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O DIREITO À MEMÓRIA - E A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA A lguns perguntam qual a importância de re- lembrarmos a morte de um sãomiguelense que ocorreu há exatos 40 anos atrás. Zizo foi assassinado pelo governo militar de um país submetido à ditadura militar. Lutava pela liberdade (não a tão pregada em tantos discursos, mas uma liberdade real que permite aos seres hu- manos decidirem sobre seus destinos), sonhava por um mundo melhor, e à isto dedicou sua vida. Morreu como tantos morreram no Brasil, no Chile, na Argen- tina, no Paraguai, etc, lutando contra as ditaduras instauradas. Foi em 1969, quando tinha 23 anos, que Zizo foi ba- leado e morto numa emboscada por agentes das for- ças de repressão. Chegou a São Miguel Arcanjo num caixão lacrado. E a notícia que foi dada a seus fa- miliares, amigos, e moradores da cidade é que Zizo era terrorista. Esta ferida familiar – este trauma –, porém, resultou numa ação construtiva, proposito- ra, criativa. Em 1998 recebemos uma indenização do Estado bra- sileiro, que se assumiu responsável pela morte de Luiz Fogaça Balboni, Luizinho, o Zizo. Os irmãos reu- nidos decidiram investir esse dinheiro na preserva- ção de uma área de Mata Atlântica primária. Assim surgiu o Parque do Zizo, e a ONG APAZ (Associação Parque do Zizo): como uma homenagem ao irmão, ao filho amado, a um sãomiguelense, aos seus ideais de liberdade e exaltação da vida. A construção do Parque do Zizo foi um ato político, a favor da vida, da liberdade, de um mundo melhor. Hoje Zizo tem sua imagem associada diretamente à preservação da natureza, aos direitos humanos e à educação ambiental. Sua história de vida está profundamente ligada à história do país, e isto nos trouxe em agosto de 2008 a presença, no Parque, da Senadora Marina Silva, ex-Ministra do Meio Am- biente, do Secretário dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, e da cantora Ná Ozzeti, num evento em homenagem ao Zizo, proposto pelo projeto “Direito à Memória e à Verdade”, pertencente à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- pública (SEDH/PR).. Neste evento, a senadora Marina Silva e o secretário Paulo Vanucchi fizeram lindas falas, que valorizaram muito o Parque. Mas, antes, Ná Ozetti cantou o hino do Brasil, e seu refrão - “ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil” - era entoado em coro, e foi com esse clima que Marina Silva começou seu discurso. Para ela, existem algumas pessoas que resolveram inscrever estas palavras na própria carne, outras que apenas as entendem como palavras bonitas, po- éticas. Segundo ela, “A inscrição da palavra na carne pode nos levar ao sacrifício daquilo que mais amamos, mais buscamos, que é a maior expressão da liberda- de, que é a vida. Mas só quem é coerente, só quem é conseqüente, só quem ama radicalmente a vida, que só floresce na liberdade, é capaz de inscrever na carne aquilo que diz. Escrita poderosa que nos marca e faz marcar aqueles que virão após nós. Tudo que está sendo dito hoje, só pode ser feito porque milhares de jovens sonhadores fizeram este gesto”. E prosseguiu perguntando sobre as razões de uma luta pela liberdade – “Liberdade para que? Para agir- mos de acordo com nossa natureza (...). A terra tem um limite e nós não podemos fazer o que quisermos com ela, e se continuarmos poluindo, consumindo tanto, nós seremos privados da nossa maior liberda- de que é a liberdade da vida, e a luta de Zizo seria em vão. É por isso que não existiria forma melhor que criar este parque, porque aqui é uma materni- dade para todas as formas de vida”. Este evento também gerou um artigo escrito pela senadora em sua coluna no Portal Terra, em que fala da atualidade do projeto do Parque, e da força e beleza da ação do jovem estudante de então. Vanucchi ressaltou que quem optou por lutar con- tra a ditadura, como Zizo, foram pessoas com um futuro promissor pela frente – Zizo estudava na Es- cola Politécnica da USP, onde cursou até o 3° ano, e trabalhava como professor e desenhista na empresa Geotécnica – mas abriram mão deste futuro ao lutar pela democracia, uma democracia sonhada, que não comportasse as imensas desigualdades que este Bra- sil apresenta. Além disto, lembrou que foi provado pela Secretaria que a morte de Zizo não foi uma morte em combate, ele poderia ter sido socorrido, mas sua entrada no hospital foi tardia, pois possivelmente foi interro- gado (e torturado) pela polícia antes de ser levado para atendimento. Nestes quase 11 anos de existência do parque, mui- tas coisas foram publicadas na imprensa, e o muni- cípio de São Miguel Arcanjo é sempre citado nelas. A reportagem de Luiza Villaméa, na revista Isto É, disputou o prêmio de reportagem de biodiversidade em 2003, por exemplo. Além disso, o Parque já se tornou referência inter- nacional para a prática de Bird-Watching, que é o ato de observar pássaros em seu habitat natural, UM TRIBUTO À LIBERDADE Parque do Zizo - Um Tributo à Liberdade é um documentário que contextualiza a história do Parque do Zizo num cenário mais amplo que o do município, o contexto histórico do Brasil durante o período de ditadura militar. O doc- umentário mostra cenas da homenagem feita pela Secretaria Especial dos Direitos Huma- nos, dentro do projeto “Direito à Memória e à Verdade”. Neste evento de homenagem ao Zizo e de reconhecimento de sua importância para a história do país, esveram presentes, além de familiares, amigos e companheiros, o Ministro Paulo Vanucci, a Senadora Marina Silva e a cantora Ná Ozze. Este documen- tário está disponível no YouTube. APRENDENDO COM A NATUREZA O projeto Aprendendo com a Natureza é uma parceria entre o Parque do Zizo, o Parque Es- tadual Carlos Botelho e a Petrobras, estabe- lecida com o objevo de promover educação ambiental às populações de baixa renda na região, principalmente residentes no entorno do Parque. Historicamente, essas populações vivem da extração de recursos naturais como madeira, caça, palmito e outros. Essa práca predatória, proveniente principalmente das condições sociais da região, é colocada em discussão e reflexão através do projeto, onde grupos de crianças são levados ao Parque e são apresentados a conceitos de educação ambiental e de auto-sustentabilidade no manejo de matas e florestas. Foram quatro anos de projeto, oferecido a mais de 600 cri- anças do município.

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O DIREITO À MEMÓRIA - E A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA

Alguns perguntam qual a importância de re-lembrarmos a morte de um sãomiguelense que ocorreu há exatos 40 anos atrás. Zizo foi assassinado pelo governo militar de

um país submetido à ditadura militar. Lutava pela liberdade (não a tão pregada em tantos discursos, mas uma liberdade real que permite aos seres hu-manos decidirem sobre seus destinos), sonhava por um mundo melhor, e à isto dedicou sua vida. Morreu como tantos morreram no Brasil, no Chile, na Argen-tina, no Paraguai, etc, lutando contra as ditaduras instauradas.

Foi em 1969, quando tinha 23 anos, que Zizo foi ba-leado e morto numa emboscada por agentes das for-ças de repressão. Chegou a São Miguel Arcanjo num caixão lacrado. E a notícia que foi dada a seus fa-miliares, amigos, e moradores da cidade é que Zizo era terrorista. Esta ferida familiar – este trauma –, porém, resultou numa ação construtiva, proposito-ra, criativa. Em 1998 recebemos uma indenização do Estado bra-sileiro, que se assumiu responsável pela morte de Luiz Fogaça Balboni, Luizinho, o Zizo. Os irmãos reu-nidos decidiram investir esse dinheiro na preserva-ção de uma área de Mata Atlântica primária. Assim surgiu o Parque do Zizo, e a ONG APAZ (Associação Parque do Zizo): como uma homenagem ao irmão,

ao filho amado, a um sãomiguelense, aos seus ideais de liberdade e exaltação da vida. A construção do Parque do Zizo foi um ato político, a favor da vida, da liberdade, de um mundo melhor.Hoje Zizo tem sua imagem associada diretamente à preservação da natureza, aos direitos humanos e à educação ambiental. Sua história de vida está profundamente ligada à história do país, e isto nos trouxe em agosto de 2008 a presença, no Parque, da Senadora Marina Silva, ex-Ministra do Meio Am-biente, do Secretário dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, e da cantora Ná Ozzeti, num evento em homenagem ao Zizo, proposto pelo projeto “Direito à Memória e à Verdade”, pertencente à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-pública (SEDH/PR).. Neste evento, a senadora Marina Silva e o secretário Paulo Vanucchi fizeram lindas falas, que valorizaram muito o Parque. Mas, antes, Ná Ozetti cantou o hino do Brasil, e seu refrão - “ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil” - era entoado em coro, e foi com esse clima que Marina Silva começou seu discurso.Para ela, existem algumas pessoas que resolveram inscrever estas palavras na própria carne, outras que apenas as entendem como palavras bonitas, po-éticas. Segundo ela, “A inscrição da palavra na carne pode nos levar ao sacrifício daquilo que mais amamos, mais buscamos, que é a maior expressão da liberda-de, que é a vida. Mas só quem é coerente, só quem é conseqüente, só quem ama radicalmente a vida, que só floresce na liberdade, é capaz de inscrever na carne aquilo que diz. Escrita poderosa que nos marca e faz marcar aqueles que virão após nós. Tudo que está sendo dito hoje, só pode ser feito porque milhares de jovens sonhadores fizeram este gesto”. E prosseguiu perguntando sobre as razões de uma luta pela liberdade – “Liberdade para que? Para agir-mos de acordo com nossa natureza (...). A terra tem um limite e nós não podemos fazer o que quisermos com ela, e se continuarmos poluindo, consumindo tanto, nós seremos privados da nossa maior liberda-de que é a liberdade da vida, e a luta de Zizo seria em vão. É por isso que não existiria forma melhor que criar este parque, porque aqui é uma materni-dade para todas as formas de vida”.Este evento também gerou um artigo escrito pela senadora em sua coluna no Portal Terra, em que fala da atualidade do projeto do Parque, e da força e beleza da ação do jovem estudante de então.

Vanucchi ressaltou que quem optou por lutar con-tra a ditadura, como Zizo, foram pessoas com um futuro promissor pela frente – Zizo estudava na Es-cola Politécnica da USP, onde cursou até o 3° ano, e trabalhava como professor e desenhista na empresa Geotécnica – mas abriram mão deste futuro ao lutar pela democracia, uma democracia sonhada, que não comportasse as imensas desigualdades que este Bra-sil apresenta. Além disto, lembrou que foi provado pela Secretaria que a morte de Zizo não foi uma morte em combate, ele poderia ter sido socorrido, mas sua entrada no hospital foi tardia, pois possivelmente foi interro-gado (e torturado) pela polícia antes de ser levado para atendimento.Nestes quase 11 anos de existência do parque, mui-tas coisas foram publicadas na imprensa, e o muni-cípio de São Miguel Arcanjo é sempre citado nelas. A reportagem de Luiza Villaméa, na revista Isto É, disputou o prêmio de reportagem de biodiversidade em 2003, por exemplo.Além disso, o Parque já se tornou referência inter-nacional para a prática de Bird-Watching, que é o ato de observar pássaros em seu habitat natural,

UM TRIBUTO À LIBERDADE

Parque do Zizo - Um Tributo à Liberdade é um documentário que contextualiza a história do Parque do Zizo num cenário mais amplo que o do município, o contexto histórico do Brasil durante o período de ditadura militar. O doc-umentário mostra cenas da homenagem feita pela Secretaria Especial dos Direitos Huma-nos, dentro do projeto “Direito à Memória e à Verdade”. Neste evento de homenagem ao Zizo e de reconhecimento de sua importância para a história do país, estiveram presentes, além de familiares, amigos e companheiros, o Ministro Paulo Vanucci, a Senadora Marina Silva e a cantora Ná Ozzetti. Este documen-tário está disponível no YouTube.

APRENDENDO COM A NATUREZA

O projeto Aprendendo com a Natureza é uma parceria entre o Parque do Zizo, o Parque Es-tadual Carlos Botelho e a Petrobras, estabe-lecida com o objetivo de promover educação ambiental às populações de baixa renda na região, principalmente residentes no entorno do Parque. Historicamente, essas populações vivem da extração de recursos naturais como madeira, caça, palmito e outros. Essa prática predatória, proveniente principalmente das condições sociais da região, é colocada em discussão e reflexão através do projeto, onde grupos de crianças são levados ao Parque e são apresentados a conceitos de educação ambiental e de auto-sustentabilidade no manejo de matas e florestas. Foram quatro anos de projeto, oferecido a mais de 600 cri-anças do município.

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saindo inclusive na revista norte-americana Birder’s World. O perfil do passarinheiro é algo que o Parque está buscando. Além deles, vários biólogos procuram a reserva para realizar seus estudos, e outros pro-jetos paralelos já aconteceram como o Aprendendo com a Natureza (veja ao lado) e visitas de alunos de diversas escolas e universidades. Desta forma, o desenvolvimento e crescimento das atividades realizadas no Parque do Zizo alavancam o turismo em toda a região, atraindo visitantes, im-prensa, e colaboram na viabilização de uma melhora da qualidade de vida dos moradores de São Miguel Arcanjo através do desenvolvimento sustentável.

PERSPECTIVAS DO PARQUEQuem poderia imaginar o quanto caminhamos ao longo desses últimos 11 anos? Nossas perspectivas atuais são o resultado direto do percurso que tra-çamos ao longo deste período – a preservação de

uma área atrelada ao desenvolvimento sustentável. A auto sustentabilidade é um desafio imenso para nós. Nosso projeto hoje está apoiado em três pila-res: observação de pássaros, educação ambiental e direitos humanos. Observação de pássaros faz parte da estratégia de auto sustentabilidade, pois trata diretamente da ge-ração de renda através da preservação, com o me-nor impacto possível no meio ambiente. Outro pilar, onde apoiamos nossas forças, é educação ambien-tal. Transformar pessoas, mostrar caminhos, inves-tir na juventude, todas estas ações fazem parte da tarefa diária, reforçadas por projetos educacionais que visivelmente influenciam de uma maneira muito positiva as crianças e moradores em geral que vivem no entorno do Parque do Zizo. O terceiro pilar está diretamente ligado a memória de nossos atos, lem-brando a todos que quando forças antidemocráticas agem para se impor pela força, surgem líderes que resistem sem medo de perder a própria vida, para impedir retrocessos nas nossas relações sociais. Esse foi o Zizo. Este conjunto de ações e objetivos que dão vida ao Parque do Zizo demanda trabalho e dedicação contínuos, e este é um dos motivos pelos quais o Conselho da APAZ é composto também por jovens, que participam de todas as decisões. Estamos cons-cientes de nossas responsabilidades, construindo em cima desse cenário do desenvolvimento do turismo no município e apoiados sobre esses pilares um futu-ro sadio muito promissor, completamente integrado com a agenda mundial de preservação do Planeta.

A IMPORTÂNCIA DO TURISMO EM SMAAo chamar uma cidade de sustentável queremos di-zer que ela tem condições de se desenvolver, social e economicamente, de modo a não depender de-mais de agentes externos e não destruir seus recur-sos naturais, como a água e o solo, por exemplo. A partir de suas riquezas materiais e sociais consegue desenvolver sua economia, e consegue construir uma realidade que contemple as necessidades de

seus cidadãos. O turismo aparece como um caminho de desenvolvimento possível, que traga a sustenta-bilidade e o bem-viver dos cidadãos do município. O debate sobre o ecoturismo em São Miguel Arcanjo é recente, mas sólido, e carrega consigo algumas experiências e vivências concretas que trouxeram bons resultados para a região. Foi iniciado há mais ou menos 10 anos, quando surgiu a necessidade de se pensar num processo de desenvolvimento susten-tável através do ecoturismo e turismo rural para a região, para que esta se desenvolvesse social e eco-nomicamente de acordo com o que podia oferecer, sem degradar seus recursos naturais Quem encabe-çou esta iniciativa foi o Parque Estadual Carlos Bo-telho (PECB), que obteve total apoio dos fundadores do Parque do Zizo, que havia sido criado há pouco.

Segundo José Maia, diretor do PECB, foi em parceria com a “Secretaria do Meio Ambiente e a Prefeitura Municipal de São Miguel Arcanjo, que o geógrafo Luiz Paulo Marques Ferras elaborou o trabalho ‘Evolução Histórica da Implantação e Síntese das Informações Disponíveis sobre o Parque Estadual Carlos Botelho’. Este trabalho foi considerado o marco zero para a elaboração do Plano de Manejo do PECB e também para o início da coleta de dados do que existia no município para o desenvolvimento do ecoturismo, costumes populares, artesanato, etc.” Numa reu-nião no Centro de Visitantes do PECB que surgiu a idéia da construção de um Fórum de Turismo no mu-nicípio.Desta forma, aconteceu o I Fórum de Turismo de São Miguel Arcanjo. A discussão foi desde como receber bem as pessoas, colocando sinalização boa nas es-tradas, pois não havia quase nenhuma que indicasse os caminhos, passando pelo fato de o município ser a porta de entrada para o Vale do Ribeira (fazendo parte do continuum ecológico que une o Petar, o In-tervales e o Carlos Botelho), e indo até discussões sobre cultura local e identidade popular. Das reuni-

ões do Fórum surgiram, por exemplo, ações como a construção do Portal de entrada para a Serra da Ma-caca e a idéia de reforma do Cinema de São Miguel. De acordo com Maia, “a semente foi bem plantada. Hoje temos o Contur de São Miguel Arcanjo, cria-do através de Lei Municipal. O projeto Ecoturismo na Mata Atlântica, numa parceria da Secretaria do Meio Ambiente com o BID, encontra-se em fase de implantação. O Parque do Zizo é uma ótima reali-dade, agregando observadores de aves, pesquisa-dores, etc. Surge a APAZ. Surge o Parque da Onça Parda. Surgem muitos parceiros, Conselho Consulti-vo do PECB, etc. Surge o turismo rural, com vários cursos já efetuados. E também visita às vinícolas e aos parreirais. O PECB elabora seu Plano de Manejo, com aprovação pelo Conselho Estadual do Meio Am-biente, em setembro de 2008. Surge a Pousada Villa da Mata. A concretização das ações conjuntas do “continuum” ecológico começa a ocorrer. A Estrada-Parque está em fase de implantação. No Núcleo Sete Barras, terá pousada e restaurante”.Nestes 10 anos, outras coisas aconteceram seguindo a linha do turismo: duas casas de artesanato foram criadas, alguns pontos da cidade foram revitaliza-dos, como sua praça matriz e o Parque Municipal Luiz Balboni (pai de Zizo), onde está a Lagoa do Guapé - locais de lazer dos moradores. Além disto, o turismo religioso é incentivado, foi criada a Festa do Bolinho de Frango, a Festa do Vinho e o Festival de Música Lolo Terra. Sem contar com o carnaval de São Miguel Arcanjo, tradicional na região há anos, que atrai pessoas de diversos municípios. E sem nos esquecermos que São Miguel Arcanjo se auto-intitula a Capital da Uva Itália há pelo menos 26 anos – a primeira Festa da Uva Itália aconteceu na cidade em 1983, ainda no Kaikan.Outro espaço criado neste meio tempo é o Sítio San-ta Maria que se propõe a ser também uma instância turística, oferecendo a vivência do interior caipira no sítio, com trilhas, bela vista e boa acomodação, entre outras coisas. E também a Ecovila Murucututu.Assim, podemos ver que o turismo se apresenta como alternativa viável para São Miguel Arcanjo se desenvolver, cultivando suas riquezas, e não as destruindo. Agricultura familiar, preservação da na-tureza, valorização dos costumes locais, cursos am-bientais e ações políticas que visem o bem-estar dos cidadãos são a chave para um futuro onde o municí-pio possa oferecer um desenvolvimento econômico atrelado ao bem-viver de seus moradores.

* Todos os textos citados podem ser encontrados na in-ternet através da busca em sites como o Google. * Esta matéria foi escrita por Gabriela, Pedro, Olga e Vital, sobrinhos e irmão de Zizo. Agradecemos imensa-mente a Carol, Nê, Geremias, Tiago Mi, Aldo, Valéria de Marcos e José Maia, a todos os Conselheiros do Parque e aos bodinhos da família. Oferecemos este trabalho a todos os sãomiguelenses e esperamos que ele possa nos ajudar a refletir nosso município. Oferecemo-lo tam-bém a Dona Quinha, saudosa avó, e ao tio Zizo. Qual-quer dúvida, crítica, sugestão, por favor escreva para [email protected]. Os comentários, críticas e/ou elogios, são muitíssimo bem-vindos!* Fotos: Octavio Campos Salles

AO LONGO DO OURO FINO

Este é o título traduzido de uma matéria que saiu sobre o Parque do Zizo na revista norte-americana Birder’s World, especializada em observação de pássaros. Seu título se baseia em um dos rios, o Ouro Fino, que cruza o Parque. Na matéria, ele é enaltecido não ap-enas como um lugar que está crescendo em popularidade entre os observadores de pás-saros, mas também como a moradia de várias espécies raras, como o Pica-Pau-de-cara-am-arela, o Socó-boi-escuro e o Caburí-canela. Ai-nda no universo dos passarinheiros, o Parque do Zizo esteve presente em todas as edições do encontro de Bird-watchings, Avistar, uma feira especializada em observadores de pás-saros, que ocorre anualmente na cidade de São Paulo, e já está em sua quinta edição.

VISITAS

O Parque recebe visitantes de diferentes perfis, como os que gostam de fotografar a fauna e flora, de visitar cachoeiras e fazer trilhas, os que procuram relaxar ouvindo os sons da natureza, além dos muitos observa-dores de aves, que praticam o birdwatching - nova atividade no Brasil, na qual o Parque é um dos pioneiros. As acomodações oferecem conforto, banho quente e refeições comple-tas em um ambiente sem energia elétrica.Para mais informações sobre visitas ao Parque do Zizo (e sobre o próprio Parque), escrever para: [email protected], ou então acessar : http://www.parquedozizo.com.br.