o envolvimento da equipe de um laboratório de patologia...

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14 Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis de Franca – FACEF O Envolvimento da Equipe de um Laboratório de Patologia Clínica na Estratégia Organizacional da Empresa – o caso do Hormolab – Medicina Laboratorial e Consultoria Clínica – Franca - SP Silvia Alonso y Alonso Bittar Cunha Franca 2003

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Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis de

Franca – FACEF

O Envolvimento da Equipe de um Laboratório de Patologia

Clínica na Estratégia Organizacional da Empresa – o caso do

Hormolab – Medicina Laboratorial e Consultoria Clínica –

Franca - SP

Silvia Alonso y Alonso Bittar Cunha

Franca

2003

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Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis de

Franca – FACEF

O Envolvimento da Equipe de um Laboratório de Patologia

Clínica na Estratégia Organizacional da Empresa – o caso do

Hormolab – Medicina Laboratorial e Consultoria Clínica –

Franca - SP

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Stricto Sensu, para obtenção do

título de Mestre em Administração, área de

Concentração: Gestão Empresarial.

Silvia Alonso y Alonso Bittar Cunha.

Orientadora:

Profª. Dra. Teresinha Covas Lisboa.

Franca

2003

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Cunha, Silvia Alonso y Alonso Bittar. C98e O envolvimento da equipe de um laboratório de patologia

clínica na estratégia organizacional da empresa: o caso do Hormolab Medicina Laboratorial e Consultoria Clínica – Franca SP./ Silvia Alonso y Alonso Bittar Cunha./ Franca, (SP): 2003. 100 p.il. Orientadora: Teresinha Covas Lisboa Dissertação de Mestrado – FACEF Programa de Mestrado em Gestão Empresarial

1.Administração de Empresas – Recursos Humano 2.Gestão Laboratorial 3. Gestão Estratégica 4. Estudo de Caso. I.T.

CDD. 658.3

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Banca Examinadora:

Presidente: _____________________________

Profª. Doutora Teresinha Covas Lisboa

Membro: _______________________________

Profª. Livre Docente Hercídia Mara Facuri Coelho

Membro: _______________________________

Prof. Livre Docente José Roberto Heloani

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A busca da humanização na área da saúde.

Que os profissionais que tiverem a

oportunidade de fazer da sua profissão um

meio de promover o respeito, o carinho, e o

bem-estar a aqueles que necessitam, sem

distinção. Na esperança que as pessoas

exerçam sua missão de cidadãs no

cumprimento da responsabilidade social com

o próximo. (Silvia Alonso y Alonso Bittar Cunha, 2003).

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Agradecimentos

Ao Alfredo professor e amigo, por ter me oferecido esta oportunidade de ampliação

de conhecimento.

À Marilda, minha cunhada, e Cléria Maria, minha prima, por terem contribuído

significativamente para o início desta jornada.

Ao Wilsinho, meu companheiro e amigo, Gustavo, Guilherme e Gabriela, pela

compreensão nos momentos difíceis.

Aos meus pais, Mísia e Waldir, pelo estímulo por busca de conhecimento e

aprendizagem.

Aos meus irmãos, Ismael, David e Lívia, com os quais a convivência me trouxe

crescimento.

Aos diretores do HORMOLAB, Wilson, Mauro e Iasmin, que permitiram a

realização deste trabalho.

A toda equipe de colaboradores do HORMOLAB, por terem sido o incentivo maior

deste trabalho.

Ao amigo Sebastião, que com sua experiência e conhecimento sempre esteve

presente neste desafio.

À minha orientadora Profª. Dra. Teresinha Covas Lisboa, pela contribuição

incondicional de sua experiência e conhecimento e a quem tenho grande admiração

e respeito.

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“Sonho que se sonha só é só um

sonho que se sonha só, mas sonho que

se sonha junto é realidade.”

Raul Seixas e Paulo Coelho.

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Sumário

Lista de Figuras 10

Lista de Quadros 10

Lista de Tabelas 10

Resumo 11

Abstract 12

Resumen 13

Introdução 14

1. Patologia Clínica: aspectos históricos 19 1.1 Conceito de Patologia Clínica 19

1.2 Primeiras contribuições aos laboratórios de Análises Clínicas no Mundo 20

1.3 A Patologia Clínica no Brasil 21

1.3.1 Calendário Histórico da Instalação dos Primeiros Serviços de Patologia Clínica

em São Paulo 22

1.4 Histórico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica 24

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2. O laboratório de patologia clínica 27

2.1 O laboratório de patologia clínica como sistema de produção 29

2.2 Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo: legislação 31

3. O laboratório de patologia clínica como organização 34

3.1 O conceito de organização 35

3.2 O laboratório de patologia clínica como organização prestadora de serviços 38

3.3 Visão Estratégica 41

3.2.1 Missão 41

3.2.2 Diretrizes, Objetivos e Metas 42

3.2.3 Cenário 44

3.2.4 Setores essenciais do laboratório de patologia clínica 47

3.4 As pessoas no laboratório de patologia clínica 50

4. O cliente do laboratório de patologia clínica 59

4.1 Identificação dos clientes no laboratório de patologia clínica 61

4.2 Qualidade e Acreditação 64

4.2.1 Qualidade 65

4.2.2 Acreditação 67

5. Metodologia 70

5.1 Tipo de Pesquisa 70

5.2 Universo e Amostra da Pesquisa 71

5.3 O locus da Pesquisa 72

5.3.1 Histórico da Empresa 73

5.3.2 Negócio, Missão e Valores do Hormolab 74

5.4 Coleta de dados, instrumentos técnicos e procedimentos utilizados 75

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6. Apresentação da Pesquisa e Análise dos Dados 77

6.1 Perfil da População 78

6.2 Categorias de Análise 80

6.2.1 A filosofia da Empresa 80

6.2.2 Estratégias da Empresa 82

6.2.3 Envolvimento e Motivação 85

6.2.4 Resultados da Empresa 89

Considerações Finais 93

Bibliografia 96

Fontes 100

Anexos

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Lista de Figuras FIGURA 1 – Fluxograma de atendimento no laboratório Clínico 49

FIGURA 2 – Comparação entre Grupos de Trabalho e Equipes de Trabalho. 56

FIGURA 3 – Organograma do Hormolab Medicina Laboratorial e Consultoria

Clínica 72

FIGURA 4 – Escolaridade e Formação Profissional da Equipe 79

FIGURA 5 – Diretrizes do Hormolab 84

FIGURA 6 – Desempenho da Empresa em Número de Exames e Faturamento 90

Lista de Quadros QUADRO 1 – Grandes Nomes da Patologia Clínica na Europa 21

QUADRO 2 – Primeiros Serviços de Laboratórios de Patologia Clínica em São Paulo 22

QUADRO 3 – Visão Compartilhada 37

QUADRO 4 – As pessoas são recursos ou parceiros da organização? 53

QUADRO 5 – Evolução do conceito de qualidade 65

QUADRO 6 – Valores do Hormolab Medicina Laboratorial e Consultoria Clínica 74

QUADRO 7 – Quadro de Benefícios 86

QUADRO 8 – Estrutura de Cargos e Salários do Hormolab 87

Lista de Tabelas

TABELA 1 – Perfil da População 78

TABELA 2 – Consciência sobre a Definição do Negócio e Missão da Empresa 81

TABELA 3 – GRH – Grupo de Representantes do Hormolab 88

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Resumo

Tendo em vista as mudanças nas quais as pessoas e organizações estão inseridas, este

trabalho visa apontar um aspecto moderno de gestão na qual o envolvimento das pessoas é

imprescindível. Porém, para se obter este envolvimento torna-se necessário que a

organização tenha desenvolvido seus métodos gerenciais e processos operacionais. A

pesquisa foi realizada com fim exploratório e adotou o meio de estudo de caso, envolvendo

toda a equipe de colaboradores da empresa, além de três diretores. Seu locus foi uma

empresa do setor da saúde com área de atuação na patologia clínica, tendo como negócio a

realização de exames laboratoriais e a consultoria clínica. Considerando que as pessoas-

chave deste processo não possuem formação em gestão laboratorial, partimos da premissa

que seja necessário desenvolver métodos que promovam o envolvimento e a compreensão

dos colaboradores através da estrutura organizacional, dos processos operacionais e de

ferramentas gerenciais, bem como, da filosofia empresarial adotada pela instituição. A fim

de fundamentar a pesquisa de campo, foi realizada pesquisa bibliográfica sobre o tema e

documental junto à empresa. Investigou-se sobre negócio, missão, valores, visão e a

participação dos colaboradores no processo de decisão da instituição. Em seguida,

avaliaram-se as diretrizes, objetivos e metas e, posteriormente mediram-se os resultados.

Em todo o processo da pesquisa foram levados em consideração os ambientes interno e

externo da empresa. Após a coleta de dados, foram realizadas a tabulação e a interpretação

dos resultados em que se pôde comprovar a relevância do envolvimento dos colaboradores

na estratégia organizacional de uma empresa de patologia clínica no município de Franca,

Estado de São Paulo, sendo este seu grande diferencial. Também pode ser concluído que a

empresa pesquisada tem uma visão em relação às pessoas como parceiras e não como

recursos.

Palavras-chave: visão e estratégia organizacional, envolvimento, equipe de colaboradores,

patologia clínica.

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Abstract

Taking into account the changes which people and organizations are subject to, this paper

aims at pointing out a modern aspect of management in which people’s involvement is

essential. However, reaching this involvement requires the company to have developed

management methods and operational processes. The research was carried out with an

exploratory aim, and a case-study approach was adopted, involving the whole staff of the

company and three directors. Its locus was a health company whose field is clinic

pathology and whose business is the performance of laboratory exams and clinic

consultancy. Bearing in mind that the key-people in this process do not have formal

education in laboratory management, we started out by believing that it may be necessary

to develop methods which promote the involvement and understanding of the staff through

the organization’s structure, the operational processes and the managerial tools, as well as

the entrepreneurial philosophy adopted by the company. With the aim of funding field

investigation, a bibliographic research was carried out on the subject and documents were

collected with the firm. The business, the mission, the values, the vision and staff

participation in the organization’s decision - making process were investigated. Next, the

policies, objectives and goals were assessed and afterwards results were measured.

Throughout the research process, not only the company’s internal atmosphere and

ambiance but also its external surroundings were taken into consideration. After collecting

all the data, the compilation and interpretation of the results were carried out and the

relevance of the staff’s commitment, which is the organizations’ main differential, was

confirmed. It was also concluded that the researched company considers people as partners

rather than resources.

Key words: vision and organizational strategy, involvement, staff, clinic pathology.

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Resumen

Em face a los cambios em los cuales las personas y organizaciones están involucradas, este

trabajo visa apuntar un aspecto moderno de gestíon en la cual el comprometimiento de las

personas es imprescindile. Pero, para obtener este comprometimiento es necesario que la

empresa haya desarrollado los métodos gerenciales y los procesos operacionales. Una

uncuesta ha sido realizada con fin exploratório y ha sido adoptado un medio de estudo de

caso involucrando todo el equipo de colaboradores de la empresa y tres directores. Su

locus fue una empresa del sector de salud em el campo de patología clínica, teniendo la

realizacíon de exámenes laboratoriales y consultoría clínica. Teniendo en cuenta que las

persona clave de este proceso poseen formacíon en gestión laboratorial, partimos del punto

que sea necesario desarrollar métodos que procionen el la comprensíon de los

colaboradores a traves de la estructura organizacional de los procesos operacionales y de

herramientas gerenciales, como también de la filosofia empresarial por la institución. Con

el fin de documentar la investigación, ha sido realizada una pesquisa bibliográfica acerca

del tema y documental junto a la empresa. Fue investigado acerca del negocio, misión,

valores, visión y participación de los colaboradores en el proceso de decisión de la

instituición. Luego enseguida, se avaluó las directrices, objetivos y metas, leugo después se

midió los resultados. En todo el proceso de la encuesta ha sido llevado en consideración el

ambiente interno y externo de la empresa. Después de la colecta de daods, han sido

realizadas la tabulación e interpretación de los resultados en el cual se puede comprobar la

revelancia del comprometimiento de los colaboradores en la estrategia organizacional de

una empresa de patología clínica en la ciudad de Franca, estado de San Pablo, siendo este

su gran diferencial. También se puede concluir que la empresa tiene una visión en relación

a las personas como parceras y no como recursos.

Paladra-clave: visión y estrategia organizacional, comprometimiento, equipo de

colaboradores, patología clínica.

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Introdução

Sendo as mudanças fato incontestável dos últimos tempos, é

bem provável que não haja setor da economia que não tenha se

modificado. Este projeto faz referência ao setor da saúde,

especificamente à prestação de serviços na área de patologia clínica,

oferecidos por laboratórios de patologia clínica, análises clínicas ou

medicina laboratorial, conforme são denominadas as empresas deste

segmento.

No passado os laboratórios de patologia clínica faziam parte

de um dos vários departamentos dos hospitais públicos e privados. Os

avanços da medicina e o número de procedimentos realizados por esses

laboratórios aumentaram consideravelmente, fazendo desta área da

medicina uma especialidade, na qual o médico deve submeter-se ao

período de residência médica e obter o título de especialista para o

reconhecimento formal da especialização.

Mas fatores como os avanços tecnológicos e científicos

contribuíram para o aperfeiçoamento dos métodos utilizados nas análises

clínicas, e também expandiram o setor com outros tipos de análises e

métodos para determinação e investigação de novas doenças e problemas

referentes à saúde, até então, não detectados.

Um outro aspecto interfere no perfil dos laboratórios de

patologia clínica, este de cunho político-econômico, quando surgem as

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medicinas de grupo, os seguros saúde e os planos de saúde. Neste

momento a medicina de caráter privado emerge assustadoramente,

surgindo vários tipos de clínicas médicas, serviços de imagem e

laboratórios de patologia clínica, gerando, conseqüentemente, a

concorrência e a competitividade.

Embora, gerencialmente, não estruturadas adequadamente,

estas empresas depararam-se com exigências legais, com necessidade de

implantação de normas e procedimentos operacionais, que asseguram a

qualidade dos serviços prestados. Outra variável como preços

determinados em tabelas de instituições extralaboratoriais interfere,

provocando mudanças no setor.

Alguns obstáculos passam então a ter uma relevância especial

para que estas empresas consigam realizar seu negócio, obtendo

qualidade, pontualidade e lucratividade, entre eles: recursos humanos

especializados tanto no âmbito técnico como no administrativo, equilíbrio

econômico-financeiro e o cumprimento das exigências legais, as quais,

geram altos custos.

Desta maneira, a estruturação global do laboratório passa a

se enquadrar e se comportar dentro dos diversos padrões e tipos de

empresas, e assim, requer para sua sobrevivência a elaboração de um

planejamento estratégico no qual os colaboradores são envolvidos na fase

de sua implantação e, para tanto, torna-se oportuno que estes tenham

uma visão do laboratório como organização.

No entanto, a identificação dos processos existentes dentro

desta organização, a descrição das necessidades profissionais de cada

colaborador e a interação dos setores através de seus colaboradores,

precedem a elaboração do planejamento estratégico, bem como, a

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30

definição do ideal da empresa através de sua missão, seus valores e sua

visão.

Portanto, nossa pesquisa tem foco delimitado a laboratório de

natureza particular (privado), fundado por médicos patologistas clínicos.

Investigamos a necessidade de desenvolver, junto à equipe

multidisciplinar de colaboradores, conceitos sobre gestão laboratorial

para que estes compreendam a importância do desempenho de seu papel

dentro do processo global da organização, gerando resultados positivos e

motivando o trabalho de equipe. Desta forma, os colaboradores poderão

participar da administração de forma efetiva e estratégica.

Para DRUCKER (2001) “Definir

desempenho; determinar o fluxo adequado ao

trabalho; formar a equipe correta; e concentrá-la

no trabalho e nos resultados são pré-requisitos

para a produtividade no trabalho do conhecimento

e em serviços”.

A experiência profissional da pesquisadora, como membro da

diretoria de um laboratório de patologia clínica, contribuiu para

sensibilização dos diretores da empresa sobre o tema, viabilizando a

pesquisa.

Partindo desses pressupostos, os objetivos desta pesquisa

foram:

Objetivo Final

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31

Avaliar os métodos gerenciais utilizados em uma empresa de patologia

clínica e sua contribuição para o envolvimento dos membros da equipe na implantação do

processo estratégico da empresa.

Objetivos Intermediários

1. Identificar os processos operacionais necessários para a gestão

laboratorial;

2. Analisar os métodos utilizados para comprometer uma equipe constituída

de pessoas com níveis distintos e formação profissional variada.

Objeto de estudo

Este estudo analisou um laboratório de patologia clínica como organização,

sua filosofia empresarial e a percepção que cada colaborador tem a respeito de sua

responsabilidade individual e de seu papel dentro da equipe; expôs sobre a importância de

envolver os membros da empresa no processo estratégico a fim de obter eficiência na

implantação de planos de ações que conduzam a realização de suas metas e diretrizes.

As hipóteses formuladas para esta pesquisa foram:

1. A ausência de formação, em gestão

laboratorial, dos componentes da equipe de

trabalho de um laboratório de patologia clínica

que ocupam cargos estratégicos como

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biomédicos, biólogos, farmacêuticos e

médicos patologistas clínicos, dificulta a

compreensão da necessidade do

desenvolvimento do papel do indivíduo dentro

de uma equipe.

2. A falta de foco e visão

organizacional estratégica da empresa impede

o trabalho de equipe.

Metodologia

Realizamos uma pesquisa com fim exploratório através do meio de

investigação de um estudo de caso. O universo e amostra foi toda a população do objeto de

estudo.

O procedimento adotado para a coleta de dados envolveu observação,

análise de documentos e dois formulários de pesquisa. Para análise e interpretação dos

dados foi definido um plano de análise como recomenda GIL (1996, p. 123).

A pesquisa foi realizada no município de Franca, Estado de São Paulo, no

mês de fevereiro de 2003 em um laboratório de patologia clínica, o qual realiza exames

laboratoriais.

Organização da apresentação do estudo

Este trabalho está estruturado em seis capítulos. O primeiro descreve os

aspectos históricos da patologia clínica; conceituando, relatando as primeiras contribuições

aos laboratórios no mundo e o início de sua história no Brasil até os dias de hoje; explica

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também o histórico e o papel da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica. No segundo

capítulo enfatizamos o laboratório de patologia clínica como sistema de produção e sua

legislação. O conceito de organização, o laboratório de patologia clínica como organização

prestadora de serviço, a visão estratégica, os setores essenciais do laboratório e as pessoas

são enfatizados no terceiro capítulo. O quarto capítulo conclui a fundamentação teórica

abordando os clientes desta organização e os processos de qualidade e acreditação.

O quinto e sexto capítulo fazem referência à metodologia e aos resultados da

pesquisa, respectivamente.

Esperamos com grande expectativa que este trabalho possa trazer alguma

contribuição científica, especialmente ao setor da saúde, e que as empresas possam

acreditar no valor das pessoas dentro das organizações não como mais um número nas

estatísticas, mas sim, como alavanca de seu desenvolvimento.

1. Patologia Clínica: aspectos históricos

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34

Este capítulo aborda historicamente a patologia clínica no Brasil,

especialmente no Estado de São Paulo. O intuito é esclarecer sobre o surgimento da

especialidade e sua finalidade dentro da medicina, e identificar as mudanças que este setor

sofreu ao longo do tempo e que hoje justificam a razão desta dissertação.

1.1 Conceito de Patologia Clínica

O conceito sobre a Patologia Clínica passou por mudanças à medida que a

especialidade se desenvolveu ao longo do tempo. No início do século XX, definia-se a

Patologia Clínica da seguinte forma:

“Patologia Clínica é a denominação dada pela

Associação Paulista de Medicina ao trabalho executado em

laboratório, a serviço da clínica, e como tal considerado

como Especialidade Médica, da qual é concedido diploma.

Chama-se, pois, Patologista, o médico especializado que, em

seu laboratório, executa análises e exames parasitológicos,

microbiológicos, citológicos e bioquímicos, para a

elucidação de diagnóstico ou acompanhar a evolução de

casos”. REVISTA BRASILEIRA DE PATOLOGIA

CLÍNICA, v. 17, nº 5, 1981. p. 177.

Atualmente a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC), seguindo a

definição elaborada em 1992, que atendia solicitação do Conselho de Especialidades da

Associação Médica Brasileira (AMB), define Patologia Clínica como:

“Especialidade Médica que executa e interpreta

provas propedêuticas, aplicando técnicas químicas, físicas,

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35

físico-químicas, biológicas e morfológicas, em pacientes ou,

principalmente, em materiais biológicos tendo como objetivo,

isolado ou múltiplo, diagnosticar ou afastar doença, estagiar

a fase evolutiva da moléstia, evidenciar o prognóstico,

monitorar a terapêutica e verificar a presença de fatores de

risco”. PATOLOGIA CLÍNICA NEWS. Crescimento

Acelerado. Rio de Janeiro: RV – Assessoria e Marketing,

2001. Bimestral.

No decorrer deste trabalho poderá ser feita referência à patologia clínica,

utilizando o termo Análises Clínicas, o qual possui o mesmo significado.

1.2 Primeiras contribuições aos laboratórios de Análises Clínicas no Mundo

A dedicação à pesquisa e principalmente à observação registrou nomes de

alguns homens que trouxeram grandes contribuições para a patologia clínica mundial.

Alguns destes cidadãos nem sequer tinham como profissão a ciência médica, mas tiveram a

coragem de ousar, e assim, deixaram seu legado à ciência.

QUADRO 1 - Grandes Nomes da Patologia Clínica na Europa

Kuecher – no século XVII anteviu e entreviu os glóbulos sanguíneos.

Leeuvenhoeck – comerciante holandês, distinguiu bactérias e protozoários na

matéria obtida de seus dentes ao examinar em um dos microscópios de sua fabricação no

esfumaçado de suas lentes rudimentares.

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36

Morgagni – fundador da Anatomia Patológica. Entre seus 700 casos,

minuciosamente estudados, fez algumas descobertas que haveriam de marcar época na

medicina como a patologia da cirrose hepática e a origem de alguns abscessos cerebrais.

Virchow – colocou toda a ciência médica na unidade biológica da célula, base de

seus estudos, lema de seus ensinamentos; baseado nos 23.000 preparados montados em seu

Instituto.

Pasteur – professor de química e cientista. Trouxe a bacteriologia para o primeiro

plano das Academias e Laboratórios. Na própria atividade das bactérias desvendou, obteve

meios de tratamento e sucessos de cura e, mesmo aqueles vírus que previu, mas não viu,

conseguiu domesticar a serviço do homem.

Metchnikof – russo, zoólogo de fama, prêmio Nobel 1908, abandonou sua terra para

conviver com o mestre francês. Em sua presença e em seu Instituto desenvolveu a teoria

dos leucócitos como centro de fenômenos.

Fonte: elaboração da autora a partir de dados relatados por BORGES (1981).

1.3 A Patologia Clínica no Brasil

BORGES (1981) sugere que destas idéias e destes homens o Brasil

receberia os ensinamentos e o exemplo, e pouco a pouco a Medicina que aqui se praticava

seria penetrada do mesmo espírito que surgia na Europa e mais tarde nos Estados Unidos:

o espírito do laboratório como parte principal e integrante da medicina em ação.

A cidade de São Paulo haveria de absorver rapidamente o novo conceito e

adotar o laboratório como centro de pesquisa e de prática médica cotidiana. E a patologia

ampliaria seus limites, adquirindo traços mais firmes em sua conceituação e, teria um

desenvolvimento digno de destaque. Os laboratórios atuais de Análises, aparentemente

apenas um dos setores da Medicina especializada de hoje, são, na realidade, herdeiros e

conseqüência de um movimento científico que, iniciado em fins do século XIX, adquiriu

ritmo e consistência nos anos 80, atingindo o estágio atual.

Um editorial da Revista Médica de São Paulo, no ano de 1901, assim está

redigido textualmente:

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37

“A medicina paulista, embora igual à medicina de

todo Brasil, como mutatis mutandis, a de todo mundo, tem

seu cunho especial que consiste em um certo meio prático de

resolver problemas médicos por meio de demoradas e

circunspectas pesquisas de laboratório”.

1.3.1 Calendário Histórico da Instalação dos Primeiros Serviços de Patologia

Clínica em São Paulo

Alguns serviços (Quadro 2) registraram o início das atividades dos

primeiros serviços de laboratórios de patologia clínica em São Paulo. A evolução destes

serviços nos mostra o desenvolvimento da patologia clínica como especialidade médica e

de grande contribuição para a clínica.

QUADRO 2 – Primeiros Serviços de Laboratórios de Patologia Clínica em São Paulo

1858 – Instalação da Botica Veado d’Ouro sob a direção de Gustav Schaumann.

Nela foram realizados exames químicos a pedido do Chefe de Polícia. As farmácias

costumavam executar pequenos exames e pesquisas.

1888 – Henrique Schaumann, filho de Gustav, começa a trabalhar na Botica Veado

d’Ouro, ampliando seu laboratório químico.

Continuação do QUADRO 2

1889 – O farmacêutico José Machado Filho instala em Taubaté sua farmácia, onde

executa, rotineiramente, exames de laboratório.

1892 – É criado o Instituto Bacteriológico, encarregado, entre outras atribuições, de

realizar exames para o público em geral, pagos por tabela oficial de preços.

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1898 – Em janeiro, instala-se o Laboratório da Sociedade de Medicina e Cirurgia de

São Paulo.

1898 – Em junho, a Revista Médica de São Paulo instala laboratório próprio. Sob a

direção de Vital Brasil.

1898 – Artur Mendonça monta o primeiro laboratório na Santa Casa, na 2ª

Enfermaria de Homens.

1900 – Em junho, Artur Mendonça adquire o laboratório da “Revista” e publica o

anúncio, pondo-o à disposição dos clínicos. É o primeiro laboratório particular a funcionar

em São Paulo.

1904 – José Machado Filho muda-se para São Paulo e instala seu laboratório.

1907 – Alexandrino Pedroso ingressa na Santa Casa, iniciando em seguida a

construção e instalação do futuro Laboratório Central.

Fonte: Revista Brasileira de Patologia Clínica. V. 17, nº 5, p. 192 – 193, 1981.

BORGES (1981) ainda relata que, em 30 de dezembro de 1947, a

Associação Paulista de Medicina, prestigiada, ampliada e consolidada, criava um novo

Departamento Científico – Departamento de Patologia.

Durante mais de meio século de atividade um balanço se impõe das

qualidades e defeitos de uma especialidade e seus titulares. E justiça se faça a estes pela

maneira como abriram novos caminhos e formaram mentalidade atualizada. Foram os

analistas paulistas sempre precoces em adotar inovações e pesquisar o que de melhor se

publicava e experimentava fora do país.

Outro detalhe importante na evolução da Patologia Clínica em São Paulo foi

a união sempre constante do Laboratório com a Clínica. Este amadurecimento do meio

médico paulista deve-se, em sua melhor parte, ao trabalho constante, esclarecido e

científico das duas primeiras gerações de patologistas que aqui fundaram, ampliaram e

consolidaram a especialidade.

BORGES (1981) conclui que a história e o desenvolvimento de uma

especialidade médica num Estado de Federação em um Continente poderão parecer

seqüência de episódios locais, mas, na realidade, representam um conjunto de fatos

interligados, alimentado de conteúdo universal.

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39

1.4 Histórico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica

PINHEIRO (1982) conta que, em 31 de maio de 1944, 60 médicos

especializados em Patologia Clínica, reunidos na sede da Sociedade de Medicina e

Cirurgia do Rio de Janeiro, convocados pelo Dr. Erasmo Lima, firmaram a fundação de

uma Sociedade destinada a congregar toda a classe.

O presidente empossado, Dr. Erasmo Lima, solicitou então, da Assembléia,

a designação de uma Comissão encarregada de elaborar os Estatutos da Sociedade, que foi

nomeada Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC).

Depois de discutidos todos os artigos e parágrafos que constituíam os

Estatutos da Sociedade, foram eles aprovados por unanimidade, deixando bem

configurada, no artigo 2º, a imagem da Patologia Clínica como sendo:

“... o setor da ciência e da prática médica que

consiste na aplicação da anatomia patológica, da fisiologia,

da bacteriologia, da imunologia, da parasitologia e da

química ao estudo das doenças e o Patologista Clínico como

um médico consultante, especializado na aplicação dos

exames de laboratório ao diagnóstico das doenças e

acompanhamento de sua evolução”. REVISTA DE

PATOLOGIA CLÍNICA, v. 18, nº 3, 1982.

PINHEIRO (1982) prossegue, relatando que, durante o ano de 1945,

seguiram-se regularmente as exposições sobre assuntos variados, sempre de interesse para

a Sociedade. Já era então intuito da Comissão de Revista preparar o seu primeiro número.

Em 1950, edita-se o primeiro número da Revista Brasileira de Patologia

Clínica.

Em 1964, foi aprovado o convênio entre a Sociedade Brasileira de Patologia

Clínica (SBPC) e a Associação Médica Brasileira (AMB). Uma das resultantes de maior

importância desse convênio foi a Concessão de Títulos de Especialista, daí por diante

conferidos conjuntamente pelas duas entidades, a AMB e a SBPC.

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40

Neste mesmo período tem-se a realização do Congresso Brasileiro de

Patologia Clínica em São Paulo. Atividades também foram desenvolvidas no sentido da

Sociedade ter a sua própria tabela de honorários, de forma que os preços dos exames

fossem o tanto quanto possível, uniformes nas cidades.

Em 1966, realizou-se o Congresso Internacional de Patologia Clínica em

Roma, ao qual compareceu como representante da Sociedade o consócio Germano Bretz.

Intensa atividade foi desenvolvida no terreno da “Defesa de Classe”, em

1975, tema permanentemente em discussão da Diretoria. Também o “Controle de

Qualidade” tomou atenção acurada sendo já esboçadas as providências que se tornariam

necessárias, iniciando-se pelos levantamentos bioquímicos e hematológicos.

Em 1979, foi elaborado um contrato entre a SBPC e a Control-Lab, empresa

de prestação de serviços em controle de qualidade dos laboratórios de patologia clínica,

com a finalidade de se iniciar o Programa de Controle de Qualidade, hoje com o nome de

PELM (Programa de Proficiência em Laboratórios Médicos).

MELO (2001) comenta que a Revista Brasileira de Patologia Clínica tornou-

se o órgão oficial da Associação Latino-Americana de Patologia Clínica (Alapac) em 1982,

o que possibilitou maior divulgação para os artigos publicados.

Em 1985, foram criados os Conselhos Científicos para editar um Manual de

Procedimentos Especializados de uso em bancadas dos laboratórios, com alto nível

científico.

Foram determinados, em 1992, os ramos e subespecialidades da Patologia

Clínica que deveriam abranger as atividades: Citologia, Hematologia, Química, Genética,

Imunosorologia, Endocrinologia, Monitoração de Fármacos, Marcadores Tumorais,

Radioensaios, Informática (em sistemas diagnósticos e administrativos), Líquido

Cefalorraquidiano, Microbiologia, Parasitologia, Bacterioscopia, Virologia (infectologia);

Aspectos de Patologia Forense – Sondas de DNA, Enzimas e Proteínas; Aspectos de

Medicina por Imagem – Sondas e Cateterismo (para ter acesso a materiais biológicos).

Em 1998, a SBPC mais uma vez mostrou sua preocupação com a qualidade

ao criar o Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC), que se tornou uma

referência no segmento.

A partir de maio de 2001, a SBPC/ML passou a adotar oficialmente em seu

nome a expressão “Medicina Laboratorial”. MELO (2001) resume que ela representa de

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forma mais adequada à especialidade, que está no centro de grandes modificações, de

novos conceitos e tecnologias.

2. O laboratório de patologia clínica

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O laboratório de patologia clínica é uma organização privada ou pública que

produz serviços, os quais não podem ser estocados. Sua função é oferecer seus serviços

dentro de um alto padrão de qualidade, respeitando padrões técnicos e administrativos

normatizados e regulamentados pelos órgãos competentes, como a Vigilância Sanitária do

Estado de São Paulo em sua PORTARIA CVS-01, de 18 de Janeiro de 2000.

Sua atuação dentro da área de saúde é realizar exames e testes laboratoriais

através da coleta de material humano, servindo de contribuição para médicos na realização

de diagnósticos e no estabelecimento de prognósticos.

Estão autorizados a exercer a responsabilidade técnica desta organização os

profissionais como médico, biomédico, farmacêutico e biólogo, conforme título IV item

2.3 da mesma portaria que diz:

“A assunção de responsabilidades técnicas pelos

Laboratórios Clínicos Autônomos e Unidades de

Laboratórios Clínicos, poderá ser pleiteada pelos seguintes

profissionais: 1 – médico, em conformidade com o Decreto

Federal Nº 20.931, 11-01-32, que Regula e Fiscaliza o

Exercício da Medicina no Brasil; 2 – farmacêutico, em

conformidade com o Decreto Federal Nº 20.377, de 09-09-

31, a Lei Federal Nº 3.820, de 11-11-60, o Decreto Federal

Nº 85.878, de 07-04-81, que Estabelece Normas sobre o

Exercício da Profissão de Farmacêutico; 3 – biomédico, em

conformidade com a Lei Federal Nº 6.684, de 03-09-79, que

Regulamenta as Profissões de Biólogo e de Biomédico, o

Decreto Federal Nº 88.439, de 28-06-83, que dispõe sobre a

Regulamentação do Exercício da Profissão de Biomédico, a

Lei Federal Nº 6.686, de 11-09-79, sem as expressões

consideradas inconstitucionais e a Lei Federal Nº 7.135, de

26-10-83, sem as expressões e o artigo considerados

inconstitucionais, pelo Supremo Tribunal Federal,

Representações 1.256-DF, Acórdão STF, de 20-11-85,

ratificado pela Resolução Nº 86, de 24-06-86, do Senado

Federal; 4 – biólogo, em conformidade com a Lei Federal Nº

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6.684, de 03-09-79, que Regulamenta as Profissões de

Biólogo e de Biomédico, e o Decreto Federal Nº 88.438, de

28-06-83, que Dispõe sobre a Regulamentação do Exercício

da Profissão de Biólogo.”

Chama-se laboratório médico o laboratório de responsabilidade técnica

médica e laboratório de análises clínicas aquele cuja responsabilidade é atribuída ao

biomédico, farmacêutico e biólogo, embora o negócio de todos eles seja a realização de

exames laboratoriais.

No caso do laboratório médico, a entidade poderá, além de realizar exames,

prestar consultoria clínica devido à ampla visão sobre a medicina que este especialista tem,

considerando sua formação como médico.

• Médico

Ao médico especializado em laboratório de patologia clínica dá-se o nome

de patologista clínico ou médico laboratorista. A falta desta titulação não impede que um

médico de outra área da medicina possa atuar em um laboratório clínico com

responsabilidade técnica. Mas àquele que cumprir o período de residência médica na

especialidade de patologia clínica será conferido o título de especialista após exame de

avaliação.

• Biomédico – Farmacêutico - Biólogo

Profissionais graduados, legalmente habilitados para exercer

responsabilidade técnica em laboratórios de patologia clínica.

Conforme título IV, item 2.3.1.2 da portaria CVS-01, de 18 de janeiro de

2000, estes profissionais deverão cumprir:

“A realização de estágios supervisionados com

duração mínima, de 06 (seis) meses e/ou 360 horas ou efetiva

experiência profissional, não inferior a 02 (dois) anos, em

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Laboratórios Clínicos Autônomos ou Unidades de

Laboratórios Clínicos”.

2.1 O laboratório de patologia clínica como sistema de produção

Dentro da perspectiva de realização de exames laboratoriais, os laboratórios

de patologia clínica evoluíram visivelmente, tanto no que diz respeito à tecnologia como

em relação aos avanços profissionais.

Juntamente com esta evolução, sua estrutura funcional e operacional

modificou-se enormemente, caracterizando sua complexidade e exigindo um grande

esforço no aspecto da gestão laboratorial para que seus processos se realizassem com

eficácia, atendendo aos padrões pré-estabelecidos de qualidade e da própria legislação

vigente.

A moderna gestão de laboratório de patologia clínica busca, além de

desenvolver os procedimentos administrativos básicos de comprar, pagar, prestar serviços

e receber, realizar outras funções como administrar a qualidade, a necessidade de recursos

humanos especializados, o alto custo de insumos e equipamentos, as exigências da

legislação e a falta de domínio nos preços de seus serviços, os quais, são estabelecidos por

instituições extralaboratoriais.

Segundo OGUSHI e ALVES (1999, prefácio) “Num

laboratório clínico, comumente, os preços dos serviços

prestados são limitados por tabelas de instituições

extralaboratoriais ou pela concorrência interlaboratorial.

Acrescente-se, além disso, que a funcionalidade desses

estabelecimentos defronta com outros obstáculos de difícil

transposição e com implicações diretas no campo

organizacional-financeiro, entre os quais citamos: exigências

da legislação, alto valor financeiro do investimento

tecnológico, necessidade de recursos humanos

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especializados, obrigatoriedade da qualidade total e

incertezas do sistema nacional de saúde. Com isso,

independente de sua natureza, seja ela estatal ou particular,

intra ou extra-hospitalar, dever-se-á dar ao laboratório

clínico um tratamento empresarial, dotando-o de objetivos

planejados que lhe proporcionem a eficiência máxima,

dando-lhe credibilidade técnica junto à comunidade médica e

mantendo ativo o seu potencial econômico-financeiro”.

Por todas estas razões torna-se imprescindível que os laboratórios de

patologia clínica sejam vistos como organizações prestadoras de serviços, e oferecer a esta

instituição a relevância necessária a seus processos, valorização e qualificação no

atendimento, qualidade no serviço, estrutura para desenvolvimento dos recursos humanos e

disponibilização de tecnologia.

No entanto, para que uma empresa obtenha êxito em seus processos, ela

precisa contar com a participação efetiva das pessoas, pois são elas que executam as

atividades e têm atitudes que venham agregar ou não valor aos serviços. Portanto, uma

política consciente e eficaz dentro da estrutura organizacional, voltada para o

desenvolvimento das pessoas, é uma ferramenta do processo administrativo.

Para T. MOTTA, CORRÊA e R. MOTTA (2001, p.1)

“O serviço prestado pelo laboratório clínico é uma atividade

complexa, influenciada por vários fatores internos e

ambientais que podem comprometer seus resultados. A

complexidade da prestação de serviços médico-laboratoriais

evidencia a necessidade de os laboratórios clínicos

repensarem suas estruturas, seus processos e também suas

relações de trabalho, pois seus serviços estão profundamente

comprometidos com a qualidade dos resultados”.

O que vale a pena salientar é que a razão do negócio de um laboratório

clínico está essencialmente ligada à saúde do ser humano e, assim, a importância de

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conscientizar as pessoas sobre a responsabilidade de seu papel individual para a finalização

do serviço prestado é fundamental para o desafio da qualidade.

Considerando a alta complexidade econômica na operacionalização do

laboratório de patologia clínica, os empresários deste setor vêm se empenhando em obter

um tratamento empresarial que proporcione eficiência suficiente para realizar seu negócio

com credibilidade junto a seus clientes e mantendo uma condição econômico-financeira

que viabilize a competitividade da empresa.

Dentro de vários aspectos de relevância para a finalização do negócio do

laboratório de patologia clínica, podemos eleger no âmbito interno a capacitação técnica, o

controle estatístico do processo, a funcionalidade, a produtividade, o desenvolvimento

econômico e a ética profissional; e no âmbito externo, a credibilidade técnico-científica, a

captação crescente da clientela, a rentabilidade e a respeitabilidade empresarial.

A busca da excelência no desempenho destas ações fazem com que a

imagem da organização obtenha valor perante os vários segmentos que poderão compor o

quadro de cliente do laboratório.

2.2 Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo: legislação

A legislação que regulamenta o funcionamento dos laboratórios de patologia

clínica é muito abrangente. Para constituir um laboratório de patologia clínica é necessário

que se tenha conhecimento das normatizações dos níveis federal, estadual e municipal.

Diversos assuntos são abordados pela legislação, entre eles: abertura e

cadastro de empresa, atualização dos requisitos para o funcionamento de laboratórios

clínicos, instalação de postos de coleta e coletas domiciliares, credenciamento e convênios,

instalação – alvará e condições de funcionamento, leasing, lixo hospitalar, notificação

compulsória e estatística de saúde; em relação a pessoal – contratação, higiene, medicina,

segurança e seguridade social, jornada de trabalho e salário de médicos e paramédicos;

posto de coleta, prestação de serviços, produtos sujeitos a fiscalização, propaganda e

publicidade, responsabilidade técnica, taxas e impostos.

Embora extensa, é fundamental ter acesso às leis, decretos, portarias e

resoluções que regulamentam o setor, as quais têm como função assegurar os usuários

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deste serviço e as pessoas que nele venham exercer alguma atividade. Do mesmo modo, a

aplicação desta legislação impõe uma sobrecarga nos custos da empresa, o que faz com

que seja exigido, cada vez mais, que os processos administrativos internos sejam eficientes

e eficazes, a fim de evitar aumento no custo final do negócio.

Estar alinhado com a legislação significa garantir, dentro de padrões pré-

estabelecidos, os serviços prestados pelo laboratório nos níveis técnico, operacional e

administrativo.

A PORTARIA CVS-01, de 18 de Janeiro de 2000 é a mais completa e

específica para o funcionamento dos laboratórios de patologia clínica, ela:

“Aprova NORMA TÉCNICA que trata das condições

de funcionamento dos Laboratórios de Análises e Pesquisas

Clínicas, Patologia Clínica e Congêneres, dos Postos de

Coleta Descentralizados aos mesmos vinculados,

regulamenta os procedimentos de coleta de material humano

realizados nos domicílios dos cidadãos, disciplina o

transporte de material humano e dá outras providências.”

Os princípios desta Norma referem-se à vulnerabilidade, à qualidade e à

capacitação dos laboratórios de patologia clínica e dos agentes desta prestação de serviços.

No que tange aos seus objetivos, ela tem como fundamento a proteção da saúde do

indivíduo e da coletividade de pessoas. Para que isto ocorra, ela disciplina e normatiza o

funcionamento e a prestação de serviços.

No sentido de colocar em prática todas suas normas e disciplinas, a portaria,

em seu título IV, item 1.4, diz:

“As autoridades sanitárias competentes deverão

inspecionar, no mínimo anualmente, os Laboratórios

Clínicos Autônomos e as Unidades de Laboratórios Clínicos

e avaliar detalhadamente os seguintes pontos: IV.1.4.1 –

Estrutura: estrutura organizacional e práticas gerenciais,

efetiva implantação das programações e comissões

obrigatórias, condições dos ambientes de trabalho, estrutura

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físico-funcional, equipamentos, produtos, artigos, insumos,

veículos automotores para transporte e recursos humanos;

IV.1.4.2 – Execução de procedimentos; IV.1.4.3 –

Resultados.”

Outro aspecto que esta norma aborda é em relação à responsabilidade

técnica, quando afirma que o laboratório somente poderá funcionar com a presença de

profissionais responsáveis, a qual poderá ser pleiteada por profissionais médicos,

farmacêuticos, biomédicos e biólogos.

A portaria é ampla ao fazer referência às seguintes obrigatoriedades: da

organização; da estrutura físico-funcional; dos equipamentos, produtos, artigos e veículos

automotores para transporte; dos recursos humanos; dos procedimentos. Estende-se a estes

critérios os postos de coleta descentralizados, a coleta domiciliar de material humano, o

transporte de material humano coletado e as relações interinstitucionais com o Ministério

Público e com os órgãos de defesa do consumidor.

3. O laboratório de patologia clínica como organização

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Embora não exista uma vasta literatura específica sobre o assunto, os

empresários deste setor têm se preocupado em utilizar ferramentas administrativas úteis e

eficazes na gestão laboratorial. Após décadas de desenvolvimento tecnológico e científico,

estas organizações perceberam a necessidade de desenvolver seus processos

administrativos e de agir estrategicamente para agregar valor ao seu negócio.

Para OGUSHI e ALVES (1999, p.3), “...na

atualidade, nota-se a preocupação dos dirigentes

empresariais em selecionar e utilizar as ferramentas

administrativas mais adequadas à obtenção de agilidade e de

flexibilidade em seus procedimentos profissionais, como

fundamento para a conquista da competitividade, um fator

obrigatório para o sucesso de qualquer ramo de trabalho

que destaca a satisfação do cliente como a qualidade

almejada, a qual deverá conceituar-se, num laboratório

clínico, como um conjunto de ações planejadas’, envolvendo

todos os setores da instituição, com o intuito de oferecer um

resultado final que irá satisfazer as expectativas e as

necessidades do cliente.”

3.1 O conceito de organização

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Atualmente as empresas exercem um papel fundamental para a sociedade

moderna. Além do fato de gerarem emprego, elas vêm assumindo cada vez mais sua

responsabilidade junto à comunidade.

Para ROBBINS (2001, p. 31) “... uma

organização é um arranjo sistemático de duas ou mais

pessoas que desempenham papéis formais e partilham de um

propósito definido comum”.

Então, podemos dizer que uma empresa é uma organização. Sabendo que,

para ser uma organização, devemos contar com duas ou mais pessoas empenhadas em um

mesmo ideal, as organizações existem para as pessoas e as pessoas dependem das

organizações para sobreviver. São elas que pagam os salários que dão condições para o

indivíduo consumir os produtos ou serviços oferecidos por outras empresas, as quais

também contam com pessoas para exercerem seu negócio, o que caracteriza uma relação

de dependência e reciprocidade entre as partes.

Para DRUCKER (1998, p. 28) “A função das

organizações é tornar produtivos os conhecimentos. As

organizações tornaram-se fundamentais para a sociedade em

todos os países desenvolvidos...”.

Nem toda organização reúne pessoas com o mesmo propósito e, nem sempre

as organizações conhecem o seu propósito. Sabem e reconhecem o seu negócio, mas não

identificam seus valores, seu ideal e sua missão.

Segundo MAXIMIANO (2000, p. 186) “...a definição

de um negócio ou missão procura fornecer orientação para

os funcionários e esclarecer para a sociedade qual o

propósito da organização”.

Outro fator determinante e que, segundo COLLINS e PORRAS (2000),

fazem com que uma empresa seja visionária, é a construção de uma ideologia central.

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COLLINS e PORRAS (2000, p. 107) “... nós

chegamos à conclusão de que a questão crítica não é se a

empresa tem a ideologia central ‘certa’ ou ‘digna de estima’,

mas se ela tem uma ideologia central – que agrade ou não –

para orientar e inspirar as pessoas que trabalham na

empresa”.

Portanto o desenvolvimento de uma organização inicia-se com seu

propósito. A definição do foco e da maneira de realizar o seu negócio se fará presente em

todas seus objetivos. Desta forma, a integral participação dos colaboradores da empresa se

faz necessária para a concretização de seus planos de ações.

A análise do comportamento organizacional tem trazido grandes

contribuições gerenciais para as empresas. As mudanças por que o mundo tem passado

vêm interferindo profundamente no comportamento das pessoas. As organizações, além de

planejar, organizar, liderar e controlar atribuições designadas aos gerentes, segundo Henri

Fayol (in MAXIMIANO, 2000), têm acrescentado novas funções como: avaliação de

mercado, análise de ambiente, gestão de pessoas, gestão da qualidade total,

responsabilidade social, ética e meio ambiente.

A gestão em torno da visão organizacional como parte do processo

administrativo das empresas agrega valor, tanto ao negócio quanto à qualidade do trabalho

em equipe, pois, através do esclarecimento das necessidades da empresa, as pessoas que

compartilham de sua missão, que comungam sua ideologia e têm habilidades para seu

negócio, podem maximizar e potencializar a maneira de trabalhar, gerando vantagem

competitiva.

Embora não haja um consenso para definição de competitividade, a

estratégia competitiva deve levar em consideração variáveis como: o ambiente, o segmento

do negócio, a tecnologia disponível, o porte da empresa, PORTER (1999, p. 174-175) diz:

“... as empresas atingem a vantagem competitiva

através das iniciativas de inovação. Elas abordam a

inovação no seu sentido amplo. Abrangendo novas

tecnologias e novas maneiras de fazer as coisas. Elas

percebem uma nova base para a competição ou encontram

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melhores meios para competir à moda antiga. A inovação se

manifesta no novo desenho de produto, na nova abordagem

de marketing ou nos novos métodos de treinamento”.

Partilhar a visão organizacional com a equipe de colaboradores de uma

empresa significa, neste trabalho, estabelecer relações claras e transparentes entre a

empresa e a equipe de pessoas que nela atuam e transformar este relacionamento em

vantagem competitiva, sem deixar de lado, a questão da qualidade de vida no trabalho.

QUADRO 3 – Visão Compartilhada

Fonte: A empresa de Corpo, Mente e Alma, 1997, p.117.

MORGAN (1996, p. 56) pondera que

“... organização eficaz depende de se encontrar o equilíbrio

ou a compatibilidade entre estratégia, estrutura, tecnologia,

NEGÓCIO MISSÃO

FOCO VALORES

DIFERENCIAIS COMPETÊNCIAS COMPETITIVOS INTERNAS

O que os clientes valorizam O que os colaboradores E precisa ser feito valorizam e sabem fazer

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envolvimento e necessidades das pessoas, bem como do

ambiente externo”.

3.2 O laboratório de patologia clínica como organização prestadora de serviços

De acordo com o levantamento histórico descrito no Capítulo 1, percebe-se

a velocidade das mudanças ocorridas no cenário da Patologia Clínica, entre elas, o caráter

deste tipo de instituição, que outrora tinha foco essencialmente científico.

Atualmente os laboratórios de Patologia Clínica estão estruturando-se como

organizações do setor de serviços de saúde, que, prestam serviços à comunidade, e para

tanto, necessitam desenvolver tarefas administrativas.

Algumas considerações a respeito do setor de serviços na saúde são

relevantes para a estratégia que a empresa pretende adotar, como a compreensão e análise

do mercado existente.

Segundo COBRA (2001, p. 12) “Diante da

precariedade do sistema público e do alto custo do

atendimento particular, uma parcela cada vez maior de

latino-americanos opta por planos e seguros de saúde. No

Brasil, 39,8 milhões de pessoas, ou seja, 25% da população,

são conveniadas com algum plano...”.

Esta característica citada por COBRA (2001) mostra uma tendência que

influencia a estratégia administrativa a ser adotada por este tipo de organização. Este dado

indica que, atualmente, existe uma padronização até mesmo na remuneração dos serviços

prestados no setor de saúde e, portanto, estas empresas precisam ser planejadas para sanar

deficiências operacionais, objetivando a conquista de competitividade.

Também outros aspectos como fatores econômicos e políticos, meio

ambiente, desenvolvimento tecnológico e ambiente interno são ameaças ao negócio, mas a

utilização sistemática de planejamento estratégico contribui para a organização afastar ou

superar as ameaças que afetam sua competitividade.

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54

Para COBRA (2001, p. 34) “Planejar, significa

prever e antecipar-se aos fatos. Alocar recursos físicos,

humanos, tecnológicos e materiais, para poder obter

resultados de vendas e lucros, por meio da satisfação de seus

clientes”.

A partir do momento em que o laboratório de patologia clínica passa a ser

visto como organização, é importante que se faça algumas considerações em relação a

ameaças e oportunidades e isto se faz através da avaliação do ambiente interno e externo

da organização.

Este tipo de organização opera em um ambiente de alta complexidade por

estar vulnerável a políticas governamentais, por desenvolver suas funções através de uma

equipe de trabalho multidisciplinar, pela falta de informações específicas sobre o setor em

relação ao aspecto administrativo e também pela presença de grupos de saúde como fontes

pagadoras. A globalização também exerceu alguma influência no setor, entre outras, novos

critérios de qualidade baseados em certificações de órgãos internacionais e a mudança de

comportamento do cliente externo, aumentando o grau de exigência em relação aos

serviços. Portanto, desenvolver uma política de alta eficiência interna passou a ser uma

necessidade para melhorar o desempenho e a competitividade da organização.

Diante deste cenário os laboratórios de patologia clínica que tinham como

premissa o crescimento científico como foco, estão buscando formas de enquadrar suas

atividades dentro de procedimentos administrativos que viabilizem maior eficiência ao seu

negócio, considerando que, para melhorar, é necessário desenvolver uma visão

organizacional e estratégica.

MORGAN (1996, p. 57) “... organizações que

operam em ambientes incertos e turbulentos precisam atingir

um grau mais alto de diferenciação, ou seja, entre

departamentos, do que aquelas que estão em ambientes

menos complexos e mais estáveis”.

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55

A administração estratégica permite que a organização alcance alto nível de

eficiência buscado pela organização, mas alguns elementos são essenciais para que a

organização desenvolva entre eles a elaboração de um planejamento estratégico.

Dentro do processo de planejamento estratégico são definidas algumas

etapas que permitem que a organização consiga realizá-lo, implementá-lo e avaliá-lo.

ROBBINS (1998, p. 141), assim define planejamento estratégico:

“Planos que se aplicam a toda organização,

estabelecem os seus objetivos genéricos e procuram

posicioná-los em termos do seu ambiente”.

Para melhor estruturar o planejamento estratégico, cada organização

necessita ter definidas as seguintes etapas do processo de administração estratégica:

• Missão, objetivos e estratégia da organização;

• Análise do ambiente externo;

• Oportunidades e ameaças;

• Análise dos recursos da organização;

• Pontos fortes e fracos;

Após a execução destas etapas, a organização parte para a implementação e,

posteriormente, para a avaliação. Estas duas fases do planejamento estratégico da empresa

são igualmente importantes, pois não bastam ter os cinco processos acima descritos bem

definidos se não houver sucesso na sua implementação. E para medir este sucesso, é

necessário avaliar os resultados das ações tomadas.

Conforme afirma ROBBINS (1998, p. 167) “A

liderança da administração de topo é um ingrediente

necessário em uma estratégia de sucesso, assim como um

grupo motivado de administradores intermediários e de

primeiro nível, que devem colocar em ação os planos

específicos da alta administração”.

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56

3.2.1 Missão

A missão deve ser considerada o ponto de partida de uma organização a

partir de sua constituição. Através da missão é que uma organização norteia seus objetivos,

suas diretrizes e suas ações.

Elaborar a missão de uma empresa requer uma boa dose de reflexão a

respeito do significado que a instituição representa para as pessoas que dela fazem parte:

aos fornecedores, aos clientes, enfim, a toda comunidade na qual ela está inserida.

MAXIMIANO (2000, p. 531) define missão como “objetivo conceitual, que

define o propósito ou negócio de uma organização”.

Para outros autores ela é a razão da existência da organização, fazendo parte

da filosofia empresarial de seus fundadores.

CHIAVENATO e MATTOS (2002, p. 33-34) a define

como “A finalidade ou motivo pelo qual a organização foi

criada e para o que ela deve servir”. E mais, “...ela deve

responder a três perguntas básicas: Quem somos nós? O que

fazemos? E por que fazemos o que fazemos?”.

Porém, além da missão revelar o motivo da existência da organização, é

necessária que ela seja clara e concisa ao definir o que a empresa é e quer ser para que,

especialmente os colaboradores possam compartilhar e exercer seu papel dentro da

organização, cumprindo sua missão.

DRUCKER (1998, p. 31) diz: “Como a organização é

composta por especialistas, cada um com sua própria área

restrita de conhecimento, sua missão tem que ser muito

clara. A organização precisa ter uma só finalidade, caso

contrário seus membros ficarão confusos. Eles seguirão sua

especialidade, ao invés de aplicá-la à tarefa comum. Cada

um irá definir resultados em termos dessa especialidade,

impondo seus próprios valores à organização e capacitá-la a

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produzir resultados. Sem essa missão concentrada, a

organização em pouco tempo perde sua credibilidade”.

COBRA (2001 p. 269) faz referência à missão corporativa no setor da saúde

do seguinte modo: “... deve levar em conta suas competências, buscando, por meio de

consenso, a realização de propósitos. Ter um claro direcionamento de onde pretende

chegar face às oportunidades de mercado”.

3.2.2 Diretrizes, Objetivos e Metas

O estabelecimento das diretrizes, objetivos e metas definem o que a

organização pretende buscar para seu negócio.

O dicionário NOVO AURÉLIO aponta as seguintes definições para

diretrizes, objetivos e metas:

• Diretriz adj. (f) 1. Fem. De diretor (1). sm. 2. Linha reguladora de um

caminho ou estrada, de um plano, um negócio, ou de procedimentos;

diretiva.

• Objetivo adj. 1. Prático, direto, positivo. sm. 2. Fim ou resultado que se

deseja atingir.

• Meta sf. 1. Sinal que indica ou demarca o ponto final das corridas (de

cavalo, de regatas, etc.). 2. Linha ou quadro que a bola deve transpor,

como principal objetivo do jogo. 3. Fim ou resultado que se deseja

atingir.

Embora estas definições sejam aparentemente semelhantes, elas fazem

diferença quando analisadas do ponto de vista organizacional. As diretrizes, por exemplo,

servem para determinar o caminho a ser tomado pela empresa, se ela tem característica

ampla, global. Objetivos dão formato qualitativo ao alvo que a organização pretende

atingir, dando mais especificidade às diretrizes. As metas, porém, devem ser específicas,

mensuráveis, atingíveis, relevantes e temporais.

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CHIAVENATO e MATOS (2002, p. 4) os define da

seguinte maneira: “Objetivos: é a descrição clara, precisa e

sucinta dos alvos a serem atingidos. São indicadores das

ações para se chegar aos resultados. Sem objetivos

consistentes conhecidos e reconhecidos por consenso, haverá

divergência de rumo em matérias essenciais e não haverá

integração nem coesão das equipes. Os objetivos podem ter

abrangência geral, envolvendo os alvos macros e setoriais.

Objetivos são intenções que devem gerar comprometimentos

concretos. Metas: todo objetivo deve ser complementado por

metas. Meta é um objetivo quantificado. Meta envolve

comprometimento com: porcentual a ser atingido (definição

do porcentual pretendido em função do objetivo), prazo

(destaque ao cronograma de execução, com data limite),

resultados (previsão de ganhos), custos (orçamento dos

empenhos necessários para a consecução das metas:

financeiros, administrativos, tecnológicos e humanos, entre

outros) e responsáveis (definição do titular principal e

relação de pessoas e órgãos co-responsabilizados no alcance

da meta).

Enfim, quando nos referimos ao laboratório de patologia clínica como

organização, partimos do pressuposto de se obter uma gestão laboratorial eficaz e, portanto,

adotar medidas estratégicas como a definição de diretrizes, objetivos e metas para

posteriormente, construir um plano de ações, é uma forma metodológica de alcançar uma

gestão estratégica.

3.2.3 Cenário

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O cenário é o “retrato” do local onde a organização está inserida e da

própria organização. Pelo fato de vivermos atualmente em uma sociedade globalizada

devemos considerar, também, as influências que a política internacional e nacional podem

exercer no negócio da empresa como, por exemplo, crise do petróleo e crise cambial entre

outras.

ROBBINS (2001, p. 94) afirma que “cenário é

uma visão consistente sobre como tende a ser o futuro”.

O cenário foca a análise do ambiente que varia constantemente. O ambiente

impõe facilidades e dificuldades, ameaças e oportunidades, sejam elas, dentro ou fora da

organização.

Portanto o ambiente geral é o meio onde a organização opera. Nele devem

ser avaliados os contextos humanos, sociais e econômicos no qual ela está inserida.

Conforme apresenta CHIAVENATO e MATTOS

(2002, p. 4) cenários é o “exercício situacional, que

enquadra tendências, ameaças e oportunidades”.

Dedicar tempo ao planejamento de cenário, analisando as várias esferas do

mundo em geral, faz com que a empresa perceba em que nível de mudanças ela está

inserida. Sendo assim, ao construir sua visão de futuro, ela terá percebido o presente, de

forma que sua evolução dê novo aspecto ao seu modo de gestão.

Conforme comenta GEUS (1998, p. 34) “Cenários não são um mistério

nem uma forma superior de planejar. Eles são ferramentas de presciência – discussões e

documentos cujo propósito não é obter uma previsão ou um plano, mas uma mudança na

mente das pessoas que as utilizam”.

• Ambiente Interno – pontos fortes e fracos

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A avaliação do ambiente interno visa à conscientização sobre os pontos

fortes e fracos da organização, fazendo com que ela desenvolva ações estratégicas que

maximizem sua eficiência.

T. MOTTA, CORRÊA e R. MOTTA (2001, p. 73) elegem os seguintes

pontos como fortes e fracos:

• “Forças (fortes) – São as características da empresa,

tangíveis ou não, que podem ser potencializadas para

otimizar seu desempenho. Refere-se a: imagem, qualificação

dos funcionários, tecnologia, recursos financeiros,

produtividade, qualidade, competitividade, produtos,

serviços, preço, propaganda, equipe de vendas, informações,

estrutura, estilo gerencial, treinamento, capacidade

instalada, relacionamento com clientes, estoques,

localização, layout, prazo de entrega, motivação, processo

decisório, liderança. Sinergia, transparência, autonomia,

custos, desconhecimento dos concorrentes, etc”.

• “Ameaças (fracos) – são situações externas, atuais ou

futuras que, se não eliminadas, minimizadas ou evitadas pela

empresa, podem afetá-la negativamente. Falta de recursos

humanos qualificados, limitação de recursos financeiros,

nível de exigência do mercado, etc”.

Este trabalho, por exemplo, enfatiza as pessoas dentro da organização como

“força” que a empresa pode utilizar para suprir seus pontos fracos, desde que, elas

reconheçam seu valor e seu papel tanto em equipe como individualmente.

Fazer com que as pessoas compartilhem dos elementos apresentados até

aqui como missão, diretrizes, objetivos e metas, faz parte dos aspectos avaliados nesta

pesquisa.

• Ambiente Externo – ameaças e oportunidades

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Ao contrário do ambiente interno, onde a empresa tem controle sobre

ameaças e oportunidades, no ambiente externo, a análise dos aspectos positivos e negativos

traz uma visão de futuro no qual a organização deve tomar medidas para se adequar à

aquela situação projetada. T. MOTTA, CORRÊA e R. MOTTA (2001, p. 74) referem-se

ao ambiente externo do seguinte modo:

“Na análise ambiental são identificadas as

oportunidades e ameaças, que são os principais

condicionantes da eficácia organizacional, ou seja, para ter

sucesso, deve-se aproveitar as oportunidades e evitar as

ameaças”.

• “Oportunidades são situações externas, atuais ou

futuras que, se adequadamente aproveitadas pela empresa,

podem influenciá-la positivamente”.

• “Fraquezas são características da empresa, tangíveis

ou não, que devem ser minimizadas para evitar influência

negativa sobre seu desempenho. Os mesmos itens de forças

podem ser fraquezas”.

É neste contexto que o laboratório de Patologia Clínica de hoje está

inserido. A construção da missão define o propósito e a razão de existência de uma

organização. Neste ambiente é que se cria a oportunidade de envolver toda a equipe do

laboratório de patologia clínica e definir suas diretrizes.

COBRA (2001, p. 273) comenta que “Um

hospital ou um laboratório de análises clínicas, para poder

atender bem, precisa que seu quadro de funcionários esteja

motivado e comprometido com o processo de qualidade”.

No entanto, missão, valores e visão de futuro não terão significado se toda

equipe de trabalho não estiver compartilhando destes conceitos. Portanto, utilizar uma boa

estratégia de comunicação para divulgar a visão organizacional da empresa junto com seus

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colaboradores de forma que estimule o comprometimento dos mesmos, pode ser um

recurso importante para envolvê-los na realização do negócio da empresa e, nos objetivos e

metas, os quais, inspiram a elaboração das diretrizes estabelecidas no planejamento

estratégico da empresa.

3.2.4 Setores essenciais do laboratório de patologia clínica

Identificar os setores essenciais do laboratório de patologia clínica implica

em viabilizar a criação de um layout adequado e racional para a prática das funções

pertinentes aos setores desta empresa.

Obviamente, que a influência de alguns fatores como demanda de pacientes,

número de profissionais, quantidade e diversificação de exames, quantidade e tipos de

equipamentos interferem no dimensionamento do arranjo e planejamento físico do

laboratório.

Embora existam estas variáveis, considera-se que a estrutura básica e

essencial para o funcionamento de um laboratório envolva os seguintes setores:

• Atendimento (recepção e coleta de material);

• Apoio (limpeza, lavagem de utensílios, copa e manutenção);

• Técnico (bioquímica, hematologia, imunologia, microbiologia, parasitologia e

urinálise);

• Administrativo (contabilidade, recursos humanos, compras e financeiro).

Para MAXIMIANO (2000, p. 330 - 331) “... a

estratégia de uma organização é definida pelo tipo de

negócio em que atua e por seus objetivos”. “... Negócios e

objetivos específicos criam necessidades e tarefas que exigem

tipos diferentes de estrutura organizacional”.

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O dimensionamento e segmento de mercado influenciam diretamente na

elaboração e construção da estrutura organizacional da empresa, tanto em relação ao

dimensionamento do arranjo físico quanto à constituição da equipe de colaboradores.

FIGURA 1 – Fluxograma de atendimento no laboratório Clínico

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Fonte: adaptado do livro “Qualidade em estabelecimentos de saúde”, CZAPSKI, 1999.

Cliente

Sala de

E

Sala de Coleta

Recepção

i

Coleta do material

Unidades de

Processamento

Setor

Q í i

Setor Hematologia

Setor Imunologia

Setor Microbiol.

Setor Parasitol.

Setor Urinálise

Composição

d l d

Análise e assinatura laudos

Entrega de

laudo para

Limpeza de Material

Descarte de material e resíduos.

Cliente SAÍDA

Setor de Patologia Clínica

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65

OGUSHI e ALVES (1998, p. 27) afirmam em relação

ao planejamento do arranjo físico que “... apresentação de

dados e estratégias através dos quais poder-se-ão identificar

diretrizes convencionais e otimizadas que viabilizem a

criação de uma configuração harmônica para a instalação e

o funcionamento de um laboratório clínico, envolvendo área

física, mobiliário, equipamentos, tarefas e trabalhadores”.

O negócio e o objetivo da organização não só interferem na estrutura

organizacional, como também determinam a escolha dos recursos humanos, pois as

pessoas que a organização emprega devem ter afinidade com o negócio, formação e

experiência profissional que correspondam às expectativas da empresa.

Embora o laboratório de patologia clínica seja uma prestação de serviços

que deve ser realizada por profissionais especializados na área, ele necessita de outros

profissionais com formação variada para realizar a totalidade de seus processos do início

ao término da prestação do serviço, como: auxiliar de enfermagem e de laboratório,

digitadores, auxiliar administrativo e pessoal para executar a limpeza.

3.3 As pessoas no laboratório de patologia clínica

A identificação dos setores descritos acima e a existência de uma equipe

multiprofissional combinadas a um arranjo físico apropriado e com tecnologia atualizada

indica quando a organização reúne as necessidades básicas para seu funcionamento.

A partir deste ponto este trabalho tem como objetivo conhecer os métodos

gerenciais utilizados em uma empresa e sua contribuição para o envolvimento dos

membros da equipe na implantação do processo estratégico da empresa.

De acordo com as definições que mencionamos, as organizações são

compostas de pessoas. É de interesse da organização que estas pessoas estejam

empenhadas num objetivo comum e que tenham um comportamento compatível ao foco da

organização.

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66

No entanto, algumas características individuais e pessoais são relevantes

neste comportamento: personalidade, individualidade, aspirações, valores e atitudes, e

objetivos próprios.

Desenvolver as pessoas e as organizações implica em compatibilizar as

motivações individuais e as da organização, e assim, promover o desenvolvimento do

indivíduo e da empresa na qual ele está inserido.

CASADO (2002, p. 237) diz: “As organizações já

notaram a necessidade de alterar seus modelos de gestão

baseados no desempenho individual para um novo

paradigma: o trabalho em time. A busca dessa nova

realidade organizacional tem como objetivos aumentar a

produtividade, a competitividade e a eficiência”.

Esta afirmação em relação ao tipo de arranjo de pessoas cria uma forma de

organização em “time”, mas a literatura identifica outros dois tipos de arranjos de pessoas:

em grupo e em equipe.

ROBBINS (2001, p. 260), assim define: “Grupo de

Trabalho: grupo cujos membros interagem basicamente para

partilhar informações e tomar decisões, para mutuamente se

ajudarem no desempenho em sua área de responsabilidade.

Equipe de Trabalho: grupo cujos esforços individuais

resultam em um desempenho, que é maior que a soma das

contribuições de cada um dos objetivos”.

Algumas características fazem parte da formação de uma equipe, entre elas:

aptidões dos membros, tamanho, distribuição e papéis, comprometimento com objetivo

comum, estabelecimento de metas específicas, responsabilidade social e recompensas.

Outro aspecto relevante em relação às pessoas dentro das organizações são

suas atitudes. Para ROBBINS (2002, p. 66), “... As atitudes são afirmações avaliadoras –

favoráveis ou desfavoráveis – em relação a objetos, pessoas ou eventos. Refletem como um

indivíduo se sente em relação a alguma coisa”.

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Portanto, avaliar as pessoas na organização demonstra que, através de suas

características individuais, as pessoas podem agregar vantagens ou desvantagens ao

desempenho da organização.

Contudo, a eficácia da gestão em recursos humanos dispõe de algumas

ferramentas que auxiliam na estruturação das equipes organizacionais como: recrutamento,

processo seletivo, orientação das pessoas, modelagem de cargos, avaliação de desempenho,

remuneração, programas de incentivo, benefícios, treinamento e qualidade de vida no

trabalho.

A literatura moderna aponta para a valorização das pessoas dentro da

organização como diferencial na prestação de seus serviços.

MAXIMIANO (2000, p. 92) classifica: “As pessoas

são o principal recurso que as organizações utilizam para

realizar seus objetivos. De fato, as organizações são

principalmente grupos de pessoas que utilizam recursos.

Além das pessoas, as organizações empregam dinheiro,

tempo, espaço e recursos materiais, como instalações,

máquinas, móveis e equipamentos.”

Alguns autores preferem tratar as pessoas como parceiros da organização e

não como recursos e assim justificam:

Para CHIAVENATO (1999, p. 7): “Como recursos,

eles precisam ser administrados, o que envolve

planejamento, organização, direção e controle de suas

atividades, já que são considerados sujeitos passivos da ação

organizacional.” E complementa que como parceiros das

organizações “...são fornecedoras de conhecimentos,

habilidades, capacidades e, sobretudo, o mais importante

aporte para as organizações – a inteligência, que

proporciona decisões racionais e imprime o significado e

rumo aos objetivos globais.”

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QUADRO 4 – As pessoas são recursos ou parceiros da organização?

Pessoas como Recursos Pessoas como Parceiros

♦ Empregados isolados nos cargos

♦ Horário rigidamente estabelecido

♦ Preocupação com normas e regras

♦ Subordinação ao chefe

♦ Fidelidade à organização

♦ Dependência da chefia

♦ Alienação em relação à

organização

♦ Ênfase na especialização

♦ Executoras de tarefas

♦ Ênfase nas destrezas manuais

♦ Mão-de-obra

♦ Colaboradores agrupados em equipes

♦ Metas negociadas e compartilhadas

♦ Preocupação com resultados

♦ Atendimento e satisfação do cliente

♦ Vinculação à missão e à visão

♦ Interdependência entre colegas e

equipes

♦ Participação e comprometimento

♦ Ênfase na ética e na responsabilidade

♦ Fornecedoras de atividade

♦ Ênfase no conhecimento

♦ Inteligência e talento

Fonte: Gestão de Pessoas-o novo papel dos recursos humanos nas organizações, 1999, p. 7

Sobretudo as estratégias usadas em relação às pessoas dentro das

organizações estão ganhando cada vez mais destaque, pois a equiparação entre as empresas

em relação a novas tecnologias, aos materiais e as informações estão disponíveis a todas

elas da mesma forma, ao passo que, o desenvolvimento das pessoas em relação a estes

recursos é que vem a ser peculiar a cada organização.

Segundo MEZOMO (2001, p. 53) “O grande

diferencial das organizações está cada dia mais centrado na

qualidade pessoal e no desempenho profissional de seus

recursos humanos. A tecnologia e a estrutura das

organizações podem significar muito pouco se as pessoas

não forem educadas para um trabalho responsável e não se

sentirem comprometidas com a qualidade dele e, sobretudo,

com o pleno atendimento das necessidades dos clientes”.

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Os critérios que cada organização adotar e desenvolver para promover um

ambiente propício para a educação e desenvolvimento das pessoas, têm sido vistos como

uma ferramenta estratégica eficiente para que ela consiga realizar seu negócio com sucesso

e, para que isto ocorra, envolver todos elementos nela inseridos em torno de um ideal

único, faz parte de sua gestão estratégica.

MEZOMO (2001, p. 53-54) acrescenta que “Cresce

hoje a consciência de que as pessoas não conseguem

produzir e se realizar num ambiente de tensão e

condicionadas ao cumprimento de rotinas e processos

inadequados ao atendimento de suas necessidades e

expectativas. Daí a urgência da criação de uma nova gestão

de recursos humanos claramente centrada na educação e no

desenvolvimento das pessoas, que, evidentemente, constituem

o verdadeiro de definitivo patrimônio das organizações”.

Todo e qualquer laboratório de patologia clínica que busca prestar seus

serviços com qualidade, deve procurar envolver tudo e todos em seus processos. Para que

isto ocorra alguns requisitos são essenciais, sejam eles materiais ou não, como:

compromisso, envolvimento, recursos, estrutura física, instalações e ambiente,

equipamentos, instrumentos e sistemas analíticos, recursos humanos e processos técnicos.

T. MOTTA, CORRÊA e R. MOTTA (2001, p. 27)

referem-se aos recursos humanos como “... imprescindível

para a qualidade que os funcionários do laboratório

apresentem escolaridade compatível, formação técnica e

teórica e experiência comprovada nos setores específicos.

Fundamental, também, é a existência de um programa de

educação continuada, disponível para todos os níveis,

assegurando, assim, a habilidade e competência, além de

promover o desenvolvimento técnico intelectual dos

funcionários. A direção do laboratório deve ter um plano

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organizacional, política de descrição de cargos de pessoal,

definindo as sua qualificações e os seus deveres.”

Desenvolver um espírito de equipe é uma tarefa imprescindível para

viabilizar o envolvimento das pessoas. VERGARA (2000, p. 149) define equipe como:

“Um conjunto de pessoas trabalhando juntas é

apenas um conjunto de pessoas. Para que se torne uma

equipe é preciso que haja um elemento de identidade,

elemento de natureza simbólica, que una as pessoas, estando

elas fisicamente próximas, ou não”.

Alguns autores estabelecem diferenças substanciais em grupos e equipes

como determina CHIAVENATO e MATOS (2002, p 117) quando dizem que:

“No ambiente de trabalho, equipe é um grupo de

pessoas com habilidades complementares e que trabalham

em conjunto para alcançar um propósito comum para qual

são coletivamente responsáveis. Uma equipe gera sinergia

positiva por meio do esforço coordenado. Os esforços

individuais são integrados para resultar em um nível de

desempenho que é maior do que a soma de suas partes”.

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FIGURA 2 – Comparação entre Grupos de Trabalho e Equipes de Trabalho.

Grupos de Trabalho Equipes de Trabalho

< Objetivo >

< Sinergia >

< Responsabilidade >

< Habilidades >

Fonte: Adaptado pela autora, de ROBBINS Comportamento Organizacional, 2002, p. 251.

Atitudes são afirmações a respeito das pessoas e das equipes que podem se

apresentar de forma positiva ou negativa em uma avaliação.

ROBBINS (2002, p. 66) as define como “... como

afirmações avaliadoras – favoráveis ou desfavoráveis – em

relação a objetos, pessoas ou eventos. Refletem como um

indivíduo se sente em relação a alguma coisa. Quando digo

‘gosto do meu trabalho’, estou expressando minha atitude em

relação ao trabalho”.

Vários tipos de atitudes são relevantes para o relacionamento dentro da

organização. Neste momento elegemos três delas, que ROBBINS (2002) considera ser

atitudes relacionadas ao trabalho, que revelam avaliações positivas ou negativas, que os

trabalhadores têm em relação a diversos aspectos de seu ambiente de trabalho:

Compartilhar informações

Neutra (às vezes negativa)

Individual

Aleatória e variada

Desempenho coletivo

Positiva

Individual e mútua

Complementares

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• Satisfação com o trabalho;

• Envolvimento com o trabalho;

• Comprometimento organizacional;

ROBBINS (2002, p.67) descreve o comprometimento

como “o grau em que um empregado se identifica com uma

determinada empresa e seus objetivos, desejando manter-se

como parte da organização”.

O envolvimento com o trabalho talvez seja o tipo de atitude que estimule a

presença das demais, avaliando que, a partir do momento em que as pessoas se sentem

envolvidas com o trabalho que elas realizam, automaticamente, elas desenvolverão atitudes

de satisfação e comprometimento.

Segundo ROBBINS (2002, p. 67) “Envolvimento com

o trabalho é o grau em que uma pessoa se identifica com seu

trabalho, participa ativamente dele e considera seu

desempenho como uma coisa valiosa”.

É importante mencionar que existe um terceiro conceito além de grupo e

equipe que a literatura moderna apresenta. Trata-se do conceito de time, o qual, tem um

significado ainda mais forte.

Para CASADO (2002, p. 240) “Time é o conjunto de

pessoas com habilidades e potencialidades peculiares a

serviço de um objetivo comum. Elas compartilham valores,

buscam resultados comuns e contam com alto grau de

comprometimento, o que as faz responsabilizar-se por mais

do que a simples realização de suas tarefas e atribuições

individuais”.

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73

O aspecto mais importante na diferenciação do conceito de grupo para o

time é que o time agrega, além de todos os aspectos intrínsecos ao grupo, a importância da

responsabilidade individual das pessoas.

De acordo com considerações feitas a respeito da complexidade dos

processos de um laboratório de patologia clínica, é fundamental que este tipo de

organização tenha como foco as pessoas a fim de obter melhores resultados.

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74

4. O cliente do laboratório de patologia clínica

Reconhecer todos os clientes envolvidos nos processos existentes dentro do

laboratório de patologia clínica faz parte das estratégias estabelecidas por esta organização.

Toda transformação que os laboratórios vêm sofrendo nas últimas décadas é em

decorrência das exigências esperadas, especialmente, pelos clientes que utilizam estes

serviços que, automaticamente interferem em toda cadeia produtiva, modificando as

relações com todos os demais clientes do processo.

A busca pela qualidade envolve várias etapas, as quais, T. MOTTA,

CORRÊA e R. MOTTA (2001, p.1) agrupam da seguinte forma para efetivar sua

implantação, com objetivo de atingir o pleno atendimento do cliente:

• “A eliminação dos defeitos, garantindo resultados e

condições de serem efetivamente utilizados”.

• “Eliminação das causas dos defeitos, garantindo

maior confiabilidade dos resultados”.

• “Otimização do processo, levando a resultados com a

máxima eficiência e eficácia”.

T. MOTTA, CORRÊA e R. MOTTA (2001, p 2) ainda complementam,

afirmando que “O laboratório clínico, como qualquer outra empresa de sucesso,

apresenta alguns indicadores em comum”.

Estes indicadores segundo os autores são:

• “Clientes satisfeitos. A qualidade dos resultados e

serviços é julgada pelo cliente e não pelo fornecedor. É

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preciso garantir a máxima satisfação das necessidades dos

clientes e a sua preferência e fidelidade”.

• “Equipe motivada e capacitada. O desempenho do

laboratório depende, cada dia mais, da qualidade, da

motivação, da criatividade e do envolvimento de seus

funcionários, que, por sua vez, devem contar com a

existência de oportunidade para aprender e praticar novas

habilidades em seu trabalho”.

• “Tecnologia atualizada. Atualização dos métodos

analíticos operacionais, buscando acuracidade e

eficiência”.

• “Imagem positiva. O consumidor adquire um produto

porque já conhece a marca, porque confia na imagem da

empresa ou ainda porque desenvolveu uma relação de

fidelidade com a empresa por experiências anteriores”.

• “Fornecedores parceiros. Pelas parcerias, os

laboratórios poderão usufruir as vantagens dos pontos fortes

de outras pessoas e organizações, aumentando sua

capacidade global e tornando-se mais flexíveis e velozes na

resposta às novas demandas do mercado”.

• “Qualidade total. O laboratório necessita monitorar

e melhorar seu desempenho em tudo o que for fundamental:

produtividade, custo, prazo, satisfação do cliente,

participação no mercado, desperdício e qualidade total”.

• “Produtividade. Constantes mudanças na

organização pela atualização tecnológica (robótica,

informática, redução de volumes de amostra e reagentes,

etc) e administrativa (emprego de computadores na

organização de informações, sistemas organizacionais

flexíveis, etc) O aumento da produtividade requer aporte de

capital, aporte de conhecimento e está relacionado à

qualidade”.

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76

• “Competitividade. O sucesso do passado não garante

o sucesso do futuro, que se fundamenta em outros

parâmetros: atenção às mudanças, conhecimento de novas

tecnologias, segmentação dos clientes, regulamentação e

pressão da concorrência. Os planos, as estratégias e as

alocações de recursos devem, portanto, refletir esta visão de

futuro do laboratório”.

• “Lucro com responsabilidade social”.

• “Sobrevivência. É garantida pela formação,

treinamento e educação de uma equipe de pessoas capazes

de projetar, montar, operacionalizar, aprimorar um serviço

que cative a preferência dos clientes a um custo menor que o

dos seus concorrentes”.

A questão de relevância que a pesquisadora salienta é que a identificação

dos clientes do laboratório de patologia está diretamente relacionada com a qualidade, pois

é através de clientes e para clientes que o aperfeiçoamento dos serviços para a conquista da

melhor qualidade se realiza.

4.1 Identificação dos clientes no laboratório de patologia clínica

Delimitaremos a identificação dos clientes de um laboratório de patologia

clínica para o ambiente do estudo do caso em questão. Sabemos que a localização

geográfica da empresa é uma variável importante na segmentação de mercado.

A análise e a identificação dos clientes de uma empresa configuram uma

ferramenta importante para o planejamento estratégico da organização.

T. MOTTA, CORRÊA e R. MOTTA (2001, p. 5)

“...O que realmente faz com que o cliente use um

determinado serviço de análises clínicas é o fato de ele

atender às suas necessidades, satisfazendo também

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77

preferências, conveniências e gostos. Por extensão, serviços

que superam o que o cliente espera, não apenas atendendo a

suas expectativas mas indo além delas, são o que

estrategicamente tendem a garantir a sobrevivência do

laboratório”.

Atingir este objetivo implica conhecer quem são estes clientes e decifrar

suas necessidades e anseios.

TIBÚRCIO e PROKOP (in Laes & Raes) comentam:

“O termo cliente foi empregado pela primeira vez no início

do século XX. Naquela época, as empresas e certamente os

laboratórios clínicos, se existissem, necessitariam de perto de

uma centena de anos para terem atitudes ou para agirem em

relação às necessidades deles. Para algumas empresas, o

cliente era um incômodo ou até mesmo uma dificuldade”.

Esta citação expõe o quanto a atual realidade se difere de épocas passadas. É

consenso nas empresas modernas que sua existência se justifica em produzir produtos ou

serviços que venham atender as necessidades e expectativas de um determinado público

conhecido como cliente. Mas estes mesmos autores complementam esta citação com as

seguintes afirmações:

Para TIBÚRCIO e PROKOP, “O laboratório clínico

pode ser entendido de diferentes maneiras. Uma delas é

como uma empresa que realiza negócios, através da

realização de exames, com diferentes graus de sofisticação e

para diferentes condições de saúde. Deste ponto de vista, seu

negócio, denominado genericamente de laboratório clínico, é

um estabelecimento no qual se realizam exames em amostras

provenientes de seres humanos para fins preventivos,

diagnósticos, prognósticos e monitorização em saúde

humana, conforme NBR 14500:2000 Gestão da Qualidade

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78

nos Laboratórios Clínicos ou o Manual para

Credenciamento do Sistema da Qualidade de Laboratórios

Clínicos. Enquanto uma empresa, seu laboratório realiza

vendas e vende serviços. Esses serviços vendidos são

conceitualmente classificados como tangíveis, pois podem ser

medidos ou quantificados. Os serviços são vendidos para

alguém: o cliente. Embora nem sempre seja o paciente quem

faça o pagamento do serviço comprado, ele continua

autorizando a compra do seus serviços”.

Desta maneira pode-se deduzir a importância de se investigar e conhecer

todos os tipos de cliente que um laboratório de patologia clínica envolve para a realização

de seu negócio.

Nogueira (in T. MOTTA, CORRÊA e R. MOTTA: 2001, p.4), define como

clientes do laboratório clínico: pacientes, familiares, médicos, fontes pagadoras,

laboratórios de apoio, comunidade, fornecedores e funcionários:

• Paciente – é o usuário final e fundamental dos serviços do laboratório de patologia

clínica. Origina-se dos convênios privados, do âmbito particular e quando o

laboratório é prestador de serviços para o sistema público, do SUS.

• Familiares – embora não sejam os usuários finais, têm grande participação na

escolha do laboratório, especialmente quando o paciente é criança, idoso ou

dependente de alguma forma de um familiar próximo.

• Médico – este é o gerador das requisições de exames, também será beneficiário

pelos serviços do laboratório a partir do momento que laudo traga contribuições

para o diagnóstico do paciente.

• Fontes pagadoras – são elas que se responsabilizam pelo ressarcimento dos serviços

prestados a seus usuários.

• Laboratórios de Apoio – são aqueles para os quais os exames, não realizados pelo

laboratório de origem, são terceirizados.

• Comunidade – é toda população que pode vir a utilizar e se beneficiar dos serviços

do laboratório.

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• Fornecedores – são os que disponibilizam recursos materiais (insumos) para a

realização de exames.

• Funcionários – são os recursos (humanos) mais importantes da organização. Sua

contribuição é fundamental para que o laboratório consiga cumprir sua missão. Para

que isto ocorra é imprescindível que a organização desenvolva estratégias para

estabelecer o envolvimento dos colaboradores (funcionários) com os objetivos da

empresa. Neste tipo de empresa possuem qualificação multidisciplinar devido à

diversificação das funções os médicos, biomédicos, farmacêuticos, técnicos em

laboratório, enfermeiros, auxiliar administrativo, pessoal de apoio e limpeza.

Após identificar e conhecer todo tipo de cliente, a empresa poderá definir

ações estratégicas que promovam a satisfação das necessidades dos clientes, respondendo

para si mesma a seguinte pergunta: Para quem iremos vender nossos serviços e de que

maneira o faremos?

4.2 Qualidade e Acreditação

A globalização nos aproximou de economias desenvolvidas. Esta

diminuição de distância e a rapidez das informações colocaram o Brasil diante de questões

que nos fizeram refletir a respeito da qualidade de nossos serviços.

Surgem então, critérios utilizados por órgãos que regulamentam as

atividades técnicas e administrativas dos laboratórios de patologia e análises clínicas como

a Vigilância Sanitária, SBPC e Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), a fim de

padronizar e assegurar a qualidade dos serviços prestados por estas empresas e garantir a

prestação destes serviços dentro de normas estabelecidas.

Nesta dissertação utilizamos como referência para a demonstração das

normas de qualidade o PALC – Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos. De

acordo com a SBPC – Sociedade Brasileira de Patologia Clínica: (Manual do Laboratório –

versão 2000) “... os critérios do PALC se distinguem por sua especificidade e seu

embasamento em dados científicos que contribuem para confiabilidade, utilidade e

pontualidade da entrega do laudo, que é o produto final de todas as atividades

laboratoriais”, e o PELM (Programa de Proficiência em Laboratórios Médicos) avaliado

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pela Control-lab, empresa de prestação de serviços em controle de qualidade em

laboratórios credenciada pela SBPC.

4.2.1 Qualidade

Referir a qualquer tipo de organização e não citar qualidade é praticamente

impossível no mundo atual. A qualidade hoje não é mais vista como diferencial no negócio

e sim como obrigação e responsabilidade.

O conceito de qualidade se altera e evolui para acompanhar as mudanças

vividas pela sociedade.

Segundo T. MOTTA, CORRÊA e R. MOTTA (2001,

p.4) “... a qualidade é sempre definida com base no cliente,

que em última análise, faz uso do serviço”.

Considerando este conceito, o processo de gestão da qualidade terá sempre

como foco o cliente que, afinal, é o agente que permite que a organização exerça sua

função, realizando o negócio para o qual ela se propõe.

Como a qualidade é um processo que evolui, apresentamos abaixo um

quadro da evolução do conceito da qualidade de Pires Rodrigues (in GESTÃO DA

QUALIDADE NO LABORATÓRIO CLÍNICO: 2001).

QUADRO 5 – Evolução do conceito de qualidade.

Errado Certo

- Produtos de qualidade são luxuosos, caros

e bonitos.

- Produtos de qualidade atendem as

expectativas do cliente.

_ Qualidade é um conceito vago, subjetivo,

impossível de definir.

_ Qualidade consiste no cumprimento dos

requisitos e especificações do cliente.

_ A qualidade é considerada a falta de

defeitos no produto ou no serviço prestado.

_ Qualidade representa a prevenção da

ocorrência de erros ou desvios em relação

às especificações.

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Continuação QUADRO 5.

_ A qualidade é responsabilidade do

departamento de controle de qualidade.

_ A responsabilidade pela qualidade é

compartilhada por todos e exige total

envolvimento dos funcionários.

_ Rejeição de 10% é aceitável; é a média do

setor.

_ Não se aceitam erros. Devem-se

promover melhorias contínuas até alcançar

“defeito zero”.

_ Qualidade só pode ser introduzida na

empresa através da contratação de

especialistas em qualidade.

_ Qualidade será alcançada através da

liderança dos dirigentes e do envolvimento

de todos os funcionários.

_ Indicadores de produtividade já dão a

medida da qualidade.

_ Indicadores de produtividade medem a

eficiência no uso de recursos.

Fonte: Gestão da qualidade no laboratório clínico, 2001, p. 6.

Conforme sugere o QUADRO 5, podemos dizer que a implantação da

qualidade se realiza com a implementação dos requisitos necessários através da atuação

das pessoas.

Ao nos referirmos à qualidade, simultaneamente, devemos abordar o

processo de relacionamento interno e externo, os quais são exclusivamente dependentes

das pessoas que atuam na organização.

A sensibilização das pessoas para a qualidade é substancial para o sucesso

deste programa. É a partir da sensibilização que a equipe percebe e se convence da

necessidade de se trabalhar em um ambiente com qualidade.

Para MEZOMO (2001, p. 57) “A qualidade é,

fundamentalmente, filosofia de vida antes ainda de ser

filosofia de ação. A qualidade é também filosofia

administrativa que o trabalhador deve incorporar à prática

diária”.

O processo de desenvolvimento da qualidade na organização inicia-se com

desenvolvimento da qualidade pessoal. É necessário que pessoas percebam que a busca de

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sucesso da empresa está diretamente relacionada com a melhoria da própria vida pessoal.

Portanto, envolver as pessoas no processo de qualidade, implica em educá-las, motivá-las,

inspirá-las para que cada elemento da organização desenvolva suas habilidades, sua

responsabilidade individual, sua visão ética do trabalho e seu espírito de equipe.

MEZOMO (2001, p. 62-63) contribui, dizendo que

“Uma pessoa com qualidade não se conforma com a

mediocridade em suas ações e faz do trabalho uma

oportunidade para expressar sua responsabilidade e sua

própria filosofia de vida”. E complementa, “Tendo

qualidade, a pessoa:

a) ganha o respeito e a confiança dos outros;

b) aumenta suas chances de promoção;

c) reduz seus erros e a necessidade de refazer as coisas;

d) dispensa o controle e a supervisão;

e) aumenta a produtividade e reduz as críticas ao seu

trabalho;

f) transforma-se em exemplo e líder;

g) aumenta a auto-estima e melhora a auto-imagem; e

h) dá sentido e valor ao seu trabalho.”

O princípio para a melhoria da qualidade está no compromisso visível da

direção da organização. E, portanto é necessário reforçar que a organização precisa ter uma

definição clara da visão de futuro, missão, responsabilidade e liderança para envolver as

pessoas, prover recursos, monitorar os processos e ter foco no cliente.

4.2.2 Acreditação

A acreditação é um dos meios utilizados para implantação da qualidade.

Através dos critérios e procedimentos exigidos dentro de um processo de acreditação para

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se obter a certificação, a organização corrige suas não conformidades de acordo com o

estabelecido pela instituição ou órgão responsável pela certificação.

T. MOTTA, CORRÊA e R. MOTTA (2001, p.

24) observam que “Os laboratórios clínicos devem buscar,

através de um organismo com autoridade, o reconhecimento

formal de que atende a requisitos pré-determinados para

realizar tarefas específicas de análises. A acreditação tem o

objetivo de criar (melhorar) os padrões da prática

laboratorial, de modo a reduzir os riscos de danos na

prestação de serviços e aumentar as probabilidades de bons

resultados”.

O PALC – Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos é um

programa da SBPC/ML – Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina

Laboratorial que tem como objetivo a melhoria dos laboratórios de patologia clínica. Este

programa apresenta 176 requisitos que o laboratório deverá estar em conformidade, entre

eles, organização e instalação, equipamentos e reagentes, manual da qualidade, POPs

(procedimentos operacionais padrão), registros, CIQ (controle interno da qualidade), CEQ

(controle externo da qualidade), informática, atendimento ao paciente, cadastro, laudos,

amostras e laboratórios de apoio.

O processo de acreditação envolve 16 etapas desde a inscrição até a

auditoria que dará o parecer se a organização está ou não em conformidade com os

requisitos pré-estabelecidos.

Ao mesmo tempo em que estas certificações geram custos na sua

implantação, elas também permitem que o consumidor tenha maior garantia dos serviços

que adquire e promovem melhores condições de trabalho e, com o tempo, a organização

perceberá que os ajustes provocados pela implantação de todos os requisitos, trazem

benefícios em todos os níveis da empresa, inclusive financeiro, pois um dos pontos da

acreditação é eliminar o desperdício e melhorar os processos.

Outros benefícios da certificação laboratorial, de acordo com T. MOTTA,

CORRÊA e R. MOTTA (2001, p. 173), são: menos re-trabalho, mais organização, maior

integração interna com funcionários e colaboradores participativos, redução de acidentes

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de trabalho, maior previsibilidade nos resultados, melhor relacionamento com clientes e

fornecedores e qualidade assegurada.

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5. Metodologia

Por existir vários tipos de pesquisa, torna-se necessário apresentar qual o

critério utilizado pelo pesquisador, esclarecendo: tipo de pesquisa, universo e amostra,

lócus da pesquisa e coleta de dados. Estes assuntos serão tratados neste capítulo.

5.1 Tipo de Pesquisa

Adotamos as recomendações de GIL (1996, p. 45) em relação à forma de

como classificar nossa pesquisa. Segundo GIL, “é possível classificar as pesquisas em três

grandes grupos: exploratórias, descritivas e explicativas”.

Por se tratar de um estudo de caso, utilizou-se a pesquisa exploratória, na

qual realizou-se o levantamento bibliográfico e entrevistas com diretores e colaboradores

de nosso objeto de estudo.

Gil (1996, p.59) assim identifica uma das características do estudo de caso:

“A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas

pesquisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é

recomendável nas fases inicias de uma investigação sobre

temas complexos, para a construção de hipóteses ou de

reformulação de problema. Também se aplica com

pertinência nas situações em que o objeto de estudo já é

suficientemente conhecido a ponto de ser enquadrado em

determinado tipo ideal”.

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De acordo com as hipóteses, consideramos que a opção de um estudo de

caso é mais favorável por sua flexibilidade, por ser muito útil no estudo de opiniões e

atitudes e pela experiência profissional da pesquisadora em relação ao objeto de estudo que

lhe permitiu um alto grau de observação.

5.2 Universo e Amostra da Pesquisa

GIL (1996, p.121) distingue quatro fases para a realização de um estudo de

caso: delimitação da unidade-caso; coleta de dados; análise e interpretação dos dados;

redação do relatório.

Para a realização deste trabalho, o universo de pesquisa foi delimitado na

empresa Hormolab que aplica a administração participativa, tendo como principal recurso

o desenvolvimento da visão estratégica organizacional junto a seus colaboradores.

Nossa amostra foi composta pelos seguintes sujeitos: três diretores e

dezessete colaboradores, ou seja, 100% do quadro de funcionários da empresa.

A técnica adotada foi a de entrevista individual, formalizada pela construção

de um formulário composto de onze perguntas (ANEXO 1) aplicado aos colaboradores e

dez (Anexo 2) aos diretores.

A pesquisa foi realizada nas instalações da empresa mediante autorização da

diretoria. O mesmo procedimento foi tomado em relação à participação dos colaboradores.

O convite aos diretores foi feito através de um pedido encaminhado para reunião de

diretoria quando houve a adesão de três diretores.

Para maior compreensão sobre a escolha do universo e amostra da pesquisa,

utilizamos o organograma da empresa apresentado na figura 3, o qual, indica de que forma

os processos operacionais da organização estão distribuídos.

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FIGURA 3 – Organograma do Hormolab Medicina Laboratorial e Consultoria Clínica

Fonte: Documento, em fase de desenvolvimento, da área de Recursos Humanos do

HORMOLAB, 2003. Fornecido pela Humanitas Consultoria e Treinamento.

5.3 O lócus da Pesquisa

Este estudo de caso envolve um laboratório de patologia clínica instalado no

interior do Estado de São Paulo, na cidade de Franca. Esta empresa adotou uma estratégia

de gestão formatada para o ambiente no qual ela está inserida.

Além de todas as estratégias normalmente utilizadas pelas organizações,

demonstramos neste trabalho a fundamentada no desenvolvimento da visão estratégica

organizacional das pessoas, adotada pelo Hormolab Medicina Laboratorial e Consultoria

Clínica, para obter resultados de crescimento.

AdministraçãoApoio

Área Técnica

Coleta

Recepção Diretoria Técnica e

Administrativa

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5.3.1 Histórico da Empresa

O Hormolab S/C Ltda., é uma empresa que presta serviços na área de

Patologia Clínica e Consultoria Clínica no setor da Saúde. Está sediada no município de

Franca, Estado de São Paulo, desde 24/03/1988, quando os médicos patologistas clínicos e

endocrinologistas, Mauro Roberto de Castro Figueiredo e Wilson Cunha Júnior, decidiram

instalar, nesta cidade, um laboratório que realizasse dosagens hormonais. Daí o nome

HORMOLAB (“Hormo” de hormônio e “Lab” de laboratório).

Por serem médicos com experiência em clínica médica, eles perceberam que

poderiam contribuir um pouco mais com a comunidade e com a classe médica, praticando

outras especialidades como: Bioquímica, Hematologia, Microbiologia, Urinálise,

Parasitologia e Imunologia. Sendo assim, organizaram-se tecnicamente e iniciaram a

prática destas especialidades em 1991.

A partir de então, foram conquistando confiança e credibilidade junto à

classe médica. A empresa cresceu e a necessidade de possuir estrutura organizacional

adequada ao negócio fez-se presente.

Em 1998, empreederam na construção da sede própria da empresa dentro

das normas da Vigilância Sanitária e de acordo com os critérios de qualidade exigidos pela

SBPC – Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, na qual, já participam do programa

PELM – Proficiência em Ensaios de Laboratórios Médicos, tendo conquistado a

certificação de excelência.

Em março de 1999, foi inaugurada a nova sede. Nesta época, a empresa

tinha convênio firmado com, aproximadamente, dez planos e/ou seguros saúde. Atendia

500 pacientes por mês, os quais geravam aproximadamente 1500 exames.

A empresa não parou de investir. Adquiriu equipamentos, contratou pessoal

especializado e buscou, continuamente, atualização de sua equipe através de treinamentos,

cursos, congressos e pós-graduações.

Atualmente está credenciada a vinte e cinco planos de saúde e/ou seguro

saúde. Atende uma região dimensionada em 740.000 habitantes, incluindo a população de

Franca e municípios circunvizinhos (conforme dados do INPE - Instituto de Pesquisas de

Franca).

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5.3.2 Negócio, Missão e Valores do HORMOLAB

A realização de exames e consultoria clínica em medicina laboratorial é o

foco do negócio do Hormolab. A direção da empresa desenvolve suas estratégias no

objetivo de realizar seu negócio, exercendo sua missão assim definida:

“Promover a saúde e o bem-estar do ser humano com

dignidade”.

Os valores do Hormolab estão classificados conforme o QUADRO 6:

QUADRO 6 – Valores do Hormolab Medicina Laboratorial e Consultoria Clínica

• ÉTICA - permite a nossa realização profissional

com verdade, transparência e sigilo

absoluto.

• QUALIDADE _ nos impulsiona a fazer sempre melhor.

• IDEALISMO _ o amor à profissão supera as dificuldades

do negócio.

• LUCRO

_ reverte na aquisição de novas

tecnologias, novos conhecimentos, na

expansão da empresa e no bem-estar de

todos.

Fonte: Documento da área de Recursos Humanos do HORMOLAB, 2001.

A empresa utiliza seu negócio, sua missão e seus valores para estabelecer

seus propósitos. As convicções dos diretores estão alicerçadas nestes três fundamentos. É

através deles que a área de recursos humanos seleciona novos colaboradores e desenvolve

seu trabalho junto à equipe já constituída a fim de estimular o envolvimento de todos os

membros da equipe.

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5.4 Coleta de dados, instrumentos técnicos e procedimentos utilizados.

Quanto à amostra GIL (1996, p. 122) sugere que:

“A coleta de dados no estudo de caso é feita mediante

o concurso dos mais diversos procedimentos. Os mais usuais

são: a observação, a análise de documentos, a entrevista e a

história de vida. Geralmente utiliza-se mais de um

procedimento”.

Além da observação e do levantamento de documentos da empresa, foram

aplicados dois formulários sendo um deles com os colaboradores do Hormolab e outro com

três diretores conforme modelos (ANEXO 1 e 2).

Vergara classifica a utilização de formulário para coleta de dados da

seguinte forma:

“O formulário é um meio-termo entre questionário e

entrevista. É apresentado por escrito, como questionário,

mas é você quem assinala as respostas que o respondente dá

oralmente”.

As entrevistas foram realizadas nas instalações da própria empresa com

autorização da direção e, individualmente, no mês de fevereiro de 2003.

Com base na coleta de dados, o tratamento foi de forma qualitativa. Os

formulários utilizados nas entrevistas, bem como, a tabulação de dados observados nos

permitiu uma análise qualitativa, a qual, foi interpretada pela pesquisadora sob a

supervisão da orientadora.

Para GIL (1996, p. 129) “Há pesquisas em que se

privilegia a interpretação de seus resultados. Desta

discussão participam pesquisadores, participantes e

especialistas convidados”.

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Tendo em vista o objetivo da pesquisa, as perguntas foram elaboradas a fim

de medir se os colaboradores estão envolvidos com a empresa. Caso a resposta fosse

positiva, tentamos medir se o envolvimento tinha algum vínculo com os métodos

gerenciais que a empresa utiliza.

Outro aspecto investigado foi a visão que os diretores da empresa têm em

relação à participação e ao envolvimento dos colaboradores e suas crenças no estilo de

gestão que a empresa adota.

Houve uma grande manifestação de interesse na participação dos

entrevistados. Para cada entrevista foram necessários vinte minutos, em média,

considerando diretores e colaboradores.

A identificação dos entrevistados visou investigar também de que forma é

constituída a equipe de colaboradores da empresa em relação à formação escolar e

profissional, ajudando a pesquisadora a classificar o nível de formação dos elementos.

Aproveitando as oportunidades para intensificar a observação, a

pesquisadora participou de dinâmicas de grupo aplicadas pelo coordenador de recursos

humanos para enriquecer suas conclusões.

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92

6. Apresentação da Pesquisa e Análise dos Dados

Este capítulo destina-se à apresentação, à análise e à interpretação da

pesquisa. GIL (1996, p. 123) sugere que o pesquisador adote um plano de análise e

complementa:

“Este plano deve considerar as limitações dos dados

obtidos, sobretudo no referente à qualidade da amostra.

Sabendo que sua amostra é boa, ele tem uma base racional

para fazer generalizações a partir dos dados”.

Sendo assim, inicialmente descrevemos o perfil dos dois grupos

pesquisados. Em seguida, partindo da conclusão sobre a participação e compartilhamento

sobre a visão estratégica da organização, pelos colaboradores, fizemos então uma avaliação

dos métodos utilizados pela organização para envolver todos os seus membros no processo

estratégico e a interferência destes métodos nos resultados da organização.

Dividimos esta análise nas seguintes etapas:

1. Filosofia da empresa;

2. Estratégias da empresa;

3. Envolvimento e Motivação;

4. Resultados da empresa;

A fim de preservar a identidade de cada entrevistado, estes receberam o

tratamento por E1 até E20, garantido a discrição e a ética em relação às posições

individuais das pessoas entrevistadas.

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93

6.1 Perfil da população

Os entrevistados são todos os membros do quadro de funcionários de um

laboratório de patologia clínica de Franca – SP, que realizam exames laboratoriais e

prestam consultoria clínica, como também dois sócios-diretores responsáveis pela

coordenação técnica da empresa e um diretor-coordenador da área de recursos humanos.

Foram entrevistados 17 colaboradores, 100% desta população, e 3 diretores, 75% desta

outra população.

Os dados referentes ao perfil da população foram coletados com base nos

documentos da área de recursos humanos da empresa.

TABELA 1 – Perfil da população

Sexo: 25% homens e 75% mulheres

Estado Civil: 55% casados e 45% solteiros

Escolaridade: ver figura 4

Fonte: dados coletados na área de RH do Hormolab.

Existe uma predominância importante do sexo feminino no quadro de

pessoas da empresa. De acordo com documentos da área de recursos humanos, a procura

de vaga de emprego por mulheres também é superior em relação aos homens. Embora a

interpretação deste dado não seja de vital importância para a pesquisa, este fato pode ser

atribuído às características da personalidade feminina serem mais adequadas às funções

exercidas na maioria dos cargos existentes neste tipo de empresa.

O equilíbrio revelado em relação ao estado civil conotou um aspecto

positivo durante a aplicação de dinâmicas de grupo para o desenvolvimento das relações

interpessoais, havendo uma grande troca de experiência, amadurecimento e

responsabilidade.

Com referência à escolaridade confirmou-se ser uma empresa cuja equipe é

constituída de pessoas com nível escolar diversificado e formação profissional variada,

conforme pode ser observado na figura 4.

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94

FIGURA 4 – Escolaridade e formação profissional da equipe.

Fonte: elaborado pela autora.

A = pessoas com nível de pós-graduação;

B = pessoas com nível de graduação;

C = pessoas com nível de 2º grau completo;

D = pessoas com nível de 1º grau completo;

Considera-se que no grupo A encontramos duas áreas de especialização:

saúde e administração; no grupo B todas graduações são na área da saúde; no grupo C e D,

há formação diversificada com cursos técnicos em saúde, educação e contabilidade.

Embora haja uma diversificação importante dentro dos grupos C e D, a

empresa possui uma política de incentivo para os colaboradores que queiram aperfeiçoar

sua formação dentro da área voltada para seu negócio como cursos técnicos em laboratório

e enfermagem, e biomedicina através do benefício chamado “Programa Bolsa de Estudo”,

no qual, a empresa contribui financeiramente com o colaborador. Inclui-se neste benefício

auxílio para as pessoas que queiram desenvolver-se dentro da área administrativa com

cursos técnicos, de graduação e pós-graduação.

Além disso, faz parte da atual política da empresa exigir pelo menos o 2º

grau completo nas contratações, podendo este ser em nível técnico, em alguns setores.

A B C D

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95

Para a utilização deste benefício existem alguns critérios que são

apresentados para todos os colaboradores a fim de que estes tenham conhecimento de

como devem proceder para obtê-lo.

6.2 Categorias de análise

Na construção da análise apresentada a seguir, consideramos os objetivos

final e intermediário, anteriormente propostos, para a organização dos dados coletados na

pesquisa.

6.2.1 A filosofia da empresa

A empresa iniciou um projeto voltado para as pessoas em 2001,

simultaneamente, com o desenvolvimento e a implantação de seu planejamento estratégico.

Durante a elaboração do planejamento, os diretores acompanhados pela consultoria de

empresas (Humanitas Consultoria e Treinamento), desempenharam uma profunda reflexão

sobre o quociente estratégico da organização.

Nesta avaliação procurou-se resposta para:

Definição da concepção de negócio e da estratégia da empresa;

O grau de esclarecimento desta concepção de negócio junto aos

colaboradores;

A relação das estratégias da empresa e o processo de decisão;

O consenso da equipe executiva / liderança em relação ao futuro;

A visão de futuro da organização;

O processo de raciocínio estratégico para determinar o quê a empresa

quer ser e como atingir este objetivo;

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96

Dando prosseguimento a esta reflexão, passou-se a realizar exercícios de

análises sobre os ambientes externo e interno, buscando identificar ameaças e

oportunidades, vulnerabilidades e alavancadores.

Posteriormente, avaliaram-se os critérios da forma de trabalho da empresa,

questionando a maneira dela realizar suas rotinas e suas decisões, seu relacionamento

externo e interno.

Finalmente, definiram com clareza os seguintes conceitos:

NEGÓCIO da empresa;

MISSÃO;

VISÃO até 2005;

VALORES da empresa.

A partir deste momento a organização deu significado à sua existência, à sua

razão de existir e assim delimitou a reflexão para estabelecer suas diretrizes e objetivos.

Após a conclusão desta filosofia, estabeleceram-se os critérios para

“contaminar” toda a equipe de trabalho. Através de vários encontros a equipe foi tomando

consciência do significado da empresa e da importância dela para as pessoas, como das

pessoas para empresa.

A resposta encontrada na pesquisa realizada com os colaboradores assim

está tabulada:

TABELA 2 – Consciência sobre definição do negócio e missão da empresa.

Conceito / Visão Definida e Compartilhada Não Definida

Negócio 53% 47%

Missão 83% 17%

Fonte: Dados coletados pela autora durante a pesquisa.

A tabela 2 demonstra que, em relação ao entendimento que as pessoas da

organização têm sobre o negócio, o resultado não é satisfatório, embora, em relação à

missão, ele seja positivo e compartilhado conforme aplicação da questão 2 do anexo 1.

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97

Para T. MOTTA, CORRÊA e R. MOTTA (2001, p.

71) “Ao definir-se a missão do laboratório, não é útil

identificá-la apenas com exames complementares. Além da

missão geral de prestador de serviços de saúde, ela deve ser

um tipo de organização efetiva em toda a sua estrutura

técnica e administrativa e não deve atuar incoerentemente

por se tratar de uma organização ética e tecnicamente

destinada à salvaguarda da vida”.

De acordo com este conceito, podemos concluir que, embora a consciência

sobre o negócio da empresa não esteja incorporada por toda a equipe, a missão tem

exercido um papel de grande sensibilização com os colaboradores, fortalecendo o

desempenho das pessoas para a execução das funções.

6.2.2 Estratégias da empresa

Para análise desta categoria, partimos do entendimento dos colaboradores

em relação à relevância de sua participação, e também, da compreensão das pessoas em

relação aos seguintes aspectos:

Gestão laboratorial;

Visão estratégica da empresa;

Diretrizes e Metas da organização;

Sobre a importância da transparência da empresa em relação a estes

aspectos, obtivemos a seguinte resposta:

100% dos entrevistados identificam como característica positiva da

empresa sua transparência em relação à gestão, à visão estratégica, às

diretrizes e metas.

Alguns comentários foram feitos como:

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“Participar do processo administrativo da empresa

traz segurança e bem-estar, além de valorizar as pessoas e

estimulá-las a crescer junto com a empresa” E4.

“É muito importante compreender e participar da

gestão laboratorial. Conhecer as diretrizes e metas da

empresa nos deixa mais empenhado com o trabalho” E6.

“É indispensável nossa compreensão e participação

na gestão do laboratório para melhor colaborarmos.

Conhecer a visão estratégica da empresa me dá segurança e

oportunidade para dizer se quero caminhar junto ou não”

E10.

“Saber sobre a visão estratégica da empresa

me estimula” E7.

“Não basta ter apenas o trabalho, o bom é

participar” E16.

Há dois anos, a empresa estabeleceu suas diretrizes (Figura 5). Para realizá-

las estipulou algumas metas e desafios. O envolvimento dos colaboradores seria

imprescindível e, conforme alguns relatos, o estabelecimento destas diretrizes e metas

provocam estímulo ao trabalho diário.

A expectativa gerada com esta estratégia é alimentada, sistematicamente,

com os resultados que são obtidos e que são acompanhados periodicamente.

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FIGURA 5 – Diretrizes do Hormolab.

Fonte: Documento da área administrativa da empresa (2001). Elaborado pela Humanitas

Consultoria e Treinamento.

Anualmente a empresa apresenta suas diretrizes e metas para o próximo

exercício e revela os resultados do exercício anterior. Quando perguntados sobre a

divulgação dos resultados da empresa, especialmente em relação às diretrizes e metas,

100% dos colaboradores revelaram que esta atitude da empresa indica muita transparência

e confiança para com sua equipe.

Muitos colaboradores acrescentaram que se sentem cada vez mais

responsáveis e comprometidos em obter resultados positivos, pois têm certeza de que, se a

empresa crescer, eles também estarão crescendo, considerando que são sempre

reconhecidos pelo que fazem.

Estas afirmações são reforçadas por citações de alguns entrevistados:

“Quero crescer junto com a empresa. Acredito nela e

tenho satisfação em fazer parte desta equipe” E1.

Fortalecer Fortalecer

Fluxo de caixaFluxo de caixa

Qualificar oQualificar o

AtendimentoAtendimento

Maximizar aMaximizar a

ProdutividadeProdutividade

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100

“A transparência me motiva. A empresa tem

flexibilidade e da liberdade a seus funcionários” E3.

“Logo que comecei a trabalhar aqui, assustei-me com

a abertura de informações que a empresa compartilha com

seus funcionários. Temos acesso até aos custos” E7.

“Conhecer mais sobre os processos administrativos

tornou-me mais responsável e comprometido com a

empresa” E12.

6.2.3 Envolvimento e Motivação

O Hormolab empenhou-se para que as pessoas trabalhassem envolvidas e

motivadas. Foi adotado um estilo de gestão aberta e transparente, em que os colaboradores

têm acesso a importantes informações. Além desta transparência, a empresa procura

utilizar outros métodos para aumentar o grau de satisfação de seus colaboradores. Entre

eles estão alguns benefícios conforme quadro 7.

Em resposta à maneira de gerenciar utilizada por esta empresa, foi percebida

durante a aplicação do formulário com a pergunta 11, para qual, tivemos 100% de resposta

positiva.

Portanto podemos concluir que cada um dos membros da equipe de

colaboradores sente-se parte importante da empresa, o que reforça a eficácia deste tipo de

gestão.

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101

QUADRO 7 – Quadro de Benefícios.

BENEFÍCIOS AUTOMÁTICO OPCIONAL

Plano de Saúde Individual e

ou Familiar

X

Programa de Bolsa de

Estudo X

Convênio com Padaria,

Ótica, Cartão de Crédito e

Farmácia.

X

Vale Transporte X

Fonte: Elaborado pela autora com base em documentos da área de recursos humanos do

Hormolab (2001).

Outras ferramentas foram importantes neste processo, entre elas, a

implantação do Contrato do Banco de Horas, Plano de Cargos e Salários (quadro 8), e

Programa de Treinamento.

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102

QUADRO 8 – Estrutura de Cargos e Salários do Hormolab.

Fonte: elaboração da autora.

Em 2002 foi constituído o GRH – Grupo de Representantes do Hormolab.

Este grupo é formado por representantes de todos os setores da empresa: recepção, coleta,

administrativo, área técnica e direção. É coordenado pelo diretor da área de recursos

humanos.

O grupo se reúne quinzenalmente intercalando com reuniões mensais da

equipe da recepção e equipes de coleta e área técnica. Este grupo expressa a força dos

colaboradores junto à diretoria. Nele são discutidos problemas operacionais, dificuldades

de relacionamento, atendimento ao cliente, necessidade de algum tipo de material e até

sugestões de compra de equipamentos.

Todos os entrevistados foram abordados sobre o grupo durante a pesquisa,

interrogando-os se eles utilizam o grupo através de seus representantes (que são eleitos

pelas equipes) e se consideram o GRH importante para a empresa e colaboradores. A

resposta está tabulada na tabela 3.

CARGOS NÍVEIS

Auxiliar de Serviços I II III IV

Recepcionista I II III IV

Coordenador (a) de Atendimento

Assistente Administrativo I II III IV

Coordenador (a) Administrativo

Auxiliar de Coleta I II III IV

Coordenador (a) de Coleta

Técnico (a) em Laboratório I II

Biomédico (a) I II III IV

Coordenador (a) Clínico

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103

TABELA 3 – GRH – Grupo de Representantes do Hormolab.

GRH SIM NÃO

É importante? 100%

Você o utiliza? 95% 5%

Fonte: Dados coletados pela autora durante a pesquisa.

Comentários dos entrevistados acrescentam em relação ao GRH:

“O GRH fortalece o meio de comunicação entre as

equipes e a diretoria e dão resultado” E4.

“É muito bom. Deve ser mais explorado por ser um

canal de comunicação importante, devemos desenvolvê-lo

mais” E6.

Uma outra abordagem foi feita na entrevista. Os entrevistados foram

questionados sobre o resultado da avaliação de desempenho dos colaboradores, se esta

deveria ser divulgada ou não. A resposta obtida foi:

53% disseram que não, pois pode causar desestimulo aos não

promovidos.

47% disseram que sim, pois motiva a fazer sempre melhor e sempre é

bom ser reconhecido mediante toda a equipe.

A empresa tem como critério divulgar seus resultados.

No início da apresentação dos resultados de 2002 e divulgação do

planejamento estratégico para 2003, o coordenador de recursos humanos utilizou uma

dinâmica de grupo para avaliar a expectativa dos colaboradores em relação àquela reunião.

As respostas foram observadas e anotadas pela pesquisadora conforme descrito abaixo:

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104

GRUPO I

Participar dos rumos da empresa;

Compartilhar da mesma visão.

GRUPO II

Esperamos estar correspondendo;

Participar do planejamento;

Saber e participar dos planos da empresa;

GRUPO III

Crescer junto com a empresa;

A empresa é verdadeira.

GRUPO IV

Ter atingido os objetivos traçados;

Transparência é o ponto forte da empresa;

Cumpre o que promete;

Esperamos estar correspondendo.

6.2.4 Resultados da empresa

Os resultados da empresa expressam o alinhamento das propostas da

diretoria com a participação e comprometimento dos colaboradores.

A meta de crescimento da empresa para o ano de 2002 foi assim

programada:

Em relação ao número de exames – Meta = 15%

Desafio = 20,5%

Em relação ao faturamento – 32% (considerando que houvesse reajuste

em algumas tabelas de preços de procedimentos).

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105

A avaliação dos resultados mostrou uma superação de metas e desafios em

relação ao número de exames. Considerando o faturamento, a meta foi atingida, embora

não tenha havido reajuste de tabelas.

Os índices de número de exames e faturamento obtidos no exercício de

2002 estão demonstrados na figura 6.

FIGURA 6 – Desempenho da empresa em número de exames e faturamento, 2002.

Fonte: elaborado pela autora com base nos dados fornecidos pela área administrativa.

A direção da empresa atribuiu estes resultados à seriedade e

comprometimento do trabalho em equipe. O fato de a empresa adotar um estilo de gestão

transparente estimula seus colaboradores. Fazer com que os colaboradores conheçam a

visão da organização gera envolvimento e credibilidade, pois dá a eles a oportunidade de

optar ou não por aquela escolha.

As opiniões declaradas pelos diretores transparecem que o estilo de gestão

adotado pela empresa é “moderno, transparente e necessário para a administração

participativa” segundo um dos diretores. Um outro descreve este estilo como “arrojado,

inovador, de vanguarda...”.

Para os diretores da empresa existe um consenso muito bem definido em

relação à missão da empresa, sendo que, 100% deles disseram que a missão traduz com

clareza o ideal da diretoria.

Outro aspecto da pesquisa foi a visão que a empresa tem para os próximos

três anos, quando todos os diretores concordam em ter plena convicção de onde desejam

35%

29%ExamesFaturamento

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106

chegar, embora tenham consciência da necessidade de persistirem com o processo de

planejamento estratégico para realizarem com êxito sua visão de futuro.

Existe uma coerência bastante relevante na fala dos três diretores

entrevistados (individualmente). A postura destes diretores relatou uma coesão forte no

comando da organização em relação a todos os aspectos abordados, os quais citamos a

seguir:

Transparência para com os colaboradores;

Investimento no desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas da

equipe;

Esclarecimento sobre a visão estratégica global da empresa;

A pesquisa também mostrou a disposição desta diretoria em privilegiar a

participação dos colaboradores no processo administrativo, criando métodos e critérios

para que eles possam dar novas idéias e contribuir para correção das distorções dos

processos.

Das dez perguntas aplicadas através do formulário elaborado para entrevista

com os diretores (Anexo 2), em apenas uma houve divergência na resposta.

Na pergunta sete, quando abordamos se todos os funcionários novos

recebem treinamento formal sobre suas atividades operacionais antes de ocupar sua

posição, tivemos a seguinte tabulação:

1/3 dos entrevistados, ou seja, um diretor respondeu que sim;

2/3 dos entrevistados ou dois diretores responderam que não;

Mas, de uma forma geral, podemos concluir que esta empresa consegue

aplicar um tipo de gestão participativa em que o envolvimento dos colaboradores nas

estratégias da organização viabiliza a obtenção dos resultados traçados.

Em conseqüência deste estilo de gestão constatou-se, através das entrevistas

e da observação na rotina operacional da empresa, que os colaboradores sentem satisfação

dentro da empresa e orgulho por estarem envolvidos no crescimento desta organização.

Conforme se manifestou o entrevistado E15, confirmando esta conclusão:

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“Sou apaixonada pelo Hormolab. A transparência, o

carinho, a satisfação que sinto aqui revelam este estilo

próprio de administração”.

Encerramos este capítulo com a fala de um dos diretores quando a

pesquisadora perguntou se ele gostaria de fazer alguma observação sobre a empresa:

“O Hormolab busca atualização. Possui um modelo

de gestão organizacional, na qual, existe participação

consciente dos funcionários tanto no planejamento como na

ação e, atingindo, conseqüentemente, os resultados da

empresa”.

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108

Considerações Finais

Com a finalidade o desenvolver métodos e tecnologia cada vez mais

modernos, o laboratório de patologia clínica, ambiente deste estudo, comprova, através de

sua evolução histórica que, a cada ano aprimora sua performance, aumentando seu

desempenho.

Porém é necessário ressaltar que o aprimoramento dos serviços prestados

por este tipo de empresa possui dependência relevante dos profissionais que nela atuam,

considerando ser uma atividade complexa e com fim voltado à integridade da saúde do ser

humano.

Embora não explícitos, seus objetivos estão fundamentados na proteção da

saúde do indivíduo e da coletividade de pessoas e, portanto necessita disciplina e

responsabilidade na prestação dos serviços.

Utilizar métodos gerenciais que assegurem a eficiência e a qualidade destes

serviços é responsabilidade de seus gestores. Desta forma este trabalho teve como objetivo

pesquisar o envolvimento dos membros da equipe de um laboratório de patologia clínica

na implantação do processo estratégico de uma empresa, garantindo a ela e a seus

colaboradores melhores resultados, garantindo assim, os serviços utilizados pela

comunidade na qual esta empresa está inserida.

A empresa pesquisada demonstrou ter foco em suas ações que estão

alicerçadas em uma filosofia composta de valores como forma de pilares da empresa,

missão baseada nos valores e visão de futuro compartilhada como fonte inspiradora.

Através de seus métodos gerenciais e de seus processos operacionais,

constatou-se que sua equipe compartilha e está envolvida na estratégia organizacional. De

acordo com a pesquisa, a equipe provocou na pesquisadora uma sensação de que as

pessoas desta empresa trabalham com satisfação, a qual é percebida pelos clientes

externos.

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109

O posicionamento dos funcionários, com relação aos critérios

administrativos da empresa, são extremamente satisfatórios.

Nosso empenho em buscar uma comprovação da eficácia dos métodos

gerenciais adotados pela empresa deste estudo de caso, deve-se à grande escassez de

trabalhos publicados neste âmbito.

O Hormolab possui uma gestão estratégica com conceitos muito claros para

seus diretores e colaboradores. Ele promove a participação integral de seus colaboradores

em seus processos, a qual foi detectada através do grau de envolvimento destas pessoas nas

decisões tomadas pela empresa. Existe uma forte compreensão a respeito da visão

organizacional pela equipe que é fruto do domínio do conhecimento sobre sua estrutura

funcional.

O envolvimento de todos os setores da instituição tem como objetivo

coletivo atingir um resultado final que satisfaça as necessidades e expectativas dos clientes

externos.

Esta conquista por uma prestação de serviços diferenciada deve-se à

qualidade do trabalho em equipe alcançado neste ambiente. Identificamos nas pessoas

entrevistadas, sentimentos como: comprometimento, vontade de aprender, estímulo de

equipe e sinergia.

A visão humanista e democrática utilizada pela instituição faz com que as

pessoas dentro da empresa obtenham qualidade de vida no trabalho, o que é reforçado pelo

critério que a empresa emprega de ter as pessoas como parceiras e não como recurso.

A recompensa desta gestão moderna é medida através dos resultados obtidos

pela empresa com superação das metas propostas.

Temos a expectativa de que este estilo de gestão adotado pela empresa e

aprovado por sua equipe, fato constatado tanto durante a pesquisa como pelos resultados,

contribua para o aprimoramento dos métodos gerenciais utilizados por outras organizações,

especialmente do setor da saúde.

Esperamos através deste trabalho que as empresas desenvolvam o

aprendizado das pessoas através de investimento na área do conhecimento e

desenvolvimento pessoal e profissional.

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• Recomendações

Os resultados obtidos por uma empresa estão fortemente ligados à filosofia

empresarial adotada pela instituição, às suas estratégias e ao envolvimento e motivação das

pessoas.

Estabelecer uma filosofia empresarial requer compartilhar definições de

negócio e missão com todo grupo de trabalho da instituição. Estas duas definições

precisam ser muito fortes entre as pessoas da empresa pois, darão direção do que a empresa

realiza como negócio e de que maneira ela deseja realizá-lo (através de sua missão).

Embora a formação da maioria dos profissionais que atuam em um

laboratório de patologia clínica não seja em administração, notamos que existe um grande

interesse das pessoas em compreender as estratégias da empresa, bem como, participar de

sua gestão.

Adotar uma gestão transparente caracteriza-se como uma forma de envolver

e motivar as pessoas na busca de alcançar as diretrizes e metas da organização.

A implantação de uma política sólida de recursos humanos associada à

promoção de benefícios que traga contribuição para o desenvolvimento e bem-estar das

pessoas é uma ferramenta importante para formação de uma equipe, além de serem

instrumentos que possa contribuir para o crescimento técnico, emocional e espiritual da

equipe.

A formação de uma equipe coesa não deve visar a apenas resultados

financeiros positivos. É necessário desenvolver a crença de que o trabalho é uma atividade

prazerosa e que, através do aprendizado, as pessoas possam melhorar sua auto-estima ao

perceberem que sua felicidade está em suas mãos.

Valorizar o trabalho das pessoas e mostrar que elas contribuem de fato

revela o significado que elas têm para a organização.

Quando se adota o modelo de gestão com visão compartilhada não é

necessário manipular as pessoas para se obter resultados, ao contrário, elas lutam pelos

mesmos objetivos.

Trabalhar em torno de objetivos comuns torna-se contagiante e, assim se

aprende que juntos, podemos ter uma visão clara e positiva do futuro.

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111

Bibliografia

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Gestão Laboratorial – Ferramentas de Recursos Humanos em Laboratórios Clínicos.

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TRANJAN, Roberto Adami. A empresa de Corpo, Mente e Alma. São Paulo: Gente, 1997.

ULRICH, Dave. Os campeões de recursos humanos: inovando para obter os melhores

resultados. São Paulo: Futura, 1998.

VÁRIOS AUTORES. As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002.

VERGARA, Sylvia C..Gestão de Pessoas. 2. ed., São Paulo: Atlas, 2000.

VIANNA, Marcos A. Trabalhar, para quê? A motivação profissional nas equipes

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perspectivas estratégicas. São Paulo: Atlas, 1999.

Fontes Hormolab – Medicina Laboratorial e Consultoria Clínica.

Humanitas Consultoria e Treinamento

SBPC – Sociedade Brasileira de Patologia Clínica

CVS – Centro de Vigilância Sanitária

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115

ANEXO 1

Formulário elaborado para entrevista junto aos funcionários do

HORMOLAB Medicina Laboratorial e Consultoria Clínica.

Objetivo: desenvolvimento de um estudo de caso para dissertação de

Mestrado em Gestão Empresarial pela FACEF – Faculdade de Ciências Econômicas,

Administrativas e Contábeis de Franca.

Nome da empresa: HORMOLAB Medicina Laboratorial e Consultoria Clínica.

Endereço: Av. Dr. Ismael Alonso y Alonso, 2601.

Ramo de atividade: laboratório de análises e patologia clínica.

Data da fundação: 17/05/1988.

Número de funcionários: 16 (dezesseis).

Nome do funcionário entrevistado: ___________________________________________.

Formação escolar / profissional: ______________________________________________.

1. Os funcionários têm claramente definido o negócio da empresa?

( ) SIM ( ) NÃO

2. A empresa possui sua missão claramente definida e compartilhada com a equipe?

( ) SIM ( ) NÃO

3. É importante que os funcionários compreendam e participem da gestão

laboratorial?

( ) SIM ( ) NÃO

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116

4. Para os funcionários é importante compreender a visão estratégica da empresa?

( ) SIM ( ) NÃO

5. A equipe de funcionários tem plenamente definidas as diretrizes e metas da

empresa?

( ) SIM ( ) NÃO

6. É viável que haja envolvimento dos funcionários na estratégia organizacional da

empresa?

( ) SIM ( ) NÃO

7. A divulgação da avaliação dos resultados em relação às diretrizes e metas da

empresa deve ser compartilhada com os funcionários?

( ) SIM ( ) NÃO

8. A divulgação da avaliação dos resultados em relação ao desempenho dos

funcionários deve ser compartilhada com todos membros da equipe?

( ) SIM ( ) NÃO

9. A empresa promove políticas para aumentar a motivação e o envolvimento dos

funcionários?

( ) SIM ( ) NÃO

10. A empresa possui métodos através dos quais os funcionários possam apresentar

novas idéias e resolver problemas?

( ) SIM ( ) NÃO

11. Os funcionários sentem-se uma parte importante da empresa?

( ) SIM ( ) NÃO

OBS.: ________________________________________________________________

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117

Formulário elaborado para entrevista junto aos diretores do HORMOLAB

Medicina Laboratorial e Consultoria Clínica.

Objetivo: desenvolvimento de um estudo de caso para dissertação de

Mestrado em Gestão Empresarial pela FACEF – Faculdade de Ciências Econômicas,

Administrativas e Contábeis de Franca.

Nome da empresa: HORMOLAB Medicina Laboratorial e Consultoria Clínica.

Endereço: Av. Dr. Ismael Alonso y Alonso, 2601.

Ramo de atividade: laboratório de análises e patologia clínica.

Data da fundação: 17/05/1988.

Número de membros da diretoria: 4 (quatro).

Nome do diretor entrevistado:

__________________________________________________.

Formação profissional:

________________________________________________________.

1. A missão da empresa traduz com clareza o ideal de seus diretores?

( ) SIM ( ) NÃO

2. A empresa tem uma clara compreensão de onde deseja chegar dentro de um

período de 2 a 3 anos?

( ) SIM ( ) NÃO

3. A empresa dispõe de um processo prudente e contínuo de planejamento?

( ) SIM ( ) NÃO

4. A direção da empresa comunica as metas e expectativas aos funcionários?

( ) SIM ( ) NÃO

5. Qual a posição dos funcionários em relação às diretrizes e metas estabelecidas pela

diretoria?

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( ) POSITIVA ( ) NEGATIVA

6. São expedidas regularmente aos funcionários informações sobre as decisões

tomadas pela empresa?

( ) SIM ( ) NÃO

7. Todos os funcionários novos recebem treinamento formal sobre suas atividades

operacionais antes de ocupar sua posição?

( ) SIM ( ) NÃO

8. O desenvolvimento profissional e pessoal dos funcionários é reconhecido como

atividade vital?

( ) SIM ( ) NÃO

9. É necessário que o funcionário tenha uma visão estratégica global da empresa?

( ) SIM ( ) NÃO

10. A direção da empresa acredita que o entendimento e consideração das necessidades

e expectativas dos funcionários em relação à visão organizacional contribuem para

o sucesso da organização?

( ) SIM ( ) NÃO

OBS.:

________________________________________________________________

________________________________________________________________ .