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O ESPAÇO GEOGRÁFICO E CARTOGRÁFICO DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS BRASILEIRAS

Maria Aparecida Gomes1

Cleres do Nascimento Mansano2

Resumo

A proposta deste trabalho surgiu em razão da obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica de todo o país, como rege a Lei 10.639/03, em que os conteúdos referentes à temática devem ser ministrados em todas as disciplinas do currículo básico, diante da diversidade cultural existente em nosso meio social e da necessidade de produzir material didático-pedagógico. Utilizando a perspectiva geográfica e cartográfica, buscou-se despertar nos alunos do 7º ano C do Colégio Estadual Duque de Caxias, no ano de 2010, o interesse pelos aspectos da História e da Cultura Afro-Brasileira e Africana, objetivando proporcionar estudos sobre os territórios quilombolas e sua importância na formação social e econômica da nação brasileira, por meio de pesquisas bibliográficas e da linguagem cartográfica. As práticas pedagógicas desenvolvidas – sondagem cartográfica, atividades de pesquisa, leitura e interpretação de textos, leiturização de mapas e elaboração de portfólio – proporcionaram-lhes condições para reflexões e construção de conceitos a fim de reconhecer a importância dos recursos cartográficos como mediadores para se entender a espacialidade dos fenômenos ocorridos nesse contexto. Como resultado deste estudo, espera-se maior compreensão e assimilação do conteúdo em estudo, mudanças de postura em relação ao afrodescendente e contribuição para o processo ensino aprendizagem da escola pública.

Palavras-chave: Afro-brasileira; geografia; cartografia; territórios; quilombos.

1 Especialização em Geociência Aplicada ao Meio Ambiente – UEM – Universidade Estadual de

Maringá, Graduação em Estudo Sociais – FAFIU – Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Umuarama, professora de Geografia, lotada no Colégio Estadual Duque de Caxias. E.F.M. 2 Professora da Área de Ensino do Departamento de Geografia – UEM – Maringá e do Ensino Básico-

Col.Est. João de Faria Pioli - Ens.Fund e Médio, Maringá - PR. Especialista em Administração, Supervisão e Orientação Educacional pela Unopar – Londrina- Paraná. Mestre em Educação para Ciência e o Ensino da Matemática pela UEM e Doutoranda em Geografia, pela Universidade Estadual de Maringá.

2

INTRODUÇÃO

A intenção desse trabalho surgiu da necessidade de produzir material

didático-pedagógico geográfico, com destaque os aspectos da história e da cultura

afro-brasileira e africana; ressaltando como exemplos os espaços territoriais

remanescentes de quilombos identificados no Brasil e no Paraná; e para que os

professores possam fazer sua utilização com alunos do Ensino Fundamental,

visando à melhoria da qualidade da educação ofertada nas escolas públicas

paranaenses, visto que esse material é escasso em nossas escolas.

Trabalhar o tema – Aspectos da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana

sob uma Perspectiva Geográfica e Cartográfica - neste artigo - é o primeiro passo na

trilha da reconstrução de uma face do passado da sociedade brasileira que é a

formação e a ocupação do território brasileiro em seus aspectos socioculturais e

econômicos, que ainda é vista com preconceitos na sociedade brasileira e

paranaense.

Considerando a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-

Brasileira e Africana na Educação Básica de todo o país, amparada pela Lei

10.639/03, que é ampla nos seus aspectos sociais, sendo necessário que haja o

reconhecimento justo em relação aos diversos fatores da participação dos

afrodescendentes na formação da nação brasileira. Por se referir a dois espaços

geográficos continentais: África e Brasil, que por um período histórico e cultural

longo, tem como principal tarefa de fazer a ponte de conhecimentos entre os

elementos da historiografia e da cultura africana e dos afrodescendentes que

repercutem em âmbito local, regional e global (PARANÁ, 2006).

Sendo assim, considera-se de suma importância a aplicabilidade desse

trabalho, visto que a Geografia é a área do conhecimento que contribui para a

formação humana, com o sentido de identidade relacionado ao vínculo com o

território. A Geografia, segundo Anjos (2005), tem por finalidade tornar os

acontecimentos do mundo e suas mudanças compreensíveis para a sociedade, dar

explicações para as transformações territoriais e de apontar soluções para melhor

estruturação do espaço. Portanto, é uma disciplina fundamental na formação da

cidadania brasileira, pois apresenta grande diversidade étnica, socioeconômica e

distribuição espacial.

3

Utilizando a perspectiva geográfica e cartográfica foi possível despertar nos

alunos o interesse pelo estudo da cultura afro e oferecer-lhes condições para

pesquisas, leituras, análises de mapas e gráficos relacionados à formação e

ocupação do território brasileiro, reflexões e construção de conceitos a fim de

reconhecer a importância dos recursos cartográficos como mediadores para se

entender a espacialidade dos fenômenos ocorridos nesse contexto; possibilitando

maior compreensão do conteúdo em estudo.

Este artigo tem como objetivo geral apresentar resultados dos estudos

realizados – sobre os territórios quilombolas e a sua importância na formação social

e econômica da nação brasileira, por meio de pesquisas bibliográficas e da

linguagem cartográfica. Buscou, especificamente, valorizar a diversidade étnica,

estimulou valores e comportamentos de respeito e solidariedade, em relação à

população negra, afro-brasileira ou afrodescendente existente no contexto escolar e

na sociedade; localizar e mapear os territórios em estudo (Brasil/África); conceituar o

termo “quilombo” no contexto da construção do território brasileiro e paranaense;

identificar a contribuição das comunidades tradicionais dos antigos quilombos e dos

remanescentes contemporâneos nas diferentes regiões brasileiras, mapeando as

principais atividades econômicas do país; identificar e localizar alguns dos principais

quilombos no espaço territorial brasileiro e paranaense; discutir a questão da

identidade e da cultura dos quilombolas no território brasileiro.

A aplicação deste projeto foi no Colégio Estadual Duque de Caxias – Ensino

Fundamental e Médio, com os alunos do 7º ano (6ª série) do Ensino Fundamental do

período vespertino na forma de implementação pedagógica, respaldada na

perspectiva teórico-crítica, presente nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica

que afirma:

[...] contextualizar o conteúdo é mais do que relacioná-lo à realidade vivida do aluno, é, principalmente, situá-lo historicamente nas relações políticas, sociais, econômicas, culturais, em manifestações espaciais concretas, nas diversas escalas geográficas. [...] O professor deve, ainda, conduzir o processo de aprendizagem de forma dialogada, possibilitando o questionamento e a participação dos alunos para que a compreensão dos conteúdos e a aprendizagem crítica aconteçam. (PARANÁ, 2008, p. 75 e 76).

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA/ REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este trabalho visou promover o conhecimento e o respeito à diversidade

étnica e cultural no contexto escolar do Colégio Estadual Duque de Caxias.

A base principal da fundamentação do presente projeto foi a Lei Federal nº.

10.639/03, promulgada em 09 de janeiro de 2003 pelo então Presidente da

República devendo ser colocada em prática nas escolas. E, para que isso aconteça,

segundo o Parecer do CNE/CP nº 03/04, é preciso adequar e revisar todo o currículo

escolar, afinal, os conteúdos referentes à História e à Cultura Afrobrasileira e

Africana serão ministrados obrigatoriamente em todas as áreas do conhecimento, ou

seja, em todas as disciplinas do currículo básico. Sendo assim, a referida Lei alterou

a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da

Educação nacional, acrescentando os seguintes artigos de acordo com o caderno

temático: inserção dos conteúdos de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nos

currículos escolares (PARANÁ, 2008, p. 05).

Art. 26- Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.

§ 1º- O conteúdo programático a que se refere o Caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.

§ 2º- Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão minstrados no âmbito de todo o Currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileira.

Art. 79-B- O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”.

Contudo, para que haja efetiva inserção de tais conteúdos no cotidiano

escolar, é preciso que os/as professores/as façam uso de subsídios teóricos,

práticos e metodológicos para que os/as alunos/as tenham, por meio do ensino-

aprendizagem, um novo olhar sobre a África e a diversidade cultural dos povos que

5

nela viveram e para o Brasil vieram.

Segundo Correa (2010), a Lei 10.639/03 é fruto de reivindicações da

comunidade afrobrasileira e de lutas do Movimento Negro. Para que a formulação de

projetos empenhados na valorização da história e cultura dos afro-brasileiros e

africanos aconteça, faz-se necesssário o apontamento de diretrizes capazes de

incluir a participação desse grupo (população negra) no currículo escolar e

principalmente no livro didático.

Na busca do cumprimento dos preceitos legais citados na vigente lei, torna-se

um desafio cumprir o direito que a constituição nos dá do conhecimento da nossa

história e da nossa cultura. Segundo Gonçalves (1985, p. 93 apud PARANÁ, 2006).

Os obstáculos à aplicação da lei estão na falta de hábito em contemplar os afrodescendentes com sua história e cultura. Em contemplar com benefícios que são de direito. O país ficou mal acostumado na sua história em não realizar nada de importante e específico para os afrodescendentes. O erro do silêncio sobre esta história e cultura se uniu a preconceitos e discriminações e tornou natural a ausência destes conhecimentos.

Os profissionais de ensino e instituições governamentais devem fazer valer o

cumprimento dessa Lei, pois de acordo com o caderno temático/História e Cultura

Afro-Brasileira e Africana (PARANÁ, 2006), uma dificuldade para a implantação da

referida lei está na resistência da maioria dos educadores em reconhecer a

importância da historiografia e cultura africana na compreensão do desenvolvimento

socioeconômico do Brasil. Portanto, compete a nós, professores de Geografia,

também buscar subsídios que contribuam para o entendimento da temática

proposta. Pois, conforme Rua, (2005, p. 3):

A Geografia tem atuação privilegiada dentro do elenco de disciplinas, pois favorece uma maior interação entre o ambiente mais restrito do aluno e o mundo do qual faz parte, fornecendo uma visão mais completa do complexo social – o espaço construído pelo trabalho humano, ao longo de um processo histórico. Essa integração deve ser interpretada como capacidade de refletir criticamente sobre a sociedade em que vive e sobre o espaço que ocupa e, muitas vezes, ajuda a construir.

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Historicidade

O processo de formação territorial que será tratado nesta temática, iniciou

com o Brasil-Colônia, quando a escravidão foi difundida no território brasileiro e

perdurou por vários séculos3. O ensino da Historiografia no Brasil sempre se utilizou

de uma visão eurocêntrica, contando os grandes feitos das conquistas europeias e

desconsiderando milênios de História e conflitos de diferentes povos e civilizações

que também contribuíram para o desenvolvimento da humanidade.

Conforme Anjos (2009), para os povos europeus não interessavam somente

as grandes extensões territoriais e suas riquezas aqui encontradas, mas também

os homens, necessários aos colonizadores para trabalharem no cultivo e na

exploração das minas; instituindo assim, um novo período de escravidão humana,

associada ao acúmulo de bens, estruturado num sistema socioeconômico e

jurídico, que vai possibilitar o desenvolvimento de uma grande empresa comercial.

Com isto, o sistema escravista difundiu o capitalismo4 e favoreceu o enriquecimento

de países europeus; e consequentemente desestruturou o continente africano.

Segundo o Caderno temático dos desafios educacionais 5: Educando para

as Relações Étnico-raciais II, o Estado do Paraná está inserido neste contexto

histórico a partir da conquista que impõe formas de uso do território e do trabalho: a

primeira referência à presença portuguesa no atual território paranaense se deu em

1585, quando uma bandeira cativadora de índios foi lançada contra os carijós de

Paranaguá (PARANÁ, 2008). Cabe ressaltar que “a mão-de-obra escravizada

indígena coexistiu com a africana, embora a escravização de africanos tivesse

maior importância econômica” (MOTA, 1994. Apud PARANÁ, 2008, p.54).

O Paraná, por muito tempo, foi considerado um espaço de colonização

eminentemente europeia, onde a visibilidade afrodescendente foi omitida ou negada

por vários segmentos da sociedade paranaense.

3 Durante mais de três séculos, a escravidão das populações negras foi um dos meios utilizados

pelos europeus para garantir o desenvolvimento da economia colonial latino-americana, transformando-se na mola propulsora das mais diferentes atividades produtivas, seja no campo ou na cidade. (TRECCANI, 2006, p. 29) 4 O escravismo moderno floresceu com a expansão do capital mercantil e foi um dos fatores da

acumulação capitalista, que transformou profundamente as relações econômicas viabilizando o surgimento da produção capitalista, A escravidão moderna foi fruto do mercado” (MARTINS,1993,p.163-164/ Apud. Cadernos temáticos dos desafios educacionais 5. Educando para as Relações étnico-raciais II (PARANÁ/2008).

7

Segundo estudos realizados é possível concluir que a colonização europeia

no Estado do Paraná foi relevante a ponto de ser considerada predominante na

economia e na sociedade paranaense. A princípio criou-se uma política silenciosa de

negação quanto à participação do afrodescendente, bem como suas origens étnicas

não-ocidentais no território paranaense. Por essa razão, formou-se uma ideologia de

que não havia a participação desse grupo étnico (negros africanos e

afrodescendentes) no processo de formação e ocupação do território desse Estado.

Essa questão passou a ser objeto de estudos, especialmente a partir da

criação do grupo de trabalho Clovis Moura no Estado do Paraná, em que muitas

pesquisas de campo foram realizadas no sentido de desmistificar e garantir os

direitos territoriais dos descendentes africanos que para essa região do país foram

trazidos na época da escravidão colonial.

É evidente que para reverter esse quadro muitas ações e políticas públicas

serão ainda necessárias no sentido de reconhecer a importância da etnia africana na

economia inicial do Estado.

Conforme o Caderno temático dos desafios educacionais 5: Educando para

as Relações Étnico-raciais II (PARANÁ, 2008), o processo de territorialização negra

no Estado do Paraná teve início no litoral em meados dos séculos XVII e XVIII com a

expansão das frentes de mineração – quando os colonizadores aparecem em posse

de africanos escravizados como força de trabalho, principalmente de Angola, Guiné

e Moçambique – à procura de ouro, expandindo a mineração na mesorregião do

Vale do rio Ribeira e, posteriormente o tropeirismo que envolve as regiões dos

Campos Gerais e o Norte Pioneiro, originando os primeiros núcleos de povoamento.

Com o declínio da mineração e o desenvolvimento das culturas de cana,

mandioca, café, feijão, fumo, milho e, mais tarde com a monocultura do arroz, houve

a intensificação de mão de obra escravizada ou afrodescendente, possibilitando a

territorialização autônoma desses sujeitos em quilombos, que se formaram por

libertação de possível compra favorecida pela mineração clandestina junto aos seus

senhores ou por fugas de escravizados e até mesmo por herança recebida em forma

de gratidão dos escravizadores, na qual os incluíam como beneficiários de seus

inventários de bens. Processo esse que se intensificou com a abolição de 1888.

A partir desse processo surgiram comunidades que se autodeclararam

remanescentes de quilombos em alguns municípios do Estado do Paraná. A

8

ocupação do território também foi favorecida pelo tropeirismo, pois a existência dos

grandes latifúndios estava ligada ao caminho das Tropas que originaram algumas

cidades (Palmas, Guarapuava, Piraí do Sul, Castro, Ponta Grossa, Campo Largo,

Lapa, entre outras) com localização de quilombos atualmente.

Segundo Santos (1974), em meados do século XIX, as fazendas de criação

de gado no Paraná se encontravam ligadas ao trabalho dos

afrodescendentes/africanos escravizados e/ou libertos. Relação essa que em

alguns casos permaneceu durante o século XX em diferentes regiões do Estado.

De acordo com os estudos de Anjos (2009), o sistema escravista colonial

desencadeou a saída de um grande contingente de africanos, como elemento

formador da configuração do mundo contemporâneo. Muitos territórios foram

construídos e ocupados pela movimentação das migrações, sendo elas forçadas ou

não. O Brasil é a unidade política que registra as maiores estatísticas de

importações forçada ao longo dos séculos XVI e XIX, questão básica para se

compreender, respeitar e valorizar as diferenças étnicas e culturais existentes no

país. Os territórios quilombolas, referidos como espaços constituídos no passado,

estabeleceram no Brasil, e ainda estabelecem fatores mais significativos de

resistência cultural contra os sistemas escravista e a isenção social, configurando-

se o fator territorial mais importante, dispersado por quase todo o Brasil no período

colonial.

Ainda, segundo Anjos (2009), o efetivo desenvolvimento de atividades

econômicas em todos os espaços geográficos do território possibilitou a

sustentação do comércio transatlântico (África, Brasil e Europa) por quase quatro

séculos. Ressaltando que foram as regiões geográficas do Brasil de interesse

econômico europeu que detiveram os maiores fluxos de populações africanas

escravizadas.

De acordo com as pesquisas realizadas e referenciadas, ficou evidente que o

negro teve importante papel na formação do território brasileiro, pois participou de

todos os ciclos econômicos com sua força braçal, ou seja, mediante o trabalho

escravo, trazendo consigo seus hábitos e costumes. Por isso, por mais que se

relegue, não há como omitir a contribuição do negro africano para a nossa formação

social, tecnológica, demográfica e cultural que ao longo dos séculos foi preservada e

recriada.

9

A população de origem africana é responsável também pela introdução das

técnicas de mineração, agricultura, medicina, tecelagem, metalurgia, cerâmica, entre

outras.

Conclui-se, portanto, que os negros africanos deram uma contribuição muito

importante para a formação cultural e territorial do Brasil. Depois de serem

submetidos a uma migração forçada, os negros foram levados a mudar sua maneira

de viver, tendo que se adaptar aos novos costumes e às tradições do território

ocupado. “Ao incorporarem elementos africanos ao seu dia-a-dia nas lavouras, nos

engenhos de açúcar, nas minas e nas cidades, construíram uma nova identidade e

nos legaram o que hoje chamamos de cultura afro-brasileira” (SOUZA, 2006, p.7).

Geograficidade: Quilombos e Territórios

Com base em diferentes referenciais teóricos metodológicos da Geografia e

áreas afins e também de conceitos, buscou-se compreender o processo de

formação dos territórios e a identidade dos quilombos, bem como sua localização

nas diversas regiões do país.

Na atualidade, a informação da existência de muitas centenas de

comunidades quilombolas espalhadas por todas as regiões brasileiras ainda

costuma causar surpresa à informação. Para a maioria das pessoas, quilombo é

algo do passado, que teria desaparecido com o fim da escravidão. Nesse sentido, é

importante ressaltar as comunidades remanescentes de quilombos que ainda são

desconhecidas por grande parte dos brasileiros. Assim, segundo registros da

Fundação Cultural de Palmares 5, estão identificadas no Brasil, oficialmente de

acordo com o artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT

da Constituição Federal (BRASIL, 1988) – que prevê o reconhecimento e a titulação

de áreas remanescentes – 743 comunidades remanescentes dos quilombos, mas

este número pode ultrapassar mais de mil comunidades espalhadas por diversos

Estados do país. As maiores concentrações destas comunidades estão na região

5

Entidade pública vinculada ap Ministério da Cultura, cujo objetivo corporifica os preceitos constitucionais de reforços à cidadania, à identidade, à ação e à memória dos segmentos étnicos dos grupos formadores da sociedade brasileira. (PARANÁ, 2006, P.52)

10

Nordeste, nos Estados da Bahia e do Maranhão.

No Paraná, de acordo com dados do Grupo de Trabalho Clóvis Moura 6

(MOURA, 2008), há, hoje, cerca de 90 Comunidades Tradicionais Negras ou

Comunidades Remanescentes de Quilombos mapeadas no Paraná, sendo que 36 já

foram certificadas por autorreconhecimento e pela Fundação Cultural Palmares.

Essas Comunidades estão espalhadas por aproximadamente 23 municípios do

Estado. “Castro, Dr. Ulysses, Ponta Grossa, Campo Largo, Curiúva, Adrianópolis,

Arapoti, Candói, Tibagi, Guarapuava, Cantagalo, General Carneiro, Guaraqueçaba,

Jaguariaíva, Lapa, Piraí do Sul, Antonina, Turvo, Palmeira, Ivaí, Contenda, Foz do

Iguaçu, Guairá” (PARANÁ, 2006, p. 53).

No desenvolvimento da presente temática em estudo, far-se-á necessário

conceituar e discutir o termo quilombo em seus diversos significados, atribuídos ao

contexto em estudo por diferentes entidades e autores.

Segundo Moura (1981, p. 16), a primeira referência a quilombo em

documentos oficiais ocorreu no período colonial pelo Conselho Ultramarino, em

1740, definindo-o como “toda habitação de negros fugidos que passem de cinco, em

partes despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados nem se achem pilões

nele”. Essa concepção de que os quilombos seriam constituídos somente por fugas

de negros, produzidas pelas autoridades portuguesas, apresenta-se equivocada.

Muitos autores contrapondo-se a essa definição procuram recuperar, por meio de

estudos, os sentidos atribuídos ao termo desde sua origem africana.

Aponta Ney Lopes (1988) que a origem de quilombo vem do quibundo, que é

um conceito próprio dos africanos bantos que se modificou com o tempo.

Os autores Nascimento (1994) e Munanga (1996) caracterizam quilombos

como instituição africana, que oferece elementos para dar continuidade a essa

instituição e relacioná-la aos quilombos brasileiros. O quilombo de Palmares é o

mais significativo. Considerado um símbolo, nasceu no início do século XVII e se

manteve até 1695, localizado na Serra da Barriga, em Alagoas. Tinha uma complexa

organização territorial, militar e administrativa.

6

Constituído pelas Secretarias de Estado da Educação, da Cultura, de Assuntos Estratégicos, de Comunicação Social, do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e da Saúde do Paraná, assim como pela Copel, Sanepar e Política Militar do Paraná é encarregado de realizar levantamento de dados e diagnósticos da realidade social, educacional, econômica e cultural em que vive a população das áreas em questão. (PARANÁ, 2006, P.53)

11

Para Almeida (2000, p.164), os quilombos são denominados de “terras de

preto ou terras de santo”. Terras de ordem religiosa que eram deixadas para ex-

escravos. Essas terras eram concedidas por senhores de escravos aos santos como

forma de pagamento por serviços religiosos prestados pelos sacerdotes de cultos

africanos ou afrodescendentes.

Conforme Lima Filho e Araújo (2006. p. 217):

O termo remanescente de quilombo indica a situação dos segmentos negros em diferentes regiões e contextos e é utilizado para designar um legado, uma cultura e material que lhe confere ema referência presencial no sentimento de ser e pertencer a um lugar específico.

Este sentimento de pertença a um grupo e a uma terra é a forma de

expressão da identidade étnica e da territorialidade, constituída sempre em relação

aos outros grupos com os quais os quilombos se confrontam e se relacionam.

De acordo com a Constituição Federal (BRASIL, 1988), as comunidades

remanescentes de quilombos são definidas como aquelas que constituem uma

identidade étnica predominantemente negra; situadas em territórios nos quais

desenvolvem atividades fundamentais à reprodução física e cultural.

Para Anjos (2009, p.9), nos dias atuais os territórios quilombolas devem ser

interpretados de forma mais ampla e não como forma de resistência do período

Colonial, pois constituem grupos de grande importância para a formação da

identidade nacional, revelam as contradições geradas pelo processo de

desenvolvimento econômico e territorial desiguais no país, em que “as terras

ocupadas pelas comunidades tradicionais não são apenas áreas delimitadas por

fronteira, mas é o espaço de vivência, de produção material e de reprodução das

suas matrizes culturais”.

Nesse contexto, o território é uma condição essencial, porque define os

grupos que ocupam, onde estão localizados e por que estão naquele espaço. Assim,

a terra não significa somente o espaço físico, mas também um espaço comum

marcado por registros de uma história. Afirma Malcher (2006, p. 67):

12

Quando discutimos identidade quilombola, território e identidade aparecem intimamente imbricados, a construção do território produz uma identidade e a identidade produz o território, este processo é produto de ações coletivas, recíprocas, de sujeitos sociais. A territorialização, também é construção, movimento, no tempo e no espaço. São relações entre os sujeitos com sua natureza. Essa relação é registrada pela memória individual e coletiva, fruto e condição de saberes e conhecimentos.

Ao conceituar território é importante destacar que estão agregados os

sentimentos de apropriação de uma porção do espaço, quanto ao seu limite e sua

fronteira, podendo ter significação individual ou coletiva, expandindo desse modo a

noção de territorialidade nesse processo. Geograficamente, Anjos (2006, p. 53)

conceitua:

O território é na sua essência um ato físico, político e social, categorizável, possível de dimensionamento, onde geralmente o Estado está presente e estão gravadas as referências culturais e simbólicas da população. Dessa forma o território étnico seria o espaço construído, materializado a partir das referências de identidade e pertencimento territorial e, geralmente, a sua população tem um traço de origem comum.

Abordando essa temática sob o ponto de vista da disciplina de Geografia,

reforça-se a noção de espaço geográfico como algo que está e esteve em constante

modificação. Conforme o mesmo autor cabe aos professores não perderem de vista

que essa é a área do conhecimento que tem o compromisso de tornar o mundo mais

compreensível diante de suas transformações e apontar soluções para melhor

entendimento da organização do espaço. Afirmando que há poucas disciplinas, além

da Geografia, capazes de auxiliarem na representação e interpretação dos fatos. Daí

a necessidade de destacar a importância da Geografia e da ferramenta da

Cartografia, ou seja, dos mapas que têm se constituído em um meio poderosíssimo

e eficaz, como forma de representação gráfica e comunicação visual, sendo muito

pertinente no ensino da cultura afro, em que Anjos as define como:

A ciência do território e o componente fundamental, a terra, ou terreiro num sentido mais amplo, continua sendo o melhor instrumento de observação do que aconteceu, porque apresenta marcas da historicidade espacial, do

13

que está acontecendo, tem registrado os agentes que atuam na configuração geográfica atual e o que pode acontecer, ou seja, é possível capturar as linhas de forças da dinâmica territorial e apontar as possibilidades da estrutura do espaço no futuro próximo. [...]

Os mapas, principais produtos da cartografia são, por sua vez, as representações e interpretações gráficas do mundo real, que se firmam como ferramentas eficazes de leitura do território, possibilitando revelar a territorialidade das construções sociais e feições naturais do espaço e, justamente por isso, mostram os fatos geográficos e os seus conflitos. Estes possibilitam revelar graficamente o que acontece na dinâmica do espaço, tornando-se cada vez mais imprescindíveis por constituírem uma ponte entre os níveis de observação da realidade e a simplificação, a redução e a explicação, além de fornecerem pistas para a tomada de decisões e soluções de problemas. [...] Não podemos perder de vista que um mapa não é um território, mas que nos produtos da cartografia estão as melhores possibilidades de representação e leitura da história do território.

(ANJOS, 2009, p.8).

Sabendo que a Cartografia7 tem papel muito importante na Geografia, são

indissociáveis e complementares. Torna-se uma ferramenta imprescindível para a

leitura da realidade; com seu auxílio, será possível representar o resultado desse

trabalho. Para Anjos (2009, p.183),

A cartografia não é somente um desenho! Ela continua possibilitando mostrar como a sociedade funciona; como anda a nação; onde estão os excluídos e os incluídos no sistema. É um instrumento que, de certa maneira, fala e torna visível o que muitos e muitas não querem ouvir e nem ver.

O seu estudo nos revela como é feita a apropriação, construção e

reconstrução do espaço geográfico. E para melhor compreensão da temática em

estudo será usada a leiturização de mapas por meio da linguagem cartográfica,

como forma de representação, localização e interpretação dos fatos. Anjos (2005,

p.179) afirma que:

Vários autores (PASSINI, 1994; Lima, 1991; ANJOS, 1989; LE SANN, 1993, dentre outros) já apontaram que a leitura dos mapas deve ser entendida

7 [...] conjunto de estudos e operações lógico-matemáticas, técnicas e artísticas que, a partir de

observações diretas e da investigação de documentos e dados; intervêm na construção de mapas, cartas, plantas e outras formas de representação, bem como no seu emprego pelo homem. Assim, a Cartografia é uma ciência, uma arte e uma técnica (CASTROGIOVANNI, 2003, p. 38).

14

como o processo de aquisição pelos alunos de um conjunto de conhecimentos e habilidades para que consigam efetuar a leitura do espaço, representá-lo, dessa forma construir os conceitos das relações espaciais.

De acordo com Almeida e Passini (1994), para que a leitura cartográfica seja

possível, em todos os mapas, os objetivos devem ser claros para não perder

informações importantes. A leiturização inicia-se com a decodificação e devem

passar pelas diferentes etapas metodológicas, sendo elas: o entendimento do título,

a compreensão da legenda, que é a decodificação, mediante a qual pode relacionar

os significantes (símbolos) e o significado (mensagem) dos signos constantes na

legenda; a leitura e reflexão da distribuição e da organização dos símbolos e da

mensagem sobre o mapa e a observação da escala para o cálculo de distância e

como elemento de comparação e interpretação.

Assim, a utilização dos mapas não serão apenas instrumentos de ilustração

visual. As diretrizes curriculares da Educação Básica (PARANÁ, 2008, p. 83)

propõem que

Os mapas e seus conteúdos sejam lidos pelos estudantes como se fossem textos, passíveis de interpretação, problematização e análise crítica. Também, que jamais sejam meros instrumentos de localização dos eventos e acidentes geográficos,[...].

Esse recurso da Cartografia deve servir de mediação para melhor

entendimento dos conteúdos geográficos e, consequentemente para a aquisição de

conhecimentos.

ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

Etapas de implementação

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Na Escola

O processo de implementação na escola deu-se a partir de apresentação do

Projeto de Intervenção e da Produção Didático-Pedagógica à Direção e Equipe

Pedagógica e, especialmente, à comunidade escolar, num dos momentos da

Semana Pedagógica, em que a relevância do projeto foi evidenciada para a

realidade da escola pública.

As ações permearam em pesquisas bibliográficas, leiturização cartográfica,

discussões e atividades realizadas com 23 alunos da 6ª série (7º ano), turma C do

período de tarde, além de 15 professores integrantes do GTR (Grupo de Trabalho

em Rede), que caracterizou pela interação à distância entre professor-tutor e demais

professores da Rede Pública Estadual, direcionando subsídios teórico-

metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas,

visando o aprofundamento didático-pedagógico de sua prática docente, a

socialização e discussão das produções e atividades desenvolvidas no Caderno

Didático-Pedagógico e mais 13 cursistas participantes do 10º Encontro da Equipe

Multidisciplinar do Colégio Estadual Duque de Caxias – Ens. Fund. Médio, que tinha

como um dos temas em estudo as Comunidades Quilombolas, que foi concluído

com a exposição e discussão do material apresentado.

Todas as atividades da implementação do Projeto de Intervenção na escola

totalizaram 64 horas/aulas, sendo 32 presenciais com aluno e 32 com as demais

ações referentes à implementação pedagógica.

O material didático-pedagógico na forma de Unidade Didática, produzido no

2º período do PDE/2010 foi amplamente utilizado para subsidiar alunos, professores

e cursistas no que se refere à realização das variadas propostas de trabalho

evidenciadas para o 3º período do PDE/2010, denominado de implementação do

projeto de intervenção na escola.

Os Alunos

A proposta de trabalho foi apresentada à turma explicitando as ideias do

16

projeto. Em seguida foi introduzida a temática em questão por meio de aula

expositiva dialogada e apresentação de slides, utilizando-se de recursos

audiovisuais como a TV pendrive para a exposição do mesmo e para localizar os

territórios em estudo.

Na oportunidade foi realizado um diagnóstico da aprendizagem cartográfica,

ou seja, uma sondagem do nível de aprendizagem dos alunos da 6ª série quanto

aos conteúdos referentes às representações gráficas. Em seguida, os conteúdos

defasados foram retomados oralmente, referindo-se às noções básicas de

localização, orientação e coordenadas geográficas, retomando alguns conceitos da

linguagem gráfica e os principais elementos de um mapa (tipologia, título, legenda,

escala e fonte).

Os alunos, em posse do material didático, fizeram as seguintes

atividades:

- leitura e interpretação de textos explicativos, que ressaltem a importância

dos quilombos (matrizes africanas e afrodescendentes) no processo de formação da

população e do território brasileiro e paranaense;

- assistiram ao vídeo: O Povo Brasileiro – A formação e o sentido do Brasil,

como recurso ilustrativo e discussão sobre o mesmo;

- pesquisas bibliográficas para definição de conceitos necessários ao

entendimento da temática sobre o ponto de vista geográfico, ressaltando a

importância da Cartografia nesse contexto;

- resolução das atividades relacionadas à leiturização de diferentes mapas

adaptados e mapas referenciados de livros e geoatlas relacionados aos quilombos

do Brasil e do Paraná, destacando: a localização, distribuição e representação

espacial, origem - diasporalidade, população-etnia, atividade econômica, entre

outros. O geoatlas foi usado também como material de apoio no desenvolvimento

desta etapa;

- organização de dados estatísticos e confecção de gráficos; abrindo

discussão sobre os temas e possíveis soluções;

- portfólios com as atividades realizadas pelos alunos, reunindo todo o

material produzido durante a implementação do projeto foram elaborados. Da

mesma forma, vários banners foram confeccionados, com o propósito de servir de

material de apoio para a exposição do trabalho pelos alunos à comunidade escolar

durante a Semana Cultural realizada no Colégio, nos dias 21 e 22/11, em

17

comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os conteúdos citados acima foram desenvolvidos com êxito. No término da

implementação foi possível concluir que a aprendizagem foi significativa, pois os

alunos demonstraram compreensão e assimilação da temática apresentada, visto

que a leiturização dos mapas propostos foi fundamental neste processo.

Um exemplo foi a atividade com base no mapa 1 – Figura 1 (O Sistema

Escravista – Referências Espaciais do Processo de Dominação Europeia), em que

os discentes constataram que além do Brasil, outros países americanos também

apresentaram registro de sistema escravista e de territórios de quilombos e, que,

apesar de o Brasil ser o país de maior importação de populações africanas, outras

nações como EUA e Cuba permaneceram por muito mais tempo escravista e muitos

países europeus saíram enriquecidos pela economia e dinâmica do tráfico,

consequentemente, o continente africano acabou desestruturado socialmente e

territorialmente, conforme mostra o mapa apresentado (Figura 1).

Figura 1 (Mapa 1) - O SISTEMA ESCRAVISTA – REFERÊNCIAS ESPACIAIS DO PROCESSO DE

DOMINAÇÃO EUROPEIA

Fonte: Adaptado de Anjos (2009, p.48). Organização: Gomes (2011).

18

O material usado trazia informações claras e precisas, dando noção de

localização e amplitude dos fatos e isso despertou o interesse, tornando as

atividades atrativas e de fácil resolução. Isso foi possível após a exibição do vídeo O

Povo Brasileiro: A formação e o sentido do Brasil e por meio do Mapa 2

(Diáspora Africana para o Brasil) que veio concretizar os estudos e discussões feitas

por meio de leitura de textos. Ambos totalmente relacionados.

Nessa atividade foi perceptível a satisfação da maioria em conhecer o

significado do termo diáspora, que para muitos era desconhecido e os principais

grupos étnicos, suas regiões de origem, bem como os portos usados para o tráfico

de escravos.

Usando um recurso da cartografia – a escala do mapa – foi possível calcular

as distâncias em linha reta das rotas percorridas por eles para aqui chegarem, deu

assim uma noção mais precisa daquilo que para eles era bastante abstrato. Observe

a Figura 2.

Diante de todas as etapas de implementações desenvolvidas, trabalhar os

Quilombos – Conceitos e Espaços Territoriais foi muito prazeroso. Mediante

indagação inicial, ficou constatado que os alunos tinham pouco conhecimento do

Mapa 2 DIÁSPORA AFRICANA PARA O BRASIL

Figura 2: Atividade do aluno ( Mapa 2) - Diáspora Africana Para o Brasil Foto: Gomes (2011).

19

assunto e que para muitos deles, quilombo era algo desconhecido, assim abriu uma

discussão embasada em leitura de textos e por meio de slides/TV-Multimída em que

vários conceitos de diversos autores foram apresentados, suas diferentes atribuições

foram analisadas e dúvidas foram solucionadas na medida do possível.

A partir de questionamentos dirigidos novos conceitos foram criados, os

discentes entenderam que quilombo hoje é caracterizado não pelo isolamento ou

território de fuga, mas pela resistência e luta de um povo que busca maior

visibilidade diante de uma sociedade, o reconhecimento de sua cultura e a garantia

de seus territórios.

Após a localização dos principais quilombos do território brasileiro entre os

séculos XVI e XIX, foi realizada também pesquisa bibliográfica e leitura do mapa

(Figura 3) de um dos mais importantes quilombos da época: O Quilombo de

Palmares. Ficando clara sua importância na resistência à escravidão e que este

contou com a proteção de grandes líderes, além de sua organização e localização

garantirem sua existência por muito tempo.

A confecção e interpretação da planta do quilombo do “Buraco do Tatu”

evidenciou o quanto para eles foi importante e inovador trabalhar na perspectiva

geográfica e cartográfica. Ao final dos estudos aprenderam que o povo africano tinha

uma visão ampla de território, prova disso foi a forma de como se organizou nos

Figura 3 (Mapa 3) - LOCALIZAÇÃO APROXIMADA DOS PRINCIPAIS SITIOS DO

QUILOMBO DE PALMARES

Fonte: Adaptado de Anjos (2009, p.52). Organização: Gomes (2011).

20

quilombos e como estes estavam distribuídos espacialmente. Os alunos concluíram

que para se protegerem e se defenderem dos invasores os africanos e

afrodescendentes usavam de estratégias de guerra, como trincheiras estrepadas,

estradas falsas, pinguelas elevadiças, armadilhas, ou fojos cobertos e dentro

estrepes, etc e que além de fortes eram inteligentes e persistentes em suas lutas,

constatações feitas após análise da planta 1 por meio da legenda ( Figura 4).

Fonte: ANJOS, 2009, p. 60 e 61 – Ilustração: JORGE, Tauana, L.M. / BUDIN, Heitor G. – Organização: Gomes (2011).

Figura 4: Planta 1- Atividade do aluno: Planta do Buraco do Tatu Fotos: Gomes (2011).

21

Esta atividade ofereceu aos alunos a oportunidade de visualizar a disposição

das regiões de maiores e de menores concentrações de quilombos, destacando a

Região Nordeste com maior número e a Região Centro-oeste com menor

concentração, bem como os Estados correspondentes. Enfocando também o Paraná

na Região Sul com 36 comunidades quilombolas certificadas.

Essa atividade também despertou o interesse dos alunos ao confeccionar e

analisar os gráficos de barras levando-os a questionarem o porquê da desigual

concentração no país. Abriu-se aí uma discussão, em que foram colocadas as

possíveis causas históricas e econômicas que contribuíram para que isso ocorresse,

proporcionando maior entendimento do assunto, conforme mostra os exemplos

citado na Figura 5.

Figura 5: Atividade do aluno (gráficos) - Ocorrência de Comunidades Quilombolas por Unidade Política do Brasil – 2009 – Foto: Gomes (2011).

Ao estudar os ciclos econômicos e as atividades desenvolvidas nos territórios

quilombolas, por meio de análise do mapa 4 (Territórios dos Principais Ciclos

22

Econômicos e Localização das Comunidades Quilombolas) apresentado na Figura 6,

os alunos puderam visualizar cada etapa do desenvolvimento das atividades em

cada período ou século, local de ocorrência, mão de obra empregada, e, por meio

de leitura de textos referenciados tiraram características e consequências que

evidenciaram o papel do negro na formação do Brasil, pois participou de todos os

Ciclos com sua força braçal, ou seja, mediante o trabalho escravo, contribuindo

também com seus hábitos e costumes.

Figura 6 (Mapa4) - TERRITÓRIOS DOS PRINCIPAIS CICLOS ECONÔMICOS E LOCALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES

QUILOMBOLAS

Fonte: Adaptado de Anjos (2009, p.132). Organização: Gomes (2011).

A partir da referida atividade, os alunos observaram que as maiores

concentrações de quilombos ocorreram em áreas de maior desenvolvimento

econômico, como nas zonas açucareiras e cacaueiras do Nordeste, no Centro-oeste

com a mineração, no Sudeste com a cafeicultura e a e na região Norte com a

extração da borracha e outras atividades que também foram de grande importância

nesse processo.

Na sequência, foi enfatizado o não-reconhecimento da mão de obra escrava

em todos os ciclos econômicos como sendo de fundamental importância para o

desenvolvimento do país, que na maioria das vezes é omitida e desconhecida por

23

grande parte dos nossos alunos, prova disso são os livros didáticos que raramente

abordam esse fato.

As atividades propostas permearam do âmbito global para o local. Portanto,

os estudos foram dirigidos de maneira que levaram os alunos a questionarem

quanto à ocorrência de territórios quilombolas no Estado do Paraná, bem como sua

localização geográfica, possibilitando retratar e discutir sobre a importância desse

grupo étnico (africanos e afrodescendentes) no processo de formação e ocupação

do Estado do paranaense. Fato este que a princípio foi omitido por vários segmentos

da sociedade que criou uma política silenciosa de negação quanto à participação e

às origens desse grupo étnico no território, pois a colonização era considerada

predominantemente europeia e a invisibilidade negra era visível.

Os alunos puderam realizar várias atividades que possibilitaram fixar o que

tinham aprendido por meio de exposição e discussão feita pela professora. A

atividade sugerida com o Mapa 7 (Paraná – Divisão Política) conforme mostra a

Figura 7, oportunizou o aluno a localizar os municípios com ocorrência de

Comunidades Quilombolas que por meio de pesquisa identificaram algumas das

principais delas.

Figura 7: Atividade do aluno (Mapa 7): Paraná – Divisão Política Foto: Gomes (2011).

24

Contudo, depois de estudos e pesquisas realizadas, principalmente pelo

grupo de trabalho Clovis Moura, o Paraná é apresentado como sendo o Estado mais

negro do Sul do Brasil, e isso despertou o interesse dos alunos em conhecer

aspectos históricos e econômicos que contribuíram para a ocupação e concentração

de Comunidades Negras ou Comunidades Remanescentes de Quilombos em

territórios mapeados nos diversos municípios do Estado.

Para finalizar, os alunos fizeram um estudo mais detalhado da Comunidade

mais próxima do município de origem do educando. Neste caso, a Comunidade

Quilombola Manoel Ciríaco dos Santos, localizado no município de Guaíra, que por

meio de pesquisa bibliográfica e mapa impresso para leiturização, os alunos

observaram categoricamente todos os elementos do mapa – título, escala, legenda,

orientação, coordenadas geográficas e fonte – localizaram a comunidade estudada e

os principais pontos de referências como o rio Paraná, o córrego Barigui e o Distrito

do Maracaju dos Gaúchos; delimitaram a área do município, o perímetro urbano,

calcularam a distância em linha reta. Assim foi possível associar as informações

obtidas com a pesquisa realizada resultando em aprendizagem, elevando o

conhecimento em relação ao assunto proposto. Confira na Figura 8.

FIGURA 8 (MAPA 8) - LOCALOZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE

GUAÍRA

Fonte: Organização e Idealização: Gomes, Maria Aparecida. Confecção: PEREIRA, Jaime Luís Lopes. 2011.

25

Foi gratificante perceber o quanto despertou o interesse dos alunos em

relação à temática ao usar a cartografia como recurso nas atividades realizadas.

Logo, foi possível perceber mudanças de atitudes em relação aos colegas

afrodescendentes e, principalmente, o orgulho demonstrado por alguns em fazer

parte dessa etnia.

A diversidade de atividades propostas na Unidade Didática contribuiu para

que a produção do portfólio se realizasse e culminasse pelos alunos no objeto mais

esperado durante a implementação. Esse material foi exposto por eles à

comunidade escolar durante a Semana Cultural realizada no Colégio, nos dias 21 e

22/11/2011, em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra (Figura 9). Foi

possível destacar também o envolvimento, o capricho e a seriedade na realização

das atividades como um ponto relevante dessa etapa.

Figura 9 – Apresentação Feira Cultural. Fotos: Gomes (2011)

Com o GTR/11

A experiência de tutoriar o GTR/11 foi gratificante, no sentido de propiciar

a interação à distância entre professor tutor e demais professores da Rede

Pública Estadual. Foram recebidas muitas sugestões e críticas positivas em

todos os pontos do projeto, com o objetivo de enriquecê-lo.

Esta etapa da implementação foi direcionada pelo seguinte questionamento:

26

Mediante a obrigatoriedade da temática – Ensino sobre História e Cultura Afro-

Brasileira e Africana na Educação Básica de todo o país – conforme as diretrizes

curriculares e experiências dos docentes, constatou-se a falta de entendimento da

relação do tema com a Geografia, dificultando o reconhecimento da importância

dessa cultura na formação socioeconômica do nosso país, deixando muitas vezes o

estudo desse tema em segundo plano.

Surge então o grande desafio para o professor de Geografia: como trabalhar a

temática proposta sob o ponto de vista geográfico e cartográfico, sabendo que há

grande complexidade no processo de formação e ocupação do espaço geográfico

nesse contexto e, que os materiais didáticos disponíveis para subsidiá-los em suas

aulas são escassos ao processo de ensino e aprendizagem?

Ficou evidenciado no decorrer das discussões que o primeiro passo para

buscar a solução da problemática exposta foi realizar pesquisas historiográficas, que

auxiliaram como fonte norteadora no desenvolvimento desse trabalho, mesmo

sabendo que os materiais didáticos são escassos.

Definindo conceitos geográficos - região, território e territorialidade - foi

possível chegar ao entendimento da temática em estudo, sobretudo, foi preciso

compreender como cada um deles contribuiu para a implementação da temática do

ponto de vista geográfico.

Fazendo uso da Cartografia escolar, que tem papel importante no ensino de

Geografia, por ter servido de mediadora nesse processo de ensino aprendizagem,

os mapas (físicos, temáticos e étnicos) são considerados os principais produtos que

serão usados para revelar graficamente a espacialidade dos fatos em estudo

(ANJOS, 2009).

Partindo destas constatações, transcrevemos aqui alguns relatos feitos por

alguns dos participantes do GTR/11.

“As atividades do projeto são orientadas para a área do conhecimento em Geografia, porém tem como pressuposto a interdisciplinariedade, evitando dessa forma que as mesmas fiquem soltas, descontextualizadas, para tanto se fez necessário uma ampla pesquisa historiográfica definindo conceitos geográficos, de tal modo que em muito contribuirá para a otimização do trabalho”. (Sujeito A)

“Realmente sofremos com a falta de materiais didáticos, temos pouca coisa disponível. Mas devemos ousar, pois quando não há material disponível precisamos criá-los. Esse projeto é exemplo disso. A cartografia nos auxilia

27

nesse sentido e precisa ser utilizada com critério”. (Sujeito Y)

“Inserir o conteúdo sobre Cultura Afro-Brasileira desde a criação da Lei 10. 639/03, trouxe dificuldade para o planejamento de nossas aulas, apesar de os conteúdos estarem incluídos em outros. Esse projeto nos dá oportunidade de trabalhar algo mais objetivo”.(Sujeito N)

Em relação à Produção Didático-Pedagógica, a socialização foi de grande

valia, pois essa experiência educacional pode auxiliar muitos professores a planejar

suas ações, terem novas práticas pedagógicas relacionadas à temática proposta.

Conforme os cursistas, a variedade de atividades facilitou a assimilação dos

conteúdos teóricos referentes aos aspectos da História e Cultura Afro-Brasileira e

Africana, despertando maior interesse dos alunos pela leiturização de diferentes

tipos de mapas. Por meio dos relatos abaixo foi possível constatar essas afirmativas

expostas.

“Após observar o material diante das atividades e os recursos metodológicos oferecidos, com certeza posso afirmar que não há dificuldades em aplicá-los, pois estão dispostos de forma muita clara e precisa. Afirmo como ponto positivo sua iniciativa que para mim foi inovadora até então [...]”. (Sujeito G)

“Fiquei atraída por seu trabalho justamente por tratar da temática Cultura Afro-brasileira com o uso da cartografia. [...], acredito que possa através do seu estudo ampliar meu acervo metodológico para o preparo de meus planejamentos”. (Sujeito X)

“O material produzido tem por finalidade levar o aluno à reflexão, por meio de pesquisas e através da visualização (mapas gráficos e imagens), portanto, ao trabalhar as atividades propostas devemos sempre levar em conta o fator sociocultural, possibilitando ao educando situações problemas para que possam adquirir postura crítica tão necessária ao exercício da cidadania”. (Sujeito Z)

Destacaram de modo geral a importância da Geografia e da ferramenta da

Cartografia, ou seja, dos mapas que têm se constituído em um meio poderosíssimo

e eficaz, como forma de representação gráfica e comunicação visual.

Sendo assim, o estudo da temática apresentada (Aspectos da História e da

Cultura Afro-Brasileira sob a Perspectiva Geográfica e Cartográfica) visa contribuir

com o professor de Geografia no seu trabalho de conscientizar os alunos sobre a

28

importância de compreenderem os mapas, proporcionar estudos sobre os territórios

quilombolas, bem como valorizar a contribuição dessa etnia na formação social e

econômica da nação brasileira e construção do espaço geográfico também por meio

da pesquisa bibliográfica.

A educação ocorre de forma coletiva, razão pela qual a participação dos

professores foi de fundamental importância para a realização deste curso que

registrou o grande envolvimento dos mesmos em buscar aprimoramento para sua

prática pedagógica e destacou sua preocupação em relação à falta de material

didático disponível para uma efetiva aprendizagem do educando e ao papel da

escola pública neste processo. O material didático confeccionado pela professora

PDE/10 foi apresentado aos professores de Geografia da Rede Estadual do Ensino

Fundamental, com a finalidade de subsidiar sua prática em sala de aula.

Com a Equipe Multidisciplinar

O projeto de Intervenção Pedagógica e o respectivo Material Didático-

Pedagógico - O espaço geográfico e Cartográfico das Comunidades Quilombolas

Brasileiras - foi apresentado à Equipe Multidisciplinar do Colégio Estadual Duque de

Caxias, no evento realizado em 03/12/11.

Na oportunidade, a professora PDE/2010 ressaltou a Política Estadual de

valorização dos aspectos da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana sob a

perspectiva geográfica e cartográfica. Com o objetivo de proporcionar estudos sobre

os territórios quilombolas e a sua importância na formação social e econômica da

nação brasileira, por meio de pesquisas bibliográficas e da linguagem cartográfica,

os conceitos de diásporas e quilombos foram destacados no contexto da construção

de território brasileiro e paranaense.

Para finalizar os trabalhos deste evento, a turma foi dividida em grupos para

a leitura de textos, leiturização de mapas contidos nos referidos materiais. Na

sequência, houve a socialização, no grande grupo, para que fossem discutidas as

ideias principais e a relevância da temática a ser implementada no dia a dia escolar.

Foi possível perceber que os cursistas participaram ativamente e que o

29

material apresentado enriqueceu e concluiu um estudo de vários encontros com

êxito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho desenvolvido no PDE – Programa de Desenvolvimento

Educacional foi de grande relevância e significativo, visto que a temática veio

contribuir para a implementação da Lei 10.639/03, que mediante a obrigatoriedade

deve estar presente em nossos planos de trabalho anuais independente do ano ou

série. Nesta proposta, a temática referiu especificamente aos Aspectos da História e

Cultura Afro-Brasileira e Africana sob uma Perspectiva Geográfica e Cartográfica,

que tomou como base a formação e ocupação do território brasileiro e,

consequentemente do Paraná que é uma Unidade Federativa oriunda desse

processo, e visou destacar e valorizar a contribuição e o papel fundamental da

cultura africana e de suas matrizes nesse contexto historiográfico.

Neste artigo ficou evidenciado que a inserção da temática do ensino sobre –

História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica de todo o país – é

fundamental para a valorização da diversidade étnica e cultural do nosso país em

especial das contribuições dadas por esse povo. Também favoreceu o combate ao

preconceito e a discriminação que possam se apresentar em relação ao

afrodescendente.

A proposta foi desenvolvida etapa por etapa, respeitando o nível de

compreensão de nossos educandos, e graças a esse segmento foram perceptíveis

os avanços obtidos em relação à apropriação dos conteúdos que foram subsidiados

pelas ferramentas da cartografia,

Após a realização de todas as etapas desse trabalho foi possível destacar que

a cartografia é uma ferramenta poderosíssima para os professores da disciplina de

Geografia, visto que ela foi importante para localização dos fatos estudados,

contribuindo assim para melhor compreensão e assimilação da temática proposta

contribuindo para o processo ensino-aprendizagem.

Pode-se considerar, portanto que esse trabalho proporcionou uma experiência

riquíssima, no que se refere à utilização das representações gráficas e leiturização

30

das mesmas, possibilitando melhorias do trabalho desenvolvido com os alunos em

sala de aula da rede pública paranaense.

Observou-se também que o material didático elaborado foi muito pertinente,

pois veio ao encontro das dificuldades encontradas pelos educadores em conseguir

material didático que auxiliem suas práticas educacionais.

Após a realização de todas as etapas, foi possível concluir que grande parte

dos envolvidos na implementação do projeto na escola adquiriu um novo olhar e,

consequentemente, uma nova postura em relação aos afrodescendentes existentes

no nosso meio social; reconhecendo a importância desse grupo na formação do

território brasileiro e paranaense em todos os aspectos: socioculturais e econômicos.

Percebendo, assim, que a Geografia e a Cartografia contribuíram para a explicação

e localização dos fatos, tornando-os mais próximos da realidade.

Para finalizar, destacamos que os resultados obtidos neste trabalho além das

contribuições para os professores e educandos, trouxe crescimento intelectual e

profissional significativo para a professora PDE/10. Trabalhar um curso de extensão

e conduzi-lo com preparo teórico prévio foi uma oportunidade única e imensurável.

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