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FEAD NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO MODALIDADE: PROFISSIONALIZANTE O EFEITO DA FORMA DE CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL FINANCEIRO (LEASING) NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS, E SUA INFLUÊNCIA NO CÁLCULO DO VALOR ECONÔMICO AGREGADO EM UMA AMOSTRA DE EMPRESAS BRASILEIRAS DE CAPITAL ABERTO Carlos Alberto de Carvalho Junior Belo Horizonte 2007

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FEAD NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO MODALIDADE: PROFISSIONALIZANTE

O EFEITO DA FORMA DE CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE

ARRENDAMENTO MERCANTIL FINANCEIRO (LEASING) NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS, E SUA INFLUÊNCIA NO CÁLCULO

DO VALOR ECONÔMICO AGREGADO EM UMA AMOSTRA DE EMPRESAS BRASILEIRAS DE CAPITAL ABERTO

Carlos Alberto de Carvalho Junior

Belo Horizonte 2007

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Carlos Alberto de Carvalho Junior O EFEITO DA FORMA DE CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE

ARRENDAMENTO MERCANTIL FINANCEIRO (LEASING) NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E SUA INFLUÊNCIA NO CÁLCULO

DO VALOR ECONÔMICO AGREGADO EM UMA AMOSTRA DE EMPRESAS BRASILEIRAS DE CAPITAL ABERTO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração: Modalidade Profissionalizante, da FEAD – Minas - Centro de Gestão Empreendedora, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração.

Área de Concentração: Estratégia e Competitividade

Ênfase: Finanças e Contabilidade

Orientador: Prof. Dr. Luciano de Castro Garcia Leão

Belo Horizonte

FEAD 2007

Carlos Alberto de Carvalho Junior O efeito da forma de contabilização das operações de arrendamento mercantil financeiro (leasing) nas demonstrações contábeis e sua influência no cálculo do valor econômico agregado em uma amostra de empresas brasileiras de capital aberto

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração: Modalidade Profissionalizante, da FEAD – Minas - Centro de Gestão Empreendedora, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração. Belo Horizonte, 2007

______________________________________________________________

Professor: Dr. Luciano de Castro Garcia Leão – Orientador FEAD

______________________________________________________________

Professor: Dr. David Ferreira Bomfin - FEAD

______________________________________________________________

Professor: Dr. Antônio Dias Pereira Filho – CEPEAD/UFMG

______________________________________________________________

Professora: Dra. Virgínia Izabel de Oliveira – Fundação Dom Cabral

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado forças para concluir este trabalho e para

superar as dificuldades encontradas na realização do mesmo.

Agradeço ao Prof. Ms. Ronaldo Procácio da Silva, que me indicou para

lecionar na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e, posteriormente, me

mostrou a importância de ingressar no mestrado. Ronaldo, meu sincero muito

obrigado.

Agradeço ao Prof. Ms. José Roberto de Souza Francisco, grande

companheiro do mestrado, e hoje, grande amigo. “Zé Roberto”, seus conselhos

foram muito importantes para a conclusão desta etapa.

Agradeço aos demais colegas do mestrado pela oportunidade da convivência.

Agradeço aos professores da FEAD pelos conhecimentos transmitidos, e em

especial, ao meu orientador, Prof. Dr. Luciano de Castro Garcia Leão, cuja

participação foi fundamental para a execução deste trabalho. Seu direcionamento e

seus conhecimentos serão sempre lembrados. Agradeço, também, aos

componentes da banca, por aceitarem o convite para compartilhar deste momento.

Agradeço aos meus pais que, cada um à sua maneira, ajudaram-me a chegar

até aqui. Aos meus irmãos, minha irmã e demais familiares, agradeço a torcida,

desculpando-me pelos momentos de ausência.

À Voínha, ícone e base da minha família, meu apreço especial, que, na

lucidez de seus 91 anos, acompanha a evolução dos tempos e nos aconselha nos

momentos mais difíceis.

Agradeço, muito carinhosamente, à pessoa que muito me ajudou nesta etapa

e soube entender as ausências e as renúncias ao lazer, soube entender os

momentos de aflição e apuros, soube motivar e, principalmente, soube confortar.

Esta pessoa, que, um dia, “tirou os sapatos”,para ficar do meu tamanho, é hoje o

amor da minha vida. Tatiana, sem o seu apoio, este trabalho não seria realizado, por

isso minha eterna gratidão.

Peço desculpas se, neste momento, minha memória me furtou algum nome,

mas saibam que, todos os que participaram, direta ou indiretamente, para a

conclusão desta etapa, serão sempre lembrados.

RESUMO

CARVALHO JUNIOR, Carlos Alberto de. O efeito da forma de contabilização das operações de arrendamento mercantil financeiro (leasing) nas demonstrações contábeis e sua influência no cálculo do valor econômico agregado em uma amostra de empresas brasileiras de capital aberto. Belo Horizonte, 2007. 97pp. Dissertação (Mestrado em Administração – Área de Concentração: Estratégia e Competitividade – Ênfase: Finanças e Contabilidade) – Curso de Mestrado Profissional da Faculdade de Estudos Administrativos, FEAD.

O presente trabalho foi realizado em uma amostra de empresas brasileiras de capital aberto. Seu objetivo foi verificar a forma de contabilização das operações de arrendamento mercantil financeiro (leasing) nessas empresas e se o efeito da contabilização influencia o cálculo do valor econômico agregado (EVA©). A amostra foi selecionada por meio de uma pesquisa realizada no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), identificando empresas que operam com o arrendamento mercantil financeiro e divulgam estas informações em notas explicativas. Em seguida, foram extraídas das demonstrações financeiras padronizadas (DFP) as demonstrações contábeis e as notas explicativas das empresas selecionadas. Foram efetuados os ajustes com os dados da operação de leasing, para verificar o efeito da forma de contabilização nas demonstrações contábeis e também para o cálculo do EVA©. O bem objeto do leasing foi lançado no balanço patrimonial como um ativo, e a dívida registrada no passivo, conforme preconiza a norma brasileira de contabilidade - NBC T 10.2. Foi detectado, na pesquisa, que poucas empresas contabilizam as operações de leasing em conformidade com a NBC T 10.2, uma vez que optam por registrar a operação em conformidade com a legislação fiscal. Ficou evidenciado que a forma de contabilização do leasing aumenta o índice de endividamento da empresa e também gera influência no cálculo do EVA©.

Palavras-chave: Arrendamento mercantil financeiro; Valor Econômico Agregado; Demonstrações contábeis.

ABSTRACT

CARVALHO JUNIOR, Carlos Alberto de. O efeito da forma de contabilização das operações de arrendamento mercantil financeiro (leasing) nas demonstrações contábeis e sua influência no cálculo do valor econômico agregado em uma amostra de empresas brasileiras de capital aberto. Belo Horizonte, 2007. 97pp. Dissertação (Mestrado em Administração – Área de Concentração: Estratégia e Competitividade – Ênfase: Finanças e Contabilidade) – Curso de Mestrado Profissional da Faculdade de Estudos Administrativos, FEAD.

This work was developed in a sample of Brazilian listed companies. Its aims were to establish or verify the way to record their operations of leasing and if the effect of registering can interfere in the value of economic value added (EVA©). The sample was selected through a wide research in the website of CVM (Brazilian Securities Commission), categorizing which companies work with commercial leasing and disclosure of information through explanatory notes. After that statements and notes were extracted from financial reports. Subsequently, adjustments to the leasing operational data were made to verify the effects in the financial reports and also to calculate the EVA©. The object of leasing was registered in balance sheet as asset, and the debt as liability, in line with Brazilian Accounting Standards, NBC T 10.2. Along the research it was demonstrated that there are few companies leasing records according to NBC 10.2, once they choose to register leasing operations according to* tax legislation. The work concludes that the way of recording leasing increases the debt to asset ratio the EVA©.

Keys words: Commercial leasing, financial reports, EVA© (Economic Value Added).

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Situação patrimonial das empresas K e W ..............................................33 TABELA 2 Situação patrimonial da Empresa K ,após a contabilização do leasing

de acordo com a NBC T 10.2 .................................................................34 TABELA 3 Situação patrimonial da Empresa W, após a contabilização do leasing,

de acordo com a legislação fiscal...........................................................34 TABELA 4 Conciliação NOPAT x Resultado do exercício.........................................59 TABELA 5 Demonstração de Resultado do Exercício da Cia Leco de Produtos

Alimentícios ............................................................................................66 TABELA 6 Balanço Patrimonial da Cia Leco de Produtos Alimentícios ....................67 TABELA 7 Cálculo do EVA© da Cia Leco de Produtos Alimentícios .........................68 TABELA 8 Demonstração de Resultado do Exercício da Cia Industrial Cataguases 69 TABELA 9 Balanço Patrimonial da Cia Industrial Cataguases..................................70 TABELA 10 Cálculo do EVA© da Cia Industrial Cataguases.....................................71 TABELA 11 Demonstração de Resultado do Exercício da empresa Datasul S/A.....72 TABELA 12 Balanço Patrimonial da empresa Datasul S/A .......................................73 TABELA 13 Cálculo do EVA© da empresa Datasul S/A ............................................74 TABELA 14 Demonstração de Resultado da empresa Localiza Rent a Car S/A ......75 TABELA 15 Balanço Patrimonial da empresa Localiza Rent a Car S/A....................76 TABELA 16 Cálculo do EVA© da empresa Localiza Rent a Car S/A.........................77 TABELA 17 Demonstração de Resultado do Exercício da empresa MRS Logística

S/A..........................................................................................................78 TABELA 18 Balanço Patrimonial da empresa MRS Logística S/A ............................79 TABELA 19 Cálculo do EVA© da empresa MRS Logística S/A.................................80 TABELA 20 Demonstração de Resultado do Exercício da empresa Obrascon

Huarte Lain Brasil S.A ............................................................................81 TABELA 21 Balanço Patrimonial da empresa Obrascon Huarte Lain Brasil S.A ......82 TABELA 22 Cálculo do EVA© da empresa Obrascon Huarte Lain Brasil S.A ...........83 TABELA 23 Demonstração de Resultado do Exercício da empresa Universo

Online S.A ..............................................................................................84 TABELA 24 Balanço Patrimonial da empresa Universo Online S.A..........................85 TABELA 25 Cálculo do EVA© da empresa Universo Online S.A...............................86

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Diferenças entre Leasing Financeiro e Operacional.................................29 Quadro 2: Dados para contabilização do arrendamento mercantil financeiro. ..........35 Quadro 3: Exemplo de contabilização do leasing ,conforme a legislação fiscal........35 Quadro 4: Exemplo de contabilização do valor residual, conforme a legislação

fiscal. .........................................................................................................35 Quadro 5: Exemplo de contabilização do leasing, de acordo com a NBC T 10.2 .....35 Quadro 6: Exemplo de contabilização dos juros incorridos, de acordo com a NBC T

10.2 ...........................................................................................................36 Quadro 7: Exemplo de contabilização do pagamento da contraprestação do leasing,

de acordo com a NBC T 10.2....................................................................36 Quadro 8: Exemplo de contabilização do pagamento do VRG, incluído na

contraprestação mensal de acordo com a legislação fiscal. .....................37 Quadro 9: Exemplo do registro da operação do arrendamento mercantil financeiro

com pagamento do VRG nas contraprestações mensais de acordo com a NBC T 10.2. ..............................................................................................38

Quadro 10: Exemplo de contabilização dos juros incorridos, de acordo com a NBC T 10.2 ...........................................................................................................38

Quadro 11: Exemplo de contabilização do pagamento da parcela do arrendamento mercantil financeiro, de acordo com a NBC T 10.2 ...................................38

Quadro 12: Perspectivas do risco de investimentos em projetos ..............................45 Quadro 13: Comparativo da DRE e NOPAT .............................................................59 Quadro 14: Exemplo de cálculo do custo do capital de terceiros ..............................60 Quadro 15: Alteração no custo médio ponderado de capital.....................................87 Quadro 16: Alteração no NOPAT ..............................................................................88 Quadro 17: Alteração no EVA© .................................................................................89

LISTA DE SIGLAS

BACEN - Banco Central do Brasil

CAPM - Capital Asset Pricing Model / Modelo de Precificação de Ativos

CEO – Chief Executive Officer

CFC - Conselho Federal de Contabilidade

CMPC - Custo Médio Ponderado do Capital

CSLL - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

CVM - Comissão de Valores Mobiliários

DFP - Demonstrações Financeiras Padronizadas

DRE - Demonstração do Resultado do Exercício

EVA© - Economic Value Added ou Valor Econômico Agregado

FASB - Financial Accounting Standards Board

IAS - International Accounting Standards

IASB - International Accounting Standards Board

IASC - International Accounting Standards Committee / Comitê de Normas

Internacionais de Contabilidade

IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

IFRS - International Financial Reporting Standards

IR - Imposto de Renda

IRPJ - Imposto de Renda da Pessoa Jurídica

NBC T - Norma Brasileira de Contabilidade Técnica

NOPAT - Net Operating Profit After

NPC – Norma e Procedimento de Contabilidade

Nyse - New York Stock Exchange

RIR - Regulamento do Imposto de Renda

SEC - Securities and Exchange Commission

SFAS - Statements of Financial Accouting Standards

USGAAP - Generally Accepted Accounting Principles in the United States /

Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos nos Estados Unidos

VRG - Valor Residual Garantido

WACC - Weighted Average Cost of Capital

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11 1.1 Problema............................................................................................................12 1.2 Objetivos ............................................................................................................13 1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................13 1.2.2 Objetivos específicos.....................................................................................13 1.3 Justificativa........................................................................................................13 1.4 Questões a investigar .......................................................................................14 1.5 Estrutura do trabalho........................................................................................15 2 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................16 2.1 Demonstrações contábeis................................................................................16 2.1.1 Balanço patrimonial .......................................................................................17 2.1.1.1 Ativo .............................................................................................................17 2.1.1.2 Passivo.........................................................................................................20 2.1.1.3 Patrimônio líquido.......................................................................................21 2.1.2 Demonstração do resultado do exercício ....................................................22 2.1.3 Notas explicativas ..........................................................................................23 2.2 Arrendamento mercantil (leasing) ...................................................................23 2.2.1 Arrendamento mercantil financeiro (leasing financeiro) ............................26 2.2.2 Arrendamento mercantil operacional (leasing operacional) ......................28 2.2.3 Lease Back......................................................................................................29 2.2.4 Norma Brasileira de Contabilidade -Técnica –10.2 (NBC T – 10.2) ............30 2.2.5 Orientação da Comissão de Valores Mobiliários ........................................31 2.2.6 Legislação fiscal.............................................................................................31 2.2.7 Conflito entre as normas – Receita Federal X CFC .....................................32 2.2.8 Contabilização do arrendamento mercantil financeiro ...............................33 2.2.9 Os padrões internacionais de contabilização..............................................39 2.3 Custo de capital.................................................................................................43 2.3.1 Risco e retorno ...............................................................................................45 2.3.2 Risco país .......................................................................................................47 2.3.3 Risco beta (ou de mercado) ..........................................................................48 2.3.4 Custo de capital próprio ................................................................................48 2.3.5 Custo de capital de terceiros ........................................................................51 2.3.6 Custo médio ponderado de capital...............................................................53 2.4 Valor Econômico Agregado (EVA©) .................................................................54 2.4.1 Vantagens do EVA©........................................................................................56 2.4.2 Desvantagens do EVA©..................................................................................57 2.4.3 Net Operating Profit After Taxes (NOPAT) ...................................................58 2.4.4 Cálculo do valor econômico agregado.........................................................58 3 METODOLOGIA ....................................................................................................62 3.1 Tipo de pesquisa ...............................................................................................62 3.2 Universo e amostra ...........................................................................................62 3.3 Coleta de dados.................................................................................................63 3.4 Tratamento dos dados......................................................................................64

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4 DESENVOLVIMENTO ...........................................................................................65 4.1 Demonstrativos da Cia Leco de Produtos Alimentícios ................................65 4.2 Demonstrativos da Cia Industrial Cataguases ...............................................68 4.3 Demonstrativos da empresa Datasul S.A........................................................71 4.4 Demonstrativos da empresa Localiza Rent a Car S.A....................................74 4.5 Demonstrativos da empresa MRS Logística S.A. ...........................................77 4.6 Demonstrativos da empresa Obrascon Huarte Lain Brasil S.A. ...................80 4.7 Demonstrativos da empresa Universo Online S.A. ........................................83 4.8 Análise dos resultados .....................................................................................87 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................90 REFERÊNCIAS.........................................................................................................93

11

1 INTRODUÇÃO

As demonstrações contábeis devem ser transparentes e retratar a real

situação econômica, financeira e patrimonial das empresas. Muito se tem feito no

sentido de buscar convergências nas demonstrações contábeis, segundo padrões e

normas internacionais, tais como IASB-IFRS e FASB-USGAAP.

No Brasil, as demonstrações são elaboradas com base na Lei 6.404/76

(BRASIL, 1976), os Princípios Contábeis, geralmente, aceitos e ainda com base nas

recomendações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O Regulamento do

Imposto de Renda (RIR) também impõe certas condutas a serem obedecidas, às

vezes em conflito com os próprios princípios contábeis.

No sentido de minimizar essas diferenças, objetivando sempre primar pela

boa prática contábil, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da

emissão de Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas (NBC-T), estabelece as

formas de contabilização e elaboração das demonstrações contábeis.

As empresas buscam, na maioria das vezes, elaborar as demonstrações,

visando aumentar a transparência e segurança das informações contábeis para a

tomada de decisão e, também, para atender as legislações fiscais ou a CVM, se esta

for uma sociedade anônima de capital aberto.Contudo algumas operações podem

estar sendo registradas de forma que não reflitam a real situação econômica,

financeira e patrimonial da empresa.

A contabilização do leasing financeiro, objeto de estudo desta pesquisa, é um

destes casos.Ela diverge da forma de contabilização, de acordo com a NBC-T 10.2

do CFC, conforme o Regulamento do Imposto de Renda (RIR).

O RIR trata a operação de leasing como um aluguel, em que as

contraprestações do arrendamento mercantil financeiro são lançadas como

despesas operacionais do período em que se ocorre o pagamento. Desta forma, o

bem arrendado não é registrado no ativo, e a obrigação assumida também não é

registrada no balanço da empresa arrendatária.

A NBC-T 10.2 do CFC foi elaborada para corrigir tal distorção, determinando a

forma de contabilização da operação de leasing financeiro, porém são poucas as

empresas que seguem as determinações desta norma, respeitando, apenas, a

12

legislação do Imposto de Renda.

A forma de contabilização adotada pela empresa, portanto, pode interferir no

resultado do exercício e, se este está corrompido, pode influenciar diretamente o

cálculo do valor econômico agregado (EVA©), fato este que terá os seus efeitos

analisados e avaliados neste trabalho.

1.1 Problema

A operação de arrendamento mercantil financeiro (leasing) é um instrumento

por meio do qual muitas empresas adquirem bens, para utilizar na operação de seus

negócios, ou seja, bens destinados à produção de bens e serviços, os quais são

classificados no balanço patrimonial como ativo imobilizado, um subgrupo do ativo

permanente da empresa. Porém quando este bem é adquirido por meio de um

contrato de leasing, este ativo imobilizado não é registrado no balanço patrimonial

da empresa, ou, quando o é, registra-se apenas o valor residual garantido (VRG),

que corresponde a uma pequena parcela do bem adquirido.

Em contrapartida, como o bem não é registrado no balanço patrimonial, a

dívida contraída não será registrada como obrigação no passivo desta, deixando de

refletir a atual situação de endividamento da empresa e distorcendo, também, o

cálculo do seu custo de capital.

As contraprestações pagas por ocasião deste contrato são registradas como

despesa operacional, reduzindo, desta forma, o resultado da empresa, em menor

tempo, que se este fosse recuperado por meio da depreciação do bem registrado

como ativo imobilizado.

Descritas as situações acima, surgem os seguintes problemas: Qual é o efeito

nas demonstrações contábeis, ocasionado pela forma de contabilização do

arrendamento mercantil financeiro? Esse efeito influencia o cálculo do Valor

Econômico Agregado (EVA© )?

13

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Verificar a forma de contabilização das operações de arrendamento mercantil

financeiro (leasing), e se esta influencia no cálculo do Valor Econômico Agregado

(EVA©).

1.2.2 Objetivos específicos

a) Identificar empresas que efetuam aquisições por meio de arrendamento

mercantil (leasing) e demonstram detalhes destas operações em nota

explicativa.

b) Verificar como é efetuada a contabilização das operações de

arrendamento mercantil (leasing) nestas empresas.

c) Demonstrar a contabilização da operação de arrendamento mercantil

financeiro (leasing), contrapondo a Norma Brasileira de Contabilidade ao

Regulamento do Imposto de Renda.

d) Comparar o resultado gerado por meio da contabilização da operação de

leasing, conforme a Norma Brasileira de Contabilidade e o Regulamento

do Imposto de Renda.

e) Demonstrar o efeito das formas de contabilização no cálculo do valor

econômico agregado.

1.3 Justificativa

O presente trabalho será importante para as empresas que contratam

operações de leasing financeiro, a fim de que possam analisar o efeito da

contabilização no balanço patrimonial, como ativo imobilizado dos bens adquiridos

14

por meio de arrendamento mercantil financeiro. As obrigações contraídas por este

meio seriam, em tese, registradas no passivo circulante e exigível em longo prazo,

demonstrando o real endividamento da empresa, pois se trata de uma obrigação

contraída, geralmente, com o interesse de aquisição ao final do contrato.

Os usuários das demonstrações contábeis terão informações mais precisas

sobre a situação econômica, financeira e patrimonial da empresa, pois, com o

tratamento da operação de arrendamento mercantil como despesa, o valor desta

dívida não é evidenciado no balanço patrimonial.

Atualmente, a forma de contabilização mais utilizada se baseia na legislação

fiscal, em que a empresa tem a recuperação da despesa com a aquisição do bem

em menor tempo do que se fosse contabilizada como ativo, conforme determina a

Norma Brasileira de Contabilidade.

Espera-se que este trabalho possa difundir a Norma Brasileira de

Contabilidade - NBC-T 10-2, com o intuito de que as empresas passem a alterar o

procedimento de divulgação das demonstrações contábeis, refletindo a orientação

contida nesta norma e, conseqüentemente, refletindo a fidedignidade das peças

contábeis, para que os usuários das informações contábeis possam, realmente,

utilizá-las como medida de gerenciamento de investimentos.

1.4 Questões a investigar

A forma de contabilização do arrendamento mercantil financeiro (leasing) é

regulada pela Norma Brasileira de Contabilidade Técnica 10.2, que descreve os

procedimentos a serem adotados na contabilização da operação, orientando para

que o objeto da operação seja tratado como imobilizado, e o valor da dívida seja

contabilizado como financiamento. Entretanto o Regulamento do Imposto de Renda

permite que a operação seja contabilizada como despesa ou custo operacional, em

que somente a dívida daquele mês é registrada no passivo da empresa. Desta

forma, o resultado apurado pela empresa será condicionado à forma de utilização

adotada.

Pretende-se estudar se a forma de contabilização do leasing gera

efeito no resultado do exercício e no cálculo do valor econômico agregado (EVA) ©.

15

1.5 Estrutura do trabalho

O primeiro capítulo apresenta a contextualização do problema,

descreve os objetivos a serem desenvolvidos na pesquisa, relaciona as hipóteses a

serem investigadas e expõe a justificativa do trabalho.

O segundo capítulo aborda o referencial teórico que, apoiado na literatura

existente, descreve os conceitos dos temas relevantes acerca do trabalho como as

demonstrações contábeis, o arrendamento mercantil, o custo de capital e o valor

econômico agregado.

O terceiro capítulo relaciona a metodologia aplicada na realização do trabalho

onde foram definidos o tipo de pesquisa, o universo e a amostra, a coleta de dados e

o tratamento dos dados.

O quarto capítulo apresenta o desenvolvimento no qual está descrita a parte

prática da pesquisa, e onde foram apresentados os resultados dos dados coletados

e trabalhados durante a pesquisa e descreve a análise dos resultados,

fundamentados nos cálculos realizados e na pesquisa bibliográfica.

O quinto capítulo discorre sobre a conclusão da pesquisa onde o autor

contextualiza o que foi descrito nela.

16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Demonstrações contábeis

As demonstrações contábeis são a base dos dados para o cálculo dos

indicadores econômicos, financeiros e patrimoniais, permitindo a avaliação da

situação econômica e financeira da empresa, num sentido estático, bem como

ajudam a obter conclusões sobre as tendências futuras.

As empresas devem elaborar as demonstrações contábeis em atendimento

ao artigo 176, da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976), também conhecida como a Lei das

sociedades anônimas, que estabelece:

Ao fim de cada exercício social, a Diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I – balanço patrimonial; II – demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III – demonstração do resultado do exercício; IV – demonstração das origens e aplicações de recursos. (BRASIL, 1976)

Observa-se que, neste artigo, não consta a exigência da Demonstração das

Mutações do Patrimônio Líquido, que é mencionada no artigo 186, em seu parágrafo

2° ,que determina:

A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante de dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia. (BRASIL, 1976)

Todavia a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula o

Mercado de Capitais no Brasil, divulgou a Instrução CVM n° 59, que dispõe sobre a

obrigatoriedade da elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio

Líquido pelas companhias abertas.

Ainda neste mesmo artigo ( da Instrução CVM n° 59), consta também que as

demonstrações contábeis serão complementadas por notas explicativas as quais

deverão explicitar os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais.

Assim sendo, destas peças contábeis serão extraídos os dados que serão

17

utilizados, para verificação do efeito das formas de contabilização do leasing no

cálculo do EVA©.

2.1.1 Balanço patrimonial

O Balanço Patrimonial é a apresentação padronizada dos saldos de todas as

contas representativas do patrimônio da empresa em determinada data. (ATHAR,

2005, p. 55)

Conforme Padoveze (2004, p.25):

A peça contábil por excelência, e a mais importante, é o balanço patrimonial. Sua função básica é evidenciar o conjunto patrimonial de uma entidade, classificando-o em bens e direitos, evidenciados no ativo, e em obrigações e valor patrimonial dos donos e acionistas, evidenciados no passivo.

Esta demonstração tem por finalidade apresentar, de forma qualitativa e

quantitativa, a situação patrimonial e financeira da empresa e dos atos registrados

na escrituração contábil, demonstrando, também, o equilíbrio das contas contábeis.

Deve ser elaborada de acordo com a Lei n° 6.404/76 (BRASIL, 1976) e respeitar os

Princípios Fundamentais da Contabilidade.

O art. 178, da Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976), estabelece que “no balanço, as

contas serão classificadas, segundo os elementos do patrimônio que registrem, e

agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da

companhia”. Desta forma, o Balanço Patrimonial é classificado em três grandes

grupos: ATIVO, PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO.

2.1.1.1 Ativo

O Ativo evidencia os recursos da empresa que representam os bens e

direitos. As contas contábeis serão dispostas em ordem decrescente, conforme o

grau de liquidez dos elementos nelas registrados, ou seja, de acordo com o prazo ou

facilidade em que o bem ou direito poderá se converter em moeda (SANTOS;

18

SCHMIDT, 2002).

Segundo a Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976), o Ativo deve ser dividido nos

seguintes grupos e subgrupos:

- Ativo Circulante

- Ativo Realizável a Longo Prazo

- Ativo Permanente

- Investimentos

- Ativo Imobilizado

- Ativo Diferido

No Ativo Circulante, são classificados as disponibilidades, os bens e os

direitos que serão transformados em dinheiro, durante o ciclo operacional da

empresa até o fim do exercício seguinte.

Conforme o art. 179, da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976), inciso II, o Ativo

Realizável a Longo Prazo representa os direitos realizáveis, após o término do

exercício seguinte (direitos de longo prazo), e os direitos oriundos de adiantamentos

ou de empréstimos a empresas controladas, a coligadas, a diretores e a acionistas.

No Ativo Permanente, são classificados os bens destinados ao

funcionamento/operação normal da sociedade e de seu empreendimento. A

característica principal deste grupo é sua composição de bens e direitos que não se

destinam a venda e sim à produção de bens, serviços ou renda de caráter

permanente (GOMES, 2000). O Ativo Permanente subdivide-se em Investimentos,

Imobilizado e Diferido.

No subgrupo Ativo Imobilizado, conforme estabelece o inciso IV, do artigo

179, da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976), são classificados os bens destinados à

manutenção das atividades da companhia ou da empresa, ou seja, os bens que não

se destinam à venda, utilizados no funcionamento da sociedade e de seu

empreendimento.

Gomes (2000) descreve que deve ser considerado também, como critério

para o bem ser classificado no Ativo Imobilizado, o tempo de vida útil, pois somente

os bens que possuem vida útil superior a um ano podem ser classificados como

Imobilizado.

Como a essência deve prevalecer sobre a forma, também deveriam ser

classificados no Ativo Imobilizado os bens adquiridos em operações de leasing

financeiro, no ato da assinatura do contrato de arrendamento mercantil, pois se trata,

19

na prática, na grande maioria das vezes, de uma operação de compra e venda

financiada de um bem, de acordo com a NBC T 10.2. Nesse caso, deve-se observar,

também, se o prazo do arrendamento abrange a maior parte da vida útil do bem.

A contabilização dos bens destinados ao Imobilizado deve ser feita pelo valor

do custo de aquisição, ou seja, o valor de todos os gastos relacionados com a

aquisição do bem e os gastos necessários para colocá-lo em local e condições de

uso no processo operacional da empresa.

À medida que os bens ou os direitos forem sendo utilizados nas operações da

empresa, devem ser registrados o desgaste ou a perda da capacidade de utilização

por meio das contas de depreciação (bens físicos), ou amortização (bens

intangíveis), ou exaustão (recursos naturais), pois possuem um período de vida útil

limitado (GOMES, 2000).

Existem vários métodos para se calcular a depreciação. Porém o mais

utilizado e aceito pela legislação fiscal é o “método das quotas constantes” ou

“linear”. Nesse método, a depreciação é obtida por meio da divisão da base de

cálculo pelo tempo de vida útil (em meses). Assim, estima-se que o bem vai se

desgastar de forma constante (SANTOS; SCHMIDT, 2002).

As contas de depreciação, de amortização ou de exaustão devem estar em

destaque no Balanço Patrimonial, representando uma redução do ativo, e a

contabilização deve ser efetuada, mensalmente, para permitir a sua inclusão na

apuração de resultado do período.

A CVM, por meio da Deliberação CVM Nº 488, de 03 de outubro de 2005,

aprovou o pronunciamento do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

(IBRACON), Norma e Procedimento de Contabilidade (NPC) nº 27, sobre

demonstrações contábeis - apresentação e divulgações. Este pronunciamento

emitido pelo IBRACON foi elaborado em conjunto com a CVM e torna obrigatório às

companhias abertas elaborarem e divulgarem as demonstrações contábeis, em

conformidade com a NPC nº 27, a partir de 1º de janeiro de 2005.

Esta norma foi elaborada, considerando a importância e a necessidade de

que as práticas contábeis brasileiras sejam convergentes com as práticas contábeis

internacionais, seja em função do aumento da transparência e da segurança nas

nossas informações contábeis, seja por possibilitar, a um custo mais baixo, o acesso

das empresas nacionais às fontes de financiamento externas.

Como pode ser notado, é mais um procedimento que objetiva aproximar as

20

demonstrações contábeis às práticas internacionais.

Mas, diante da dificuldade das companhias abertas, sobre a aplicação

retroativa da norma, a CVM, por meio da Deliberação CVM Nº 496, de 03 de Janeiro

de 2006, prorrogou a obrigatoriedade dela, para os exercícios iniciados a partir de 1°

de janeiro de 2006.

O art. 50, da NPC n° 27, estabelece que as entidades devem efetuar, com

base na natureza de suas operações, a apresentação de ativos e passivos

circulantes e não circulantes, em separado, no próprio balanço.

De acordo com o artigo 54 da mesma norma, um ativo deve ser classificado

como circulante quando:

I. se espera que seja realizado, ou é mantido para venda, negociação ou consumo dentro dos 12 meses seguintes à data do balanço; ou

II. é um ativo em dinheiro ou equivalente, cuja utilização não está restrita.

Todos os outros ativos, que devem incluir os créditos com entidades ligadas e

administradores que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da

entidade, devem ser classificados como não circulantes.

O art. 55, da NPC nº 27, determina que “o grupo de “não circulante” deverá

ser desdobrado em ativo realizável a longo prazo,em investimentos, em ativo

imobilizado,em ativo intangível e em ativo diferido.”

As empresas objeto da pesquisa foram selecionadas no site da CVM ,e foi

observado que as demonstrações constantes nesse órgão já foram divulgadas, em

conformidade a referida instrução da CVM.

2.1.1.2 Passivo

O passivo compreende as origens de recursos representadas pelas

obrigações da empresa com terceiros (SANTOS; SCHMIDT, 2002).

De acordo com o art. 180, da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976), as obrigações da

empresa são apresentadas no passivo, que se subdivide em Passivo Circulante,

Exigível a Longo Prazo e Resultados de Exercícios Futuros.

Serão classificados, no passivo circulante, as obrigações ou exigibilidades

21

com terceiros, que vencerem até o final do exercício seguinte em que o balanço

patrimonial estiver sendo levantado e, no exigível a longo prazo, as obrigações que

tiverem vencimento, após o final do exercício seguinte (IUDÍCIBUS; MARTINS,

2007).

No passivo circulante e no exigível a longo prazo, é que devem ser

registradas as parcelas vincendas dos contratos de arrendamento mercantil

financeiro, em atendimento à NBC T 10.2. Porém o que ocorre, normalmente, é o

registro apenas da parcela vencida no mês, lançada em contrapartida à despesa

operacional do período.

Conforme Iudícibus e Martins (2007, p.305), o subgrupo Resultado de

Exercícios Futuros deve abrigar receitas já recebidas que, efetivamente, devem ser

reconhecidas em resultados de anos futuros, sendo que já devem estar deduzidas

dos custos e despesas correspondentes, incorridas ou a incorrer.

Neste grupo, só devem ser classificadas as receitas, menos as despesas, ou

seja, os resultados futuros recebidos, desde que não haja qualquer hipótese de

devolução do valor por parte da empresa.

2.1.1.3 Patrimônio líquido

O Patrimônio líquido representa a diferença entre o valor do Ativo e do

Passivo, que é o valor contábil pertencente aos acionistas ou sócios (IUDÍCIBUS;

MARTINS; GELBCKE, 2007). São as chamadas obrigações não exigíveis.

Representa, também, o capital próprio da entidade, sob o enfoque das

origens dos recursos (SANTOS; SCHMIDT, 2002).

“Neste grupo, são classificadas todas as contas que representam os recursos

à disposição dos acionistas ou sócios, representados pelos recursos gerados e não

distribuídos.” (GOMES, 2000, p.80).

O Capital Social representa o investimento efetuado na empresa pelos

acionistas ou sócios e os valores gerados pela empresa, que estão, formalmente,

incorporados ao Capital.

Lucros ou prejuízos acumulados representam o saldo remanescente dos lucros ou prejuízos líquidos das apropriações de reservas de lucros e dos dividendos distribuídos, saldo esse que faz parte do patrimônio líquido na

22

data do Balanço. (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2007, p.327).

Representa, ainda, a interligação entre o Balanço Patrimonial e a

Demonstração do Resultado do Exercício.

2.1.2 Demonstração do resultado do exercício

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é a apresentação, em forma resumida, do resultado das operações realizadas pela empresa, durante o exercício social, demonstradas de forma a destacar o resultado líquido do período. (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2007, p.356)

Esta demonstração busca evidenciar, de forma dedutiva, a formação do

resultado do exercício, mediante confronto das receitas e os ganhos com os custos,

as despesas e as perdas incorridos no exercício, observado o princípio da

competência.

O item 3.3, da NBC T 3, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC),

destina-se, especificamente, a esta peça contábil, estabelecendo que “a

demonstração do resultado é a demonstração contábil, destinada a evidenciar a

composição do resultado formado num determinado período de operações da

Entidade”. Também se observa que o princípio da competência evidenciará a

formação dos vários níveis de resultados, mediante o confronto entre as receitas e

os correspondentes custos e despesas.

O resultado final desta demonstração vai incorporar o Patrimônio Líquido no

Balanço Patrimonial, por meio da conta de lucros ou prejuízos acumulados.

Acredita-se que a composição da DRE pode sofrer variações não

desprezíveis, em vista da forma de contabilização do leasing financeiro, seja via

despesas de locação, seja via despesa (ou custo) de depreciação, como será

exposto posteriormente.

23

2.1.3 Notas explicativas

A publicação de notas explicativas às demonstrações contábeis está prevista

no § 4º, do artigo 176, da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976), o qual estabelece:

“As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros

quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da

situação patrimonial e dos resultados do exercício.”

As notas explicativas representam um aperfeiçoamento, um recurso técnico

empregado no sentido de dar maior força interpretativa às Demonstrações

Contábeis, esclarecendo os atos e os fatos que o título de uma conta contábil não

consegue fazer.

As notas explicativas são partes integrantes das demonstrações contábeis e

visam a fornecer as informações complementares necessárias para o

esclarecimento da situação patrimonial, ou seja, de determinada conta, saldo ou

transação, ou de valores relativos aos resultados do exercício, ou para menção de

fatos que podem alterar futuramente tal situação patrimonial, ou ainda, poderá estar

relacionada a qualquer outra demonstração contábil, seja a Demonstração das

Origens e Aplicações de Recursos, seja a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos

Acumulados. (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2007).

Essas informações complementares são importantes, pois nelas estarão

contidas, por exemplo, as explicações referentes às taxas e prazos dos empréstimos

que as empresas porventura tenham, imprescindível para o cálculo do custo do

capital, que também é utilizado no cálculo do EVA©.

A NBC T-6, subitem 6.2, do Conselho Federal de Contabilidade, aborda que,

além da ordem de apresentação das notas, deve seguir, também, a ordem das

demonstrações contábeis, tanto para os agrupamentos quanto para as contas que

as compõem. (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2007).

2.2 Arrendamento mercantil (leasing)

O arrendamento mercantil, também conhecido como leasing, é uma operação

24

em que o arrendador , proprietário de um bem (móvel ou imóvel) ,cede a terceiro - o

arrendatário - o uso desse bem por prazo determinado, recebendo em troca uma

contraprestação ou “aluguel”. Por vezes, o arrendador mantém os riscos sobre o

bem arrendado; em algumas situações, contudo, o arrendatário passa a assumir os

riscos inerentes ao uso do bem arrendado, com importantes implicações para os

objetivos do presente trabalho.

Segundo Higuchi (2007), as operações de arrendamento mercantil somente

podem ser exercidas, tendo como arrendadora uma instituição financeira ou uma

sociedade de arrendamento mercantil, ambas devidamente autorizadas pelo Banco

Central do Brasil.

Este procedimento está disciplinado no art. 1º, da Resolução 2.309/96 do

Banco Central do Brasil, determinando que as operações de arrendamento mercantil

com o tratamento tributário previsto na Lei nº 6.099/74, alterada pela Lei nº 7.132/83,

somente podem ser realizadas por pessoas jurídicas que tenham como atividade

principal a prática de operações de arrendamento mercantil pelos bancos múltiplos,

com carteira de arrendamento mercantil e pelas instituições financeiras que estejam

autorizadas a contratar operações de arrendamento com o próprio vendedor do bem

ou com pessoas jurídicas a ele coligado ou interdependentes.

O arrendamento mercantil adotado no Brasil tem pouquíssimas variações dos

modelos internacionais que lhe deram origem, como o leasing americano, e tem

como definição, até histórica, uma relação jurídica complexa, que se ampara numa

junção das operações de locação, venda e financiamento.

Conforme descrevem Niyama e Gomes (2006, p.37),:

As operações de leasing no Brasil apresentam características acentuadamente financeiras, em razão dos seguintes fatores:

I. Transferências de todos os riscos e/ou benefícios decorrentes do uso do bem arrendado à arrendatária;

II. Garantia do valor residual, ou seja, um preço mínimo que, contratualmente, deve ser pago pela arrendatária ao final do contrato;

III. O valor residual, base para a opção de compra pela arrendatária, é significativamente inferior ao valor de mercado do bem, representando, usualmente, uma parcela simbólica. Desta forma, na prática, a aquisição do bem pela arrendatária está assegurada desde o início da vigência contratual.

Niyama e Gomes (2006, p.37) continuam:

O tratamento contábil do leasing não reflete com propriedade a modalidade eminentemente financeira da transação, já que seu efeito econômico é

25

similar à aquisição de ativos a prazo, na arrendatária, e financiamento de bens, na arrendadora. Embora a arrendatária detenha o direito de uso do bem e incorra numa obrigação de pagar por ele, não há nenhum registro contábil em seu Balanço Patrimonial. Paralelamente, o bem arrendado e a respectiva depreciação integram a demonstração financeira da arrendadora.

O art. 5º, da Resolução nº 2.309/96, do Banco Central do Brasil, prevê dois

tipos de arrendamento: o arrendamento mercantil financeiro e o arrendamento

mercantil operacional. Entretanto o mais usual para o consumidor é o denominado

arrendamento mercantil financeiro, mais conhecido no meio empresarial como

"financial leasing" ou leasing financeiro.

De acordo como o art. 8º, da Resolução 2.309/96, do Banco Central do Brasil,

os contratos devem estabelecer os seguintes prazos mínimos de arrendamento:

I- para o arrendamento mercantil financeiro: I.I- 2 (dois) anos, compreendidos entre a data de entrega dos bens à arrendatária, consubstanciada em termo de aceitação e recebimento dos bens, e a data de vencimento da última contraprestação, quando se tratar de arrendamento de bens com vida útil igual ou inferior a 5 (cinco) anos; I.II- 3 (três) anos, observada a definição do prazo constante da alínea anterior, para o arrendamento de outros bens; II - para o arrendamento mercantil operacional, 90 (noventa) dias.

O art. 10, da mesma Resolução, estabelece que se a opção de compra1 for

exercida, antes de decorrido o respectivo prazo mínimo estabelecido no

regulamento, a operação de arrendamento mercantil será considerada como de

compra e venda a prestação.

Conforme Higuchi (2007), todos os contratos de arrendamento mercantil,

independentemente se for o leasing financeiro ou o leasing operacional, deverão,

obrigatoriamente, conter cláusulas, fixando as condições para o uso do direito de

optar pela renovação do contrato, pela devolução do bem ou pela compra do bem.

A Lei 6.099/74, por outro lado, estabelece o tratamento tributário das

operações de arrendamento mercantil. O art. 5º da referida lei define o que deve

conter no contrato de arrendamento mercantil:

I. prazo do contrato; II. valor de cada contraprestação por períodos determinados, não superiores

a um semestre; III. opção de compra ou renovação de contrato, como faculdade do

arrendatário; IV. preço para opção de compra ou critério para sua fixação, quando for

1 Opção de Compra refere-se ao valor pago no final do contrato de arrendamento, momento no qual o arrendatário exerce seu direito de adquirir o bem.

26

estipulada esta cláusula.

Groppelli (2002, p.264) elenca como vantagens do leasing:

I. O arrendamento coloca menos restrições ao arrendatário que o agente financeiro colocaria para a obtenção de um empréstimo ou financiamento. As solicitações de arrendamento, em geral, são aprovadas mais rapidamente e com padrões de crédito mais flexíveis que as de empréstimos em dinheiro.

II. Um arrendatário não precisa levantar capital por meio da emissão de debêntures ou de ações.

III. O arrendatário transfere o risco da obsolescência – o risco de que o equipamento fique ultrapassado – para o arrendador.

Arrendar, ao contrário de comprar, normalmente não exige grande

investimento inicial. As despesas de arrendamento são pagas no decorrer de um

período de tempo; assim, menos restrições financeiras pesam sobre o arrendatário,

e os pagamentos mensais, a título de contraprestações do arrendamento são

dedutíveis do imposto de renda e da contribuição social da pessoa jurídica tributada

pelo lucro real.

O leasing também traz algumas desvantagens, conforme Groppelli (2002,

p.265):

I. O arrendatário deve devolver o equipamento no vencimento do contrato de arrendamento, caso não exerça a opção de compra, e, se o arrendador decidir não renovar o contrato de arrendamento quando o arrendatário mais precisa dele para dar continuidade às operações da empresa? Devido a essa possibilidade, deve-se considerar um arrendamento com opção de compra.

II. O arrendatário não possui controle completo sobre o uso do equipamento como se teria se fosse o proprietário, qualquer modificação importante para melhorar sua eficiência precisa de aprovação do arrendador.

III. Se o ativo é arrendado, não existe o valor residual ao final de sua vida útil, o que deixa de representar uma entrada de caixa na empresa.

2.2.1 Arrendamento mercantil financeiro (leasing financeiro)

O "leasing financeiro" é a forma mais pura do "leasing" tradicional e se

resume na operação pela qual uma instituição financeira especializada no setor, a

pedido do interessado (arrendatário), adquire, em seu próprio nome, um

determinado bem e, simultaneamente, contrata o seu arrendamento com cláusula de

opção de compra por um valor residual prefixado. Assim, a empresa arrendadora

27

transfere à arrendatária a totalidade – ou a maior parte – dos riscos e benefícios do

uso do bem arrendado, por um período de tempo contratado.

Nesta modalidade, as despesas de manutenção, assistência técnica e os

serviços de operacionalidade do bem arrendado devem ser de responsabilidade da

arrendatária.

A Resolução 2.309/96 do Banco Central do Brasil, em seu art. 5º, considera

arrendamento mercantil financeiro a modalidade em que:

I. as contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato, devidos pela arrendatária, sejam normalmente suficientes para que a arrendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo contratual da operação e, adicionalmente, obtenha um retorno sobre os recursos investidos;

II. as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à operacionalidade do bem arrendado sejam de responsabilidade da arrendatária;

III. o preço para o exercício da opção de compra seja livremente pactuado, podendo ser, inclusive, o valor de mercado do bem arrendado.

As razões do desenvolvimento desta modalidade negocial têm várias raízes.

Todavia destacam-se as vantagens fiscais que são concedidas a este tipo de

operação, contabilizando as contraprestações exigíveis como despesa operacional

na determinação do lucro real e da base da contribuição social, e a possibilidade da

arrendatária utilizar-se do bem, para incremento de seus negócios, quer diretamente

(veículos para locadoras de veículos) quer indiretamente (máquinas industriais ou

equipamentos para indústrias, entre outros).

As arrendatárias podem, quando pessoas jurídicas, além de lançar o valor do

arrendamento no “rol” das despesas (custos) com o negócio, se o quiserem, optar

por, ao final do prazo do arrendamento, devolver o bem, contratar novo

arrendamento ou adquirir o bem pelo valor residual. O arrendamento financeiro

permite a previsão de a arrendatária pagar o valor residual garantido em qualquer

momento, durante a vigência do contrato, não caracterizando pagamento antecipado

o exercício da opção de compra. Este valor não poderá ser lançado como custo ou

despesa, porque constituirá ativo imobilizado, após a opção de compra. (HIGUCHI,

2007).

A adoção deste instituto jurídico e modalidade negocial é considerada medida

altamente benéfica para a fazenda pública, porque viabiliza o efetivo investimento na

produção e no desenvolvimento da economia de uma forma geral; é também

28

extraordinariamente positiva para a instituição financeira, porque o mercado sempre

foi farto de arrendatários, além de se constituir em uma operação de baixo risco

pelas peculiaridades do negócio.Para a indústria, é uma poderosa modalidade de

ampliar a produção e venda de bens duráveis ou de capital e, finalmente, é também

vantajoso para o arrendatário que, pretendendo desenvolver seus negócios, não

possua capital para imobilizar.

As parcelas vincendas deveriam ser registradas no balanço, contudo, a maior

parte das empresas não adota os procedimentos preconizados pela NBC-T, haja

vista registrarem a operação de acordo com a legislação fiscal, como será visto

adiante.

2.2.2 Arrendamento mercantil operacional (leasing operacional)

Leasing operacional é a modalidade em que o bem arrendado proporciona a

utilização dos serviços, sem que haja comprometimento futuro de opção de compra,

caracterizando-se uma operação genuinamente de aluguel. Nesta operação, a

empresa arrendadora transfere para a arrendatária apenas o direito de uso do bem

arrendado, por determinado período de tempo. No final desse período, a

arrendatária devolve o bem para a arrendadora.

Nesta modalidade, as despesas de manutenção, assistência técnica e os

serviços de operacionalidade do bem arrendado podem ser de responsabilidade da

arrendatária ou da arrendadora.

Conforme a Resolução 2.309/96 do Banco Central do Brasil, em seu artigo 6º,

considera-se arrendamento mercantil operacional a modalidade em que:

I. as contraprestações a serem pagas pela arrendatária contemplem o custo de arrendamento do bem e os serviços inerentes à sua colocação à disposição da arrendatária, não podendo o valor presente dos pagamentos ultrapassar 90% (noventa por cento) do custo do bem;

II. as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à operacionalidade do bem arrendado podem ser de responsabilidade da arrendadora ou da arrendatária;

III. o preço para o exercício da opção de compra seja o valor de mercado do bem arrendado.

IV. não haja previsão de pagamento de valor residual garantido.

As obrigações decorrentes do contrato de arrendamento operacional não

29

devem integrar as contas do passivo circulante ou Exigível a Longo Prazo, exceto

pela parcela devida no mês, pois esta modalidade possui característica de aluguel.

As despesas serão reconhecidas no resultado, no mês de sua incorrência.

A seguir, no QUADRO1, será apresentado um comparativo, para melhor

ilustrar as diferenças entre o leasing financeiro e o operacional:

Características Financeiro Operacional Contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato.

Suficientes para que a arrendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo contratual da operação, e, adicionalmente, obtenha um retorno sobre os recursos investidos.

O valor presente dos pagamentos não pode ser superior a 90% (noventa por cento) do custo do bem arrendado.

Despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à operacionalidade do bem arrendado.

Responsabilidade da arrendatária.

Responsabilidade da arrendadora ou da arrendatária.

Preço para exercício da opção de compra.

Livremente pactuado, podendo ser, inclusive, o valor de mercado do bem arrendado.

Valor de mercado do bem arrendado.

Prazo do contrato Mínimo de 2 (dois) anos, quando se tratar de bens com vida útil igual ou inferior a 5 (cinco) anos; mínimo de 3 (três) anos, para outros bens.

Inferior a 75% (setenta e cinco por cento) do prazo de vida útil econômica do bem.

Valor residual garantido-VRG Há previsão de pagamento de VRG ao final do contrato.

Não pode haver previsão de pagamento de VRG.

Quadro 1: Diferenças entre Leasing Financeiro e Operacional Fonte: Resolução nº 2.309/96 do Banco Central do Brasil (BACEN).

2.2.3 Lease Back

Segundo Matias (2007, p.77), lease back:

É uma operação variante do leasing financeiro pela qual uma pessoa jurídica vende bens do seu imobilizado a uma empresa de leasing e, simultaneamente, os arrenda de volta com operação de compra exercitável, após o término do prazo contratual.

É uma alternativa para a empresa conseguir capital de giro, e o bem

arrendado poderá ser resgatado em prestações, na forma de aluguel. O valor das

contraprestações é dedutível no cálculo do imposto de renda e da contribuição

30

social, enquanto que, se a empresa obtivesse um financiamento, a parcela

correspondente aos juros embutidos no financiamento e a depreciação do bem

seriam dedutíveis

2.2.4 Norma Brasileira de Contabilidade -Técnica –10.2 (NBC T – 10.2)

As normas brasileiras de contabilidade (NBC) são editadas pelo Conselho

Federal de Contabilidade (CFC), visando dar maior transparência e fidedignidade às

demonstrações contábeis, objetivando sempre retrata, adequadamente, a atual

situação patrimonial da empresa.

A NBC T 10.2 estabelece critérios e procedimentos específicos de avaliação e

registro dos componentes patrimoniais, e também as informações mínimas a serem

incluídas nas notas explicativas de entidades que operam com arrendamento

mercantil, tanto como arrendatárias quanto como arrendadoras.

De acordo com a NBC T 10.2, os bens adquiridos por meio de arrendamento

financeiro deverão ser integrados ao Ativo Imobilizado da empresa, e as

contraprestações e o valor residual deverão ser registrados no Passivo Circulante ou

Exigível a Longo Prazo, refletindo no Balanço Patrimonial da arrendatária. A

diferença entre o valor total das contraprestações, adicionado ao valor residual, e o

valor do bem arrendado, deve ser registrada como encargo financeiro a apropriar em

conta retificadora das contraprestações e do valor residual.

Havendo o pagamento antecipado do valor residual garantido, este deve ser

considerado como uma contraprestação, atribuindo, a ele, tratamento semelhante.

A depreciação deste bem deve ser equivalente à depreciação aplicada a

outros ativos de natureza igual ou semelhante.

As demonstrações contábeis da arrendatária serão complementadas por

notas explicativas, contendo as características gerais dos contratos de arrendamento

financeiro, o valor bruto dos ativos e suas depreciações registradas, assim como o

valor residual e as contraprestações a pagar.

Quando se tratar de leasing operacional, os bens recebidos em decorrência

deste contrato não devem ser contabilizados no Imobilizado, por não se tratar de

compra financiada e sim uma espécie “genuína” de aluguel, mas deverá ser

31

reconhecido o registro da despesa com arrendamento no período. Se a empresa

possuir arrendamento financeiro, deve demonstrar, claramente, quais são os bens

adquiridos por esta modalidade, através das Notas Explicativas. (IUDÍCIBUS;

MARTINS; GELBCKE, 2007, p.201).

O bem arrendado na modalidade de arrendamento mercantil operacional

proporciona a utilização dos serviços, sem que haja um comprometimento futuro da

opção de compra, o que caracteriza uma operação de aluguel, não devendo, por

este motivo, integrar as contas do balanço patrimonial.

2.2.5 Orientação da Comissão de Valores Mobiliários

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é a autarquia federal que regula e

disciplina o mercado de capitais no Brasil.

Por intermédio da Instrução CVM 58/86, foram introduzidas mudanças, para

melhoria da qualidade das demonstrações financeiras, no que se refere ao

arrendamento mercantil financeiro. A recomendação desta instrução veio a ser

reforçada no Parecer de Orientação CVM n° 15, de 28 de dezembro de 1987, o qual

ressalta que, quando a forma jurídica deixar de retratar a essência econômica, a

contabilidade, guiando os seus objetivos de bem informar, faça com que a essência

prevaleça sobre a forma.

No caso da empresa arrendatária, as orientações emanadas da instrução da

CVM são no sentido de que a companhia deverá divulgar a existência de contratos

de arrendamento, informando o valor do ativo e do passivo que existiriam, caso tais

contratos tivessem sido registrados como compra financiada. É possível observar

que o entendimento da CVM é o mesmo que o do CFC, quanto à forma de se

registrar as operações de arrendamento mercantil financeiro.

2.2.6 Legislação fiscal

Conforme estabelece o art. 11, da Lei 6.099/74, as contraprestações do

contrato de arrendamento mercantil serão consideradas como custo ou despesa

32

operacional da pessoa jurídica arrendatária.

Desta forma, a maioria das empresas contabiliza a operação de

arrendamento mercantil na sua forma jurídica, reconhecendo o valor das

contraprestações pagas, no resultado, como despesa ou custo, não registrando o

bem objeto do arrendamento em seu ativo permanente, e, em contrapartida, não

reconhecem no seu passivo.

Adotado o procedimento acima, o pagamento das contraprestações é

registrado como custo ou despesa, em contrapartida ao desembolso efetuado,

resultando em contraprestações maiores do que o valor lançado como custo ou

despesa, a título de depreciação, caso o bem fosse registrado no imobilizado como

financiamento. Esta operação gera para a empresa uma recuperação mais rápida de

despesas dedutíveis para efeito de imposto de renda e contribuição social, uma vez

que os valores são recuperados em um prazo menor, proporcionando uma redução

no resultado da empresa.

2.2.7 Conflito entre as normas – Receita Federal X CFC

As duas normas que estabelecem a forma de contabilização das operações

de arrendamento mercantil são conflitantes, visto que divergem quanto ao registro.

A norma fiscal é mais utilizada, devido ao “benefício fiscal” obtido, quando o

registro decorre dos pagamentos das contraprestações do arrendamento mercantil

em contrapartida com o desembolso financeiro, enquanto que a contabilização,

conforme a NBC T 10.2, apresenta, em um primeiro momento, uma despesa menor

para a empresa, gerando um lucro maior do que se fosse contabilizado de acordo

com a legislação fiscal, resultando, a curto prazo, em um valor maior de imposto de

renda e contribuição social a pagar.

Vale ressaltar que a longo prazo não haverá diferença no recolhimento de

tributos, mas apenas uma antecipação da dedutibilidade a curto prazo.

Desta forma, a prática contábil não vem adotando os procedimentos da NBC

T 10.2, ou por desconhecimento da norma ou por questões fiscais. As empresas que

buscam dar maior transparência às demonstrações contábeis optam pelo

procedimento do CFC.

33

No intuito de otimizar a gestão da carga tributária, o empresário se vale da

opção de registrar a operação segundo as normas fiscais, comprometendo, desta

forma, as informações contábeis.

O que pode ser feito para se equacionar este conflito, conforme determina a

CVM em sua instrução 58/86, é evidenciar em notas explicativas os efeitos dessa

operação, se o bem fosse registrado como ativo imobilizado, registrando o

financiamento no passivo da empresa.

2.2.8 Contabilização do arrendamento mercantil financeiro

A contabilização do arrendamento mercantil financeiro, de acordo com a

legislação fiscal, é efetuada por meio de débito do valor da contraprestação como

custo ou despesa, e o crédito será na conta que sofreu o desembolso, ou seja,

bancos ou caixa (caso já liquidada) ou contas a pagar (caso ainda não liquidada).

Será demonstrado, a seguir, o efeito do arrendamento financeiro mercantil no

balanço patrimonial. Considerando que duas empresas, denominadas K e W

possuam a seguinte situação patrimonial( TAB.1):

TABELA 1 Situação patrimonial das empresas K e W

Ativo Passivo + PL

Ativos Circulantes

Ativos Permanentes

50

50

Passivos

Patrimônio Líquido

50

50

Total 100 Total 100

Fonte: Brigham; Gapenski; Ehrhardt, 2001, p.716

A empresa K adquire um bem para o imobilizado por $100, por meio de

arrendamento mercantil e contabiliza de acordo com o que preceitua a NBC T 10.2.

O balanço patrimonial passaria a ser apresentado, conforme TAB.2, a seguir:

34

TABELA 2 Situação patrimonial da Empresa K, após a contabilização

do leasing, de acordo com a NBC T 10.2.

Ativo Passivo + PL

Ativos Circulantes

Ativos Permanentes

50

150

Passivos

Patrimônio Líquido

150

50

Total 200 Total 200

Fonte: Brigham; Gapenski; Ehrhardt, 2001, p.716

A empresa W adquire um bem para o imobilizado, por $100, por meio de

arrendamento mercantil e contabiliza, conforme determina a legislação fiscal. O

balanço patrimonial ficaria demonstrado, como se pode ver na TAB.3:

TABELA 3 Situação patrimonial da Empresa W, após a contabilização

do leasing, de acordo com a legislação fiscal.

Ativo Passivo + PL

Ativos Circulantes

Ativos Permanentes

50

50

Passivos

Patrimônio Líquido

50

50

Total Ativo 100 Total Passivo 100

Fonte: Brigham; Gapenski; Ehrhardt, 2001, p.716

Antes da operação de leasing, as duas empresas apresentavam a mesma

situação patrimonial e o mesmo índice de endividamento financeiro, que era de 50%.

Após a operação, a empresa K teve o seu índice de endividamento aumentado para

75%,enquanto que a empresa W manteve o mesmo índice. A empresa W, apesar de

ter contraído a mesma obrigação que a empresa K no balanço patrimonial,

apresenta uma situação de endividamento menor. Verifica-se, portanto, o reflexo da

não inclusão da operação de arrendamento mercantil no balanço patrimonial,

distorcendo a qualidade da informação, não refletindo a real situação de

endividamento da empresa.

A título de um segundo exemplo, mais completo, considere-se que a empresa

“Z” realizou um contrato de arrendamento mercantil financeiro com a arrendatária

“Y”, de um equipamento para a fábrica, nas condições a seguir(QUADRO 2):

35

Valor do bem arrendado R$ 120.000,00 Valor residual garantido na data da contratação R$ 30.000,00 Prazo do arrendamento 36 meses Vida útil estimada do bem 10 anos Taxa de juros prefixados 3,5% ao ano Valor das contraprestações R$ 4.435,57 Valor residual previsto para o final do contrato R$ 103.508,31 Vencimento das contraprestações Último dia útil do mês Quadro 2: Dados para contabilização do arrendamento mercantil financeiro. Fonte: Adaptado de www.cenofisco.com.br(2007).

Se for observada a legislação fiscal, os lançamentos contábeis seriam

registrados de acordo com a data dos pagamentos da contraprestação:

Débito Despesas com arrendamento mercantil (Custo de produção - Resultado) R$ 4.435,57

Crédito Bancos (Ativo Circulante) ou contas a pagar (passivo circulante) R$ 4.435,57

Quadro 3: Exemplo de contabilização do leasing, conforme a legislação fiscal. Fonte: Adaptado de www.cenofisco.com.br (2007).

O valor residual garantido (VRG) será registrado na conta de ativo

imobilizado, ao final do contrato, se a empresa exercer a opção de compra do bem,

ocasionando o seguinte lançamento contábil(QUADRO 4):

Débito Máquinas e equipamentos (Ativo Permanente-Imobilizado) R$ 103.508,31

Crédito Bancos (Ativo Circulante) R$ 103.508,31

Quadro 4: Exemplo de contabilização do valor residual, conforme a legislação fiscal. Fonte: Adaptado de www.cenofisco.com.br(2007).

Considerando o mesmo exemplo, será demonstrada, no Quadro 5, a

contabilização, de acordo com a NBC T 10.2:

Na contratação do arrendamento, ocorre o seguinte registro:

Débito Máquinas e equipamentos (Ativo Permanente –Imobilizado) R$ 120.000,00

Débito Juros passivos a apropriar (Passivo Circulante) R$ 143.188,63

Crédito Arrendamento mercantil a pagar (Passivo Circulante) R$ 263.188,63

Quadro 5: Exemplo de contabilização do leasing ,de acordo com a NBC T 10.2. Fonte: Adaptado de www.cenofisco.com.br(2007).

36

Mensalmente, os juros serão apropriados pro-rata tempore, de acordo com o

regime de competência, conforme o lançamento contábil (QUADRO 6):

Débito Juros Passivos (Despesas Financeiras - Resultado) R$ 4.200,00

Crédito Juros passivos a apropriar (Passivo Circulante – Retificadora) R$ 4.200,00

Quadro 6: Exemplo de contabilização dos juros incorridos, de acordo com a NBC T 10.2 Fonte: Adaptado de www.cenofisco.com.br(2007).

No QUADRO 7, está apresentado o lançamento do pagamento da primeira

parcela que será registrado na ocasião dos pagamentos:

Débito Arrendamento mercantil a pagar (Passivo Circulante) R$ 4.435,57

Crédito Bancos (Ativo Circulante) R$ 4.435,57

Quadro 7: Exemplo de contabilização do pagamento da contraprestação do leasing, de acordo com a NBC T 10.2

Fonte: Adaptado de www.cenofisco.com.br(2007).

A seguir, os mesmos lançamentos do exemplo acima, contabilizados na forma

de razão em “T”:

Despesas com arrendamento Bancos ou contas Máquinas e Equipamentos Mercantil – Quadro 3 a pagar – Quadro 3 Quadro 4

Bancos Máquinas e Equipamentos Juros passivos a apropriar

Quadro 4 Quadro 5 Quadro 5

D C 103.508,31

D C D C 4.435,57 4.435,57

D C 143.188,63

D C D C 103.508,31 120.000,00

37

Arrendamento mercantil a Juros Passivos Juros passivos a apropriar

pagar – Quadro 5 (Despesa) – Quadro 6 Quadro 6

Arrendamento mercantil a Bancos

pagar – Quadro 7 Quadro 7

Baseado nos dados do exemplo acima, e considerando que o valor residual

será pago nas contraprestações mensais, o registro da operação de arrendamento

mercantil, de acordo com a legislação fiscal, será efetuado da seguinte forma

(QUADRO 8):

Débito Despesas com arrendamento mercantil (custo de produção - resultado) R$ 4.435,57

Débito Antecipação de VRG (Ativo Permanente – Imobilizado em andamento) R$ 1.478,53

Crédito Bancos (Ativo Circulante) R$ 5.914,10

Quadro 8: Exemplo de contabilização do pagamento do VRG, incluído na contraprestação mensal, de acordo com a legislação fiscal.

Fonte Adaptado de www.cenofisco.com.br(2007).

O valor da contraprestação mensal é lançado diretamente na conta de

resultado, enquanto que o valor residual garantido deverá ser lançado na conta de

ativo imobilizado em andamento.

No registro da operação de arrendamento mercantil financeiro com o valor

residual pago nas prestações mensais, em conformidade com a NBC T 10.2, os

lançamentos contábeis ficariam desta forma:

D C 4.200,00

D C D C 263.188,63 4.200,00

D C D C 4.435,57 4.435,57

38

Débito Máquinas e equipamentos (Ativo Permanente –Imobilizado) R$ 120.000,00

Débito Juros passivos a apropriar (Passivo Circulante) R$ 92.907,60

Crédito Arrendamento mercantil a pagar (Passivo Circulante) R$ 212.907,00

Quadro 9: Exemplo do registro da operação do arrendamento mercantil financeiro com pagamento do VRG nas contraprestações mensais, de acordo com a NBC T 10.2.

Fonte: Adaptado de www.cenofisco.com.br (2007).

Os juros a apropriar foram menores em relação ao contrato com o valor

residual pago no final, devido à amortização do VRG.

A apropriação dos juros se dará, mensalmente, por ocasião dos pagamentos

e será registrada da seguinte maneira:

Débito Juros Passivos (Despesas financeiras – Resultado) R$ 4.200,00

Crédito Juros Passivos a Apropriar (Passivo Circulante – Retificadora) R$ 4.200,00

Quadro 10: Exemplo de contabilização dos juros incorridos, de acordo com a NBC T 10.2 Fonte: Adaptado de www.cenofisco.com.br (2007).

Os pagamentos serão registrados da seguinte forma:

[

Débito Arrendamento mercantil a pagar (Passivo Circulante) R$ 5.914,10

Crédito Bancos (Ativo Circulante) R$ 5.914,10

Quadro 11: Exemplo de contabilização do pagamento da parcela do arrendamento mercantil financeiro, de acordo com a NBC T 10.2

Fonte: Adaptado de www.cenofisco.com.br (2007).

A seguir, os mesmos lançamentos do exemplo acima, contabilizados na forma de

razão em “T”:

Despesas com arrendamento Antecipação de VRG Bancos mercantil - Quadro 8 Quadro 8 Quadro 8

D C 5.914,10

D C D C 4.435,57 1.478,53

39

Máquinas e Equipamentos Juros passivos a apropriar Arrendamento mercantil a Quadro 9 Quadro 9 pagar - Quadro 9

Juros Passivos Juros passivos a apropriar Arrendamento mercantil a

(Despesa) – Quadro 10 Quadro 10 pagar – Quadro 11

Bancos - Quadro 11

2.2.9 Os padrões internacionais de contabilização

Niyama (2007, p.40), descreve:

A busca de uma convergência contábil internacional tem envolvido iniciativas de diversos organismos em nível mundial, bem como esforços de algumas entidades profissionais de classe, de âmbito regional.

O objetivo dessa convergência é facilitar a comunicação e reduzir as

diferenças internacionais, permitindo a comparabilidade das informações.

O International Accounting Standards Board (IASB) é um órgão independente do setor privado que se destina ao estudo de padrões contábeis. O IASB teve como seu antecessor o International Accounting Standards Committee(IASC), criado em 1973. O IASB tem os seguintes objetivos

I. desenvolver, no interesse público, um único conjunto de normas contábeis globais de alta qualidade, inteligíveis, exeqüíveis, que exijam informações de alta qualidade, transparentes e comparáveis nas demonstrações contábeis e em outros relatórios financeiros, para ajudar os participantes do mercado de capital e outros usuários em todo o mundo a tomar decisões econômicas;

D C 212.907,00

D C D C 120.000,00 92.907,60

D C 5.914,10

D C D C 4.200,00 4.200,00

D C 5.914,10

40

II. promover o uso e a aplicação rigorosa dessas normas; e III. promover a convergência entre as normas contábeis locais e as Normas

Internacionais de Contabilidade de alta qualidade. (NIYAMA, 2007, p.40)

Para atender aos seus objetivos, o IASB emite as International Financial

Reporting Standards (IFRS) e as International Accounting Standard (IAS) que

definem as práticas a serem adotadas na divulgação das demonstrações contábeis.

A norma internacional que trata do arrendamento mercantil é a IAS 17.

Segundo o IBRACON (2002, p.312), “o objetivo desta norma é prescrever, para os

arrendatários e arrendadores, as práticas contábeis e de divulgação apropriadas a

serem aplicadas para os arrendamentos operacionais e financeiros.”

Conforme o IAS 17, a distinção entre arrendamento operacional e financeiro

se baseia em princípios conceituais, e não em exigências detalhadas.

De acordo com a referida norma, um arrendamento pode ser operacional ou

financeiro. Um arrendamento operacional é contabilizado pelos pagamentos -

incluindo qualquer incentivo, para entrar no arrendamento - que são debitados ao

resultado, pelo método linear, ou em outra base sistemática que seja mais

representativa dos benefícios gerados pelo arrendamento.

Chama-se “financeiro” o arrendamento que transfere, substancialmente, para

o arrendatário todos os riscos e recompensas inerentes à propriedade do ativo.

Niyama (2007, p.60) descreve que:

De acordo com o IASB, quando a transação reflete em essência uma compra financiada, o bem objeto de arrendamento deve ser capitalizado pela arrendatária como ativo imobilizado em contrapartida a uma obrigação no passivo.

De acordo com o IAS 17, as seguintes situações, normalmente, indicariam um

arrendamento financeiro, tanto para o arrendatário como para o arrendador:

− a propriedade é transferida para o arrendatário;

− existe uma opção de compra por um preço de barganha;

− o prazo do arrendamento é pela maior parte de sua vida útil econômica;

− o valor presente dos pagamentos mínimos sob o arrendamento é

praticamente igual ao valor justo do ativo arrendado;

− o ativo arrendado é específico, de modo que seriam necessárias

modificações importantes para uso, por outro arrendatário.

Um arrendamento financeiro deve ser refletido no balanço patrimonial do

41

arrendatário, no início do arrendamento, por meio do registro de um ativo e de um

passivo, iguais ao menor, entre o valor justo do ativo arrendado ou o valor presente

dos pagamentos mínimos do contrato, descontados pela taxa de juros implícita do

contrato.

Os pagamentos feitos sobre o ativo arrendado devem ser divididos entre

despesas financeiras e amortização do passivo em aberto. As despesas financeiras

devem ser registradas pelo período do arrendamento, de modo que os juros sejam

creditados sobre o saldo do passivo, a uma taxa constante em cada período. Se não

for certo que o arrendatário irá adquirir o ativo no final do período do arrendamento,

o ativo deve ser totalmente depreciado pelo menor período entre o prazo do contrato

ou pela sua vida útil.

As definições de arrendamento financeiro e operacional são as mesmas para

arrendador e arrendatário.

Quanto ao tratamento contábil na empresa arrendadora, o IAS 17 estabelece

que o ativo arrendado sob um arrendamento financeiro deve ser registrado como

conta a receber - não, como imobilizado - ao valor líquido do contrato de

arrendamento, enquanto que o ativo arrendado, sob um arrendamento operacional,

deve ser registrado como imobilizado. A receita do arrendamento é registrada pelo

método linear, durante o prazo do contrato, ou de acordo com os termos do

arrendamento, conforme apropriado.

Sobre o mesmo tema, também é importante mencionar as normas norte-

americanas. O Financial Accounting Standards Board (FASB) é um organismo do

setor privado, responsável pela regulamentação e normatização de matéria contábil

nos Estados Unidos, mas a edição de padrões contábeis é sustentada pela

Securities and Exchange Commission (SEC), que lhe outorga “autoridade

substantiva”.

O FASB emite os Statements of Financial Accouting Standards (SFAS), que estabelecem métodos e procedimentos para questões contábeis específicas, criando, “oficialmente” nos Estados Unidos os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos (USGAAP). (NIYAMA, 2007, p.91).

O SFAS 13, emitido pelo FASB, estabelece os procedimentos para o

tratamento contábil da operação de arrendamento mercantil.

Os Princípios Contábeis norte-americanos têm um conceito similar ao IAS 17,

entretanto as exigências são detalhadas , mais amplas e há diferenças. O critério

42

usado para distinguir entre arrendamento financeiro e arrendamento operacional não

é o mesmo para o arrendatário e arrendador.

Do ponto de vista do arrendatário, um arrendamento que satisfaça um dos

quatro critérios a seguir deve ser tratado como arrendamento financeiro:

I. O arrendamento transfere propriedade do ativo, no final do contrato.

II. O arrendamento contém uma opção de compra por um valor de barganha.

III. A duração do arrendamento é pelo menos igual a 75% da vida útil do ativo.

IV. O valor presente dos pagamentos mínimos sob o arrendamento é pelo

menos equivalente a 90% do valor justo da propriedade, menos qualquer

incentivo fiscal do arrendador.

A receita de vendas em uma transação de venda, nos moldes do leaseback, é

registrada pelo valor nominal, independentemente das circunstâncias. As regras

existentes, apenas requerem divulgações em notas explicativas sobre os contratos

de arrendamento (prazo, valores, prestações remanescentes, entre outras

informações).

O arrendatário registra um arrendamento financeiro como um ativo e uma

obrigação por um valor que seja o menor entre o valor presente dos pagamentos

mínimos do arrendamento ou o valor justo da propriedade arrendada. Se nenhum

dos critérios acima for satisfeito, o arrendamento deverá ser classificado como

arrendamento operacional pelo arrendatário. Não se registra nem ativo nem passivo.

Os pagamentos de arrendamento, incluindo, por exemplo, períodos isentos de

aluguel ou incentivos em dinheiro, são debitados à demonstração de resultado pelo

método linear, salvo se houver outra base sistemática mais representativa do padrão

dos benefícios a serem auferidos no tempo. Os pagamentos do arrendamento

devem ser divididos entre despesa de juros e amortização da obrigação, de modo a

refletir uma taxa de juros constante sobre a propriedade arrendada.

Do ponto de vista do arrendador, um arrendamento é considerado financeiro,

se satisfizer uma ou mais das condições especificadas para o arrendatário:

I. se a recuperação dos pagamentos mínimos sob o arrendamento puder ser

prevista razoavelmente;

II. se não existirem incertezas relevantes, relacionadas com o valor dos custos

não-reembolsáveis a serem incorridos pelo arrendador sob as condições do

arrendamento.

Pode ser observado que a NBC T 10.2, emitida pelo Conselho Federal de

43

Contabilidade, aproxima-se das normas internacionais, no que se refere à

contabilização do arrendamento mercantil financeiro como imobilizado.

2.3 Custo de capital

Hoji (2007, p.186) afirma que

o capital de uma empresa está todo investido no ativo, com o objetivo de gerar retornos adequados. Esse capital é fornecido por terceiros e pelos acionistas ou sócios. A parte dos acionistas ou sócios é representada pelo capital próprio (Patrimônio Líquido).

A remuneração mínima exigida pelos proprietários das fontes de recursos da

empresa (acionistas e credores) corresponde ao custo de capital, ou seja, é a taxa

de retorno mínima que o acionista espera receber em contrapartida ao investimento

realizado na sociedade, e que o credor espera receber em contrapartida ao

financiamento feito à sociedade. A empresa deve ganhar uma taxa mínima de

retorno, para cobrir o custo de geração de fundos, financiar os investimentos e, se

possível, essa taxa deverá ser superior ao oferecido nas instituições financeiras para

os investimentos com o mesmo grau de risco; de outra forma, os investidores não se

interessarão em comprar seus títulos, ações preferenciais e ações ordinárias.

Conforme Groppelli (2002, p.160), “o custo de capital é um dos principais

fatores usados na determinação do valor da empresa. Em finanças, o custo de

capital é o mesmo que taxa de desconto.”

Assim, demonstra-se que o custo de capital tem como meta final a agregação

de valor de mercado, tendo como conseqüência, o aumento de geração de valor

para os acionistas. Portanto, torna-se, relevante a análise do retorno sobre o capital

investido.

Segundo Assaf Neto (2003, p.355),

o custo total de capital da empresa é tradicionalmente obtido mediante o cálculo da média dos custos de captação, ponderada pela participação de cada fonte de fundos na estrutura de capital a longo prazo. Nessa determinação, os investidores de capital próprio (acionistas) devem exigir uma remuneração maior que os credores (capital de terceiros).

O custo de capital próprio demonstra que o retorno do capital do proprietário

44

está vinculado ao desempenho esperado da empresa; são os lucros que,

efetivamente, remuneram o investimento. No caso de dívidas, existe uma obrigação

contratual de devolução do capital emprestado, previamente estabelecida, acrescida

dos respectivos encargos financeiros. O risco do credor, ao incorporar maiores

garantias de retorno de seu capital, é efetivamente menor que o do acionista,

podendo exigir uma remuneração mais baixa.

Outro aspecto é o de natureza fiscal, envolvendo a dedutibilidade dos

encargos financeiros no cálculo da provisão dos tributos sobre a renda (no caso das

empresas optantes pelo lucro real). Essa vantagem não existe na distribuição de

lucros aos acionistas, os quais são definidos, após a respectiva provisão tributária.

Com isto, o custo de capital de terceiros se reduz pela economia de tributos sobre a

renda, permitindo maior capacidade de alavancagem de resultados.

A empresa agrega valor econômico em suas decisões, à medida que o

resultado de suas operações excederem ao seu custo total de captação, revelando a

qualidade do desempenho do capital aplicado.

Weston e Brigham (2004, p.618) afirma:

O uso mais importante do custo de capital está na elaboração do orçamento de capital, mas ele também é usado para outros propósitos. Por exemplo, o custo de capital é um fator-chave nas decisões de arrendar versus comprar, em decisões sobre a recuperação de títulos e em decisões relativas ao uso da dívida versus capital próprio.

Nota-se que o sucesso da empresa está focado no custo em que ela terá para

financiar seus projetos de investimentos. Assim, para a tomada de decisão, em que

projeto investir e de que maneira investir tem-se que verificar, quantitativamente, de

modo a preservar o retorno dos proprietários e alavancar os negócios da empresa.

Weston e Brigham (2004) dizem que, no Brasil, o custo de capital é elevado

em relação aos países desenvolvidos e mesmo em relação a outros países

emergentes. Isto torna as empresas brasileiras menos competitivas no mercado

internacional.

Logo, vê-se que o prazo de financiamento de longo prazo, quando se tem alto

custo operacional, torna-se pouco viável em uma tomada de decisão. Neste caso,

principalmente devido ao risco país, à instabilidade econômica e à estrutura

financeira de investimento adequada à conjuntura nacional.

Com isto, verifica-se que, sob o prisma do investidor, o custo de capital terá

45

que exigir em seus projetos uma taxa de desconto, suficientemente, adequada ou

pelo menos necessária para cobrir seu custo de oportunidade. A decisão para

efetuar o financiamento requer uma escolha nos moldes da estrutura de capital e

também definições das fontes de financiamentos que serão utilizadas na atividade

da empresa e em seus projetos.

Vê-se que o investidor tem que imputar certo crédito e um risco no projeto a

ser investido, assim, surge o risco do negócio, conceituado como: ”O risco que a

empresa corre de não gerar receitas suficientes para cobrir seus custos

operacionais” (LEMES JUNIOR et al., 2002, p.210).

Verifica-se que os riscos estão vinculados às atividades e características da

empresa bem como sua colocação no mercado,seu ramo de atividade e à análise de

seus concorrentes.

Risco Exemplo

Retração da demanda de produto Produtos de moda

Escassez de matéria-prima Trigo: quebra de safra

Concorrência de produtos importados Automóveis de luxo

Obsolescência tecnológica Transmissão de mensagens por pagers

Impacto das ondas de fusões e aquisições Supermercados

Quadro 12: Perspectivas do risco de investimentos em projetos Fonte: LEMES JUNIOR et al., 2002, p.137

Observa-se que, para cada tipo de risco do negócio exemplificado, ocorre

uma proposta de adequação à nova visão de mercado, no sentido de manter o

volume dos negócios e os fluxos de caixa projetados ao longo do investimento.

2.3.1 Risco e retorno

Para almejar retornos mais elevados, os investidores precisam aplicar em

títulos que oferecem maiores riscos, sendo que, para o investidor aplicar em títulos

de alto risco, esta aplicação tem que oferecer um retorno acima da taxa de uma

aplicação sem risco. Desta forma, as aplicações de maiores riscos requerem um

retorno mais elevado.

Groppelli (2002, p.73) define que:

46

Risco é uma medida de volatilidade ou incerteza de retornos, e retornos são receitas esperadas ou fluxos de caixa previstos de qualquer investimento. O retorno sobre o seu dinheiro deve ser proporcional ao risco envolvido.

Conforme Gitman (2005, p.184),

Risco é a possibilidade de perda financeira. Em termos formais, a palavra risco é usada como sinônimo de incerteza e refere-se à variabilidade dos retornos associados a um ativo e retorno é o ganho ou a perda tota,l sofrido por um investimento em certo período.

Observa-se que todo investimento está incorporado de certa incerteza no

retorno do valor aplicado. Em se tratando de investimentos próprios e de terceiros,

este processo não é diferente.

Portanto é tarefa complexa prever o futuro da economia de um país ou as

tendências econômicas e financeiras de outras partes do mundo. Os investidores

não têm a certeza do recebimento dos valores investidos, ou seja, não há como

garantir que uma empresa sólida econômica e financeiramente hoje, possa estar

nesta situação no futuro.

Galesne et al. (1999, p. 136) descreve que:

Knight baseia sua distinção entre risco e incerteza nos seguintes elementos: − uma situação de “risco” é definida como uma situação para a qual uma

distribuição de probabilidades objetivas pode ser associada aos resultados;

− uma situação “incerta” é, ao contrário, uma situação para a qual ou não se pode associar nenhuma distribuição de probabilidades ou somente se pode associar uma distribuição de probabilidades objetivas.

Nota-se que um investimento livre de risco é aquele que apresenta retorno

favorável, estável e confiável.

O risco pode-se dividir em duas partes principais: risco diversificável e risco

não diversificável.

De acordo com Assaf Neto (2003, p.258), “o risco diversificável, também

conhecido como risco não sistemático, é identificado pela dispersão dos retornos

dos títulos em relação aos movimentos de retorno da carteira de mercado.”

Desta forma, quanto maior a dispersão apresentada, mais alto é o risco

diversificável de um ativo.

Gitman (2005, p.200) relata que:

47

O risco não diversificável (também chamado de risco sistemático) é atribuível a fatores de mercado que afetam todas as empresas e não pode ser eliminado por meio de diversificação, é o risco de mercado específico do investidor. Guerras, inflação, incidentes internacionais e eventos políticos são responsáveis por esse tipo de risco.

Portanto o risco sistemático é considerado a parte que não pode ser

eliminada do investimento do ativo, ou seja, o risco atribuível a fatores de mercado

que afetam todas as empresas e que não pode ser totalmente eliminado por meio de

diversificação de ativos.

2.3.2 Risco país

Caouette (1999, p.381) define Risco País como “a possibilidade de

pagamento atrasado, reduzido ou não-pagamento de juros ou do principal, em que o

resultado pode ser atribuído ao país do tomador.”

Na análise do risco país, é importante que se tenha maior atenção,

principalmente, nas divulgações por parte da imprensa, pois o país interfere nos

resultados do empreendimento, uma vez que as decisões políticas e econômicas

afetam as condições de estabilidade do país e causam variabilidade nos retornos de

projetos para os investimentos, na medida em que eles alteram as condições do

fluxo de caixa futuro.

O risco país é um índice denominado Emerging Markets Bond Index Plus

(EMBI+) e mede o grau de "perigo" que um país representa para o investidor

estrangeiro. O risco país é calculado por agências de classificação de risco e bancos

de investimentos. O banco de investimentos americano J. P. Morgan, que possui

filiais em diversos países latino-americanos, foi o primeiro a fazer essa classificação.

O J. P. Morgan analisa o rendimento dos instrumentos da dívida de um

determinado país, principalmente o valor (taxa de juros) ,com o qual o país pretende

remunerar os aplicadores em bônus, representativos da dívida pública.

Tecnicamente falando, o risco país é a sobretaxa de se paga em relação à rentabilidade garantida pelos bônus do Tesouro dos Estados Unidos, país considerado o mais solvente do mundo, ou seja, o de menor risco para um aplicador não receber o dinheiro investido, acrescido dos juros prometidos. Entre outros, são avaliados, principalmente, aspectos como o nível do déficit fiscal, as turbulências políticas, o crescimento da economia e a relação

48

entre arrecadação e a dívida de um país. O risco país se expressa em pontos básicos. Sua conversão é simples: 100 unidades equivalem a uma sobretaxa de 1%. Quanto maior for o risco, menor será a capacidade do país de atrair investimentos estrangeiros. Para tornar o investimento atraente, o país tem que elevar as taxas de juros que remuneram os títulos representativos da dívida. As principais conseqüências são uma retração do fluxo de investimentos estrangeiros e um menor crescimento econômico, o que acaba acarretando um aumento do desemprego e salários menores para a população. (O que é ‘risco país’? 2001).

2.3.3 Risco beta (ou de mercado)

Este risco analisa a incerteza de um projeto, possibilitando aos analistas e

investidores mensurar melhor suas aplicações e facilitar suas tomadas de decisões.

Conforme Gitman (2005, p. 200), o coeficiente beta (β) é:

uma medida relativa de risco não diversificável. É um indicador do grau de variabilidade do retorno de um ativo em resposta a uma variação do retorno do mercado. Os retornos históricos de um ativo são usados na determinação de seu coeficiente beta. O retorno do mercado é o da carteira de mercado, formado por todos os títulos negociados.

Segundo Weston e Brigham (2004, p.176), “a maioria das ações tem betas na

variação de 0,50 a 1,50, e a média para todas as ações é de 1,0 por definição.”

O beta mede a volatilidade de uma ação em relação ao mercado. O beta igual

a 1,0 pode ser chamado de beta neutro, significa que a variação da ação, se

comporta semelhante à variação do mercado. O beta acima de 1,0, chamado de

beta agressivo, indica que a ação poderá sofrer uma valorização acima da média do

mercado, mas, se ocorrer uma perda, esta também será maior que a perda ocorrida

no mercado, representa um maior risco para o investidor. Já o beta inferior a 1,0,

chamado de beta defensivo, é mais conservador e indica que a chance da ação ter

grandes oscilações é pequena.

2.3.4 Custo de capital próprio

O custo de capital próprio é identificado com investimentos de longo prazo,

que ensejam proporcionar aos seus proprietários rentabilidade, lucros e dividendos.

49

De acordo com Lemes Junior et al. (2002, p.486):

Capitais próprios são recursos aportados nas empresas pela via do Patrimônio Líquido, quer através da autogeração de recursos e respectivo reinvestimento, quer pela subscrição e integralização de capital social. O uso de capitais próprios via aumento de capital social, para financiar ativos circulantes, não é comum nas atividades quotidianas das empresas. Ocorre em circunstâncias especiais, como a implantação de grande projeto que exige, além de investimentos em ativos permanentes, investimentos em ativo circulante. Pode ocorrer também como atendimento a pedido de socorro da administração com o objetivo de sanar ou amenizar dificuldades financeiras.

O custo de capital próprio, representado por “Ke”, revela o retorno desejado

pelos acionistas de uma empresa em suas decisões de aplicação de capital próprio.

Para Assaf Neto (2003, p.388):

O custo de capital próprio (Ke) de uma empresa é definido pelo retorno requerido por seus acionistas ao investirem seus recursos no empreendimento. Ao levantar recursos no mercado acionário, ou mesmo ao reter parte de seus lucros, a empresa deverá aplicá-los em projetos (ativos) rentáveis, de modo que o retorno produzido possa remunerar seus acionistas em nível equivalente as suas expectativas.

Conseqüentemente, espera-se que o capital investido tenha uma expectativa

de retorno compatível com a necessidade dos acionistas.

Lemes Junior et all (2002, p.215) dizem que “o custo de capital próprio, (Ke), é

o retorno mínimo que os acionistas exigem por sua participação no financiamento

permanente da empresa.”

Percebe-se que a forma de obtenção de financiamento por meio do capital

próprio se dá, no caso de sociedades anônimas, mediante aquisição de ações da

empresa, que poderão ser ações ordinárias e/ou ações preferenciais. No caso de

sociedades empresárias limitadas, por meio de quotas ou quinhões de capital.

Como regra geral, o capital próprio é utilizado para financiar as atividades da

empresa por longo prazo. Nota-se, então, que este é o risco do proprietário e o

principal risco do negócio da empresa, uma vez que não se pode esquecer que,

conforme a Lei 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, que regula a recuperação judicial,

a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, ocorrendo uma

liquidação ou extinção da empresa, o capital próprio será o último a ser ressarcido

ao investidor, caso haja saldo positivo.

Dentre os métodos utilizados na determinação do custo do capital próprio, o

50

capital asset pricing model (CAPM), ou seja, o modelo de precificação de ativos tem

sua utilização bastante difundida no mercado, e, inclusive, é utilizado no cálculo do

EVA©.

Conforme Assaf Neto (2003, 359):

Para o CAPM, a taxa de retorno requerida pelo investidor deve incluir a taxa livre de risco da economia, mais um prêmio que remunere o risco sistemático apresentado pelo ativo em avaliação, e representado pelo coeficiente beta. A taxa de retorno requerida de um investimento para o modelo do CAPM é obtida pela expressão da linha do mercado de títulos (Security Market Line – SML).

Portanto tal determinação não é uma tarefa fácil, devido aos fatores a serem

considerados para análise e precificação, bem como o entendimento do risco.

Algumas tentativas são feitas para mensurar o risco, e uma das mais bem sucedidas

se dá por meio do CAPM, que se trata de um modelo que compara os retornos da

ação individual aos retornos do mercado.

Conforme Copeland (2000, p.236), o “CAPM postula que o custo de

oportunidade do capital é igual ao retorno dos títulos livres de risco, mais o risco

sistêmico da empresa (beta), multiplicado pelo prêmio de risco de mercado.”

Destarte, como modelos de CAPM, são adotados alguns procedimentos de

cálculos, sendo taxa livre de risco (Rf), coeficiente beta (β) e retorno da carteira de

mercado (RM).

Assaf Neto (2003, p. 362) define:

Taxa livre de risco (Rf) – é geralmente utilizada a taxa de juros média dos títulos público de longo prazo, emitidos pelo governo americano. Diante da estabilidade geralmente verificada na conjuntura do mercado de referência, é possível admitir-se essa taxa de juros como sustentável a longo prazo. Retorno da carteira de mercado (Rm) – é também apurado pela média das taxas de rentabilidade do mercado de ações publicadas em certo intervalo de tempo. No mercado dos EUA, é geralmente utilizado o índice New York Stock Exchange (Nyse).

O CAPM trata-se de um modelo baseado na proposição de que a taxa de

retorno requerida de qualquer ação é igual à taxa de retorno isenta de risco mais um

prêmio de risco, em que o risco reflete a diversificação.

O custo do capital pode ser obtido, através da seguinte fórmula:

Ke = RF + β x (RM - RF )

51

No qual:

Ke = taxa de retorno mínima requerida pelos investidores do ativo (custo do

capital próprio);

RF = taxa de retorno de ativos livre de risco;

β = coeficiente beta, medida do risco sistemático (não diversificável) do ativo;

RM = rentabilidade oferecida pelo mercado em sua totalidade e representada

pela carteira de mercado.

A diferença entre o retorno da carteira de mercado e a taxa de juros definida,

livre de risco (RM - RF) é definida como o prêmio pelo risco de mercado. Indica

quanto o mercado paga em excesso à remuneração dos títulos considerados como

livres de risco. Esse prêmio, ao ser alavancado pelo beta do ativo, reflete o risco de

mercado ajustado ao ativo em avaliação.

2.3.5 Custo de capital de terceiros

Custo de capital de terceiros é representado pelo endividamento da empresa,

perante terceiros e que é utilizado por um período determinado de tempo,

ocasionando o pagamento de juros e encargos financeiros. A utilização destes

recursos pode ser caracterizada de curto e longo prazo.

Damodaran (2002, p.120) diz que:

O custo da dívida mensura o custo corrente para a empresa tomar emprestados recursos para financiar projetos, sendo que, se o nível das taxas de juros aumenta o custo da dívida para as empresas também vai aumentar, e se o risco de inadimplência de uma empresa aumenta o custo de tomar emprestados recursos também aumentará.

O custo de capital de terceiros é definido de acordo com os passivos

onerosos, identificados nos empréstimos e financiamentos mantidos pela empresa,

portanto representa maior risco financeiro à empresa, uma vez que o retorno do

capital está vinculado ao sucesso no empreendimento da empresa, para que possa

garantir o retorno do capital, acrescido dos encargos e juros pactuados e,

rigorosamente, nas datas de pagamento.

Entende-se por passivos onerosos as obrigações que geram encargos

financeiros para a empresa, ou seja, empréstimos e financiamentos, podendo incluir

52

aqui também as debêntures, enquanto que, os passivos não onerosos,

correspondem ao passivo que não gera encargos para a empresa, como por

exemplo, salários a pagar, tributos a recolher, dentre outros.

Assaf Neto (2003, p.358) diz que “Uma das grandes preocupações das

empresas, principalmente as brasileiras, é com o alto nível das taxas de juros de

mercado, que pode inviabilizar a atratividade econômica do investimento de capital.”

Deste modo, as empresas vêm adotando posições mais conservadoras em

relação à obtenção de recursos de terceiros.

De acordo com Ross (2002, p.458), “são promessas de pagamento de juros e

principal sobre o saldo devedor, feitas pela empresa emitente.”

O custo da dívida é representado por “Kd” ,sendo calculado da seguinte forma:

Kd = K x ( 1- T )

No qual:

Kd = Custo do capital de terceiros líquido do efeito dos tributos

K = Custo do capital de terceiros antes dos tributos

T = Alíquota dos tributos (IRPJ e CSLL)

Conforme demonstrado na fórmula acima, na captação de capitais de

terceiros, o custo do empréstimo é reduzido diante da possibilidade da empresa

poder deduzir, na apuração dos tributos, os encargos financeiros do empréstimo,

desde que a empresa tenha lucro tributável no período. Desta forma, o custo

específico do financiamento deve ser medido, depois dos tributos.

Portanto deve-se considerar o valor, após o imposto de renda e a contribuição

social sobre o lucro líquido, uma vez que os juros são dedutíveis, para efeito fiscal.

Apesar de ter um custo mais barato que o capital próprio para as empresas,

comparando-se com o arrendamento mercantil, a utilização do capital de terceiros

traz maior risco financeiro, pois o tomador assume um compromisso de desembolso

financeiro em condições fixas, previamente estabelecidas, que, na contabilidade,

são classificadas como passivo exigível, ficando seu retorno, no entanto, vinculado

ao sucesso da aplicação desses recursos.

Assim sendo, o risco do credor é menor, se comparado ao do acionista,

porém, do ponto de vista da empresa, seu risco financeiro eleva-se ao vincular

condições pré-estabelecidas na devolução do capital emprestado, em relações

diretas com os resultados operacionais apurados.

53

2.3.6 Custo médio ponderado de capital

Segundo Damodaran (2002, p.274):

O custo médio ponderado do capital (CMPC), que deriva do inglês Weighted Average Cost of Capital (WACC), é definido como a média ponderada dos custos dos diferentes componentes de financiamento de uma empresa e pode ser obtido por meio da seguinte fórmula:

CMPC = Ke [ E / ( D + E ) ] + Kd [ D / ( D + E ) ]

No qual:

CMPC = custo médio ponderado de capital (WACC)

Ke = custo do patrimônio líquido

Kd = custo do capital de terceiros

E / ( D + E ) = proporção de patrimônio líquido no capital total

D / ( D + E ) = proporção de capital de terceiros no capital total

Para encontrar o custo do capital de terceiros, a valor de mercado, é

multiplicada a quantia de cada fonte de financiamento de recursos pela medida de

seus respectivos custos, de acordo com a relação da importância correspondente

desses mesmos capitais, como fornecimento de recursos financeiros. O resultado

obtido é igual ao valor total de mercado do capital de terceiros da empresa. A seguir,

faz-se o mesmo cálculo para o capital próprio da empresa, multiplicando-se o preço

da ação pelo número total de ações existentes. Finalmente, somam-se os valores de

mercado do capital próprio e do capital de terceiros da empresa, gerando, assim, o

valor total de mercado do capital empregado na empresa.

Conforme Groppelli (2002, p.179), “o CMPC é calculado pela determinação do

custo de cada fonte de financiamento de capital e pela ponderação destes custos,

de acordo com a importância correspondente destes capitais como fonte de fundos.”

“Pode-se concluir que o CMPC é a taxa utilizada para descontar o valor do

dinheiro no tempo, convertendo o fluxo de caixa futuro em valor presente para todos

os investidores” (COPELAND, 2000, p.220).

Para se calcular o CMPC, deve-se determinar a ponderação para a estrutura

de capital, estimar o custo de oportunidade das dívidas (capital de terceiros) e,

depois, estimar o custo de oportunidade das ações (capital próprio).

O CMPC costuma aumentar, à medida que o volume de capital novo cresce

54

em dado período. Isto ocorre, porque as empresas precisam elevar o retorno

oferecido aos investidores, de modo a interessar para eles fornecer capital adicional

e compensar o maior risco decorrente dos maiores volumes de capital obtidos. Além

disto, o custo, eventualmente, subirá, quando a empresa não contar mais com os

lucros que forem distribuídos e houver necessidade de novos aportes de capital, o

que poderá ser a um custo maior do que ocorrido anteriormente.

2.4 Valor Econômico Agregado (EVA©)

Ehrbar (1999, p. 1) afirma:

Em seu nível mais básico, o EVA©, uma sigla para valor econômico agregado, é uma medida de desempenho empresarial que difere da maioria das demais ao incluir uma cobrança sobre o lucro pelo custo de todo o capital que uma empresa utiliza. Mas o EVA© é muito mais do que uma simples medida de desempenho. É a estrutura para um sistema completo de gerência financeira e remuneração variável que pode orientar cada decisão tomada por uma empresa, da sala do conselho até o chão da fábrica; que pode transformar uma cultura corporativa; que pode melhorar as vidas profissionais de todos na organização, fazendo com que sejam mais bem-sucedidos; e que pode ajudá-los a produzir maior valor para os acionistas, clientes e para eles próprios.

O custo do capital no EVA© é o que os economistas chamam de custo de

oportunidade.

Segundo Assaf Neto (2003, p.165), “um custo de oportunidade retrata quanto

uma empresa sacrificou a remuneração por ter tomado a decisão de aplicar seus

recursos em determinado investimento alternativo, de risco semelhante”. Deve ser

considerado como custo de oportunidade, quanto a empresa irá deixar de receber,

por não aplicar os recursos em outra alternativa de investimento.

Para Young e O’byrne (2003, p.44):

O EVA© mede a diferença entre o retorno sobre o capital de uma empresa e o custo desse capital, em termos monetários, ou seja, é uma medida de desempenho para servir de referencial em um processo de definição de estratégias.

O objetivo de qualquer empresa é criar valor a seus acionistas, promovendo a

maximização de sua riqueza. Existem diversas razões consagradas na literatura

55

financeira, que apontam o valor, e não o lucro ou qualquer outra medida derivada,

como a melhor medida de desempenho de uma empresa. O valor é uma medida

bem mais completa, levando em consideração em seus cálculos a geração

operacional de caixa atual e potencial, a taxa de atratividade dos proprietários de

capital (credores e acionistas) e o risco associado ao investimento. É uma visão de

longo prazo, vinculada à continuidade do empreendimento, indicando o poder de

ganho e a viabilidade de um negócio.

A existência de lucro não garante a atratividade econômica de um

empreendimento. A sustentação de uma empresa no futuro somente se dará se ela

for capaz de criar valor para seus proprietários, através da concepção inteligente de

um negócio.

É importante esclarecer que nem todas as decisões que elevam o lucro da

empresa são capazes de criar valor a seus acionistas. Estratégias de investimento,

mesmo que venham a incrementar o volume de vendas e os resultados operacionais

da empresa, se não produzirem um retorno suficiente para remunerar o custo de

oportunidade dos proprietários de capital ,atuarão de maneira a destruir seu valor de

mercado.

Conforme Ehrbar (1999, p. 106), o imperativo sob um sistema de gerência de

EVA© é o de aumentar o EVA© ao máximo possível, para maximizar a riqueza dos

acionistas. A aritmética do EVA© mostra que empresas têm apenas quatro maneiras

de fazer isso:

I – Cortar custos e reduzir tributos para aumentar o NOPAT sem acrescer capital. Ou seja, operar de forma mais eficiente para ganhar um maior retorno sobre o capital já investido no negócio. II – Empreender todos os investimentos nos quais o aumento de NOPAT será maior do que o aumento de encargos de capital. Ou seja, investir em crescimento lucrativo, empreendendo todos os projetos com valor líquido presente positivo que prometam produzir um retorno sobre o capital que exceda o custo de capital. III – Retirar capital de operações, quando as economias decorrentes da redução dos encargos de capital excedam qualquer redução no NOPAT. Ou seja, deixar de investir em – ou liquidar – ativos e atividades que não estejam gerando retornos iguais ao ou maiores do que o custo de capital. As grandes mudanças nesta área são a venda de ativos que valham mais para outros, mas a categoria também inclui coisas como a redução de estoques e aceleração da cobrança de contas a pagar (ambas representam investimentos de capital). IV – Estruturar as finanças da empresa de forma tal que minimizem o custo de capital, algo que reside exclusivamente nos domínios do departamento financeiro, do Chief executive officer (CEO) e do conselho de administração.

56

2.4.1 Vantagens do EVA©

O EVA© é uma maneira fundamental de medir e gerenciar o desempenho

empresarial, à medida que apresenta, quantitativamente, o quanto de recursos foi

gerado aos acionistas para criação de suas riquezas.

De acordo com Ehrbar (1999, p. 4), quando empresas utilizam o EVA©

,plenamente, que é o que devem fazer para mudar comportamento, este se torna

muito mais do que apenas mais uma maneira de somar custos e calcular lucro. Ele

destaca como vantagens do EVA©:

- A medida de desempenho empresarial mais diretamente ligada, tanto teórica quanto empiricamente, à criação de riqueza para acionistas; como verão, gerir visando um EVA© mais elevado é, por definição, gerir visando um preço por ação mais elevado. - A única medida de desempenho que sempre oferece a resposta “certa”, no sentido de que mais EVA© sempre é definitivamente melhor para acionistas, que o torna a única medida de melhoria contínua; em contrapartida, ações que aumentam margens de lucros, lucro por ação e até mesmo taxas de retorno às vezes destroem riqueza para acionistas. - A variável chave num sistema singular de remuneração variável que, pela primeira vez, realmente alinha os interesses de gerentes com os de acionistas e faz com que gerentes pensem e ajam como acionistas. - Uma estrutura que empresas poderão utilizar para comunicar suas metas e realizações a investidores, e que investidores poderão utilizar para identificar empresas com perspectivas de desempenho superior. - Mais importante, um sistema interno de governança corporativa que motiva todos os gerentes e funcionários a trabalharem de forma cooperativa e entusiasmada para alcançarem o melhor desempenho possível.

Nota-se que os procedimentos descritos acima direcionam as operações e

estratégia de uma empresa, no que diz respeito à obtenção das metas a serem

alcançadas, o que demonstra sua utilidade na eficácia da empresa.

O EVA© tem como facilitador e diferencial de mercado formar melhores

gestores, para a tomada de decisões em que, por meio da disponibilidade de

informações relevantes e eficientes, proporciona maior campo de visão das

estratégias da empresa, ocasionando, certamente, proposições bem próximas da

meta a ser alcançada.

57

2.4.2 Desvantagens do EVA©

O EVA©, a exemplo de outros indicadores, não apresenta apenas vantagens,

tem também as suas restrições. Neste sentido, Santos et al. (2006, p. 142) apud

Milbourn (2001, p. 134) citam como desvantagens do EVA©:

- restrição ao crescimento da empresa. A expectativa de resultados rápidos pode impedir que projetos de maior vulto, que requeiram grandes somas de capital (próprio e de terceiros), sejam abortados, como forma de não propiciar o crescimento acentuado dos recursos líquidos, e comprometer o cálculo do EVA©; - dificuldades para obtenção de empréstimos junto às instituições financeiras. Quanto mais endividadas, maior é o risco. A utilização excessiva de capitais de terceiros, principalmente onerosos, é vista pelos bancos como um fator restritivo à concessão do crédito; - ênfase exagerada na geração de lucros; - empresas regidas apenas por propósitos econômicos.

Young e O’Byrne (2003, p.181) colocam como outra desvantagem do modelo

o fato de não haver um padrão aceito para ajustes, uma vez que eles são

direcionados a uma grande variedade de medidas contábeis,a indicadores de

desempenho e a questões ligadas a políticas de incentivo. A importância de cada

um dos aspectos dos ajustes contábeis gera uma divergência entre os defensores

do EVA© ,fazendo com que eles discordem da maneira de efetuar estes ajustes. As

companhias deixam de efetuar os ajustes, quando este não é suportado por uma

associação estatística entre o EVA© e o preço das ações, ou ainda, quando eles não

confirmam uma provável melhoria do processo de decisão gerencial.

A forma de contabilização do leasing poderá afetar o EVA© ,haja vista que as

contraprestações mensais, lançadas como despesas, reduzem o resultado

operacional, e portanto o EVA©. Por outro lado, se o leasing implica em não ativar o

bem, o capital investido é menor, reduzindo a expectativa de retorno, e, portanto,

tende a aumentar o EVA©.

58

2.4.3 Net Operating Profit After Taxes (NOPAT)

O Net Operating Profit After Taxes (NOPAT) é o resultado operacional líquido,

após os tributos, que representa o resultado gerado pelas operações da empresa. É

igual à receita líquida de vendas, menos os custos e despesas operacionais, menos

os tributos sobre o resultado (IRPJ e CSLL). A despesa financeira não é incluída no

NOPAT, pois o custo do capital de terceiros é cobrado através do encargo de capital.

2.4.4 Cálculo do valor econômico agregado

Segundo Ehrbar (1999, p.2), o cálculo do EVA© pode ser obtido, através da

seguinte fórmula:

EVA© = NOPAT – C% x TC

No qual:

EVA© “Economic Value Added” significa Valor Econômico Agregado;

NOPAT “Net Operating Profit After Taxes” significa Lucro Operacional Líquido

depois dos tributos;

C% é o percentual do custo médio ponderado do capital investido

TC significa Total Capital ou Capital Total Investido.

Conforme demonstrado na fórmula acima, o EVA© corresponde ao NOPAT,

menos o custo médio ponderado de capital.

A seguir um modelo de demonstração do resultado do exercício e o ajuste

para cálculo do EVA©, que corresponde ao NOPAT. Como a despesa financeira não

foi considerada no cálculo do NOPAT, o resultado operacional aumentou e,

conseqüentemente, a provisão para os tributos também aumentou:

59

DRE R$ NOPAT R$

RECEITA BRUTA DE VENDAS 5.150.400 RECEITA BRUTA DE VENDAS 5.150.400

Tributos Incidentes s/ vendas (1.350.400) Tributos Incidentes s/ vendas (1.350.400)

RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 3.800.000 RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 3.800.000

Custo dos Produtos Vendidos (1.693.600) Custo dos Produtos Vendidos (1.693.600)

LUCRO BRUTO 2.106.400 LUCRO BRUTO 2.106.400

Despesas com Vendas (294.800) Despesas com Vendas (294.800)

Despesas Administrativas (231.400) Despesas Administrativas (231.400)

Despesas Financeiras (838.400)

Receitas Financeiras 126.400 Receitas Financeiras 126.400

LUCRO ANTES DO IR/CSLL 868.200 LUCRO ANTES DO IR/CSLL 1.706.600

Provisão para IR/CSLL (295.188) Provisão para IR/CSLL (580.244)

LUCRO LÍQUIDO 573.012 NOPAT 1.126.356 Quadro 13: Comparativo da DRE e NOPAT Fonte: Adaptado de Assaf Neto. Finanças Corporativas e Valor (2003, p.185).

De forma a conciliar o resultado do exercício, após a reclassificação da DRE

para o NOPAT, deverá ser lançada a despesa financeira líquida do benefício dos

tributos. Desta forma, tem-se a seguinte situação:

TABELA 4

Conciliação NOPAT x Resultado do exercício

Descrição Valor

Resultado líquido NOPAT 1.126.356

(+) Despesas financeiras brutas (838.400)

( -) Economia de IR/CSLL 285.056

(=) Despesas financeiras líquidas (553.344)

Resultado líquido DRE 573.012

Fonte: Adaptado de Assaf Neto. Finanças Corporativas e Valor (2003, p.187)

Identificado o NOPAT, resta agora efetuar o cálculo do custo médio

ponderado de capital (CMPC), cuja sigla em inglês é WACC, para se chegar ao valor

do EVA©.

O custo médio ponderado de capital é obtido, através da ponderação do custo

do capital próprio e do custo do capital de terceiros.

O custo do capital de terceiros será calculado, considerando que a empresa

possui um empréstimo no valor de R$ 5.000.000,00, e outro, no valor de R$

60

2.000.000,00, porém com taxas distintas de 12,50% a.a. e 10,67% a.a.,

respectivamente.

Calcula-se o valor dos juros de cada empréstimo, obtendo a despesa

financeira. Como a despesa financeira é dedutível do imposto de renda e

contribuição social, tem-se que refletir este benefício dos tributos, que está

demonstrado na coluna ( 1-t ), em que, t é 34%, que corresponde à alíquota de 25%

do imposto de renda e 9% da contribuição social, obtendo a despesa financeira

líquida, conforme demonstrado no quadro a seguir:

Dívida com Terceiros Taxa Juros (1 - t) Despesa Líquida

5.000.000,00 12,50% 625.000,00 212.500,00 412.500,00

2.000.000,00 10,67% 213.400,00 72.556,00 140.844,00

7.000.000,00 838.400,00 285.056,00 553.344,00 Quadro 14: Exemplo de cálculo do custo do capital de terceiros Fonte: Dados do autor da pesquisa.

Desta forma, dividindo a despesa financeira líquida que é R$ 553.344,00 pelo

total das dívidas que somam R$ 7.000.000,00, obtém-se o custo de capital de

terceiros igual a 7,90%.

O custo de capital próprio será calculado, admitindo que o patrimônio líquido

da empresa seja de R$ 3.000.000,00 e a taxa livre de risco de 7,0% a.a., um prêmio

pelo de risco de mercado de 9,5% a. a e um beta de 0,95.

Substituindo na fórmula, para o cálculo do custo do capital próprio, é obtido o

custo do capital próprio, conforme segue:

Ke = 7,0% + 0,95 x 9,5% = 16,00%

O CMPC é obtido pela ponderação dos custos de capital, conforme

demonstrado abaixo:

CMPC = 16,00 [3.000.000/10.000.000] + 7,90 [7.000.000/10.000.000)]

CMPC = 4,80 + 5,53

CMPC = 10,33%

61

Assim sendo, é possível calcular o EVA© :

EVA© = 1.126.356 – (10,33% x 10.000.000)

EVA© = 1.126.356 – 1.033.000

EVA© = 93.356

O resultado encontrado indica que a empresa criou valor para os acionistas,

haja vista que o retorno obtido foi superior ao custo mínimo exigido.

62

3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de pesquisa

A pesquisa foi realizada via análise documental-eletrônica, acessada via site

da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), onde foram pesquisadas empresas que

demonstram as operações de arrendamento mercantil (leasing) nas notas

explicativas de suas demonstrações financeiras padronizadas; informação

obrigatória para as empresas inscritas na CVM.

Foram escolhidas empresas registradas na CVM e com o registro ativo, por

se considerar que estas informações são periodicamente examinadas por empresas

de auditoria externa, que são independentes em relação às companhias, e ainda

pelo fato dessas empresas serem fiscalizadas e reguladas pela CVM, o que,

teoricamente, expressa maior confiabilidade nas informações.

Quanto aos fins, a pesquisa foi descritiva, pois conforme Vergara (2004, p.47)

a pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlação entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação.

Quanto aos meios, a pesquisa foi documental. Vergara (2004, p.48) assim

define esse tipo de pesquisa:

I - Pesquisa documental é a realizada em documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas: registros, anais, regulamentos, circulares, oficio, memorandos, balancetes, comunicações informais, filmes, microfilmes, fotografias, videoteipe, informações em disquetes, diários, cartas pessoais e outros.

3.2 Universo e amostra

O Universo da pesquisa foi o conjunto de empresas inscritas na Comissão de

Valores Mobiliários (CVM) com situação regular e que já enviaram as

63

demonstrações contábeis referente ao ano calendário de 2006.

A amostra foi intencional, pois foram selecionadas apenas empresas que

efetuam a operação de arrendamento mercantil (leasing) e publicaram informações

suficientes para a pesquisa em notas explicativas, como parte integrante das

demonstrações contábeis.

Martins (2002, p.41), descreve que:

De acordo com determinado critério, é escolhido intencionalmente um grupo de elementos que irão compor a amostra. O pesquisador se dirige intencionalmente a grupos de elementos dos quais deseja saber a opinião. Por exemplo, numa pesquisa sobre a preferência por determinado cosmético, o pesquisador se dirige a um grande salão de beleza e entrevista as pessoas que ali se encontram.

3.3 Coleta de dados

Os dados foram coletados eletronicamente no site da Comissão de Valores

Mobiliários (CVM), para a qual as empresas registradas são obrigadas a remeter as

demonstrações financeiras periodicamente. Dentre as empresas com situação de

registro regular na CVM, foram consultadas duzentas e cinqüenta empresas com o

objetivo de identificar e selecionar empresas que possuem o arrendamento mercantil

financeiro. Das empresas consultadas, foram identificadas vinte e seis empresas que

divulgaram a informação. Desta amostra de empresas, oito empresas foram

descartadas, pois três delas divulgaram as demonstrações em conformidade com a

norma brasileira de contabilidade e as outras cinco empresas possuem o

arrendamento mercantil na modalidade operacional. Restaram, na seleção efetuada,

dezoito empresas que possuem o arrendamento mercantil financeiro. Deste restante,

onze empresas não divulgaram, em notas explicativas, informações suficientes para

a elaboração da pesquisa. Assim sendo, a amostra final foi constituída de sete

empresas. Foram extraídos o balanço patrimonial, a demonstração de resultado do

exercício e as notas explicativas das empresas selecionadas, que constam das

Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP) disponíveis no site da CVM.

64

3.4 Tratamento dos dados

Após a seleção da amostra, as demonstrações contábeis foram ajustadas

para as análises necessárias.

Os bens adquiridos por meio do arrendamento mercantil financeiro são

considerados como imobilizado e o saldo a pagar dos contratos foram considerados

como financiamento, lançado no curto prazo, uma vez que foram somadas as

obrigações de curto e longo prazo para os cálculos desenvolvidos na pesquisa. Os

juros a apropriar, decorrentes do financiamento, foram lançados como conta

retificadora da conta financiamentos.

Desta forma, o valor pago como aluguel do arrendamento mercantil financeiro

foi eliminado da demonstração de resultado, e, em seu lugar, foi incluída a

depreciação do bem. Os juros do financiamento foram apropriados, à medida que os

pagamentos foram efetuados em contrapartida à conta despesas financeiras.

No balanço patrimonial foi incluído o valor do bem objeto do contrato,

deduzida da depreciação acumulada, e a contrapartida foi lançada no passivo, como

financiamento de curto prazo.

Posteriormente, foi calculado o custo de capital da empresa, necessário para

o cálculo do valor econômico agregado. Para o cálculo do custo de capital da

empresa, foi necessário efetuar o cálculo do custo de capital de terceiros e do custo

de capital próprio, separadamente, para, depois, ponderar estes dois resultados

encontrados. Após a ponderação dos dois resultados encontrados, têm-se o custo

médio ponderado de capital da empresa.

Identificado o custo de capital, é possível calcular o valor econômico

agregado, que é encontrado, subtraindo o custo médio ponderado de capital, do

resultado ajustado (NOPAT).

Foi calculado o valor econômico agregado com as demonstrações publicadas

pelas empresas, nas quais o arrendamento mercantil financeiro foi considerado

como aluguel e tratado como despesa para se encontrar o EVA© ,atual das

empresas estudadas. Em seguida, foi calculado o EVA© com as demonstrações que

consideram o arrendamento mercantil financeiro como imobilizado. De posse dos

dois resultados, estes foram comparados, para verificar se ocorreu influência no

indicador do valor econômico agregado.

65

4 DESENVOLVIMENTO

Neste capítulo está demonstrada a parte prática da pesquisa. Após coletados

os dados necessários das empresas Cia Leco de Produtos Alimentícios (1), Cia

Industrial Cataguases (2), Datasul S.A. (3), Localiza Rent a Car S.A. (4), MRS

Logística S.A. (5), Obrascon Huarte Lain Brasil S.A. (6), e Universo Online S.A. (7),

foram efetuados os devidos ajustes (referentes ao leasing e à depreciação) para a

realização dos cálculos.

Estão demonstrados o balanço patrimonial e a demonstração de resultados

do exercício, conforme publicado e divulgado pelas empresas selecionadas. Logo

após, foi incluída a operação de leasing nos demonstrativos contábeis.

Para o cálculo do EVA©, foram efetuados os ajustes necessários na

demonstração de resultado do exercício e no balanço patrimonial. O EVA© foi

calculado, considerando as duas situações: o Regulamento do Imposto de Renda

(RIR) e a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC), com o objetivo de verificar se

houve alteração no indicador.

O custo do capital de terceiros foi calculado, utilizando as taxas dos

empréstimos de cada fonte de financiamento da empresa, inclusive do contrato de

leasing, os quais foram obtidos nas notas explicativas das empresas selecionadas,

enquanto que o custo de capital próprio foi calculado, utilizando a metodologia do

CAPM. No custo de capital, foram utilizados ainda o beta e o índice do risco país.

Identificados estes custos, foi efetuada a ponderação do mesmo, para se obter o

custo médio ponderado de capital.

Desta forma, foi possível calcular o EVA©, que é o resultado entre o NOPAT e

o custo de capital multiplicado pelo total de capital empregado na empresa.

Abaixo, seguem as demonstrações das empresas estudadas, lembrando que

todos os valores estão em milhares de reais.

4.1 Demonstrativos da Cia Leco de Produtos Alimentícios

Na Demonstração de Resultados, houve o ajuste referente à operação do

66

leasing, na qual foi excluído o valor da contraprestação, lançada como despesa

operacional, no valor de R$ 325, incluída a despesa de depreciação do bem, no

valor de R$ 171, e incluída a despesa com apropriação dos juros do financiamento

no valor de R$ 40. Estes ajustes ocasionaram uma modificação no resultado,

influenciando no lucro líquido do exercício e gerando uma alteração na conta de

lucros acumulados, também refletida no balanço patrimonial. Em seguida, foi

calculado o NOPAT, de acordo com as demonstrações de resultados publicadas e

ajustadas. No NOPAT, além das alterações descritas acima, foram excluídas as

despesas financeiras no valor de R$ 11.046.

TABELA 5 Demonstração de Resultado do Exercício da Cia Leco de Produtos

Alimentícios

R$ mil

DRE Publicada RIR

Ajustada NBC

NOPAT Publicada

RIR

NOPAT Ajustada

NBC

Receita Bruta 310.778 310.778 310.778 310.778 Impostos e Devoluções (58.390) (58.390) (58.390) (58.390) Receita Líquida 252.388 252.388 252.388 252.388 CPV/CMV/CSP (199.861) (199.861) (199.861) (199.861) Lucro Bruto 52.527 52.527 52.527 52.527 Despesas operacionais Vendas (42.702) (42.702) (42.702) (42.702) Gerais e Adm. (9.381) (9.227) (9.381) (9.227) Despesas Financeiras (11.006) (11.046) 0 0 Receitas Financeiras 232 232 232 232 Outras Desp/Rec Operacionais 1.819 1.819 1.819 1.819 Resultado operacional (8.511) (8.381) 2.495 2.649 Rec/Desp não operacionais 424 424 424 424 Resultado antes do IR/CSLL (8.087) (7.973) 2.919 3.073 Prov p/ IR/CSLL 2.694 2.694 2.694 2.694 Participações 0 0 0 0 Lucro Líquido (5.393) (5.279) 5.613 5.767

Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

No balanço patrimonial publicado, as obrigações exigíveis foram classificadas

em passivo oneroso e não oneroso, a fim de permitir o cálculo do custo de capital.

No balanço patrimonial ajustado, foi efetuado o ajuste da operação do arrendamento

mercantil financeiro, no qual foi lançado, no ativo permanente no subgrupo

Imobilizado, o valor de R$ 896, referente ao valor do bem objeto do contrato, e ainda

a depreciação acumulada do bem, no valor de R$ 303. No passivo, foram incluídas

67

na conta financiamentos, as parcelas vincendas do contrato de leasing, no valor de

R$ 446, e os juros a apropriar, no valor de R$ 55, foram lançados como conta

redutora da conta financiamentos. O efeito dos ajustes foi refletido no grupo do

patrimônio líquido no valor de R$ 202. Não houve reflexo na rubrica provisão para

IR/CSLL, porque a empresa apurou prejuízo fiscal e base negativa de CSLL no

exercício.

TABELA 6 Balanço Patrimonial da Cia Leco de Produtos Alimentícios

R$ mil

Balanço Patrimonial Publicado RIR

Ajustado NBC

Ativo Circulante 65.130 65.130 Realizável a Longo Prazo 25.957 25.957 Ativo Permanente 158.432 159.025 Total do Ativo 249.519 250.112 Passivo Circulante 53.389 53.780 Passivo não Oneroso 37.256 37.256 Passivo Oneroso 16.133 16.524 Exigível a Longo Prazo 56.614 56.614 Exigível não Oneroso 49.086 49.086 Exigível Oneroso 7.528 7.528 Patrimônio Líquido 139.516 139.718 Total do Passivo 249.519 250.112

Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

Após os ajustes necessários nos demonstrativos contábeis (exclusão da

despesa com leasing e inclusão da despesa com depreciação), foi preciso calcular o

custo de capital, para encontrar o valor do EVA©. O custo de capital próprio foi

calculado, utilizando a metodologia do CAPM, e o custo de capital de terceiros foi

calculado, utilizando as taxas de empréstimos das fontes de financiamento, que,

ponderados, resultam no custo médio ponderado de capital. O percentual do custo

do capital próprio, utilizado antes e depois do ajuste da operação do leasing, foi

29,20%, enquanto que o percentual do custo do capital de terceiros foi 13,66, antes,

e de 13,67, após o ajuste da operação de leasing. Estes percentuais, ponderados

com as respectivas fontes de financiamento, resultaram em um percentual de

26,94% antes, e de 26,92% depois do ajuste. Calculados o NOPAT e o custo médio

ponderado de capital, foi possível obter o valor do EVA© ,antes e após os ajustes da

operação de leasing, conforme demonstrado a seguir:

68

TABELA 7 Cálculo do EVA© da Cia Leco de Produtos Alimentícios

R$ mil

Cálculo do EVA© Publicado

RIR Ajustado

NBC

NOPAT 5.613 5.767 CUSTO DE CAPITAL 43.964 44.080 EVA© (38.351) (38.313)

Fonte: dados da pesquisa

4.2 Demonstrativos da Cia Industrial Cataguases

Na Demonstração de Resultados, houve o ajuste referente à operação do

leasing, na qual foi excluído o valor da contraprestação lançada como despesa

operacional no valor de R$ 407, incluída a despesa de depreciação do bem no valor

de R$ 257 e incluída a despesa com apropriação dos juros do financiamento no

valor de R$ 111. Este ajuste ocasionou uma modificação no resultado, no valor de

R$ 39 e, conseqüentemente, na provisão do IR/CSLL, no valor de R$ 8,

influenciando no lucro líquido do exercício a quantia de R$ 31, gerando uma

alteração na conta de lucros acumulados, também refletida no balanço patrimonial.

Em seguida, foi calculado o NOPAT, de acordo com as demonstrações de

resultados publicadas e ajustadas. No NOPAT, além das alterações descritas acima,

foram excluídas as despesas financeiras no valor de R$ 15.675, ocasionando

alteração na rubrica provisão para IR/CSLL, no valor de R$ 4.

69

TABELA 8 Demonstração de Resultado do Exercício da Cia Industrial Cataguases

R$ mil

DRE Publicada RIR

Ajustada NBC

NOPAT Publicada

RIR

NOPAT Ajustada

NBC

Receita Bruta 160.392 160.392 160.392 160.392 Impostos e Devoluções (18.707) (18.707) (18.707) (18.707) Receita Líquida 141.685 141.685 141.685 141.685 CPV/CMV/CSP (93.801) (93.801) (93.801) (93.801) Lucro Bruto 47.884 47.884 47.884 47.884 Despesas operacionais Vendas (18.822) (18.822) (18.822) (18.822) Gerais e Adm. (12.190) (12.040) (12.190) (12.151) Despesas Financeiras (15.564) (15.675) 0 0 Receitas Financeiras 15.249 15.249 15.249 15.249 Outras Desp/Rec Operacionais (550) (550) (550) (550) Resultado operacional 16.007 16.046 31.571 31.610 Rec/Desp não operacionais (62) (62) (62) (62) Resultado antes do IR/CSLL 15.945 15.984 31.509 31.548 Prov p/ IR/CSLL (3.102) (3.110) (6.142) (6.137) Participações (1.284) (1.284) (1.284) (1.284) Lucro Líquido 11.559 11.590 24.083 24.127

Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

No Balanço Patrimonial publicado, as obrigações exigíveis foram classificadas

em passivo oneroso e não oneroso, a fim de permitir o cálculo do custo de capital.

No balanço patrimonial ajustado, foi efetuado o ajuste da operação do arrendamento

mercantil financeiro, no qual foi lançado no ativo permanente, no subgrupo

Imobilizado, o valor de R$ 1.283, referente ao valor do bem objeto do contrato, e

ainda a depreciação acumulada do bem, no valor de R$ 641. No passivo, foram

incluídas as parcelas vincendas do contrato de leasing, no valor de R$ 359 e, os

juros a apropriar, no valor de R$ 44, foram lançados como conta redutora da conta

financiamentos. O efeito dos ajustes foi refletido no grupo do patrimônio líquido, no

valor de R$ 327.

70

TABELA 9 Balanço Patrimonial da Cia Industrial Cataguases

R$ mil

Balanço Patrimonial Publicado RIR

Ajustado NBC

Ativo Circulante 135.517 135.517 Realizável a Longo Prazo 23.669 23.669 Ativo Permanente 66.132 66.774 Total do Ativo 225.318 225.960 Passivo Circulante 76.392 76.707 Passivo não Oneroso 50.069 50.069 Passivo Oneroso 26.323 26.638 Exigível a Longo Prazo 51.986 51.986 Exigível não Oneroso 39.479 39.479 Exigível Oneroso 12.507 12.507 Patrimônio Líquido 96.940 97.267 Total do Passivo 225.318 225.960

Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

Após os ajustes necessários nos demonstrativos contábeis (exclusão da

despesa com leasing e inclusão da despesa com depreciação), foi preciso calcular o

custo de capital, para encontrar o valor do EVA©. O custo de capital próprio foi

calculado, utilizando a metodologia do CAPM, e o custo de capital de terceiros foi

calculado, utilizando as taxas de empréstimos das fontes de financiamento, que,

ponderados, resultam no custo médio ponderado de capital. O percentual do custo

do capital próprio, utilizado antes e depois do ajuste da operação do leasing foi

29,20%, enquanto que o percentual do custo do capital de terceiros foi 8,30, antes e

de 8,41, após o ajuste da operação de leasing. Esses percentuais, ponderados com

as respectivas fontes de financiamento, resultaram em um percentual de 23,22%

antes, e de 23,23% depois do ajuste. Calculados o NOPAT e o custo de capital, foi

possível obter o valor do EVA©, antes e após os ajustes da operação de leasing,

conforme demonstrado a seguir:

71

TABELA 10 Cálculo do EVA© da Cia Industrial Cataguases

R$ mil

Cálculo do EVA© Publicado

RIR Ajustado

NBC

NOPAT 24.083 24.127 CUSTO DE CAPITAL 31.525 31.692 EVA© (7.442) (7.565)

Fonte: dados da pesquisa

4.3 Demonstrativos da empresa Datasul S.A.

Na Demonstração de Resultados, houve o ajuste referente à operação do

leasing, na qual foi excluído o valor da contraprestação lançada como despesa

operacional ,no valor de R$ 615, incluída a despesa de depreciação do bem, no

valor de R$ 450, e a despesa com apropriação dos juros do financiamento, no valor

de R$ 60. Este ajuste ocasionou uma modificação no resultado, no valor de R$ 105

e, conseqüentemente, na provisão do IR/CSLL, no valor de R$ 23, influenciando no

lucro líquido do exercício, a quantia de R$ 82, gerando uma alteração na conta de

lucros acumulados, também refletida no balanço patrimonial. Em seguida, foi

calculado o NOPAT, de acordo com as demonstrações de resultados publicadas e

ajustadas. No NOPAT, além das alterações descritas acima, foram excluídas as

despesas financeiras no valor de R$ 3.750, ocasionando alteração na rubrica

provisão para IR/CSLL, no valor de R$ 37.

72

TABELA 11 Demonstração de Resultado do Exercício da empresa Datasul S/A

R$ mil

DRE Publicada RIR

Ajustada NBC

NOPAT Publicada

RIR

NOPAT Ajustada

NBC

Receita Bruta 175.373 175.373 175.373 175.373 Impostos e Devoluções (17.001) (17.001) (17.001) (17.001) Receita Líquida 158.372 158.372 158.372 158.372 CPV/CMV/CSP (58.334) (58.334) (58.334) (58.334) Lucro Bruto 100.038 100.038 100.038 100.038 Despesas operacionais Vendas (20.190) (20.190) (20.190) (20.190) Gerais e Adm. (13.125) (12.960) (13.125) (12.960) Despesas Financeiras (3.690) (3.750) 0 0 Receitas Financeiras 14.323 14.323 14.323 14.323 Outras Desp/Rec Operacionais (47.354) (47.354) (47.354) (47.354) Resultado operacional 30.002 30.107 33.692 33.857 Rec/Desp não operacionais 287 287 287 287 Resultado antes do IR/CSLL 30.289 30.394 33.979 34.144 Prov p/ IR/CSLL (7.867) (7.890) (7.533) (7.570) Participações 0 0 0 0 Lucro Líquido 22.422 22.504 26.446 26.574

Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

No Balanço Patrimonial,publicado as obrigações exigíveis, foram classificadas

em passivo oneroso e não oneroso, a fim de permitir o cálculo do custo de capital.

No balanço patrimonial ajustado, foi efetuado o ajuste da operação do arrendamento

mercantil financeiro, onde foi lançado no ativo permanente, no subgrupo Imobilizado,

o valor de R$ 2.249, referente ao valor do bem objeto do contrato, e ainda a

depreciação acumulada do bem, no valor de R$ 838. No passivo, foram incluídas as

parcelas vincendas do contrato de leasing, no valor de R$ 1.370, e os juros a

apropriar, no valor de R$ 134, foram lançados como conta redutora da conta

financiamentos. O efeito dos ajustes foi refletido no grupo do patrimônio líquido, no

valor de R$ 175.

73

TABELA 12 Balanço Patrimonial da empresa Datasul S/A

R$ mil

Balanço Patrimonial Publicado RIR

Ajustado NBC

Ativo Circulante 203.440 203.440 Realizável a Longo Prazo 6.746 6.746 Ativo Permanente 29.474 30.885 Total do Ativo 239.660 241.071 Passivo Circulante 26.761 27.997 Passivo não Oneroso 26.705 26.705 Passivo Oneroso 56 1.292 Exigível a Longo Prazo 14.746 14.746 Exigível não Oneroso 14.746 14.746 Exigível Oneroso 0 0 Patrimônio Líquido 198.153 198.328 Total do Passivo 239.660 241.071

Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

Após os ajustes necessários nos demonstrativos contábeis (exclusão da

despesa com leasing e inclusão da despesa com depreciação), foi preciso calcular o

custo de capital, para encontrar o valor do EVA©. O custo de capital próprio foi

calculado, utilizando a metodologia do CAPM. O custo de capital de terceiros foi

calculado, utilizando as taxas de empréstimos das fontes de financiamento que,

ponderados, resultam no custo médio ponderado de capital. O percentual do custo

do capital próprio, utilizado antes e depois do ajuste da operação do leasing, foi

29,20%, enquanto que o percentual do custo do capital de terceiros foi 29,75, antes,

e de 14,60, após o ajuste da operação de leasing. Esses percentuais, ponderados

com as respectivas fontes de financiamento, resultaram em um percentual de

29,20%, antes e de 29,10%, depois do ajuste. Calculados o NOPAT e o custo de

capital, foi possível obter o valor do EVA© ,antes e após os ajustes da operação de

leasing, conforme demonstrado abaixo:

74

TABELA 13 Cálculo do EVA© da empresa Datasul S/A

R$ mil

Cálculo do EVA© Publicado

RIR Ajustado

NBC

NOPAT 26.446 26.574 CUSTO DE CAPITAL 57.869 58.092 EVA© (31.423) (31.518)

Fonte: dados da pesquisa

4.4 Demonstrativos da empresa Localiza Rent a Car S.A.

Na Demonstração de Resultados, houve o ajuste referente à operação do

leasing, na qual foi excluído o valor da contraprestação lançada como despesa

operacional, no valor de R$989, incluída a despesa de depreciação do bem, no valor

de R$ 494 e incluída a despesa com apropriação dos juros no valor de R$ 61. Este

ajuste ocasionou uma modificação no resultado, no valor de R$ 494 e,

conseqüentemente, na provisão do IR/CSLL, no valor de R$ 42, influenciando no

lucro líquido do exercício, a quantia de R$ 452, gerando uma alteração na conta de

lucros acumulados, também refletida no balanço patrimonial. Em seguida, foi

calculado o NOPAT de acordo com as demonstrações de resultados publicada e

ajustada. No NOPAT, além das alterações descritas acima, foram excluídas as

despesas financeiras, no valor de R$ 71.641, ocasionando alteração na rubrica

provisão para IR/CSLL, no valor de R$ 47.

75

TABELA 14 Demonstração de Resultado da empresa Localiza Rent a Car S/A

R$ mil

DRE Publicada RIR

Ajustada NBC

NOPAT Publicada

RIR

NOPAT Ajustada

NBC

Receita Bruta 807.259 807.259 807.259 807.259 Impostos e Devoluções (16.531) (16.531) (16.531) (16.531) Receita Líquida 790.728 790.728 790.728 790.728 CPV/CMV/CSP (573.733) (573.733) (573.733) (573.733) Lucro Bruto 216.995 216.995 216.995 216.995 Despesas operacionais Vendas (55.813) (55.813) (55.813) (55.813) Gerais e Adm. (13.152) (12.597) (13.152) (12.597) Despesas Financeiras (71.580) (71.641) 0 0 Receitas Financeiras 20.564 20.564 20.564 20.564 Outras Desp/Rec Operacionais 32.440 32.440 32.440 32.440 Resultado operacional 129.454 129.948 201.034 201.589 Rec/Desp não operacionais 15 15 15 15 Resultado antes do IR/CSLL 129.469 129.963 201.049 201.604 Prov p/ IR/CSLL (11.058) (11.100) (17.172) (17.219) Participações 0 0 0 0 Lucro Líquido 118.411 118.863 183.877 184.385

Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

No Balanço Patrimonial publicado, as obrigações exigíveis foram classificadas

em passivo oneroso e não oneroso, a fim de permitir o cálculo do custo de capital.

No balanço patrimonial ajustado, foi efetuado o ajuste da operação do arrendamento

mercantil financeiro, no qual foi lançado, no ativo permanente, no subgrupo

Imobilizado, o valor de R$ 4.334, referente ao valor do bem objeto do contrato, e

ainda, a depreciação acumulada do bem, no valor de R$ 650. No passivo, foram

incluídas as parcelas vincendas do contrato de leasing no valor de R$ 3.461, e os

juros a apropriar, no valor de R$ 427, foram lançados como conta redutora da conta

financiamentos. O efeito dos ajustes foi refletido no grupo do patrimônio líquido, no

valor de R$ 650.

76

TABELA 15 Balanço Patrimonial da empresa Localiza Rent a Car S/A

R$ mil

Balanço Patrimonial Publicado RIR

Ajustado NBC

Ativo Circulante 302.654 302.654 Realizável a Longo Prazo 68.797 68.797 Ativo Permanente 1.106.954 1.110.638 Total do Ativo 1.478.405 1.482.089 Passivo Circulante 602.099 605.133 Passivo não Oneroso 483.681 483.681 Passivo Oneroso 118.418 121.452 Exigível a Longo Prazo 497.678 497.678 Exigível não Oneroso 45.099 45.099 Exigível Oneroso 452.579 452.579 Patrimônio Líquido 378.628 379.278 Total do Passivo 1.478.405 1.482.089

Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

Após os ajustes necessários nos demonstrativos contábeis (exclusão da

despesa com leasing e inclusão da despesa com depreciação), foi preciso calcular o

custo de capital para encontrar o valor do EVA©. O custo de capital próprio foi

calculado, utilizando a metodologia do CAPM, e o custo de capital de terceiros foi

calculado, utilizando as taxas de empréstimos das fontes de financiamento que,

ponderados, resultam no custo médio ponderado de capital. O percentual do custo

do capital próprio, utilizado antes e depois do ajuste da operação do leasing, foi

29,20%, enquanto que o percentual do custo do capital de terceiros foi 14,25, antes

e de 14,26, após o ajuste da operação de leasing. Estes percentuais ponderados

com as respectivas fontes de financiamento resultaram em um percentual de 20,21%

antes e de 20,20% depois do ajuste. Calculados o NOPAT e o custo de capital, foi

possível obter o valor do EVA© ,antes e após os ajustes da operação de leasing,

conforme demonstrado a seguir:

77

TABELA 16 Cálculo do EVA© da empresa Localiza Rent a Car S/A

R$ mil

Cálculo do EVA© Publicado

RIR Ajustado

NBC

NOPAT 183.877 184.385 CUSTO DE CAPITAL 191.908 192.563 EVA© (8.031) (8.178) Fonte: dados da pesquisa

4.5 Demonstrativos da empresa MRS Logística S.A.

Na Demonstração de Resultados, houve o ajuste referente à operação do

leasing, na qual foi excluído o valor da contraprestação lançada como despesa

operacional no valor de R$ 11.027, incluída a despesa de depreciação do bem no

valor de R$ 5.638, e incluída a despesa com a apropriação dos juros do

financiamento no valor de R$ 3.555. Este ajuste ocasionou uma modificação no

resultado, no valor de R$ 1.834 e, conseqüentemente, na provisão do IR/CSLL, no

valor de R$ 609, influenciando, no lucro líquido do exercício, a quantia de R$ 1.225,

gerando uma alteração na conta de lucros acumulados, também refletida no balanço

patrimonial. Em seguida, foi calculado o NOPAT, de acordo com as demonstrações

de resultados publicadas e ajustadas. No NOPAT, além das alterações descritas

acima, foram excluídas as despesas financeiras no valor de R$ 132.224,

ocasionando alteração na rubrica provisão para IR/CSLL ,no valor de R$ 1.788.

78

TABELA 17 Demonstração de Resultado do Exercício da empresa MRS Logística S/A

R$ mil

DRE Publicada RIR

Ajustada NBC

NOPAT Publicada

RIR

NOPAT Ajustada

NBC

Receita Bruta 2.273.530 2.273.530 2.273.530 2.273.530 Impostos e Devoluções (310.003) (310.003) (310.003) (310.003) Receita Líquida 1.963.527 1.963.527 1.963.527 1.963.527 CPV/CMV/CSP (1.039.257) (1.039.257) (1.039.257) (1.039.257) Lucro Bruto 924.270 924.270 924.270 924.270 Despesas operacionais Vendas (5.665) (5.665) (5.665) (5.665) Gerais e Adm. (84.813) (79.424) (84.813) (79.424) Despesas Financeiras (128.669) (132.224) 0 0 Receitas Financeiras 68.838 68.838 68.838 68.838 Outras Desp/Rec Operacionais 47.679 47.679 47.679 47.679 Resultado operacional 821.640 823.474 950.309 955.698 Rec/Desp não operacionais (7.438) (7.438) (7.438) (7.438) Resultado antes do IR/CSLL 814.202 816.036 942.871 948.260 Prov p/ IR/CSLL (273.262) (273.871) (312.886) (314.674) Participações 0 0 0 0 Lucro Líquido 540.940 542.165 629.985 633.586

Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

No Balanço Patrimonial publicado, as obrigações exigíveis foram classificadas

em passivo oneroso e não oneroso, a fim de permitir o cálculo do custo de capital.

No balanço patrimonial ajustado, foi efetuado o ajuste da operação do arrendamento

mercantil financeiro, onde foi lançado, no ativo permanente, no subgrupo

Imobilizado, o valor de R$ 56.382, referente ao valor do bem objeto do contrato, e,

ainda, a depreciação acumulada do bem, no valor de R$ 29.894. No passivo, foram

incluídas as parcelas vincendas do contrato de leasing, no valor de R$ 23.491, e os

juros a apropriar, no valor de R$ 7.573, foram lançados como conta redutora da

conta financiamentos. O efeito dos ajustes foi refletido no grupo do patrimônio

líquido, no valor de R$ 10.570.

79

TABELA 18 Balanço Patrimonial da empresa MRS Logística S/A

R$ mil

Balanço Patrimonial Publicado RIR

Ajustado NBC

Ativo Circulante 702.418 702.418 Realizável a Longo Prazo 285.701 285.701 Ativo Permanente 1.463.528 1.490.016 Total do Ativo 2.451.647 2.478.135 Passivo Circulante 956.913 972.831 Passivo não Oneroso 774.954 774.954 Passivo Oneroso 181.959 197.877 Exigível a Longo Prazo 581.523 581.523 Exigível não Oneroso 170.611 170.611 Exigível Oneroso 410.912 410.912 Patrimônio Líquido 913.211 923.781 Total do Passivo 2.451.647 2.478.135

Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

Após os ajustes necessários nos demonstrativos contábeis (exclusão da

despesa com leasing e inclusão da despesa com depreciação), foi preciso calcular o

custo de capital, para encontrar o valor do EVA©. O custo de capital próprio foi

calculado, utilizando a metodologia do CAPM, e o custo de capital de terceiros foi

calculado, utilizando as taxas de empréstimos das fontes de financiamento que,

ponderados, resultam no custo médio ponderado de capital. O percentual do custo

do capital próprio, utilizado antes e depois do ajuste da operação do leasing, foi

29,20%, enquanto que o percentual do custo do capital de terceiros foi 13,78 ,antes

e de 13,79, após o ajuste da operação de leasing. Estes percentuais ponderados

com as respectivas fontes de financiamento resultaram em um percentual de

23,13%,antes, e de 23,08%, depois do ajuste. Calculados o NOPAT e o custo de

capital, foi possível obter o valor do EVA© ,antes e após os ajustes da operação de

leasing, conforme demonstrado abaixo:

80

TABELA 19 Cálculo do EVA© da empresa MRS Logística S/A

R$ mil

Cálculo do EVA© Publicado

RIR Ajustado

NBC

NOPAT 629.985 633.586 CUSTO DE CAPITAL 348.293 353.649 EVA© 281.692 279.937

Fonte: dados da pesquisa

4.6 Demonstrativos da empresa Obrascon Huarte Lain Brasil S.A.

Na Demonstração de Resultados, houve o ajuste referente à operação do

leasing, na qual foi excluído o valor da contraprestação lançada como despesa

operacional, no valor de R$ 2.419, incluída a despesa de depreciação do bem no

valor de R$ 930, e incluída a despesa com a apropriação dos juros do

financiamento, no valor de R$ 49. Este ajuste ocasionou uma modificação no

resultado, no valor de R$ 1.440 e, conseqüentemente, na provisão do IR/CSLL, no

valor de R$ 496, influenciando no lucro líquido do exercício a quantia de R$ 944,

gerando uma alteração na conta de lucros acumulados, também refletida no balanço

patrimonial. Em seguida, foi calculado o NOPAT, de acordo com as demonstrações

de resultados publicadas e ajustadas. No NOPAT, além das alterações descritas

acima, foram excluídas as despesas financeiras, no valor de R$ 53.709,

ocasionando alteração na rubrica provisão para IR/CSLL, no valor de R$ 513.

81

TABELA 20 Demonstração de Resultado do Exercício da empresa Obrascon Huarte Lain

Brasil S.A

R$ mil

DRE Publicada RIR

Ajustada NBC

NOPAT Publicada

RIR

NOPAT Ajustada

NBC

Receita Bruta 471.331 471.331 471.331 471.331 Impostos e Devoluções (40.996) (40.996) (40.996) (40.996) Receita Líquida 430.335 430.335 430.335 430.335 CPV/CMV/CSP (214.639) (214.639) (214.639) (214.639) Lucro Bruto 215.696 215.696 215.696 215.696 Despesas operacionais Vendas 0 0 0 0 Gerais e Adm. (41.114) (39.625) (41.114) (39.625) Despesas Financeiras (53.660) (53.709) 0 0 Receitas Financeiras 18.104 18.104 18.104 18.104 Outras Desp/Rec Operacionais (13.604) (13.604) (13.604) (13.604) Resultado operacional 125.422 126.862 179.082 180.571 Rec/Desp não operacionais 403 403 403 403 Resultado antes do IR/CSLL 125.825 127.265 179.485 180.974 Prov p/ IR/CSLL (26.406) (26.902) (61.847) (62.360) Participações 0 0 0 0 Lucro Líquido 99.419 100.363 117.638 118.614

Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

No Balanço Patrimonial publicado, as obrigações exigíveis foram classificadas

em passivo oneroso e não oneroso, a fim de permitir o cálculo do custo de capital.

No balanço patrimonial ajustado, foi efetuado o ajuste da operação do arrendamento

mercantil financeiro, onde foi lançado, no ativo permanente, no subgrupo

Imobilizado, o valor de R$ 9.300, referente ao valor do bem objeto do contrato, e

ainda a depreciação acumulada do bem, no valor de R$ 1.395. No passivo, foram

incluídas as parcelas vincendas do contrato de leasing, no valor de R$ 8.548, e os

juros a apropriar, no valor de R$ 1.896, foram lançados como conta redutora da

conta financiamentos. O efeito dos ajustes foi refletido no grupo do patrimônio

líquido no valor de R$ 1.254.

82

TABELA 21 Balanço Patrimonial da empresa Obrascon Huarte Lain Brasil S.A

R$ mil

Balanço Patrimonial Publicado RIR

Ajustado NBC

Ativo Circulante 186.786 186.786 Realizável a Longo Prazo 40.415 40.415 Ativo Permanente 1.666.098 1.674.003 Total do Ativo 1.893.299 1.901.204 Passivo Circulante 485.558 492.209 Passivo não Oneroso 158.420 158.420 Passivo Oneroso 327.138 333.789 Exigível a Longo Prazo 749.636 749.636 Exigível não Oneroso 486.995 486.995 Exigível Oneroso 262.641 262.641 Patrimônio Líquido 658.105 659.359 Total do Passivo 1.893.299 1.901.204 Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

Após os ajustes necessários nos demonstrativos contábeis (exclusão da

despesa com leasing e inclusão da despesa com depreciação), foi preciso calcular o

custo de capital para encontrar o valor do EVA©. O custo de capital próprio foi

calculado, utilizando a metodologia do CAPM, e o custo de capital de terceiros foi

calculado, utilizando as taxas de empréstimos das fontes de financiamento que,

ponderados, resultam no custo médio ponderado de capital. O percentual do custo

do capital próprio, utilizado antes e depois do ajuste da operação do leasing, foi

29,20%, enquanto que o percentual do custo do capital de terceiros foi 14,29, antes

e depois do ajuste da operação de leasing. Esses percentuais ponderados com as

respectivas fontes de financiamento resultaram em um percentual de 22,15%, antes

e de 22,12%, depois do ajuste. Calculados o NOPAT e o custo de capital, foi

possível obter o valor do EVA©, antes e após os ajustes da operação de leasing,

conforme demonstrado a seguir:

83

TABELA 22 Cálculo do EVA© da empresa Obrascon Huarte Lain Brasil S.A

R$ mil

Cálculo do EVA© Publicado

RIR Ajustado

NBC

NOPAT 117.638 158.771 CUSTO DE CAPITAL 276.409 277.730 EVA© (158.771) (159.116) Fonte: dados da pesquisa

4.7 Demonstrativos da empresa Universo Online S.A.

Na Demonstração de Resultados, houve o ajuste referente à operação do

leasing, na qual foi excluído o valor da contraprestação lançada como despesa

operacional, no valor de R$ 2.756, incluída a despesa de depreciação do bem, no

valor de R$ 3.250 e incluída a despesa com a apropriação dos juros do

financiamento, no valor de R$ 1.085. Este ajuste ocasionou uma modificação no

resultado, no valor de R$ 1.579 e, conseqüentemente, na provisão do IR/CSLL, no

valor de R$ 18, influenciando no lucro líquido do exercício, no valor de R$ 1.561,

gerando uma alteração na conta de lucros acumulados, também refletida no balanço

patrimonial. Em seguida, foi calculado o NOPAT, de acordo com as demonstrações

de resultados publicadas e ajustadas. No NOPAT, além das alterações descritas

acima, foram excluídas as despesas financeiras no valor de R$ 18.180, ocasionando

alteração na rubrica provisão para IR/CSLL, no valor de R$ 1.561.

84

TABELA 23 Demonstração de Resultado do Exercício da empresa Universo Online S.A

R$ mil

DRE Publicada RIR

Ajustada NBC

NOPAT Publicada

RIR

NOPAT Ajustada

NBC

Receita Bruta 612.254 612.254 612.254 612.254 Impostos e Devoluções (151.311) (151.311) (151.311) (151.311) Receita Líquida 460.943 460.943 460.943 460.943 CPV/CMV/CSP (202.681) (199.926) (202.681) (199.926) Lucro Bruto 258.262 261.017 258.262 261.017 Despesas operacionais Vendas (83.012) (83.012) (83.012) (83.012) Gerais e Adm. (58.476) (58.476) (58.476) (58.476) Despesas Financeiras (17.095) (18180) 0 0 Receitas Financeiras 48.236 48.236 48.236 48.236 Outras Desp/Rec Operacionais (17.312) (20.561) (17.312) (21.646) Resultado operacional 130.603 129.024 147.698 146.119 Rec/Desp não operacionais (334) (334) (334) (334) Resultado, antes do IR/CSLL 130.269 128.690 147.364 145.785 Prov p/ IR/CSLL (37.760) (37.742) (37.953) (37.935) Participações 0 0 0 0 Lucro Líquido 92.509 90.948 109.411 107.850

Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

No Balanço Patrimonial publicado, as obrigações exigíveis foram classificadas

em passivo oneroso e não oneroso, a fim de permitir o cálculo do custo de capital.

No balanço patrimonial ajustado, foi efetuado o ajuste da operação do arrendamento

mercantil financeiro, onde foi lançado, no ativo permanente, no subgrupo

Imobilizado, o valor de R$ 16.249, referente ao valor do bem objeto do contrato, e

ainda a depreciação acumulada do bem, no valor de R$ 4.062. No passivo, foram

incluídas as parcelas vincendas do contrato de leasing, no valor de R$ 10.225, e os

juros a apropriar, no valor de R$ 1.911, foram lançados como conta redutora da

conta financiamentos. O efeito dos ajustes foi refletido no grupo do patrimônio

líquido, no valor de R$ 3.873.

85

TABELA 24 Balanço Patrimonial da empresa Universo Online S.A

R$ mil

Balanço Patrimonial Publicado RIR

Ajustado NBC

Ativo Circulante 478.086 478.086 Realizável a Longo Prazo 122.019 122.019 Ativo Permanente 81.018 93.205 Total do Ativo 681.123 693.310 Passivo Circulante 120.925 129.239 Passivo não Oneroso 120.925 120.925 Passivo Oneroso 0 8.314 Exigível a Longo Prazo 29.577 29.577 Exigível não Oneroso 29.577 29.577 Exigível Oneroso 0 0 Patrimônio Líquido 530.621 534.494 Total do Passivo 681.123 693.310 Fonte: www.cvm.gov.br, 2007 e dados da pesquisa

Após os ajustes necessários nos demonstrativos contábeis (exclusão da

despesa com leasing e inclusão da despesa com depreciação), foi preciso calcular o

custo de capital, para encontrar o valor do EVA©. O custo de capital próprio foi

calculado, utilizando a metodologia do CAPM, e o custo de capital de terceiros foi

calculado, utilizando as taxas de empréstimos das fontes de financiamento que,

ponderados, resultam no custo médio ponderado de capital. O percentual do custo

do capital próprio, utilizado antes e depois do ajuste da operação do leasing, foi

29,20%, enquanto que o percentual do custo do capital de terceiros foi de 13,67,

após o ajuste da operação de leasing, uma vez que a empresa não possuía

passivos onerosos. Esses percentuais ponderados com as respectivas fontes de

financiamento resultaram em um percentual de 26,94%, antes, e de 26,92%, depois

do ajuste. Calculados o NOPAT e o custo de capital, foi possível obter o valor do

EVA©, antes e após os ajustes da operação de leasing, conforme demonstrado a

seguir:

86

TABELA 25 Cálculo do EVA© da empresa Universo Online S.A

R$ mil

Cálculo do EVA© Publicado

RIR Ajustado NBC

NOPAT 109.411 107.850 CUSTO DE CAPITAL 154.920 157.554 EVA© (45.509) (49.704) Fonte: dados da pesquisa

87

4.8 Análise dos resultados

Com a contabilização do arrendamento mercantil em conformidade com a

norma brasileira de contabilidade, o endividamento da empresa aumenta, uma vez

que ocorre o registro da dívida no balanço patrimonial.

O registro da obrigação aumenta o custo de capital de terceiros, se a taxa da

operação de leasing for superior à taxa média de captação dos recursos da empresa

junto a terceiros. Se esta for inferior, o custo de capital de terceiros diminuirá,

restando analisar qual o impacto da operação, no conjunto dos empréstimos da

empresa. Como pode ser observado, em apenas uma empresa o custo médio

ponderado de capital aumentou, sendo que nas demais empresas ele diminuiu,

conforme demonstrado no quadro abaixo:

Empresa Leco Cataguases Datasul Localiza MRS OHL UOL Publicado

RIR 26,94 23,22 29,20 20,21 23,13 22,15 29,20 Ajustado

NBC 26,92 23,23 29,10 20,20 23,08 22,12 29,00 Quadro 15: Alteração no custo médio ponderado de capital Fonte: Dados do autor da pesquisa.

Quando a obrigação é registrada no balanço, a participação do capital de

terceiros aumenta em relação ao total do capital investido. Como o custo do capital

de terceiros é inferior ao custo do capital próprio, o custo médio ponderado do

capital reduz, fato ocorrido em quase todas as empresas.

Em relação à empresa Cataguases, houve aumento do CMPC, pois o efeito

do ajuste da operação do leasing no patrimônio líquido, ou seja, no capital próprio,

foi superior ao efeito ocasionado no passivo exigível, ou seja, no capital de terceiros.

Como o capital próprio é mais caro que o capital de terceiros, houve um aumento no

CMPC.

A seguir, há um gráfico comparativo do custo médio ponderado de capital

antes e depois dos ajustes da operação do leasing:

88

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

1 2 3 4 5 6 7

Publicado Ajustado

Gráfico 1: Comparativo do custo médio ponderado de capital Fonte: Dados da pesquisa

Outro fator observado foi que, em quase todas as empresas estudadas,

houve aumento do NOPAT, confirmando que as despesas lançadas, conforme a

legislação fiscal, são recuperadas mais rapidamente do que se fossem lançadas

conforme a NBC T 10.2. Ao excluir a despesa com o arrendamento mercantil

financeiro e incluir a despesa com a depreciação, o resultado aumentou, conforme

demonstrado abaixo, no quadro comparativo:

Empresa Leco Cataguases Datasul Localiza MRS OHL UOL Publicado

RIR 5.613 24.083 26.446 183.877 629.985 117.638 109.411 Ajustado

NBC 5.767 24.127 26.574 184.385 633.586 118.614 107.850 Quadro 16: Alteração no NOPAT Fonte: Dados do autor da pesquisa

Apenas na empresa UOL não houve aumento do NOPAT em função dos

ajustes da operação de leasing. Foi verificado que o aumento no NOPAT ocorreu,

porque o valor lançado pela empresa, como despesa de arrendamento mercantil, foi

inferior à depreciação no mesmo período, lançada como ajuste, ocasionando a

redução no resultado.

A seguir,há um gráfico demonstrando a variação do NOPAT em percentual,

após os ajustes da operação do leasing:

89

0,95

0,96

0,97

0,98

0,99

1,00

1,01

1,02

1 2 3 4 5 6 7

∆ NOPAT

Gráfico 2: Variação do NOPAT em percentual Fonte: Dados da pesquisa Pode ser observado que a variação do NOPAT, após os ajustes das

operações do leasing, ficou bem próximo de 1% em todas as empresas.

O aumento do NOPAT, a princípio, indica um aumento no EVA©, porém,

coube verificar a influência do ajuste no custo de capital. Se houve aumento no

custo de capital ,e se este foi proporcionalmente superior ao aumento do NOPAT, o

EVA© reduziu. Nas empresas estudadas, nota-se que apenas a empresa Leco teve

melhoria no EVA©, pois o aumento do NOPAT foi superior ao aumento do custo de

capital nas demais empresas; a forma de contabilização do leasing, tratado como

imobilizado, reduziu o indicador, conforme demonstrado no quadro abaixo:

Empresa Leco Cataguases Datasul Localiza MRS OHL UOL Publicado

RIR (38.351) (7.442) (31.423) (8.031) 281.692 (158.771) (45.509) Ajustado

NBC (38.313) (7.565) (31.518) (8.178) 279.937 (159.116) (49.543) Quadro 17: Alteração no EVA©

Fonte: Dados do autor da pesquisa

Assim sendo, observa-se que, na amostra de empresas analisada, o EVA©

da empresa foi afetado pela operação de arrendamento mercantil.

Dessa forma, ficou demonstrado, para a amostra considerada, que a forma de

contabilização da operação de arrendamento mercantil financeiro influencia o cálculo

do EVA©.

90

5 CONCLUSÃO

O objetivo desta pesquisa foi demonstrar a metodologia recomendada na

NBC T 10.2, no que se refere à contabilização das operações de arrendamento

mercantil financeiro, verificando o reflexo da contabilização desta operação no

cálculo do EVA©.

Foi efetuada uma pesquisa no site da CVM, a fim de identificar empresas que

possuem operações de arrendamento mercantil financeiro e demonstram essa

operação em suas notas explicativas. Foi observado que, dentre essas empresas, a

maioria não atende o que preceitua a NBC T 10.2, que trata da contabilização das

operações de arrendamento mercantil.

Foi detectado que a não inclusão da operação de arrendamento mercantil no

balanço patrimonial das empresas, não reflete a real situação econômica, financeira

e patrimonial das mesmas. A empresa não demonstra o seu real endividamento,

uma vez que o financiamento dessa operação não está registrado.

Um procedimento para minimizar essa distorção é a recomendação da CVM,

para que sejam incluídas nas notas explicativas, que são parte integrante das

demonstrações contábeis, as características dos contratos de leasing, e composição

patrimonial da empresa, se esta operação fosse tratada como financiamento. Como

essa recomendação é editada pela CVM, apenas as empresas que possuem o

registro naquele órgão, e que reportam as demonstrações contábeis ao mesmo, em

tese, atendem a essa orientação.

O Conselho Federal de Contabilidade, em sua NBC T 10.2, determina que os

bens adquiridos por intermédio de contratos de arrendamento mercantil financeiro

deverão integrar o ativo imobilizado da empresa, e as contraprestações mensais

deverão figurar no passivo. Em que pese essa norma advir do Conselho Profissional

da categoria, a instrução não é praticada pela maioria das empresas.

A forma de contabilização das operações de arrendamento mercantil mais

usual, ainda que correta para efeitos fiscais, mas errônea para efeitos societários, foi

definida pela lei 6099/74, que estabelece que as contraprestações pagas por força

do contrato de arrendamento mercantil serão consideradas como custo ou despesa,

dispositivo este, posteriormente,corroborado pelo regulamento do imposto de renda.

Esta disposição legal é o fator principal que faz com que as empresas não

91

atendam a orientação descrita na norma do Conselho Federal de Contabilidade. Ela

traz benefícios fiscais temporais no imposto de renda e na contribuição social das

empresas, uma vez que a despesa é dedutível na base de cálculo desses tributos.

A contabilização do arrendamento como despesa ou custo proporciona um

volume maior de despesas em menor tempo, do que se essa despesa fosse

recuperada por meio da depreciação do bem.

Durante a pesquisa, que foi realizada no site da CVM, foi detectado que

existem empresas as quais registram as operações de acordo com a NBC T, editada

pelo CFC, e outras que registram as operações de acordo com a norma fiscal, mas

atendem às recomendações da CVM, no que se refere à informação das

características do contrato e ,também,o efeito nas demonstrações, se esta operação

fosse contabilizada como financiamento – estas foram as empresas analisadas no

estudo – enquanto que outras tratam o arrendamento mercantil financeiro como

aluguel e não fazem nenhuma menção ao fato em notas explicativas.

Como o financiamento não é registrado no balanço patrimonial, o passivo da

empresa está subavaliado, já que não contempla essa dívida, e isto afeta o cálculo

do custo de capital da empresa.

Como o custo de capital é utilizado no cálculo do EVA©, e se este está

subestimado, irá resultar em um valor menor para o EVA©.

Por esse motivo, é indicado o ajuste do leasing para o cálculo do EVA©, e

notadamente, a forma de contabilização do leasing influencia no cálculo desse

indicador.

Observou-se na pesquisa, que poucas são as empresas que demonstram a

operação de arrendamento mercantil financeiro em suas demonstrações contábeis.

Por julgar que a operação de arrendamento mercantil financeiro é bastante praticada

no Brasil, haja vista a quantidade de empresas de arrendamento mercantil

existentes, o número de operações identificadas na pesquisa chega a ser

inexpressivo. Pode-se afirmar que a maioria das empresas trata o arrendamento

mercantil financeiro como custo ou despesa operacional e nem sequer mencionam o

fato em suas notas explicativas. Este fato não traduz a realidade das demonstrações

contábeis das empresas, uma vez que esta operação não é considerada no balanço

das empresas.

Outro fato a ser considerado é que a amostra foi extraída de empresas de

capital aberto, inscritas na comissão de valores mobiliários, periodicamente

92

auditadas por empresas de auditoria independentes e que deveriam informar a

operação.

A regulamentação da norma brasileira de contabilidade ou uma maior

fiscalização ou mesmo exigência dos órgãos reguladores se faz necessária, para

que as empresas passem a adotar um novo procedimento de contabilização e

publicação das suas demonstrações contábeis.

A adoção da norma brasileira de contabilidade por todas as empresas

possibilitaria uma uniformidade nas demonstrações e ainda um tratamento mais

adequado da operação de arrendamento mercantil financeiro.

Além de verificar se a forma da contabilização do arrendamento mercantil

financeiro influencia o cálculo do valor econômico agregado, uma das premissas

desta pesquisa foi mostrar a necessidade da contabilização desta operação no

balanço patrimonial em consonância com as normas internacionais.

A NBC T 10.2 muito se aproxima das normas internacionais de contabilização

das operações de arrendamento mercantil, as quais são praticadas em alguns

países. O seu objetivo é buscar convergências nas demonstrações contábeis,

aprimorando a comparabilidade das informações.

Esta dissertação objetiva estimular novas pesquisas sobre o arrendamento

mercantil financeiro, e espera ter contribuído para a comunidade acadêmica e

também empresarial, para que sejam observadas as normas brasileiras de

contabilidade, cujo objetivo é dar maior transparência, clareza e confiabilidade às

demonstrações contábeis.

93

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