o direito ambiental no mercosul

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O Direito Ambiental No Mercosul

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  • O Direito Ambiental no Mercosul1

    Virgnia Amaral da Cunha Scheibe

    INTRODUO A deteriorao do meio ambiente um processo que se vem desenvolvendo desde o

    prin.cpio dos tempos, pela ao predatria do homem sobre seu entorno. Todavia, nos dois Liltimos sculos e notadamente nesse Sculo XX que ora finda, assumiu propores alarmantes, seja pelo acmulo das agresses perpetradas ao longo do tempo, seja pelo incremento extraordinrio das atividades produtoras lesivas, seja pelo s aumento da populao do Planeta. Paralelamente a isso e certamente comodecorrndadesse fenmeno, vem se desenvolvendo uma progressiva conscincia ecolgica, uma preocupao crescente com a proteo natureza, com a preservao do meio ambiente sadio e capaz de garantir o bem estar e a prpria sobrevivncia da gerao presente e tambm das futuras geraes.

    Considerando que a degradao ambiental atinge o planeta como um todo, produzindo efeitos que vo bem alm das fronteiras de qualquer pas e que mesmo a extenso tran.

  • 626 Virg1nia Amnral da Cunha Scheibe

    polticas ambientais. A pennannca do dilogo, das negociaes, 'teilita o trnsito do tema e o objetivo comum do incremento scio-econmico praticamente dita a necessidade de interferncias comuns no processo produtivo e mercadolgico, como forma de garantir a comperitividadc entre pases reunidos.

    Destina~se o presente trabalho a abordar justamente as perspectivas de evoluo das nom1as ambientais em um contexto comunitrio, mais precisamente o do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), sinalizando no rumo de propostas viveis para o incremento de un1a poltica ambiental que nele assegure a maior proteo, preservao e melhoria possveis.

    Para tanto, mister que conheamos a evoluo desse processo de integrao e de outros e tenh_amos noo de como a questo ambiental vem sendo neles e no plano intemo dos

    Estados~ Parte sendo tratada e tambm conheamos o que, a propsito do aperfeioamento elo sistema, vem sendo sugerido pela doutrina.

    bte trabal11o tem, pois, o obctivo de prestar modesta colalxxao queles que desejam entender como tem sido conduzido o processo integracionista e como nele tem evoluido o tTato da questo ambientaL

    Antes de ingressarmos ao tema, propriamente dito, mister que tenhamos presente que o processo de reunio de Estados em torno de um objetivo comum, fomentado aps a dolorosa experincia da Segunda Guerra Mundial, base do conceito de solidariedade e da noo de que as Naes reunidas podem mt.tito mais do que isoladas, criou condies para o estabelecimento de inlnneros tratados internacionais e para o florescimento de organismos internacionais de vocao universal ou regional, como a ONU e ::1 OEA, ou originrios de blocos econmicos.

    J o esforo de integrao no continente latino~americano vem tambm de longa data. Produziu alianas mais ou menos bem sucedidas ao longo do tempo, atravs das quais as naes latinas, hoje ditas em desenvolvimento, buscararn fazer fi:ente aos grandes blocos polticos e econmicos, incrementando sua industrializao e seus recursos humanos, com vista promoo do desenvolvimento econmico.

    Compreensvel que assim tenha sido, visto que o adiantamento do processo de industrializao dos pases desenvolvidos transformou o ccmtincnte sul~americano ern mero mercado consumidor de produtos industrializados e fornecedor de matria~prhna aos pases ricos,sem recursos financeiros nem autosuficincia em tecnologia e recursOS humanos especializados que permitissem alterar este ogo de poder.

    Da, pois, a noo corrente de que se fazia imperiosa a uni o solidria dos pases sul~ ame1icanos, para fazerTente aos grandes blocos ou potndas econmicas, com o fOrtalecimento do pan~americanismo.

    A integrao latino americana teve incio com a cria8o da ALALC (Associao Latino~Americana de Livre C'.--omrcio), O CEPAL ~ rgo su bsidrio do Con.selbo Econmico e Social da ONU, atualmente denominado ((Comisso Econmica para a Amrica Latina e Cmibe'', desenvolveu os primeiros estudos para a cliao do mercado regionallatino~

  • O Direito A1T1bientnl no MeTcosul 627

    Em 1980, a ALALC foi substituda pela ALADI (Associao Latino-Americana de Integrao), congregando Argentina, Bollvia, Brasil, Colntbia, Chile, Equador, Mxico, Paraguai, Per, Uruguai e Venezuela, prevendo a criao de um mercado comum latino~ americano, de estabelecimento gradual e progressivo.

    O "PACTO 1\NDINO', por sua vez, processo de ntegraosub~regionalcriado pelo Acordo de Cartagena, de 1969, visando o desenvolvimento da regio para facilttar sua participao na ALALC/ ALADI que, por sua vez, como vimos, se pretenderia transformar em Mercado Comum. Atualmente, vge em estgio mais avanado que a ALADI, possuindo um Parlamento e uma Corte de Justia, de escassa atuao. Foi aperfeioado em 1976 e integrado por Per, EquadOJ; Colmbia, Bolvia e Venezuela.

    Temos ainda o "Parlamento Latino~ Americano" (PARLATINO) c o "Sistema Econmico Latino~AmeJicano, instituido no Panam, em 1975 e que engloba 26 pases, voltando~ se matria econmica.

    Fbr ltimo, de registrar r se o "Mercado Comum do Sul", (MERCOSUL), institudo pelo ~fi-atado de Assuno, em 1991, processo de integraao atualmente constituindo zona de livre comrcio, a reunir Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Constitui a mais ambiciosa tentativa de integrao latino ~amoicana, consoante analisa CELSO D. DE ALBUQUERQUE MELL02 No se constitui, ainda, em Mercado Comum porque no dispe de rgos supranacionais, sendo sua estrutura apenas inter-govent~'l.memal e estando, ainda, tecnicamente, tlTt etapa de cooperao econmica.

    Assim, renovadas tentativas de integrao econmica tem sido feitas no continente sul-americano, com maior ou menor sucesso e pennanncia.

    Todavia, em nenhuma delas a questo ambiental assumiu o relevo que hoje assume no Mercosul, cujo 11:atado constitutivo, em seus considerandos, indica a proteo ambiental como instrumento de integrao. 'Tl fato ref1ete no s a preocupao que o tema desperta em cada um dos Estados-Membros, como o atual estgio de conscientizao do Homem em relao necessidade de preservao do habitat teneno como concHo para garantir a prpria sobrevivncia no Planeta ao longo do tempo. Reflete tambm a noo, agora alcanada, de que a proteo ambiental e o desenvolvimento sustentvel so condies que no se podern deixar margem de qualquer esfOro integ,rracionista e nele, alis, dever encomTar o caminho do necessrio frtalecimento.

    Este o exemplo dado pela Comunidade Europia que, se no pode ser indicada como paradigma absoluto na questo ambiental pela peculiaridade prpria de estar voltada pant o continente europeu, com caractersticas geofsicas, culturais e desenvolvimcntistas distintas daquelas prprias da Amrica do Sul, h de s-lo como evidncia de que no h processo de integrao que possa perdurar no tempo e alcanar o almejado efeito de progresso e bem-estar social sem englobar medidas que garantam um meio ambiente saudvel c equilibwdo para hoje e para o futuro.

    2 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Direito Internacional da Integrao. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Renovar, 1996, p. 301 et seq.

  • 628 Virgnia Anv.mJ da Cunha Scbeibe

    No busca de uma melhor compreenso do tema, analisaremos o trabalho que se tem feito, em tema de Direito Ambiental na Unio Europia, no prprio Mercosul at hoje e, internamente, nos pases que o compem.

    1. A DEFESA AMBIENTAL NA UNIA O EUROPIA O problema ambiental no continente europeu vem de longa data, com diversos incidentes

    ,graves isolados, de repercuso em vrios palse

  • O Direito Ambiental no Mercosul 629

    Na verdade, percebe-se que houve um processo lento de tomada de posio no sentido da necessidade de atua3o conjunta na rea ambiental e da primazia que tais objetivos deviam guardar no esforo comum pelo desenvolvimento scio-econmico, como irnperativo do maior bem-estar do homem. Tomou-se corrente, aos poucos, a noo de que produzir produtos "verdes" (atmvs de procednento ecologicamente cone to) no s imediammente mais proveitoso em face da preferncia que desfrutam no mercado, como medida que se impe a benefcio presente c futuro do homem em geral.

    Veja-se que j em l988 (3 de julho), surgiu a Diretiva da Comunidade sobre a avalia5o do impacto ambiental nos projetos agrcolas, petrolferos, energticos, tursticos e ele desenvolvimento regional. Paralelamente, muito se tem investido na descoberta de novas tcnicas de produo inofensiva,sane;,nnento, reciclagem, etc.

    Evidentemente que todo esse esforo surge como uma resposta d

  • 630 Virgnia Amaral da Cunbt Scb.eibe

    necessidade de um considervel aporte financeiro, criando demanda por maior participao no oramento comunitrio, o que sempre est vinculado a esforos polticos e levando busca de solues que no s utilizem recursos pblicos, mas propiciem meios para que a prpria atividade econmica nos pases membros seja direcionada obteno de melhoria ambiental associada ao desenvolvimento scio~econmico, notadamente na'i regies menos desenvolvidas, onde a degradao ambiental mais sentida.

    Na verdade, trata~sc de envolver a iniciativa privada para que, associada aos esforos das autoridades comunitrias ou internas, faam com que as medidas protetivas resultem em incremento econmico, em progresso. o caso, por exemplo, de incentivar o turismo, o aproveitamento de resduos, o desenvolvimento de tecnologias limpas de mais baixo custo e a melhoria da produtividade agrcola ..

    Os principais instrumentos financeiros utilizados pela Comunidade Europia com tal objetivo so o Fundo Social Europeu, a seco Orientao do FEOGA e o Fundo Europeu do Desenvolvimento Regional, que financiam considervel nmero de projetos, notadamente nas regies menos desenvolvidas, que de 1989 a 1993, absorveram 1,2 mil milhes de ecus. Neste contexto incumbe ainda mencionar os financiamentos do Banco Europeu de lnvestimento (BEl).

    Ainda em 1989 foi estabelecido um programa especial~ ENVIREG, destinado a solver o problema da poluio nas zonas litorneas, mais especialmente no Mar Meditenneo e um programa complementar~ MEDSPA, para abranger outras regies litorneas e pases da bacia mediterrnea no integrantes da Comunidade. Atravs desses pros,ramas se atentar especialmente ao problema dos esgotos nas cidades, mmazenamento de resduos txicos perigosos, incentivo reciclagem dos resduos aproveitveis.

    O Banco Europeu de Investimento vem concedendo emprstimos de longo prazo c atualmente, com a incluso de projetos relativos proteo ambiental e exigncia de relatrio de impacto ambiental. Paralelamente, desenvolve esforos no sentido de que os projetos produtivos financlados envolvam o cuidado da poluio mnima.

    Tamlfm neste caso se percebe a canalizao de esforos para forar o empresariado a harmonizar a ao produtiva poltica protecionista, c a preocupao em colaborar com projetos e estudos cujo objetivo exclusivamente incrementar prticas protecionistas, como, a exemplo, a purificao do ar.

    De notvel importncia, tambm, o programa ACE (Aes da comunidade relacionadas com o ambiente), que financia projetos de demonstrao, incentivando o desenvolvimento de tecnologias apropriadas c novos mtodos de controle ambiental.

    Todo este esforo passa, por bvio, pela ao popular de cormole das atividades poluentes, com a denncia de prticas lesivas, de campanhas de conscientizao, de educao ambiental, enfim, pela mobilizao do pblico no sentido de pressionar as autoridades de seu pafs a cumprir as normas internas e as diretivas da Comunidade Europia.

    Neste aspecto, vale salientar que as diretivas ela Comunidade devem ser ratificadas pela legislao nacional c esta deve ser adaptada para tal aplicao, processo durante o qual no raro que os objetivos ou lineamentos primeiros da nom1a comunitria acabem sofrendo

  • O Direito Amhienl:al no lv1ercosul 631

    um certo desvirtuamento. a que a iniciativa popular pode executar o importante papei de denunciar o fato Comisso Europia, propiciando o devido controle desta.

    Claro est que sem a conscientizao popular, sen1 a propagao dos malefcios que as aes danosas causam s geraes presentes e futuras e sem o incremento da participao do pblico em todos os projetos ambientais, no se pode realizar um controle efetivo do meio ambiente e tudo isso passa pelo esforo de incentivar a participao popular c disseminar o conhecimento neste campo, seja desde as primeiras letras at o estudo superim; com o incentivo formao de tcnicos e cientistas da rea.

    Finalmente, no 5 prograrna de ao ambiental (1992), tratou~se da mudana nos hbitos de consumo, da partilha da responsabilidade, com interao de vrios segmentos da sociedade e novamente se priorizou a observncia do princpio da preveno, notadamente com a exigncia de avaliao do impacto ambiental de projetos nas reas da agricultura, indstria petrolfera, energia, transportes, desenvolvimento regional e turismo.

    o que nos recorda a ilustre Profa. MARTHA LUCIA OLIVAR JIMENEZ\ no trabalho que ofereceu Associao Brasileira de Estudos da Integrao, em 1994. Ali, discorrendo sobre o 5 Programa de Ao da Comunidade Europia, observa a Autora:

    "Outros instrumentos jurdicos originados no quinto programa comunit.rlo e ao pelo meio ambiente, estreitamente vinculados efetividade do princpio da preveno dos danos ambientais e da realizaododesenvolvimcnto sustentvel, so: a fX1SSibilida.-Je para os produtores de colocar em seus produtos um logotipo, a "Eco~ctiqueta", direito que ser concedido por um organismo do Estado~ Membro nacional em considerao aos resultados ecolgicos globais ao longo de sua atividade econmica e o direito de colocar um logo, "Eco-audit" (denominao francesa) nos documentos comerciais (prospectos e folhetos, cabealhos de papis c publicidade em gerai). Este ltimo consistiria em um instrumento de organizao interna c um indicador do sucesso ecolgico das atividades da empresa destinado nos acionistas, seguradores, financiadores, autoridades pblicas e ao pblico emgewl. Como vemos, o objetivo principal perseguido por estes instrumentos o de melhorar o sistema de informao aos consumidores sobre o impacto ambiental elos produtos que eles adquirem."

    V~se, pois, que a poltica ambiental no mbito da Comunidade Europia desenvolveu-se de forma b'radativa porm fim1e, no rumo do incremento das aes oficiais c da participao popular crescente, envolvendo o interesse dos prprios setores produtivos em prestigiar a defesa ambiental, com.o forma de garant~se perante um mercado cada vez mais exigente quanto a tal aspecto.

    Por certo que a veiculao das nom1as comunitrias por via de diretiva que, consoante j observamos, no tem aplicao direta (o mais das vezes, diga-se, posto que j se defendeu com xito o entendimento de que aquelas diretivas claras c completas so prontamente exeqveis), causa empeos sua total observncia no mbito interno dos Pases~ Membros e constitui motivo para a delonga no processo de sua aplicabilidade.

    4 JIMENEZ, Martha Lucia Olivar. O estabelecimento de uma poltica comum de proteo do meio ambiente~ sua necessidade num mercado comum. In: BRASIL. Senado Federal. Estudos da Integrao, Braslia, v. 7, p. 39, 1994.

  • 632 Virgnia Amaral da CunlHt Scbeibe

    Recente Comunicao da Comisso das Comunidades Europias5 d conta de que j foram adotados mais de 200 atos de legislao ambiental da comunidade, a maior parte deles constituidos por diretivas j transpostas para a legislao intema dos Pases~ Membros, gerando hoje problemas relativos sua aplicao prtica e controle de sua aplicao. De outra parte, a reviso do 59 Programa de Ao da Comunidade em matria de ambiente foi objeto de uma proposta da Comisso no sentido de tomar mais rpida sua implementao, mechda indispensvel ao respeito e observncia de todo o aCervo comunitrio em matria ambiental e efetividade das polticas ambientais adotadas.

    A experincia europia faz~se valiosa para a soluo do problema ambiental nos pases integrantes do Mercado Comum do SuL Dela poderemos retirar os vetores para orientar os esforos comunittios para alcanar um nvel hannnico de proteo ecolgica no tenitrio.

    De momento, o que temos, neste processo in_tegraci.oni5ta sul

  • O Direito Ambienbl no Mercosul 633

    O trabalho desenvolvido pela Rema, posteliormente transformada no 6 Sub-Grupo de 1iabalho do MERCOSUL (ambiente), desenvolve-se no sentido de analisar a legislao ambiental dos Pases Membros,

  • 634 Virgnia Amu.ral da Cunba Scbeibe

    transaes comerciais devem incluir os custos ambientais causados nas etapas produtivas, sem transferi~los s geraes futuras''. Reafirmava-se, pois, no mbito do Mercado Comum do Sul, o princpio do desenvolvimento sustentvel, que foi definido pela "Comisso Mundial sobre o Meio Ambiente c Desenvolvimento", como ''o desenvolvimento que atende s necessidades do presente sem comprometer a capadade elas futuras geraes atenderem s suas prprias necessidades''.

    A Declarao de Canela , sem dvida, tTabalho a merecer especial ateno do estudioso da proteo ambiental no Mercosul. Nela, nos Considcrandos do ll"atado de Assuno que j acima lembramos, c 11os compromissos internacionais flnnados pelos Estados Membros nessa rea, vamos encontrar os objetivos e as bases para a formulao de uma poltica ambiental comum no mbim do bloco e cujo projeto acha~sc, como vimos, em fase de elaborao.

    No plano internacional, o Mercosul, que adquiriu personalidade jurdica de Direito Internacional como Protocolo Adicional ao Tratado de Assuno sobre a Estrutura Institucional do Mercosul (Protocolo de Ouro Prcto,aprovado em 15.12.95), j fm1ou alguns tratados em matrla ambiental.

    Dentre estes, a Profa. MARISTELA BASS08 menciona: l)"Acordo sobre Cooperao em Matria Ambiental", celebrado pelos quatro Estados~

    Membro em 1992 e internalizado em 1997, e que, entre outras medidas, trata de priorizar o tratamento das questes ambientais em reas fronteirias; e

    2)"Acordo Bilateral entre a Repblica Federativa do Brasil e a Repblica Argentina sobre Cooperao em Matria Ambiental", firmado em Buenos Aires, em abril de 1996, envolvendo ecossistemas de regies limftrofes, frente ao incremento da movimentao populacional, de mercadorias e de servios, em face de projetos que envolvem tambm a integrao fsica entre os dois pafses.

    Visto, pois, em linhas gerais, o panorama que se desenha a nvd comunitrio em relao ao meio ambiente, ingressemos anlise do ordenamento interno de cada Estado~ Membro.

    3.ADEFESAAMBIENTALNASLEGISLAESDOSESTADOS-PARTEDO MERCOSUL

    3.1. A legislao argentina A Constituio da Nao Argentina, promulgada em 1853, sofreu reformas em 1860,

    1866,1898 ,1957 e 1994, esta ltima, em razo da Lc24.309, ele 29 de dezembro de 1993, que declarou necessria a reforma e autorizou a Conveno Constituinte a introduzir regra de preservao ambiental e da ao de amparo.

    Em tais tennos, o Captulo Segundo da Carta, destinado a dispor sobre novos direitos c garantias, passou a contar com as seguintes disposies:

    '1\rtculo 41 ~Todos los habitantes gozam dcl derccho a um ambiente sano, equilibrado, apto parael desmTollo humano y para que las actividades productivas satisfagam las necesidades 8 BASSO, Maristela. Livre Circulao de Mercadorias e Proteo Ambiental no Mercosu!. In: BASSO, Maristela et alii. Mercosul: seus efeitos jurdicos, econmicos e polticos nos Estados-Membros. 2. ed. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, p. 359 et seq, 1997.

  • O Direito Ambiental no Mercosul 635

    presentes sin comprometer las de las generaciones futuras; y tienem el debcr de preservarlo. El daf.o ambiental generar prioritariamente la obligacin de recomponer, se,gn lo estabelezca la lcy.

    Las autoridades proveern a la proteccin de este derecho, a Ia utilizacin racional de los recursos naturales, a la preservacin de] patrimnio natural y cultural y de la diversidad biolgica, y a la infonnadn y cducacin ambientales.

    Conesponde a la Nacion dictar las nonnas que contcngam los presupucstos mnimos de proteccin, y a las provncias, las necesrias para complementadas, sin que aqullas a!tercn las jurisdicciones locales.

    Se prohibe el irtgreso al tcnitrio nacional de resduos actual o potencialmente peligrosos, y de los radiactivos."

    '1\rt.43- Toda persona puede interponer accin expedita y r~1pida de amparo, snpre que no exista otro media judicial ms idneo, contra todo acto u omisin de autoridades pblicas o de particulares, que cn fonna actual o inminente lesione, rest1inja, altere o amenace, com arbimniedad o ilegalidad manifiesta, derechos y garantia.s reconocidos por esta Constitucin, um tratado o una ley. En el caso, d juez podr declarar la inconstitucionalidad de la nonna em que se funde el acto u omissin lesiva.

    Podrn interponer esta accion contra cualquier forma de discriminacin y en lo relativo a los derechos que protegen ai ambiente, a la competencia, al usurio y al consumidor, como a los derechos de incidncia colectiva em general, el afectado, d defensor del pucblo y las asodadones que propendan a csos fines, registradas conforme a la ley, la que determinar los requisitos y formas de su organizacin .

    ... (omissis)" V-se que a Carta consagra alguns dos princpios atuais em tema de defesa ambiental

    e dos quais acima j8 cuidamos. Primeiramente, consagra como direito fundamental o de um ambiente saudvel e estabelece a presetvao como um dever de todos, traduzindo a idia de repartir responsabilidades, de envolver a todos na busca de solues, nos cuidados e na fiscalizao permanente sobre as aes efetiva ou potencialmente lesivas. Ademais, estabelece o comprometimento dos setores produtivos no s com as geraes presentes, mas tambm com as futuras, traduzindo a dimenso que hoje se atribui ao dever de preservao, tendo em vsta a continuidade da vida sobre o planeta (idia do desenvolvimento sustentado). Deixa claro ainda o dispositivo, que a recomposio do dano medida prioritria, no sendo o caso de

    admitir~se que a indenizao satisfaa nos casos em que recompor o meio ambiente atingido seja ainda possvel e, finalmente, consagrao princpio do poluidor~pagador, atribuindo-lhe a condio de obrigado tarefa de recomposio ou da composio.

    Estabelece ainda o 1Cxto como dever da Administrao promover a proteo ao direito a um sadio e equilibrado ambiente, com a utilizao raciona[ dos recursos naturais, preservao do patrimnio respectivo e desenvolvimento da informao e da educao ambientaL Compromete, por essa via, o Estado~ Administrador no esforo preseJvaconsta e no incentivo participao popular pela via da indispensvel informao e da educao ambientalista, que j se viu consistirem em indispensvel suporte a qualquer ao nessa rea.

  • 636 Virgnia Amaral da Cunha Scheibe

    Por ltimo, o legislador constituinte assegurou o uso da ao de amparo tambm para proteger direitos que protegem o meio ambieme, o que constitui notvel avano no campo ela dCtiviclade da jurisdio nessa rea, onde a ao rpida dos poderes institucionais , o mais das vezes, condio primeira de sucesso da interveno estatal. Se a ao danosa (ou de potencial danoso) est em curso ou em vias de realizao, muito pouco aproveitaria o decreto de sua ilegalidade aps um procedimento ordinrio, no qual restaria apenas estabelecer a responsabilidade civil correspondente. A possibilidade de uma pronta resposta jurisdicional atende, como se v, ao princpio da precauo ou preveno, coibindo a continuidade ou o incio da ao dei etrea. Sua consagrao a nvd constitucional constitui avano sigrficativo na legislao argentina, inclusive com a outorga de legitimidade ativa a substitutos processuais extraordintios, como o Defensor Pblico e Associaes de objetivos protecionistas.

    de clizer~se, ainda, que a Carta estabelece o sistema de compartilhamento das competncias legislativas, de maneira a reservar Unio o estabelecimento das garantias mnimas de proteo, cabendo s provncias a tarefa de baixar nonnas complementares, sem interferir nas normas locais, de incidncia estrita sobre o territrio de cada unidade municipaL

    Disconendo sobre tal aspecto, LEILA DEVIA9 observa que: "Adems, las provncias puedcm cHctar lcgislacin complementaria a la que dicte la

    Nacin. Por lo tanto existir~llegislacin de proteccin mnima, comn a todo e! territrio, y

    legislacin provincial complementar, que puede contener mayores exigncias que la normativa nacionalaplicable a su mbito. Pera toda la legislacin, federal y provincial, ser aplicada em las provncias por las autoridades administrativas y judiciales locales. Nos encontramos com lcgislacin federal (pressupuestos mnimos), que cn las provncias ser aplicada por autoridades provincialcs. Por ejemplo, la Nacin podr detenninar los niveles de contaminacin pennitidos para cl recurso agua, pero si la provinda de Buenos Aires quiere imponer exigencias mayores para los cursos de agua existentes em su territorio, podr hacerlo dictando las normas complementrias."

    U1l aspecto de suma importncia para a compreenso do sistetna jurdico argentino em tema protecionisista, valendo anotar que tambm por norma constitucional, mantida no Texto atuaC as provncia.

  • O Direito Arnbiental no Mercosul 637

    De dizer-se, ainda, que as leis orgnicas dos Municpios, delimitando as competncias que lhes so delegadas pelas respectivas Provncias, definem dentre suas responsabilidades, vrias medidas de carter ambiental, como coleta e depsito de lixo, gua potvel, deposio de resduos, rudo, contaminao do ar, etc. A exemplo, anota LEI LA DEVIA 10 , o "Cdigo de Preveno da Contaminao Ambiental", baixada pela Ordenanza 39.025/83, da Cidade de Buenos Aires.

    A par da legislao esparsa, que numerosa, o Cdigo Civil, o Cdigo Penal, o Cdigo Aeronutico e o Cdigo de Minerao contm regras ambientais e em todos os nveL'>, instituies especficas para a promoo de um meio ambiente saudvel atuam.

    Todo esse esforo se dircciona protefto dos recursos naturais, notadamente da gua, do ar, do solo, da fauna, das florestas, alm de dispr sobre a higiene urbana e os resduos perigosos, valendo referir que desde 1992, atravs da Lei 24.197 (embora vetada) j se dispunha sobre a necessidade de prvio estudo do impacto ambiental na aprovao de projetos industriais, havendo tambm let,rislao que o preveja para as avidades de minerao, ele construo de grandes represas, de expanso dos parques geradores de energia e de projetos de forte impacto ambiental que envolvam investimentos pblicos.

    No campo internacional) a Argentina signatria de diversos acordos e tratados, que, por fora do que dispe o art. 75, Inciso 22 da Constituio, tem hierarquia superior das leis, o que confCre a tais insLTumentos jUidicos, a estabildade indispensvel. Dentre os vrios acordos, convnios e protocolos fim1ados pela Nao Argentina, destacam-se:

    l. Convnio para proscrio de experincias com am1as nucleares (Lei 23.340/87) 2.Convnio sobre preveno da contaminao martima por dejetos e outros materiais

    (Lei21.947!79) 3.Convnio de Viena sobre protefto camada de oznio (Lei 23. 724/89). 4.Convnio sobre a mudana climtica (Lei 24.295/94) S.Convniosobre a biodiversidade (Lei 24.375/94) Como se pode ver desta breve resenha, a Argentina dispe de excelente arsenal

    legislativo paraenfrentamcnto da questo ambiental e para tornar-se importem te aliada dos pases que lutam pela meLhoria do meio ambiente. Seu Poder Judicirio, por sua vez, vem finnando tradio de excelentes decises na matria, de que so exemplos os acrdos produzidos nos casos 91.869, Maria de! Carmen Pinini de Prezx Copetro S/ A, 1l:ibunal de La Plata, Sala li, em 27.4.1993 ("La Ley"- t.l994-A), dispondo sobre a obrigao de indenizar por danos atmosfricos, e 1866, Hugo N. Almada x Copetro S/ A y otro, Margarita Irazu x Copetro S/ A y otro,Juanj. Klaus x Copetrc)S/A yotro, 'fiibunal de La Pia ta, em 19.5.1998, dispondo sobre a composio de dano ambiental("La Ley Buenos Aires"- 1998).

    3.2. A legislao paraguaia A Constituio Nacional do Paraguai, promulgada em 20 de junho de 1992, consagra

    a proteo an1biental como um direito fundamental do homem. Em seu Ttulo li ("De los

    10 Devia, op.cit. p .. 89.

  • 638 Virgnia Amaral da CunLa Schcibe

    Derechos, de Los Deberes y de Las Garantias), Captulo I ("De la vida y dcl ambiente"), Scccion II ("Del ambiente''), faz constar:

    "Artculo 7. Del derecho a um ambiente saludable Toda persona tiene derecho a habitar em un ambiente saludabl.e y ecolgicamente

    equilibrado. Constituyen objetivos prioritarios de inters social la presetvacin, la conservacin, la

    recom.posicin y el mejoramiento de! ambiente, as i como su conciliadn con el desaiTollo humano integral. Estos propsitos orientarn la legislacin y la poltica gubernamcntal pertinente."

    ".Artculo 8. De la proteccin ambiental Las actividadcs susceptibles de producir alteracin ambiental ser reguladas por la ley.

    Asimismo, esta prodr~. restringir o prohibir aqullas que califique peligrosas. Se prohibe !a fabricacn, d monraje, la importacin, la comercialimcin, la posesin o

    el uso de armas nucleares, qumicas y biolgicas, asi como la introducion al pas de resduos txicos. La ley podr extender esta prohibicin a otros elementos peligrosos; asimismo regular el trfico de recursos genticos y de su tecnologia, precautelando los intereses nacionales.

    El delito ecolgico ser definido y sancionado por la ley. Todo dafio al ambiente importar ta obligacin de recomponcr e indemnizar.

    Toda persona o grupo amenazado de ser privado de tal derecho puede exigir de las autoridades la protcccin o la intervencin para impedir cl dafio."

    Pelo que se v o direito a um saudvel ambiente est erigido condio de princpio constitucional assecuratrio de direito fundamental do homem. A Carta tambm consagra o princpio da precauo, o princpio do poluidor-pagador, adota o desenvolvimento sustentvel, estabelece a obrigatoriedade geral de todos, incluindo o Estado e as instituies, na busca da preservao e melhoramento do meio ambiente.

    O terceiro pargrafo do dispositivo consagra a legitimidade de qualquer pessoa, independentemente de sua nacionalidade c da condio de habitante do pas, a reclamar contra qualquer ato lesivo ou potencialmente lesivo ao direito constitucionalmente assegurado, o que constitui not~lvel avano no nato da matria.

    A Carta, como se v da transcrio supra, enfatiza a necessidade de adequao da legislao infCrior e detennina a penalizao do delito ambiental, assim como cria a obrigao de recompor e de indenizar.

    Sob tais luzes, vrias leis foram baixadas e se criaram ou fortaleceram instituies aptas, dentre as quais se destaca a "Comh%o Nacional de Defesa dos Recursos Naturais", criada por lei de 1990, com o objetivo de avaliar e orientar a poltica ambiental.

    Dispe ainda a Constituio Nacional, que a reforma agrria e o desenvolvimento rural se faro de acordo, entre outros ftens, com a defesa e preservao do ambiente (A.rt 115, tem 7) e que os municpios tem competncia para deliberar, entre outras, em matria de ambiente (Art.168).

    Destacam-se, como suporte s aes judiciais cabveis para a efetivao da proteo desevel, as disposies dos art. 38, 39 e 40 do Texto, nas seguintes letras:

  • O Direito Ambiental no Mercosul 639

    (!Artculo 38. Del derecho a la defensa de los intercscs difusos. Toda persona tienc derccho, individual o colectivamentc, 8 reclamar a bs autoridades

    pblicas medidas para la defcnsa de! ambiente, de la integridad de! hbitat, de la salubridad pblica, de! acervo cultural nacional, de los in te reses del consumidor y de otros que, por su naturaleza jurfdica, pertenezcan a la comunidad y hagan relacion com la calldad de vida y con e! patrimnio colectivo."

    "Artculo 39. Del derccho a la indemnizacinjusta y adecuada. Toda persona ticne derecho a ser indemnizada justa y adecuadamente por los datios o

    perjucios do que fuere objeto por parte del Estado. La ley relamentar{t este dcrecho." "Artculo 40. Del derecho a peticionar a las autoridades. 'Tc_,da persona, individual o colectivamente y sin requisitos especiales, tiene derecho a

    peticionar a !as autoridades, por escrito, quicnes debern responder dentro del plazo y segn las modalidades que la ley determine. Se reputar denegada toda peticion que no obtuviese respuesta cn dicho plazo."

    Por ltimo, incumbe ainda referir que a Constituio de 1992, por seus artigos 161 e 163, estabeleceu os Govemos Departamentais, fixando~ lhes a competncia, inclusive para preparar o plano de desenvolvimento departamental cooordenando-o ao Plano Nacional e, sobretudo reservou-lhes, alm daquelas ali definidas, as competncias que a lei lhes outorgarem.

    Neste aspecto, vale mencionar que a Lei 426/94, que estabelece a carta orgnica do Governo Departamental, indica entre seus objetivos e faculdades, as de adotar medidas para a preservao das comunidades indgenas ali residentes e do meio ambiente e dos recursos naturais do Departamento.

    Por a j se v que a legislao ambiental no Paraguai,

  • 640 Virgnia Amaral da Ctlll1-w Scbeibe

    y atribuciones. Lo cjcrccn d Fiscal General del Estado y los agentes fiscales, cn la fonna determinada por la ley."

    "Art. 268. De los deberes ydc las atribuciones Son deberes y atribuciones del Ministerio Pblico: 1. Velar pores respeto de los derechos y de bs garantias constitucionalcs; 2. promover accin penal pblica para defender cl pattimonio pblico y sociat el medio

    ambiente y otros intereses difusos, as como los derechos de los pueblos indgenas; 3. ejerccr accin penal em los casos em que, para iniciarla o proseguirla, no fuese

    necesaria instancia de parte, sin perjucio de que el juez o tribunal proceda de ofcio, cu ando lo determine la ley;

    4. recabar informacin de lo_

  • O Direito Am.biental no Mercosul 641

    1. Acordo para a proteo da flora, da fauna e das belezas cnicas naturais dos pases da Amrica, ratificado pelo Paraguai em 1981.

    2. Conveno para a proteo do patTimnio mundial cultural e nacional, Pmis, 1972. 3, Acordo sobre a proibio de desenvolvimento, produo e armazenamento de anuas

    bactetiolgicas e txicas e sobre sua destruio, ratificado pelo Paraguai em 1976. 4. Acordo sobre o Direito do Mar, Naes Unidas, ratificado pelo Paraguai em 1976. 5. Acordo sobre a constituio do Comit Regional de Sanidade Vegetal(COSAVE),

    ratificado pelo Paraguai, em 1990. 6. Acordo de Viena para a proteo da camada de oznio, ratificado peto Paraguai, em

    1992. 7. 1iatado bilateral para a construo da Hidreltrica de Itaip, J do "Guia de Derecho Ambiental del Paraguay, publicao da ONG "Instituto de

    Derecho ambiental" (IDEA), d destaque ainda ao Tratado de Yacyret, firmado com a Argentina e ao convnio tambm finnado com aquela Repblica, sobre o aproveitamento mltiplo do Rio Paran (Proyecto CORPUS, 1974).

    As instituies nacionais mais envolvidas com o tema ambiental so: a Universidade Nacional de Assuno, qual se acha vinculada a Comisso Nacional de Energia Atmica; o Instituto do Bem~ Estar Rural e o Servio Florestal Nacional, vinculados ao Ministrio da Agricultura; tambm vinculados a este Ministrio, a Direo de Ordenamento Ambiental que, confonne a Lei 294/93, encmTega~se das avaliaes de impacto ambiental e a Direo dos Parques Nacionais e Vida Silvestre; o Servio Nacional de Saneamento Punbiental (SENASA) e as Juntas de Saneamento ambiental, vinculados ao Ministrio da Sallde Pllblica e Bem~Estar Social.

    Desta resumida compilao, percebe~se que o ordenamento jurdico do Paraguai, no tema ambientaL j a partir do texto constitucional, que erige o meio ambiente saudvel como direito fundamental do homem e legitima qualquer pessoa a defend~lo, proporciona bons instrumentos para a efetivao da proteo ambientaL

    Todavia, consoante anota ainda DIAZ LABRAN0 13 , embora a instrumentalidade interna seja razovel, a efetividade da defesa ambiental ainda deixa bastante a desejar na vizinha repblica, proporcionando aes predattiasque atingem de forma significativa a vida vegetal e animal, com enorme reduo das florestas do Pas, indicando~se como urgente o trabalho em busca de maior conscientizao do povo e das autmidades, e meios para fazer cumprir a.'> leis de proteo.

    De particular relevo, anotar~se que a Constituio Nacional do Paraguai no prev para as leis que aprovam tratados ou acordos internacionais, a mesma hierarquia de n01mas constitucionais. Todavia, de acordo com o art. 13 7, a Carta lhe confere hierarquia superior das leis:

    "Art.13 7 ~De la supremacia de la Constitucin: "La Ley suprema de la Repblica es la Constitucin. Esta, los tratados, convnios ou

    acuerdos internacionales aprobados y ratificados, las leyes dictadas por e! Congreso y otras 13 Labrano, op.cit.

  • 642 Virgnia A.Jnaral ela Cunha Scheibc

    disposiciones jurdicas de inferior jerarquia, sancionadas em consecucncia, integran cl derecho positivo nacional em cl orden de prel.adn enunciados. n

    3.3 A legislao uruguaia Relatam os estudiosos que a Repblica do Uruguai quase no cuidou cspecficamentc

    de problemas ecolgicos em dcadas anteriores, dado que pelos mesmos no fora at ento grandemente atingida, devido a no ter um grande parque industrial, nem superpopulao, estando tambm protegido por um regime especial de ventos na regio, com a renovao constante do ar.

    Aosim que as Constituies de 1830,1917, 1934, 1942, 1952, 1966 e suas emendas de 1989 e 1994, no contm protetiva especfica nessa rea, trabalhando os juriscas com o sistema de direitos e garantias implcitas, a cavaleiro das disposies dos art.s 7,72 c 332 da Carta, na redao que ainda hoje se mantm, e que merecem transcrio:

    "Artculo 7 ~ Los habitante5 de la Repblica tienem derecho a ser protegidos em el goce de su vida, honor, libertad, seguridade, trabajo y propriedad.

    Nadie puede ser plivado de esteos dcrechos sino conforme a las leyes que se establecen por razones de inters general."

    !(Artculo 72 ~ La enumeradn de derechos, dcberes y garantias hecha por la Constitucin no excluyc los otros que son inherentes a la personalidade humana o se derivem de la forma republicana de gobicrno."

    "Artculo 332 - Los preceptos de la presente Constitucin que reconocen dercchos a los individuas, as como los que atribuyen facultades e imponen deberes a las autoridades pblicas, no dejarn de aplicarse por falta de la reglamentacin respectiva, sino que s ta ser suplida, recurriendo a los fundamentos de leyes anlogas, a los ptincpios gencrales de derecho y a las doctrinas generalmente admitidas. n

    Como categoria dos direitos humanos de terceira gerao, os chamados 'i direitos da solidariedade", o direito a um meio ambiente sadio e equilibrado, constituindo o que se pode entender como direito inerente personalidade humana ou direito vida) recebe o reconhecimento e a garantia constitucional impllcita.

    Por outro lado, atravs do reconhecimento da funo social da propriedade (art. 32), da instituio da defesa do patrimnio artstico e cultural como dever do Estado (art.34), da obrigatoriedade de legislao protetiva sade e higiene pblicas (art. 44), da instituio da responsabilidade civil do Estado por danos a terceiros( art.24), a Cana conferia um razovel suporte defesa ambiental, em que pese demandasse interpretao.

    J a partir da Emenda de 8 de dezembro de 1996, significativo avano verificou~se na Carta, com o reconhecimento da proteo ambiental como sendo do interesse de todos, por norma inserlda na Seo que trata dos Direitos, Deveres e Garantias.

    Efetivamente, por via da redao que tomou o artigo 48, reconheceu~se a existencia do interesse geral na proteo ao melo ambiente) o que vale dizer, seu reconhecimento como direito difuso, e se consagrou a obrigao de absteno geral de aes lesivas, com remessa direta ao legisla dor ordin1io, para as nonnas complemen tarcs :

  • O Direito Ambiental no Mercosul 643

    u Artculo 4 7. La protecdn del media ambiente es de inter s generaL Las personas debern abstncrse de cualquier acto que cause depredacin, destruccin o contaminacin graves al media ambiente. La Ley reglamentar esta disposicin y podr prever sanciones para [os transgesores"

    O dispositivo abre espao para a sano administrativa ou penal das aes lesivas ao meio ambiente, sern refer~se, no entanto, observncia do princpio da precauo, vale dizer, dispondo somente sobre o dano j concretizado. Todavia, h que entender-se, por interpretao sistemtica, que, garantido o direito ao meio ambiente saudvel e reconhecdo o interesse geral em proteg~lo (direito difuso), por via implcita se admite que tal proteo tambm se d de fOnna preventiva, fazendo cessar a ao ou o projeto de ao potencialmente lesiva. Absurdo seria, face ao que na atualidade do Direito Ambiental se pensa, e portanto ao que se pode denominar de ''doutrinns geralmente admitidas", na feliz expresso do transcrito art. 332 da Carta Uruguaia, pensar-se que a desejada proteo ambiental somente possa dar-se na via da composio do dano ou da recomposio, quando ainda possvel.

    Assim, tem-se que a novel disposio abre ensejo a que se incremente de forma extraordin.Jia o sucesso do esforo na busca de uma maior efetividade da proteo ambiental em todo o territrio uruguaio, nas mais variadas reas) alm daquelas onde hoje mais se faz atuante, ou seja, na higiene urbana, no controle da poluio do ar e da contaminao das guas.

    Alis, de anotar-se que OSVALDO MANTER O DE SAN VICENTE~', discorrendo sobre os problemas ambientais no Uruguai, refere ser equivocada ou ultrapassada a noo corrente de que o pas no tem grandes problemas ambientais. Diz o eminente professor e pesquisador:

    "El escaso desanollo industrial del pas, as como su baja densidadde poblacin podrian hacer pensar que Uruguay no padece graves problemas ambientales. Sin embargo, no es as. Como suele suceder em !os pases subdesarrollados, las dificultades econmicas y muchas veces la idea no manifestada, pero admitida tcitamente de que es preferible lograr la industfializacin dei pas an a costa de la prdida del equilibrio ecolgico, constituyen el origem de sus problemas ambientales."

    Dentre os problemas que detecta aquela autoridade em direio ambiental, acham-se a eroso do solo, a destruio da flora e da fauna naturais) a poluio das guas fluviais em deconncia dos despejos industriais aumentados pelo desmembramento das unidades fabris pelo interior do pas, e as grandes obras de transformao das estruturas, afetando vrios ecossitemas.

    Justifica-se, assim, a adoo, nowdamente na dcada de 90, de vrios diplomas legais de larga repercusso em matria ambiental, que vieram a enriquecer a legislao ordtn:ri~ federal.

    Nela, temos a destacar as normas do Cdigo Penal relativas aos delitos contra a sade pblica, como ao envenenamento ou adulterao de gua~ ou produtos destinados alimentao

    14 SAN VICENTE, Osvaldo Mantere de. Derecho Ambiental. Colaboracin de Daniela Cabral. Montevido: Ed. Fundacion de Cultura Universitria, p. 21-23, 1995.

  • 644

    pblica; o Cdigo de guas, a Lei Florestal c de Recursos Florestais, e a Lei de Impacto Ambiental, que declara de interesse geral e nacional (difuso), a proteo e recomposio do meio ambiente e a preveno do impacto ambiental negativo ou nocivo, valendo referir que tais matrias, assim como a preservao do mar territorial so consideradas de competncia nacional.

    No que pertine especialmente lei 16.466 (Lei de Impacto Ambiental), tem~se que criou o MinistJio da Habitao, Ordenamento Territorial e Meio Ambiente, atribuindo~lhe a competncia para aut01izar o incio de ativid-J.des, con ...

  • O Direito Ambiental no Mercosul 645

    nas zonas de explorao agropecuria, a Lei de Impacto An1bienta!, exige estudos prvios para projetos como o reflorestamento ou plano de manejo de reas naturais e as exploraes agropecurias devem aplicar apenas tcnicas recomendadas pelo Ministrio, tudo como forma de evitar a degradao do solo e a eroso.

    Como signar1io do 1iatado de 11atalolco (Tratado para proscrio de annas nucleares na Amrica Latina), o Uuguai probe o uso da energia nuclear com fins blicos e as usinas para produo e nansfommo de energia nudeat; por expressa disposio da lei de impacto ambiental, somente podem ser autorizadas a funcionar se exibirem relatrio favorveL Alis, d,se o mesmo em relao s usinas hidreltTicas de mais de 20 megawatts.

    Tendo igualmente ratificado (1969) a "Conveno para proteo da Flora, da Fauna e da'> Belezas Naturais dos pases da Amrica", o pas disciplina seus parques e reservas nacionais, assim como monumentos naturais e reservas de regies virgens, atravs de limitaes adminisnativas

    As florestas naturais acham,se protegidas por lei de 198 7, que declara de interesse nacional a defesa, melhoramento e a ampliao ou criao dos recursos florestais, havendo igualmente a previso de uma poltica florestal nacionaL

    Por himo, de mencionannos que o parcelamento do solo objeto de lei especfica, que tambm busca o melhor aproveitamento dos recursos naturais e sua preservao.

    Quanto s aes utilizveis para a defesa do meio ambiente, relevam as disposies do Cdigo Geral de Processo (Lei 15.982), cujo artigo 42 declara legitimados o Ministrio Pblico, qualquer interessado e as Instituies ou Associaes de interesse social que garantam uma adequada defesa do interesse comprometido e a Lei 16.112, que autoriza o Ministrio de Habitao, ordenamento tenitmial e Meio Ambiente a prornov,Jas, tendo efeito "erga omnes" as decises delas tiradas. Vale ainda referir que a ao de amparo, prevista pela Lei 16.011, de 1988, tambm utilizvel contra particulares, pode ser empregada para as aes de defesa ambiental.

    No plano jurdico inten1acional, o Uruguai signatrio de diversos tratados, acordos e protocolos, bilaterais ou multilaterais, que envolvem matria ambiental ou sobre esta dispem especificamente. Dentre estes, a par daqueles que acima mencionamos a propsito de guas limtrofes (sobre a Baciada Ltgoa Mirim e sobre o Rio Uruguay), movimentaes transfronteirias (Convnio de Basila) e Parques e Reservas Nacionais (Conveno sobre a proteo da flora, da fauna e das belezas naturais dos pases da Amrica), destacam~ se:

    1. Convnio de Viena para a Proteo da Camada de Oznio (ratificado em 1988), 2. 1atado Antrtico de 1958 (ratificado em 1979), 3. Conveno sobre o comrcio internacional de espcies ameaadas da fauna e da

    flora silvestre (ratificada pela Lei 14.205) 4. Conveno marco das Naes Unidas sobre mudanas climticas de junho de 1992

    (ratificada pela Lei 16.517) 5. Convnio sobre a biodiversidade, de junho de 92 (ratificado pela Lei 16.408) 6.1ratado de proibio de testes nucleares (ratificado pela lei 13.684)

  • 646 Virgnia Am.aral ela Cunba Scheibe

    7 Conveno sobre a conservao de espcies migratrias de animais silvesttes, de 1979 (ratificada pela Lei 16.062).

    De todo este apanhado, deduz~se que a RcpubHca Oriental do Uruguai dispe hoje ele extenso arsenal normativo para empreender a luta por uma efetiva defesa ambientaC com a disponibilidade de instrumentos processuais vigorosos, como o mandado de segurana e a ao civil pblica, esta titulada inclusive ao Ministrio Pblico e de efeitos gerais, como acima sublinhamos. Seus cmnpromissos no mbito intemacional a colocmn em igualdade de condies com pases que se destacam na defesa ambiental, em que pese no seja seu tenitrio assolado por problemas to graves como aqueles noticiados, a exemplo, pelo Paraguai e qui pelos enfrentados pelo Brasil, sobre os quais nos debruaremos a seguir.

    3.4 A legislao brasileira A questo ambiental no Brasil, ao longo das ltimas dcadas, vem preocupando

    diversos segmentos da sociedade e provocando movimentaes que se traduzem no s em notcias de jornal, mas tambm em trabalho profcuo e permanente junto aos Poderes do Estado, notadamente junto ao Poder Legislativo, de que resultou a produo de significativo nmero de leis, em todas as rbitas, tendentes proteo do meio ambiente.

    Vrios Cdigos anteriormente Carta de 1988 j dispunham sobre o tema, como o Cdigo de guas ( Decreton9 24.643/34), Cdigo Florestal (Lei 4.771/65), Cdigo de Caa ( Lei 5.197/67), Cdigo de Minerao (Dec.-Lei 227/67). Foi, entretanto, na dcada de !980, que a preocupao ambiental tomou,se notvel no Pas, com o incremento de grandes esforos e medidas em prol da proteo ambiental. Superava,se, ento, o bice representado pela concepo individualista do direito de propriedade e grandes avanos se fizeram sentir no plano legislativo, com especial destaque Lei 6.938, de 31.8.1981, que disciplina a Polftica Nacional do Meio Ambiente, cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente, estabelece a responsablidade objetiva pela indenizao ou reparao do dano e legitima o Ministrio Pblico para promoo da responsabilidade civil e criminal (art.l4, parg.1 ) e Lei 7.34 7, de 24,7.85, que institui a Ao Civl Pblica para a defesa do meio ambiente, consoante anota com propriedade D1S M1LAR15

    Tais instrumentos legais, notadamente pela outorga de competncia ao Ministrio Pblico para propr Ao Civil Pblica em matria ambiental, constituram notvel incentivo a que por tal via se buscasse a proteo jurisdicional ao meio ambiente, fustigado por uma insensata sede de expanso industtial descompromissada com o desenvolvimento sustentvel, ou seja, com a compatibilizao entre o progresso e a conservao ambiental. Muitas aes comearam ento a chegar aos Pretrios, abrindo ao Poder Judicirio a oportunidade de tomar efetivas as regras de proteo, enquanto se municiava a Administrao Pblica com meios de melhor exercer seu papel de tutor da coisa pblica na matra.

    VLADIMIR PASSOS DE FREITAS!6 refere, a propsito da atuao dos Tribunais na defesa do patrimnio pblico poca, acrdo do 1l:ibunal de Justia de So Paulo que, por sua 15 MILAR, dis. Tutela Jurisdicional do Ambiente. In: Revista do Advogado, n. 37, p. 12, 1992. 16 FREITAS, Vladimir Passos de. A Constituio Federal e a Efetividade das Normas Ambientais. Ed. Revista dos Tribunais, 2000, p. 121~122.

  • O Direito Ambiental no Mercosul 647

    5. Crnara Cvel, no REO 83.629-1, em23.3.l987, disps sobre indenizao por tombamento de prdio histrico na cidade de So Paulo.

    Assim, a sociedade j comeava a recorrer ao Poder Judicirio atravs dos instrumentos que a Iegslao lhe oferecia, para questionar quanto ao meio ambiente. Entretanto, mais rapidamente caminhava o processo de devastao da natureza e se avolumavam as agresses.

    No poderia ser diferente, dado extenso territorial da Pas, a diversidade de culturas que abriga e a variedade ambienta!, climtica, de explorao econmica de riquezas naturais, de produo e de densidade populacional, gerando problemas diversificados nesta rea, ab1indo um leque considervel de problemas a serem enfrentados.

    A conscincia de tal realidade e de que urgente e imprescindvel fazer frente ao avano da atividade industrial, agrcola, extrativa, mercantil ou de desenvolvimento urbano que venham em detrimento do ecossistema, gerou na Constituinte de 1987, um especial empenho cn1 colocar ao abrigo do Texto de outubro de 1988, a proteo ambientaL

    Ademais, a questo da integrao com outros pases da Amrica Latina, ou melhm; a necessidade de confer-~se um carter no apenas mercadolgico a essa aliana, que vinha sendo de h muito desejada, levou o Constituinte a lanar na novel Carta, as diretrizes bsicas parao processo de integrao, por via de dispositivo que, consoante veremos, acabou por ditar um perfil abrangente a tal processo, altamente pronlissorpara que nele se envolvesse a questo ambiental.

    Assim, no Pargrafo nico do Artigo 4 do Texto, estabeleceu~ se: "A Repblica Federativa do Brasil rege~se nas suas relaes intemacionais, pelos seguintes

    ptincpios: ... (omissis) Pargrafo nico~ A Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica,

    polftica, social e cultural dos povos da Amlica Latina, visando formao de urna comunidade latino~ americana de naes."

    Ainda, no Ttulo VIII da Carta, sobre a Ordem Social, abriu~se um captulo especiaL o de nVI, intitulado "Do Meio Ambiente", composto pelo artigo 225 , incisos e seis pargrafos, in verbis:

    "Artigo 225 -Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo c essencial sadia qualidade de vida, impondo~sc ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv~lo para as presentes e futuras geraes.

    Parg. 1 ~Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico: I~ preservar e restaurar os processos ecolgicos essenciais e prover o manejo ecolgico

    das espcies e ecossistemas; II~ preservar a diversidade c a integ1idade do patrimnio gentico do Pas e fiscalizar as

    entidades dedicadas pesquisa e manipulao de material gentico. III ~ definit; em todas as unidades da Federao, espaos territoriaL_

  • 648 Virgnia Amaral da C1-mha Scheibe

    IV , exigir, na fonna da lei, para a instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao do meio ambiente, estudo prvio de impacto ambientaC a que se dar publicidade;

    V , controlar a produo, a comercializao e o emprego de tcnicas, mtodos e substncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

    VI, promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente;

    VII -proteger a fauna e a flora, vedadas, na fonna da lei, as prticas que coloquem em risco sua funo ecolgica, provoquem a extino de espcies ou submetam os animais a crueldade.

    Parg. 2- Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com soluo tcnica exigida pelo rgo pblico competente, na fonna da lei.

    Parg. 3 ~As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores~ pessoas ffsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados.

    Parg. 4 ~A Floresta Amaznica brasileira, a Mata Atlntica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato~Grossense e a Zona Costeira so matrimnio nacional, e sua utilizao far~se~, na forma da lei, dentro de condies que assegurem a preservao do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

    Parg. 5 ~So indisponveis as tetTas devolutas ou anecadadas pelos Estados, por aes discriminatrias, necesslias proteo dos ecossistemas naturais.

    Parg. 6 ~ As usinas que operem com reator nuclear devero ter sua localizao definida em lei federal, sem o que no podero ser instaladas."

    V~se, pois, que a Constituio Federal de 1988 estabeleceu feio ampla aliana que a Nao deveria intentar com outros pases da Amrica do Sul, de maneira a integrm~se com estes nos planos econmico, poltico, social e cultural, fonnando uma comunidade. Ao faz~lo, pois, deixou claro que a integrao h de ser abrangente, envolvendo aspectos variados e, portanto, tambm aqueles que dizem com o bem-estar dos povos, e, portanto, com um meio ambiente sadio que o propicie.

    Ainda, na linha das mais atualizadas doutrinas ambientalistas) a Carta prev a observncia do princpio da precauo, do desenvolvimento sustentado, impe o estudo do impacto ambiental para projetos que impliquem em potencial ou efetivo dano, consagra o ptincpio do poluidor-pagador) institui a responsabilidade adminjstrativae penal pelas atividades lesivas tanto das pessoas fsicas como das jurdicas declara patrimnio nacional diversas ecossistemas e, sobretudo, impe umastie de condutas ao Administrador, para dar efetividade proteo ambiental.

    Merece especial destaque a definio do meio ambiente sadio como patrimnio de todos e consequente direito geral de todos, com conespondente obrigatmiedade generalizada de guarda e preservao (partilha de responsabilidade, como fundamento constitucional para a legitimidade ativa em matria de um direito que eminentemente difuso, como o ambiental).

  • O Direito Ambiental no Mercosul 649

    Tambm em dispositivos esparsos, dispe o Texto sobre matria ambiental: a) legitimando qualquer um a propor ao popular em defesa, entre outros bens, do

    meio ambiente (Art. 5, Inciso LXXlll); b) estabelecendo o princpio da no tipicidade dos direitos fUndamentais e garantindo,

    neste teneno, a observncia dos tratados internacionais ratificados ( Art,5, LXXII, parg. 2); c) declarando bem da Unio as tenas devolutas indispensveis preservao ambiental

    (Art.20,II); d) instituindo sistema nacional de gerenciamento de recursos hdricos (art.21,XIX) i e) instituindo a competncia comum (competncia material) das Pessoas Polticas para

    a proteo dos documentos, obras e outros bens de valor histrico, artstico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notveis e os stios arqueolgicos, bem como do meio ambiente e das florestas, fauna e flora e saneamento bsico(Art. 23 ,lll , VI, VII e IX);

    f) estabelecendo a competncia concorrente (competncia legislativa) da Unio, dos Estados e do Disrrito Federal para legislar sobre 1) florestas, caa, pesca, fauna, conservao da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteo do meio ambiente e controle da poluio, 2) proteo ao patrimnio histrico, cultural, artstico, turstico e paisagstico, 3) responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidot; a bens c direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico (Art24, VI, VII, VIII), Vale registrar que aos Municpios est reservada competncia legislativa suplementar e em mattia de interesse local (An30) e li);

    g) estabelecendo como funo institucional do Minist1io Pblico promovera inqurito civil e a ao civil pblica para a proteo do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (Art.l29,III);

    h) permitindo ao Poder Pliblico o tombamento, desapropriao e acautelamento e proteo de bens do patrimnio cultural (art.216, parg. 12);

    i) atribuindo lei federal o poder de garantir os meios legais de defesa contra a propaganda de produtos, prticas e setvios que possam ser nocivos sade e ao meio ambiente (Art.220,parg. 3,Il).

    Com tal abrangncia, pode~se afirmar que a Constituio Federal do Brasil um dos Textos mais avanados do mundo, em matria ambiental, proporcionando meios eficientes de defesa no plano administrativo, penal e civiL

    Sobre tallasrro, desenvolveu~se ampla nonnatividade, tanto na rbita federal como na rbita estadual e munidpaC dada a competncia concorrente que j vimos existir entre a Unio, os Estados, Dist1ito Federal e Municpios.

    Na rbita federal, destacamos: I. A Lei 6.938, de 3!.8.81, que dispe sobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente; 2. ALei6.171, de 4.!2.1988, alterada pela Lei8.42l, de 23.!!.93, que regulamentao uso

    e a presCivao do solo agrcola; 3. A Lei 8.078, de !!.9.90, que institui o Cdigo de Defesa do Consumidor c altera

    dispositivos da Lei 734 7/85 (Lei da Ao Civil Pblica), estendendo defesa dos direitos e

  • 650 Virgnia Amaral da Cunlu Scbcibe

    interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabvel, os dispositivos de seu Ttulo lii ( (Da Defesa do Consumidor em Juzo), com previso de concesso de medida liminar;

    4. A Lei 8. 97 4, ele 05 .O l.l995 (Lei ela Biossegurana), que regulamenta os incisos li e V do pargrafo 1 do art.225/CF, nonnatiza o uso das tcnicas de engenharia gentica e liberao no meio ambiente de organismos genticamente modificados, autoriza o Poder Executivo a criar a Comisso Tcnica de Biossegurana (CTNbio) e d outras providncias;

    5. A Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que institui a Poltica Nacional de Recursos Hdticos;

    6. A Lei 9.605, de 12.2. 1998, que define ilcitos e crimes ambientais, dispe sobre as sanes administrativas, civfs e penais respectivas, estabelece a responsabilidade indusive penal das pessoas jurdicas e adota a doutrina da desconsiderao da pessoa jurdica quando necessria ao ressarcimento dos prejuzos por esta causados.

    Merece destaque, no texto, o captulo referente cooperao internacional para a preservao do meio ambiente, com os artigos 77 e 78, dispondo que o Governo brasileiro, em tema de meio ambiente, prestar a necessria cooperao a outro pas, sem qualquer nus, quando solicitado para a produo de prova, exame de objetos e lugares, informaes sobre pessoas e coisas, etc. e que para a reciprocidade da cooperao intenl

  • O Direito Ambiental no Mercosul 651

    lei. O tenitrio vastssimo, o material humano e os meios de atuao so escassos, de maneira que o sucesso da defesa ambiental depende, em muito, da colaborao de toda a sociedade que, (I ultima ratio", a titular do patrimnio (natural, cultural artificial ou do trabalho) a ser protegido. Para tanto, necessrio um intenso trabalho de divulgao de conhecimentos e de educao ambiental e de incentivo participao popular, campo no qual ainda muito h que

    fazer~se. No campo nten1acional, de regisLTar~se que o Brasil signatlio de inmeros Tratados,

    Acordos, Convenes e Protocolos que envolvem proteo ambiental ou dela tratam especlficamente. Merecem destaque:

    l. Conveno para Proteo da Flora e da Fauna e das Belezas Cnicas Naturais dos Pases da Amrica, Washington, em vigor no pas desde 26. 11.65;

    2. Conveno Intemadonal para a Regulamentao da Pesca da Baleia, \\fa.

  • 652 Virgnia Amaral da Cunl1u. Scheibe

    ''O Brasil, afimm~se, tem hoje um dos mais avanados sistemas de proteo jurdica do meo ambiente. Plioritrio parao futuro (e parao presente) j no , no essencial, legislar. J o fizemos. O que se espera agora dos rgos ambientais e dos cidados, organizados ou no, o cumprimento das exigncias legais, que, com frequncia, nada mais so do que letra morta.'

    4. CAMINHOS QUE SE ABREM DEFESA AMBIENTAL NO MERCOSUL De tudo o que at aqui vimos, cxtrai~se que um grande trabalho j foi realizado no

    mbito do Mercosul e da legislao interna de cada Estado~Mcmbro no sentido de ap1imorar a defesa ambiental e se propiciar o desenvolvimento sustentvel na regio. H um empenho constante dos juristas c doutTinadores em dotar a aliana e os pases que a integram de excelentes instrumentos para a implementao de uma poltica ambientai interna e comunitria que assegure o melhor nvel de proteo possvel nos dias de hoje. O esforo constante e se traduz no s na produo multiplicada de diplomas das mais diversas hierarquias tratando sobre a questo ambiental, como na produo de dounina especializada sHda e abundante, atividades em que vem pontificando o BrasiL

    Na base de todo esse esforo, como sinalizador dos caminhos a seguir e a evitar, est, naturalmente, a experincia europia. Seu significado imenso, quer em face do alcance territmial resultante da adeso em massa no continente, quer pelo sucesso de que se reveste no campo econmico.

    Assim, respeitadas as pecularidades prptias do processo integracionista europeu que, diferentemente do que se verifica no Mercosul, constituiu verdadeiro Mercado Comum, tendo ultrapassado a etapa de Zona de Mercado Comum (livre comrcio, unio aduaneira e livre circula.o de pessoas, servios, bens, mercadorias e capitais) e inb'Tessado etapa de Zona de Unio Poltica e Econmica, com a ratificao do llatado de Maastricht (mercado comum, sistema monet1io comum, poltica extema c de defesa comuns), a experincia de integrao europia constitui referencial indeclinvel para a Amrica do SuC seja no encaminhamento das questes econmicas, seja no encaminhamento das vrias polticas coligadas, em cspcclal a do meio ambiente, do qual ora se trata.

    Todavia, tambm preciso de que assinale no ser possvel a pura e simples importao das solues adotadas no mbito da Unio Europia, no s pelas peculiarfdades do processo integratvo l verificado, mas tambm em face da diversidade das questes ambientais enfi:entadas pela Amtica Latina. Aqui h escasso desenvolvimento industrial e muita atividade exploratria, dificuldade de recursos financeiros, empobrecimento generalizado, escassez de eLemento humano especializado e at uma cultura de explorao desarrazoada dos recursos naturais, tidos, at algumas dcadas atrs, como oriundos de um manancial inesgotvel que transformou o continente em fomecedor de matria~prima para as grandes empresas multinacionais dos quais essencialmente importadot:

    O Mercosul no nem pode ser uma cpia da Unio Europia, florescendo ambos os processos integradonistas em contextos totalmente distintos. Entretanto, deve aproveitar~ e j o faz, sem dvida~ a experincia europia no encaminhamento dos mais diversos aspectos de sua aliana c, dentre eles, o ambiemal, onde a tradio da Comunidade produziu esclio muito

  • O Direito Arnb:iente.l no Mercosul 653

    proveitoso, como o instrumento do Estudo de Impacto Ambiental (EIA}, a que j nos refctimos, e que hoje integra a legislao de grande nmero dos pases.

    imperioso salientar que o sucesso at hoje alcanado no seio da Unio Europia est alicerado na ampla participao popular e no convencimento dos setores produtivos de que mais lucrativo produzir respeitando a Natureza, sabendo utilizar os recursos naturais, evitando toda e qualquer forma de poluio, degradao ou perigo. 1iata~se, pois, de dois pilares de sustentao cuja estruturao implicaram na adoo de diversas medidas e procedimentos.

    Quanto ao apoio popular, preciso que se diga, no pode existir sem a divulgao das infonnaes adequadas, seja a nvel de formao educacional, seja a nvel de conhecimento sobre os fatos em andamento. indispensvel que a educao ambiental seja filme e efetiva, propiciando os meios para o reconhecimento de prticas deletreas, orientando a conduta protetiva e a higiene urbana desde a mais tenra idade at o nvel superior, passando pelo aprimoramento tcnico especialzado d

  • 654 Virgnia .l'vnaral da Cunha Scbeibe

    Quanto a tal aspecto, a experincia europia nos mostrou o sucesso que foi a adoo do sistema do "selo verde", o reconhecimento do produto fabricado corretamente do ponto de vista ecolgico, e de cotTeta utilizao fi-ente ao meio ambiente. Difundida a idia de que tais produtos so melhores para a sade humana e para o equilbrio ambienta[, as populaes passaram aconsun~los ou utiliz~los preferencialmente, o que os tornou especialmente atrativos para os segmentos da produo agropecuria e industrial.

    A hannonizao/unificao das legislaes ambientais outro exemplo europeu a ser seguido, com ateno especial questo hoje vivida no seio da Conmnidade, quando internao das diretivas comunitrias e o grau de efetividade das medidas a nvel interno. Alguns doutrinadores, como MARISTELA BASS0 19, apontam tal harmonizao como medida indispensvel ao esforo que se desenvolve no seio do Mcrcosul em prol do meio ambiente. Da mesma fotma, OSVALDO MANTERO DE SAN VICENTE10, enfatiza a necessidade de criao de no1mas supranacionais para evitar a possibilidade de um "dumping" originado na falta de proteo ambiental em um dos pases. efetivamente, medida que se impe, para pennitir o avano conjunto e o trato unificado das questes comuns, sem afetar a livre concorrncia no mercado que se pretende unificar.

    Mas j muitos passos fOram dados em tal sentido, e algurL'> deles acham~se especificamente rnencionados neste trabalho. A consecuo de tal objetivo forosamente h de passar por diversas etapas, respeitadas as exigncias e as condies econmico~ financeiras de cada Estado~ Parte e dos segmentos de sua economia, mas, como frisamos, o esforo continua, j tendo produzido, inclusive, um projeto de Protocolo Adicional ao 1iatado de Assuno em Matria de Meio Ambiente. Todavia, embora necessria e at indispensvel, a harmonizao legislativa no medida que, isoladamente, assegure a efetividade da proteo ambiental no mbito comunitrio.

    Portanto, tudo est a indicar que as maiores dificuldades neste terreno no se encontTam na deficincia do suporte jurdico, antes radicam na extrema dificuldade de implementao das normas protetivas, dos projetos de desenvolvimento sustentado, enfim, de uma avanada poltica ambiental.

    Sem dvida, o Mercosul 1 a par da utilizao da expClincia europia, ter que fonm_dar suas prprias solues, quer para o fortalecimento da aliana intentada, quer para a conduo das diversas polticas embricadas nesse processo de integrao, inclusive a ambientaL

    Para tanto, tern~se que dever nabalhar polticamente na busca de supmte internacional s aes e medidas necessrias implementao de seus programas e normas c na mudana de paradigmacomportamental at hoje adotado no concerto das Naes. Em outras palavras, considerando que o direito ambiental hoje tido como extenso dos direitos fundamentais do Homem, de dimenso universal, ao atuar na proteo do patrimnio da Humanidade que o meio ambiente saudvel1 o Mercosul, como pessoa de direito internacional deve reivindicar o apoio de todas as Naes desenvolvidas e que se encontram em condies de colaborar; traduzido em financiamento sem retorno para a cobertura de todas as aes ambientais a

    19 Basso, op.cit., p. 401-404. 20 SAN VICENTE, op. cit., p. 23-24.

  • O Direito Am_bicntal no Mercosul 655

    serem desenvolvidas, apoio tcnolgico e suporre na preparao dos recursos humanos indispensveis.

    Afinal, se a formao do Mercado Comum do Sul teve por objetivo fazer frente aos grandes blocos econmicos e alavancaro progresso das Naes nele integradas, como incentivo da prpria ONU, nada mais natural que o fortalecimento decorrente dessa integrao sea usado no plano poltico em prol da superao dos obstculos financeiros que se erguem implementao de uma poltica ambiental que assegure a efetividade da preservao e do desenvolvimento sustentvel no mbito do MercosuL

    Certo que no tarefa fcil, mas urge empreend-la, para viabilizar o processo de insero dos Estados-Membros no mundo das naes desenvolvidas, pela via j consagrada do desenvolvimento sustentvel, ou seja, da conciliao do incremento das atividades produtivas com a preservao do meio ambiente, ou, na feliz definio adotada pela Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, "aquele que atende s necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das futuras geraes atenderem s suas prprias necessidades", consoante ensina DIS MILAR21

    Vale lembrar, neste campo financeiro) a proposta feita em nome dos Estados Unidos da Amrica, por seu ento Presidente, GEORGE BUSCH, em discurso feito em Washington, em 2 7 .6.1990, integrante da chamada "Iniciativa das Amricas'') no sentido de que se vendesse parte dos crditos americanos pendentes a fim de facilitar a troca da dvida por inverses de capital e a sua troca por medidas sobre o meio ambiente, assim como a criao de fundos ambientais, compostos pelos pagamentos em moedas locais e destinados ao financiamento de projetos ambientais nos pases devedores. A proposta, consoante assinala EDUARDO A. PIGRETTI22 , mereceu crticas por parte dos pases da Amrica Latina, por constituir medida tmida, face manuteno da obrigatoriedade de pagamento de milhes de dlares aos Estados Unidos, ou impllcar indevida ingerncia em assuntos de soberania desses pases.

    S. CONCLUSO j vimos que, se, por um lado, temos ainda considervel desnvel terico Oegisbtivo) e prtico

    (implementa3o) no tratodaquestoarnbientalnospasesquecompC:emo Mercosul, estamos u-ul--olhLU1do rduamentc na busca da necess{uia harmonizao.

    A ticaexperinciaeurq:ia tem, ne..'iseprocesso, constitui do fonte de inspirao e de olientao, a ser adotada com os cuidados que se imp5em para evitar a pma e simples uanSJ_:xJsio, o tn-'lis das vezes a.tinviveldol_Xlntodevl

  • 656 Virgniu. Amaral da Cunha Scheibe

    Nest:e contexto, de cnfutizm~se a d~ j acalantadar:vrvcios intenuteionalistas e arnbiL"fltastas, qual seja a de ctiao de uma Corte Ambientalista do Mercosul.

    Sim. Se a alianac8lnii1ha para a hannon:izao de sua PJlticaem tema de meio ambiente e do prplio direito ambiental matetial e instn.tmental, o prximo passo para o at_-::etfeiomnentodosstemah que ser a instituio de um Ttibtmal especializado que J:X\'>53 aplicar o direito e sancionar as condutas que lhe sejam contrri:tS. S assm se fonnar jutispmdncia finne sobre a interpretao das nonnas mais cornplexas e se daraindi,pensvel coeso e respeitabilidade aosistem~ efeitos que no se logra alcanar quando a jtnisdio exercida em cada Estado~ Membro, pulverizada num sem nmero de juzos e julgadores, a maiotiasem a desejvel especializao.

    Discorrendo sobre a idia de criao de uma cmte internacional, VLADIMIR PASSOS DE FREITAS23 refere que a mesma teve 01igemem Roma) em 1988qusndosecliou um comit parao n-ato do assunto, mais tarde transformado na ONG "Intemational Court of th Environmnt Foundation'' (1CEF). Inicialmente, o objetivo era a im[XJsio de sanes morais aos contarninadores, mas hoje j se pensa em Corte comJXXlerde imp:x sanes e, na VII O:mfernciaintemacional ICEF, realizada na Itlia, em 1997, j se acenou que a organizao promover a instituio de "cortes regionais ambientais)) para julgamentosmoraisemtcdososcontinentes.

    Alk1s, o mesmo Autor lembra aexpetincia pioneira da ctiao do 1iibunal de Ten-as e Meio Ambiente, no Estado de New South Wales, Austr3lia (op.cit,pag.SO), Cone que se acha em pleno funcionamento desde 1980, com status de tribunalsupetiorestadual, demonsmu1doque a especializao no tema aniliiental propick'l. dt-'Cis':es muito mais apmp1iadas e ajustadas evoluo constante e acelerada do Direito Ambiental. Di~eorrendo sobre ela,Justice PAULSTEIN14 anibui p31te do suce~10 daquela eX!_:::erincia pioneira ao furo c que os julgamentos so feitos com participao de asse':>..'