o discurso em o mestre ignorante

10

Click here to load reader

Upload: larissa-guedes

Post on 04-Sep-2015

217 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

O Discurso Em O Mestre Ignorante

TRANSCRIPT

  • UNIVERSIDAD DEL SALVADOR MESTRADO EM EDUCAO

    O DISCURSO EM O MESTRE IGNORANTE

    Andrea Onody Pellis

    Junho/2013

  • 1

    O DISCURSO EM O MESTRE IGNORANTE

    Andrea Onody Pellis

    (Mestranda em Educao pela Universidad del Salvador)

    NDICE:

    NDICE ...................................................................................................................................... 01

    RESUMO .................................................................................................................................... 01

    PALAVRAS-CHAVE ................................................................................................................ 01

    ABSTRACT ................................................................................................................................ 02

    KEYWORDS .............................................................................................................................. 02

    INTRODUO........................................................................................................................... 02

    CAPTULO 1: O QUE ANLISE DO DISCURSO? ............................................................. 03

    CAPTULO 2: O MESTRE E SUAS LIES .......................................................................... 03

    2.1 A aventura intelectual .......................................................................................................... 04

    2.2 Limites da lngua, limites do mundo .................................................................................... 06

    CONCLUSO ............................................................................................................................ 07

    BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 09

    Resumo. O presente trabalho tem como objetivo contribuir com os debates acerca da obra O

    Mestre Ignorante, inspirada na experincia de vida de Joseph Jacotot, sob a tica da Anlise

    do Discurso, por se apresentar como um domnio aberto que propicia o dilogo com outras

    disciplinas, tais como a Teoria Literria, a Histria em sua perspectiva cultural e a Poltica.

    Para tal intento, utilizaremos os conceitos de discurso e interdiscurso advindos dos estudos de

    tericos como Eni Orlandi e Dominique Maingueneau. O resultado mostra o legado de Jacotot

    para a Educao, inspirando educadores do sculo XX e XXI, contribuindo com a formao

    de cidados politizados, construtores de sua prpria histria.

    Palavras-chave: Educao, Pedagogia, Emancipao Intelectual, Educao Libertadora,

    Anlise do Discurso.

  • 2

    Abstract. This work aims to contribute to debates about the book The Ignorant

    Schoolmaster, inspired by the life experience of Joseph Jacotot, from the perspective of

    Discourse Analysis, whose wide ranging domain promotes a dialogue with other disciplines,

    such as Literary Theory, History, in its cultural perspective, and Politics. For this purpose,

    we will use the concepts of discourse and interdiscourse arising from Eni Orlandis and

    Dominique Maingueneaus theoretical studies. The result shows the educational legacy of

    Joseph Jacotot, inspiring educators from the 20th

    and 21st centuries, contributing to the

    formation of politicized citizens, builders if their own history.

    Keywords: Education, Pedagogy, Intellectual Emancipation, Education of Freedom,

    Discourse Analysis.

    INTRODUO

    Ensinar no das tarefas mais fceis, pois se trata de um fenmeno social e no deve ser

    confundido como uma simples transmisso de conhecimento, especialmente na universidade.

    Isso porque dever do professor criar situaes de aprendizagem que possibilitem aos jovens

    desenvolverem suas competncias, habilidades e senso crtico-reflexivo com relao aos

    aspectos socioeconmicos, filosficos, cientficos, tecnolgicos e polticos que os rodeiam.

    Paulo Freire vai alm: o ato de estudar, para ele, est ligado educao libertadora, na

    qual a aprendizagem ocorre forma autntica porque no h memorizao dos textos, mas sim

    a compreenso dos mesmos. Assim, a educao cumpre seu verdadeiro papel social:

    desenvolver o sendo crtico nos alunos e faz-los capazes de interagir com o mundo

    ativamente, como atores principais e no meros coadjuvantes.

    Freire ressalta que o aluno precisa ser persistente e humilde caso no entenda

    prontamente um texto. Esse aluno deve pesquisar o assunto em outros livros e reler o texto, a

    fim de que haja um completo entendimento e, de certa maneira, um dilogo com o autor e

    suas ideias, mesmo que estas sejam contrrias s do aluno.

    A emancipao intelectual faz parte dessa educao libertadora e a maior aventura

    nesse sentido foi vivenciada por Joseph Jacotot, cuja faanha nos contada por Jacques

    Rancire em O Mestre Ignorante. O discurso filosfico materializado nas pginas da obra

    mencionada proporciona aos educadores mais que uma anlise, mas sim uma reflexo crtica

    a respeito de sua postura profissional, sua prtica pedaggica.

  • 3

    Inicialmente, faremos uma breve explanao do que a Anlise do Discurso, que

    embora pertena ao campo da Lingustica, ainda que no exclusivamente, permite que as

    disciplinas, em conjunto, investiguem seu objeto de estudo conforme os seus respectivos

    interesses. Apoiados nessas teorias, faremos a anlise do discurso presente em O Mestre

    Ignorante.

    CAPTULO 1: O QUE ANLISE DO DISCURSO?

    A Anlise do Discurso, doravante AD, surgida no incio dos anos de 1960, estuda a

    palavra em movimento, sua materialidade, ou seja, enquanto ela est sendo usada, verificando

    os diferentes significantes e significados.

    Assim, os estudos discursivos trabalham a relao lngua discurso - histria

    ideologia como um todo, no como se cada uma delas precisasse ser analisada separadamente.

    Sempre h uma ideologia materializada na lngua e esta s faz sentido por causa do sujeito,

    pois este produz o discurso. Ao analisarmos um texto em sua discursividade, percebemos que

    h uma simbologia prpria, e por esse motivo h um deslocamento, visto que cada palavra

    no possui um sentido isoladamente, mas dentro de um contexto.

    Outro fator importante a se mencionar a memria discursiva, pois as palavras que

    usamos j vieram carregadas de sentidos os quais no sabemos de onde vieram. Porm, estas

    palavras tm significados em ns e para ns, segundo Orlandi (2001, p. 20), e por isso

    funciona pelo inconsciente e pela ideologia. Quando interpretamos, o sentido evidente. s

    vezes interpretamos e negamos o que interpretamos na relao histrico-simblica. Ocorre,

    ento, o chamado apagamento de interpretao, que um processo ideolgico, pois produz

    essa evidncia de sentidos a partir da memria discursiva, do que est no imaginrio.

    CAPTULO 2: O MESTRE E SUAS LIES

    Passado e futuro so o meu legado. Essa frase mencionada por J.J. Bentez, em

    Operao Cavalo de Troia, bem poderia ter sido atribuda a Joseph Jacotot. Sua histria

    como educador foi contada por Jacques Rancire em O Mestre Ignorante Cinco lies

  • 4

    sobre a emancipao intelectual, obra de cunho filosfico, permeada de cultura, ideologia e

    poltica da Europa nos primrdios do sculo XIX.

    Para Jacotot e at mesmo para Rancire - educao e liberdade andam juntas. Porm,

    s h liberdade verdadeira quando a pessoa se emancipa intelectualmente, se livrando do

    embrutecimento.

    No entanto, so necessrias mudanas estruturais na Educao, as quais, segundo

    Clestin Freinet, devem ser propostas pelos professores e a escola precisa ser centrada no

    aluno como um ser social, inserido em sua comunidade. Para ele, a aquisio do

    conhecimento deve ser garantida de forma significativa, sendo que a criao, o trabalho e a

    experincia resultam em aprendizagem. Assim, a escola deve se adaptar vida e acreditar em

    seu poder de transformao (Legrand, 2010, p. 34).

    2.3 A aventura intelectual

    Em 1818 Joseph Jacotot encontrava-se nos Pases Baixos a fim de ensinar francs a um

    grupo de alunos, cuja lngua materna era o flamengo. Contudo, ensinar uma lngua sem

    domin-la tornava o desafio muito maior.

    Os professores sabem que para se ensinar e aprender uma lngua estrangeira (LE), que

    uma forma de linguagem, entra-se em contato com outra ideologia, imaginrio, cultura,

    tradies, costumes, maneiras de agir, usos da lngua etc. Consequentemente, os sujeitos so

    diferentes, as pessoas acabam se tornando outros, uma vez que o eu da LE no o mesmo

    da lngua materna (LM). Significantes e significados assumem um papel diferente na Lngua

    Materna e na LE, porque esta ltima desprovida de uma carga afetiva.

    Assim, Jacotot adotou uma ttica: por meio de um intrprete, ele solicitou que seus

    alunos lessem a edio bilngue Telmaco, de Fnelon, para posterior discusso em classe.

    Contudo, Jacotot no imaginava quais seriam os resultados, se positivos ou no, porque a sala

    de aula abriga sujeitos com caractersticas diversas; saberes, interesses, valores.

    A sala de aula fundada na diversidade, e o papel do professor fazer com que se

    produzam conhecimentos dentro desta complexa rede de relaes sociais. Todo conhecimento

    a gerado constitui uma aproximao parcial e provisria da ampla dimenso da vida, em toda

    complexidade.

  • 5

    Todo homem que fala tem ideias de ideologia, de gramtica, de lgica e de eloquncia.

    Todo homem que age tem princpios de moral privada e de moral social (Rancire, 2011,

    p.58).

    Ao inverter a estratgia de ensino, Jacotot tornou-se um mediador de leitura, valendo-

    se, mesmo sem saber, dos conceitos de interdiscurso, os quais somente comearam a ser

    estudados no sculo XX. Seu mtodo de ensinar foi chamado de Ensino Universal.

    Na atualidade, Dominique Maingueneau reformulou e ampliou alguns dos conceitos da

    AD, propondo o interdiscurso sobre o discurso, definido como o espao em que vrios

    discursos selecionados se relacionam. Podemos depreender disso que no h discurso

    homogneo e absoluto, pois mesmo que no apresente marcas vivveis do outro, todo discurso

    forma-se por meio de uma heterogeneidade constitutiva.

    Maingueneau (2005, p.55) ressalta que:

    O discurso s adquire sentido no interior de um universo de outros discursos, lugar no qual ele deve traar seu caminho. Para

    interpretar qualquer enunciado, necessrio relacion-lo a

    muitos outros - outros enunciados que so comentados,

    parodiados, citados etc..

    Os alunos de Jacotot (um mestre sbio) o surpreenderam, pois aprenderam de forma

    significativa. Ao recorrerem ao texto, viram-se envolvidos por outros saberes. Foram, na

    verdade, emancipados, uma vez que no se viram subjugados pelos conhecimentos do

    professor.

    Esse princpio condiz com a pedagogia difundida por Paulo Freire, a qual vista como

    forma de conscientizao, politizao e emancipao do sujeito. Assim, este aprende no pelo

    que recebe do professor e da escola, mas pela prpria experincia de aprender a fazer. Logo, o

    aprendizado torna-se recurso puramente dialgico, no qual tanto o aluno quanto o professor

    devem ter suas culturas valorizadas equiparadamente, no qual o nico mediador o mundo.

    (Beisiegel, 2010, p. 39-42).

    Freire argumentava que s por meio do aprendizado dialgico, gerando um

    conhecimento crtico e coerente, o ser humano alcanaria sua autonomia social, encontrando,

    a partir de ento, sua verdadeira identidade social. Ningum liberta ningum, ningum se

    liberta sozinho, os homens se libertam em comunho (Freire, 1987, p. 52).

  • 6

    Jacques Rancire diz que o mtodo Jacotot norteado por trs princpios: todos os

    homens tm igual inteligncia, cada homem recebeu de Deus a capacidade de instruir-se, tudo

    est em tudo. Todo mundo igual, mesmo quando diferente: em suma, todas as pessoas

    tm capacidade de aprender, a diferena que cada um tm caractersticas nicas e a

    compreenso no se d no mesmo tempo. Mais uma vez Jacotot se mostra na vanguarda do

    processo ensino-aprendizagem, preconizando e as mltiplas inteligncias (Gardner) e

    apoiando-se no que os linguistas chamam de gramtica textual.

    O sujeito deve ser capaz de interpretar a realidade que o circunda e perceber-se como

    sujeito participativo no seu contexto social, poltico e cultural. Isso faz com que Rancire

    critique o mtodo socrtico, pois, segundo ele, uma forma aperfeioada de

    embrutecimento.

    2.4 Limites da lngua, limites do mundo

    O filsofo Ludwig Wittgenstein afirmou: os limites da minha linguagem denotam os

    limites do meu mundo (Alves, 2004, p. 16). por esta razo que h necessidade da

    emancipao do ser humano. Sabemos que a linguagem uma forma de silenciamento dos

    povos, uma forma de opresso.

    Ressaltamos tambm que toda e qualquer manifestao cultural se d por meio de uma

    forma de linguagem. Portanto, imprescindvel que, antes que questes relativas cultura

    sejam discutidas, a linguagem, sua concepo e seu funcionamento sejam objetos de reflexo.

    Na verdade, linguagem e realidade se prendem dinamicamente (Freire, 2011, p. 20). Isso

    ocorre porque as palavras so usadas para a construo do mundo daqueles que as usam.

    Rancire parece acreditar que o sistema educativo apenas perpetua as desigualdades e

    isso poder justificar a dominao de uns por outros, pois a escola no forma homens

    pensantes, crticos, mas sim meros reprodutores de conhecimento como o efeito papagaio

    das aulas de LE, sem uma produo de sentidos.

    O professor precisa desenvolver uma metodologia de ensino voltada para a pesquisa e

    soluo de problemas, para a realidade e necessidades de seus alunos, como fez Joseph

    Jacotot e o seu Ensino Universal. Esse o princpio da verdadeira emancipao, da verdadeira

    igualdade - preciso aprender qualquer coisa e a isso relacionar a todo o resto, segundo esse

    princpio: todas as inteligncias so iguais. (Rancire, 2011, p.141).

  • 7

    Vale destacar que um dos aspectos mais importantes para obter sucesso a reflexo.

    Em se tratando de metodologia de ensino, adotar uma postura crtico-reflexiva implica em

    uma melhor qualidade do processo ensino-aprendizagem.

    Alm disso, adotando tal postura reflexiva, o professor desenvolver ferramentas que

    o ajudaro a solucionar eventuais problemas surgidos em sala de aula, bem como avaliar e

    rever sua prtica, a fim de verificar o que foi bem sucedido e o que precisa ser reformulado

    (replanejamento) para que as metas de aprendizagem sejam obtidas. Com relao aos alunos,

    isso implica na reflexo acerca do que ele j sabe (conhecimento prvio), como ele faz e como

    vai agir diante de um novo objeto de estudo.

    CONCLUSO

    A base para que haja um processo ensino-aprendizagem efetivo est no dilogo. Jacotot

    sabia que o papel do professor no ser somente um explicador, mas sim um emancipador.

    Ele deve incentivar os alunos a ler, a pensar e aprender, desde que tenham determinao. O

    professor responsvel pela promoo da aprendizagem e pela conscientizao dos alunos

    quanto s possveis limitaes e modos de super-las (Coracini, 2010, p. 98). O dilogo o

    momento em que os seres humanos se encontram para refletir sobre sua realidade tal como

    fazem e refazem (Shor & Freire, 1986, p.122-123).

    Jacotot sabia que os diferentes saberes so igualmente importantes, pois so

    manifestaes da inteligncia humana. Para ele, as pessoas precisam se conscientizar de suas

    habilidades e competncias em aprender, condio fundamental para que haja a verdadeira

    emancipao. A inteligncia humana somente se desenvolve no indivduo em funo de

    interaes sociais que so, em geral, demasiadamente negligenciadas. (La Taille, 1992, p.11

    citando Jean Piaget).

    No entanto, os conhecimentos no podem no pode estar desvinculados da realidade

    que circunda os sujeitos, que esto inseridos, pelo discurso, em uma histria e ideologia que j

    existiam antes deles, e que so colocadas em movimento por eles toda vez que falam.

    Independentemente da lngua que falam. Estamos, assim, trabalhando com a concepo de

    sujeito constitudo pelo discurso e comprometido histrica e ideologicamente.

    O educador emancipador consciente de que no podemos deixar que as paredes das

    salas de aula e os muros das escolas bloqueiem as descobertas e impossibilitem as conexes

  • 8

    com a comunidade, pois o saber est em todos os lugares (Legrand, 2010, p. 35 citando

    Freinet). Alm disso, as instituies so criaes humanas. Podem ser mudadas. E, se forem

    mudadas, os professores aprendero o prazer de beber guas de outros ribeires e voltaro a

    fazer as perguntas que faziam quando crianas (Alves, 2004, p. 17).

    Somente com o nascimento do conflito, podemos construir o que ainda ns

    conhecemos. Este o desejo do educador: provocar o conflito, a dvida, o deflagrar do "no

    sei", a partir do que o sujeito pensa e faz, assim, ENSINAR com significado. (Freire, 1998,

    p.1)

  • 9

    BIBLIOGRAFIA

    Alves, Rubem (2004). O Desejo de Ensinar e a Arte de Aprender. Campinas: Fundao

    Educar DPaschoal.

    Beisiegel, Celso R. (2010). Paulo Freire. Recife: Fundao Joaquim Nabuco, Ed.

    Massangana.

    Bolognini, Carmen Zink (2008). Prticas na sala de aula de lnguas estrangeiras. Campinas:

    Rever.

    Coracini, Maria Jos (2010). O Jogo Discursivo na Aula de Leitura Lngua Materna e Lngua Estrangeira. Campinas: Pontes Editores.

    Freire, Madalena (1998). Provocar o conflito, a dvida, o no-sei. So Paulo: Espao Pedaggico, ano 1, n. 2.

    Freire, Paulo (1987). Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

    ___________ (2011). A Importncia do ato de ler. 51. ed. So Paulo: Cortez Editora.

    La Taille, Yves. O lugar da interao social na concepo de Jean Piaget. In: Piaget,

    Vygotski, Wallon: teorias psicogenticas em discusso. So Paulo: Summus, 1992.

    Maingueneau, Dominique (2002). Anlise de textos de comunicao. So Paulo: Cortez.

    Legrand, Louis (2010). Clestin Freinet. Traduo e organizao de Jos Gabriel Periss.

    Recife: Fundao Joaquim Nabuco, Ed. Massangana.

    Orlandi, Eni P. ( 2001). Anlise de Discurso, Princpios e Procedimentos. So Paulo: Pontes.

    Rancire, Jacques (2011). ). O Mestre Ignorante-Cinco lies sobre a emancipao. Traduo

    de Llian do Valle. Belo Horizonte: Autntica Editora.

    Shor, Ira; Freire, Paulo (1986). Medo e ousadia: o cotidiano do professor. 7. ed. Rio de

    Janeiro: Paz e Terra.