se demonstrar à capacidade do Pai no pai, de perdoar. Uma convenção religiosa, Judaico Cristã, de pecado e perdão. O nível simbólico dentro desse acervo, faz com que eu faça uma leitura diferente. É o meu "pentecoste": um mesmo sentido, com outras palavras. Nesta parábola do amado mestre Jesus, foi permitida a geração de um ser totalmente novo e diferente dos demais; com uma nova verdade a ser observada por

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O FILHO PRÓDIGO

A primeira vista, observei que o filho pródigo da parábola é órfão de mãe, pois ela não se encontra na despedida do filho, nem compartilha do abraço no seu pródigo regresso. Coisas do Judaísmo! Existem também duas cruzes que são tomadas; - uma Celestial e a outra terrena... Mais uma vez o Caminho de Volta está presente! Sobre a cruz Celestial, tenho a observar que o jovem recebe antecipadamente sua parte de direito, gasta tudo, e aí, é reduzido a uma tal pobreza, que vai viver com os porcos com o que lhe sobra. É, entretanto recebido pelo pai como se tivesse cumprido algo mais do que se esperava dele, e desempenhado o seu compromisso de jovem, numa extensão maior do que a do seu irmão, que ficara em casa cumprindo todos os deveres que o seu pai, família e sociedade exigiam como padrão comportamental da época. Não me surpreendo que o irmão se sinta injustiçado ao final; pois ele toma a sua cruz terrena, de ovelha arrebanhada pelas convenções sócio-religiosas, da teologia de causa e efeito vigentes.A injustiça aqui só é tolerada, pois há a prerrogativa de se demonstrar à capacidade do Pai no pai, de perdoar. Uma convenção religiosa, Judaico Cristã, de pecado e perdão.O nível simbólico dentro desse acervo, faz com que eu faça uma leitura diferente. É o meu "pentecoste": um mesmo sentido, com outras palavras.Nesta parábola do amado mestre Jesus, foi permitida a geração de um ser totalmente novo e diferente dos demais; com uma nova verdade a ser observada por àqueles que desejam conhecer “o tomar da cruz, o caminho, e a porta estreita” para o verdadeiro encontro com a Verdade e a Vida, completamente desligado dos conceitos sociais e religiosos do mundo. A parábola nos mostra o imperativo da necessidade do ser quando jovem, em seu desenvolvimento, de separar-se do pai e, das convenções sociais cristalizadas, e, levar uma existência própria e nova. ("vinhos novos em odres novos”). O dinheiro que recebe do pai como herança, é para mim, o símbolo dos “talentos” da outra parábola; que a vida te deu, e a estória diz, que ao invés de armazenar esses talentos, os quais, o Senhor Jesus nos diz, que ninguém devia enterrar e, longe da parcimônia do irmão que ficou em casa, o dever do jovem é gastá-lo inteiramente; ou seja, deve usar todos os seus talentos, com todo o seu potencial inerente. Que doravante, seja capaz de perceber também, o quão pobre se tornou o seu ser coletivo e social, quão

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inadequados, provisórios são os bens do mundo e as realizações sociais que lhe são exigidas; para que agora, nessa solidão criativa e redentora, seja levado a viver com os porcos, seu lado instintivo, algo mais terreno e próximo de suas raízes ancestrais; - seu genitor mítico e terreno, que representa o fim de um ciclo de morte, para que haja o renascimento. Como uma semente, que ao morrer se transforma em árvore. Após ter vivenciado todos esses aspectos de si mesmo nesse caminho escolhido, estará apto agora para o pródigo regresso à "casa do pai”.Sei que é significativo o retorno, não apenas pelas recompensas, mas, porque enriquece também o pai, ao conceder-lhe a Graça do Espírito, ao invés do perdão religioso com tanta condescendência e sentimento. E a mãe? - bem, com a qualidade da alma do pai nessa parábola, uma mãe material seria relevante ao texto. - Estava inserida no contexto!O amado Senhor Jesus sabia de quem se tratava! A “ovelha perdida” tinha as qualidades inerentes de “escolhida” para ser arrebanhada, apesar dos percalços, pois: - Jesus não escolhe os capacitados, - capacita os escolhidos! J.Alfredo