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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA GEOGRÁFICA, GEOFÍSICA E ENERGIA O CONTRIBUTO DO ASSOCIATIVISMO NO CADASTRO FLORESTAL João Filipe Rodrigues Gaspar MESTRADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (Tecnologias e Aplicações) 2012

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UNIVERSIDADE DE LISBOA 

FACULDADE DE CIÊNCIAS 

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA GEOGRÁFICA, GEOFÍSICA E 

ENERGIA 

 

 

O CONTRIBUTO DO ASSOCIATIVISMO 

NO CADASTRO FLORESTAL 

 

João Filipe Rodrigues Gaspar 

 

MESTRADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA 

(Tecnologias e Aplicações) 

 

 

 

2012 

UNIVERSIDADE DE LISBOA 

FACULDADE DE CIÊNCIAS 

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA GEOGRÁFICA, GEOFÍSICA E 

ENERGIA 

 

 

O CONTRIBUTO DO ASSOCIATIVISMO 

NO CADASTRO FLORESTAL 

 

João Filipe Rodrigues Gaspar 

 

MESTRADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA 

(Tecnologias e Aplicações) 

 

Tese Orientada pela Prof. Ana Navarro Ferreira 

 

2012

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

João Gaspar  

"A palavra ''impossível'' é uma expressão infeliz;

nada se pode esperar daqueles que a usam frequentemente."

Carlyle, Thomas

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

i                                             João Gaspar  

Resumo As florestas em Portugal cobrem 38.8% da superfície terrestre total. Oitenta e sete por cento dessa área é propriedade privada, 10% são de terrenos comunitários (baldios) e apenas 3% pertence ao Sector Público Português. A falta de gestão florestal, a fragmentação excessiva da terra, o êxodo rural, o aumento dos incêndios florestais, entre outras razões, levou à criação das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), como um meio para resolver esses problemas. Um dos elementos estruturais necessários para a criação de uma ZIF é a existência de cadastro, geométrico ou simplificado, de todos os prédios dos aderentes ou, na ausência dele, um inventário da estrutura da propriedade numa escala adequada para a sua identificação. No entanto, devido à falta de cadastro para aproximadamente metade do território, pode haver a necessidade de adquirir dados cadastrais relativos às propriedades florestais com a finalidade exclusiva de criação de uma ZIF e que muitas vezes não é considerado como cadastro. Para superar a falta de dados cadastral, pretendemos avaliar a possível contribuição das Organizações de Produtores Florestais (OPF) para a execução do cadastro florestal, no âmbito do projecto Sistema Nacional de Exploração e Gestão de Informação Cadastral (SiNErGIC). Desde o início dos anos 90 até o presente, foram criadas cerca de 169 OPF para apoiar os proprietários florestais na gestão sustentável das suas propriedades florestais. As OPF foram questionadas sobre a metodologia utilizada para realizar os levantamentos de prédios rústicos e o seu interesse, através de benefícios mútuos, em adoptar as especificações técnicas do SiNErGIC nos seus levantamentos. Os principais objectivos deste estudo são a harmonização dos dados recolhidos por todas as OPF, a criação de uma base de dados única e transparente com os atributos necessários para a caracterização de todas os prédios e, consequentemente, a inclusão e/ou actualização desses prédios no cadastro português. Para recolher os dados no terreno, foi desenvolvida uma aplicação recorrendo ao software gratuito CyberTracker para ser usada por todas as OPF. Esta aplicação, que pode ser instalada num smartphone ou num PDA, permite em tempo real a recolha de dados dos limites do prédio (com um GPS acoplado), juntamente com os atributos que o caracterizam. Este procedimento permite não só uma aquisição de dados mais rápida, mas também a recolha da geometria e dos dados alfanuméricos em formato digital, o que constitui uma mais-valia para a implementação do cadastro. Os dados recolhidos com este aplicativo também podem ser integrados nas bases de dados das conservatórias do registo predial, das repartições de finanças e das câmaras municipais.

Palavras-chave: Cadastro Florestal, SiNErGIC, Organizações de Produtores Florestais, ZIF

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

ii                                             João Gaspar  

Abstract

Forests in Portugal cover 38.8% of the total land surface. Eighty seven percent of this area is privately owned, 10% is vacant or owned by local communities and only 3% belongs to the Portuguese Public Sector. The lack of forest management, the excessive land fragmentation, the rural exodus, the escalation of forest fires, among other reasons, led to the creation of Forest Intervention Zones (FIZ), as a mean to solve those problems. One of the structural elements required for the creation of a FIZ is the existence of a real property cadastre, geometric or simplified, of all the members’ parcels or in the absence of it, an inventory of the property structure in an appropriate scale for its identification. However, due to the lack of cadastre for approximately half of the territory, there might be the need to acquire cadastral data of the forest holdings with the exclusive purpose of creating a FIZ and that is often not considered as real property cadastre. To overcome the lack of cadastral data, we intend to evaluate the possible contribution of the Forest Owners Associations (FOA) for the forest cadastre execution in the scope of the National System for Managing and Exploring Cadastral Data (SiNErGIC) project. From the early 90’s until the present, about 169 FOAs have been created to assist forest owners in the sustainable management of their forest holdings. Several FOAs were asked about the methodology used to perform parcel surveys and their interest, in exchange of mutual benefits, in adopting the SiNErGIC technical specifications in those surveys. The main objectives of this study are the harmonization of the data collected by all FOAs, the creation of a unique and seamless database with the attributes required for the characterization of all parcels, and consequently the inclusion and/or update of those parcels in the Portuguese real property cadastre. To collect data in the field, an application, thought to be used by all FOA as a standard, was developed with the free CyberTracker software. This application, which can be installed in a smartphone or a PDA, allows real time collecting of the vertices of the property borders (with a GPS attached) along with their attributes. This procedure enables not only a faster data acquisition but also the collection of both geometry and alphanumeric data in digital format, which constitutes an added-value for the implementation of the real property cadastre. The data collected with this application might also be integrated in the real property registry offices, tax offices and city councils databases.

Keywords: Forestry Cadastre, SiNErGIC, Forest Owners Association, FIZ

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

iii                                             João Gaspar  

Agradecimentos

A força, o apoio e a dedicação de algumas pessoas foram fundamentais para a elaboração desta dissertação, o meu obrigado para todos os que percorreram comigo este caminho.

Em primeiro lugar, à Prof. Ana Navarro Ferreira pelo apoio na escolha do tema e pelo o incentivo em participar e divulgar o meu trabalho em encontros nacionais e internacionais alargando assim o contacto com várias pessoas. Além disso, o seu grande esforço e paciência no apoio e correcção de algumas lacunas e hábitos de escrita.

Agradeço a todas as Associações e pessoas que disponibilizaram a sua participação e interesse pelo tema abordado neste estudo.

Quero agradecer também aos meus primos, Ana Neves e João Neves, que humildemente me acolheram na sua casa, onde fui apoiado e incentivado durante o tempo da minha estadia na sua casa. Um obrigado não só pelo acolhimento, mas também pela partilha dos seus círculos de amigos que agora considero também como meus amigos.

Outra pessoa que me tem apoiado e que faz parte da minha vida, é a minha namorada Alexandra Ferreira da Glória que apesar dos quilómetros que nos separam sempre me acompanhou nesta caminhada e foi forte como eu a superar as saudades criadas pelos sucessivos compromissos que foram surgindo ao longo deste percurso de vida.

Para finalizar, quero agradecer a todas as pessoas com que me cruzei durante o meu percurso académico, as quais me proporcionaram um futuro melhor. O meu grande obrigado aos meus pais, António Manuel de Oliveira Gaspar e Maria João Azevedo Rodrigues Gaspar, obrigado pela vossa ajuda. Agora é a minha vez de vos ajudar.

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

iv                                             João Gaspar  

Índice 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

2. CADASTRO EM PORTUGAL ................................................................................................ 4

2.1 Conceito de Cadastro .................................................................................................... 4

2.2 Conceito de Prédio ........................................................................................................ 7

2.3 Contexto histórico português ....................................................................................... 11

2.4 Estado actual do Cadastro e as suas causas .............................................................. 14

3. PROJECTO SiNErGIC ......................................................................................................... 16

3.1 O que é? Para que serve? ........................................................................................... 16

3.2 Evolução do Projecto SiNErGIC .................................................................................. 18

3.3 Especificações Técnicas do projecto SiNErGIC .......................................................... 20

4. FLORESTA E O ASSOCIATIVISMO ................................................................................... 25

4.1 A Floresta..................................................................................................................... 25

4.2 Factores negativos da evolução da Floresta Portuguesa ............................................ 27

4.2.1 Minifúndio............................................................................................................. 27

4.2.2 Êxodo Rural ......................................................................................................... 27

4.2.3 Absentismo dos Proprietários .............................................................................. 27

4.2.4 Políticas Florestais ............................................................................................... 28

4.2.5 Incêndios Florestais ............................................................................................. 28

4.2.6 Ausência de Cadastro Florestal ........................................................................... 29

4.3 O perfil do proprietário florestal .................................................................................... 30

4.4 O Associativismo e o Aparecimento das Organizações de Produtores Florestais ....... 31

4.5 Tipos e distribuição das Organizações de Produtores Florestais ................................ 32

4.6 Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) e Certificação Florestal ..................................... 37

5. METODOLOGIA .................................................................................................................. 40

5.1 Questionários às OPF sobre o Cadastro Florestal ....................................................... 40

5.2 Interpretação dos resultados dos questionários e modelação da Base de Dados considerando o projecto SiNErGIC e as bases de dados das OPF ......................................... 44

5.3 Desenvolvimento de uma aplicação de recolha de informação ................................... 46

6. RESULTADOS ..................................................................................................................... 48

6.1 Questionários às OPF sobre o Cadastro Florestal ....................................................... 48

6.2 Modelação da Base de Dados padronizada para as OPF ........................................... 62

6.3 Desenvolvimento de uma aplicação de recolha de informação que apoia a base de dados 72

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

v                                             João Gaspar  

7. DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 76

7.1 O Cadastro em Portugal e o Projecto SiNErGIC .......................................................... 76

7.2 A Floresta e o Associativismo ...................................................................................... 77

7.3 A Cooperação entre o SiNErGIC e o Associativismo ................................................... 78

7.4 A Resposta dos Questionários sobre o Cadastro Florestal .......................................... 79

7.5 O uso da base de dados harmonizada nas OPF ......................................................... 81

7.6 A Criação da Aplicação ................................................................................................ 81

7.7 Problemas e potenciais Soluções ................................................................................ 81

8. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS .................................................................. 84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 86

ANEXOS ...................................................................................................................................... 89

Anexo A – Declarações de Titularidade do SiNErGIC ............................................................. 90

Anexo B – Especificações de Demarcação dos Marcos. ......................................................... 92

Anexo C – Esquema aplicacional do SiNErGIC. ...................................................................... 94

Anexo D – Auto de Reclamação do Prédio. ............................................................................. 95

Anexo E – Questionário às OPF sobre o Cadastro Florestal. .................................................. 97

Anexo F – Esquema elaborado com atributos das OPF e do SiNErGIC para a base de dados da caracterização dos Prédios Rústicos. ............................................................................... 103

Anexo G – Tabelas descritivas de atributos de algumas entidades. ...................................... 104 

 

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

vi                                             João Gaspar  

Lista de Figuras

Figura 2.1 – Estado Actual do Cadastro em Portugal Continental. Adaptado de IGP (2011). .................... 15 Figura 3.1 – Modelo Lógico do SiNErGIC. Adaptado de Julião et al. (2008). ............................................. 17 Figura 3.2 – Diagrama sobre as Fases da operação e Intervenientes. Adaptado de IGP (2009). .............. 21 Figura 4.1 – Percentagem de Usos do Solo no território nacional. ............................................................. 26 Figura 4.2 – N.º de Ocorrências no Ano 2010 por Distritos. ....................................................................... 29 Figura 4.3 – Hierarquia dos quatro tipos de OPF. ...................................................................................... 32 Figura 4.4 – Distribuição das OPF pelas diferentes Unidades Territoriais NUTS nível II. .......................... 35 Figura 4.5 – N.º de OPF distribuído pelo tipo e pelas DRF. ........................................................................ 35 Figura 4.6 – Ocupação dos tipos de solo dos Matos e Floresta. ................................................................ 36 Figura 4.7 – N.º de ZIF por Direcções Regionais Florestais. ...................................................................... 38 Figura 5.1 – Esquema de interligação de entidades respeitantes ao Cadastro Florestal. .......................... 45 Figura 5.2 – Interface do freeware CyberTracker. ...................................................................................... 46 Figura 5.3 – Esquema da Operação de Recolha e Armazenamento da Informação. ................................. 47 Figura 6.1 – Resultados Global dos Questionários às OPF sobre o uso do GPS. ..................................... 49 Figura 6.2 – Resultado da Questão 2 sobre a recolha de informação usada pelas OPF. .......................... 50 Figura 6.3 – Resultado da questão 3 relativa ao tipo de softwares usados nas OPF. ................................ 51 Figura 6.4 – Resultados da questão 4 sobre o tipo de GPS usados pela OPF. ......................................... 52 Figura 6.5 – Resultados da questão 5 sobre os métodos de processamento usados pelas OPF. ............. 53 Figura 6.6 – Resultados da questão 6 sobre a Grandeza de precisão usada pelas OPF. ......................... 54 Figura 6.7 – Resultados da questão 7 sobre suporte cartográfico nas OPF. ............................................. 55 Figura 6.8 – Resultados da questão 8 sobre o tipo de uso do solo registado pelas OPF. ......................... 56 Figura 6.9 – Resultados da questão 9 sobre o armazenamento da informação das OPF. ....................... 57 Figura 6.10 – Resultados da questão 10 sobre a Titularidade dos Prédios usadas pelas OPF. ................ 58 Figura 6.11 – Resultados da questão 12 sobre a forma de delimitação das ZIF’s pelas OPF. .................. 59 Figura 6.12 – Resultados da questão 14 sobre a importância da aplicação para OPF. ............................. 61 Figura 6.13 – Menu Inicial da Aplicação. .................................................................................................... 73 Figura 6.14 – Menus Referentes à Declaração de Titularidade. ................................................................. 73 Figura 6.15 – Menus e Sub-menus da Caracterização de Prédios Rústicos. ............................................. 74 Figura 6.16 - Simulação da aplicação de um Registo no software. ............................................................ 75

Lista de Quadros

Quadro 2.1 – Benefícios do uso das bases de registo predial em Portugal. Adaptado de Navarro (2009). . 7 Quadro 2.2 – Conceito de prédio nas diferentes peças legais. .................................................................. 10 Quadro 3.1 – Stakeholders do SiNErGIC, a sua função no mercado dos bens imobiliários. Adaptado de Julião et al. (2010). ..................................................................................................................................... 18 Quadro 4.1 – Diferentes tipos de proprietários (* dimensão com baixa produtividade e com muita regeneração natural; ** investimento com subsídios). Adaptado de Baptista e Santos (2005). ................. 30 Quadro 4.2 – Características das OPF de âmbito Nacional. ...................................................................... 33 Quadro 4.3 – Características das OPF de âmbito Regional. ...................................................................... 34 Quadro 4.4 – Características das OPF de âmbito Supramunicipal, Municipal ou Local e Complementar. 34 Quadro 6.1 – Entidade Titular. .................................................................................................................... 63 Quadro 6.2 – Entidade Levantamentos. ..................................................................................................... 63 Quadro 6.3 – Entidade Declaração. ............................................................................................................ 64

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

vii                                             João Gaspar  

Quadro 6.4 – Entidade Prédio. ................................................................................................................... 64 Quadro 6.5 – Entidade Representante. ...................................................................................................... 65 Quadro 6.6 – Entidade IRN. ........................................................................................................................ 66 Quadro 6.7 – Entidade DGCI. ..................................................................................................................... 66 Quadro 6.8 – Entidade Escritura. ................................................................................................................ 67 Quadro 6.9 – Entidade Esboço. .................................................................................................................. 68 Quadro 6.10 – Entidade Associado. ........................................................................................................... 68 Quadro 6.11 – Entidade Povoamento. ........................................................................................................ 69 Quadro 6.12 – Entidade Fitossanidade. ..................................................................................................... 69 Quadro 6.13 – Entidade ZIF. ...................................................................................................................... 70 Quadro 6.14 – Entidade Estação. ............................................................................................................... 70 Quadro 6.15 – Entidades Infraestruturas. ................................................................................................... 71 Quadro 6.16 – Entidade Parcelário. ............................................................................................................ 71 Quadro 6.17 – Entidade Tarifa (Finanças). ................................................................................................. 72

Lista de Tabelas

Tabela 3.1 – Erro Médio Quadrático planimétrico para Cartografia. Adaptado de Matos (2008). .............. 23 Tabela 4.1 – Distribuição da área florestal em Portugal por tipos de proprietários (Mendes et al., 2004). . 25 Tabela 4.2 – 5.º Inventário Florestal Nacional. Adaptado de AFN (2010). ................................................. 26 Tabela 4.3 – N.º de OPF distribuído pelo tipo e pelas DRF. ....................................................................... 36 Tabela 4.4 – Ocupação dos tipos de solo dos Matos e Floresta. ............................................................... 36 Tabela 4.5 – Números de ZIF e hectares totalizados por DRF. .................................................................. 38 Tabela 6.1 – Resultados dos questionários sobre o Uso de GPS. ............................................................. 48 Tabela 6.2 – Resultado da Questão 2 sobre a recolha de informação usada pelas OPF. ......................... 50 Tabela 6.3 – Resultado da questão 3 relativa ao tipo de softwares usados nas OPF. ............................... 51 Tabela 6.4 – Resultados da questão 4 sobre o tipo de GPS usados pela OPF. ........................................ 52 Tabela 6.5 – Resultados da questão 5 referente aos métodos de processamento. ................................... 53 Tabela 6.6 – Resultados da questão 6 sobre a Grandeza de precisão usada pelas OPF. ........................ 53 Tabela 6.7 – Resultados da questão 7 sobre suporte cartográfico nas OPF. ............................................. 54 Tabela 6.8 – Resultados da questão 8 sobre os usos do solo levantados nas OPF. ................................. 55 Tabela 6.9 – Resultados da questão 9 sobre o armazenamento da informação pelas OPF. ..................... 56 Tabela 6.10 – Resultados da questão 10 sobre a Titularidade dos Prédios usadas pelas OPF. ............... 57 Tabela 6.11 – Atributos das OPF distribuídos por temas. .......................................................................... 59 Tabela 6.12 – Resultados da questão 12 sobre a forma de delimitação das ZIF’s pelas OPF. ................. 59 Tabela 6.13 – Resultados da questão 13 sobre a participação das OPF no Projecto SiNErGIC. .............. 60 Tabela 6.14 – Resultados da questão 14 sobre a importância da aplicação para OPF. ............................ 61

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

viii                                             João Gaspar  

Lista de Acrónimos

AFN – Autoridade Florestal Nacional

AUGI – Áreas Urbanas de Génese Ilegal

CC – Código Civil

CIMI – Código de Imposto Municipal sobre Imóveis

CNIG - Centro Nacional de Informação Geográfica

DFCI – Defesa Florestal Contra Incêndios

DGCI – Direcção Geral de Contribuições e Impostos

DN – Digital Number

EMQ – Erro Médio Quadrático

EP – Estradas de Portugal

FIG – Fédération Internationale des Géomètres (Federação Internacional de Agrimensores)

Freeware – Software gratuito

GPS – Global Positioning System

IFADAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas

IGC – Instituto Geográfico e Cadastral

IGP – Instituto Geográfico Português

IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis

IMS – Imposto Municipal do Selo

IPCC - Instituto Português de Cartografia e Cadastro

IRN – Instituto de Registo e Notariado

Kv – Quilovolts

MDT – Modelo Digital do Terreno

NIP – Número de Identificação do Prédio

OPF – Organização de Produtores Florestais

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

ix                                             João Gaspar  

PCC – Permanent Committee on Cadastre in the European Union

PDA – Personal Digital Assistant

PDOP – Diluição de Precisão para o posicionamento tridimensional

PEIF – Planos Específicos de Intervenção Florestal

PGF – Plano Gestão Florestal

PROF – Plano Regional do Ordenamento Florestal

RCP – Regime de Cadastro Predial

REN – Rede Eléctrica Nacional

RTK – Real Time Kinematic

SIG – Sistemas de Informação Geográficos

SiNErGIC – Sistema Nacional de Exploração Geográfica de Informação Cadastral

UML – Unified Modeling Language

ZIF – Zonas de Intervenção Florestal

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

1                                                 João Gaspar  

1. INTRODUÇÃO

Em Portugal, a floresta abrange cerca de 3,5 milhões de hectares, correspondendo a 38.8% do território nacional, e representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB), contribuindo em cerca de 2% em termos de emprego da população activa. Relativamente ao perfil do proprietário, 87% da floresta pertence a proprietários privados, 10% correspondem a terrenos comunitários (baldios) e apena 3% pertence ao Estado Português. As florestas portuguesas são formadas por espécies de grande significância, mas o pinheiro-bravo, o sobreiro e eucalipto ocupam cerca de 2/3 do coberto florestal correspondendo as três principais espécies de produção em Portugal. Actualmente, a floresta portuguesa é ameaçada por factores tais como os incêndios florestais, a fragmentação dos prédios, o êxodo rural, as alterações climáticas e a falta de cadastro oficial. Para prevenir algumas destas causas, o Governo aprovou a legislação que estabelece a criação de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), publicada no Decreto-Lei n.º 127/2005, de 5 de Agosto e no Decreto-Lei n.º 15/2009, de 14 de Janeiro (revisão). A ZIF é uma área territorial delimitada por uma mancha contínua maioritariamente constituída por áreas florestais, que é submetida a planos de gestão florestal e de defesa florestal contra incêndios florestais através de uma entidade gestora. O objectivo principal da criação da ZIF é o de promover o agrupamento dos proprietários florestais com pequenos prédios rústicos de forma a criar uma dimensão que possibilite lucros através de gestão conjunta. A criação das ZIF serve como um incentivo à consolidação dos prédios e como desincentivo ao seu fraccionamento. Além disso, serve ainda para promover a reabilitação das áreas florestais afectadas pelos incêndios florestais e a redução de condições de ignição e de propagação dos incêndios florestais. A existência de ZIF permite a coordenação dos diferentes instrumentos que existem para o ordenamento do território. Um dos elementos estruturais requeridos para a criação das ZIF é a existência de cadastro oficial, geométrico ou simplificado numa escala apropriada à sua identificação. Contudo, os dados cadastrais actuais só estão disponíveis para metade do País. Uma vez que a criação das ZIF envolve a delimitação dos limites de floresta pertencentes a um ou mais proprietários, os dados cadastrais têm se adquiridos com o único propósito da criação da ZIF. Todavia, e de acordo com a legislação das ZIF, a delimitação territorial das ZIF deve obedecer aos limites dos prédios rústicos. Este tipo de informação geográfica (limites de exploração da floresta) é actualmente adquirido pelas Organizações de Produtores Florestais (OPF). As OPF surgiram nos meados dos anos 90, depois de alguma tentativas falhadas de criar serviços de divulgação através de programas públicos co-financiados pela União Europeia para dar suporte técnico aos proprietários florestais privados. Presentemente, existem cerca de 169 OPF em Portugal com a missão de ajudar os proprietários florestais na gestão florestal. As OPF prestam vários serviços aos proprietários florestais, tais como, a silvicultura preventiva, o suporte legal e técnico e os levantamentos perimetrais. Os levantamentos perimetrais são realizados pelas OPF devido à falta de cadastro oficial.

Apesar de várias tentativas de implementação de um sistema cadastral, Portugal é um dos últimos países da Europa onde cadastro oficial não se encontra completo. O conhecimento dos limites e da titularidade da propriedade é reconhecidamente imprescindível para as actividades de planeamento, gestão e apoio à decisão sobre a ocupação e uso do território, para a regulação da repartição das mais-valias fundiárias e para a gestão, controlo e desenvolvimento dos recursos

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

2                                                 João Gaspar  

naturais das obras públicas. Em Portugal, o maior esforço de execução cadastral ocorreu entre as décadas de 30 e 90 do século XX, tendo sido efectuado o cadastro geométrico da propriedade rústica (CGPR) em 126 concelhos, correspondentes a cerca de 50% da área total do País, mas, como a própria designação o faz prever, apenas os prédios rústicos dos concelhos abrangidos foram cadastrados. De forma a conseguir um sistema nacional cadastral que abrange-se o País inteiro, a Resolução de Conselho de Ministros n.º45/2006 de 4 Maio assegurou da criação do projecto SiNErGIC que configura-se como parte de um sistema partilhado de informação territorial, que garante a gestão uniforme e informática dos conteúdos cadastrais, de forma compatível entre os diversos sistemas utilizados pelas entidades competentes para a sua produção, e a sua actualização permanente, segundo princípios de validação e harmonização que garantam a coerência do sistema.

O objectivo desta tese consistiu em avaliar a contribuição das OPF para a implementação do cadastro florestal no âmbito do projecto SiNErGIC. Inicialmente, foi desenvolvido um questionário que foi posteriormente enviado a todas as OPF para conhecimento da metodologia usada por cada uma na realização dos levantamentos perimetrais e do seu interesse em adoptarem as especificações técnicas do SiNErGIC em troca de benefícios mútuos. A análise das respostas aos questionários permitiu a identificação dos atributos comuns usados pelas OPF para a caracterização dos prédios rústicos e dos métodos adoptados nos levantamentos dos limites dos prédios rústicos. Com base nos resultados desta análise, a informação alfanumérica foi harmonizada com o propósito de desenvolver uma base de dados padrão para todas as OPF. O modelo de dados desenvolvido contém não só os atributos requeridos pelas OPF para a caracterização dos seus prédios rústicos, mas também os atributos considerados no modelo de dados proposto para o projecto SiNErGIC. Este modelo de dados permite o estabelecimento de parcerias entre as OPF e as entidades envolvidas na execução do cadastro de prédios rústicos. Outro objectivo deste trabalho foi a criação e desenvolvimento de uma aplicação recorrendo a um freeware, o qual pode ser instalado em dispositivos móveis com a finalidade de simplificar a recolha de dados no terreno. Esta aplicação será desenvolvida para dispositivos móveis que suportem o sistema operativo Windows Mobile e Windows CE e permitirá a recolha de informação referente à caracterização de prédios rústicos e da informação requerida pelo SiNErGIC.

A contribuição do presente trabalho irá munir as OPF de base de dados harmonizadas em que todas elas armazenem informação uniformizada sobre a caracterização dos prédios rústicos. Além disso, armazena também informação essencial para o projecto SiNErGIC. Permitirá às OPF fornecerem a sua informação mediante autorização do proprietário com qualidade para outras entidades interessadas nessa informação através de protocolos de parceria e cooperação, nomeadamente o projecto SiNErGIC, Autoridade Florestal Nacional e Serviço de Finanças. Relativamente à aplicação desenvolvida, esta servirá de apoio aos técnicos das OPF a agilizarem processos de recolha de informação e evitar assim o uso de utensílios tradicionais como os formulários de papel. Isto permitirá a recolha de mais informação no campo e facilitar a descarga e associação da informação em gabinete nas bases de dados convencionais ou bases de dados com sistemas de informação geográfica. Pretende-se também sugerir soluções para aumentar entendimento entre as OPF e o IGP na forma como é recolhida a informação geográfica de forma a ser partilhada, e também sugerir algumas ideias para evitar alguns

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

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problemas identificados na legislação do CIMI e na fragmentação das propriedades. A presente tese está organizada em oito capítulos. O capítulo seguinte descreve o cadastro em Portugal e está organizado em subcapítulos onde é explicado uma breve história do conceito de cadastro e a sua origem, o conceito de prédio, o contexto histórico português, o estado actual do cadastro e as suas causas. Este enquadramento serve para o capítulo três que está subdividido em três subcapítulos e onde é descrito o projecto SiNErGIC indicando o que é e para que serve, explicando as razões da sua criação, os seus objectivos e as suas contribuições para a realização do cadastro. É explicado também a sua evolução desde a sua criação até à actualidade e as especificações técnicas que englobam os trabalhos no projecto SiNErGIC.

O capítulo quatro é dividido em 6 subcapítulos que retractam a situação actual da Floresta Portuguesa, os factores negativos da evolução da floresta portuguesa, o perfil do proprietário florestal, o associativismo, os tipos de organizações de produtores florestais, e as Zonas de Intervenção Florestal e Certificação Florestal. Ao longo do capítulo é mencionando a actual situação da floresta, os seus principais produtos e as ameaças que tem sofrido ao longo destes anos. Além da floresta, é descrito o movimento associativista que vieram apoiar a gestão florestal dos proprietários florestais sendo também referido o âmbito da criação das ZIF e a sua importância como um instrumento para melhorar a produtividade florestal e permitir a gestão florestal sustentável, são também descritos neste capítulo. O Capítulo seguinte, capítulo cinco, descreve a metodologia adoptada no caso em estudo, a qual é constituída por três etapas: a preparação do questionário para enviar às OPF, com objectivo de avaliar o tipo de atributos que são usados para a caracterização dos prédios rústicos e a forma como os levantamentos perimetrais são executados; o desenvolvimento de uma base de dados padrão com atributos comuns a todas as OPF e interoperável com a base de dados proposta pelo projecto SiNErGIC; e o desenvolvimento de uma aplicação para simplificar a recolha de dados no terreno. No capítulo seis, o capítulo Resultados, é descrito os resultados dos questionários e são discutidos os atributos fornecidos pelas OPF de forma a servirem para a implementação do modelo de base de dados e a forma de como foi feita a aplicação freeware para o cadastro florestal. O capítulo sete Discussão, descreve a opinião sobre os resultados obtidos nos questionários, refere de que forma a base de dados poderá contribuir para uma organização e armazenamento dos dados da caracterização dos prédios rústicos e da informação requerida pelo SiNErGIC, explica de que forma a aplicação poderá ajudar as OPF na recolha da informação e finalizando a discussão é descrito soluções e opiniões que possam contribuir para melhorar a situação actual do cadastro. Finalmente, no capítulo oito Conclusões e Acções Futuras são referidas as conclusões obtidas deste trabalho e são indicadas algumas acções futuras a fazer sobre esta temática.

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2. CADASTRO EM PORTUGAL

2.1 Conceito de Cadastro

A palavra Cadastro deriva do grego “Katastikhon” que significa linha por linha e que na sua extensão quer dizer “lista” ou “registo”. Existem vários conceitos que definem a palavra cadastro. Dentro das várias definições a que mostra ser a mais completa é a descrita pela Federação Internacional dos Agrimensores que define o cadastro como:

“O Cadastro é normalmente um sistema de informação do terreno, orientado com base na parcela, que contém um registo de interesses relativos ao terreno (ex.: direitos, restrições e responsabilidades). Este sistema inclui usualmente a descrição geométrica das parcelas de terreno associada a outros atributos que descrevam a natureza dos interesses, a titularidade ou o controlo desses interesses, e muitas vezes o valor da parcela e sua actualização. Este sistema pode ser estabelecido para propósitos fiscais (ex.: avaliação e tributação equitativa), para propósitos legais (alienação), para auxílio na gestão do terreno e do uso do terreno (ex.: para planeamento e outros propósitos administrativos), e para possibilitar o desenvolvimento sustentável e protecção ambiental.”

O cadastro está associado ao conceito de solo que é a porção de terra que caracteriza não só a sua superfície e os seus direitos associados, mas também os direitos subterrâneos e até aéreos (Guilherme, 2008). Segundo Dale e McLaughlin (1990), quando falamos de solo e dos direitos a ele relacionados, há que incluir atributos físicos e abstractos, desde o direito de construir na superfície, aos direitos subterrâneos relativos a aquíferos ou minérios, nomeadamente o direito de uso e exploração dos mesmos.

O conceito de cadastro tem vindo a alterar-se significativamente ao longo das últimas décadas, evoluindo da acepção, mais restrita e tradicional, de inventário de bens imóveis elaborado para fins quase exclusivamente do âmbito fiscal, para uma nova acepção, mais lata, que contempla outros temas para além da propriedade imobiliária, e outras finalidades para além das fiscais (Silva, 1996). O processo de evolução do conceito de cadastro deu origem a conceitos afins, como os de cadastro multifuncional, cadastro multitemático e sistema de cadastros (Silva, 1996). Este conceito foi alargado e nos dias de hoje quando falamos em cadastro, falamos num cadastro multifuncional que vai para além da tributação fiscal de uma propriedade possibilitando a criação de cadastros com múltiplas funcionalidades como por exemplo, sistemas cadastrais de redes de água, rede viária, rede de esgotos, linhas electrificadas, linhas ferroviárias, entre tantas outras. O cadastro multifuncional possibilita também uma maior gestão dos recursos do país através do ordenamento do território.

A importância dos sistemas cadastrais faz-se sentir em diversas áreas, mas principalmente nas áreas fiscais e ligadas à gestão e planeamento territorial, constituindo uma poderosa ferramenta ao serviço das autoridades com competência administrativa sobre o território (Williamson e Enemarke, 1996). Os sistemas cadastrais não constituem fins em si próprios, uma vez que o sucesso dos mesmos não depende da complexidade da sua moldura legal nem da sofisticação técnica dos mapas ou dos levantamentos cadastrais, mas sim na medida em que protegem os

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direitos territoriais através do reconhecimento e registo público, funcionando, assim, como uma ferramenta de auxílio a transacções comerciais justas e eficazes.

No passado, nas sociedades cuja economia assentava predominantemente na actividade agrícola, os impostos sobre a propriedade fundiária, e em particular sobre a propriedade rústica, constituíam uma fonte de receita fundamental para a Administração Pública. O cadastro da propriedade fundiária surgiu assim para responder à necessidade, por parte da Administração, de dispor de informação que lhe permitisse determinar o montante daqueles impostos, bem como identificar os contribuintes (Silva, 1996). Actualmente os cadastros modernos assentam em três finalidades que são, fiscais, jurídicas e de ordenamento de território. No nosso país essas finalidades estão distribuídas por vários ministérios. A finalidade fiscal está atribuída ao Ministério das Finanças para efeito de tributações, a finalidade jurídica está atribuída ao Ministério da Justiça onde comprova o direito da titularidade e uso, e por fim a finalidade do ordenamento do território que está associado ao Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território.

Segundo Silva (1996), a maioria dos cadastros modernos tiveram como base o cadastro francês que era orientado para finalidades fiscais e praticava a execução de um cadastro geométrico que se destinava a recolher informação alfanumérica de caracterização dos prédios que permitisse a determinação correcta das áreas e posterior determinação da respectiva contribuição. Portugal foi um dos muitos países da Europa a seguir este tipo de cadastro surgindo em 1926 o Cadastro Geométrico da Propriedade Rústica que tinha três objectivos: a identificação dos contribuintes, o levantamento e registo de informação (alfanumérica e gráfica) necessário para operações de avaliação e a avaliação predial. A avaliação predial era então efectuada com o objectivo de permitir uma justa e real tributação dos impostos, de acordo com o descrito no Decreto nº 11 859, de 7 de Julho de 1926: “A operação de avaliação é conduzida com o objectivo de praticamente conseguir a maior equidade na determinação do rendimento líquido a atribuir aos diferentes prédios”. Estas operações eram efectuadas com a partição de todos os proprietários, sendo a demarcação dos prédios feita em consenso evitando casos de litígios ou a consequente reclamação. Este reconhecimento e validação constituía efectivamente o comprovativo de que um determinado prédio pertencia a um determinado titular.

Em Portugal, o organismo responsável pelo Cadastro é o Instituto Geográfico Português (IGP), sob a tutela do actual Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território. As competências do IGP não dizem só respeito ao cadastro, mas também abrangem as áreas da Cartografia e Geodesia sendo ainda responsável pela produção cartográfica de pequena e média escala oficial, bem como pelo estabelecimento e manutenção das redes geodésicas. As competências do IGP relativas ao Cadastro Predial incluem o estabelecimento, a renovação e a actualização do Cadastro, a criação de normas e padrões para o Cadastro e o fornecimento de informação cadastral aos utilizadores.

Relacionados com o Cadastro estão os Serviços de Finanças, pertencentes ao Ministério das Finanças através da Direcção Geral dos Impostos (DGCI), os quais são responsáveis pela Matriz Predial que regista e actualiza o registo real do valor dos prédios através do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), além de outros impostos (Silva, 2005). O Registo fiscal rural foi parcialmente

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constituído com informação fornecida pelo Cadastro Geométrico da Propriedade Rústica, a qual se encontra desactualizada resultando em impostos desactualizados, que não obedecem ao princípio da equidade. Desde 1989 que os Municípios, são os beneficiários do IMI, mas não têm competência sobre a gestão do imposto, que é realizada totalmente pelo Ministério das Finanças, que recolhe as receitas e as entrega aos Municípios. A única competência municipal é a decisão sobre a taxa de imposto (rural e urbano) a aplicar, dentro dos limites estabelecidos por lei. Quanto à relação actual entre o Cadastro e os Municípios, estes usam informações do cadastro, mas não participam na sua criação ou manutenção (Silva, 2005).

As conservatórias do Registo Predial e os Notários são dependentes do Ministério da Justiça, através do Instituto dos Registos e Notariado (IRN), sendo que o Registo Predial permite a identificação do titular do direito de propriedade de um dado prédio. No entanto, estes registos têm uma relação virtualmente nula com o Cadastro Rústico (o único tipo que é efectivo), visto que não usam o Cadastro, nem contribuem para a sua actualização. A regulamentação de 1995 (Decreto-Lei n.º 172/95, 18 de Julho) previu uma situação diferente, em que todos os serviços da administração pública usassem um identificador cadastral comum designado por Número de Identificação do Prédio (NIP) que servisse como identificador comum dos prédios.

A articulação entre o registo predial, a matriz predial e informação georreferenciada relativa a um dado prédio permite aos proprietários conhecerem a localização e delimitação dos seus bens imóveis, bem como o seu valor real. A actualização desta informação permite minimizar os aspectos burocráticos que envolvem a compra e venda de prédios, e a correcta regulação das tributações referente ao conteúdo dos prédios. Estas são algumas das mais-valias para os proprietários mas na consciência destes paira ainda a desconfiança relativa a possíveis consequências, como por exemplo, a cobrança de impostos sobre o uso da terra e os seus rendimentos de exploração, ou ainda o pagamento da execução do cadastro.

O cadastro permite ainda facilitar as expropriações de prédios de proprietários privados por parte de entidades públicas e privadas, dado que possibilita o cálculo do valor real e justo do património (indemnização), diminuindo a especulação imobiliária que muitas das vezes existe neste meio. A existência de cadastro predial permite ainda a atribuição de subsídios para investir e rentabilizar as propriedades. No Quadro 2.1 é feito um resumo dos benefícios do uso das bases de registo predial em Portugal:

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Interesse

Registo de Base Predial

Cadastro Predial

Matriz Predial Registo Predial

Público Tributação eficaz e equitativa X X

Diminuição de situações de conflito

X X

Segurança e eficiência nas transacções imobiliárias

X X

Informação de base para uma administração eficiente do território

X X

Privado Garantia de direitos (direito de propriedade, etc..)

X X

Diminuição de situações de conflito

X X

Segurança e eficiência nas transacções imobiliárias

X X

Acesso ao crédito X

Quadro 2.1 – Benefícios do uso das bases de registo predial em Portugal. Adaptado de Navarro (2009).

2.2 Conceito de Prédio

O conceito de prédio existe na legislação portuguesa em três documentos oficiais e num em regime experimental, apresentando distintas definições que podem gerar alguma confusão. O conceito de prédio pode ser encontrado no Código do Imposto Municipal sobre Imóveis (CIMI), no Código Civil (CC), no Regulamento do Cadastro Predial (RCP) e no Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial e no Regime Experimental da execução, exploração e acesso à informação cadastral mais conhecido como SiNErGIC.

Segundo o Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de Novembro referente ao Código do Imposto Municipal sobre Imóveis, um prédio é definido da seguinte forma (art. 2.º): “… prédio é toda a fracção de território, abrangendo as águas, plantações, edifícios e construções de qualquer natureza nela incorporados ou assentes, com carácter de permanência, desde que faça parte do património de uma pessoa singular ou colectiva e, em circunstâncias normais, tenha valor económico, bem como as águas, plantações, edifícios ou construções, nas circunstâncias anteriores, dotados de autonomia económica em relação ao terreno onde se encontrem implantados, embora situados numa fracção de território que constitua parte integrante de um

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património diverso ou não tenha natureza patrimonial”. No artigo 19.º do mesmo Decreto-Lei é apresentada a definição de parcela, como sendo: “… a porção contínua de terreno, situada num mesmo prédio rústico, a que corresponda, como norma, uma única qualidade e classe de cultura ou, ainda, uma dependência agrícola ou parte dela”.

O presente CIMI faz a distinção entre três tipos de prédios, prédios rústicos (art. 3.º), prédios urbanos (arts. 4.º e 6.º) e prédios mistos (art. 5.º). O art. 3.º descreve os prédios rústicos como terrenos situados fora de um aglomerado urbano, que não sejam terrenos para construção e que tenham como objectivo a produção de rendimentos agrícolas, sendo que podem incluir edifícios ou construções com carácter acessório de reduzido valor que servem de apoio à obtenção do rendimento agrícola.

Os artigos. 4.º e 6.º do CIMI são relacionados com os prédios urbanos sendo que no primeiro é referido que os prédios urbanos são todos aqueles que não são classificados de prédios rústicos. No artigo. 6.º são descritas as diferentes espécies de prédios urbanos, tais como habitacional, comerciais, industriais (ou para o exercício de actividades profissionais independentes), terrenos para construção e outros. No artigo. 5.º, os prédios mistos são descritos como prédios que possuam partes rústicas e urbanas que não podem ser caracterizados na íntegra como prédios rústico ou prédio urbano.

O Código Civil, legislado pelo Decreto-Lei n.º 47344, de 25 de Novembro de 1966, faz referência ao prédio de forma indirecta em três artigos, artigos. 202.º, 203.º e 204.º. O artigo 202.º descreve a noção das coisas como: “Diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objecto de relações jurídicas”. No artigo 203.º é feita a classificação das coisas indicando que: “as coisas são imóveis ou móveis, simples ou compostas, fungíveis ou não fungíveis, consumíveis ou não consumíveis, divisíveis ou indivisíveis, principais ou acessórias, presentes ou futuras”. De seguida, o artigo 204.º refere que: “1- São coisas imóveis: a) prédios rústicos, prédios urbanos; b) as águas, c) as árvores, os arbustos e os frutos naturais, enquanto estiverem ligados ao solo; d) os direitos inerentes aos imóveis mencionados nas alíneas anteriores; e) as partes integrantes dos prédios rústicos e urbanos”.

Segundo o CC e o CIMI existe uma distinção entre prédios rústicos e prédios urbanos, mas mais uma vez os conceitos são distintos em ambos os documentos. O CC faz a distinção dos prédios no ponto 2 do artigo 204.º da seguinte forma: “… prédio rústico uma parte limitada do solo e as construções nele existentes que não tenham autonomia económica, e por prédio urbano qualquer edifício incorporado no solo, com os terrenos que lhe sirvam de logradouro”. No caso do CIMI, os prédios rústicos são terrenos situados fora de um aglomerado urbano, que não sejam terrenos para construção e que tenham como objectivo a produção de rendimentos agrícolas, sendo que podem incluir edifícios ou construções com carácter acessório de reduzido valor que servem de apoio à obtenção do rendimento agrícola. Relativamente aos prédios urbanos, o CIMI refere no artigo 4.º que: “Prédios urbanos são todos aqueles que não devam ser classificados como rústicos, sem prejuízo do disposto artigo seguinte.” Além dos dois o CIMI abrange um terceiro tipo, o prédio misto que é definido no artigo 5.º no ponto 1 e 2 como prédios que possuam parte urbana e parte rústica e quando dos dois tipos de prédios não seja identificada um dos prédios como parte principal.

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O Regulamento de Cadastro Predial (RCP) legislado pelo Decreto-Lei n.º 172/95, de 18 de Julho define prédio como (art. 1.º): “… uma parte delimitada do solo juridicamente autónoma, abrangendo as águas, plantações, edifícios e construções de qualquer natureza nela existentes ou assentes com carácter de permanência, e, bem assim, cada fracção autónoma no regime de propriedade horizontal”. Devido à sucessiva ausência de cadastro foi publicado em 2007 o Decreto-Lei n.º 224/2007, de 31 de Maio referente ao Regime experimental da execução, exploração e acesso à informação cadastral, visando a criação do SiNErGIC, no qual um prédio é descrito como sendo (art. 6.º): “… parte delimitada do solo juridicamente autónoma, abrangendo as águas, plantações, edifícios e construções de qualquer natureza nela incorporados ou assentes com carácter de permanência”, apresentando uma alteração relativamente ao RCP que consiste na não inclusão das fracções autónomas no regime de propriedade horizontal.

Finalizando a comparação do conceito prédio nas diferentes peças legais, está também em vigor o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT) (Decreto-Lei nº 46/2009, de 20 de Fevereiro – sexta alteração ao Decreto-Lei nº 380/99, de 22 de Setembro) que estabelece indirectamente no artigo 72.º a classificação de prédio rústico e de prédio urbano como solo rural e urbano, respectivamente. Na alínea a) do referido artigo, o solo rural caracteriza-se por aquele que serve para actividades agrícolas, pecuárias, florestais ou minerais sendo também incluídos espaços naturais de protecção e infra-estruturas que não constituam estatuto de solo urbano. Por outro lado, na alínea b) do mesmo artigo é referido que o solo urbano é todo aquele em que é reconhecida vocação para processos de edificação e urbanização ou em casos de urbanização programada constituindo um perímetro urbano. O Quadro 2.2 mostra uma comparação entre os vários documentos legais tendo em linha de conta, o conceito prédio, a natureza e a função/objectivo:

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Conceito Natureza do prédio Função / Objectivo

CC Coisas imóveis passíveis de relações jurídicas Rústico Urbano - Jurídica

CIMI

Toda a fracção de território, abrangendo as águas, plantações, edifícios e construções de qualquer natureza nela incorporados ou assentes, com carácter de permanência, desde que faça parte do património de uma pessoa singular ou colectiva e, em circunstâncias normais, tenha valor económico relação ao terreno onde se encontrem implantados, embora situados numa fracção do território que constitua parte integrante de um património diverso ou não tenha natureza patrimonial.

Rústico Urbano Misto Fiscal

RCP

Parte delimitada do solo juridicamente autónoma, abrangendo as águas, plantações, edifícios e construções de qualquer natureza nela existentes ou assentes com carácter de permanência, e, bem assim, cada fracção autónoma no regime de propriedade horizontal

- - - Jurídica, Fiscal e Ordenamento do Território

RJIGT A classificação do solo determina o destino básico dos terrenos, assentando na distinção fundamental entre solo rural e solo urbano.

Solo Rural

Solo Urbano

- Ordenamento do Território

SiNErGIC

Parte delimitada do solo juridicamente autónoma, abrangendo as águas, plantações, edifícios e construções de qualquer natureza nela incorporados ou assentes com carácter de permanência.

- - - Jurídica, Fiscal e Ordenamento do Território

Quadro 2.2 – Conceito de prédio nas diferentes peças legais.

 

 

 

 

 

 

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2.3 Contexto histórico português

A primeira tentativa conhecida para criar o Cadastro remonta a 1801, quando foi publicada uma lei que estipulava o estabelecimento de um Cadastro com efeitos fiscais, abrangendo a propriedade rural e urbana, com descrições alfanuméricas e cartográficas, vinculada a um registo de acções, mas que apesar da atitude moderna deste decreto, nunca foi posto em prática (Silva, 2005).

Em 1848 sem qualquer desenvolvimento do cadastro Português, o Conselheiro António José D'Ávila fez uma visita à Itália para reconhecer os trabalhos cadastrais, tendo concluído que o cadastro não deveria ser apenas a base de tributação de imóveis, mas também o mapa do país, a descrição do imóvel, o inventário do valor dos seus produtos e a titularidade do proprietário. Contudo o seu discurso não conduziu a nenhuma mudança levando o país a adiar o início da execução do cadastro. Nessa época, Portugal não tinha rede geodésica de apoio a levantamentos cartográficos nem um mapa nacional que servisse como base ao planeamento das redes rodoviárias e ferroviárias. O influente Ministro das Obras Públicas da época (Fontes Pereira Melo), embora conhecendo a utilidade do Cadastro, optou por dar prioridade a outras duas tarefas: a construção de uma rede geodésica e a produção do primeiro mapa nacional à escala 1: 100 000. Estas tarefas foram realizadas por dois Eng.º. Geógrafos proeminentes (Pedro Folque e Filipe Folque) e levaram 50 anos a estarem concluídas. Em 1852, ao mesmo tempo que o Cadastro continuava a ser adiado, foi criada a Contribuição Predial. Em alternativa ao cadastro, foi elaborado um registo para fins meramente fiscais, com base nas declarações dos proprietários (ou inquilinos), complementado com a avaliação realizada pelos gabinetes fiscais e sem representação cartográfica. Esse registo fiscal (Matriz Predial) continha a descrição alfanumérica de cada parcela bem como a apreciação do seu valor fiscal.

Em Dezembro de 1921, através do Decreto nº 7 873, foi criado o Serviço do Cadastro Rural Geométrico, na DGCI, com a competência da execução de um cadastro para o qual se consideravam apenas fins fiscais, e compreendendo plantas elaboradas de uma forma descontínua, sem interligação. O cadastro assim elaborado deixava de poder servir os propósitos de elaboração de uma carta cadastral e de uma carta-base a grande escala (Silva, 1996).

Em Dezembro de 1926, um conjunto de decretos criou o Instituto Geográfico e Cadastral – o actualmente o Instituto Geográfico Português – e decretou a execução do Cadastro Geométrico da Propriedade Rústica (Silva, 2005). Segundo Guilherme (2008), foi apenas a partir desta data que o cadastro se iniciou de facto em Portugal, regulamentado pelo Código da Contribuição Predial de 1913 e, posteriormente, pelo Código da Contribuição Predial e do Imposto sobre a Indústria Agrícola de 1963 (Decreto-Lei nº 4 5104, de 1 de Julho de 1963) tendo funções essencialmente fiscais e apenas para a parcela rústica. A 7 de Julho de 1926 foi publicado o Decreto nº 11 859, determinando que a Administração Geral dos Serviços Geodésicos, Topográficos e Cadastrais procedesse "à organização do cadastro geométrico da propriedade rústica do continente e ilhas adjacentes". Conforme Julião et al. (2008), nessa altura o IGC foi inserido no Ministério do Comércio e Comunicações que disponibilizou uma avultada verba para que as operações cadastrais fossem iniciadas de imediato. A execução cadastral iniciou-se

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então pelas áreas rústicas do sul do país, onde existiam áreas de grande e média propriedade e em algumas áreas específicas, como por exemplo a zona da bacia do Rio Douro por motivos ligados ao Instituto do Vinho do Porto. À medida que o processo de aquisição de dados ia avançando para o Norte do País, o fluxo de trabalho tornou-se mais lento e, obviamente, mais caro devido a orografia e à maior fragmentação dos prédios (PCC, 2009).

Segundo Julião et al. (2008), o Decreto nº 31975, de 20 de Abril de 1942, autorizava a utilização de elementos do cadastro geométrico da propriedade rústica para a liquidação da contribuição predial e dos impostos sobre sucessões e siza. Nesse mesmo ano, a pedido da DGCI para organização das matrizes prediais, constatou-se que os elementos cadastrais recolhidos ao longo dos treze anos só podiam ser aproveitados para o fim pretendido se fossem alvo de trabalhos de revisão e actualização. Dois anos mais tarde, o primeiro cadastro de um município foi concluído e o seu sucesso permitiu ao governo aumentar o investimento no Cadastro (IGP, 2009). Em 1944, o orçamento do Ministério das Finanças contemplou uma verba significativa destinada à execução do cadastro. A partir desta época os trabalhos cadastrais conhecem um incremento, e durante a década de 50 é terminado o cadastro geométrico da propriedade rústica no Alentejo (Silva, 1996).

Em 1980, a lei orgânica do IGC foi revista, pelo Decreto-Lei nº513/80, de 28 de Outubro, pressupondo a reestruturação dos quadros do IGC e o reequipamento dos meios técnicos disponíveis, condições estas que foram apontadas como necessárias a uma alteração drástica da capacidade do IGC para dar resposta à execução do cadastro com vista a aumentar a rentabilidade da fonte de receitas relativas à contribuição predial. Dois anos mais tarde, a publicação do Decreto-Lei n.º 154/82, de 5 de Maio, introduziu alterações ao Código da Contribuição Predial, nomeadamente ao seu artigo 163.º, instituindo uma fase inicial de execução do cadastro “inventarial e fiscal”, seguida de uma segunda fase onde se executava o cadastro “geométrico de precisão”, e considerando o recurso a ortofotomapas como cartografia de suporte às operações de execução cadastral e avaliação cadastral.

No ano de 1987, o Instituto Geográfico e Cadastral passou da tutela do Ministério das Finanças para o antigo Ministério do Planeamento e Administração do Território sendo que essa mudança poderia corresponder a uma mudança na perspectiva do Governo sobre os diferentes usos do cadastro, mas não teve quaisquer consequências práticas (Silva, 2005). A autora refere ainda que após mais de sessenta anos, na década de 90 apenas existia o Cadastro Geométrico da Propriedade Rústica para cerca de 50% do território, não havendo Cadastro relativo à propriedade urbana. Nesta época o continente tinha 53% de área coberta pelo Cadastro Geométrico da Propriedade Rústica correspondente a 14% do total de prédios rústicos estimados enquanto que as regiões autónomas apresentavam níveis mais baixos de cobertura comparativamente ao continente.

De acordo com Julião et al. (2008), em 1994 foi criado o Instituto Português de Cartografia e Cadastro (IPCC) e extinto o IGC (Decreto-Lei nº 74/94, de 5 de Março). Em 1995, foi publicado, no Decreto-Lei nº 172/95, de 18 de Julho, o Regulamento do Cadastro Predial que veio alterar substancialmente os anteriores princípios em dois aspectos essenciais. O cadastro assume uma natureza jurídica e multi-funcional, deixando de ser apenas um instrumento fiscal, passando a

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registar toda a realidade predial do território e não apenas a propriedade rural. Com a criação do IPCC é reiterada a intenção, já presente desde 1926, de criar um número de identificação para o prédio que constitua uma referência comum a todos os organismos utilizadores de informação de base predial. Ao IPCC ficaram então cometidas as competências de atribuição do número de identificação predial (NIP) e da emissão dos respectivos cartões.

Em 2002 foi criado o Instituto Geográfico Português (IGP) que resultou da junção do IPCC com o Centro Nacional de Informação Geográfica (CNIG) e que era tutelado na altura pelo Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente. No ano seguinte é publicado o Decreto-Lei nº 287/03, de 12 de Novembro, que regulamenta o CIMI e que tem implicações directas no cadastro, nomeadamente pela distinção entre prédios rústicos, urbanos e mistos que introduziu (Guilherme, 2008).

No ano de 2002 até 2004 o IGP passou a estar integrado no Ministério das Cidades, Administração Local, Habitação e Desenvolvimento Regional e, desde 2005 até meados de 2011 esteve integrado no Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional. Apenas a última alteração ministerial parece ter produzido alterações de fundo na política cadastral portuguesa, uma vez que foi criado legalmente em 2006, através da Resolução do Conselho de Ministros nº 45/2006, de 4 de Maio, o Sistema Nacional de Exploração e Gestão de Informação Cadastral (SiNErGIC), com o objectivo de viabilizar o cadastro predial em Portugal, e reconhecendo que as iniciativas anteriores não obtiveram o resultado esperado. A transição do IGP entre Ministérios ainda é uma realidade, pois este ano (2011) verificou-se nova mudança, passando este a estar integrado no Ministério da Agricultura, do Mar, e do Ordenamento do Território.

É importante perceber a evolução história do Cadastro em Portugal pois assim pode ser feita uma contextualização das causas que levaram à falta de cadastro até aos dias de hoje, sendo que a necessidade de ter um Cadastro Nacional é maior, visto que actualmente existem directivas como a Directiva INSPIRE. Esta directiva baseia-se segundo o Jornal Oficial da União Europeia (2007) em infra-estruturas de informação geográfica criadas pelos Estados-Membros e tornadas compatíveis com regras comuns de aplicação e suplementadas por medidas ao nível comunitários. Essas medidas deverão assegurar que as infra-estruturas de informação geográficas criadas pelos Estados-Membro sejam compatíveis e utilizáveis num contexto comunitário e transfronteiriço. Dos vários benefícios que esta directiva apresenta, um exemplo consiste na possibilidade de num futuro próximo, qualquer cidadão ou empresa pertencente a um Estado-Membro ter a possibilidade de gerir os seus bens imóveis dentro e fora dos Estados-Membro.

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2.4 Estado actual do Cadastro e as suas causas

O maior esforço de execução cadastral ocorreu entre as décadas 30 e 90 do século XX (1926 a 1994), tendo sido efectuado o CGRP em 134 concelhos, 1067 freguesias, correspondentes a cerca de 50% da área total do País, sendo importante salientar, como a própria designação o faz prever, que apenas os prédios rústicos dos concelhos abrangidos foram cadastrados (Julião et al., 2008). Na legislação do CGRP era referido que actualização periódica seria efectuada pelo Estado o que não se constatou, sendo efectuadas até à data apenas actualizações pontuais, a pedido dos proprietários, tendo estes que suportar todas as despesas do processo.

Apesar do Cadastro ser importante, sucessivas causas para além da fragmentação e dos avultados custos provocaram o abrandamento, e por vezes paragem do processo, como é referido por vários autores. Segundo Pinto (1985) as causas deveram-se à fuga de funcionários públicos para o sector privado, à falta de interesse por parte da DGCI no uso de elementos cadastrais pois alteravam as tarifas aplicadas nas explorações agrícolas, à pressão política por parte de grandes proprietários agrícolas que recusavam pagar tarifas mais altas pela contribuição predial sendo que neste processo o aumento de tarifas foi efectuado nas explorações de pequena e média propriedade agrícola.

De acordo com Veigas (2002) as causas apontadas para a falta de avanço do processo assentavam em causas como a falta de obrigatoriedade na inscrição do registo do prédio, a incorrecta inscrição do registo do prédio, a falta de actualização da informação do prédio (proprietários, área, limite) na Matriz Predial e no Cadastro, a informação para efeitos de cadastro ser incompatível nos diferentes níveis de administração (Nacional, Regional, Local), os limites de imóveis serem estabelecidos sem recorrer a elementos jurídicos válidos e a existência de múltiplos conceitos e características para definir os imóveis.

A necessidade de dar um impulso ao Cadastro surgiu em 1995, sendo adaptado um novo conceito: o de cadastro multifuncional, o qual no entanto se demonstrou ineficaz na sua implementação e nas operações cadastrais. Segundo Julião et al. (2008; 2010) as causas que contribuíram para tal foram, a complexidade da recolha de dados, estratégias de comunicação ineficazes, a configuração do NIP, a inexperiência do sector privado e do IGP, as múltiplas definições de prédio, a regulamentação deficitária, os entraves jurídicos da protecção de dados, os prazos irrealistas e inadequados, a falta de controlo, inspecção e procedimentos de gestão, a indefinição dos organismos e processos de conservação/actualização do Cadastro e por fim o modelo era desajustado à tecnologia existente.

O balanço do cadastro oficial efectuado até 2006 indica que é necessário efectuar ainda o cadastro de 16 milhões de prédios correspondentes à realidade nacional, sendo que 6 milhões são prédios urbanos e 10 milhões são prédios rústicos. Em termos do número de prédios, o trabalho realizado (aproximadamente 2 milhões de prédios rústicos) apenas corresponde a cerca de 12% da realidade nacional (16 milhões de prédios). Em termos do número de prédios em execução (aproximadamente 240 mil prédios) apenas corresponde a cerca de 1,5% da realidade nacional (16 milhões de prédios). Na Figura 2.1 está representada a situação actual do regime

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de Cadastro Geométrico dos Prédios Rústicos para entender a informação existente sobre o Cadastro Oficial.

Figura 2.1 – Estado Actual do Cadastro em Portugal Continental. Adaptado de IGP (2011).

Às causas referidas anteriormente pode ainda acrescentar-se factores como a complexidade da avaliação predial, os custos desajustados à realidade financeira do proprietário e do prédio, a fuga aos impostos, o abandono dos prédios rústicos devido à desertificação, a contínua fragmentação e dispersão das propriedades e os conflitos entre proprietários que resultam em acções judiciais.

De acordo com Parrado (2009), actualmente em Portugal, face à falta de cadastro e à necessidade dele por parte do sector público e privado, foram desenvolvidos sistemas cadastrais consoante a necessidade das empresas, associações e outros organismos resultando em bases de dados (ou sistemas cadastrais) onde é armazenada informação específica para uma dada área de trabalho. No entanto, devido aos diferentes propósitos com que foram efectuados os levantamentos, muitos destes sistemas cadastrais não seguiram as metodologias previstas para a execução de cadastro resultando em bases de dados que podem estar desajustadas entre os vários organismos. Esses desajustamentos nas bases de dados das entidades com o Cadastro dificultam a articulação e integração da informação no Cadastro Português.

A necessidade extrema de combater a falta de Cadastro em Portugal levou que o XVII Governo Constitucional criasse um sistema nacional de gestão da informação cadastral aprovando em 2006 em Resolução de Conselhos de Ministros n.º 45/2006 de 4 de Maio, a criação do SiNErGIC.

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3. PROJECTO SiNErGIC

3.1 O que é? Para que serve?

O XVII Governo Constitucional, face aos sucessivos entraves à execução do cadastro, decidiu criar um conjunto de medidas prioritárias para a viabilização de um sistema de informação predial única que integrasse toda a informação referente à realidade física da estrutura predial, registo predial e inscrições matriciais que contribuísse para a redução da burocratização dos processos associados à aquisição e actualização de cadastro.

O conjunto de medidas prioritárias para criação de um sistema cadastral nacional incentivou o Governo a aprovar, na Resolução de Conselho de Ministros n.º 45/2006 de 4 de Maio, a criação do projecto SiNErGIC. Este projecto irá funcionar a nível nacional tendo como principais entidades envolvidas, a Direcção-Geral dos Impostos, o Instituto dos Registos e do Notariado e o Instituto Geográfico Português, criando uma base de partilha e responsabilidade pelo conteúdo da informação constituindo claramente a verdadeira tentativa de elaborar um cadastro multifuncional que abranja Portugal e que segundo esta resolução têm como pressupostos:

1. Assegurar a identificação unívoca dos prédios; 2. Unificar os conteúdos cadastrais existentes e a produzir; 3. Gerir de forma uniforme e informática os conteúdos cadastrais; 4. Garantir a compatibilidade entre os sistemas informáticos utilizados pelas várias

entidades envolvidas no projecto; 5. Assegurar que a descrição do registo predial é acompanhada por um suporte gráfico; 6. A utilização generalizada do sistema pela administração pública; 7. Assegurar o acesso à informação pelo cidadão e pelas empresas.

O SiNErGIC deverá ser entendido como a plataforma operacional que assegura a identificação Predial Única e que servirá, segundo Julião et al. (2008), como uma solução encontrada pelos vários agentes no negócio jurídico da propriedade permitindo assim unificar um registo geográfico e unívoco à caracterização registral e fiscal de um prédio. Esta plataforma irá funcionar através da ligação entre os principais agentes envolvidos e os considerados parceiros estratégicos que são o IGP, os Serviços de Finanças, o IRN e as Câmaras Municipais, que irão cruzar a sua informação através do NIP. O NIP funcionará como atributo comum entre as várias bases de dados das diferentes entidades, sendo essa informação adquirida via internet segundo diferentes níveis de permissão como demonstra a Figura 3.1 através do modelo lógico de funcionamento do SiNErGIC.

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Figura 3.1 – Modelo Lógico do SiNErGIC. Adaptado de Julião et al. (2008).

Actualmente as peças legais que viabilizam a criação e a execução do SiNErGIC estão publicadas na Resolução do Conselho de Ministros n.º45/2006, de 4 de Maio, que aprovou a criação do SiNErGIC e no Decreto-Lei n.º 224/2007, de 31 de Maio, que aprova o regime experimental da execução, exploração e acesso à informação cadastral, visando a criação do SiNErGIC.

Além desta documentação, que cria as linhas gerais do projecto, mais tarde foram publicadas outras peças legais (Portaria n.º 976/2009, o Despacho 18979/2009, a Portaria n.º 936/2009, a Portaria n.º 937/2009, a Resolução do Conselho de Ministros n.º 92/2009, o Despacho n.º 5828/2010 e o Decreto-Lei n.º 65/2011) que regulavam certos aspectos do projecto, como por exemplo os primeiros municípios a serem cadastrados, o tempo de aplicação, as tabelas de encargos e a criação de um grupo de trabalho com o objectivo de propor medidas para executar o cadastro florestal em áreas públicas comunitárias e áreas integradas em Zonas de Intervenção Florestal (ZIF).

De acordo com o Julião et al. (2008), a criação e a actualização do Cadastro Predial através do projecto SiNErGIC poderá ser uma solução rápida e útil na aquisição de informação cadastral relativa a prédios para beneficiários que se encontram nos domínios da Justiça, Sector Agro-Florestal, Administração Fiscal, Infra-estruturas, Ordenamento do Território e, Cidadãos e Empresas. Os interesses destes domínios estão reunidos num conjunto de instituições que foram seleccionadas estrategicamente para que o projecto atinja os resultados desejados para um cadastro multifuncional. No Quadro 3.1 estão listadas as funções de cada uma dessas instituições:

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Instituições Interessadas Funções

Instituto Geográfico Português (IGP) Aquisição, gestão e actualização de dados cadastrais;

Direcção Geral de Registo e Notariado (DGRN) Execução e acompanhar o registo de bens imóveis; Concessão da regulação, controlo e fiscalização da actividade notarial;

Direcção Geral de Contribuição de Impostos (DGCI) Administrar os impostos sobre imóveis;

Direcção Geral das Autarquias Locais (DGAL) Agentes de gestão territorial

Quadro 3.1 – Stakeholders do SiNErGIC, a sua função no mercado dos bens imobiliários. Adaptado de Julião et al. (2010).

3.2 Evolução do Projecto SiNErGIC

No âmbito do SiNErGIC foi desenvolvido um projecto-piloto na freguesia de Albergaria dos Doze, pertencente ao concelho de Pombal. Esta freguesia reunia as características necessárias para uma primeira avaliação dos conceitos criados e das novas metodologias da execução cadastral. Segundo Julião et al. (2008), a escolha desta freguesia foi feita tendo por base uma área onde não vigorava o regime de cadastro geométrico da propriedade rústica, a existência de uma conservatória do registo predial já informatizada, a existência de uma estrutura fundiária fragmentada, uma área administrativa inferior a 2 500 hectares e por fim ser um local afectado por grandes incêndios florestais.

A legislação utilizada para a realização deste projecto-piloto centrou-se no Regime Experimental do SiNErGIC regulado pelo Decreto-Lei n.º 224/07 de 31 de Maio. O projecto-piloto e os resultados que daí advieram foram usados para a melhoria das metodologias obtendo como resultado final um conjunto de especificações técnicas que devem ser usadas para o desenvolvimento do cadastro oficial através do IGP e de empresas que se dediquem ao Cadastro de forma a que fiquem em conformidade com o projecto.

Segundo IGP (2007), o relatório técnico do projecto-piloto SiNErGIC foi divulgado através dos meios de comunicação locais, tais como editoriais, exposições públicas, cartas dirigidas aos residentes e sítio da internet. Neste relatório é descrito o apoio por parte dos técnicos do IGP na demarcação dos prédios e no preenchimento das declarações de titularidade. As dificuldades mais relevantes apontadas neste projecto-piloto foram: a publicitação tardia, o elevado número de proprietários ausentes, os prédios abandonados, o desconhecimento da localização dos prédios, a presença de características orográficas e vegetação densa, a divisão predial muito fragmentada e com geometrias irregulares, as condições atmosféricas adversas e demarcações indevidas de prédios. Através dos resultados do projecto-piloto, as conclusões obtidas pelo IGP foram: a publicitação atempada é um factor determinante no sucesso das operações cadastrais, a utilização de cartografia de suporte nos levantamentos é de extrema utilidade, o uso da toponímia como um factor de mais-valia nos trabalhos cadastrais, a necessidade de criar

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articulações entre parceiros estratégicos e o elevado desenvolvimento tecnológico que permitiu caracterizar geometricamente a estrutura predial com erros médios quadráticos inferiores a 0.40 m.

Após a conclusão do relatório-piloto e o delineamento das especificações técnicas era necessário preservar e proteger os dados dos titulares cadastrais. O Despacho n.º 18 979/2008 mostra a necessidade de protecção de dados dos titulares cadastrais e dos seus respectivos prédios através de adopção de medidas técnicas e organizativas por parte do IGP, entidade responsável pelo tratamento de base de dados, tendo em vista a salvaguarda das informações pessoais contra mecanismos de destruição, alteração, difusão ou acesso não autorizado.

Considerando a protecção de dados a Portaria N.º 976/2009 refere que: “a comunicação de dados pessoais e a cedência da informação respectiva obedece às disposições gerais de protecção de dados pessoais, assim como a comunicação dos dados não pessoais e a cedência da informação respectiva obedecem ao disposto na Lei de Acesso aos Documentos Administrativos”. Ainda na mesma Portaria são referidos os encargos relativos à cedência de comunicação de dados e à cedência de informações relativas aos prédios, sendo que os encargos são actualizados automaticamente de acordo com a taxa de inflação estabelecida pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Considerando ainda os encargos por parte dos titulares cadastrais, a Portaria n.º 937/2009 refere que: “os titulares de prédios em situação de cadastro diferido podem solicitar ao IGP a realização de um processo de conservação do cadastro circunscrito à área onde os prédios se situam sendo que a demarcação adequada e os encargos são suportados pelos proponentes”.

Após resolvidas as questões técnicas do funcionamento do projecto SiNErGIC e as questões referentes à protecção de dados foi necessário proceder a escolha dos municípios. A escolha desses municípios recaiu segundo a Portaria N.º 976/2009 de 1 de Setembro sobre municípios prioritários que possuíssem: Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), grupos de baldios, fraca qualidade da informação cadastral que necessitasse de realização de operações de execução de cadastro e concelhos onde o cadastro não chegou a ser concluído. Os critérios anteriormente descritos levaram à selecção dos concelhos de Ílhavo, Lisboa, Loulé, Oliveira do Hospital, Mira, Paredes, Penafiel, Pombal, Seia, Santa Maria da Feira, São Brás de Alportel, Tavira e Vagos, sendo necessário referir que alguns destes concelhos só tiveram autorização para algumas das suas freguesias. A Resolução do Ministros N.º 92/ 2009 permitiu o início efectivo do SiNErGIC explicitando a pretensão da aquisição de serviços recorrendo a um procedimento pré-contratual de concurso público para a execução do SiNErGIC nos municípios de Paredes, Penafiel, Oliveira do Hospital, Seia, Tavira, São Brás de Alportel e Loulé.

No âmbito do SiNErGIC, um interesse que se evidencia como prioritário é a necessidade de apoiar o sector florestal, tendo sido incluído no projecto SiNErGIC como um sub-projecto com a parceria da Autoridade Florestal Nacional (AFN) e denominado “Cadastro de áreas florestais”. Este sub-projecto ganhou contornos legais com o Despacho N.º 5828/ 2010, no qual é criado um grupo de trabalho para a elaboração de um relatório sobre as medidas a serem tomadas no Cadastro Florestal. O referido despacho indica ainda que o IGP e a AFN são responsáveis pelo Cadastro Florestal, sendo que as áreas de acção prioritárias seriam, as áreas públicas

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comunitárias (baldios) e as ZIF permitindo assim assegurar a consolidação da informação sobre a estrutura e a titularidade da propriedade florestal e conseguir uma implementação mais eficaz das medidas fiscais e da política florestal. O uso de ZIF’s no projecto SiNErGIC tornou-se uma realidade com a alteração ao Decreto-Lei N.º 224/ 2007, de 31 de Maio. Essa alteração foi efectuada recentemente com o Decreto-Lei N.º 65/2011, onde é referida a integração das ZIF no regime experimental da execução, exploração e acesso à informação cadastral (SiNErGIC).

De acordo com Reis (2009), cada vez mais se dá prioridade ao desenvolvimento do território com vocação florestal, pois a criação das ZIF possibilita um novo impulso para a rentabilização de pequenos prédios rústicos. Reis afirma ainda que é errado pensar no SiNErGIC como um sorvedouro de recursos financeiros nacionais e/ou comunitários referindo que, o investimento neste tipo de sistemas cadastrais tem trazido receitas avultas a curto prazo em taxas e impostos sobre o património e na regularização imobiliária. No caso do sector florestal, o autor afirma que o cadastro é fundamental para a produção de riqueza neste sector primário da economia nacional.

3.3 Especificações Técnicas do projecto SiNErGIC

O projecto-piloto do SiNErGIC em Albergaria dos Doze permitiu ao IGP definir as especificações técnicas necessárias ao sucesso do projecto SiNErGIC sendo posteriormente disponibilizadas às empresas que concorreram à execução do projecto. O documento actualmente é disponibilizado pela Direcção de Serviços de Informação Cadastral e intitula-se “Especificações Técnicas de Execução de Cadastro Predial versão 2.2.”, podendo ser descarregado do sítio do IGP (http://www.igeo.pt/sinergic/documentos/ET_OECP_v2_2.pdf).

O documento descreve os aspectos que ajudam a promover uma correcta execução do projecto SiNErGIC, sendo que existem alguns aspectos técnicos que devem ser analisados pois possuem relevância para a orientação das operações, a interpretação do diagrama aplicacional, os índices de qualidade na recolha de dados, os suportes cartográficos, a aquisição dos dados cadastrais, a exposição pública e a conclusão da operação cadastral.

As operações cadastrais estão definidas através de um diagrama que demonstra as fases da operação e os intervenientes ligados ao projecto (Figura 3.2) e mostra de forma simples como irá decorrer todo o processo.

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Figura 3.2 – Diagrama sobre as Fases da operação e Intervenientes. Adaptado de IGP (2009).

Como mostra a figura o sucesso das operações dependem dos intervenientes envolvidos que neste caso são os titulares cadastrais, o IGP, a entidade executante e a equipa de apoio técnico sendo que cada um possui competências e atribuições bem definidas. O titular cadastral é o elemento fundamental deste processo pois é ele que promove a demarcação dos prédios, fornece a informação necessário à operação, participa na consulta pública e partilha experiência com outros titulares cadastrais. Os restantes intervenientes têm um carácter mais técnico que ajudam a facultar o suporte cartográfico e a obtenção da informação geográfica que posteriormente será interligada com a informação alfanumérica proveniente do titular cadastral. A informação alfanumérica é caracterizada pela informação pessoal e a informação que represente a titularidade do prédio. Esta informação é recolhida através dos modelos de declarações de titularidade (Anexo A) preenchidas pelos titulares cadastrais ou pelo seu representante. Além da divulgação da informação alfanumérica, os titulares são responsáveis pela demarcação dos seus prédios cumprindo sempre que possível, os requisitos definidos pelo IGP (Anexo B).

A informação geográfica é caracterizada pelos levantamentos cadastrais dos prédios efectuados pelos técnicos da entidade cadastrante que são responsáveis pela recolha de informações que definem a localização dos prédios definida por marcos e estremas. Esta informação é recolhida no campo pelos técnicos da entidade cadastrante recorrendo a suporte cartográfico, aos titulares cadastrantes e a colaboradores que permitam identificar a localização do prédio.

A forma de recolha e armazenamento da informação alfanumérica e geográfica dos titulares cadastrais e os seus respectivos prédios assenta num esquema aplicacional desenvolvido pelo IGP com o objectivo de armazenar toda essa informação numa base de dados que contenha

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informação referente ao cadastro oficial. O esquema aplicacional UML mostra de que forma são estruturados e armazenados os conteúdos referentes à informação cadastral através de elementos formais como tipos de identidade, enumerações, função/associação, agregação, generalização e documento. A compreensão do esquema pode ser complexa (Anexo C) quando não se entende este tipo de diagramas pois envolve conhecimentos técnicos de informática.

A informação geográfica é recolhida através de levantamentos cadastrais recorrendo a metodologias definidas pelas especificações técnicas do IGP que podem ser: o reconhecimento por cartografia, o levantamento topográfico clássico e os levantamentos GNSS-RTK. Estas metodologias são implementadas com base em ortofotos e modelos digitais do terreno obedecendo a precisões impostas para evitar possíveis erros na localização e delimitação dos prédios. O rigor e a precisão da informação obtida têm em consideração aspectos como por exemplo os sistemas de referência geográfica, a qualidade dos dados, a qualidade posicional dos pontos cadastrais efectuados nos levantamentos, a qualidade fotográfica e a qualidade radiométrica das ortofotos.

Os sistemas de referência adoptados para o projecto foram os definidos recentemente pelo IGP, o PT-TM06/ETRS89 para Portugal Continental e o PTRA08-UTM/ITRF93 para as regiões autónomas. A qualidade dos dados é considerada pelas especificações do SiNErGIC como parâmetros que asseguram a obtenção de dados fidedignos capazes de integrar o sistema de informação. A qualidade dos dados é assegurada através da ausência de erros que na integração da informação nomeadamente em aspectos de completude, consistência lógica e posicional, radiométrica, conteúdo.

A completude consiste na quantidade de informação que é recolhida sendo que existem dois erros que têm de ser evitados: a omissão e o excesso de dados. A omissão de dados é definida pelo SiNErGIC como a falta de dados em relação aos dados existentes, tendo por base a estrutura de dados definidos. Por outro lado, o excesso de dados é definido pela recolha de dados excedentes em relação aos dados que existem, tendo por base a estrutura de dados definida.

O SiNErGIC integra a consistência lógica da informação nas especificações técnicas através de três características: consistência topológica, consistência dos dados alfanuméricos e consistência conceptual. A concepção topológica divide-se em dois tipos: a sobreposição e a lacuna dos dados. A consistência topológica do tipo sobreposição serve para assegurar a ausência de sobreposições dos pontos cadastrais, das estremas e dos polígonos. Por outro lado, a consistência topológica do tipo lacuna serve para assegurar a ausência de lacunas relativas à relação topológica dos pontos coordenados, das estremas e dos polígonos.

Relativamente à consistência dos dados alfanuméricos, nas especificações do SiNErGIC é referido que os dados alfanuméricos devem garantir os seguintes aspectos: a utilização unívoca dos identificadores de cada entidade, o respeito pelas enumerações referidas anteriormente, o descrito no catálogo de entidades, a não duplicação dos dados referentes ao Cartório Notarial e Tribunal, que o código postal de moradas nacionais possua 7 dígitos, que todos os caracteres

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não numéricos se encontram em maiúsculas, a existência de um só espaço entre palavras e a inexistência de erros de ortografia.

Para finalizar as características da consistência lógica, existe ainda a consistência conceptual que segundo as especificações do SiNErGIC visa evitar incoerências na interligação entre a informação alfanumérica e a informação geográfica. Nas especificações é descrito que: cada declaração de titularidade não pode ser associada a mais do que um objecto de cadastro diferente, os objectos de cadastro do tipo prédio, baldio e AUGI só estão caracterizados quando associados a pelo menos uma declaração de titularidade e os objectos de cadastro do tipo prédio e baldio, que se encontrem associados a mais do que uma declaração de titularidade, não podem apresentar um regime de objecto de cadastro diferente.

A precisão dos levantamentos cadastrais referente à delimitação dos prédios, como por exemplo a recolha da informação geográfica dos marcos depende da precisão posicional dos pontos cadastrais. O IGP refere nas especificações técnicas do projecto SiNErGIC que os pontos cadastrais para serem validados em termos de qualidade posicional devem possuir um EMQ≤ 40 cm. O uso deste EMQ poderá ser explicado com os valores expressos na Tabela 3.1 e que demonstram o erro posicional planimétrico para a cartografia em função da escala:

EMQ (metros) Escala EMQ (metros) Escala

0,0125 1:50 0,025 1:100

0,050 1:200 0,125 1:500

0,25 1:1000 0,50 1:2000

1,00 1:4000 1,25 1:5000

2,50 1:10 000 5,00 1:20 000 Tabela 3.1 – Erro Médio Quadrático planimétrico para Cartografia. Adaptado de Matos (2008).

A tabela mostra que um EMQ de 0,25m e de 0,50m na recolha de informação geográfica são admissíveis para as escalas adoptadas em termos de cadastro oficial Português transmitindo assim um grau elevado de fiabilidade na precisão dos pontos coordenados.

A identificação dos limites dos prédios depende também de outro factor que é a cobertura aérea fotográfica das zonas que abrangem os prédios, sendo que as ortofotos são outro apoio fundamental de reconhecimento no gabinete e no terreno da localização do prédio. O suporte cartográfico sendo outra ferramenta fundamental de apoio necessita de especificações técnicas coerentes para permitirem a correcta identificação da localização dos prédios. O suporte cartográfico é assegurado pelas ortofotos e os modelos digitais do terreno (MDT). No caso das ortofotos, os critérios de fiabilidade são descritos no SiNErGIC através dos parâmetros de qualidade posicional, qualidade radiométrica e qualidade do conteúdo das ortofotos. As ortofotos em termos de qualidade posicional segundo as especificações técnicas do IGP necessitam de apresentar um EMQ inferior a 30 centímetros relativos a pormenores topográficos ao nível do

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terreno ou a estruturas ortorectificadas. Além disso, refere ainda que no confronto de qualquer amostra representativa com os valores obtidos por observações de grande precisão, 90% dos pontos determinados sobre os ortofotos não podem apresentar desvios planimétricos superiores a 45 cm.

A qualidade radiométrica é essencial para uma correcta compreensão e caracterização das ortofotos pois servem de apoio à localização espacial dos prédios sendo que essa qualidade é evidenciada através de critérios associados a técnicas de manipulação de imagem (saturação, resolução radiométrica, contraste, cor, brilho). Nas especificações do SiNErGIC referem que a saturação de cada ortofoto não pode exceder 0.5% em cada extremo do histograma da luminosidade (exemplo: as frequências dos valores 0 e 255 numa imagem a 8 bits) referentes à área da imagem com informação útil. Em relação à resolução radiométrica, a percentagem de valores possíveis (domínio de resolução radiométrica) de tons de cinzento ou luminosidade, com representação na imagem, tem que ser igual ou superior a 99.5%. Outro critério abordado é o contraste da ortofoto que deve possuir um coeficiente de variação dos valores do Digital Number (DN), que é a representação da % relativamente aos níveis de cor, por banda, do desvio-padrão dos valores DN. Este coeficiente de variação dos valores DN tem de estar situado entre os 10% e os 20%, tendo como excepção zonas de reflexão intensa do sol (Ex.: Massas de Água). Para finalizar os aspectos sobre a qualidade radiométrica, a cor, brilho e contraste em cada ortofoto isoladamente e quando comparadas com as imagens que as rodeiam devem ser homogéneas. O SiNErGIC refere ainda aspectos que devem ser preservados quanto ao conteúdo das ortofotos. As especificações do IGP referem que as ortofotos para serem correctamente processadas não devem possuir nuvens, fumos, riscos, manchas, ou lacunas de informação.

Na maioria das vezes os MDT costumam ser sub-produtos das ortofotos sendo que o critério a ser considerado é o da qualidade posicional. A qualidade posicional dos MDT segundo as especificações técnicas do SiNErGIC, devem possuir dados altimétricos representados por ficheiros matriciais e não podem apresentar EMQ em altimetria superiores a 45 centímetros. Além disso, 90% de uma amostra de elementos representados nos ficheiros matriciais do modelo digital do terreno não podem ter desvios, em relação aos valores correspondentes a esses elementos coordenados por métodos de grande precisão, superiores a 75 centímetros.

No processo final das operações cadastrais de identificação do titular cadastral e do prédio é obtida uma caracterização provisória do prédio a qual é exposta em consulta pública, sendo que os titulares cadastrais em caso de discórdia possam preencher um Auto de Reclamação do Prédio (Anexo D), caso seja necessário actualizar a informação alfanumérica e/ou geográfica relativa ao prédio.

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4. FLORESTA E O ASSOCIATIVISMO

4.1 A Floresta

A evolução no sector florestal mede-se em décadas. Devido aos longos períodos de crescimento da floresta, o que existe hoje resultou de intervenções realizadas há muito tempo e o que se faz agora terá consequências para a vitalidade do sector daqui a um século (DGRF, 2006). A Floresta é vista como um sector de múltiplos recursos tendo sido já considerada pelos nossos antepassados como um valioso recurso aplicado na construção de habitações, de fortificações e de barcos que possibilitaram a descoberta do Mundo. Além dessas finalidades, a floresta fornece-nos recursos tais como, o mel, a caça, a cortiça, as plantas aromáticas e medicinais entre muitos outros. Segundo a Estratégia Nacional para as Florestas, a fileira florestal representa 10% da exportação contribuindo para 2% dos empregos da população activa (DGRF, 2006). Estes números por si só são suficientes para frisar a importância que deve ser dada à floresta portuguesa.

Apesar de a floresta ter dado provas de ser um grande recurso interno e externo do nosso País, esta tem vindo a ser alvo de uma grande negligência na forma como é tratada. O desenrolar das políticas florestais e a estrutura demarcada da floresta portuguesa foram alguns dos factores que limitaram a aplicação de medidas correctas para a sua valorização. A realidade portuguesa é um pouco atípica quando comparada com outros países, visto que ao contrário dos outros países, Portugal é um dos países com menor área florestal pertencente ao Estado. Esta contrariedade permitiu que uma maior percentagem de área florestal pertencesse aos proprietários privados. A Tabela 4.1 demonstra a evolução da distribuição florestal pelos diferentes actores da floresta em diferentes períodos de tempo:

Tipos de Proprietários

1928 1959 1974/82 1995 Área % Área % Área % Área %

Estado 53.662 2,3 58.000 2,0 78.000 2,6 40.000 1,2 Baldios 55.954 2,4 145.000 5,0 380.000 12,4 180.000 5,4 Proprietários Privados

2.221.824 95,3 2.697.000 93,0 2.598.000 85,0 3.129.000 93,4

Total 2.331.400 100 2.900.000 100 3.056.000 100 3.349.000 100 Tabela 4.1 – Distribuição da área florestal em Portugal por tipos de proprietários (Mendes et al., 2004).

A Tabela 4.1 vem reforçar a ausência de “poder” nas áreas florestais visto que, os proprietários privados representam uma posse de área florestal média de 92% nos quatro períodos, deixando para terceiro plano o Estado com uma média, para os quatro períodos referentes, de 2%. No meio destes dois estremos estão os baldios (áreas públicas comunitárias) que representam uma média de 6% nos quatro períodos. De salientar a quebra para quase metade dos baldios do período de 1974/82 (12,4%) para o ano de 1995 (5,4%) e das áreas florestas pertencentes ao Estado de 2,6% para 1,2% e o aumento das áreas florestais pertencentes a proprietários privados de 85,0% para 93,4%em igual período. Este facto pode ser explicado pela mudança de regime que ocorreu em Portugal levando à posse de áreas florestais por proprietários privados provenientes dos baldios e do Estado. O Estado Português como foi referido anteriormente é possuidor de uma área florestal reduzida o que torna extremamente difícil a implementação de uma boa gestão florestal e consequentemente leva a fracas execuções das políticas florestais no território português. 

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Em termos de usos do solo, e referindo os resultados apresentados no 5.º Inventário Florestal Nacional referentes a 2005-2006, a área ocupada por floresta em Portugal Continental são de 3.458.557 ha equivalente a 38.8% do território nacional (AFN, 2010). A Tabela 4.2 demonstra o panorama nacional da floresta relativamente aos usos dos solos:

Usos do Solo Área (ha) Percentagem (%)

Floresta 3.458.557 38.8% Matos 1.926.630 21.6% Agricultura 2.929.544 32.9% Águas Interiores 161.653 1.8% Outros Usos 432.050 4.8%

Total 8.908.434 100.0% Tabela 4.2 – 5.º Inventário Florestal Nacional. Adaptado de AFN (2010).

 

Figura 4.1 – Percentagem de Usos do Solo no território nacional.

A Figura 4.1 reforça o que está na Tabela 4.2 mostrando a importância da floresta portuguesa como recurso para o país e o que pode ainda ser intervencionado no que diz respeito à grande percentagem de áreas ocupadas por Matos. A existência de uma grande percentagem de Matos pode ser o resultado de impactos negativos que se têm verificado na floresta. Dos vários factores negativos é de salientar aqueles que estão directamente relacionados: o minifúndio, o êxodo rural, o absentismo dos proprietários, as políticas florestais, os incêndios florestais e a falta de cadastro.

38,8%

21,6%

32,9%

1,8% 4,8%

Usos do Solo

Floresta

Matos

Agricultura

Águas Interiores

Outros Usos

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4.2 Factores negativos da evolução da Floresta Portuguesa

4.2.1 Minifúndio

A estrutura da propriedade florestal em Portugal está bem demarcada em duas regiões distintas sendo que a separação destas duas realidades é feita utilizando o rio Tejo como limite. De acordo com Coelho (2003), a Norte do rio Tejo a floresta caracteriza-se pela existência de um conjunto de micro e pequenos prédios rústicos onde reina a supremacia das coníferas (pinhal) e das folhosas de crescimento rápido (eucaliptal) onde a principal vocação é a produção de lenho. Relativamente ao Sul do Tejo, os prédios rústicos caracterizam-se pelas suas grandes dimensões devido à sua história na área das actividades agrícolas e agro-florestais onde predominava o sobreiro e azinheira. Esta disparidade na estrutura da propriedade está relacionada com os factos históricos e socioeconómicos tendo também relevância as características fisiográficas de cada região. Segundo Vasques (2006), a distribuição da propriedade florestal no país é, de facto, profundamente assimétrica: se, num extremo da escala, 1% dos produtores ocupam 55% das áreas florestais, no outro extremo, 85% dos produtores repartem 15% dessas áreas, prevalecendo o minifúndio no Centro e no Norte do País.

4.2.2 Êxodo Rural

O êxodo rural que ocorreu fortemente nos anos 60 foi verificado em grandes proporções no Norte e Centro do País devido ao surto de desenvolvimento industrial tendo como consequência alterações na estrutura etária, profissional, social e económica da população residente nas áreas florestais (Lourenço, 2008). Este êxodo provocou um envelhecimento da população e uma desertificação nas zonas Norte e Centro do País onde existe uma tradição cultural no que se refere à propriedade. De acordo com Coelho (2003), a propriedade a Norte sempre foi mais dividida, devido não só ao efeito das condições do relevo e à pressão demográfica mas também ao sistema de herança da propriedade rural. O sistema de herança tem relevância porque por norma são efectuadas sucessivas divisões da propriedade tendo em conta o número de descendentes em cada geração, ou seja, no início uma propriedade que poderia ser rentável, na prática ao fim de algumas gerações pode constituir um bem sem qualquer rendimento próprio devido à sua sucessiva fragmentação, conduzindo ao abandono e deterioração destes bens.

4.2.3 Absentismo dos Proprietários

O início do êxodo rural criou um problema que tem crescido até aos dias de hoje, o absentismo dos proprietários. Esta nova realidade do desinteresse dos proprietários da floresta pode ser explicada pela fraca fonte de rendimento proveniente de prédios rústicos demasiados fragmentados, os quais inviabilizam uma gestão sustentável dos prédios rústicos, tendo como aliado a esta questão, um sistema de herança em que as gerações mais recentes não conhecem a sua localização nem o seu conteúdo. Isto leva a que os proprietários se limitem a pagar o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) relativo aos seus prédios rústicos ou no caso de áreas demasiado pequenas sem valor matricial significante, estes serem inseridos no grupo de proprietários que estão isentos do pagamento do IMI. De acordo com Vasques (2006), a isenção técnica está prevista no Código do Imposto Municipais sobre Imóveis no art. º32.º e refere no n.º 6 do art. 113.º que não há liquidação do imposto sempre que o montante a cobrar seja inferior a

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10 euros. Esta medida é ainda mais gravosa pois provoca um maior absentismo por parte dos proprietários e a redução de rendimentos para o sistema fiscal português.

4.2.4 Políticas Florestais

As políticas florestais em Portugal têm conhecido muitos avanços e alguns recuos até à situação em que nos encontramos actualmente, referindo por exemplo a constante alteração do organismo responsável pela tutela da floresta impossibilitando assim a aplicação de medidas fundamentais que servissem como bases de partida para uma correcta política florestal. Efectivamente as políticas florestais só foram concretizadas na sua plenitude através de programas de arborização e conservação do território (correcção torrencial e fixação de dunas), os quais estavam focados para a grande dimensão, que são os casos das Matas Nacionais e dos Perímetros Florestais. Foi só com o emergir da figura do proprietário florestal, já nas últimas décadas do século passado, é que a floresta que realmente existia, em grande parte de pequena e muito pequena dimensão, começou a impor-se no panorama florestal (Baptista e Santos, 2005). Esta é a realidade dos dias de hoje onde o proprietário privado deve ser considerado um dos principais actores da floresta, não só pelo número de hectares que representa mas também pela dimensão das suas propriedades. De acordo com Baptista e Santos (2005), a economia florestal e a silvicultura estiveram sempre orientadas para a gestão de propriedades com grandes dimensões o que impossibilitou a compreensão da gestão da floresta de pequena dimensão geridos por vários pequenos proprietários.

A exploração de média e grande dimensão é, portanto, significativa na área que ocupa, mas convive com um universo de pequenos proprietários que torna difícil a concepção de uma política fiscal una e coerente para o sector: de entre um universo de cerca de 370 mil explorações florestais, cerca de 87% possui uma área entre 0,5 e 3 hectares (Vasques, 2006). É de relembrar que a maior percentagem de floresta existente em Portugal encontra-se a Norte do Rio Tejo, onde precisamente existem maiores fragilidades que teimam em não ser ultrapassadas tais como as dimensões, a dispersão das propriedades dos proprietário e os custos de gestão.

4.2.5 Incêndios Florestais

Uma expressão do efeito das mudanças climáticas é o aumento do fenómeno dos incêndios florestais que são, hoje em dia, certamente o maior dos riscos que afecta o sector florestal (DGRF, 2006). Das várias causas que têm contribuído para os incêndios florestais, a maior parte dos autores indica que a principal causa está relacionada com o êxodo rural.

O êxodo rural conduziu a uma gestão passiva dos prédios rústicos principalmente no minifúndio. De acordo com Devy-Vareta (2005a), a gestão passiva da floresta privada é actualmente o maior constrangimento para a manutenção de massas arbóreas existentes nas regiões de minifúndio. Reforçando a questão da gestão passiva, o autor Vasques (2006) afirma que existe uma gestão deficiente da propriedade florestal mas só na propriedade florestal de pequena dimensão, pois é gerida sem critérios empresarias ao contrário do que é feito em propriedades florestais de média e grande dimensão. Nestas a gestão é efectuada de forma empresarial por empresas florestais, sendo realizadas campanhas de prevenção por equipas especializadas, o que permite reduzir o risco de incêndio florestal.

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O último relatório sobre incêndios florestais, referente ao ano 2010 e divulgado pela Autoridade Florestal Nacional (AFN), mostra que a maioria dos incêndios florestais teve origem em fogachos (área <1ha) como mostra a Figura 4.2:

 Figura 4.2 – N.º de Ocorrências no Ano 2010 por Distritos.

Além do problema do minifúndio, os autores Devy-Vareta (2005b), Lourenço (2008) e DGRF (2006) indicam que desde o início do êxodo rural surgiram várias causas que têm contribuído para a deflagração de incêndios florestais de entre as quais se apontam, a idade avançada dos donos, a pouca área disponível para florestar (referida anteriormente), a diminuição das práticas tradicionais (pastoreio, uso da lenha, abandono da agricultura, roça de matos, cortes selectivos, resinagem) e os comportamentos sociais negligentes (ex.: queimadas, foguetes, churrascos, tabagismo).

4.2.6 Ausência de Cadastro Florestal

Ao longo dos anos tem-se vindo a arrastar a necessidade de dispor de um cadastro florestal, pois actualmente não existe efectivamente um que seja abrangente a todo o País e o que existe está desactualizado. A importância de constituir um sistema nacional de cadastro está de novo a ter relevância na área florestal pois é essencial para a atribuição de subsídios da União Europeia (PRODER e FFP), a certificação das florestas através da Certificação Florestal, a criação de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) e por último a identificação dos proprietários absentistas e negligentes na gestão das propriedades florestais que na maioria das vezes provocam incêndios florestais.

A criação em 2006 do projecto SiNErGIC através da Resolução de Ministros n.º 45/2006, de 4 de Maio, apoiada pelo Decreto-Lei n.º 224/2007, de 31 de Maio veio tentar colmatar a ausência de cadastro com a criação de um sistema cadastral nacional, prevendo um sub-projecto designado de “Cadastro de áreas florestadas” apoiado pelo Decreto-Lei n.º 65/2011, de 16 de Maio, que define o regime de execução de cadastro predial em zonas florestais abrangidas por uma ZIF.

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4.3 O perfil do proprietário florestal

A gestão da floresta privada só é facilmente interpretada se conhecermos o perfil do proprietário florestal, o qual possibilita o conhecimento do tipo de proprietário e das ferramentas usadas para a gestão dos espaços florestais existentes em Portugal. Baptista e Santos (2005) concluíram que os proprietários florestais eram maioritariamente indivíduos do sexo masculino, idosos e reformados, e que os produtos e serviços mais recorrentes eram a madeira e a cortiça. Relativamente a novas actividades florestais e serviços ambientais possuíam um conhecimento débil ou insignificante tendo como principal objectivo florestal a arborização.

O estudo permitiu também diferenciar cinco tipos de proprietários através das lógicas económicas de gestão da floresta, pelas práticas de gestão, pelos produtos e serviços a que se dedicam, pelos modelos de trabalho e de investimento. Os cinco tipos de proprietários foram classificados em, Propriedade-Reserva (PR), Trabalho-Reserva (TR), Investimento-Reserva (IR), Exploração-Reserva (ER) e Empresa Florestal (EF). Após a sua classificação e descrição Baptista e Santos (2005) resumiram as seguintes conclusões no Quadro 4.1:

Tipo de Proprietários

Espécie Dimensão Investimento Manutenção Tipo de Gestão

Objectivo

Propriedade-Reserva

Pinheiro-bravo

Muito pequena* (<1ha)

Não Não Sem acerto

técnico-rentabilista

Património (Reservas)

Trabalho-Reserva

Pinheiro-bravo e

Castanheiro Pequena (<5ha) Não Sim

Gestão com acerto

contabilístico

Maximizar Reservas

Investimento-Reserva

Eucalipto Média (5 - 100ha)

Sim Não Gestão com

acerto contabilístico

Recolher rentabilidade com investimento sem

trabalho

Exploração-Reserva Eucalipto

Média (5 - 20ha) Sim Sim

Sem acerto técnico-

rentabilista

Satisfazer necessidades orçamentais

Empresa Florestal

Sobreiro e Azinheira

Grande e Muito grande

(> 20ha) Sim** Sim

Gestão com acerto

contabilístico

Estratégias de Venda e

Comercialização

Quadro 4.1 – Diferentes tipos de proprietários (* dimensão com baixa produtividade e com muita regeneração natural; ** investimento com subsídios). Adaptado de Baptista e Santos (2005).

O Quadro 4.1 demonstra a maneira de pensar e agir de muitos proprietários florestais em relação à floresta principalmente no que concerne ao pequeno proprietário que não investe nem garante a manutenção deixando o seu património exposto a factores que podem levar à perda do pouco ou nenhum rendimento da sua propriedade, o que leva também a que as propriedades dos proprietários que o rodeiam estejam indirectamente expostos a esses factores. Em relação ao tipo de proprietário Investimento-Reserva mostra que é feito um investimento numa gestão com acerto contabilístico, mas que peca pela falta de manutenção, o que pode ser devido ao facto de ser usada uma espécie de rápido crescimento (eucalipto) e por muitas das vezes os proprietários entenderem que não é necessário fazer qualquer tipo de acção de manutenção.

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4.4 O Associativismo e o Aparecimento das Organizações de Produtores Florestais

O associativismo e os movimentos sociais surgiram em meados da década de 70 com a finalidade de lutar pela resolução de problemas sociais, pela ampliação dos direitos políticos e da consciência da cidadania através da reunião de indivíduos interessados em marcar uma posição activa como cidadão agindo e intervindo na sociedade. Entre os vários actores da sociedade civil destacam-se as Organizações Não Governamentais (ONG).

As ONG são grupos (associações) que se envolvem na estruturação de políticas e na formação da opinião pública. Estas organizações promovem a união de grupos de cidadãos preocupados com o estado da sociedade actual e que, usam as ONG para se fazer ouvir.

Em Portugal este tipo de organizações podem constituir um eixo fundamental em qualquer política de desenvolvimento, pois proporcionam um pilar decisivo na construção de solidariedade, no incentivo à vida em comunidade e no favorecimento da democracia e da cidadania. Apesar da importância das organizações associativas, em Portugal até 2002 o índice de associativismo por habitante era o mais baixo de toda a Europa (Carvalho, 2002).

A filosofia do associativismo e das ONGs constituiu a base de criação das Organizações de Produtores Florestais (OPF) e Agro-Florestais nos anos 90. De acordo com Mendes e Fernandes (2007), o movimento associativo criado por proprietários florestais cresceu devido aos seguintes factores:

O acesso aos programas de incentivos financeiros de investimento florestal em áreas privadas tinha que ser efectuado, obrigatoriamente, com base em planos de gestão elaborados por técnicos especializados;

O risco crescente de incêndios florestais que fez com que cada vez um maior número de proprietários florestais tomasse consciência de que a redução do número de incêndios implicava alguma autodisciplina colectiva e formas de organização associativa, que lhes permitisse ter acesso a serviços de silvicultura preventiva a um preço comportável;

Possibilidade de acesso a financiamentos públicos para a criação e funcionamento de organizações de produtores agrários;

A importância das OPF é valorizada na Estratégia Nacional das Florestas, sendo referido que: “a estratégia deverá dar especial apoio a formas de organização associativa que promovam a gestão profissional agrupada dos terrenos, pelos custos elevados que esse esforço de organização implica – como sejam as Associações e Cooperativas Florestais ou as Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) ” (DGRF, 2006). As OPF tiveram uma grande adesão e desenvolvimento nas regiões Centro e Norte, que correspondem às zonas com grandes manchas florestais e onde predominava a estrutura minifundiária dos prédios rústicos e consequentemente um maior risco de incêndio florestal.

A existência de uma estrutura fundiária muito fragmentada com parcelas de dimensão muito reduzida, o êxodo rural e o consequente abandono das terras, constituíram um forte entrave ao

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progresso sustentado do meio rural e um obstáculo ao desenvolvimento socio-económico e ao reforço da competitividade do sector florestal (AFN, 2011a). A dimensão dos prédios rústicos por vezes também acaba por ser um entrave as associações florestais, visto que quando a dimensão é muito reduzida os custos da participação associativa não compensam o rendimento das suas matas, enquanto que os proprietários dos prédios rústicos de elevada dimensão, acabam por ter meios para a contratação de serviços de gestão florestal aos preços em vigor no mercado. Estes extremos levaram a que a principal base de sustentação das organizações, que foram sendo criadas e que que têm vindo a realizar um trabalho efectivo no terreno, são os proprietários de média dimensão (Mendes e Fernandes, 2007).

4.5 Tipos e distribuição das Organizações de Produtores Florestais

As OPF existentes seguem uma tipologia definida pela Portaria n.º 118-A/2009, de 29 de Janeiro, na qual são definidas as formas de relacionamento entre elas e o tipo de funções que cada uma executa. Nesse sentido, as OPF dividem-se, actualmente, em quatro tipos cujos âmbitos são: o Nacional, o Regional, o Municipal (Supramunicipal ou Local) e o Complementar. Actualmente estão totalizadas pela AFN 169 OPF que se distribuem pelos diferentes tipos de OPF existentes.

 

Figura 4.3 – Hierarquia dos quatro tipos de OPF.

Após o reconhecimento por parte do Estado da contribuição das OPF para a valorização dos espaços florestais, foi necessário estruturar as OPF de acordo com a sua tipologia de maneira a serem enquadradas pela Estratégia Nacional de Florestas e pelo Plano Nacional de Defesa Florestal. A Figura 4.3 mostra a hierarquia dos quatro tipos de OPF existentes em Portugal Continental. Além dessa hierarquização foi também necessário estabelecer regras que distingam os diferentes tipos de OPF. Essas regras têm em conta os critérios adoptados para a atribuição da tipologia a cada uma das OPF.

De entre os vários critérios existem algumas notas relativas à forma de funcionamento das OPF, descrevendo que cada OPF do tipo supramunicipal, municipal ou local apenas pode integrar uma

Nacional

Regional

Supramunicipal, Municipal ou 

LocalComplementar

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OPF do tipo Nacional. Apesar desta restrição, podem no entanto ser feitas parcerias e apresentações conjuntas de projectos e candidaturas aos apoios nacionais e comunitárias de OPF integradas em diferentes OPF do tipo Nacional. A descrição dos quatro tipos de OPF está evidenciada no Quadro 4.2, Quadro 4.3 e Quadro 4.4:

Tipo de OPF Características Nacional (Confederações ou Federações)

Associações de Produtores Florestais

Constituídas por Associações de Produtores Florestais (Maioritariamente), Entidades Gestoras de Baldios e Cooperativas de Produtores Florestais;

Abranjam pelo menos, 50% do território de Portugal Continental;

Possuam no mínimo 30 OPF;

Trabalho desenvolvido continuado superior a 5 anos ou

50% das OPF associados com igual requisito. Conselhos Directivos (ou Entidades Gestoras) de Baldios

Constituídas por Associações de Entidades Gestoras de Baldios (Maioritariamente), Produtores Florestais e Cooperativas de Produtores Florestais;

Abranjam pelo menos 50% do território de Portugal Continental;

Possuam no mínimo 30% de conselhos directivos de

Baldios;

Trabalho desenvolvido continuado superior a 5 anos. Cooperativas de Produtores Florestais

Constituídas por Cooperativas de Produtores Florestais ou OPF complementares;

Abranjam pelo menos 50% do território de Portugal Continental;

Possuam no mínimo 30 OPF;

Trabalho desenvolvido continuado superior a 5 anos ou

50% das Cooperativas associados com igual requisito. Quadro 4.2 – Características das OPF de âmbito Nacional.

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Tipo de OPF Características Regional (Federações)

Associações de Produtores Florestais

Constituídas por estruturas associativas e cooperativas florestais e agro-florestal;

Abranjam 3 distritos do território de Portugal Continental ou agregação de mais de 50% de OPF de uma NUTS de nível II;

Possuam no mínimo 5 OPF;

Constituídas e com trabalho continuado desenvolvido

superior a 3 anos ou todas as associadas cumpram este requisito.

Conselhos Directivos (ou Entidades Gestoras) de Baldios

Constituídas por estruturas de baldios em pelo menos 3 distritos do território de Portugal Continental;

Possuam no mínimo de 10% dos Conselhos Directivos

(Entidades Gestoras) de Baldios;

Constituídas e com trabalho continuado desenvolvido superior a 3 anos ou todas as associadas cumpram este requisito.

Cooperativas de Produtores Florestais

Constituídas por cooperativas de produtores florestais;

Abranjam 3 distritos do território de Portugal Continental ou agregação de mais de 50% de OPF de uma NUTS de nível II;

Possuam no mínimo 5 OPF;

Constituídas e com trabalho continuado desenvolvido

superior a 3 anos ou todas as associadas cumpram este requisito.

Quadro 4.3 – Características das OPF de âmbito Regional.

Tipos de OPF Características Supramunicipal, Municipal ou Local

São todas as organizações de natureza associativa florestal, conselhos directivos (ou entidades gestoras) de baldios, ou organizações de natureza cooperativa florestal que desenvolvam a sua actividade no espaço territorial abaixo dos anteriores descritos (Confederações e federações).

Complementar São todas as organizações de natureza associativa, cooperativa ou organizações agrícolas que disponham de secções ou departamentos destinados à valorização da gestão, produção ou economia florestal.

Quadro 4.4 – Características das OPF de âmbito Supramunicipal, Municipal ou Local e Complementar.

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 Figura 4.4 – Distribuição das OPF pelas diferentes Unidades Territoriais NUTS nível II.

A Figura 4.4 demonstra a distribuição as OPF em Portugal e que de acordo com a figura a grande concentração de OPF encontra-se No Norte e Centro do País. Os diferentes tipos de OPF encontram-se actualmente distribuídos pelas diferentes Direcções Regionais de Florestas (DRF) equivalentes às Unidades territoriais NUTS de nível II como mostra o Figura 4.5.

 Figura 4.5 – N.º de OPF distribuído pelo tipo e pelas DRF.

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Direcções Regionais de Florestas

Tipos de OPF Total Geral

Nacional Regional Municipal Complementar

Alentejo 0 1 9 0 10 Algarve 0 1 7 1 9 Centro 1 2 71 14 88 Lisboa e vale do tejo 2 1 7 0 10 Norte 1 2 40 9 52

Total Geral 4 7 134 24 169 Tabela 4.3 – N.º de OPF distribuído pelo tipo e pelas DRF.

Segundo o Figura 4.5 e a Tabela 4.3, o tipo de OPF mais presente no País são as OPF do tipo Municipal e com maior relevância nas DRF do Norte e Centro sendo que o segundo tipo de OPF mais relevante é do tipo complementar e que mais uma vez mostra relevância nas DRF do Norte e Centro. Este factor é significativo quando comparado com a ocupação florestal em Portugal (Figura 4.6).

 Figura 4.6 – Ocupação dos tipos de solo dos Matos e Floresta.

Direcção Regional de Florestas

Ocupação Florestal (hectares) Total Geral

Floresta Matos

Alentejo 1.413.983 292.356 1.706.339 Algarve 132.209 189.315 321.524 Centro 1.159.494 731.799 1.891.293 Lisboa e Vale do Tejo 72.211 35.740 107.951

Norte 680.659 677.420 1.358.079

Total Geral 3.458.556 1.926.630 5.385.186 Tabela 4.4 – Ocupação dos tipos de solo dos Matos e Floresta.

Os dados provenientes do 5.º Inventário Florestal Nacional (IFN) realizado pela AFN comprovam a distribuição das OPF em zonas com maior área floresta principalmente no Norte e Centro.

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Contudo há aspectos a considerar nesta análise, como a inclusão do uso do solo do tipo Matos e a existência de uma área considerável de floresta na DRF do Alentejo (Tabela 4.4). O primeiro aspecto é explicado pelo facto de frequentemente os matos serem associados às florestas pelas piores razões, sejam elas, a falta de manutenção das propriedades ou os incêndios florestais, pelo que se verifica uma área florestal considerável na DRF do Norte e Centro, que ultrapassa a área de floresta da DRF do Alentejo. A área significativa de ocupação florestal é explicada pelas grandes dimensões das propriedades na região do Alentejo sendo que a área reduzida de Matos é explicada pela possível rentabilização das propriedades e pela manutenção das propriedades. As OPF são de extrema importância para os proprietários florestais e associados pois são associações prestadoras de serviços que tem em vista a valorização dos espaços florestais e de outros tipos de usos que estejam enquadrados na realidade da propriedade rústica, nomeadamente espaços agrícolas, agro-florestais e baldios. Os serviços prestados variam de OPF para OPF pois vão sempre ao encontro das necessidades dos associados e dos proprietários florestais, sendo os mais genéricos e comuns a silvicultura preventiva, a inventariação florestal, a elaboração de projectos florestais e a informação e sensibilização.

A necessidade por parte das OPF de conhecer os limites e a área dos prédios rústicos pertencentes aos associados, motivou o aparecimento de um novo serviço que consiste na execução de levantamentos perimetrais como forma de colmatar a ausência de cadastro. Este tipo de serviço tornou-se muito importante principalmente para a criação de ZIF, especialmente em regiões de minifúndio e para a valorização do material lenhoso através da certificação florestal.

4.6 Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) e Certificação Florestal

O conceito ZIF foi idealizado após os grandes incêndios florestais de 2003, sendo introduzido no sector florestal com o Decreto-lei n.º 127/2005, de 5 de Agosto numa tentativa de criar um procedimento válido para a gestão florestal de prédios rústicos com uma estrutura minifundiária (Deus, 2010). Existem três razões fundamentais para as ZIF serem orientadas para o minifúndio, nomeadamente a elevada incidência de incêndios florestais nos prédios rústicos de minifúndio, a rentabilização dos pequenos prédios rústicos através de uma gestão conjunta e a maior facilidade de acesso a fundos comunitários. A agregação de várias propriedades de pequena dimensão pertencentes a diversos proprietários veio proporcionar uma gestão conjunta com vista à rentabilização dessas propriedades. A definição de ZIF é descrita na alínea i) do art. 3.º do Decreto-lei n.º 127/2005, de 5 Agosto como um território, contínuo e delimitado, de natureza maioritariamente florestal e gerido por uma única entidade (entidade gestora), submetido a um plano de gestão florestal (PGF) e a um plano específico de intervenção florestal (PEIF). As entidades gestoras são normalmente as OPF, os compartes de baldios e conjuntos de proprietários que garantam as especificações requeridas para constituição de ZIF.

Os vários processos de constituição, avaliação e aprovação das ZIF são da competência da AFN, sendo que posteriormente a sua responsabilidade passa pela avaliação do desempenho das funções das OPF, incluindo a fiscalização do cumprimento dos pressupostos legais. A AFN é

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ainda responsável pela criação de um manual de procedimentos de apoio à constituição de uma ZIF, que inclui um modelo de regulamento interno, um modelo dos PGF e PEIF, e as normas para a elaboração de peças gráficas. A necessidade de elaborar este manual surgiu pela primeira vez na revisão, em 2009, do anterior Decreto-Lei (DL n.º 15/2009, de 14 de Janeiro. Neste último Decreto-Lei é ainda mencionado que o documento legal serve para a possibilidade de inclusão dos terrenos do domínio privado do Estado nas ZIF, bem como a possibilidade de inclusão dos territórios comunitários simplificando todo o processo de concessão e organização.

De acordo com a AFN (2011b), estão constituídas 149 ZIF distribuídas pelas várias unidades territoriais de Portugal Continental constituindo um total de 762.658,967 hectares, o que já representa alguma relevância como mostra a Figura 4.7:

 Figura 4.7 – N.º de ZIF por Direcções Regionais Florestais.

Direcção Regional Florestal N.º de ZIF Hectares Totalizados

Algarve 16 64.512,707 Alentejo 2 13.207,072 Centro 72 290.299,922 Lisboa e Vale do Tejo 24 291.210,397 Norte 35 103.428,869

Total Geral 149 762.658,967 Tabela 4.5 – Números de ZIF e hectares totalizados por DRF.

A distribuição das ZIF pelas cinco regiões (Tabela 4.5) mostra que os maiores números de ZIF encontram-se no Norte e no Centro. Esta distribuição está de acordo com o mencionado por Deus (2010), que refere que as zonas de constituição de ZIF são efectivamente zonas onde predomina a estrutura minifundiária.

Considerando a falta de Cadastro Predial nos prédios rústicos a Norte e Centro do País, o Decreto-lei n.º 127/2005 e o Decreto-lei n.º 15/2009 referem que, na ausência de Cadastro Predial, deve ser apresentado como um dos elementos obrigatórios o cadastro geométrico ou simplificado dos prédios abrangidos pelos aderentes ou na falta deste, um inventário da estrutura da propriedade na escala adequada à sua identificação. Alternativamente, as entidades gestoras realizam preferencialmente levantamentos perimetrais com recurso a receptores GPS. A

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recorrência a levantamentos perimetrais leva a que os aderentes declinem efectuar o Cadastro homologado através do IGP. Esta situação verifica-se devido aos custos aplicados aos prédios rústicos minifundiários que estão completamente desajustados a realidade orçamental dos pequenos proprietários recorrendo muitas vezes a prestações de serviços mais baratos e existentes em OPF.

A importância das ZIF para a elaboração do Cadastro Florestal é considerada uma mais-valia na celeridade do processo visto que as entidades gestoras possuem a informação dos aderentes e dos prédios facilitando a execução do Cadastro Florestal é executado. Neste sentido através da publicação no Decreto-lei n.º 65/2011, de 16 de Maio, foi determinada a criação de um subprojecto próprio, no âmbito do SINERGIC, relativo ao cadastro das áreas de floresta. Para tal, foi constituído um grupo de trabalho com o objectivo de propor medidas tendentes à implementação do cadastro em áreas florestais, assegurando, numa primeira fase, a cobertura das áreas públicas comunitárias e das áreas integradas em zonas de intervenção florestal (ZIF).

O estabelecimento das ZIF tornou possível o acesso a novas formas de gestão florestal por parte dos pequenos proprietários, nomeadamente o acesso à certificação florestal. O funcionamento da ZIF pode facilitar a implementação da certificação florestal permitindo assim a participação dos pequenos proprietários em mercados dominados por empresas florestais. A certificação florestal de acordo com a DGRF (2006) é um processo auto-regulador, iniciado e suportado por actores privados, tanto produtores, como industriais, como comerciais. Este processo possibilita de forma voluntária a gestão florestal sustentável e cria uma cadeia de responsabilidades que demonstra a proveniência e o tipo de gestão da madeira ao consumidor final. Actualmente em Portugal existem dois tipos de certificações predominantes: o Programme for the Endorsement of Forest Certification Council (PEFC) e o Forest Stewardship Council (FSC). Dos vários indicadores a seguir e preservar para a viabilidade de uma gestão florestal sustentável, existe um critério comum à criação da ZIF, que é a necessidade de cadastro ou na ausência dele a existência de cadastro geométrico ou simplificado dos prédios abrangidos pelos aderentes ou que na falta daquele, um inventário da estrutura da propriedade na escala adequada à sua identificação. A certificação florestal é um gesto nobre de exploração dos espaços florestais mas actualmente torna-se difícil aplicar em zonas de ZIF ou por parte de OPF porque torna-se um processo por vezes dispendioso em que a margem de lucro por vezes é pequena ou nenhuma. Sendo assim o cadastro florestal poderá ser usado para cumprir os requisitos impostos pela certificação florestal e permite também abertura a novos apoios comunitários que possibilitem a implementação das medidas para uma gestão florestal sustentável do ponto de vista ambiental, mas também do ponto de vista monetário.

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5. METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida no presente trabalho baseou-se na resolução de alguns problemas que ocorrem actualmente no processo de recolha e armazenamento de dados, para a caracterização dos prédios rústicos, efectuado pelas associações florestais. A metodologia é constituída por três fases distintas: a concepção e envio de um questionário às Organizações de Produtores Florestais (OPF), a concepção de uma base de dados comum a todas as OPF elaborada com base nos atributos usados por todas as OPF e de acordo com as especificações do SiNErGIC e, por último, o desenvolvimento de uma aplicação gratuita como possível solução para a caracterização de prédios rústicos in loco.

5.1 Questionários às OPF sobre o Cadastro Florestal

A primeira fase corresponde à elaboração de um questionário com 16 perguntas (Anexo E) que se destinam às OPF, numa tentativa de perceber como se organizam e que informações recolhem, compreendendo a possível utilidade da informação recolhida para a caracterização dos prédios rústicos de acordo com as especificações do SiNErGIC. As questões presentes no questionário abordam o seguinte: a utilização de GPS ou de outros métodos de levantamento dos limites, o procedimento de registo de dados, o software usado, o tipo de receptor GPS, o modo de recolha de dados na utilização de GPS, a precisão dos dados GPS que são recolhidos, o suporte cartográfico utilizado como referência, o(s) uso(s) de solo, o armazenamento dos dados, a documentação apresentada para a comprovação da titularidade dos prédios, os atributos usados para a caracterização dos prédios, o procedimento de delimitação das ZIF, a disponibilidade de aderir ao SiNErGIC e quais as contrapartidas pretendidas, a utilidade de uma aplicação que recolha toda a informação no campo e finalmente os serviços prestados pelas OPF.

O “Uso de GPS em Levantamentos perimetrais ou Cadastro Florestal (Sim ou Não) ” é a questão inicial do questionário pois permite quantificar as OPF que recorrem a esta tecnologia. O uso da tecnologia GPS associada aos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) tem mostrado grandes vantagens no sector florestal pois permite a monitorização de pragas e doenças, a localização e delimitação de parcelas no âmbito do inventário florestal, a execução de levantamentos perimetrais que servem de apoio à gestão florestal, o registo e actualização das redes viárias florestais entre outras. Esta questão é constituída por duas escolhas sendo que a escolha “Sim” permite que a OPF responda a todas as restantes questões enquanto que no caso da escolha do “Não”, os técnicos das OPF têm única e exclusivamente que responder à última questão (questão 16), a qual está relacionada com os seguintes aspectos: a forma de recolha, armazenamento dos dados, os tipos dados armazenados, e o motivo de não possuir a tecnologia GPS. Os aspectos relativos à questão 16 servem para entender a forma de organização das OPF que não recorrem ao uso do GPS para levantamentos perimetrais e permite-nos entender como conseguem a organização dos seus associados. Permite também compreender que atributos usam para armazenar a informação dos prédios rústicos. A esta forma de organização poderá ser criado uma solução válida pela presente metodologia quer seja para as OPF que já

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usam GPS para levantamentos perimetrais e para as que não usam alcançando assim a harmonização e uniformização da informação recolhida.

A questão relacionada com “O procedimento no registo dos dados no campo” serve para entender a forma como os técnicos das OPF efectuam a recolha de informação no terreno. Para isso foram sugeridas três opções: “GPS e Formulário manuscrito, GPS e formulário digital, “GPS”. O GPS e formulário manuscrito, diz respeito à utilização do tradicional papel e caneta para o preenchimento do formulário com a caracterização do prédio rústico e o seu levantamento perimetral apoiado pelo equipamento GPS. Esta opção consome muito tempo pois é necessário transcrever, em gabinete, toda a informação manuscrita e associá-la aos levantamentos levantados. A opção seguinte GPS e formulário digital permite saber se utilizam formulários integrados em tecnologias (PDA, Tablet, Smartphone, GPS) para a caracterização dos prédios rústicos, o que permite a poupança de tempo e o aumento da dinâmica na recolha de dados no terreno. A última opção é o uso do GPS, ou seja, esta opção indica que o registo que efectuam no campo é o levantamento perimetral para localizar e calcular a área do prédio rústico.

Além do GPS, os sistemas de informação geográfica (SIG) têm sido outra tecnologia que se tornou muito útil no sector florestal pois permite processar e armazenar a informação geográfica relativa aos prédios rústicos geridos por uma determinada OPF. A pergunta “Qual o(s) software(s) de Sistemas de Informação Geográfica usados para guardar os levantamentos e para produção de mapas (ESRI ArcGIS, (ArcMap, ArcView, ArcPad, ArcGlobe, ArcReader, ArcScene, ArcCatalog), GeoMedia, PCI Geomatica, Quantum GIS, IDRISI, PostGIS SQL, gvSIG, Outro)” permitirá perceber quais as aplicações frequentemente utilizadas pelos técnicos das OPF para processarem, armazenarem e produzirem informação geográfica.

O tipo de GPS a utilizar também é relevante visto existir uma grande variedade de escolha e com tecnologia acoplada de diferentes maneiras. A questão “Que tipo de GPS utiliza” apresenta três opções: “GPS com antena interna, GPS com antena externa (PDA), Outro”. As duas primeiras opções são as mais comuns nos serviços prestados aos seus associados de uma OPF, nomeadamente em levantamentos perimetrais de prédios rústicos. A opção “Outro” permite a identificação de outro tipo GPS que seja igualmente útil nos serviços prestados pelas OPF aos associados. Sabe-se também que podem existir variações de precisões entre os receptores que recolhem dados GPS em floresta. De acordo com Karsky et al. (2000) foram efectuados alguns testes com diferentes receptores GPS debaixo de coberto florestal, tendo estes concluído que o tipo de antena do receptor pode ter influência na recolha dos dados GPS, nomeadamente que os receptores GPS com antenas internas são os mais adequados em situações de campos abertos e com poucas copas de árvores e que por outro lado, debaixo de coberto florestal, as antenas externas GPS (por exemplo, PDA acoplado a GPS) possuem melhores precisões.

Para além do tipo de equipamento utilizado é também necessário entender de que forma é recolhida e processada a informação geográfica recolhida pelas OPF sendo colocada a seguinte questão: “Como é efectuado o processamento dos dados recolhidos com o sistema GPS”. A pergunta é constituída por três opções sendo elas: “Processamento da Correcção Diferencial com RTK, Correcção Diferencial Pós-Processamento e Não tem noções dos conceitos referidos”. A primeira opção permite através de uma ou mais bases GPS estacionárias a recolher

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correcções constantes que ajudam a minimizar os erros de precisão existentes na recolha da informação geográfica do prédio rústico. Na segunda opção a recolha é feita sem recorrer a uma base que minimize os erros, e esses erros são corrigidos em gabinete após a recolha da informação geográfica através de programas desenvolvido para esse efeito. Por último, a terceira opção permite entender se existe OPF que recolhem informação geográfica GPS sem terem noções de como trabalha o receptor.

Relacionada com a recolha de dados está também a questão seguinte que se prende com a precisão dos dados (“Com que precisão são recolhidos os dados”). Esta questão é composta por três opções que são: “Ordem de grandeza de precisão Planimétrica e Altimétrica, Ordem de grandeza de precisão Planimétrica e Não tem noções dos conceitos referidos”. A questão serve para a perceber se as OPF recorrem só à planimetria para a representação dos limites dos prédios ou recorrem a inclusão da altimetria para representar fielmente a morfologia do terreno dos limites dos prédios rústicos. A última opção serve em caso da OPF não ter conhecimentos referentes às opções referidas anteriormente.

A pergunta seguinte tem como principal objectivo perceber que tipo de suporte cartográfico é utilizado pelas OPF (“No campo e no gabinete quais os suportes que apoiam os dados GPS recolhidos no campo”), tendo as seguintes opções: “Cartas Militares e escala, Ortofotos e resolução, Google Earth, BingMaps, Outro”. As cartas Militares e as Ortofotos costumam ser as mais usuais quando é necessário produzir um mapa em gabinete para fornecer ao associado ou para auxílio na localização espacial do prédio rústico. No entanto, por falta de fundos, as OPF recorrem a outros tipos de suportes cartográficos, nomeadamente o Google Earth e o BingMaps. Existe ainda uma última opção que serve no caso de as OPF usarem outro tipo de suporte cartográfico.

É necessário ainda compreender quais os tipos de uso do solo que são considerados nos levantamentos perimetrais efectuados pelas OPF. Relativamente ao tipo de uso do solo foi colocada a seguinte questão: “Que tipos de usos do solo são alvo de levantamentos perimetrais”. Esta pergunta possibilitava a selecção de mais do que uma opção pois existem OPF que usualmente fazem levantamentos perimetrais para além do florestal. As opções possíveis de selecção são: “Florestal, Agrícola, Agro-Florestal, Baldio, Social”. As três primeiras opções são as mais frequentes, no caso dos baldios por vezes há entidades gestoras de baldios que recorrem às OPF para efectuarem os levantamentos perimetrais das áreas de baldio. Esta situação verifica-se também para os levantamentos do tipo de uso social que por vezes são elaborados a pedido de alguns associados, mas sempre avisados pela OPF que o levantamento por si só não corresponde a um documento oficial de titularidade do prédio.

A pergunta seguinte serve para entender como as OPF armazenam a informação relativa aos associados e a informação geográfica relativa aos prédios dos associados. Ao entender o armazenamento dos dados podemos perceber o grau de facilidade (ou dificuldade) para a migração para outras plataformas. A pergunta é estruturada da seguinte maneira: “Os dados obtidos referentes ao Cadastro Florestal são guardados (Pode seleccionar mais que um, caso se aplique) ” tendo como possíveis opções “Arquivo (formato Papel), Computador (Digital) e Base de Dados SIG”. A primeira opção referente ao Arquivo serve no caso de toda a informação

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referente à caracterização dos proprietários e à caracterização do prédio estar armazenada em formato papel, estando apenas a informação geográfica armazenada em computador. A opção Computador serve para entender se a informação recolhida dos prédios e dos proprietários é só armazenada em formato digital não existindo uma base de dados que una esse tipo de informação. Por último a opção Base de Dados SIG) serve para as OPF que armazenam a informação recolhida dos proprietários e dos prédios rústicos e associam à informação geográfica do prédio construindo uma base de dados geográfica onde fica armazenada toda a informação.

Além dos dados referentes aos Associados da OPF também interessa saber qual o tipo de informação que as OPF associam à informação geográfica dos levantamentos perimetrais. Nesse sentido é questionado quais os tipos de documentos solicitados aos associados para comprovar a titularidade dos prédios alvo de um levantamento perimetral (“Quais os documentos requeridos aos associados que comprovam a titularidade do prédio alvo de um levantamento perimetral”), sendo disponibilizadas as seguintes opções: “Nenhum, Registo de Conservatória do Registo Predial, Registo de Artigos nos Serviços de Finanças (ou Caderneta Predial), Escritura, Outro”. A existência de documentos que comprovem a titularidade dos prédios é essencial para bem do proprietário uma vez que devido à falta de cadastro poderão existir situações de litígio com os confrontantes em que as OPF poderão ter que intervir no sentido de servir o interesse do associado na execução de uma prestação de serviço.

Tendo conhecimento das diferentes formas de actuação das diversas OPF existentes em Portugal, é necessário estabelecer um conjunto de atributos caracterizadores de cada prédio rústico que sejam comuns a todas as OPF possibilitando um melhor funcionamento das OPF e facilitar uma melhor partilha de informação com outras entidades. A pensar nisso foi elaborada a seguinte questão que pretende perceber quais os atributos recolhidos com maior frequência: “Indique e descreva os campos ou atributos usualmente associados ao polígono das áreas levantadas que são guardados nos SIG, ou seja, além do perímetro e área quais os campos que são associados aos polígonos”. Nesta questão a OPF é livre de preencher os atributos que usa na sua base de dados SIG que permitem associar o proprietário ao seu respectivo prédio possibilitando posteriormente uma análise de forma harmonizada desses atributos por todas as OPF.

A importância das ZIF tem aumentado nos últimos anos pois estas têm demonstrado ser um bom mecanismo para gerir os prédios rústicos de pequena e media dimensão, os quais são apontados como um dos problemas para uma gestão sustentável da floresta. Como tal é necessário compreender como é feita a delimitação de uma ZIF de forma a estas possam contribuir para o Cadastro Florestal. Tendo este aspecto em consideração a seguinte perguntada foi questionada: “Se possui uma ou mais Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) indique com é feita a sua delimitação”. No caso de a OPF ser uma entidade gestora de ZIF existem as seguintes opções: “Delimitação perimetral da mancha contínua florestal, Delimitação perimetral da mancha contínua florestal tendo em conta o perímetro e tipo do prédio (florestal, agrícola, inculto, social) e Delimitação perimetral da mancha contínua florestal tendo em conta o perímetro, tipo prédio e a exclusão de áreas não florestais.”

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O desenvolvimento do sistema cadastral denominado SiNErGIC poderá trazer benefícios para o Cadastro Florestal sendo necessário considerar uma questão que permita avaliar o interesse das OPF na participação ou não no processo e o porquê de não querer fazer parte. A questão associada à participação ou não no projecto SiNErGIC é a seguinte: “No âmbito do Sistema Nacional de Exploração e Gestão de Informação Cadastral (SiNErGIC) – Projecto Florestas, estariam dispostos a fazer os levantamentos segundo as especificações técnicas regulamentadas pelo Instituto Geográfico Português (IGP)?”. As OPF poderão ser essenciais pois possuem informação relativa aos proprietários e aos respectivos prédios, a qual pode contribuir para a celeridade do processo de execução do Cadastro. Contudo, existem questões que se prendem com possíveis contrapartidas que as OPF possam exigir pela cedência dessa informação. A pensar nessa possível situação é deixado um espaço em branco no questionário para que as OPF descrevam quais as contrapartidas pretendidas, permitindo assim reflectir em possíveis soluções para um maior envolvimento entre as diversas entidades.

A pergunta seguinte remete para a utilidade do desenvolvimento de uma aplicação que permita agilizar o processo de recolha dos dados de caracterização dos associados e respectivos prédios rústicos. A questão foi elaborada da seguinte maneira: “O que diria se fosse desenvolvido um aplicativo para PDA, GPS ou eventualmente telemóvel que substituísse o tradicional formulário (formato papel) e que tivesse a capacidade de armazenar os dados do polígono florestal levantado pelo técnico. Tal implicaria o preenchimento no local de todos os atributos da base de dados relativos a um dado polígono florestal evitando-se o posterior trabalho em gabinete”. Esta questão tem três opções (“ Seria muito útil, Útil, Não Faz diferença”) que permitem avaliar o grau de interesse das OPF pela aplicação.

Finalizando, o questionário serve ainda para perceber quais são as prestações de serviços que permitem as OPF realizarem o seu trabalho diário para descobrir novas formas de integração da informação proveniente dessas prestações de serviço. Tendo essa situação em consideração, foi elaborada a seguinte questão: “Quais os serviços prestados ao proprietário florestal na Associação”.

5.2 Interpretação dos resultados dos questionários e modelação da Base de Dados considerando o projecto SiNErGIC e as bases de dados das OPF

A segunda fase da metodologia é importante porque permite avaliar, através das respostas aos questionários, quais os atributos mais utilizados para o armazenamento da informação recolhida pelas OPF e consequentemente desenvolver uma base de dados única que sirva todas as OPF. A fase inicial da concepção desta base de dados passa por estabelecer um conjunto de atributos comuns a todas as OPF e a todas as entidades envolvidas no projecto SiNErGIC para que numa primeira etapa esta harmonização permita o desenvolvimento de uma base de dados nacional uniformizada referente à caracterização dos prédios rústicos.

Numa primeira análise das especificações técnicas do SiNErGIC relativo ao esquema UML da concepção da base de dados e no que diz respeito à informação geográfica a recolher, o

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projecto só abrange a identificação e delimitação dos prédios não existindo nenhum campo que individualize o prédio em urbano ou rústico e a sua respectiva caracterização. O grau da caracterização do prédio apresentado no esquema aplicacional do SiNErGIC passa pela enumeração TipoObjectoCadastro onde é dividido em: “Prédio=1, Baldio=2, Cadastro Diferido=3, AUGI=4”.

A concepção do diagrama da base de dados a ser proposto às OPF para a caracterização dos prédios rústicos pode ainda ser adoptado por todas as entidades que possam colaborar no processo de execução do Cadastro Florestal. Esta base de dados irá permitir o armazenamento de informação válida e harmonizada para posteriores partilhas entre diversas entidades evitando a replicação de informação e promovendo uma célere e ágil partilha de informação. Esta partilha de informação poderá ser celebrada através de parcerias e protocolos de cooperação de finalidade mútua com empresas cadastrantes e IGP no âmbito do SiNErGIC (agilizar o processo de localização dos prédios rústicos e respectivos proprietários através dos levantamentos perimetrais e partilha de informações de associados das OPF), Autoridade Florestal Nacional (Inventários, Sanidade, Caça, Pesca, DFCI, ZIF, Certificação Florestal) e Finanças (Controlo de Custos e Rendimentos de Exploração para efeitos de IMI e IMS). A ideia inicial de concepção da base de dados está expressa na Figura 5.1.

 

Figura 5.1 – Esquema de interligação de entidades respeitantes ao Cadastro Florestal.

O esquema da Figura 5.1 irá permitir um conjunto de mais-valias entre as entidades envolvidas no cadastro florestal e possivelmente uma celeridade no processo. Neste tipo de esquema existe um problema inicialmente identificado relativo à Lei de Protecção de Dados visto que a OPF pode estar receptiva à ideia de cooperar no projecto mas o associado poderá não querer

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partilhar essa informação. Nesse sentido serão elaboradas algumas soluções que visam esclarecer os associados para que haja uma melhor aceitação e colaboração.

5.3 Desenvolvimento de uma aplicação de recolha de informação

A terceira fase do trabalho corresponde ao desenvolvimento de uma aplicação que agiliza a recolha de dados no campo sobre a caracterização de prédios rústicos e que apresente um conjunto de atributos válidos para as OPF, a AFN e o IGP. A aplicação irá ser criada através de um software gratuito (freeware) denominado por CyberTracker (Figura 5.2). Este software é gratuito necessitando apenas de uma activação dentro do software que tem em vista a monitorização dos utilizadores do software.

 

Figura 5.2 – Interface do freeware CyberTracker.

 

O software cria aplicações para uma eficiente recolha de dados no campo, as quais podem ser usadas em PDAs e aparelhos que suportem o sistema operativo Windows Mobile e Windows CE. O processo de criação das aplicações baseia-se na criação de “Ecrãs” onde são adicionadas “Acções” que permitem ao utilizador decidir o tipo e a forma de recolha dos dados. Os dados são armazenados sob a forma de “Elementos”. Para além ser possível o armazenamento de dados alfanuméricos, esta aplicação possibilita ainda o registo da localização geográfica dos dados recolhidos no caso de o aparelho ter um GPS acoplado. A não necessidade de possuir habilidades de programação permite ao utilizador personalizar as aplicações consoante o tipo de dados a recolher demonstrando assim inúmeras funcionalidades. A informação recolhida é descarregada para o CyberTracker e pode ser organizada através dos

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“Relatórios” que mostram a informação recolhida no terreno sob a forma de tabelas. Estas tabelas podem ser organizadas por filtros criados pelo utilizador de forma a aceder a informação que pretende trabalhar. Além disso, se os dados forem recolhidos com informação geográfica associada, é possível a sua visualização através de “Vistas”, que possibilitam a visualização da localização geográfica através da inserção de suporte. Permite também a exportação da informação alfanumérica e geográfica para formatos compatíveis com a maioria dos sistemas informáticos e sistemas de informação geográfica existentes no mercado. Este freeware mostra ter uma grande utilidade a nível florestal pois permite a criação de aplicativos próprios para a gestão florestal, controlo de pragas e doenças, a monitorização de habitats faunísticos e florísticos, a defesa florestal contra incêndios, o inventário florestal, o cadastro florestal entre outros.

A aplicação a ser desenvolvida possibilitará ao técnico da OPF a recolha da informação referente ao SiNErGIC e à caracterização dos prédios rústicos (Figura 5.3). A aplicação será dividida em duas opções distintas de preenchimento de dados, que é o preenchimento da informação para efeito de SiNErGIC e informação relacionada à caracterização dos prédios rústicos. A secção referente ao SiNErGIC irá recolher toda a informação alfanumérica especificada nas fichas de titularidade presentes nas especificações técnicas do SiNErGIC. A secção onde é feita a recolhida para a caracterização dos prédios rústicos dependerá dos atributos que as OPF fornecerem na resposta dos questionários relativamente aos atributos que frequentemente usam nas bases de dados como por exemplo, uso do solo, N.º do associado, espécie florestal, entre outros. Na presença de GPS deve-se sempre que possível recolher os dados recorrendo a recolha de pontos que delimitem o prédio nomeadamente marcos e situações de estremas. Após a construção da aplicação com a informação referente ao SiNErGIC e da caracterização dos prédios rústicos e ainda dentro do software CyberTracker serão criados filtros na opção “Relatórios” para que automaticamente a informação seja transferida do equipamento para o CyberTracker seja logo visualizada e seja pronta a ser exportada.

 

Figura 5.3 – Esquema da Operação de Recolha e Armazenamento da Informação.

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6. RESULTADOS

6.1 Questionários às OPF sobre o Cadastro Florestal

O envio dos questionários às OPF teve em consideração os contactos de correio electrónico das 169 OPF registadas pelas diferentes Direcções Regionais de Florestas existentes na Autoridade Florestal Nacional (AFN). O envio e a recepção dos questionários decorreu no período entre Março e Agosto de 2011. Apenas aproximadamente 25% das OPF respondeu aos questionários, ou seja, 44 OPF num universo de 169 responderam ao questionário. Dos 44 questionários respondidos, 38 eram de OPF de âmbito Municipal, 4 de âmbito Complementar e 2 de âmbito Nacional sendo que não foi obtida resposta de nenhuma de âmbito Regional. Outro aspecto a considerar é que, as OPF do tipo Nacional e Regional não prestam serviços do tipo GPS, pois têm como principal objectivo apoiar as OPF do tipo Municipal e Complementar em aspectos legais, técnicos, cooperação e dinamização de sectores relacionados com o sector Florestal. Considerando estes aspectos no universo de 169 OPF, as que são prestadoras de serviços são apenas as de âmbito Municipal e Complementar correspondendo a 158 OPF. Os resultados dos questionários a seguir referenciados representam a realidade das OPF que prestam serviços locais, ou seja, OPF do âmbito Municipal e Complementar, excluindo-se as OPF pertencentes à Direcção Regional de Florestas do Algarve uma vez que não responderam ao questionário. Dos 44 inquéritos obtidos das OPF, apenas 41 foram considerados visto que um dos questionários foi entregue sem qualquer preenchimento e os outros dois pertenciam a OPF de âmbito Nacional. Relativamente às questões de escolha múltipla, estas foram analisadas através da combinação das escolhas mais optadas pelas diferentes OPF.

As respostas à questão 1, referente à utilização de tecnologia GPS em levantamentos perimetrais ou levantamentos cadastrais, foram agrupadas por Direcções Regionais das Florestas Tabela 6.1.

Direcções Regionais Florestais (DRF)

OPF Municipais e Complementares existentes

OPF Municipais e Complementares que responderam ao inquérito

Uso de GPS em Levantamentos

Responderam Sim

Percentagem (%)

Alentejo 9 2 1 2,6 Algarve 8 0 0 0 Centro 85 24 22 57,9 Lisboa e Vale do Tejo 7 2 2 5,3 Norte 49 13 13 34,2

Tabela 6.1 – Resultados dos questionários sobre o Uso de GPS.

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 Figura 6.1 – Resultados Global dos Questionários às OPF sobre o uso do GPS.

Em termos globais os resultados obtidos (Figura 6.1), indicam que dos 41 questionários válidos, 92,7% das OPF usam GPS para efectuar levantamentos perimetrais ou cadastrais, enquanto que apenas 7,3% (3 OPF) indicaram a não utilização deste tipo de tecnologia para a execução de levantamentos perimetrais ou cadastrais.

Na questão 1 quando a resposta é “Não”, é solicitado que justifiquem o motivo respondendo às quatro alíneas da questão 16. Na questão 16 é referido o seguinte: “Se respondeu Não na Pergunta n.º 1 indique-nos:

a. Como recolhe os dados do seu associado? b. Onde armazena os dados referentes aos associados? c. Quais os dados guardados dos associados? (Ex.: Nome, N.º Associado, povoamentos,

Artigo de Propriedade, tipo de uso do solo, etc…) d. Qual o motivo por não ter este tipo de tecnologia?”

Relativamente à alínea a, a resposta foi a mesma para as 3 OPF que responderam negativamente à questão 1, uma vez que todas recorrem à informação cadastral dos prédios rústicos dos associados inseridos nas áreas de actuação das OPF. Na alínea b, os resultados indicaram que 2 das OPF usam o software SIG ArcGIS e um software de gestão florestal para armazenarem os dados dos associados, enquanto que a terceira armazena os dados dos associados em folhas num software convencional (MS Excel) e armazena, em arquivo, cópias das cadernetas prediais dos prédios rústicos dos associados. A alínea c, aborda quais os dados (atributos) dos associados guardados pelas OPF e as respostas foram muito semelhantes, sendo que os atributos mais comuns eram, Nome, Nº Associado, Prédio (Freguesia, secção do cadastro, artigo, área, nome do prédio rústico), Morada, Telefone, Email, Número de Identificação Fiscal, Bilhete de Identidade, Ocupação solo). Para finalizar este conjunto de alíneas, a alínea d, que questionava a não utilização deste tipo de tecnologia, obteve mais uma vez, respostas semelhantes, em dois dos três casos as OPF não usam GPS em levantamentos perimetrais ou cadastrais uma vez possuírem cadastro oficial. Mas este facto não evitou as mesmas de adquirirem a tecnologia GPS uma vez que usam GPS para finalidades florestais

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como por exemplo, a monitorização de pragas e doenças. No restante caso, a não utilização desta tecnologia deve-se ao facto de não existirem verbas, mas que devido à necessidade crescente desta tecnologia noutros serviços ter sido requerido um financiamento para obter este equipamento.

A questão 2 do inquérito é relativa ao procedimento de recolha dos dados no terreno onde foram colocadas três opções possíveis de resposta referentes ao tipo de recolha de informação alfanumérica e geográfica (Tabela 6.2).

Modo de recolha de Informação Alfanumérica e Geográfica N.º

Questionários Percentagem

(%) GPS + Preenchimento Formulário em formato Papel

13 34,2%

GPS + Preenchimento formulário em formato Digital

11 28,9%

GPS 14 36,8%

Total de Questionários 38 100,0% Tabela 6.2 – Resultado da Questão 2 sobre a recolha de informação usada pelas OPF.

 

Figura 6.2 – Resultado da Questão 2 sobre a recolha de informação usada pelas OPF.

Analisando a Figura 6.2, as respostas das OPF dividiram-se de uma forma praticamente equitativa pelas 3 opções. No entanto, a forma de recolha de informação mais vezes referida foi o uso do GPS (36,8%). O segundo modo de recolha de dados mais mencionado diz respeito ao uso de GPS acompanhado de um formulário de papel (34,2%), ficando para último o uso de GPS acompanhado de formulário digital (28,9%).

A questão 3 referiu-se ao (s) software (s) SIG utilizado (s) e que diz respeito a uma questão de escolha múltipla, ou seja, era permitido a escolha de uma ou mais opções de forma a entender

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que tipo de software as OPF estão habituadas a lidar no seu dia-a-dia. Inicialmente as opções fornecidas foram: “ESRI ArcGIS, Quantum GIS, gvSIG, Geomedia, PCI Geomatica, IDRISI, PostGIS SQL, Outro”. Os resultados foram dispostos pelos softwares que as OPF seleccionaram no questionário como demonstra a Tabela 6.3.

Tipo(s) de Software(s) N.º Questionários Percentagem (%)

ESRI ArcGIS 35 92,1% Quantum GIS 5 13,2% gvSIG 2 5,3%

GeoMedia 1 2,6%

Total de Questionários 38 100,0% Tabela 6.3 – Resultado da questão 3 relativa ao tipo de softwares usados nas OPF.

 

 Figura 6.3 – Resultado da questão 3 relativa ao tipo de softwares usados nas OPF.

A Figura 6.3 mostra-nos que os resultados dos inquéritos indicam a preferência pelo software SIG da ESRI ArcGIS (92,1%), não só para guardar a informação geográfica bem como para produzir mapas das áreas levantadas. A segunda escolha por parte das OPF foi a utilização do Quantum GIS com 5 selecções o que corresponde a uma percentagem de 13,2%. Relativamente ao gvSIG só 5,3% (2 selecções) das OPF seleccionaram esta opção. Por último, o software GeoMedia é o software adoptado por 2,6% das OPF que responderam ao questionário.

A questão seguinte, questão 4, remete para o tipo de tecnologia GPS que as OPF usam para a recolha de informação geográfica nos levantamentos. Os resultados representam a tecnologia GPS frequentemente utilizada pelas OPF (Tabela 6.4).

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Tipo de Tecnologia GPS N.º de Questionários Percentagem (%)

GPS com Antena Interna 31 81,6%

GPS com Antena Externa (PDA)

9 23,7%

Outro 1 2,6%

Total de Questionários 38 100,0% Tabela 6.4 – Resultados da questão 4 sobre o tipo de GPS usados pela OPF.

 

 Figura 6.4 – Resultados da questão 4 sobre o tipo de GPS usados pela OPF.

A Figura 6.4 demonstra que os resultados referentes às selecções mais vezes escolhidas pelas OPF (81,6%) indicam que o tipo de GPS mais usual é o GPS com Antena Interna. A segunda opção mais seleccionada pelas OPF foi o uso de GPS com antena externa representando uma percentagem de 23,7% correspondente a 9 questionários. Em último lugar ficou a opção Outro com uma percentagem de 2,6%, equivalente a uma OPF que indicou a utilização de um GPS topográfico.

A questão 5 pretende avaliar quais os métodos de processamento das observações GPS utilizados pelas OPF. A análise dos resultados (Tabela 6.5) indicou que todas as OPF que responderam ao questionário mostra que os técnicos das OPF estão capacitados para o processamento das observações GPS, quer recorrendo ao processamento em tempo real quer ao pós-processamento, uma vez que nenhum OPF respondeu “que não tinha noção dos conceitos”.

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Método de Precisão N.º de Questionários Percentagem (%)

Correcção Diferencial RTK 5 13,2%

Correcção Pós-Processamento 33 86,8%

Não tem Noção do Conceito 0 0,0%

Total de Questionários 38 100,0% Tabela 6.5 – Resultados da questão 5 referente aos métodos de processamento.

 

Figura 6.5 – Resultados da questão 5 sobre os métodos de processamento usados pelas OPF.

 

A Figura 6.5 demonstra que em termos de métodos de processamento das observações GPS, a correcção pós-processamento é a mais usual nas OPF questionadas com um total de 86,8%. As restantes OPF questionadas responderam o uso de correcção diferencial RTK com uma percentagem de 13,2%.

Na questão 6, é abordada a questão da ordem da precisão dos resultados do processamento, isto é a precisão das coordenadas obtidas para os pontos coordenados no terreno com GPS. Os resultados dos questionários para esta questão estão a seguir descritos (Tabela 6.6).

Ordem de grandeza da precisão N.º de Questionários Percentagem (%) Planimétrica e Altimétrica

24 63,2%

Planimétrica

12 31,6%

Não tem Noção 2 5,3% Total de Questionários 38 100,0%

Tabela 6.6 – Resultados da questão 6 sobre a Grandeza de precisão usada pelas OPF.

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Figura 6.6 – Resultados da questão 6 sobre a Grandeza de precisão usada pelas OPF.

A Figura 6.6 mostra que a maioria das OPF têm em consideração não só a precisão planimétrica mas também a precisão altimétricas das coordenadas dos pontos observados no terreno, correspondendo a uma percentagem de 63,2%. A segunda opção mais escolhida foi a precisão planimétrica, correspondendo a uma percentagem de 31,6%, enquanto que 5,3% das OPF dizem não ter noção do conceito de precisão das coordenadas obtidas por GPS.

A questão 7 serve para obter uma resposta sobre qual o suporte cartográfico utilizado pelas OPF para localizarem os prédios rústicos dos associados. Esta questão tem a possibilidade de seleccionar mais do que uma resposta. As respostas dos 38 inquéritos são apresentadas na Tabela 6.7 através de várias combinações respondidas pelas 38 OPF.

Suporte Cartográfico N.º de

Questionários Percentagem (%)

Carta Militar 36 94,7%

Ortofotos 32 84,2%

Google Earth 10 26,3% Bing Maps 3 7,9%

Tabela 6.7 – Resultados da questão 7 sobre suporte cartográfico nas OPF.

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 Figura 6.7 – Resultados da questão 7 sobre suporte cartográfico nas OPF.

A Figura 6.7 mostra que o suporte cartográfico mais vezes escolhido são as Cartas Militares representando 94,7% dos questionários devolvidos. Além das Cartas Militares, outro suporte cartográfico foi seleccionado pela maioria das OPF, que foi o caso das Ortofotos representando 84,2% dos questionários respondidos pelas OPF. A terceira maior escolha foram as imagens extraídas do Google Earth como suporte cartográfico representando 26,3% das escolhas das OPF. Em último lugar com 7,9% dos questionários respondidos pelas OPF ficou a utilização do Bing Maps como suporte cartográfico. Outro aspecto que se considerou nesta questão foi a indicação no caso das Cartas Militares, da sua escala, e no das Ortofotos, da sua resolução espacial, sendo que o resultado dos questionários indica que as OPF usam cartas militares com escala 1:5000 e 1:25000 e no caso das Ortofotos usam resoluções de 0,5m e 0,4 m.

A questão 8 aborda os tipos de uso do solo que as OPF frequentemente registam quando executam os levantamentos sejam eles perimetrais ou eventualmente de origem cadastral (Tabela 6.8). Esta questão era de múltipla opção e pretendia demonstrar os tipos de usos mais frequentemente realizados nas OPF.

Tipo de Usos do Solo N.º de Questionários Percentagem (%)

Florestal 38 100,0% Agrícola 30 78,9% Agro-Florestal 38 100,0% Baldio 24 63,2% Social 8 21,1% Tabela 6.8 – Resultados da questão 8 sobre os usos do solo levantados nas OPF.

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 Figura 6.8 – Resultados da questão 8 sobre o tipo de uso do solo registado pelas OPF.

A Figura 6.8 demonstra que nos 38 questionários feitos às OPF os tipos de uso do solo mais frequentemente registados são o uso Florestal e o Agro-Florestal com uma percentagem de 100,0%. O segundo uso do solo mais vezes registado pelas OPF é o uso agrícola que representou uma percentagem de 78,9%. Em terceiro lugar, e representando 63,2% da escolha das OPF nos questionários, é o registo de terrenos comunitários, vulgarmente conhecidos por Baldios. O uso menos seleccionado pelas OPF, representando 8 selecções e equivalendo a 21,1%, foi o registo de áreas sociais ou urbanas.

A questão 9 incide na forma como as OPF armazenam a informação recolhida relativa aos levantamentos perimetrais ou cadastrais e à informação dos associados. Sendo esta também uma questão de opção múltipla as combinações mais frequentemente registadas nos inquéritos estão apresentadas na Tabela 6.9.

Formas de Armazenamento N.º de Questionários Percentagem (%)

Arquivo 13 34,2%

Computador 33 86,8%

Base de Dados SIG 22 57,9%

Tabela 6.9 – Resultados da questão 9 sobre o armazenamento da informação pelas OPF.

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 Figura 6.9 – Resultados da questão 9 sobre o armazenamento da informação das OPF.

Na Figura 6.9 estão representados os três tipos de formas de armazenamento a que as OPF recorrem quando efectuam o armazenamento dos dados dos levantamentos e da informação dos associados. O uso do computador como forma de armazenamento foi a opção mais vezes seleccionada pelas OPF correspondendo a 86,8% dos questionários. O uso da Base de Dados SIG representou a segunda escolha tendo abrangido 57,9% dos questionários. Em relação ao uso do Arquivo como forma de armazenamento, 34,2% dos questionários devolvidos indicavam esta opção.

A questão 10 tem como objectivo compreender quais os tipos de comprovativos de titularidade dos prédios dos associados eram solicitados pelas OPF para anexarem aos processos dos prédios onde são realizadas as prestações de serviços. Esta questão foi apresentada às OPF com a opção de escolha múltipla, sendo que algumas das respostas foram agrupadas de forma a perceber quais os documentos mais vezes solicitados, tal como mostra a Tabela 6.10. As categorias utilizadas foram: Nenhum, Registo Predial (RP), Registo de Artigos nos Serviços de Finanças (RAF), Escritura (ESC) e Outro.

Comprovativos de Titularidade do Prédio N.º de

Questionários Percentagem (%)

Nenhum 10 26,3% Registo Predial 13 34,2% Registo de Artigos nos Serviços de Finanças 26 68,4% Escritura 8 21,1% Outro 2 5,3%

Tabela 6.10 – Resultados da questão 10 sobre a Titularidade dos Prédios usadas pelas OPF.

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 Figura 6.10 – Resultados da questão 10 sobre a Titularidade dos Prédios usadas pelas OPF.

Em relação ao comprovativo de titularidade do prédio, a Figura 6.10 mostra que opção mais vezes seleccionada pelas OPF foi o uso dos Artigos da Matriz Fiscal registados nas Finanças com 68,4% dos questionários. Em seguida, a segunda opção mais vezes optada pelas OPF foi o uso do registo predial sendo que esta opção foi seleccionada em 34,2% dos questionários respondidos. A terceira opção seleccionada por parte de algumas OPF foi a não utilização de documentos para comprovarem a titularidade dos prédios. Em relação ao uso da Escritura como comprovativo, a selecção obtida foi evidenciada em 8 questionários, o que corresponde a 21,1% dos questionários respondidos pelas OPF. A selecção da opção Outro ocorreu em 2 questionários, correspondendo a 5,3% dos questionários devolvidos. Embora a selecção da opção Outro tenha sido feita, não foi dada qualquer explicação sobre qual o tipo de documento usado como comprovativo de titularidade.

A questão 11 tem como finalidade conhecer quais os atributos usados por parte das OPF para a caracterização das áreas levantadas. Esta questão é importante pois é essencial por constitui o primeiro passo para o desenvolvimento de uma base de dados comum a todas as OPF. Os resultados obtidos nesta questão mostram que existem alguns atributos comuns a todas as OPF, o que facilita a harmonização dos atributos numa base de dados comum a todas as OPF. Os atributos adoptados pelas OPF passam pela identificação do associado e dos prédios dos associados e pela caracterização dos prédios. Feita a primeira análise dos atributos das OPF, foi possível agrupá-los em possíveis temas para ajudar a perceber como é feita a caracterização dos prédios (Tabela 6.11).

Tema Atributos das OPF

Proprietário Nome, N.º de Sócio, Município, Localidade, Contacto, Número de Identificação Fiscal,

Bilhete de Identidade, Quotas

Prédio ID do prédio, Número matricial (ou n.º de artigo das finanças), Localidade, Freguesia,

Município, Confrontações, Ocupação do solo (ou uso do solo), Número de identificação da área parcelar (NIFAP), Área, Perímetro

Povoamento Tipo de povoamento, Espécie primária, Idade da espécie primária, Espécie secundária,

Idade da espécie secundária, Estrutura, Compasso, Rotação, Selecção de varas, Matos

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Estação Altitude, Fertilização, Data de corte, Produções comercializadas (tn/cc), Densidade

(árv./ha), Galerias ripícolas, Evidências de erosão (0;1), Declive, Grau de Pedrogosidade

Incêndios Florestais

Área ardida (ha), combustibilidade, severidade do fogo

Fitossanidade Desfoliação (0;1), Deficiências nutricionais (0;1)

Certificação Valor cultural (0;1), Riqueza florística (n.º de indivíduos), Valores naturais (0;1), Árvores

longevas e cavernosas (n.º de indivíduos)

ZIF Nome do Aderente, Nome da ZIF, N.º de Prédios, Município da ZIF, Freguesia da ZIF,

Capital, Subscrição de Capital, Tabela 6.11 – Atributos das OPF distribuídos por temas.

 

Na questão 12 pretende-se saber se as OPF possuem alguma Zona de Intervenção Florestal (ZIF) e em caso afirmativo entender como é que a OPF procedeu à sua delimitação. Os resultados dos questionários estão descritos na Tabela 6.12.

Delimitação Perimetral da ZIF N.º de

Questionários Percentagem (%)

Perímetro Contínuo Florestal 5 13,2%

O perímetro, tipo prédio 13 34,2%

O perímetro, tipo prédio e a exclusão de áreas não florestais 3 7,9%

Não respondeu 17 44,7%

Total 38 100,0% Tabela 6.12 – Resultados da questão 12 sobre a forma de delimitação das ZIF’s pelas OPF.

Figura 6.11 – Resultados da questão 12 sobre a forma de delimitação das ZIF’s pelas OPF.

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A Figura 6.11 demonstra que 44,7% dos questionários não responderam, visto que só era respondido no caso de possuir ZIF. Mas os restantes 55,3% dos questionários demonstram que as OPF possuíam ZIF. Esses 55,3% estão divididos pelas diferentes formas de delimitação das ZIF. Nesse sentido, 34,2% das OPF responderam que possuem ZIF e a delimitação tem em consideração o perímetro de mancha contínua florestal e o tipo de prédio. Por outro lado, 13,2% das OPF consideram só o perímetro contínuo florestal. Em relação à delimitação da ZIF considerando o perímetro, o tipo de prédio e a exclusão de áreas não florestais só em 7,9% dos questionários era assinalado este tipo de delimitação.

A questão 13 é necessária pois com ela pretende-se perceber a reacção das OPF a uma eventual participação no projecto SiNErGIC do IGP e quais as suas eventuais contrapartidas pretendidas. Os resultados dos questionários sobre a participação no SiNErGIC encontram-se na Tabela 6.13.

Participação no SiNErGIC N.º de Questionários Percentagem (%)

Não 0 0,0% Sim 38 100,0%

Total 38 100,0% Tabela 6.13 – Resultados da questão 13 sobre a participação das OPF no Projecto SiNErGIC.

Relativamente à Tabela 6.13, os inquéritos mostram claramente uma vontade de participar no projecto SiNErGIC por parte das OPF mas algumas delas evidenciaram algumas contrapartidas para a partilha de informação relativamente à informação dos seus associados. As contrapartidas evidenciadas pelas OPF passaram pelas seguintes condições: formação aos técnicos das OPF por parte do IGP; cedência de meios materiais caso se verifique que os presentes na OPF não possuam as especificações adequadas ao trabalho; maior facilidade de inserção/rectificação parcelar e matricial em sede de parcelário; pagamento do serviço prestado, com possibilidade de serem elegíveis as aquisições de equipamentos necessários e fornecimento gratuito das imagens aéreas mais recentes; participação nos custos do levantamento; cedência da informação existente da OPF mediante a concordância dos proprietários e vantagens para o mesmo (mais valias fiscais, apoio a investimentos…); cedência de Cartografia Oficial com custo negociável a executar com acordo prévio; apoio da Direcção Geral de Contribuições de Impostos e Instituto Registo Predial e Notariado; apoio na aquisição de equipamentos que a OPF possa não possuir; pagamento dos Recursos Humanos e de logísticas inerentes aos levantamentos. Caso houvesse necessidade de utilizar a base de dados de alguma OPF, esta teria de ser ressarcida pela disponibilização desse material, desde que tivéssemos a autorização dos proprietários; acesso à informação de base gratuitamente ou a um preço mais baixo; reconhecimento do trabalho efectuado e sempre que se pudesse aplicar uma contrapartida financeira.

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A questão 14 dos questionários serve para entender o interesse das OPF numa eventual solução que implica a criação de uma aplicação através de um freeware para a recolha de atributos para a caracterização dos prédios rústicos. Os resultados dos questionários estão abaixo descritos (Tabela 6.14).

Criação da Aplicação N.º Questionários Percentagem (%)

Seria Muito Útil 23 60,5%

Útil 8 21,1%

Não faz diferença 7 18,4%

Total 38 100,0% Tabela 6.14 – Resultados da questão 14 sobre a importância da aplicação para OPF.

 

 Figura 6.12 – Resultados da questão 14 sobre a importância da aplicação para OPF.

Ao analisar a Figura 6.12, os resultados mostraram que 60,5% das OPF de mostraram muito interesse numa aplicação que recolhesse atributos respeitantes à caracterização dos prédios rústicos. Por outro lado, 21,1% dos questionários indicaram que a criação da aplicação seria Útil. Relativamente à opção Não faz Diferença, os resultados mostram que 18,4% das OPF são indiferentes a uma eventual aplicação que permitisse a recolha este tipo de informação.

Relativamente à última questão, são questionados quais os tipos de serviços praticados pelas diferentes OPF. Das várias prestações de serviço destacam-se algumas: a elaboração de projectos florestais (Planos de Gestão Florestal, Planos Específicos de Intervenção Florestal, Planos de Arborização); os levantamentos perimetrais com GPS; a formação profissional; a silvicultura preventiva; as campanhas de sensibilização; a apicultura; a cartografia analógica e digital; a avaliação de Material Lenhoso; o fornecimento de plantas; o aconselhamento técnico,

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jurístico e contabilístico; o inventário Florestal; a certificação florestal; a venda de madeira; o apoio na dinamização e funcionamento de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF); a fitossanidade; a execução de trabalhos florestais (Limpezas de mato, adubação, podas, desramações, plantações, desbastes); o apoio na dinamização e funcionamento de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF); e a avaliação de prédios rústicos.

6.2 Modelação da Base de Dados padronizada para as OPF

Como foi referido anteriormente as bases de dados das OPF têm vindo a ser desenvolvidas individualmente criando uma divergência entre os atributos existentes nas bases de dados de todas as OPF. Um dos objectivos do desenvolvimento de uma base de dados a ser utilizada por todas as OPF é não só criar uma base de dados uniformizada mas também permitir que os atributos tenham informação relevante e com qualidade para possíveis partilhas de informação entre entidades que possam a necessitar deste tipo de informação. O tipo de modelação elaborada é apenas esquemática (Anexo F) com os atributos comuns e elementos de ligação entre os elementos referentes ao projecto SiNErGIC e à caracterização dos prédios rústicos. A modelação será feita em duas partes em que a base de dados terá uma parte sobre os atributos requeridos pelo projecto SiNErGIC e a outra parte servirá para os atributos identificados pelos resultados dos questionários feitos às OPF, os quais são usualmente utilizados para a caracterização dos prédios rústicos dos seus associados. Os atributos das OPF foram agrupados por temas específicos para o armazenamento dos dados. A base de dados apresenta dois elementos de ligação denominada por Titular e outro denominado por Levantamentos. Estes dois elementos são comuns à caracterização dos prédios rústicos e ao projecto SiNErGIC pois apresentam atributos que são necessários na descrição pessoal do proprietário e na localização geográfica dos prédios. Existem dois atributos que possibilitaram a ligação entre as entidades que são o N.º de Declaração e o N.º de Sócio. O N.º de Declaração será sequencial enquanto que o N.º de Sócio será referente ao número que foi atribuído ao proprietário pela OPF. Os presentes elementos que constituem a base dados serão designados de Entidades.

O Quadro 6.1 representa a entidade Titular que engloba atributos que são comuns ao Projecto SiNErGIC e à OPF porque representam a informação do proprietário. Além da descrição do titular, as OPF associam o atributo relativo ao número de sócio que é atribuído ao proprietário quando este se filia na OPF. O número de sócio e o número de declaração serão atributos para as ligações dos elementos presentes nos atributos relativos ao SiNErGIC e aos atributos relativos à caracterização de prédios rústicos.

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Titular Descrição Nome Nome do Proprietário NIF Número de Identificação Fiscal Morada

Morada Fiscal

N.º Lote Andar Lugar Cód. Postal Localidade País País de Residência Telefone

Contactos do Proprietário Telemóvel Email Outro contacto N.º de Declaração Número sequencial a ser usado

N.º Sócio N.º atribuído pela OPF

Quadro 6.1 – Entidade Titular.

A entidade Levantamentos (Quadro 6.2) é referente ao conjunto de dados geográficos que serão importantes no SiNErGIC e na OPF. Nesta entidade estão os atributos importantes para a delimitação do prédio e que satisfaz a informação pretendida pelas OPF e SiNErGIC.

Levantamentos Descrição N.º de Declaração Número Sequencial Ponto (Marcos) Informação em formato de pontos Coordenada X Coordenadas X Coordenada Y Coordenadas Y Precisão (m) Precisão dos Pontos Altitude (m) Altitude das Coordenadas Precisão (m) Precisão da Altitude Linha (Confrontações / Estremas) Informação em formato de linhas N.º de Sócio Identificação do Sócio Polígono (Área) Informação em formato polígono Perímetro (m) Atributo Calculado

Quadro 6.2 – Entidade Levantamentos.

O levantamento GPS é feito em pontos e controlado pela precisão seja ele, Erro Médio Quadrático ou o indicador de qualidade PDOP sendo que os pontos correspondem aos marcos existentes no prédio rústico. Os pontos podem ser ainda usados para delimitar as Estremas consideradas importantes no processo de delimitação do prédio. Através dos pontos recolhidos facilmente se cria a correcta informação topológica dos prédios e ajuda a descrever as confrontações entre proprietários (formato linha). Por outro lado, com a informação de pontos pode ser também criada a área através de informação em formato polígono servindo o propósito da OPF que é nomeadamente a gestão florestal do prédio.

Os atributos SiNErGIC foram dispostos em sete entidades correspondentes às informações que são necessárias para efeitos de Cadastro para a total descrição do proprietário e do prédio rústico. A entidade Declaração serve como número sequencial para a ligação aos atributos das

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diferentes entidades para evitar a dispersão da informação. O Quadro 6.3 mostra os atributos pertencentes à entidade declaração e a descrição desses atributos.

Declaração Descrição N.º declaração Número Sequencial TipoDeclaração Descrito nas Especificações do SiNErGIC Concelho Concelho da Declaração Freguesia Freguesia da Declaração

Quadro 6.3 – Entidade Declaração.

 

A entidade Declaração serve como ligação entre as diferentes entidades pedidas no projecto SiNErGIC e serve também de ligação à entidade Titular e entidade Levantamentos. Os seus atributos servem para registar a Declaração por parte do proprietário e o local onde a declaração foi efectuada.

Prédio Descrição N.º de Declaração Número Sequencial Prédio em Gabinete Verdadeiro ou Falso (Sim ou Não) Morada

Morada do prédio (no caso de existir)

N.º Lote Bloco Lugar Código Postal Localidade Designação do Prédio Nome atribuído ao prédio (caso exista) Sem Designação Verdadeiro ou Falso (Sim ou Não) Iniciais dos Marcos Letras iniciais do nome do proprietário

Quadro 6.4 – Entidade Prédio.

A entidade prédio (Quadro 6.4) descreve a localização alfanumérica do prédio que será alvo dos levantamentos. O atributo referente ao Prédio em Gabinete serve para indicar se o proprietário com ajuda do técnico da OPF efectuou a localizou do prédio em gabinete neste caso no Gabinete Técnico da OPF. Em seguida os atributos Morada, N.º, Lote, Bloco, Lugar Código Postal, Localidade servem para caracterizarem a localização do prédio, caso seja aplicável. A designação do prédio serve para indicar o nome usual que é dado à zona onde se encontra o prédio. No caso de não possuir designação, o atributo Sem Designação é indicado através de verdadeiro ou falso. Relativamente ao atributo Iniciais dos Marcos, é pedida a inserção das inicias com que o proprietário usualmente assinala os marcos.

Por vezes existem situações em que o Titular não está presente na área de localização do prédio ou não tem disponibilidade de se deslocar para indicar a localização do seu prédio. Nestas

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situações é usual a nomeação de um representante do proprietário. O SiNErGIC contempla este caso utilizando os dados respeitantes ao Representante tal como é evidenciado no Quadro 6.5. Em seguida, são representados os atributos referentes à entidade Representante que ajudam a identificar o responsável pela gestão dos prédios na ausência do Titular Cadastral.

Representante Descrição Nome Nome do Representante NIF Número de Identificação Fiscal Morada

Morada Fiscal

N.º Lote Andar Lugar Cód. Postal Localidade País País de Residência Telefone

Contactos do Representante Telemóvel Email Outro contacto N.º de Declaração Número Sequencial

Quadro 6.5 – Entidade Representante.

A entidade Representante é caracterizada por atributos de identificação da pessoa que responde em nome do proprietário. O atributo Nome é referente ao nome do representante e o atributo NIF refere-se ao número de identificação fiscal do representante. Para representar a Morada do Representante são utilizados os atributos Morada, N.º, Lote, Andar, Lugar, Cód. Postal e Localidade. Além destes atributos ainda é considerado o País de Residência, caso esteja ausente do País. Relativamente à forma de contacto com o representante, os atributos do Telefone, Telemóvel, Email e Outro Contacto servem como ponto de ligação entre a OPF ou outra entidade que necessite de eventuais informações sobre o prédio.

A necessidade de provar a titularidade do prédio é importante para evitar conflitos de interesses. O SiNErGIC contempla atributos referentes à titularidade do prédio que estão relacionados a entidades pertencentes ao Instituto do Registo Notarial (IRN), Direcção Geral de Contribuições e Impostos (DGCI), e Escrituras. O quadro 6.6 indica a entidade IRN e os seus respectivos atributos.

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IRN Descrição N.º de Declaração N.º Sequencial Registo Predial Verdadeiro ou Falso (Sim ou Não) Freguesia Freguesia do Prédio N.º descrição predial Número de Identificação Predial ou número associado ao registo do prédio Natureza Tipo de Prédio (Rústico, Urbano ou Misto) Fracção No caso de não possuir a totalidade do prédio indicasse a Fracção Regime de Prop. Horizontal Verdadeiro ou Falso (Sim ou Não) Titular/ Compropriedade Titular ou em Regime de Compropriedade Parte de comproprietário Se for em compropriedade qual é a sua fracção

Quadro 6.6 – Entidade IRN.

Para iniciar o N.º de Declaração é o atributo que serve de ligação entre as outras entidades referentes ao SiNErGIC. O atributo Registo predial é um atributo verdadeiro ou falso em que é indicado se o prédio está registado em alguma conservatória de registo predial. O atributo freguesia é referente à freguesia onde se encontra o prédio e o atributo N.º descrição predial é referente ao Número de Identificação Predial (NIP) ou número de registo predial em casos onde os registos tenham sido efectuados antes da existência do conceito NIP. O atributo Natureza corresponde à natureza do prédio que pode ser classificado como Rústico, Urbano ou Misto. Existem situações em que o proprietário não possui a área total do prédio mas uma fracção, para esse efeito existe o atributo fracção onde é inserido a fracção correspondente à fracção do proprietário. Não sendo aplicado em prédio rústicos, mas importante para os prédios urbanos, o atributo de Regime de Propriedade Horizontal serve para entender se o prédio constitui uma fracção de um edifício sendo que é respondido na forma de Sim ou Não. O atributo Titular/ Compropriedade servirá para entender se o prédio tem um único proprietário ou é gerido em regime de compropriedade. No caso de ser regime de compropriedade, no atributo parte do comproprietário é indicada a fracção dentro dessa compropriedade.

Para efeitos fiscais é necessário conhecer os artigos matriciais dos prédios associados aos Titulares para que possam ser integrados no SiNErGIC sendo que os atributos a serem recolhidos remetem para o registo do prédio na DGCI (Quadro 6.7).

DGCI Descrição N.º da Declaração Número Sequencial Registo no Serviço de Finanças Verdadeiro ou Falso (Sim ou Não) Freguesia Freguesia do Prédio Artigo N.º Matricial Declaração Baldio Verdadeiro ou Falso (Sim ou Não)

Quadro 6.7 – Entidade DGCI.

A entidade DGCI é constituída por um atributo N.º de Declaração que corresponde a um número sequencial de ligação entre as diferentes entidades. O atributo do Registo no Serviço de Finanças é do tipo Verdadeiro ou Falso e pretende identificar se está registado na Matriz Fiscal. Em caso afirmativo, é preenchido no atributo freguesia a freguesia onde o artigo se encontra registado, sendo que o atributo Artigo armazena o número matricial correspondente ao artigo do prédio. Existe ainda o atributo (Declaração Baldio) do tipo Verdadeiro ou Falso sobre a eventual existência de Baldio no artigo registado.

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Além do IRN e da DGCI, o SiNErGIC abrange também outra forma de comprovar o prédio que é o caso da Escritura. A análise da escritura nas especificações técnicas levou à criação da seguinte entidade (Quadro 6.8).

Escritura Descrição N.º da Declaração N.º Sequencial

Tipo de Escritura O tipo de escritura é escolhido consoante o que está escrito nas

Especificações técnicas do SiNErGIC (Anexo G1). Cartório Notarial Indicar que Cartório Notarial Oficializou a Escritura Livro

Atributos referentes a descrição da Escritura do prédio Folhas Data Escritura Tribunal

Atributos referentes a possíveis Decisões Judiciais aquando da prova de titularidade do prédio ao respectivo proprietário.

Vara Secção N.º do Processo Diploma Judicial Data Decisão Judicial Diploma Legal Tipo de Diploma Legal onde foi publicado a decisão Judicial (Anexo G2) N.º Processo Diploma Legal Atributos identificativos referentes ao Diploma legal Data Diploma Legal

Quadro 6.8 – Entidade Escritura.

A entidade Escritura é constituída pelo N.º Sequencial que serve de ligação entre as entidades. O atributo Tipo de Escritura foi modelado de forma a seguir as selecções disponíveis no SiNErGIC. O atributo Cartório Notarial possui a informação referente ao local onde foi oficializado a Escritura. A prova de titularidade do prédio pode ser necessário em caso de litígio de decisões judiciais nesse sentido sempre que se aplique regista-se nos atributos Tribunal, Vara, Secção, N.º de Processo e Data de Decisão Judicial. Nestes casos é também necessário publicar a decisão judicial. Para esse efeito foram usados os atributos Diploma Legal, N.º do Processo e Data de Diploma Legal. O atributo Diploma Legal tem como base os tipos existentes no SiNErGIC de forma a facilitar o cruzamento de informação. Associado ao Diploma Legal está o atributo N.º do Processo Diploma Legal e Data do Diploma Legal que contribuem para uma informação mais completa.

O próximo passo para oficializar a titularidade do prédio é o registo de informação geográfica sendo que é necessário saber a localização e a geometria do prédio. Essa informação é representada na Entidade Esboço (Quadro 6.9).

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Esboço Descrição N.º de Declaração Número Sequencial Tipo de Levantamento Opções optadas pelo SiNErGIC (Anexo G3) Levant. Perimetral Verdadeiro ou Falso (Sim ou Não) N.º de Marcos Número de marcos presentes no prédio ConfrontantesN Confrontante a Norte ConfrontantesS Confrontante a Sul ConfrontantesE Confrontante a Este ConfrontantesO Confrontante a Oeste

Quadro 6.9 – Entidade Esboço.

O atributo N.º de Declaração é número sequencial que permite as ligações entre as entidades. O atributo Tipo de Levantamento serve para identificar que tipo de levantamento efectuado pelos Técnicos da OPF para a recolha de informação geográfica dos prédios. O atributo Levantamento Perimetral é um atributo de Verdadeiro ou Falso e tem o intuito de informar os Serviços Cadastrais do IGP se a OPF já possui algum tipo de informação geográfica sobre o prédio. O atributo N.º de Marcos serve para compreender o N.º de Marcos expostos no prédio para que no caso de ser necessário um novo levantamento ter em atenção os pontos a serem registados. Para apoiar este atributo existe a possibilidade de indicar as confrontações através de quatro atributos que representam as confrontações segundo os pontos cardeais.

Os atributos da caracterização dos prédios rústicos correspondem aos atributos mencionados pelas OPF inquiridas. Os resultados dos questionários permitiram identificar oito entidades iniciais. A primeira entidade diz respeito ao Associado e serve de ligação às várias entidades da caracterização dos prédios rústicos. A entidade Associado apresenta os seguintes atributos (Quadro 6.10).

Associado Descrição N.º Sócio Número atribuído ao proprietário pela OPF Serviços Serviços Prestados N.º Matricial Prédio em que se efectuou serviço Área Área (metros quadrados da área intervencionada) Horas de Trabalho Número total de horas usadas Recursos Número de recursos humanos ou maquinaria Ano Ano em que se prestou serviço Pagamento de Quotas Verdadeiro ou Falso (Sim ou Não)

Quadro 6.10 – Entidade Associado.

O atributo N.º de Sócio serve de ligação entre as entidades e indica o número atribuído ao proprietário pela OPF. Os atributos Serviços, N.º Matricial, Área, Horas de Trabalho, Recursos e Ano foram organizados para que as OPF conseguissem monitorizar os serviços prestados nos prédios de um dado proprietário. O atributo de Pagamento de Quotas serve para monitorizar os pagamentos dos sócios.

A entidade seguinte (Quadro 6.11) pode ser considerada como uma das mais importantes na análise da Floresta por parte das OPF que é a caracterização do Povoamento. A sua construção foi feita através do agrupamento de vários atributos fornecidos no inquérito efectuado às OPF.

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Povoamento Descrição N.º de Sócio Número atribuído ao proprietário pela OPF N.º Matricial Artigo do Prédio Freguesia Freguesia do Artigo Uso (Ocupação) Tipo de uso do Solo Composição Povoamento Puro ou Misto Espécie Principal Espécie com maior percentagem no povoamento Idade Esp. Principal Idade da Espécie Principal Espécie Secundária Espécie com menor percentagem no povoamento Idade Esp. Secundária Idade da Espécie Secundária Estrutura Regular ou Irregular Regime Cultural Alto Fuste, Talhadia, Talhadia Composta Rotação 1.º, 2.º, 3.º ou mais rotações Selecção de Varas Verdadeiro ou Falso (Sim ou Não) Densidade Esp. Principal N.º de árvores por metros quadrado da espécie principal Densidade Esp. Secundária N.º de árvores por metros quadrado da espécie secundária Compasso Distância entre árvores Área Matricial Área do Artigo do Prédio Área GPS Área obtida por Levantamento Data de Corte Final Data do Corte Final do Povoamento Matos (%) Percentagem de Matos Altura vegetativa (m) Altura da vegetação (metros) Vegetação Arbustiva Tipo de vegetação arbustiva Vegetação Espontânea Tipo de vegetação espontânea Data de visita Data de Visita ao Povoamento

Quadro 6.11 – Entidade Povoamento.

Na entidade Povoamento é de referir que o uso das siglas, relativas às espécies (Anexo G4), deverá ser feito tendo em conta as siglas das espécies do documento sobre a convenção gráfica das folhas e secções cadastrais disponíveis no sítio da internet do IGP.

A próxima entidade tem em conta o estado vegetativo e a sanidade dos prédios que as OPF monitorizam e gerem. A entidade é designada por Fitossanidade (Quadro 6.12) e foram considerados os atributos fornecidos pelas OPF que permitem controlar e monitorizar eventuais factores bióticos e abióticos do prédio rústico.

Fitossanidade Descrição N.º de Sócio Número atribuído ao proprietário pela OPF N.º Matricial Artigo do Prédio Freguesia Freguesia do Prédio Sanidade Escolha: Sem indícios; Praga; Doença; Praga e Doença Qual? Indicar o tipo de Praga e/ou Doença Presente Estado Vegetativo Escolha: Vigoroso ou Não Vigoroso Sintomas Abióticos Sintomas não naturais que prejudiquem a planta Sintomas Bióticos Sintomas naturais que prejudiquem a planta Riqueza Florística (n) Número de espécies com teor de conservação Árvores longevas e cavernosas (n) Número de espécies que apresentem idade avançadas mas que

representem abrigos para seres vivos. Quadro 6.12 – Entidade Fitossanidade.

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Na entidade Fitossanidade os atributos referentes aos sintomas Abióticos e Bióticos podem ser encontrados no manual disponível na AFN referente ao Plano Estratégico para recolha de informação sobre o estado sanitário das florestas em Portugal Continental.

A próxima entidade, denominada ZIF, destina-se às OPF que são entidades gestoras de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF). Esta entidade é constituída pelos atributos fornecidos pelas OPF e contribuem para a caracterização e monitorização das ZIF (Quadro 6.13).

ZIF Descrição Concelho Concelho de Localização da ZIF Freguesia Freguesia de Localização da ZIF Nome da ZIF Nome dado à ZIF Nome Aderente Nome dos aderentes da ZIF N.º Sócio Número de Sócio N.º de aderente N.º de Aderente N.º Prédios N.º Prédios N.º Matricial Artigo do Aderente Freguesia (N.º Matricial) Freguesia do prédio do Aderente Área Área do prédio do Aderente Perímetro Perímetro do prédio do Aderente Capital Custos de manutenção da ZIF Subscrição de Capital Custos de cada Aderente da ZIF Observações Informações que sejam relevantes

Quadro 6.13 – Entidade ZIF.

Além da Fitossanidade dos povoamentos é necessário por vezes ter em consideração outros aspectos relacionados com a Estação. Esta entidade, denominada por Estação, é constituída por atributos que descrevem as características da porção de terreno que suporta o povoamento (Quadro 6.14).

Estação Descrição N.º de Sócio Número atribuído ao proprietário pela OPF N.º Matricial Artigo do Prédio do Sócio Freguesia Freguesia do Prédio Pedrogosidade Escolha: Nenhuma; Pouca; Muita Declive Médio Atributo calculado Afloramentos Rochosos Nenhuns; Poucos; Muitos Tipo de Solo Tipo de Solo presente no prédio Prioridade SrH Objectivo da Sub-Região Homogénea inserida no Plano Regional de

Ordenamento Florestal (PROF) Prod. comercializadas Produção de madeira (toneladas por centímetro cúbico) Área ardida Área ardida (metros quadrados) Ano Incêndio Ano de incidência do Incêndio Florestal Severidade do Fogo Escolha: Reduzida, Moderada, Elevada, Muito Elevada, Extrema Combustibilidade Escolha: Reduzida, Moderada, Elevada, Muito Elevada, Extrema Galerias Rípicolas Verdadeiro ou Falso (Sim ou Não) Evidências de Erosão Verdadeiro ou Falso (Sim ou Não)

Quadro 6.14 – Entidade Estação.

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Na entidade Estação o atributo SrH deve ser preenchido com as prioridades existentes no Plano Regional de Ordenamento Florestal (PROF) onde a área do prédio se encontra inserida. O atributo severidade do Fogo e Combustibilidade deve obedecer classificação presente no documento “Tabelas de Avaliação da combustibilidade e severidade do fogo em povoamentos florestais”.

As infraestruturas são também pontos essenciais num povoamento seja para a sua acessibilidade (intervenções silvícolas) seja para o combate aos incêndios florestais. A entidade Infraestruturas pode ajudar no planeamento da gestão florestal das OPF e num aumento da eficácia no combate a incêndios florestais uma vez que armazena atributos como a Rede Viária, Linhas de Água e Pontos de Água.

Infra-estruturas Descrição N.º de Sócio Número atribuído ao proprietário pela OPF N.º Matricial Artigo do Prédio Freguesia Freguesia do Prédio Rede Viária Tipo de Rede Viária: Sem acessibilidade, Confinante com

estrada asfaltada; Caminhos Florestais, Estradões Florestais, Trilhos de extracção, Outro

Largura (m) Largura da Rede Viária (metros) Rede eléctrica Tipo de Rede Eléctrica: Nenhuma; Baixa Tensão; Média Tensão;

Alta Tensão Largura rede (m) Largura da Rede Eléctrica (metros) Linha de água Tipos de Linha de água: Permanente, Temporária; Efémera Pontos de Água Tipos de Ponto de Água: Não tem; Canal de Rega; Charca;

Poço; Reservatório; Tanque; Outro Observações Informações relevantes às Infraestruturas

Quadro 6.15 – Entidades Infraestruturas.

Nesta entidade (Infraestruturas), a Rede Viária, a Linha de Água e os Pontos de Água ajudam a entender que tipo de acessibilidade tem o prédio e o grau de susceptibilidade a incêndios florestais a que está sujeito. A Rede Eléctrica teve como base a voltagem existente no mapa da rede nacional de transporte de energia eléctrica da REN do ano de 2011, sendo que para o tipo de Baixa Tensão o valor é de 150Kv, para a Média Tensão é de 220KV e para a Alta Tensão é de 400KV.

A próxima entidade foi criada uma vez que houve várias OPF a indicar estes atributos (Quadro 6.16). Esses atributos eram relacionados com o parcelário agrícola e que proporcionou um agrupamento de atributos que armazena a informação de prédios que estejam em regime de parcelário.

Parcelário Descrição N.º de Sócio Número atribuído ao proprietário pela OPF NIF Número de Identificação Fiscal N.º Matricial Artigo do Prédio Freguesia Freguesia do Prédio NIFAP Número de Identificação Fiscal da Área Parcelar Ocupação Espécie Principal e Secundária do Povoamento Área Área do Prédio (metros quadrados)

Quadro 6.16 – Entidade Parcelário.

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A entidade Tarifa (Finanças) (Quadro 6.17) foi criada com atributos referentes ao Sócio tais como os serviços prestados, o ano de execução dos serviços prestados, os rendimentos e as despesas que obteve com um determinado prédio. O atributo Rendimento Bruto é calculado de acordo com o artigo 23.º do Código de Impostos Municipais sobre os Imóveis, o qual permite determinar os rendimentos das parcelas dos prédios rústicos.

Tarifa (Finanças) Descrição N.º Socio Número atribuído ao proprietário pela OPF Ano Ano Serviços Serviços Prestados N.º Matricial Artigo do Prédio Freguesia Freguesia do Prédio Rendimento Bruto Lucros existentes no Prédio Encargos de Exploração Despesas com o Prédio Cálculo da Tarifa Tarifa= Rendimento Bruto-Encargos de Exploração

Quadro 6.17 – Entidade Tarifa (Finanças).

É de ter em atenção na Entidade Tarifa (Finanças) que a tarifa calculada só se aplica a culturas permanentes sendo que em caso de culturas que proporcionem rendimentos temporários, como é o caso por exemplo de cortes rasos, vinhas, amendoais e pomares, a tarifa a ser aplicada é a anuidade de capitalização equivalente à soma de todos os seus rendimentos anuais, reportados no fim da exploração, feito o cálculo a juro composto que tem como referência a taxa EURIBOR, a 12 meses, majorada a 30%.

6.3 Desenvolvimento de uma aplicação de recolha de informação que apoia a base de dados

O desenvolvimento da aplicação teve como base o uso do software de licenciamento grátis CyberTracker. Os resultados obtidos com a criação desta aplicação têm como destino final a instalação em sistemas operativos como o Windows Mobile e o Windows CE, os quais podem ser encontrados em dispositivos móveis. Esta aplicação, que apoia a base de dados e a recolha de informação relevante ao Cadastro e à Caracterização de Prédios Rústicos, apresenta um layout simples mas que não compromete a finalidade ou o desempenho da aplicação. Foi construído um Menu inicial (Figura 6.13) que permite ao utilizador seleccionar o tipo de informação que quer registar.

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 Figura 6.13 – Menu Inicial da Aplicação.

O menu inicial permite escolher entre armazenar dados relativos à declaração de titularidade do projecto SiNErGIC e relativos à caracterização dos prédios rústicos. O menu Declaração de Titularidade divide-se em quatro submenus: I Declaração, II Prédio, III Titular Cadastral, IV Representante e V Esboço (Figura 6.14).

 Figura 6.14 – Menus Referentes à Declaração de Titularidade.

O submenu Declaração de Titularidade divide-se por sua vez em vários submenus que foram criados segundo os campos existentes na declaração de titularidade do prédio presente no âmbito do SiNErGIC. O primeiro submenu é referente à Declaração e serve para registar o local onde se efectuou o registo da Declaração, identificar o N.º da Declaração e o tipo de registo da declaração.

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O submenu Prédio é onde é registada toda a informação alfanumérica relacionada com o prédio. Neste submenu pode ser introduzida informação referente à Morada do Prédio (sempre que se aplique), o Registo Predial, os Artigos dos Serviços de Finanças e as Escrituras.

Os submenus Titular Cadastral e Representante servem para registar as informações pessoais do proprietário no caso do Titular Cadastral sendo que na falta da presença do Titular é permitido a nomeação de um representante que trata do processo, sendo assim o submenu Representante será para armazenar os dados pessoais do representante do titular cadastral.

Para finalizar o menu da Declaração de Titularidade existe ainda o submenu Esboço que foi adaptado e modificado uma vez que na declaração era pedido um rascunho da geometria do prédio. Para complementar esse esboço foram consideradas opções no sentido de compreender a geometria do prédio, nomeadamente a indicação da existência de um levantamento perimetral do prédio, o número de marcos existentes no prédio e os confrontantes existentes. No caso dos confrontantes foram considerados 4 pontos cardeais sendo que estes serão preenchidos em caso de ser aplicáveis para o efeito.

O outro menu da aplicação é referente à Caracterização dos Prédios Rústicos e permite recolher a informação que as OPF necessitam armazenar na base de dados. O menu Caracterização dos Prédios Rústicos permite a inserção do N.º de Sócio e a escolha dos seguintes submenus: Uso Povoamento, Fitossanidade, Estação e Infraestruturas (Figura 6.15).

 Figura 6.15 – Menus e Sub-menus da Caracterização de Prédios Rústicos.

O submenu Povoamento é caracterizado pelos atributos respeitantes à caracterização do povoamento respeitando os atributos presentes na base de dados. No separador espécies é

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seleccionado a espécie principal e secundária tendo em conta o documento de convenção gráfica das folhas e secções cadastrais disponível no sítio do IGP. Além do tipo de espécie é dada a hipótese de inserção da idade (caso se aplique). O separador caracterização serve para a recolha da informação referente aos atributos de caracterização do povoamento definidos no esquema da base de dados anteriormente apresentada como por exemplo, a estrutura, a vegetação espontânea, a vegetação arbustiva, a altura arbustiva, a composição, o regime cultural e os outros elementos relevantes recolhidos no terreno. O separador distribuição diz respeito aos atributos de compasso do povoamento e à densidade de árvores presentes no povoamento.

O submenu Fitossanidade permite o armazenamento de todos os atributos presentes na entidade Fitossanidade da base de dados, os quais caracterizam o estado sanitário do povoamento. O submenu Estação, referente à entidade Estação da base de dados, possibilita a introdução dos atributos relativos à caracterização da estação e aos aspectos respeitantes à prevenção e ocorrência de incêndios florestais.

Para finalizar a aplicação, o submenu Infraestruturas correspondente à Entidade Infraestruturas na base de dados e permite o registo de toda a informação que caracterize as infraestruturas presentes no prédio rústico. Todos os dados registados recorrendo a esta aplicação são posteriormente descarregados e armazenados no software CyberTracker (Figura 6.16) com a possibilidade de serem exportados em vários formatos de exportação de dados.

 Figura 6.16 - Simulação da aplicação de um Registo no software.

A Figura 6.16 mostra o ambiente do software onde a aplicação descarrega os dados, os quais podem posteriormente ser armazenados no software ou exportados para os vários formatos de base de dados. A aplicação foi simulada no computador e em termos de simulação os registos testados pela aplicação não indicaram problemas de estabilidade.

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7. DISCUSSÃO

7.1 O Cadastro em Portugal e o Projecto SiNErGIC

A evolução do Cadastro em Portugal tem sofrido vários entraves e continua a ter dificuldades em progredir o que torna cada vez mais difícil o controlo e actualização dos prédios existentes em Portugal. Constatam-se grandes dúvidas por partes dos portugueses em saber que tipos de documentos são necessários para provar a titularidade do seu prédio, o que por vezes torna o processo ainda mais difícil. Actualmente, o conceito prédio é abrangido em diferentes peças legais com descrições confusas o que leva por vezes a más interpretações por parte dos proprietários, como é caso do prédio rústico que por vezes é confundido com o conceito de parcela. Existem alguns artigos na legislação que são difíceis de entender, como é o exemplo do nº 6 do artigo n.º 113 do código de IMI, em que no caso de prédios rústicos ou urbanos cujo montante do imposto a cobrar seja inferior a 10 euros, os seus proprietários estão isentos do pagamento do IMI. A questão é que se formos quantificar o número de prédios, com a actual fragmentação dos prédios, veremos que existe uma grande quantidade de prédios nesta situação e que, para além de não contribuírem com o IMI, acabam muitas vezes no abandono sendo muitas vezes alvo de vandalismo tais como os incêndios florestais.

Para além disso, existem proprietários que pensam que o Cadastro pode constituir uma forma de o Estado Português impor mais formas de controlo e atribuição de impostos sobre algo que lhes pertence por direito. As mais-valias de um Cadastro presente em Portugal são correspondentes a factores como o acesso ao crédito, a desburocratização no processo de venda de imóveis, a redução da especulação imobiliária, a redução de litígios entre proprietários e a tributação segundo o princípio da equidade. De entre as tentativas de elaborar o cadastro foi recentemente desenvolvido o projecto SiNErGIC mostrando ser inovador e preponderante para o país, no entanto existem ainda questões que têm de ser levantadas e que podem ser pertinentes para melhorar a sua execução. O SiNErGIC actualmente é conhecido pelas empresas que efectuam levantamentos cadastrais, pelas associações florestais, pelas empresas ligadas à engenharia, pelos municípios e pelos proprietários que estão envolvidos nas freguesias do projecto. Os meios de comunicação para a disseminação das ideias do projecto têm sido, jornais, debates, apresentações e seminários entre outros, contribuindo para uma informação atempada aos proprietários. Actualmente os meios de informações são pontuais e muita dessa informação acerca do projecto foi sendo esquecida por parte dos proprietários e de outros organismos pois não foi executada logo no imediato o que gerou suspeita no sucesso deste projecto.

A informação tem de ser difundida não só pelos meios referidos anteriormente mas também pelos institutos responsáveis e com interesse no Cadastro Predial, sendo que actualmente a informação é exclusiva prestada pelo IGP, que possui sítio na internet. A informação do projecto torna-se importante pois com o passar dos anos os proprietários que têm conhecimento dos seus prédios vão perecendo e os descendentes por falta de incentivo, herdam bens que no futuro acabam por deixar ao abandono levando em muitos dos casos ao esquecimento da localização dos prédios. Deve-se cativar e incentivar os proprietários e descendentes de

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proprietários a se interessarem pelo Cadastro Predial através da explanação das reais vantagens deste processo.

O conhecimento do projecto pode ser disseminada e canalizado em mais meios de comunicação como o tempo de antena existentes nos canais de televisão através de peças alusivas ao tema como é feito por exemplo nas campanhas eleitorais. Além desta medida podem ser feitas outras, tais como parcerias e cooperações com organismos mais próximos dos proprietários que funcionam como agentes locais e que possuem a confiança dos proprietários como por exemplo as associações florestais, os municípios ou as freguesias que ainda não estejam englobadas pelo projecto mas tenham a real noção do projecto para mobilizarem as pessoas a organizarem e actualizarem a informação para fins de cadastro até à chegada do SiNErGIC à sua área de actuação.

7.2 A Floresta e o Associativismo

Nos dias de hoje a Floresta Portuguesa representa 38% do território nacional contribuindo para as exportações do País em 10% e representando 2% do emprego activo. No entanto apesar destes bons indicadores tem vindo a ser afectada por factores negativos que têm prejudicado a evolução favorável da floresta portuguesa, como por exemplo a fragmentação dos prédios, o êxodo rural, a viabilidade de investimento, os subsídios desproporcionados, as políticas florestais, a falta de cadastro, o absentismo dos proprietários e os incêndios florestais. O excesso de fragmentação dos prédios provoca hoje em dia problemas de gestão florestal e que continuam a ser verificados aquando por exemplo em situações de partilhas (resultantes de heranças) os novos proprietários tendem a criar divisões nos prédios. Este problema necessita de ser resolvido através da elaboração de uma peça legal que instaure por exemplo uma área mínima de divisão e que estabeleça medidas de concordância entre detentores do prédio quanto à sua responsabilidade e forma de gestão do prédio.

Relacionado com a fragmentação verifica-se que muitos dos proprietários que possuem os prédios fragmentados são proprietários que mais tarde pertencem ao grupo de pessoas que praticam anualmente o êxodo rural levando ao absentismo ou esquecimento dos prédios que possuem. O esquecimento tende a ser crescente visto que a gestão de prédios muitos pequenos são fontes de despesa e não de lucro o que leva os proprietários a não investir nos seus prédios. As políticas florestais também não foram favoráveis ao pequeno proprietário uma vez que foram sempre desenvolvidas com base nas médias e grandes propriedades. Sabe-se que as condições de produção de Floresta são diferentes no Norte e no Sul do País mas sempre foram atribuídos de igual forma os subsídios. Esta medida não estabelece um princípio de equidade justo, visto que os subsídios não têm em consideração factores como por exemplo a orografia do terreno. Um exemplo disso são os subsídios dos programas comunitários relacionados com a Floresta que exigem áreas que tenham no mínimo 5 hectares o que deixa para segundo plano os pequenos proprietários florestais. O absentismo dos proprietários pode estar relacionado com o desinteresse pelas intervenções silvícolas mas também com o facto de alguns proprietários que herdaram prédios dos quais desconhecem a exacta localização e mesmo que quisessem saber

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não têm uma base cadastral que ajude a identificar tais prédios pois não existe um sistema cadastral nacional. O absentismo e a inviabilidade de investimento em prédios fragmentados agravam a ocorrência de incêndios florestais que têm dizimado todos os anos a floresta portuguesa. O movimento de associativismo apareceu nos anos 90 em Portugal e teve alguma importância uma vez que permitiu a união dos pequenos proprietários florestais que levaram à criação das OPF. Actualmente as OPF funcionam como agentes locais em várias regiões do País apoiando os pequenos e médios proprietários florestais a proporcionando soluções para a gestão eficaz e rentável da pequena e média propriedade florestal. Para além disso, com a introdução do conceito de Zona de Intervenção Florestal (ZIF), foi criado uma forma da pequena propriedade se tornar uma propriedade com uma área que possibilitasse uma gestão sustentável uma vez que que apela à união das pequenas propriedades de forma a criarem grandes áreas de gestão florestal.

7.3 A Cooperação entre o SiNErGIC e o Associativismo

Uma primeira análise feita ao SiNErGIC mostra que corresponde a um sistema cadastral multifuncional que identifica e assegura a titularidade dos prédios de forma unívoca mas sabendo que a DGCI é um dos beneficiários, o projecto pode ser mais desenvolvido. Para efeitos do cálculo do IMI, o imposto é calculado com base na área do prédio mas também pelo conteúdo existente nesse prédio. O projecto SiNErGIC não faz distinção entre prédio rústico e prédio urbano transformando o SiNErGIC num sistema cadastral limitado quanto a avaliação dos prédios, especialmente os prédios rústicos uma vez que assegura a delimitação mas não assegura o conteúdo presente nos prédios.

As OPF têm desenvolvido o seu trabalho no âmbito da caracterização dos prédios rústicos apoiando a gestão florestal dos prédios dos seus associados, pelo que as OPF se tornaram autênticos agentes locais. Actualmente as OPF seguem as bases da política florestal apresentadas pelo órgão máximo das florestas em Portugal, a Autoridade Florestal Nacional (AFN). As OPF contribuem na monitorização de pragas e doenças, na silvicultura preventiva, na constituição das ZIF, na gestão florestal entre outros serviços. Através das OPF é possível obter informação válida para AFN para várias finalidades como por exemplo o Inventário Florestal Nacional. Mas esta partilha de informação torna-se difícil de ser usada uma vez que nunca houve interesse em estabelecer um modelo único de bases de dados para todas as OPF o que levou as OPF a desenvolver involuntariamente formas diferentes de armazenamento da informação relativa à caracterização dos prédios rústicos. O interesse em criar uma base de dados única para ser utilizada por todas as OPF pode trazer soluções para o desenvolvimento e valorização das OPF em Portugal.

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7.4 A Resposta dos Questionários sobre o Cadastro Florestal

Em relação aos questionários enviados às OPF sobre o Cadastro Florestal é de salientar que os 25% de respostas mostram algum interesse no desenvolvimento de uma base de dados harmonizada e a vontade em participar no projecto SiNErGIC. Das 41 OPF que responderam ao questionário, 38 responderam que utilizavam receptores GPS em levantamentos perimetrais ou em trabalhos relacionados com levantamentos cadastrais enquanto que 3 OPF responderam que não utilizavam pois já possuíam cadastro das suas áreas de actuação.

Em termos da distribuição das OPF, foram obtidas respostas de pelo menos uma OPF pertencente a uma Direcção Regional de Florestas, esta situação só não se verificou na Direcção Regional do Algarve. A falta de resposta ao questionário por parte do conjunto de OPF existentes na DRF Algarve não ajudou a perceber de que forma as OPF se organizam e se usam GPS para este serviço na zona do Algarve.

Em termos de recolha de informação alfanumérica e geográfica por parte das OPF, a opção mais recorrente foi o uso de GPS (36,8%) o que leva a entender que as OPF só procedem ao levantamento GPS recolhendo apenas a informação geográfica no campo, em segundo lugar ficou o uso do GPS para recolha de informação gráfica e o uso de formulários em papel para recolha de informação alfanumérica (34,2%) e em último o uso de GPS com formulário digital (28,9%). Esta pergunta foi relevante porque com a tecnologia presente hoje em dia é possível agilizar os processos de recolha de informação e reduzir as tarefas a executar em gabinete. A recolha de informação alfanumérica associada ao levantamento GPS através de formulários digitais constitui uma forma muito mais fácil de recolha de informação pois permite posteriormente o descarregamento da informação em gabinete evitando o grande volume de trabalho em gabinete que se verifica no caso do uso de formulários em papel.

Em relação aos softwares de sistemas de informação geográfica utilizados pelas OPF para o tratamento da informação, o software esmagadoramente escolhido foi o ArcGIS da ESRI (92,1%), em segundo lugar com apenas a escolha por parte de cinco OPF foi o uso do Quantum GIS correspondendo a 13,2%. Em termos de valores mais reduzidos foram seleccionados ainda por duas OPF o uso do gvSIG (5,3%) e o uso por uma OPF do software GeoMedia correspondente a 2,6%.

Em termos de tecnologia GPS usada pelas OPF o mais recorrente é o uso de GPS com antena interna que correspondeu a 81,6% das respostas aos questionários. Relativamente ao uso de GPS com antena externa, a sua selecção foi correspondente a 23,7% dos questionários colocando como a segunda maior modalidade usada pelas OPF. Em último lugar, e com uma percentagem pequena correspondente a uma OPF, foi a selecção da opção Outro que foi descrito como GPS topográfico e que representou 2,6% dos questionários.

As respostas fornecidas pelas OPF referentes aos métodos de processamento dos dados GPS e ordem de grandeza de precisão das coordenadas obtidas podiam ter originado mais uma questão, a qual não foi incluída no questionário mas que poderia ser relevante para o conhecimento dos indicadores de qualidade de precisão usados pelas OPF (Ex.: Erro Médio

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Quadrático ou PDOP). Sendo assim, relativamente às perguntas sobre os métodos de processamento, 86,8% das OPF que utilizam o modo Pós-Processamento deixando para segundo plano a Correcção Diferencial RTK com 13,2% das respostas. Em termos de ordem de grandeza de precisão, 63,2% das OPF responderam que estão conscientes da ordem precisão planimétrica e altimétrica das coordenadas obtidas enquanto que 31,6% considera apenas a precisão planimétrica. A opção “não tem noção destes conceitos” foi seleccionada por duas OPF correspondendo a 5,3% dos questionários.

Em relação ao suporte cartográfico usado pelas OPF inquiridas, 94,6% usam Cartas Militares, 84,2% usam Ortofotos, 26,3% usam o Google Earth e 7,9% usam o BingMaps. No suporte cartográfico foi ainda solicitada a escala das Cartas Militares e a precisão das Ortofotos em que algumas OPF’s responderam que usam Cartas Militares com escalas de 1: 25 000 e 1: 50000 e usam ortofotos com resoluções espaciais de 0,4 cm e 0,5 cm. Em termos de uso do solo todas as OPF responderam com uma percentagem de 100% aos levantamentos em tipos de solo agro-florestal e florestal. O segundo tipo de uso mais respondido pelas OPF foi o uso agrícola com uma percentagem de 78,9%. Em relação ao Baldio, a percentagem de OPF que responderam foi de 63,2% dos questionários. Curiosamente existem algumas OPF que executam levantamentos GPS em usos do tipo Social correspondendo a 21,1% dos questionários respondidos.

Quanto ao tipo de armazenamento feito nas OPF’s, 86,8% responderam que usam o computador como forma de armazenamento e 57,9% das OPF responderam que usam uma Base de dados SIG. Em termos de arquivo, 34% das OPF utilizam esta forma de armazenamento. A resposta obtida por parte das OPF relativamente aos documentos que usam para comprovarem a titularidade do prédio foram: 68,4% recorrem ao uso de Artigos pertencentes ao Serviço de Finanças, 34,2% usam o registo predial, 26,3% dos questionários não utiliza qualquer tipo de comprovativo, 21,1% das OPF recorre à Escritura e 5,3% respondeu que usa outro tipo de comprovativo. Relativamente ao outro tipo de comprovativos, as OPF não especificaram qual o documento a que se referiam.

Na questão relativa à delimitação das ZIF era solicitado às OPF que possuíssem pelo menos uma ZIF que indicassem de que forma tinha sido feita a sua delimitação. Das OPF que responderam, 34,2% delimita as ZIF por mancha contínua e pelo tipo de prédio, 13,2% delimita pela mancha contínua florestal e 7,9% delimitam pelo perímetro de mancha contínuo florestal tendo em conta o tipo de prédio e a exclusão dos prédios de áreas não florestais. Em relação ao SiNErGIC todas as OPF inquiridas responderam que estariam dispostas a participar no projecto SiNErGIC com um total de 100% de respostas positiva. Além disso foram solicitadas quais as possíveis contrapartidas por parte das OPF em aderirem a este tipo de projecto, sendo as mais mencionadas o financiamento das operações, a cedência de material seja de recptores GPS ou de suporte cartográfico, o acesso posterior à informação sem custos adicionais e medidas de resolução sobre a Lei de Protecção de Dados dos Associados.

Foi ainda questionado o interesse sobre a eventual criação de uma aplicação que recolhe-se toda a informação de caracterização dos prédios rústicos directamente no terreno. As respostas obtidas foram: 60,5% acharam muito útil, 21,1% acharam útil e 18,4% responderam que não fazia diferença.

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7.5 O uso da base de dados harmonizada nas OPF

Relativamente à criação de uma base de dados, a sua construção foi feita através de um modelo esquemático não representando um modelo informático válido como por exemplo modelo UML. A modelação para a criação de uma base de dados única teve em atenção os atributos fornecidos pelas OPF através da questão relativa ao tipo de atributos usados e qual a sua descrição. As tabelas designadas por entidades foram constituídas por um conjunto de atributos que correspondessem ao nome atribuído à entidade.

A base de dados apresenta dezassete entidades sendo que a Entidade Levantamentos e Entidade Titular são duas entidades fundamentais para a ligação entre as outras entidades presentes no esquema da base de dados. As subdivisões do esquema da base de dados são referentes ao projecto SiNErGIC e à Caracterização dos Prédios Rústicos. Relativamente ao projecto SiNErGIC, foram inseridos todos os atributos presentes na declaração de titularidade do prédio sendo que se efectuou uma modificação no que diz respeito ao campo Esboço presente na Declaração de Titularidade. O esboço foi modificado para serem inseridos dados tais como, as confrontações segundo os pontos cardeais e a indicação da existência de levantamentos perimetrais para a sua localização. Em relação à subdivisão da caracterização dos prédios rústicos, muitos dos atributos cedidas pelas OPF encontraram-se duplicados o que facilitou a integração dos atributos nas diferentes entidades criadas.

7.6 A Criação da Aplicação

A criação da aplicação serve de apoio no campo quando se recolhem grandes quantidades de informação principalmente para efeitos de caracterização dos prédios rústicos. O objectivo da criação da aplicação foi apresentar uma solução gratuita para a recolha de informação no terreno. O software CyberTracker mostrou ser um software muito promissor e fácil de usar. Em termos de recolha de dados só permite recolha de pontos e a associação de informação a esses pontos. A aplicação permite recolher a informação alfanumérica com ou sem presença do GPS. Os atributos presentes na aplicação não são todos os que estão na base de dados uma vez que existem atributos que são calculados ou adquiridos em gabinete.

7.7 Problemas e potenciais Soluções

A prestação de serviços por parte das OPF relacionadas com os levantamentos perimetrais recorrendo ao uso de receptores GPS em prédios rústicos tem sido controverso e alvo debates. O serviço de levantamentos perimetrais nas OPF foi criado numa tentativa de melhorar a gestão dos prédios rústicos. Actualmente as OPF carecem de suporte cartográfico e de receptores GPS com elevada precisão devidos aos custos inerentes. A informação geográfica e alfanumérica presente nas OPF não serve o Cadastro, visto que existem aspectos a serem resolvidos tais como o uso de comprovativos dos prédios levantados, a precisão do levantamento (sobrevalorização das áreas), a forma de como é feito o levantamento (polígonos). Apesar de os levantamentos executados pelas OPF não serem executados de acordo com as especificações técnicas do SiNErGIC, esses dados permitem a identificação da localização geográfica de um

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dado prédio, informação essa que deve ser aproveitada e/ou adaptada. Outro problema levantado é a Lei de Protecção de Dados que proíbe o fornecimento de dados dos associados sem o consentimento do associado. Por outro lado, o IGP apesar de reconhecer a importância das OPF como agentes locais não se quer comprometer na compra de informação geográfica que não possui os requisitos das especificações técnicas e por o projecto SiNErGIC ser um processo de registo gratuito para os titulares dos prédios.

Face aos problemas identificados anteriormente, foi idealizado um conjunto de soluções que poderão ajudar na articulação entre o IGP, as OPF e outros organismos como é o caso da AFN e da DGCI. Não existindo uma base de dados com atributos únicos para o armazenamento da informação entre as OPF é criada uma situação de inúmeros de atributos na qual a sua partilha para outras entidades torna-se morosa uma vez não existir uma estrutura com atributos comuns entre todos os organismos.

Nesse sentido é essencial a unificação e criação de uma base de dados padrão que armazene atributos e informação de igual modo. Isto permitirá criar informação organizada e útil para outras entidades. Neste caso a base de dados padrão proposta para as OPF era a criação de uma base de dados que recolhe-se informação necessária ao cadastro e informação necessária à caracterização dos prédios rústicos. Isto permitia às OPF criarem bases de dados organizadas e com informação relevante e iria despertar interesse por parte dos organismos públicos e valorizar o trabalho das OPF como agente local e como organismo de partilha de informação com qualidade.

Mas só a criação e o armazenamento não basta, pois é necessário criar medidas de cooperação entre OPF, organismos públicos e proprietários. As OPF, sendo agentes locais, servem de apoio à tomada de decisão na ajuda aos proprietários dos prédios rústicos, neste sentido uma solução para evitar a Lei de Protecção de Dados é dialogarem com os proprietários e explicar as vantagens de um eventual cadastro. A implementação da base de dados nas OPF e a criação de condições para a sua integração no projecto SiNErGIC, permitirá no futuro após a conclusão do Cadastro Florestal da utilização desta base de dados para a actualização dos prédios rústicos que seria da responsabilidade das OPF (com supervisão do IGP, DGCI e AFN). Essa responsabilidade poderia ser assegurada através de serviços como Inventários Florestais, notificação e autorização do IGP de alteração e controlo dos limites do prédio rústico, cálculo dos custos de exploração anuais dos prédios rústicos criando a possibilidade de um IMI e IMS justo e de possíveis deduções fiscais.

Paralelamente a base de dados ajudará à elaboração de Inventários Nacionais Florestais mais precisos, ao melhoramento da aplicação das Políticas Florestais, à criação de novos incentivos para o investimento da floresta, a uma maior monitorização dos prédios rústicos e à criação de novos modelos de gestão que se aproximem às características dos prédios rústicos de Portugal.

Outro problema referido são os custos que as OPF têm com este tipo de serviço, sejam elas deslocações, compra do equipamento, tempo despendido em gabinete e recursos humanos. A solução encontrada é a parceria e cooperação do IGP na cedência de suporte cartográfico oficial, e possíveis cedências de tecnologia GPS em OPF que não possuam equipamento GPS

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que corresponda às especificações técnicas do SiNErGIC. Em relação à recolha de informação no terreno, poderia ser desenvolvida uma nova prestação de serviço que consistiria em ajudar os proprietários na colocação de marcos para a demarcação dos prédios segundo as especificações do SiNErGIC. Outra solução que deveria ser implementada seria um conjunto de medidas para que a recolha de dados geográficos fosse consistentes e executada com qualidade por todas as OPF, sendo que podia ser disponibilizado um Guia de Boas Práticas na utilização do equipamento GPS. É necessário também evitar a contínua divisão dos prédios sendo que a solução poderia ser atingida através de um conjunto de medidas que limitasse uma área mínima de divisão de um prédio como é feito em outros países.

O problema dos recursos humanos para a execução dos serviços, tendo em conta as especificações técnicas do projecto SiNErGIC, consome muito tempo e envolve custos avultados por parte das OPF, sendo que as soluções poderiam passar por parcerias com faculdade e institutos politécnicos através de estágios curriculares. O contributo da informação proveniente deste tipo base de dados uniformizada poderá trazer benefícios e novas áreas de prestação de serviço a organismos como a AFN nomeadamente para o Inventário Florestal Nacional reduzindo os custos para o Estado da sua produção e valorizando ainda mais o trabalho efectuado pelas OPF. As futuras acções a serem dinamizadas passam por contactar mais associações tendo em vista a recolha de mais atributos para o melhoramento da base de dados a ser utilizada por todas as OPF, implementar a base de dados e testar a aplicação numa OPF piloto, elaborar de um guia de boas práticas para o uso de GPS em prédios rústicos e desenvolver uma aplicação na mesma base da aplicação da caracterização dos prédios rústicos tendo os atributos para recolher informação unicamente para efeitos de inventário florestal tendo como documento base o guia de campo sobre o inventário florestal nacional presente no sítio da AFN.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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8. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS

A presente tese mostra a importância de harmonizar diferentes formas de trabalho para que todos possamos recolher informação alfanumérica e geográfica dos prédios rústicos de forma válida e ao mesmo tempo profissional. Relativamente às OPF, os resultados dos questionários demonstram vontade em participar em projectos para além dos relacionados com as associações como é o caso da participação no projecto SiNErGIC. Contudo é necessário estabelecer medidas que facilitem não só o desenvolvimento do projecto SiNErGIC, bem como o trabalho executado pelas OPF. Existem aspectos que têm de ser melhoradas para uma boa aceitação da ideia das OPF recolherem informação válida para estabelecer parcerias com o IGP no âmbito do projecto SiNErGIC. Um dos aspectos é derivado à Lei Protecção de Protecção de Dados, uma vez que as OPF não podem fornecer a informação de que dispõem sem a autorização dos proprietários. Nesse sentido as OPF têm de sensibilizar os proprietários para os aspectos positivos do processo de Cadastro Predial.

Outro aspecto a ser avaliado consiste nas contrapartidas financeiras que as OPF pretendem pelo seu contributo para o cadastro predial no âmbito do projecto SiNErGIC. Esta questão pode ser resolvida entre as entidades envolvidas no SiNErGIC e as OPF seja pela troca de informação dos associados por suporte cartográfico, quer por benefícios fiscais. Além disso, a falta de recursos de humanos para executar o tipo de trabalho exigido pelo SiNErGIC é apontada por muitas OPF como um dos aspectos mais dispendiosos uma vez que são organizações sem fins lucrativos, sendo que uma solução poderá ser encontrada através de parcerias com instituições do ensino superior incentivando a integração de jovens estagiários nas áreas da Engenharia Geográfica ou da Engenharia Florestal. Existe por último outra situação que tem de ser avaliada, que é o facto da isenção técnica nos prédios cujo montante do imposto (IMI) a cobrar seja inferior a 10 euros. Tendo em conta a progressiva fragmentação a Norte do País e a falta de actualização dos prédios, isto irá repercutir-se não só em perdas fiscais mas também no abandono total dos prédios.

Em termos de compreensão de como se organizam as OPF na maneira de recolha e armazenamento da informação concluiu-se que existem bases de dados diferentes entre diversas OPF, as quais servem propósitos únicos. Para promover um uso amplo dessa informação, neste presente trabalho foi proposto que as OPF fornecessem os atributos que eram considerados para a caracterização dos prédios rústicos no sentido de criar uma base de dados comum a todas as OPF. Além disso, esta base de dados permite também armazenar atributos relacionados com o projecto SiNErGIC podendo constituir a médio e a longo prazo uma fonte de informação que poderá ser útil na partilha de informações para situações de comprovativo, avaliação e caracterização de prédios rústicos e até mesmo para a elaboração do Inventário Florestal Nacional como forma de desenvolver a Floresta Portuguesa.

Para facilitar o armazenamento da informação relativa aos prédios geridos pelas OPF numa base de dados unificada, foi desenvolvida uma aplicação num software freeware. De acordo com os resultados dos questionários enviados às OPF, a maioria das OPF indicou que esta aplicação seria muito útil. Esta aplicação não só é prática, mas também é bastante útil pois permite a aquisição no terreno de todos os atributos comuns a todas as OPF de uma forma mais rápida,

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evitando-se os constrangimentos de tratamento dos dados em gabinete. Relativamente ao uso da tecnologia GPS como prestação de serviço são necessárias linhas orientadoras para que os técnicos das OPF procedam à colecta de dados de acordo com as especificações técnicas do projecto SiNErGIC para que esta informação possa ser posteriormente integrada no sistema nacional de informação cadastral que constitui um dos objectivos do projecto SiNErGIC.

Em relação às perspectivas futuras, o objectivo é ampliar o número de respostas das OPF obtendo o conhecimento total de como todas as OPF trabalham na caracterização dos prédios rústicos. Após conhecer os restantes atributos das OPF a base de dados será cruzada com os atributos presentes nos guias de campo existentes na AFN e no ICNB contribuindo assim para uma base de dados e uma aplicação que corresponda a necessidade das OPF e das entidades relacionadas com a Floresta.

Pretende-se também desenvolver uma base de dados numa plataforma que possa ser facilmente adaptada por qualquer OPF num software independente ou em softwares já existentes nas OPF para que a mudança seja fácil e que os técnicos das OPF não sejam sujeitos à reaprendizagem de novos conteúdos.

Por último, em relação à aplicação o que é pretendido para o futuro é o alargamento da aplicação não só para a plataforma Windows Mobile mas também para os sistemas operativos móveis do futuro de forma a abranger os vários dispositivos móveis presentes nas OPF.

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ANEXOS

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Anexo A – Declarações de Titularidade do SiNErGIC

Anexo A – Declarações de Titularidade do SiNErGIC (Página 1).

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Anexo A – Declarações de Titularidade do SiNErGIC (Página 2).

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Anexo B – Especificações de Demarcação dos Marcos.

Anexo B – Regras de demarcação de prédios (Página 1).

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Anexo B – Regras de Demarcação de Prédios (Página 2).

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Anexo C – Esquema aplicacional do SiNErGIC.

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Anexo D – Auto de Reclamação do Prédio.

Anexo D – Auto de Reclamação (página 1).

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Anexo D – Auto de Reclamação (Página 2).

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

                                                 João Gaspar  

Anexo E – Questionário às OPF sobre o Cadastro Florestal.

 

Questionário sobre Cadastro Florestal 

 

O  presente  questionário  é  de  carácter  informativo  e  serve  para  recolher  opiniões 

perante empresas florestais privadas, públicas ou associativas que recorrem ao registo 

de  propriedades  florestais  ou  outro  tipo  de  uso  do  solo  que  tem  como  finalidade  o 

Cadastro  Florestal.  Esta  informação  será  utilizada  para  um  possível  aplicativo  que 

ajude a facilitar o processamento e normalização dos dados do Cadastro Florestal. 

 

1. Actualmente  faz  levantamentos  de  Cadastro  Florestal  ou  Levantamentos 

Perimetrais com GPS? (Se responder Não vá para o número 16) 

Sim    Não   

 

2. Em caso de sim, como procede aos registos dos Levantamentos no campo? 

GPS  +  Preenchimento  Formulário  em formato Papel 

 

GPS  +  Preenchimento  formulário  em formato Digital 

 

GPS   

 

3. Qual o(s)  software(s) de  Sistemas de  Informação Geográfica  (SIG) que utiliza 

para  guardar  os  levantamentos  e  para  a  produção  de  mapas  das  áreas 

levantadas? 

ESRI ArcGis (ArcMap, ArcView, ArcPad, ArcGlobe, ArcReader, ArcScene, ArcCatalog) 

 

GeoMedia   

PCI Geomatica   

Quantum GIS   

IDRISI   

PostGis SQL   

gvSIG   

Outro(                       )   

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4. Que tipo de GPS utiliza: 

 

GPS com antena interna   

GPS com antena externa (PDA)   

Outro (                                                  )   

 

5. Como é efectuado o processamento dos dados recolhidos com o sistema GPS: 

 

Correcção Diferencial feita em tempo real (RTK)   

Correcção  Diferencial  Pós‐Processamento  (feita  no  gabinete  com software apropriado) 

 

Não tem noção dos conceitos referidos em cima   

 

6. Com que precisão são recolhidos os dados: 

 

Ordem de grandeza da precisão Planimétrica (latitude e longitude) e Altimétrica (Altitude) 

 

Ordem de grandeza da precisão Planimétrica   

Não tem noção dos conceitos referidos em cima   

  

 

7. No campo e no gabinete quais os suportes que apoiam os dados GPS recolhidos 

no campo: 

Carta Militar (Escala 1:__________)

Ortofotos (Resolução: ______m)

Google Earth

Bing Maps 

Outro (_________________________)

 

8.  Que  tipos  de  usos  do  solo  são  alvo  de  levantamentos  perimetrais  (Pode 

seleccionar mais que um, caso se aplique): 

 

Florestal 

Agrícola 

Agro‐Florestal

Baldio 

Social 

 

 

 

 

 

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9. Os dados obtidos referentes ao Cadastro Florestal são guardados: 

(Pode seleccionar mais que um, caso se aplique) 

 

Arquivo (formato de papel)   

Em computador (formato digital)   

Base de Dados SIG com dados GPS e dados dos Associados   

 

10. Quais os documentos requeridos aos associados que comprovam a titularidade 

do prédio alvo de um levantamento perimetral: 

Nenhum 

Registo de Conservatória do Registo Predial

Registo de Artigos nos Serviços de Finanças

Escritura 

Outro(s) (________________________)

 

11. Indique e descreva os campos ou atributos usualmente associados ao polígono 

das áreas levantadas que são guardados nos SIG, ou seja, além do perímetro e 

área quais os campos que são associados aos polígonos: 

Campo  Descrição do campo 

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

   

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12. Se possui uma ou mais Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) indique com é feita 

a sua delimitação: 

Delimitação perimetral da mancha contínua florestal  

Delimitação  perimetral  da mancha  contínua  florestal  tendo  em  conta  o 

perímetro e tipo do prédio (florestal, agrícola, inculto, social) 

 

Delimitação  perimetral  da mancha  contínua  florestal  tendo  em  conta  o 

perímetro, tipo prédio e a exclusão de áreas não florestais 

 

 

13.  No  âmbito  do  Sistema  Nacional  de  Exploração  e  Gestão  de  Informação 

Cadastral  (SiNErGIC)  –  Projecto  Florestas,  estariam  dispostos  a  fazer  os 

levantamentos  segundo  as  especificações  técnicas  regulamentadas  pelo 

Instituto Geográfico Português (IGP): 

 

Não 

Sim 

 

Se respondeu Sim, quais seriam as contrapartidas pretendidas? 

 

 

 

 

 

14. O  que  diria  se  fosse  desenvolvido  um  aplicativo  para  PDA,  GPS  ou 

eventualmente  telemóvel  que  substituísse  o  tradicional  formulário  (formato 

papel) e que tivesse a capacidade de armazenar os dados do polígono florestal 

levantado  pelo  técnico.  Tal  implicaria  o  preenchimento  no  local  de  todos  os 

atributos da base de dados relativos a um dado polígono florestal evitando‐se o 

posterior trabalho em gabinete:   

 

Seria muito  útil  (Redução  de  tempo  de inserção  de  dados  e  a  possibilidade  de fazer mais levantamentos no mesmo dia) 

 

Útil  (Redução  do  tempo  de processamento) 

 

Não faz diferença   

 

 

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                                                 João Gaspar  

15. Quais os serviços prestados ao proprietário florestal na Associação:  

 

 

 

 

 

 

 

 

16. Se respondeu Não na Pergunta n.º1 indique‐nos: 

a. Como recolhe os dados referentes aos associados? 

 

 

 

 

b. Onde armazena os dados referentes aos associados? 

 

 

 

c. Quais  os  dados  guardados  dos  associados?  (Nome,  Nº  Associado, 

povoamentos, artigo de propriedade, tipo de uso do solo, etc…) 

 

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d. Qual o motivo por não ter este tipo de tecnologia? 

 

 

Obrigado pela atenção no preenchimento deste questionário. 

 

Mestrado em Sistemas de Informação de Geográfica 

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa 

Tese “Contribuição do Associativismo Florestal no Cadastro Florestal” 

João Filipe Rodrigues Gaspar 

Nº39450 

O contributo do Associativismo no Cadastro Florestal 

                                                 João Gaspar  

Anexo F – Esquema elaborado com atributos das OPF e do SiNErGIC para a base de dados da caracterização dos Prédios Rústicos.

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Anexo G – Tabelas descritivas de atributos de algumas entidades.

Tipo de escritura Compra

Compra e Venda Compra e Venda mútuo com hipoteca

Constituição de servidão Diversa Divisão Doação

Habilitação de Herdeiros Herança

Justificação Partilha Permuta Pública

Renúncia de usufruto Usucapião

Venda Arredondamento de estremas

Cedência

Anexo G1. – Tipos de Escritura existentes nas Especificações do SiNErGIC.

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Tipo de Diploma Legal Acórdão Anúncio Assento

Aviso Declaração

Declaração de Rectificação Decreto

Decreto do Governo Decreto do Ministro da República

Decreto do Ministro da República para a Região Autónoma da Madeira Decreto do Ministro da República para a Região Autónoma dos Açores

Decreto do Presidente da República Decreto Legislativo Regional

Decreto Regional Decreto Regulamentar

Decreto Regulamentar Regional Decreto-Lei

Deliberação da Assembleia de República Despacho

Despacho Normativo Despacho Regional

Despacho Regulamentar Despacho Regulamentar Regional

Jurisprudência Lei

Lei Constitucional Lei Orgânica

Portaria Rectificação

Recurso Resolução

Resolução da Assembleia da República Resolução Assembleia Legislativa Regional

Resolução Assembleia Legislativa Regional dos Açores Resolução Assembleia Legislativa Regional da Madeira

Resolução do Conselho de Ministros Anexo G2 – Tipos de Diplomas Legais existentes nas Especificações do SiNErGIC.

Tipo de Levantamento Reconhecimento por Cartografia

Levantamento topográfico clássico Levantamento GNSS-RTK

Outro Anexo G3 – Tipos de Levantamentos existentes nas Especificações do SiNErGIC.

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Anexo G4 – Tipos de espécies usados na convenção Gráfica das plantas de secções cadastrais.