o estatuto das cidades uma esperança de inclusão

13
4/9/2010 1 1 O Estatuto das Cidades Uma esperança de inclusão Eng. Antonio Fernando Navarro, M.Sc. [email protected] ; [email protected] 2008 2 O Homem, ao tentar domar a Natureza, busca modificá-la para que ela atenda melhor aos seus propósitos e ao conforto humano. Criador e criatura atuam em simbiose. O homem constrói a cidade que vai contextualizá-lo e influencia-lo, numa fetichização do espaço modificado. A promulgação da Lei nº 10 257, de 10.07.2001, que regulamentou os artigos 182 e 183 da Constituição Federal e instituiu o Estatuto da Cidade, induz a reflexão sobre o espaço urbano. O homem aprisiona um espaço, apossa-se dele, tenta recria-lo a sua imagem e semelhança, porém termina arriscando-se, por sua ganância de poder, a sucumbir na teia que ele mesmo teceu.(Elida Séguin)

Upload: antonio-fernando-navarro

Post on 04-Jun-2015

169 views

Category:

Education


0 download

DESCRIPTION

O estatuto das cidades uma esperança de inclusão

TRANSCRIPT

Page 1: O estatuto das cidades   uma esperança de inclusão

4/9/2010

1

1

O Estatuto das Cidades

Uma esperança de inclusão

Eng. Antonio Fernando Navarro, [email protected]; [email protected]

2008

2

O Homem, ao tentar domar a Natureza, busca modificá-la para que ela atenda melhor aos seus propósitos e ao conforto humano. Criador e criatura atuam em simbiose. O homem constrói a cidade que vai contextualizá-lo e influencia-lo, numa fetichização do espaço modificado.A promulgação da Lei nº 10 257, de 10.07.2001, que regulamentou os artigos 182 e 183 da Constituição Federal e instituiu o Estatuto da Cidade, induz a reflexão sobre o espaço urbano. O homem aprisiona um espaço, apossa-se dele, tenta recria-lo a sua imagem e semelhança, porém termina arriscando-se, por sua ganância de poder, a sucumbir na teia que ele mesmo teceu.(Elida Séguin)

Page 2: O estatuto das cidades   uma esperança de inclusão

4/9/2010

2

3

No afã de buscar atender às suas necessidades básicas, o Homem modifica o ambiente natural, mas as alterações que processa terminam voltando-se contra o criador: instala-se o caos urbano e o Homem fica enredado nele, sufocado pela poluição que deu origem e excluído pelo planejamento urbano elitista. Em termos ambientais, os espaços urbanos são dependentes de recursos naturais e energias externas. Mais difícil que a sustentabilidade é o respeito ao pluralismo social. As cidades não são projetadas, suas soluções terminam sendo tomadas no improviso e o resultado, além do caos urbano, tem como subproduto a violência urbana.

4

Page 3: O estatuto das cidades   uma esperança de inclusão

4/9/2010

3

5

Água suja em torneiras residenciais, devido ao avanço indiscriminado do desenvolvimento.

6

A pior das violências não é aquela que mostramos aos outros, mas sim aquela que guardamos em nós, aquela que sentimos por dentro e que as vezes deixamos transparecer em fúria desmedida.

Um Ser Humano violento não respeita a sí mesmo e nem aos outros.

Cuidar da natureza é um exercício do controle de nossa violência. É o pensar no amanhã. Mas naquele amanhã com futuro e não apenas, como um passado.

Page 4: O estatuto das cidades   uma esperança de inclusão

4/9/2010

4

7

A CidadeCidades são sistemas abertos, com uma dependência profunda e complexa a fatores externos. Elas tradicionalmente têm sido abordadas como ameaça aos recursos ambientais do planeta, com impactos sobre o sistema natural pelas mudanças que provocam na ocupação da terra e no uso do solo. Surgem da necessidade do homem, como animal social, de proteção, transformando o ser, dito civilizado, em um organizador de espaços. O tipo de urbanização da cidade evidencia o grau de desenvolvimento do povo que a construiu e a habita, enriquecendo a experiência humana com um enorme e amplo universo onde, ao invés das realidades se chocarem, elas complementam-se no exercício do respeito, da solidariedade e da cidadania.

8

O desenvolvimento sustentávelO desenvolvimento sustentável migrou de um conceito puramente ambiental para transformar-se em tópico do direito urbanístico propondo-se a encontrar a solução dos problemas das cidades, como meio ambiente construído, compatibilizando o atendimento das necessidades humanas, nos seus variados aspectos, com a função socioambiental da cidade. No entanto, ele deve ser acompanhado de transformação contínua e de avanços tecnológicos e sociais diversos, ou não haverá sustentabilidade.

Page 5: O estatuto das cidades   uma esperança de inclusão

4/9/2010

5

9

O Estatuto da CidadeRespeitando a Constituição, por ser competência privativa da União (artigo 21, inciso XX) o Estatuto da Cidade estabelece as diretrizes gerais da política urbana que devem ser observadas por ela própria, os Estados e os Municípios tais como a garantia do direito a cidades sustentáveis; gestão democrática da cidade com participação popular;

10

O Estatuto da CidadeO Estatuto da Cidade estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulamentem o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. É a densificação da função social da cidade, através de instrumentos jurídicos e políticos que garantam a sustentabilidade da polis.

Page 6: O estatuto das cidades   uma esperança de inclusão

4/9/2010

6

11

O Plano DiretorO plano diretor, a disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo e o zoneamento ambiental, que já eram institutos conhecidos e utilizados, com a nova legislação ganham novo destaque. Plano diretor é a base de política e expansão urbana de um município. Embora previsto na Constituição Federal de 1988 como obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes, muitas cidades não elaboraram o documento, por motivos diversos. A ausência de regulamentação federal facilitava que municípios, sob a alegação de desconhecem a forma e os requisitos, deixassem de ter um plano diretor.

12

O Plano DiretorEste planejamento precisa ser revisto a cada 10 anos. Cidades com mais de 500 mil habitantes deverão ter também um plano de transporte urbano integrado. Os municípios que ainda não têm plano diretor contarão com prazo de cinco anos para instituí-lo.

Page 7: O estatuto das cidades   uma esperança de inclusão

4/9/2010

7

13

Instrumentos legais da Legislação Urbana

¢ Lei do Plano Diretor;¢ Lei de Parcelamento do Solo para Fins

Urbanos;¢ Lei do Perímetro Urbano, e da Expansão

Urbana;¢ Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano

(Zoneamento);¢ Lei do Sistema Viário;¢ Código de Obras;¢ Código de Posturas.

14

Comparação entre diferentes Planos Diretores (Prioridades específicas)

¢ Blumenau – drenagem urbana. ¢ Londrina - espaços verdes.¢ Petrópolis - preservação das encostas. ¢ Porto Alegre - espaços naturais e

culturais. ¢ Santo André - desenvolvimento econômico,

social e proteção do meio ambiente.¢ Joinville – meio ambiente ecologicamente

equilibrado.

Page 8: O estatuto das cidades   uma esperança de inclusão

4/9/2010

8

15

O Ministério das Cidades (maio/junho 2004),desenvolveu os princípios e diretrizes (Termode Referência) para a elaboração e revisão dosplanos diretores municipais, contemplandoações que os Municípios devem observar nahora de desenvolverem seus Planos Diretores.Um Termo de Referência para a elaboração dePlanos Diretores deve conter:

16

Aspectos Físicos:

ü Solo (capacidade de suporte, níveis de erosão, etc.);

ü Relevo (morfologia, declividades, altimetria);

ü Hidrologia (cursos d’água, drenagem, níveis pluviométricos);

ü Clima (temperaturas, umidade, ventos);

ü Insolação;

ü Vegetação (tipos, ocorrências, carências);

ü Áreas ambientalmente frágeis ou de proteção ambiental;

Page 9: O estatuto das cidades   uma esperança de inclusão

4/9/2010

9

17

Aspectos Construtivos:

ü Infra-estrutura existente;

ü Acessos e modos de transportes;

ü Uso do Solo adjacente;

ü Equipamentos Urbanos;

ü Obstáculos notáveis (Linhas de transmissão, ferrovias, dutos,etc.);

ü Instalações nocivas ou que causem incômodo à vizinhança;

ü Alternativas tecnológicas para construção disponíveis ou adequadas;

ü Densidade;

ü Áreas de proteção paisagística e de patrimônio cultural ou histórico.

18

Aspectos Econômicos

ü Características do mercado imobiliário local;

ü Características econômicas da população existente (renda, atividades

predominantes, atividades econômicas domiciliares);

ü Pólos geradores de emprego e renda;

Page 10: O estatuto das cidades   uma esperança de inclusão

4/9/2010

10

19

Aspectos sócio-culturais

¢ Padrões construtivos existentes na vizinhança;

¢ Evolução horizontal ou vertical das construções;

¢ Formas culturais de apropriação espacial da habitação;

¢ Relação entre áreas públicas e privadas;¢ Padrões de mobilidade veicular.

20

Aspectos jurídico-Institucionais

¢ Características do programa adotado;¢ Aspectos da Legislação Urbanística a

serem consideradas ou, eventualmente, proposta a alteração;

¢ Planos ou projetos existentes.

Page 11: O estatuto das cidades   uma esperança de inclusão

4/9/2010

11

21

Aspectos FinanceirosElaborar o planejamento territorial é definir omelhor modo de ocupar o sítio de um município ouregião, prevendo os pontos onde se localizarãoatividades, e todos os usos do espaço, presentes efuturos.O Estatuto da Cidade oferece vários dessesinstrumentos: de Regularização urbanística efundiária; da possibilidade de criar ZonasEspeciais de Interesse Social (ZEIS); da utilizaçãocompulsória de terrenos e imóveis consideradossubutilizados; de fazer valer o Direito deSuperfície; de obter Concessão Especial para Finsde Moradia; de destinar patrimônio público paraprogramas de moradia, dentre outros.

22

Conclusão

Page 12: O estatuto das cidades   uma esperança de inclusão

4/9/2010

12

23

Planejamento e Gestão Ambiental

=

Integração da população ao Meio Ambiente, harmoniosamente.

Repensando o amanhã:

Investir na formação cultural das crianças;Rever as legislações;Aumentar a fiscalização, não punitiva, mas sim orientativa;Disponibilizar áreas seguras para o assentamento das populações carentes;Preservar conscientemente o Meio Ambiente;Criar Áreas de Proteção Ambiental APAs;Envolver a população na elaboração de Legislações Específicas.

24

Page 13: O estatuto das cidades   uma esperança de inclusão

4/9/2010

13

25

Mudança de Paradigmas:

O Meio Ambiente não deve se adequar àspessoas, através do contínuo processo dedegradação imposto pelos homens, e sim aspessoas Meio Ambiente.

A população precisa e deve ser informada arespeito dos riscos aos quais está sujeita.

A população tem o direito de participar naelaboração do Plano Diretor do Município.

26

A legislação elaborada deve ser clara em suaforma e precisa em seu conteúdo, nãodeixando dúvidas quanto à suainterpretação, bem como encontrar-sedisponível para a população por todos osmeios de comunicação, e estar emconsonância com a proposta elaborada peloMinistério das Cidades.

A Legislação deve estar à favor das Cidades.