o estado verde 21/06/2016

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Especialistas industriais e governamentais discutem visões para futuro da indústria agroalimentar em um debate na Fiec, com projeções para o segmento até 2025. Evento é parte do Projeto Rotas Estratégicas, que visa avaliar 17 setores em geral. PÁGINA 6 Clayton Medeiros, especialista em energia solar e diretor da Sunlinght, explica os benefícios e vantagens de se usar o sol abundante no Ceará como fonte de energia e como o projeto poderia gerar mais de 4 milhões de empregos até 2030. PÁGINAS 7 Sessão especial na Assembleia Legislativa pelo Dia Mundial de Combate à Desertificação tem lançamento de livros voltados para o tema, além de entrega do prêmio Joaquim Feitosa à Cerâmica Torres, de Sobral, pela responsabilidade com a Caatinga. PÁGINA 8 O ESTADO Ano VIII Edição N o 445 Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 21 de junho de 2016 RESPONSABILIDADE SOCIAL Compromisso empresarial que vai além do lucro PÁGINAS 4 e 5

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Jornal O Estado (Ceará)

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Page 1: O Estado Verde 21/06/2016

Especialistasindustriais e governamentais discutem visões para futuro da indústria agroalimentar em um debate na Fiec, com projeções para o segmento até 2025. Evento é parte do Projeto Rotas Estratégicas, que visa avaliar 17 setores em geral. PÁGINA 6

Clayton Medeiros,especialista em energia solar e diretor da Sunlinght, explica os benefícios e vantagens de se usar o sol abundante no Ceará como fonte de energia e como o projeto poderia gerar mais de 4 milhões de empregos até 2030. PÁGINAS 7

Sessão especial na Assembleia Legislativa pelo Dia Mundial de Combate à Desertificação tem lançamento de livros voltados para o tema, além de entrega do prêmio Joaquim Feitosa à Cerâmica Torres, de Sobral, pela responsabilidade com a Caatinga. PÁGINA 8

O ESTADO Ano VIII Edição No 445 Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 21 de junho de 2016

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Compromisso empresarial que vai além do lucro

PÁGINAS 4 e 5

Page 2: O Estado Verde 21/06/2016

2 VERDE

[email protected]

O Estado Verde é uma iniciativa do INVEXP, com apoio do jornal O Estado. EDITORA Tarcilia Rego JORNALISTA Fellipe Málaga DIAGRAMAÇÃO E DESIGN J. Júnior TELEFONES (85) 3033.7500/3033 7505 E (85) 8844.6873 ENDEREÇO Rua Barão de Aracati, 1320 — Aldeota. Fortaleza, CE — CEP 60.115-081. www.oestadoce.com.br/o-estado-verde

Dia 30 termina prazo para renovar autorização para criadores amadores

O prazo para os criadores ama-

dores de passeriformes silvestres nativos pedirem à Superintendên-cia Estadual do Meio Ambiente (Semace) a renovação de suas au-torizações anuais está chegando ao fim. De acordo com a instrução normativa do Ibama que regula-menta a atividade, o interessado deve fazer a solicitação um mês antes do fim da validade do docu-mento atual. Ou seja, os criadores têm até 30 de junho para forma-lizar seu pedido. A permissão é dada por um ano, com vigência entre 1º de agosto e 31 de julho.

Novos interessados em exer-cer atividade de criação amadora de passeriformes silvestres nativos, também poderão solicitar autori-zação, mediante apresentação dos documentos necessários junto à Semace. Antes, é preciso se cadas-trar no site do Ibama, na atividade requerida e, posteriormente, dar entrada no processo na Semace. O criador amador deve ser uma pessoa física que queira ter aves silvestres em sua casa e sem fins comerciais. A quantidade máxi-ma prevista legalmente de animais para essa categoria de criadores é 100. São considerados pássaros silvestres nativos entre outros: bi-godeiro, graúna, papacapim, go-linha, curió, pintassilgo, rouxinol, canário, sabiá, azulão.

Informações: Setor de Defe-sa da Fauna da Semace: (85)

3254-3083 E-mail: [email protected]

Pobre cotoviaNão sou telespectadora habitual da TV Globo, além de concordar

com o jornalista Sidney Rezende, que a “Globo não é dona do Brasil”, mas confesso, assisto como muito gosto, Velho Chico. E não tem como não assistir, com esse nome e com a temática ambiental circulando to-dos os capítulos, eu estou gostando da novela.

Mas eu gosto mesmo, é quando a personagem Luzia, esposa do pro-tagonista Santo, enche a boca e fala a palavra cutruvia para se referir a Teresa, personagem interpretada por Camila Pitanga. Cutruvia é uma alteração linguística de cotovia, um nome genérico dado a várias aves passeriformes que constituem a família Alaudidae.

Em decorrência do baixo nível de escolaridade, comumente, a pronún-cia de algumas palavras é alterada, principalmente na região Nordeste. Este é o caso da pobre cotovia, que além de ter “virado” cutruvia, é mais uma denominação para “mulher da vida”, aquela que se relaciona com homens comprometidos, conforme o Dicionário de Cearês, de Marcus Gadelha.

Mas a nossa “cutruvia”, muito antes da TV Globo, já teve seus dias de fama, quando no ano 52 a.C. , foi escolhida para ser o nome informal de uma legião romana, recrutada por Júlio César: VAlaudae ou Quinta Legião das Cotovias. A ave ainda é conhecida pelo seu notável canto, executado em voo vertical.

Saskia Sassen, socióloga holandesa, autora do best-seller "A Cidade Glo-bal" (1991), semana passada, em São Paulo, durante o seminário "Cidades e Territórios: Encontros e Fronteiras na Busca da Equidade", afirmou que são os prefeitos que estão lidando primeiro, "e de forma mais rápida" com os desafios da globalização – do drama dos refugiados e da violência policial à mudança climática.

Segundo ela, as cidades estão na linha de frente da globalização e os prefei-tos, independentemente do grau de autonomia e de orçamento que têm, encaram problemas, antes mesmo dos governos nacionais, e são muito mais capazes de “alienar ou integrar aquele que é diferente” além da manutenção de um “diálogo mais produtivo”.

Citou Bloomberg, prefeito de Nova York (2002 a 2013). Inspirado em Paris, ele fez o que parecia impos-sível para todos: levou as bicicletas para Nova York. Com a ajuda da sua secretária dos Transportes,

Janette Sadik-Khan, a quem Sassen denominou de “fenômeno”, espalhou ciclovias e faixas compartilhadas por toda a Big Apple, num estilo bem nova iorquino.

Para a escritora e especialista em es-tudar espaços que conseguem trans-formar seus habitantes em "sujeitos urbanos", há “um saber aí que viaja rápido”. Realmente, veja São Paulo, Rio, Fortaleza, Recife, BH, entre outras capitais, estão todas tomadas pelo mesmo modelo cicloviário.

Ela ainda falou sobre nossa capaci-dade “extraordinária de destruir o meio ambiente” e por isso estamos encolhendo os espaços aptos para a humanidade. Também, afirmou que prefere falar em "terra morta, água morta" ao invés de mudança climá-tica, pois este é um termo “muito ambíguo e quase” legal (cool, em inglês), é simplesmente, o mesmo que expressar: "nossa, vai mudar a temperatura". Realmente, a questão é muito maior.

CURTA

"A vida é assim, esquenta e esfria. O que ela quer da gente é coragem." Guimarães Rosa.

Dia 20 de JunhoInício do Inverno

Começou o inverno no

Hemisfério Sul. Segundo o Centro de Prevenção do Tempo e Estudos Climáticos (Ceptec), o inverno no Hemisfério Sul começou às 19h34 de ontem (20) e termina dia 22 de setembro, com o equinócio da primavera. Nesta estação que antecede a primavera e sucede o outono, e compreende os meses de junho, julho e agosto, as temperaturas são climatologicamente amenas. Nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste do País, este trimestre é considerado o menos chuvoso do ano no que se refere à distribuição de chuvas, e o principal sistema meteorológico é a frente fria.

De 21 e 22 de JunhoSustainable Brands Rio 2016

Hoje, começa a 4ª edição do Sustainable Brands Rio 2016, o mais influente evento de sustentabilidade dos Estados Unidos que acontece nos cinco continentes e este ano escolheu o Brasil como sede. O evento que tem o Propósito – Activating Purpose – como tema central, reunirá no Rio de Janeiro, pessoas e empresas preocupadas com a incorporação da sustentabilidade em seus projetos de negócios. O SB Rio 2016 acontece no Armazém Utopia, no Porto Maravilha, área revitalizada no

Centro, como um grande legado dos Jogos Olímpicos.

23 de junhoDia do Lavrador

Literalmente, o lavrador é o profissional que bota a mão na terra e, através do seu trabalho, contribui para que o alimento chegue à nossa mesa. Lavrar a terra é uma das principais fontes de renda na área rural do Nordeste, muitas famílias passam a profissão de geração em geração.

24 de junhoDia Internacional do Leite

Alimento considerado uma boa fonte de cálcio, vitamina D e proteínas. Segundo o Boletim Panorama do Leite, o consumo caiu e a estimativa de consumo do produto pelos brasileiros, em 2015, foi de 170 litros por habitante/ano. Ainda, de acordo com o Panorama, a retração no consumo de lácteos “é reflexo da recessão instalada no País, que gerou desemprego, inflação e reduziu a renda do brasileiro, o que levou a uma menor produção nacional”.

26 de JunhoDia Internacional da Luta contra o Uso e o Tráfico de Drogas

A Organização das Nações Unidas (ONU) designou 26 de junho como o Dia Internacional da Luta contra o Uso e o Tráfico de Drogas. O Brasil adotou-o como o Dia Nacional de Combate às Drogas. Combater o consumo dos entorpecentes é um desafio para todas as nações do mundo. Por isso, nesse dia, muitos setores realizam campanhas para conscientizar a população do perigo que o uso dessas substâncias traz para a sociedade. Afinal, consumir entorpecentes vicia e pode transformar o indivíduo em protagonista de cenas de violência domiciliar, crimes, roubos e acidentes.

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Evento comemora Dia do Combate à Desertificação

No dia 17, sexta-feira passada, a Assembleia Legisla-tiva do Ceará realizou sessão especial em comemoração ao Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca. A deputada Dra. Silvana, presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido, foi a ideali-zadora do evento e presidiu a solenidade, à qual compa-receram entre várias autoridades ambientais, o professor Artur Bruno, titular da Secretaria do Meio Ambiente do Estado – SEMA. Além da Sema, contribuíram para a rea-lizaçãodo evento a Secretaria dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará (SRH), Fundação Cearense de Meteoro-logia e Recursos Hídricos do Ceará (Funceme) e Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).

[email protected]

Medalha A presidente da Fundação Bernardo Feitosa, Maria Dolores de Andrade Feitosa, prestigiou a soleni-dade, posto que a “Medalha Ambientalista Joaquim Fei-tosa” foi concedida a em-presa que preserva o meio ambiente, desta feita à Cerâ-mica Torres de Melo Ltda. O nome da comenda homena-geia um mestre que dedicou a vida ao estudo e à pesquisa de mecanismos que mino-rassem as dificuldades cli-máticas do semiárido nor-destino. Era esposo de Dona Dolores, que dá continuida-de ao trabalho do marido.

Alerta A Dra. Silvana, que preside a Comissão de Meio Ambiente da AL, quer uma ação mais decidida do Par-lamento com vistas ao cum-primento das leis que tratam de desertificação, aprovadas pela Casa. Ela observou que as populações estão viven-do um estado de alerta em face do processo de deser-tificação em várias regiões do planeta. Constatamos o avanço desse processo em áreas do nosso Estado. Daí a importância do evento que chama a atenção para ado-ção de medidas urgentes de políticas públicas de estí-mulo à convivência com o semiárido.

Combate O secretário Artur Bruno, assegurou que Go-verno do Estado do Ceará, dentro do projeto “Ceará Sustentável”, tem traba-lhado em parceria com instituições congêneres "para preservar a caatinga e combater o processo de desertificação”. Lembrou que o Plano Estadual de Florestamento e Reflores-tamento faz parte do pro-grama “Ceará Mais Ver-de” e pretende aumentar o grau de reflorestamento do Ceará, com o objetivo de elevar a cobertura vege-tal do Estado.

Livros Na ocasião, foram lançados os livros “Deser-tificação, Degradação da Terra e Secas no Brasil” e “Degradação neutra da ter-ra: o que significa para o Brasil?”, apresentados pela Funceme e pelo CGEE. Os documentos, segundo Artur Bruno, são “fundamentais não só para o diagnóstico, mas para as ações necessá-rias de combate ao proces-so de desertificação”. Com efeito, somente uma boa educação ambiental conse-guirá a diminuição de práti-cas deletérias que ensejam o fenômeno da desertificação, decorrente “de nossas práti-cas contra o meio ambiente”.

DA REDAÇÃO DO OEV*[email protected]

A Secreta-ria Especial de Políticas sobre Dro-gas (SPD) realiza a II Semana Estadual de Políticas sobre Drogas. A vasta programação plane-jada, e aberta, ontem, estende-se até o dia 26, domingo. Tendo como tema, "Todos pela Pre-venção", o objetivo da SPD é chamar a atenção para as consequências do uso de álcool e outras drogas líticas e ilícitas em todas as esferas sociais.

A abertura oficial da Semana aconteceu, on-tem, na sede da SPD, e contou com a apresenta-ção de experiências exi-tosas da pasta, ao longo do seu primeiro ano de funcionamento, e com uma apresentação do Coral do Corpo de Bom-beiros do Ceará. A secre-tária Aline Bezerra anfi-trionou as autoridades e demais convidados.

Atividades nos terminais

Ainda no dia 20, no horário das 13 às 15 horas, a SPD levou pro-fissionais do Centro de Referência sobre Dro-gas (CRD) ao terminal de ônibus do Siqueira, em Fortaleza, com o objetivo de oferecer es-clarecimentos e orienta-

ções à população sobre as drogas e seus efeitos, além de ressaltar a im-portância de comporta-mentos saudáveis.

Hoje, das 8 às 12 ho-ras, o terminal de ôni-bus da Messejana será contemplado com ativi-dade de divulgação, que também será desenvol-vida nos terminais da Parangaba (dia 21, das 11 às 15 horas), Antônio Bezerra (dia 24, das 8 às 12 horas) e Papicu (dia 24, das 13 às 15 horas) e, ainda, no Shopping Benfica (dia 23 e 24, das 11 às 14 horas).

Arrasta Pé da Prevenção

Na sexta-feira, 24, a partir das 17 horas, a SPD estará no Arrasta Pé da Prevenção. A ini-ciativa é do projeto Cea-rá Pacífico do Governo do Estado e ocorrerá na Praça do Mirante, no bairro Vicente Pinzón. Uma das unidades mó-veis da pasta funcionará como estande da pasta. Além disso, a Secretaria coordenará exposição

de peças artesanais pro-duzidas a partir da efe-tivação do programa de prevenção Fortalecendo Minha Comunidade na-quela área de Fortaleza.

Ação Cidadania O ponto alto da pro-

gramação é a Ação Ci-dadania - Todos pela Prevenção, que aconte-cerá no sábado, dia 25, das 8h30 às 11h30. Será uma manhã de presta-ção de serviços, cidada-nia, orientação e enca-minhamentos, além de diversas atividades artís-tico-culturais.

Dentre os serviços a serem ofertados estão vacinação, aferição de pressão arterial, lanche, corte de cabelo, manicu-re, maquiagem, aplica-ção de flúor, orientações sobre saúde bucal, cál-culo de IMC, assessoria jurídica, distribuição de preservativos e de infor-mativos sobre HIV e Ae-des Aegypti, oficinas de arte, informações sobre câncer de mama, orien-tação sobre prevenção às drogas/encaminhamen-

tos na unidade móvel da SPD e

outros.

Passeio ciclístico

No do-mingo, dia 26, as ativi-

dades alusivas à II Semana

Estadual de Po-líticas sobre Drogas

serão concluídas com a realização do II Passeio Ciclístico Pedalando Pela Vida, com largada a partir das 7 horas, no anfiteatro do Parque do Cocó. A chegada ocor-rerá no mesmo local. O evento será desenvolvi-do em parceria entre a SPD e a Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas (CPDro-gas) da Prefeitura de Fortaleza.

As inscrições para o passeio, que marca a passagem do Dia Inter-nacional de Enfrenta-mento às Drogas, são gratuitas e estarão abertas até o dia 24 (sexta-feira). Os interessados devem acessar o site da CPDro-gas no endereço: www.fortaleza.ce.gov.br/cpdro-gas e clicar no banner para preencher a ficha de inscrição, que deve ser enviada para o e-mail [email protected]. Os 100 pri-meiros inscritos ganharão a camiseta do evento.

*Com informações da assessoria de imprensa da SPD.

II Semana Estadual de Políticassobre Drogas enfatiza a prevenção

DE 21 A 26 DE JUNHO

Secretaria coordenará vasta programação. Vai ter até o Arrasta Pé da Prevenção, na Praça do Mirante, no bairro Vicente Pinzón

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RESPONSABILIDADE SOCIAL

Intimamente ligada a uma gestão ética e transparente, a cada dia, cresce a consciência social das empresas. É uma nova postura para promover o bem

Um compromisso empresarialque vai além do lucro POR TARCILIA [email protected]

Oque está por trás da trajetória do jovem Axel, morador da pe-riferia de Fortaleza,

contemplado com uma bolsa de estudos de violão, em Nova York, a história do vendedor de águas engarrafadas, Paulo, da Praia de Iracema, e de uma companhia global de materiais de construção, que beneficiou 9,7 milhões de pessoas? A res-posta pode estar na Responsa-bilidade Social (RS).

Segundo o coordenador da Divisão de Responsabilida-de Social da Universidade de Fortaleza (Unifor), professor

Carlos Augusto Fernandes Eu-frásio, o conceito de RS impli-ca a noção de que uma empre-sa não tem apenas o objetivo de fazer lucro e beneficiar às pessoas que nela trabalham, também deve “contribuir so-cialmente” para todas as par-tes interessadas. “Desta forma, a responsabilidade social mui-tas vezes envolve medidas que trazem cultura e boas condi-ções para a sociedade”, disse.

Exemplo do BenficaÉ o caso de Axel Brendo

(17), contemplado em 2015 com uma bolsa de estudos de violão, em Nova York. Tudo começou quando o jovem morador do Novo Mondubim

participou de uma ação de RS do Shopping Benfica, que financia, desde 2004, os estu-dos de jovens de comunidades carentes, desde o nível funda-mental até o superior. Para a empresa “o crescimento pes-soal e profissional depende da educação”.

Além de preparar o alu-no para o mercado de traba-lho, os jovens têm a chance de conquistar uma formação profissional por meio de uma das extensões do projeto, o Eduque Bem Artes, que desde 2008, em parceria com o Con-servatório de Música Alberto Nepomuceno, ensina violão, flauta e canto. Além de apre-sentações no shopping e no

próprio conservatório, os alu-nos também mostram seus ta-lentos em outros palcos.

Axel e a irmã Maíra Ketley Cruz (16) ensinaram aos qua-tro irmãos mais jovens – Maira Cecília da Silva Cruz (13) que toca clarinete, Mirian Brando da Silva Cruz (12), Mérian Vi-tória da Silva Cruz (11), vio-loncelistas e Alison Bruno da Silva Cruz (09), pianista – o que aprenderam no Benfica.

Segundo a assessoria do shopping, a dupla tomou gosto e, com apoio da família, cria-ram o projeto social Acordes Mágicos, no Novo Mondubim. Ensinam crianças carentes a tocar instrumentos musicais. “São mais de 300 alunos que,

sem pagar nada, ganham a chance de reescrever a história de suas vidas e de suas famí-lias”, esclarece a assessoria de imprensa do shopping. A or-questra do Acordes Mágicos já realiza apresentações.

Ética e transparênciaHoje, as empresas querem

associar suas marcas a proje-tos, iniciativas e parcerias com ONGs. De acordo com o pro-fessor Eufrásio, cada vez mais, têm uma consciência social. “RS empresarial está intimamente li-gada a uma gestão ética e trans-parente que a organização deve ter com suas partes interessadas, para minimizar seus impactos negativos no meio ambiente e

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na comunidade.”A ideia de responsabilidade

social foi levantada entre o fi-nal do século XIX e início do século XX. Sua popularização ocorreu nos anos 60 nos EUA e na Europa, no Brasil só no início dos anos 80. Atualmen-te, o assunto possui uma vasta literatura e recebe vários sinô-nimos como: responsabilidade social corporativa e empresa-rial, cidadania corporativa, ci-dadania empresarial. O termo é considerado como uma pos-tura voltada para a prática de promover o bem.

Filantropia e caridadeMas RS não é apenas filan-

tropia ou caridade. Confor-me professor Eufrásio, alguns autores até entendem a filan-tropia como um estágio de pré-responsabilidade social. Enquanto filantropia volta-se para ações externas à empresa, através de “doações simples”, onde está intrínseco o dever moral por parte do doador e a premissa é o assistencialismo, não necessitando de planeja-mento, organização, acompa-nhamento e avaliação.

“A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) trata di-retamente da condução e dos negócios da empresa. Englo-ba preocupações com todos os públicos da organização: acionistas, colaboradores, prestadores de serviço, forne-cedores, consumidores, comu-nidade, governo e meio-am-biente. Envolve o dever cívico, de promoção à cidadania, de-senvolvimento social e está fo-cada nas transformações e não na caridade”, explica.

Uma boa história é a do vendedor e entregador de água engarrafada, Paulo. Morador da Praia de Iracema, sem em-prego fixo, ele sempre viveu de “bicos”. Dentre os seus tantos “clientes”, um advogado que preferiu não ser identificado, resolveu que deveria ajudar o trabalhador, que há anos “pega duro no batente”, mas nunca tinha tido uma oportunidade de melhorar de vida.

Ele comprou 100 garrafões, alugou e montou um ponto com mesa, cadeira, comprou uma bicicleta, além de organi-

zar a situação contábil do disk água e ainda é “um dos me-lhores fregueses”, como disse à nossa reportagem, o empreen-dedor individual. “Ele fez por-que tem recursos e porque quis me ajudar a melhorar a minha vida. Ele é gente boa”, contou Paulo.

SustentabilidadeA pesquisadora, Fernanda

Gabriela Borger, professora da Fundação Instituto de Admi-nistração (FIA) da USP, acres-centa a variável sustentabili-dade no conceito. Em artigo publicado no portal do Insti-tuto Ethos (www3. ethos.org. br), e afirma que a responsa-bilidade social e a sustentabi-lidade “trazem para o modelo de negócios a perspectiva de longo prazo, a inclusão siste-mática da visão e das deman-das das partes interessadas, e a transição para um modelo em que os princípios, a ética e a transparência precedem a implementação de processos, produtos e serviços”.

CemexCom o mesmo propósito do

advogado que auxiliou Paulo, guardando as proporções, a companhia global de materiais de construção, Cemex, anun-ciou, dia 19 de maio que, até o ano de 2020, espera melho-rar a qualidade de vida de pelo menos 15 milhões de pessoas através de programas e mo-delos de valores que trans-formam desafios globais em oportunidades e geram im-pacto social positivo.

Alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), anunciados em setem-bro de 2015, pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Cemex fornece produtos em mais de 50 países, e tem par-ticipado “ativamente” na cria-ção de oportunidades, através de empresas sociais e inclusi-vas, do desenvolvimento de comunidades sustentáveis e na capacitação de mulheres e jovens. Até agora, todas as iniciativas já permitiram be-neficiar mais de 9,7 milhões de pessoas. Saiba mais em www.cemex.com/Sustainab-leDevelopment.

Partindo do conceito de que “responsabilidade social é o compromisso que se tem em agir com ética e transparência, respeitando os atores sociais e assumindo um compromisso com o desenvolvimento sus-tentável”, o professor Eufrá-sio destaca, dentre os vários atores sociais no Ceará, ações da Coelce, empresa do Grupo Enel, e a Unifor.

Segundo Eufrásio, a pri-meira apresenta no seu pla-nejamento de marketing, compromisso comunitário e ambiental. “Compromete-se com o respeito, transparência e competência em minimizar os impactos ambientais reduzin-do os efeitos da interferência de suas atividades sobre o meio ambiente.” Ele cita o Programa Ecoelce que tem como meta o estímulo à coleta seletiva, além de atuar como fator de susten-

tabilidade e diminuição da dí-vida de energia elétrica da po-pulação de baixa renda.

Eufrásio destaca, também, a Unifor que vem se consolidan-do no cenário nacional como instituição socialmente res-ponsável face aos diversos pro-jetos e ações desenvolvidos a exemplo: Projeto Jovem Volun-tário, Projeto Educação e Saú-de na Descoberta do Aprender, Centro de Formação Profis-sional, Projeto Agente Vare-jista, Projeto Cidadania Ativa, Escola de Aplicação Yolanda Queiroz, Escola de Esportes para crianças da Comunidade do Dendê, Projeto Arte Educa-ção, em que alunos de escolas públicas são convidados para visitar as exposições no Espa-ço Cultural Airton Queiroz, na Unifor, arcando a Universida-de com todas as despesas com transporte e lanche.

Bons exemplos deResponsabilidade Social

Compensação de GEE

O que é a ISO 26000

A ISO 26000 é a primeira norma internacional de Responsabilidade Social Empresarial. Ela começou a ser desenvolvida em 2005 e sua versão final foi publica-da no final de 2010. O do-cumento tem como objetivo traçar diretrizes para ajudar empresas de diferentes por-tes, origens e localidades na implantação e desenvolvi-mento de políticas baseadas na sustentabilidade.

A norma foi construída com a participação de diver-sos setores da sociedade, em todo mundo, e liderada por um brasileiro: o engenhei-ro Jorge Cajazeiras, então responsável pelo Grupo de Trabalho e Responsabili-dade Social da ISO (Inter-national Organization for Standardization).

Tem proposta de servir como um importante norte para as corporações e não como uma certificadora. Os sete princípios da ISO 26000 são: responsabilidade; trans-parência, comportamento ético; consideração pelas partes interessadas; legalida-de; normas internacionais; direitos humanos.

Um exemplo brasileiro de empresa que investe em ações de responsabilidade social e am-biental é a MRV Engenharia. A construtora vai realizar a com-pensação de 100% de suas emis-

sões de GEE, diretas e indiretas, pelo consumo de energia referen-te ao ano de 2015, sob seu contro-le. Além disso, também garantiu novamente sua entrada no GHG Protocol, programa aderido no ano passado e que tem como objetivo estimular a cultura cor-porativa para a elaboração, pu-blicação e verificação externa de inventários de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE).

A construtora criou também, o Instituto MRV, que estabelece parcerias e implanta projetos que podem auxiliar pessoas de todo o Brasil, além de incentivar o voluntariado para os mais de 30 mil colaboradores da compa-nhia. “Temos a convicção de que as empresas bem-sucedidas pre-cisam assumir responsabilida-des diante da sociedade”, disse o presidente Eduardo Fischer.

O Instituto é uma organiza-ção sem fins lucrativos cuja mis-são é promover a transforma-ção social do país por meio da educação, preparando cidadãos para a vida e formando os rea-lizadores do futuro.

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6 VERDE

Na semana passada, inú-meros especialistas de vários setores industriais e governa-mentais estiveram reunidos na Fiec, discutindo e debatendo o Painel Rotas Estratégicas da Indústria Alimentar e elenca-ram três visões de futuro com temas aparentemente para-lelos, mas que podem muito bem dialogar entre si. As te-máticas são “cadeias produti-vas”, “produtos e mercados” e “tecnologia e inovação”.

As “visões” são os desejos que os especialistas acreditam alcan-çá-los com as temáticas para o segmento até 2025. O Painel com especialistas da Indústria Agroalimentar, do Projeto Ro-tas Estratégicas. Essa é uma das 13 Rotas Estratégicas organi-zadas a partir dos 17 setores e áreas priorizados como Setores Estratégicos para o Ceará.

DebatesDos cerca de 30 especia-

listas participantes, estavam

empresários dos segmentos de alimentos (pesca, sorvetes, carnaúba, caju, sal, lacticínios, pães, massas e trigo), além de representantes de universi-dades, institutos de pesquisa, bancos e supermercadistas. O presidente do Conselho Te-mático de Cadeias Produtivas e Agronegócios da Fiec, Bessa Júnior, avalia como muito boa a metodologia do projeto que coloca os grupos para cons-truir algo consistente.

"Tivemos aqui a universi-dade, institutos de tecnologia, produtores, supermercadistas. Todos se conhecendo para construir uma agenda positi-va", elogia. Segundo ele, o que foi consenso nas três visões é a questão das políticas públicas. "Nós precisamos modernizar e avançar nas políticas públicas. Desde o desenvolvimento de tecnologia, nas questões tra-balhistas e tributárias, melho-ria da logística, infraestrutura com manutenção de estradas,

água e energia", sugere.Participante das iniciativas

do Programa para Desenvolvi-mento da Indústria desde 2014, no Projeto Portadores de Futu-ro, que originou o Rotas Estra-tégicas, o agente de Desenvol-vimento da Superintendência do Banco do Nordeste, José Alves Teixeira, ressalta que esse trabalho reforça os objetivos e missões do Banco do Nordeste enquanto órgão de desenvol-vimento regional através do apoio financeiro ao setor pro-dutivo, contemplando todos os segmentos da economia.

Rotas seguem...Os especialistas que qui-

serem ainda contribuir com o painel Rotas Estratégicas da In-dústria Agroalimentar, poderão fazê-lo por meio de um endereço eletrônico que será enviado por e-mail. O Projeto Rotas Estra-tégicas é a maior ferramenta do Programa para Desenvolvimen-to da Indústria da FIEC, que pre-

vê uma série de ações, atividades e projetos de inovação visando a promoção da indústria. As ini-ciativas recebem apoio da Con-federação Nacional da Indústria (CNI) e do Sebrae.

Sobre as RotasO projeto Rotas Estratégi-

cas Setoriais tem o objetivo de construir coletivamente, com especialistas da academia, setor produtivo e governo, caminhos possíveis de desenvolvimento para os segmentos e áreas estra-tégicas, com a identificação de entraves existentes, ações reso-lutivas estratégicas e tecnologias--chaves para a competitividade do setor, compilados e ilustrados em forma de roadmaps – mapas com o futuro desejado, desafios e propostas de ações. Para nortear o trabalho durante os paineis, fo-ram elaborados estudos socioe-conômicos com diagnósticos, levantamento de tendências tec-nológicas, ativos de pesquisas, desenvolvimento e inovação.

Especialistas discutem visões parafuturo da indústria alimentar

ROTAS E PROJEÇÕES

O debate faz parte do projeto Rotas Estratégicas Setoriais, que visa encontrar soluções para 17 setores do Estado

FOTO J SOBRINHO

Especialistas de vários setores da indústria debateram visões de futuro relativas ao agronegócio

Coleta seletiva aumenta 138% desde aprovação da PNRS

O Compromisso Empresa-

rial para a Reciclagem (Cem-pre) acaba de divulgar a Pes-quisa Ciclosoft 2016 com os avanços da coleta seletiva em cidades brasileiras. Realizado pelo Cempre a cada dois anos, o estudo revela que apesar da evolução crescente do enga-jamento dos municípios des-de a promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) em 2010, a velocidade de adesão ainda é menor que o desejável.

Segundo a pesquisa, desde a aprovação da PNRS, ocor-reu um aumento de 138% no número de cidades que desen-volvem programas de coleta seletiva. Apesar do aumento expressivo, o índice representa apenas 18% do total de cidades em todo Brasil.

O estudo aponta que a con-centração dos programas mu-nicipais de coleta seletiva per-manece nas regiões Sudeste e Sul do País, totalizando 81%. Do total de municípios brasi-leiros que realizam esse servi-ço, 8% estão na região Centro--Oeste, 10% na região Nordeste e apenas 1% na região Norte do País. No total, estima-se que apenas 31 milhões (o equiva-lente a 15%) de brasileiros têm acesso aos programas munici-pais de coleta seletiva. Esse ín-dice sofreu pequena elevação, se comparado à edição anterior do estudo, quando esse núme-ro atingia 13% da população.

CURTA

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Glossário Energia Fotovoltaica: é a energia obtida atra-vés da conversão direta da luz em eletricidade, sendo a célula fotovol-taica, um dispositivo fabricado com material semicondutor, a unida-de fundamental desse processo de conversão

Mw: Megawatt

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FOTOS NAYANA MELO

POR FELLIPE MÁLAGAE ANATÁLIA [email protected]

Na última sexta-feira (17), a Assembleia Legis-lativa foi palco de uma sessão especial dedicada ao Dia Mundial de Com-bate à Desertificação e à Seca, processo de mo-dificação ambiental ou climática que leva à for-mação de uma paisagem árida ou de um deserto propriamente dito – que foi tema do nosso ca-derno anterior –, e dois livros referentes ao tema foram lançados na oca-sião: “Desertificação, de-gradação da terra e seca no Brasil” e “Degradação neutra da terra, o que sig-nifica para o Brasil?”.

O primeiro trabalho contou com a chancela da Fundação Cearense de Meteorologia e Recur-sos Hídricos (Funceme) e o presidente do órgão, Eduardo Sávio Martins, destacou os problemas da desertificação no Estado. “Todo o nosso território é passível de se transfor-mar em deserto, 13% da nossa terra já é, então o trabalho e os esforços precisam ser contínuos, leva-se muito tempo para

recuperar áreas assim”, alerta Eduardo.

Evolução?Já “Degradação neutra

da terra, o que significa para o Brasil?” foi apre-sentado pelo coordenador de pesquisa do Centro de Gestão e Estudos Estraté-gicos (CGEE), Rocha Ma-galhães, cujo projeto nas-ceu durante a conferência ambiental Rio +20, onde o tema “desertificação do Nordeste” foi debatido. Sobre o combate aos pro-

blemas com tal processo, Magalhães destacou ain-da há muito que fazer.

“O Ceará evoluiu bas-tante na gestão de recur-sos hídricos, é, sem dú-vidas, o estado que mais avançou nesse sentido, pelo menos do ponto de vista do conhecimento. Porém, falando de ações concretas, não se progre-diu muito, infelizmente. A degradação de terras continua se expandindo pelo Nordeste e preci-so freá-la urgentemente.

Nós estamos lutando por melhorias sempre”, salien-taou o especialista.

Especificamente sobre o livro, Rocha Magalhães destacou que a publica-ção reúne as principais conclusões e pontos im-portantes debatidos em uma oficina técnica, que reuniu um grupo de es-pecialistas para discutir as implicações para o Brasil da degradação das terras. As duas publicações estão disponíveis para down-load no portal do CGEE.

RECONHECIMENTO

Publicações abordam a degradação de terras e preocupações com o processo no País; prêmio Joaquim Feitosa vai para empreendimento de Sobral

Desertificação é tema de sessão especialna AL; Cerâmica Torres ganha prêmio

Prêmio Joaquim Feitosa à Cerâmica Torres A solenidade na AL ainda reservava outro momento especial, a entrega do prêmio Ambientalista Joaquim Feitosa. O empreendimento agraciado em 2016 com a nobre honraria foi a Cerâmica Torres, de Sobral. Fernando Ibiapina (foto), engenheiro e responsável pela empresa de 1983, recebeu das mãos do secre-tário de Meio Ambiente, Artur Bruno, a medalha.“Esse prêmio é importante demais pra nós, um reco-nhecimento a quem preserva e valoriza a Caatinga. Causa até surpresa, uma cerâmica – que às vezes é taxa-da como devastadora – ser lembrada, mas nós usamos a Caatinga de forma sustentável, respeitamos os limites da natureza, ela é nosso combustível e sendo bem tratada sempre nos será útil, pois é um bem renovável. A consciência vem em primeiro lugar”, explica Ibiapina.

Assembleia Legislativa dedicou sua sessão ao Dia Mundial de Combate a Desertificação

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