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O ELO PERDIDO DA MEDICINA Dr. Eduardo Almeida & Luís Peazê O afastamento da Noção de Vida e Natureza A446e Almeida, Eduardo O elo perdido da medicina / Eduardo Almeida & Luís Peaz – rio de Janeiro: Imago, 2007. ISBN 978-85-312-1017-8 1. Medicina – Filosofia. 2. Patologia. 3. Terapêutica – Filosofia. 4. Teoria do Conhecimento. 5. Médico e paciente. I. Peazê, Luís, 1958-. II. Título. 07-0969 CDD 610.1 CDU 61.000.141 Imago Editora

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O ELO PERDIDO DA

MEDICINA

Dr. Eduardo Almeida & Luís Peazê

O afastamento da Noção de Vida e Natureza

A446e Almeida, Eduardo O elo perdido da medicina / Eduardo Almeida & Luís Peaz – rio de Janeiro: Imago, 2007.

ISBN 978-85-312-1017-8

1. Medicina – Filosofia. 2. Patologia. 3. Terapêutica – Filosofia. 4. Teoria do Conhecimento. 5. Médico e paciente. I. Peazê, Luís, 1958-. II. Título.

07-0969 CDD 610.1 CDU 61.000.141

Imago EditoraTel: (21) 2242-0627 – Fax: (21) 2224-8359Rua da Quitanda, 52 / 8º andar – Centro20011-030 – Rio de Janeiro – RJe-mail: [email protected]

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“(...) Deve-se ter respeito pelo organismo humano, no sentido de querer entendê-lo. A pior ameaça que o nosso organismo pode sofrer é uma intervenção externa em termos de supressão do próprio homem com suas invenções... A indústria da “farmapoder” comprometida com capitais de investimento...

Na verdade, ele está sempre lutando pela vida nele contida. Aos médicos cabe desenvolver a consciência desse fato com humildade, pois o organismo é mais sábio do que qualquer medicina.

Interpretar esse organismo incrivelmente complexo, dinâmico e individualizado é o que se chamou de Ars, arte médica. Mas, em um determinado momento histórico de nossa civilização, o médico perdeu contato com essa arte, rompeu o elo principal, perdeu mesmo o interesse por ela, passou a dedicar-se, ou delegar seus poderes em detrimento dos seus dons, à ciência. Coisa menor, ainda que fabulosa também...”

Farmapoder ... farmapoder ... farmapoder ...

O Elo Perdido da Medicina poderia ser resumido no primeiro mandamento de Hipócrates, a que todo o formando jura honrar por toda a sua vida profissional de médico: “primeiro não lesar”. Só isso, contudo, ainda que espetacularmente necessário, não tem sido suficiente. A terapêutica, a cura e o próprio relacionamento médico-paciente-arcabouço do sistema de saúde (pública e privada) estão tão longe do ideal quanto mais longe estiverem desse princípio básico. Daí, médico, leigo e profissionais do meio, o conteúdo tomo em suas mãos.

“Para o leigo, porque sofre de tendência de entregar ao médico toda a responsabilidade (e poder) pela cura de sua enfermidade ou mal-estar.”

Para o leigo, porque sofre de tendência de entregar ao médico toda a responsabilidade (e poder) pela cura de sua enfermidade ou mal-estar. Para o médico, porque tende a ceder à medicina oficializada pelo sistema, pelo estudo, pelas engrenagens mais duras da sociedade globalizada e da indústria do “farma poder” dependente do capital.

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Dr. Eduardo Almeida – Graduado (1977) pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense – UFF. Professor Adjunto do Instituto Saúde da Comunidade da UFF. Mestre em Medicina Social (1988) e Doutor (PhD) em Saúde Coletiva pela UERJ (1996). Criou e dirigiu por 15 anos Unidade Docente de Posto de Saúde, voltada para a formação em Medicina geral e comunitária. Coordenador (1992-1994) do Convênio Brasil-China de intercâmbio em Medicina Tradicional Chinesa. Adepto da Medicina Biológica praticada na Alemanha e nos EUA. Autor do livro: “As Razões da Terapêutica – Relacionamento e Empirismo na Medicina”, EDUFF, 2002. www.arzt.com.br

Da mesma forma que o médico deveria maravilhar-se diante de cada paciente (indivíduo), uma maravilha da natureza, cada um de nós deveria ter a noção da complexidade espetacular que somos enquanto seres vivos diferenciados. Um princípio de arte e obra divina. Aqui são abordadas esta ligação íntima, indissociável, do ser humano com a natureza, e a importância dessa verdade, não só na terapêutica, mas, em tudo o que envolve a saúde das pessoas. A história da medicina, sua forte herança ecológica, sua dependência das forças vitais naturais; a medicina oficial (da beira do leito ao consultório ao hospital) versus a medicina integral (as várias medicinas praticadas na nossa civilização e nas antigas); os mecanismos e avanços sociais e tecnológicos (bem ou mal) apropriados pelo establishment médico; eis os caminhos para O Elo Perdido da (arte médica) Medicina.

Luís Peazê – Verbete na Enciclopédia Brasileira de Literatura: Peazê, Luís, cronista, romancista, tradutor e jornalista (MTB 24338). Foi analista de sistemas, empresário no Brasil, Estados Unidos e Austrália, e publicitário premiado com medalhas de ouro, prata e bronze pela Escola Superior de Propaganda e Marketing. Membro da Hemingway Society – USA, tradutor do romance “Por Quem os Sinos Dobram de Ernest Hemingway (Bertrand, 2004). Um dos títulos do autor pela Imago Editora: Crônico – uma aventura diária – Nas Esquinas do Rio.www.luispeaze.com

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Sumário

Apresentação 7

Capítulo I O elo 13 A arte 17

Capítulo II A matemática 27 O endereço (in)certo da doença 35 Diga “trinta e três” 39 Germe, que bicho é esse? 45 A tarja preta 57 O nó gordiano 69 Os sinais de trânsito de nosso organismo 75 Uma verdade sobre os hospitais 79

Capítulo III O náufrago idiota preguiçoso 91 O médico e a fé 99 A célula é o alvo errado 113 De onde viemos 123 Alergia e matriz 131 Nós e a água 139 Nós e a Terra 147 O chimpanzé, o homem e a máquina 151 O obeso e a grávida 161 Quantum. O psíquico e os campos 173 O corpo energético 183 Envelhecimento. Doenças crônicas. Processo degenerativo 211 A arte médica e a natureza 239

Apresentação

O físico americano Richard Feynman (1918-1988), laureado com o Nobel em 1956, disse em seu livro “Lectures On Physics”, 1963, o seguinte: “Não faz diferença o quão inteligente você é, quem

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produziu tal pensamento, ou qual é o seu nome... se isto (o que você produz) estiver em desacordo com os processo da vida real, estará errado. Isso resume tudo”. Poderíamos acrescentar que a realidade precede o conhecimento. Se transpuséssemos essa concepção para a medicina, poderíamos dizer que toda a produção de conhecimento que estivesse em desacordo com os princípios da vida, com as dinâmicas que mantêm a vida, estaria errada. Como a vida do ser humano é um produto do universo e da natureza, podemos dizer que, quando um conhecimento agride ou está em desacordo com os processos da natureza, certamente ele está errado. Esse foi o fio condutor do que está apresentado neste livro. Queremos mostrar o quanto a medicina atual está afastada da idéia de natureza. Tornou´se uma apologista das vias antinaturais, quando sucumbiu à terapêutica com substâncias químicas estranhas ao organismo (quimioterapia). Tornou-se refém da Indústria Quimiofarmacêutica. Perdeu completamente o seu vínculo com a vida e a natureza, e só fala da sua construção maior – a doença. Isso não quer dizer que a medicina oficial não tenha avançado, e proporcionado benefícios importantes aos usuários. A física newtoniana também produziu conhecimentos que permitiram e ainda permitem avanços e contribuições para a humanidade, embora esteja completamente superada pela física quântica. Mas, quando se avança orientado pelos saberes reducionistas, precocemente se esbarra nos seus próprios limites. Esses limites devem ser identificados e a superação, buscada. O problema é que o saber e a prática estão organizados institucionalmente, como no caso da Ordem Médica. Aqui, passa a vigorar outra dinâmica e, assim, os limites, as insuficiências, as falhas, os erros, não são percebidos ou, se percebidos, perdem importância diante dos aspectos positivos. Mais do que isso, o processo de medicalização radical da vida moderna está estruturado quase que como uma questão de fé. Ainda é incipiente o movimento social crítico de base cultural à medicina oficial. O aparelho de estado, através de suas agências, tende a impor o modelo único alopático, com restrições ativas às demais medicinas e modalidades terapêuticas. Desse modo, na prática, o cidadão perde a sua liberdade de escolha terapêutica. É preciso chamar a atenção da sociedade de que a liberdade de escolha terapêutica é uma questão da democracia, que evoluiu para além dos direitos políticos. Para viabilizar a liberdade terapêutica, é necessário que haja produção de conhecimento e oferta de serviços

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no campo das medicinas não oficiais. Não adianta haver liberdade e o cidadão não conseguir exercitá-la. Nas democracias mais avançadas, já existe essa consciência e os setores interessados fazem alianças sociais (usuários e profissionais) no sentido de viabilizar o seu direito de escolha terapêutica. Não reivindicamos qualquer monopólio de verdade; pelo contrário, pretendemos quebrar o monopólio da doutrina oficial médica, e mostrar para o leitor que qualquer conhecimento é parcial. Que qualquer conhecimento é uma contribuição da cultura e tem a sua filiação em termos de paradigma, concepções, ideologia. Não existe uma só medicina, mas várias medicinas e sistema médicos, porque temos várias culturas e uma pluralidade incrível de pensamento na evolução da humanidade. Não temos também qualquer pretensão em desmontar ou demolir o grande edifício da medicina ocidental contemporânea, que se expandiu para todo o

planeta. Queremos simplesmente mostrar o elo essencial perdido da arte da medicina, os limites dessa doutrina, e indicar possíveis caminhos já disponíveis para superação.

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Capítulo I

A arte médica e a natureza na medicina, história remota e contemporânea

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O elo

Tomemos o sexo – no exato momento do clímax – como ponto de partida para discutir a medicina. A ciência já especula que ele não será mais necessário para o surgimento de uma nova vida humana,, o instante mágico da fecundação convencional.Antes, porém, uma afirmação para nortear o nosso caminho neste livro: o organismo é um sábio. Deve-se ter respeito por ele, para querer entendê-lo. A pior ameaça que o nosso organismo pode sofrer é uma intervenção externa do próprio homem com suas invenções, sem a

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consciência de que o organismo sempre faz o melhor para si mesmo, pois está programado há milhões de anos para manter a vida.A doença e o sofrimento são as melhores respostas que o organismo arranja para uma ameaça que se lhe abate, e aos médicos cabe desenvolver a consciência desses fatos com humildade, pois o organismo é mais sábio do que qualquer medicina.

Essa fantástica máquina que é o nosso organismo começa a morrer no momento em que nascemos. Começamos a morrer mesmo durante o desenvolvimento fetal. É atribuída a Albert von Szent-Györgyi, Prêmil Nobel (1937) e descobridor da Vitamina C, uma frase oportuna relacionada ao nosso sistema biológico: “o organismo humano trabalha à beira de um precipício”. Suponhamos, deste modo, que a vida integral exista somente no curto espaço de tempo

Pág 14 do êxtase no acasalamento. Curiosamente, neste momento, homem e mulher perdem a conexão com o mundo terreno, transcendem para um lugar atemporal. Podemos chamar esse lugar de felicidade plena, daí, talvez, a nossa procura pelo orgasmo. Ao encontrá-lo, haveria a abdicação total ao trabalho e a perda do medo de cair num abismo. Hora em que o poeta dentro de nós diz: “morrer um para o outro”. Mas essa é outra história... Outro momento de vida plena seria o acontecimento fantástico da fecundação. No instante seguinte, já seríamos apenas uma onda se formando e prestes a desabar. Ambos os momentos são demasiadamente breves. Fora desses lugares, a vida é um espaço maravilhoso de oportunidades, enquanto o organismo humano fica sujeito a toda a sorte de interação, interna e externa. Trabalhando sem parar, suscetível, portanto, ao estresse e ao adoecimento que são combatidos por um poderoso sistema integrado de defesa: o sistema neuroimunoendócrino; “neuro” do sistema nervoso central; “imuno” de imunidade; e “endócrino” de glandular. Sistema esse que passa informações de pai para filho, desde o começo da vida humana neste mundo. Conhecimentos acumulados e influenciados por ressonâncias diversas e adversas. Interpretar esse organismo incrivelmente complexo, dinâmico e individualizado é o que se chamou de Ars, arte médica. Aqui,

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poderíamos apontar a primeira hipótese do elo perdido da arte médica ou melhor dizendo, um elo ideal que nunca existiu: o caso do médico não ater-se somente aos doentes, até pelo contrário. Desta forma, o bom médico, o bom artista da medicina, é aquele que se encanta diante de cada

Pág 15 organismo humano, desse mistério que é a vida em franco progresso. Mas, em determinado momento histórico de nossa civilização, o médico perdeu contato com essa arte, rompeu o elo principal, perdeu mesmo o interesse por ela, passou a dedicar-se ou delegar seus poderes em detrimento dos seus dons, à ciência. Coisa menor, ainda que fabulosa também. Gostaríamos que essa idéia de arte envelopasse tudo o mais que narraremos a partir de agora. Pois era assim no início. Sempre que possível, daremos exemplos reais; revelaremos fatos conhecidos da classe médica – mas aparentemente caídos no esquecimento; conhecimentos do público em geral – mas, negligenciados por um equivocado estilo de vida moderno – uma falsa idéia de progresso; fatos sobre o empresariado, formadores de opinião e tomadores de decisão nas esferas públicas e privadas e até sobre educadores; fatos esses desprestigiados pela mídia, e que, uma vez contemplados, o são fora de um contexto mais amplo, no que diz respeito à saúde humana, à qualidade de vida – pois é só isso que interessa ao homem. Ou não é? Aceitemos. Não somos educados para representarmos a nós mesmos. Por isso, desempenhamos muito mal nossos papéis. Até mesmo na intimidade, diante do espelho, nunca levamos a sério a frase encontrada por Sócrates na entrada do Santuário de Delfos: “conhece-te a ti mesmo”.

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A arte

Historicamente, a medicina sempre menteve uma relação estreita com a noção de natureza. Do século IV a.C. até o século XVII d.C., a medicina era completamente rendida à noção da natureza. As medicinas ditas primitivas, a medicina indiana, Ayurveda, e a medicina tradicional chinesa, eram sistemas de correspondência, isto é,

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extraíam os ensinamentos da natureza e os transportavam para a percepção do funcionamento do organismo humano. Claro que não podíamos falar de organismos naquela época, mas falava-se de outra forma, buscava-se entender o macrocosmo e daí transferia-se essa compreensão para o microcosmo, o “homem”. Claro, também, que não precisamos falar no passado, porque hoje continua sendo possível praticar as medicinas tradicionais. A correspondência do que se vê no macrocosmo para o microcosmo, inclusive com muito mais recursos do saber moderno.

Você que é homem não sabe o que é extirpar um útero e aproveitar e arrancar os ovários considerados, neste caso, sem mais função alguma. Você talvez nem sinta na pele o que é extirpar os próprios testículos, porque não acredita que a sua próstata irá adquirir um tumor maligno. Mas você que é mulher sente o corpo arrepiar só de ouvir isso – embora talvez nunca se tenha perguntado – o porquê de a ginecologia, por exemplo, ser uma especialidade dominada pelos homens. Da mesma forma, você é orientada a submeter os seus seis, além

Pág 18do desconforto e dor, ao bombardeio de raios X, periodicamente, sem questionar se há outro método de vigiar a saúde de suas mamas. Ou, ainda, basta uma consulta médica, com ou sem sintoma algum aparente, e crianças, jovens, adultos e idosos de ambos os sexos são encaminhados cada vez mais para laboratórios e clínicas de exames radiológicos e eletroeletrônicos que demandam contrastes de substâncias químicas, algumas tóxicas, circulando no nosso organismo. Sem falar do custo em dinheiro. Porque o médico, como mediador entre a natureza e o organismo, perdeu o lugar para a medicina como ordem médica. A medicina perdeu para os equipamentos e laboratórios, estes, para a tecnologia, e esta, para a indústria e o capital. Quão distantes da natureza nos tornamos. Não há dúvida, algo está errado neste cenário. Mas onde isso tudo começou, onde foi que erramos? Quando perdemos esse elo com a natureza? Perguntas sugestivas numa época (século XXI) em que constatamos quão adoecido está o ambiente total, o planeta.

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Na base da medicina chinesa estão as categorias de percepção do tempo, do ambiente, das influências externas sobre o organismo humano. Um sistema de pensamento que concebe o cosmo, a totalidade e as diferentes expressões dessa totalidade. O Tão que se expressa em todas as coisas. No pensamento indiano tem-se a consciência superior, ou consciência cósmica, que estaria na origem de todas as coisas.

Pág 19 Na tradição mais próxima de nós, a grega, sobretudo na tradição da medicina hipocrática, que é dita matriz da medicina ocidental, a noção de natureza é aprendida através do conceito de physis. Uma noção grega em que se concebiam as coisas pelo movimento, pela sua dinâmica, pela dinamis. Os gregos diziam que a “qualidade” das coisas seria mais bem percebida no processo, na dinamis, no movimento. Não prestavam atenção à matéria, mas sim aos movimentos dela e em torno dela. O médico hipocrático, na sua arte, deveria ser um especialista em identificar o que no adoecimento era dinâmico da physis, dinâmica que levaria ao estado de equilíbrio, o movimento próprio do organismo no sentido da cura. Ou o que era a dinamis contra natural, ou dinamis pathos, dinâmica da influência antinatural. O médico buscava inibir os processos do movimento antinatural e estimular os movimentos da physis curativa (natureza medicatrix). Esse conceito ganha força na época da medicina galênica, do mundo romano, em que se vai centrar quase todo o foco de entendimento médico em torno da natureza medicatrix, ou seja, a noção de dinamis, o movimento de cura, ou de regulação própria do organismo. Esse deveria ser o grande foco de atuação do médico, fortalecer, respeitar, entender, monitorar a dinamis da natureza medicatrix, também conhecida como vis medicatrix naturae. E essa noção de medicina foi tão forte que determinou a nomenclatura do praticante da arte médica. Em inglês o médico é o physician, seguidor da physis. De outra maneira, em latim, médico vem de mediar, medicare (trazer para o meio, para o equilíbrio). Em ambas o médico era o artista, o portador

Pág 20 da arte de intermediação entre a natureza e o indivíduo, o ser vivo adoecido.

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Sempre uma noção de um agente de intermediação, de interlocução, de mediação. Essa noção domina por cerca de 20 séculos a chamada medicina ocidental, que nasce com Hipócrates1

e segue com os 17 séculos de galenismo2.________________________

1 Hipócrates (inspiração de todo médico no dia da formatura acadêmica) tratava o jovem Pérdica, filho de Alexandre, rei da Macedônia. Uma vez o príncipe foi atacado de febre, cuja causa não se conseguia descobrir, podendo conduzi-lo rapidamente ao túmulo. Sagaz, o jovem médico presumiu que a moléstia do príncipe era de fundo moral. Observava atentamente o príncipe febril e percebeu que a presença de Phila, amante de seu pai, o fazia mudar de cor. Intuiu que só a satisfação do amor, causador da febre/doença, poderia curá-lo. E a bela Phila concordou em aplicar o doce remédio, salvando o filho do rei.________________________

2 Cláudio Galeno (131-200) deu origem ao galenismo, era o médico do imperador romano Marco Aurélio. Depois de curar o imperador de uma enfermidade, disse Galeno: “Não esqueça, Vossa Majestade, que há no corpo humano quatro humores: o sangue, a fleuma, a bílis negra e a bílis amarela. E a saúde é precisamente isso: o equilíbrio dos humores, o bom humor. Se aparece um desequilíbrio entre os humores, a saúde se destrói e aparece a doença. Quando aumenta, por exemplo, a bílis negra, fica o doente bilioso; quando aumenta a bílis amarela, o sujeito fica colérico ou melancólico”. A influência do galenismo durou mais de mil anos, depois começou a declinar e, já em 1304, exclamava Henri de Mondeville, professor de cirurgia na Universidade de Montpellier: “Deus não esgotou a Sua capacidade criadora gerando Galeno.”

Pág 21 É claro que esse caminho nunca foi retilíneo. Ele oscilava de acordo com as influências sociais, da cultura e os avanços no conhecimento. O que é bem nítido é uma oscilação entre a vertente racionalista e uma tendência empírica, que valorizava a observação e experiências médicas. Mas era claramente hegemônica a noção vinculada à tradição hipocrática e galênica. A exploração médica do campo da physis ou da natureza era fortemente marcada pelo saber de base empírica, pela experiência, pelos sentidos, pela percepção. Isso dava à medicina um caráter de arte, ars médica. Fruto do acúmulo de conhecimento, da observação, do uso da sensibilidade, de definição de indícios, do processo do adoecimento. Por outro lado, o pensamento racionalista tendia a minimizar a observação individual, seguia a máxima de Galileu, individuum est inefabile, sobre o indivíduo não se pode falar, isto é, a ciência se baseia na repetição para estabelecer as suas leis. Isso realçou a

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falha do observador, as falhas das avaliações de caráter empírico. Crescia a preferência pelas teses apriorísticas e quase sempre reducionistas. Façamos o mesmo jogo, isto é, observemos as falhas desta nova medicina sem elos com a natureza que começou a surgir: não é um incrível e perigoso atalho a ingestão de uma droga sintética de supressão de um pseudo-sintoma de adoecimento, de uma dor, de um mal-estar? A submissão a exames por máquinas não é, no mínimo, uma ação tempestiva que fazemos em nosso organismo? colocaremos isso em uma perspectiva nítida mais adiante.

* * *

Pág 22 Na Renascença, houve o grande movimento de resgate da tradição hipocrática, a volta à natureza. Era um movimento de valorização da vertente observacional. Da vertente focada na experiência, na observação da dinamis do organismo. Hoje em dia, destaca-se Paracelso3, um médico criativo que rompeu radicalmente com as teorias médicas de então. Ele pode ser considerado o principal precursor da medicina energética, das forças sutis do organismo, na concepção da tendência vitalista, cujo principal expoente foi Hahnemann4. Mas devido à sua forte crítica contra o establishment médico foi perseguido, odiado, e tido como irresponsável e sofreu toda forma de depreciação do seu trabalho visionário. A partir do século XX, vem sendo recuperado através de diversas obras. Vários médicos de hoje são admiradores e seguidores de Paracelso. Várias clínicas da Europa, de medicina natural, integral e biológica recebem o nome de Paracelsus Clinic, na Alemanha, Áustria, Suíça, de tal forma que Paracelso hoje está completamente reabilitado.

___________________________

3 Paracelso é o pseudônimo do médico suíço Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493/1541). Foi um famoso médico, alquimista, físico e astrólogo. Seu pseudônimo significa “superior a Celso (médico romano)”.___________________________

4 O “semelhante cura o semelhante” (similia similibus curantur). A utilização de medicamentos que produzem sintomas da doença em pessoas saudáveis é a base da filosofia da homeopatia. Trata-se da “lei dos semelhantes” que foi

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introduzida pelo médico alemão Samuel Hahnemann (1755-1843) em 1796. Homeopatia vem do grego “homoios” que significa semelhante e “pathos” que significa doença. Há referência a essa lei em escritos de Hipócrates e Paracelso e o conceito foi utilizado por várias culturas: chineses, gregos, índios norte-americanos, maias e indianos.

Pág 23 A propósito, com relação à Renascença e à lembrança histórico-cultural, a medicina não era considerada uma área das ciências, e muitas das suas maiores descobertas não foram feitas por médicos, mas por artistas, tais como Leonardo da Vinci e Michelangelo. Cabe aos médicos desatarem o nó gordiano em que estamos amarrados, desastrosamente longe da natureza em todos os sentidos. Mas é preciso ter coragem e amor à arte.

Pág 25

Capítulo II

A matemática e a física, de Galileu a Newton; a filosofia de Descartes e o positivismo de Comte, a teoria anatomoclínica, Morgani: os hospitais; a teorira do germe; os corantes; a entrada da química na medicina; a indústria farmacêutica; o Public Relation.

Pág 27

A matemática

A primeira pista do elo perdido da arte média é que, no campo que nós chamamos de racionalismo, a ciência que mais propôs coisas para a medicina foi a matemática. Nos primórdios, a medicina pitagórica era a transposição de conceitos matemáticos para a medicina. Vários conceitos ligados à matemática e à física (físico-matemáticos) construíram teses, teorias e concepções no campo médico. Era uma opção ao campo dito empírico, que

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valorizava a observação da dinâmica natural do organismo, da natureza medicatrix. Até que (há pouco tempo, diga-se de passagem) o caráter dito humoralista, centrado na percepção da dinâmica dos humores (abordagem qualitativa), muito mais vinculado à medicina galênica, e o caráter vitalista na medicina deixaram de dominar o pensamento médico. A tal ponto que a medicina oficial vigente trata nossos problemas de saúde como se fôssemos números (abordagem quantitativa) e a cura é uma aritmética simples, na qual dois mais dois são quatro. E quando essa conta não fecha, quem paga o pato?

Vejamos como isso foi acontecendo: A medicina sempre teve essa clara noção de que ela lidava com a vida, a noção da vida, a noção da dinamis vital (vitalismo) do que “anima” o organismo; o ser vivo era o foco fundamental do médico, isso era quase uma lei sagrada.

Pág 28 Nas suas várias vertentes, o vitalismo dominou 20 séculos da medicina ocidental. O vitalismo só começa a entrar em xeque com a incorporação das ciências clássicas pela medicina, no século XVIII. Esse século marcou a manifestação, no campo médico, da revolução das ciências clássicas, sobretudo da física mecanicista de Galileu e, mais adiante, de Newton. Mas também, concepções filosóficas, especialmente o positivismo comtiano5, tiveram grande impacto na nova medicina delineada a partir do século XVIII.__________________________5 O Positivismo é uma corrente filosófica cujo iniciador principal foi Augusto Comte (1798-1857). Propõe à existência humana valores completamente humanos, afastando radicalmente teologia ou metafísica. Assim, o Positivismo – em sua versão comtiana, pelo menos, pois há teorias em outras áreas do conhecimento humano que utilizam a palavra “positivismo” – associa uma interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento a uma ética humana. O Positivismo fez grande sucesso na segunda metade do século XIX, mas, a partir da ação de grupos contrários (marxistas, comunistas, fascistas, reacionários, católicos, místicos), perdeu influência no século XX. Ao elaborar sua filosofia positiva, Comte classificou as ciências que já haviam alcançado a positividade: a Matemática, a Astronomia, a Física, a Química, a Biologia e a Sociologia (esta última estava sendo formulada pelo próprio Comte).

A noção da física newtoniana focada no conhecimento da matéria, chamada de tendência solidista, da equação mecanicista e

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cartesiana em que o todo é a soma das partes, norteia a pesquisa e o desenvolvimento do pensamento das ciências clássicas, e da medicina por extensão. Surge o conceito de matéria corporal.

Pág 29 Embora a noção, o conhecimento e a idenficação da presença das células no organismo, ou dos elementos micorcópicos, sejam descobertas do século XVII, trouxeram pouco impacto para a medicina. Porque a medicina não trabalhava com uma teoria médica que se beneficiasse dessa descoberta. Ela ainda buscava compreender o organismo através de sua dinâmica vital, dos humores. Não buscava compreender o organismo decompondo sua matéria corporal em pequenas partes. A teoria celular só será utilizada pela medicina em outro ambiente de conhecimento, em outra época, em outro paradigma, que não o vitalista. Isso se dá, poranto, no século XVIII, sob a influência de Descartes e Newton.

ASSIM, A MEDICINA COMEÇOU A DELINEAR UM RACIOCÍCIO MÉDICO EM QUE SE CONHECENDO A MATÉRIA CORPORAL, POR PARTES, SE CONHECERIAM AS RAZÕES DA DATERIORAÇÃO DA MATÉRIA E DO ADOECIMENTO. NASCE A TEORIA ANATOMOCLÍNICA.

Foi uma teoria inicialmente levantada por um médico francês chamado Morgani6, que começou a dissecar cadáveres de pessoas que morriam em hospitais e asilos. Ele começou a notar que havia na profundidade, no interior, quando ele abria os cadáveres, mudanças estruturais de órgãos internos do organismo, e ele dizia que ali estava a causa da doença. Morgani descreveu esses achados, mas teve pouco respaldo na medicina, os médicos não acreditavam que aquilo fosse real, diziam que era fruto da deterioração do cadáver. Além disso, a medicina por ainda ser vitalista, dizia que não tinha

Pág 30 nada que aprender com o morto, cessava a vida, acabava a curiosidade médica.__________________________6 O estudo anatômico-clínico do cadáver tem registro a 330 a.C., mas como meio mais seguro de estudar as alterações provocadas pela doença, foi introduzido por Giovan Battista Morgani no século XIX, quando surgiu a anatomia patológica.

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Morgani continuou suas pesquisas, estudos, trabalhos e divulgação, e demorou quase 50 anos para que suas teorias fossem pouco a pouco incorporadas à medicina. Morgani propunha que o médico aprendesse com a morte, para ele, no interior do cadáver estava a verdade sobre o adoecimento, aquilo que iria explicar o que aconteceu na vida daquele sujeito. Nasce, então, a teoria médica que vai romper com toda a tradição médica da physis, da dinâmica da natureza. A teoria médica anatomoclínica. Não é por acaso que os grandes anatomistas não foram médicos. Leonardo da Vinci, por exemplo, dissecou pelo menos quatro cadáveres. Quer dizer, o conhecimento médico, ou sobre as doenças, deveria ser estabelecido através de uma correlação entre um elenco de sintomas e sinais, que o médico observaria em vida de um paciente, e o que ele verificaria ao abrir o cadáver, para explicar as manifestações clínicas daquele indivíduo.

( vai até à página 250)

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“O Elo Perdido da Medicina”O Afastamento da Noção de Vida e Natureza, Dr. Eduardo Almeida & Luís Peazê, 250 páginas, Rio de Janeiro, Imago, 2007.

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MEDICAMENTOS: AMEAÇA OU APOIO À saúde?

Dr. Marilene Cabral do Nascimento,Socióloga –

Material doado por Orlando ajudou na tese

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“Aos 26 anos contrai uma hepatite medicamentosa, fruto daexclusiva ação alopática. Quase morri. Salvo por ummédico homeopata, nunca mais usei remédios da chamadamedicina oficial. Nem mesmo de uma solidária aspirina,alegadamente inócua, lancei mão. Isso, somado aosrecursos homeopáticos que de que me cerco, talvez expliquemeus 70 anos. É muito para quem estava desenganado”

Orlando Gonzalez, da Farmácia Homeopatia Átomo,reuniu notícias de jornais por 20 anos

O material reunido por Orlando Gonzalez, por quase duas décadas (20 pastas com informações jornalísticas), serviu de base à tese dedoutorando de Marilene Cabral, fundamentada no livro. Gonzalez pensava escrever um livro com o acervo selecionado, mas por falta de tempo resolveu doá-lo para a socióloga.

Sobre o livro, Gonzalez afirma que a obra está intimamente ligada ao que o cientista brasileiro professor Lacaz chamou de doençasiatrofarmacogênicas, ou seja, moléstias cujas causas se devem aos medicamentos prescritos por médicos.

Iatrofarmacogenia

Procurador federal, Gonzalez abandonou a advocacia quando se aposentou, juntando-se a um grupo responsável pelo aparecimento, no Rio de Janeiro, da Farmácia Homeopatia Átomo. Segundo Gonzalez, é lastimável que as autoridades públicas de saúde e as de educação não insiram nos currículos das faculdades de medicina a cadeira de Iatrofarmacogenia. Ao contrário, enfatiza, o estudante de medicina é assediado pela publicidade de drogas alopáticas, estimulando-o à medicalização da sociedade.

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Coluna Vale a pena Ler – l i v r o

MEDICAMENTOS: AMEAÇA OU APOIO À SAÚDE?

Marilene Cabral do Nascimento

A pergunta acima é o título do livro de autoria da socióloga, doutora Marilene Cabral do Nascimento, lançado em 2003. Formada em Ciências Sociais (1990), mestre em Saúde Coletiva (1997) e doutora em Saúde Coletiva (2002) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Marilene é professora adjunta no Mestrado em Saúde da Família e na graduação de Medicina da UniversidadeEstácio de Sá – UNESA. Também é pesquisadora colaboradorado Instituto de Comunicação e Informação Científica em Saúde- ICICT/Fundação Oswaldo Cruz e no Instituto de Medicina Social- IMS/UERJ.

Marilene analisou, em seu livro, a grave questão dos efeitos colaterais dos fármacos, ensaiando uma comparação com a terapêutica (homeopatia, uma parte de seu estudo que não pôde ser aprofundada).Trabalha a questão da propaganda e da auto-medicação e avalia o papel do boom farmacêutico no século XX.

Ela questiona e responde as próprias perguntas, como: Que papelos remédios ocupam na vida das pessoas na atualidade? O que motiva as pessoas a consumir medicamentos? Quais são as conseqüências desse consumo? O que a mídia e os especialistas dizem sobre esse assunto?

Marilene mostra como se dá a medicalização da cultura, com sua mirabolante promessa de “saúde em pílulas” para sanar qualquer

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desconforto físico ou psíquico, e como este fenômeno está na origem do hiperconsumo de medicamentos na sociedadebrasileira.

O livro é o resultado da análise de 437 reportagens sobre medicamentos e saúde, publicadas em jornais e revistas de grandecirculação, ao longo dos últimos 25 anos. Escrito em linguagem acessível, os dados apresentados são parte de uma ampla pesquisa sobre o papel do medicamento na terapêutica contemporânea – tema da tese de doutorado em Saúde Pública, defendida pela autora no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Ficha TécnicaTítulo: Medicamentos: ameaça ou apoio à saúde?Autor: Marilene Cabral do NascimentoRio de JaneiroEditora Vieira & Lent 2003.Preço sugerido: R$ 28,00

Fonte:Jornal Semelhante nº 4 – Maio 2008 – página 6 Também disponível no formato pdf em:http://www.semelhante.org.br/jornal/maio_08/JS_4.pdf

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Abaixo, informações sobre o livro, no site da Vieira & Lent Casa Editorial

MEDICAMENTOS - ameaça ou apoio à saúde?Marilene Cabral do Nascimento

Que papel os remédios ocupam na vida das pessoas na atualidade? O que motiva as pessoas a consumir medicamentos? Quais são as conseqüências desse consumo? O que a mídia e os especialistas dizem sobre esse assunto? O livro trata destas questões e mais: tendo sempre como objetivo a busca da saúde e do bem-estar, apresenta benefícios e riscos do uso de vitaminas, analgésicos, antibióticos e psicotrópicos.

Medicamentos - ameaça ou apoio à saúde? é o resultado da análise de 437 reportagens sobre medicamentos e saúde, publicadas em jornais e revistas de grande circulação, ao longo dos últimos 25 anos. Escrito em linguagem acessível, os dados que ele apresenta são parte de uma ampla pesquisa sobre o papel do medicamento na terapêutica contemporânea - tema da tese de doutorado em Saúde Pública, defendida pela autora no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

SUMÁRIO

Introdução

Saúde em pílulas Necessidade sanitária e de mercado Um mercado lucrativo, concorrido e carente de ética Automedicação A ameaça à saúde: efeitos indesejados e reações adversas Médicos e pacientes no consumo de medicamentos

Diversificação e inovação no consumo de medicamentos

Vitaminas e suplementos alimentares: fontes portáteis de saúde? Velas de ignição As megadoses: promessas de vida longa e saudável As deficiências nutricionais O boom no mercado farmacêutico Riscos e efeitos colaterais Consensos e polêmicas

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Reportagens pesquisadas

Na hora da dor Aaaaaaiiiiiiiiii O efeito inverso Combater a febre pode ajudar... a doença Rótulos e essências A dipirona O ácido acetilsalicílico O paracetamol Outros grupos de analgésicos, antitérmicos e antiinflamatórios O tiro pela culatra Reportagens pesquisadas

O remédio para os antibióticos Antibióticos: êxitos e desafios Riscos e efeitos colaterais A infecção hospitalar Reportagens pesquisadas

Psicotrópicos: proposta química para estados e oscilações de ânimo indesejados Distúrbios biológicos A banalização no consumo Falsas tranqüilidades e pseudo euforias Riscos e efeitos colaterais: a dependência química ou psicológica Quem consome Consensos e polêmicas Reportagens pesquisadas

De onde vem a saúde? A construção da saúde no terceiro milênio Vilões e heróis na alimentação Atividade física e saúde Exposição ao sol Cultivar tranqüilidade e melhor qualidade nas relações humanas

Considerações Finais Notas Bibliografia

APRESENTAÇÃO

Parte de sua pesquisa de tese de doutorado em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da UERJ, este livro de Marilene Cabral do Nascimento reúne as qualidades de uma tese acadêmica -- rigor, fundamentação teórica e empírica, objetividade -- com as de um trabalho de divulgação científica -- clareza, leveza, didatismo e informação necessária para orientação do leitor.

Mas essas são características do estilo da autora: os trabalhos de Marilene, sejam artigos ou comunicações em congressos primam por este estilo fluido e objetivo, aliando a pesquisa científica à necessária informação e orientação voltada para a sociedade.

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Este estilo, que deve ser visto também como uma atitude intelectual, restitui à ciência seu papel social, hoje pouco valorizado, de retornar ao público os resultados de suas atividades - e também o modo como tais atividades foram realizadas. O que significa revelar os caminhos pelos quais se chegou a tais resultados, expondo a metodologia de obtenção dos dados e de seu tratamento com linguagem acessível e clara.

A autora tenta responder a três questões principais, a coluna vertebral de sua investigação: para que servem os medicamentos, sobretudo os produzidos pela indústria farmacêutica; por que se tornaram tão importantes na sociedade contemporânea; que papel efetivamente cumprem com relação à saúde das pessoas.

Apoiada na linha de pesquisa Racionalidades Médicas, sob minha coordenação, Marilene alça vôo em direção aos sentidos atribuídos em nossa cultura aos fármacos, à implacável máquina de ´produzir saúde` da milionária indústria farmacêutica, seu gigantismo e suas conseqüências face à saúde dos cidadãos. Esclarece, então, as relações entre esses megafenômenos sociais, através de estudo de caso em jornais e revistas, e alguns medicamentos ´típicos`, para assinalar os mais consumidos de nossas farmácias: vitaminas, analgésicos, antibióticos e psicotrópicos.

A autora analisa sem medo, mas sem maniqueísmos, a grave questão dos efeitos colaterais dos fármacos, ensaiando uma comparação com a terapêutica (homeopatia, uma parte de seu estudo que não pôde ser aprofundada).Trabalha a questão da propaganda e da automedicação e avalia o papel do boom farmacêutico no século XX.

Medicamentos - ameça ou apoio à saúde? mostra como se dá a medicalização da cultura, com sua mirabolante promessa de ´saúde em pílulas` para sanar qualquer desconforto físico ou psíquico, e como este fenômeno está na origem do hiperconsumo de medicamentos na sociedade brasileira.

Madel Luz Professora titular do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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MARILENE CABRAL DO NASCIMENTO"Nasci em 1958, em São Paulo. Formei-me socióloga em 1990, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ, onde também obtive o grau de Mestre e, mais tarde, de Doutora em Saúde Coletiva. A Sociologia em interface com a Saúde Coletiva definem meu perfil acadêmico.

Atualmente, sou professora universitária, aprendendo e ensinando, junto a meus alunos, a pensar a saúde e a vida em coletividade. Tenho um casal de filhos adolescentes, junto a quem, também, venho aprendendo e ensinando a viver e a amar a vida."

DADOS TÉCNICOS

ApresentaçãoMadel Luz

CapaCristina Rebello / Sense Design

PreparaçãoSonia Cardoso

Projeto gráfico e editoraçãoFutura

RevisãoElisa SankuevitzMarilia Pinto de OliveiraMaria Zilma Barbosa

Formato: 14 x 21cmTotal de páginas: 200Tipologia: Adobe GaramondPapel miolo: Chamois Bulk 80 g/m²Papel capa: cartão Royal 300 g/m²Fotolito: MilleniumImpressão: LidadorSupervisão gráfica: Produção CertaTiragem: 2.000 exemplaresISBN: 85-88782-04-9

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Preço: R$ 28,001ª edição, janeiro de 2003

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Livros recomendados:-

"A Verdade sobre os Laboratórios Farmacêuticos", Dra Marcia Angell, 319 páginas,Editora Record,Rio de Janeiro/ São Paulo, 2007;

"Leite: Alimento ou Veneno?" do cientista Robert Cohen, 354 páginas, Editora Ground, 2005.

Peter Rost, "The Whistleblower: Confessions of a Healthcare Hitman" (O Denunciante: Confissões de um Combatente do Sistema de Saúde), lançado em 2006 nos EUA e inédito no Brasil.

“Fique mais jovem a cada ano” Chege aos 80 anos com a saúde, o vigor e a forma física de um cinqüentão; Chris Croeley e Henry S. Lodge, M.D. – Editora Sextante, 2007.

“O Leite que ameaça as mulheres”, um documento explosivo: o consumo de derivados do leite teria uma influência preponderante sobre os cânceres de mama; Raphaël Nogier, Ícone Editora Ltda, São Paulo, 1999.

“As Alergias Ocultas nas Doenças da Mama”, Raphaël Nogier, Organização Andrei Editora Ltda,1998.

“Alimentação que evita o Câncer e outras doenças”, Dr. Sidney Federmann/ Dra. Miriam Federmann – Editora Minuano”

“Curas Naturais “Que” Eles Não Querem Que Você Saiba”, Kevin Trudeau, Editora Alliance Publishing Group. Inc., 576 páginas, Spain, 2007 (Edição em português publicada pela LTVM, S.A.) (pedidos pelo tel: 012-11-3527-1008 ou www.gigashopping.com.br/ )

“Medicamentos: ameaça ou apoio à saúde?”, Marilene Cabral do Nascimento, Rio de Janeiro, Editora Vieira & Lent 2003.

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“Técnicas de Controle do Estresse”, Dr. Vernon Coleman, Imago Editora, 116 páginas (O Livro Explica Como, Porque e Quando o Estresse Causa Problemas Alem de Mostrar Formas Eficientes de Controlar e Minimizá-lo em sua Empresa.)

“Fazendo as Pazes com Seu Peso”, Obesidade e Emagrecimento: entendendo um dos grandes problemas deste século, Dr. Wilson Rondó Jr., Editora Gaia, São Paulo, 3ª Edição, 2003.

“Prevenção: A Medicina do Século XXI”, A Guerra ao Envelhecimento e às Doenças, A terapia molecular irá diminuir a incidência de câncer, doenças cardiovasculares, envelhecimento e muito mais; Dr. Wilson Rondó Junior, 240 páginas, Editora Gaia, São Paulo, 2000.

“A dieta do doutor Barcellos contra o Câncer” e todas as alergias, Sonia Hirsch - uma publicação Hirsch & Mauad, Rio de Janeiro, 2002, www.correcotia.com

"Atividade Física e Envelhecimento Saudável", Dr. Wilson Jacob Filho, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas (SP), Editora Atheneu.

“O Fator Homocisteína”, A revolucionária descoberta que mostra como diminuir o risco da doença cardíaca, Dr. Kilmer McCully e Martha McCully, 231 páginas, Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2000.

“Apague a Luz!”, durma melhor e: perca peso, diminua a pressão arterial e reduza o estresse; T S Wiley e Bent Formby, Ph.D. – Editora Campus, 2000.

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Visite o site “Uma Outra Visão”Dr. José Carlos Brasil Peixoto – médico homeopatahttp://www.umaoutravisao.com.br/artigos.htm

Bem vindo ao site umaoutravisao. É um espaço reservado para aquelas pessoas que estão buscando informações diferenciadas

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sobre temas de saúde, alimentação, ecologia entre outros de relevante importância. São inúmeros artigos, entre originais e textos traduzidos, que podem se caracterizar pelo tom inusitado.  

Vamos conhecer Michael Pollan e seus pontos de vista sobre a alimentação tradicional. Saiba um pouco mais sobre como as multinacionais lucram com a fome. Se você acreditava que o sol é a  causa de câncer de pele e que é bom utilizar protetores solares veja nosso artigo sobre esse surpreendente tópico. Estamos retornando ao tema da saúde do coração. Você deve ser alguém que acredita que o infarto é causado pela obstrução das artérias coronárias. Após ler o artigo sobre a teoria miogênica você possivelmente vai revisar seus conceitos. Outro artigo sobre colesterol poderá lhe dar mais informações que poderão lhe fazer pensar de maneira muito diferente sobre a existência de algum colesterol ruim.

Surpreenda-se com nossos originais artigos sobre temas variados, como a FRAUDE do leite de soja, ou  os artigos que falam sobre os problemas dos tratamentos medicamentosos para reduzir o colesterol e as eventuais virtudes das taxas elevadas do colesterol.   A seção sobre flúor foi ampliada e há novos links na seção de sugestões para pesquisa e leitura!

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