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o Prémio Leaders & Achievers-Flecha Diamante 2015 PMR Africa Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama

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Page 1: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

o

Prémio Leaders & Achievers-Flecha Diamante 2015 PMR Africa

Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira

Nyusi estende a mão a Dhlakama

Page 2: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

TEMA DA SEMANA2 Savana 18-12-2015

O Estado da Nação não é satisfatório

Onze meses depois de to-mar posse como quarto Presidente da Repúbli-ca (PR) de Moçambi-

que independente, Filipe Nyusi

foi ao Parlamento apresentar

o seu primeiro informe sobre o

Estado da Nação. Nyusi precisou

de uma hora para, em 50 pági-

nas, resumir a situação em que

o país se encontra. Mas antes de

se dirigir à Nação, primeiro falou

Verónica Macamo, Presiden-

te da Assembleia da República,

num discurso laudatório, que

exaltava as ímpares qualidades

de Filipe Nyusi. Margarida Ta-

lapa, a poderosa chefe da banca-

da da Frelimo, desde os tempos

de Armando Guebuza, resumiu

essas qualidades em poucas pala-

vras: sábio, humilde, grande líder

e um homem de horizontes.

Num discurso saudado pela ge-

neralidade da crítica, o estadista

moçambicano reconheceu, à di-

ficílima situação política, econó-

mica e social em que o país se

encontra, que o Estado Nação

não é bom, afirmando: “ainda não

estamos satisfeitos com o Estado

da Nação”.

Para justificar o actual estágio,

caracterizado por sinais evidentes

de tensão político-militar, queda

do metical e consequente subida

do custo de vida, criminalidade e

altos índices de corrupção, Filipe

Nyusi referiu que as calamidades

naturais que assolaram o País

em Janeiro e Fevereiro, causan-

do prejuízos materiais directos e

indirectos incalculáveis, prejudi-

caram a evolução do Produto In-

terno Bruto, tendo caído de 7.5%

para 7%.

Filipe Nyusi culpou ainda o ca-

lendário eleitoral que elegeu o

Governo e a actual Assembleia

da República, referindo que o

mesmo tardou a aprovação do

Orçamento do Estado (OE),

principal instrumento para o

funcionamento do Governo.

Nyusi disse que o facto de se ter

aprovado o OE em Maio fez com

que a execução orçamental tives-

se início com cerca de cinco me-

ses de atraso, comparativamente

aos anos anteriores.

Este atraso não permitiu que

grande parte dos concursos para

novos projectos tivessem lugar

em tempo oportuno, o que afec-

tou a execução do investimento

público.

Segundo Nyusi, por causa das

calamidades, o Governo teve de

priorizar, primeiro, a normaliza-

ção da vida das famílias afecta-

das, bem como a reconstrução de

infra-estruturas danificadas pelas

cheias.

Disse que as chuvas e enxurradas

não só provocaram destruição de

infra-estruturas públicas, mas

também afectaram, grandemen-

te, o sector agrário, principal fon-

te de sobrevivência da população

moçambicana.

Devido às cheias, o sector agrário

perdeu 72.965 hectares de cultu-

ras diversas, comprometendo a

produção e rendimento de cerca

de 85 mil famílias.

O sector pecuário perdeu cerca

de 500 mil cabeças de gado bo-

vino.

Sublinhou que o outro azar do

seu Governo relaciona-se com

o facto de o início da sua gover-

nação ter coincidido com a reti-

rada de cinco dos 19 parceiros,

que têm providenciado ajuda aos

programas de desenvolvimento,

através da modalidade de Apoio

Geral ao Orçamento.

De acordo com o estadista mo-

çambicano, a saída desses parcei-

ros provocou um défice de 217

milhões de dólares americanos

por ano.

Crise cambial No seu informe, o PR também se

escudou na crise cambial interna-

cional, para justificar a queda do

metical face às moedas de refe-

rência como o dólar americano,

euro e rand.

De acordo com Nyusi, Moçam-

bique faz parte da economia

mundial e não está isento dos

efeitos da recessão global.

“O nosso país não tem comando

sobre os factores financeiros que

determinam a situação mundial

e a taxa de câmbio”, disse Nyusi.

Sobre a paz O informe de Nyusi não passou

à margem da actual situação po-

lítica e militar e reconheceu que

a paz é um bem essencial e uma

conquista de todos os moçambi-

canos pelo que a sua manutenção

é da responsabilidade de todos.

Sem mencionar os ataques de

que o líder da Renamo foi alvo

em Setembro, na província de

Manica, e o cerco à sua residên-

cia na cidade da Beira, no dia

09 de Outubro, o que culminou

com o desaparecimento de Afon-

so Dhlakama da vida pública, o

Presidente da República reite-

rou a sua disponibilidade de se

encontrar com o Presidente da

Renamo para tratar assuntos re-

lativos à manutenção da paz em

Moçambique.

Filipe Nyusi referiu que o Go-

verno está pronto para discutir o

enquadramento dos homens da

Renamo nas Forças de Defesa e

Segurança, incluindo a situação

dos que já estão integrados.

Reiterou que está pronto para

ouvir e, em conjunto, reflectir

sobre as ideias da Renamo, bem

como de todos os moçambicanos.

Investimento nas FDSA oposição com representação

parlamentar tem-se queixado do

aumento de investimentos para

as áreas de repressão em detri-

mento dos sectores sociais.

A título de exemplo, aponta o or-

çamento de 2016, aprovado esta

semana pela bancada da Frelimo,

que canalizou um orçamento

superior aos sectores de Defesa

e Segurança em detrimento da

agricultura, que, constitucional-

mente, está preceituado como a

base para o desenvolvimento na-

cional.

No seu informe sobre o Esta-

do da Nação, o PR referiu que

o Estado continua a assumir o

compromisso de garantir o res-

peito pela segurança e defesa da

soberania.

É nesses termos que o Governo

de Filipe Nyusi incidiu as suas

acções na formação, capacitação

e apetrechamento das unidades

policiais e paramilitares, acompa-

nhada pela melhoria sistemática

das condições de trabalho e de

assistência social aos membros

das Forças de Defesa e Seguran-

ça.

Obras concluídas, mas inexistentes No capítulo referente às infra-es-

truturas e Transporte Públicos, o

Presidente da República apontou

um conjunto de obras em execu-

ção e outras concluídas.

Porém, no seu informe, apontou

como concluídas algumas obras

inexistentes.

Filipe Nyusi falou da conclusão

das obras de construção das li-

nhas de transporte ferroviário

que ligam os bairros de Infulene-

-Zimpeto; Zimpeto-Marracuene

e Magoanine-Costa do Sol como

concluídas mas que nem sequer

existem.

Prenda de Natal Na qualidade de Chefe de Esta-

do, Filipe Nyusi indultou penas

de prisão de mil cidadãos na-

cionais e estrangeiros, em todo

o país, para que passem o dia da

família “junto das respectivas fa-

mílias”.

A decisão do Presidente foi saudada em vários sectores da sociedade.

Boicote da Renamo A bancada parlamentar da Rena-

mo fez-se presente à sala das ses-

sões do Parlamento apenas para

assinar a folha de presença, aban-

donado o local minutos depois.

Em contacto com o SAVANA,

Ivone Soares, chefe da bancada

parlamentar da Renamo, referiu

que o boicote ao informe do PR

é uma forma de manifestar o seu

desagrado com a forma como Fi-

lipe Nyusi está a gerir a crise pós

eleitoral.

Ivone Soares disse que nem a

Frelimo, nem Filipe Nyusi ven-

ceram as eleições gerais de 2014,

pelo que, na sua óptica, há neces-

sidade de se encontrar uma solu-

ção política a fim de se viabilizar

a governação de Filipe Nyusi.

Segundo a chefe da bancada

parlamentar da Renamo, Filipe

Nyusi assumiu um compromisso

com Afonso Dhlakama no senti-

do de se viabilizar a governabili-

dade do país.

Para tal, a Renamo tinha de in-

dicar governadores nas provín-

cias onde este partido venceu as

eleições.

De acordo com Soares, Fili-

pe Nyusi aconselhou Afonso

Dhlakama a depositar o projecto

no parlamento para a sua viabi-

lização.

Porém, de forma arrogante, a

bancada da Frelimo chumbou.

Ivone sublinha que, como a Re-

namo é pela paz e não violência

como a Frelimo supostamente

quer, solicitou, nos termos da lei,

a revisão pontual da Constituição

no sentido de se albergar o dese-

jo da Renamo, mas também foi

rejeitado.

Entende Ivone Soares que a Re-

namo abandonou a sala, porque

não reconhece o chefe de Estado

como um verdadeiro represen-

tante dos interesses do povo e do

Estado moçambicano.

Por seu turno, a bancada do Mo-

vimento Democrático de Mo-

çambique (MDM) diz que optou

por não bater palmas ao discurso

de chefe de Estado, como forma

de protesto contra a exclusão que

está sendo alvo em todas as ver-

tentes.

Fernando Bismarque, porta-voz

da bancada do MDM, referiu

que o seu partido está a ser vítima

da intolerância política caracteri-

zada por perseguições e exclusão.

Margarida Talapa, chefe da ban-

cada parlamentar da Frelimo, diz

que lamenta o comportamento

da Renamo e o mesmo é sinal de

que aquele partido não está com-

prometido com o seu eleitorado.

Sublinhou que a bancada da Re-

Naí

ta U

ssen

e

Filipe Nyusi reconhece e desculpa-sePor Raul Senda

legenda

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TEMA DA SEMANA 3Savana 18-12-2015 TEMA DA SEMANAPUBLICIDADE

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TEMA DA SEMANA4 Savana 18-12-2015

A paciência acabou!

Numa cerimónia de-dicada ao balanço do exercício económico e financeiro do presen-

te ano e perspectivar o próxi-

mo, o governador do Banco de

Moçambique, Ernesto Gove,

alertou para a necessidade da

preservação da paz rumo a con-

solidação da estabilidade macro-

económica e financeira do país.

Segundo Gove, o BM continua-

rá a trabalhar para garantir uma

inflacção baixa, mas a conjuntu-

ra que o país atravessa continua

sendo de grandes desafios e o

país precisa de aproveitar o seu

potencial na área agrícola, energé-

tica, turístico, prestação de serviços

para realizar profundas transfor-

mações económicas que assegurem

a elevação da produção e produti-

vidade, promoção das exportações

e a consequente substituição das

importações.

Numa altura em que a conjuntu-

ra económica não é favorável ao

país, com dólar registar uma forte

valorização face ao metical, queda

investimento directo estrangei-

ro, fraca produção, Ernesto Gove

lançou um olhar às perspectivas de

crescimento da economia mundial

que esperam um crescimento de

3,6% da África subsaariana na or-

dem dos 5,0%.

No que toca a Moçambique, o diri-

gente do banco central disse que a

preservação da paz é essencial para

consolidação da estabilidade ma-

croeconómica e do sector financei-

ro, bem como para a materialização

dos objectivos consagrados no pla-

no económico e social para 2016.

No entanto, referiu que dados do

governo apontam que a economia

nacional deverá crescer 7%, mas

condicionada ao investimento di-

recto estrangeiro que pode come-

çar a se fazer sentir no próximo ano

e galvanizado pelos acordos assu-

midos entre o governo e a Ana-

darko e eventualmente com a ENI

para o inicio da construção da base

logística.

Ano adversoRecordou que após sucessivos anos

em que os fundamentos econó-

micos sustentaram uma apreciável

estabilidade macroeconómica, em

2015, o agravamento de adversida-

des no meio internacional sobre-

postas a debilidades de conjuntura

doméstica, fizeram com que alguns

indicadores macroeconómicos, tais

como a inflação e a taxa de câm-

bio, se situem acima das previsões

iniciais.

Isto porque no fecho de 2014, se-

gundo Gove, o dólar rondava os

31,60 meticais e até esta terça-

-feira o câmbio oficial indicava

48.30 meticais por unidade de

dólar, o que representa uma de-

preciação de 47% da moeda na-

cional.

No que toca ao défice da conta

corrente, Ernesto Gove referiu

que nos primeiros nove meses

do presente ano a conta corren-

te agravou o seu défice quando

comparado a igual período de

2014.

“As exportações totais baixaram

em 9,3% e as importações di-

minuíram em 3%. Excluindo as

importações dos grandes projectos,

observa-se que as importações re-

alizadas terão aumentado no pe-

ríodo em 8,4%. Até Setembro de

2015, o investimento directo es-

trangeiro reduziu em 15,2% quan-

do comparado com igual período

de 2014, tendo os desembolsos de

ajuda externa para apoio ao Orça-

mento e para projectos sido infe-

riores em USD 632 milhões aos

recebidos em 2014”, disse.

Para complementar estas medi-

das, o banco diz que injectou no

mercado cambial até 11 de De-

zembro um total de USD 1,072

milhões (dos quais, USD 309 mi-

lhões somente no último trimestre)

comparando com USD 1.207,7

milhões em todo o ano de 2014,

fazendo com que as nossas reser-

vas brutas permitam actualmente

cobrir 3.7 meses de importações

de bens e serviços não factoriais,

quando excluídas as transacções

dos grandes projectos.

Duas horas após a comuni-cação do Presidente Fili-pe Nyusi, sobre o Estado Geral da Nação a partir

do pódio da Assembleia da Repú-blica, o líder da Renamo, princi-pal partido da oposição, Afonso Dhlakama, falou telefonicamente, nesta quarta-feira, a partir da sua residência em Satunjira (segundo ele), nas faldas da Serra da Goron-gosa, mostrando confiança de que vai governar nas seis províncias onde ganhou a partir de Março do próximo ano.

Afonso Dhlakama não é visto em público desde o dia 09 de Outubro deste ano, dia em que um contin-gente misto das forças governa-mentais cercou e tomou de assalto a sua residência na cidade da Beira, desarmando a sua guarda pessoal. Desde que as forças governamentais assaltaram a sua casa na Beira surgi-ram várias versões sobre a localiza-ção do líder da Renamo, incluindo a de que podia estar em Mangunde, no posto administrativo de Muxún-guè, distrito de Chibabava, sua terra natal. Também circulou uma ou-tra versão de que poderia estar em Nairobi, Quénia, um país que teve importantes ligações com a Rena-mo quando decorria a guerra dos 16 anos.Na tarde desta quarta-feira, Afon-so Dhlakama juntou num dos ho-téis da capital do país jornalistas e editores de alguns dos principais órgãos de comunicação social na-cionais e estrangeiros, represen-tantes de embaixadas, assim como deputados e membros da Renamo, com objectivo de anunciar a sua es-tratégia a seguir futuramente.“Primeiro quero comunicar ao Povo que Dhlakama está vivo. A Renamo vai continuar a trabalhar dentro das suas responsabilidades. Exigimos que a Frelimo cumpra tudo o que foi assinado. A Renamo vai gover-nar na seis províncias onde ganhou a partir de Março de 2016”, anun-ciou Dhlakama, arrancado aplausos dos seus membros. Num tom animado, indiciador de que goza de boa saúde, o líder da Renamo falou durante 40 minutos e respondeu detalhadamente a cada uma das perguntas dos jornalistas, enquanto ia sendo interrompido com ruidosos aplausos dos depu-tados do seu partido, emocionados com o discurso do líder.Moçambique vive momentos de in-certeza política, desde a assinatura dos acordos de Roma, com Afonso Dhlakama e a Renamo a rejeitarem os resultados das eleições gerais de 14 de Outubro de 2014, e exigem formar governo nas seis províncias onde reivindicam vitória.“Chega de andarmos a ajoelhar aos pés da Frelimo. Vamos governar a partir de Março. Vamos ocupar politicamente e democraticamente

as províncias onde ganhamos. A

paciência acabou. Não vamos atacar

a ninguém. Não vamos sabotar a

economia. Os interesses dos países

vizinhos, do meu amigo (Robert)

Para estabilidade macroeconómica

Gove diz que a paz é essencialPor Argunaldo Nhampossa

-“Estou dentro do país. Nunca fugi. Saí da Beira sem despedir ninguém”-“A Renamo não será desarmada e não há capacidades para desarmar a Renamo. Exigimos que a Frelimo respeite tudo o que foi assinado”-A partir de Março de 2016 vamos governar nas seis províncias onde ganhamos. Não podemos continuar com as políticas sectárias da Frelimo”

Mugabe, do Malawi, Tanzânia, se-

rão salvaguardados”, prometeu.Não é a primeira vez que Afonso Dhlakama faz promessas de go-vernar à força nas províncias onde reclama vitória, mas nunca as con-cretizou.Apesar de ter transmitido a ideia de ver dissipada a actual tensão político-militar que o país atravessa desde 15 de Outubro de 2012, agu-dizada com a recusa da Frelimo na Assembleia da República de viabi-lizar o projecto sobre as autarquias provinciais, Afonso Dhlakama pre-cisou que neste momento não há nenhum contacto com o partido no Poder.“Antes do ataque (à sua residência na Beira) falava-se da possibilidade de um encontro entre o Presidente

Nyusi e Dhlakama. Mas depois não

houve nenhum contacto, nem for-

mal e nem informal”, frisou, mos-

trando também preocupação com

o desempenho da moeda moçam-

bicana. “Estou preocupado com o

Metical que perdeu valor. É triste e

eu sei o que está a acontecer”.

Nyusi estende a mão No informe sobre o Estado Ge-

ral da Nação, Filipe Nyusi voltou

a manifestar disponibilidade de se

encontrar com o líder da Renamo

para abordar assuntos relativos “à

manutenção da paz efectiva em

Moçambique”.

Nyusi manifestou igualmente pron-

tidão para discutir o enquadramen-

to dos homens da Renamo nas

Forças de Defesa e Segurança, “in-

cluindo a situação dos que já estão

lá. Estamos prontos para ouvir e,

em conjunto, reflectir sobre as ideias

da Renamo, bem como as ideias de

todos os moçambicanos”.

Questionado sobre este estender de

mão do Presidente Nyusi, Afonso

Dhlakama não se fez de rogado:

“qualquer encontro com Nyusi seria

mais uma brincadeira. A nossa po-

sição é clara: a Frelimo que cumpra

todos os compromissos acordados”.

Sobre a entrega das armas e integra-

ção dos homens armados da Rena-

mo nas Forças Armadas, Dhlakama

foi directo: “não podemos entregar

as armas para depois serem usadas

para nos atacarem. Desde 92 que

estamos a negociar a entrada dos

homens da Renamo nas Forças Ar-

madas, mas a Frelimo não nos quer.

A Renamo não será desarmada e

não há capacidades para desarmar

a Renamo. A Renamo é que pode

desarmar a Frelimo em 24 horas.

Exigimos que a Frelimo respeite

tudo o que foi assinado. Não somos

crianças. Somos responsáveis e re-

presentamos interesses superiores

do povo moçambicano, por isso que

não há razões de estarmos a falar e

depender das vontades de meia de

dúzia dos comunistas da Frelimo”,

rematou o líder da Renamo, con-

vencido de que irá governar as seis

províncias onde reclama vitória a

partir de Março de 2016.

Recorde-se que durante a cerimó-

nia de apresentação dos graduados

do curso de formação de guardas

penitenciários do Serviço Nacio-

nal Penitenciário, em Moamba, o

presidente Nyusi apelou às FDS a

uma maior ponderação no desar-

mamento dos homens da Renamo.

Observadores em Maputo aplau-

dem a abertura do Presidente Nyusi

de dialogar com Afonso Dhlakama,

mas enfatizam que tal vontade é

travada por sectores belicistas den-

tro do seu partido, que defendem

uma solução à moda angolana.

(F.C.)

A Renamo vai continuar a trabalhar dentro das suas responsabilidades

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TEMA DA SEMANA 5Savana 18-12-2015 PUBLICIDADE

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6 Savana 18-12-2015SOCIEDADE

O chefe das operações do comando distrital da polícia no distrito de Marromeu, província de

Sofala, Cardoso Rafael Viegas, foi detido por alegadamente chefiar uma associação que se dedica à caça furtiva, anunciou esta semana o comandante provincial, Alfredo Mussa.

Mas informações em poder do

SAVANA indicam que Viegas já

escapou dos calabouços, para onde

havia sido enviado depois de ser

apanhado pelos colegas na posse de

uma arma de caça e a orientar su-

postos comparsas em actos de caça

furtiva.

Também conseguiu evadir-se das

celas um outro alegado caçador

furtivo, de acordo com dados for-

necidos ao SAVANA por fontes

próximas do caso.

Cardoso Rafael Viegas e o grupo

de que alegadamente fazia parte te-

rão abatido ilegalmente 11 changos

e uma pala-pala na coutada 14 em

Sofala.

“Já encaminhámos o processo às

instâncias judiciais. Por outro lado,

instaurámos o competente processo

judicial, porque, como corporação,

temos medidas apropriadas para

estes casos”, disse o comandante

provincial da polícia.

O envolvimento de agentes da au-

toridade na caça furtiva na província

de Sofala e noutros pontos do país

tem sido frequentemente relatado

pela comunicação social e reconhe-

cido pelo Governo. (Redacção)

Gang de caçadores furtivos

Animais mortos

Em Marromeu

CABINE DUPLA

VENDE-SEPela licitação mínima de 650.000,00 Mt. vende-se carrinha Ford Ranger DC, 2.5, diesel, com cinco anos de serviço.

Os interessados deverão contactar o telefone 84-810-7460

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7Savana 18-12-2015 PUBLICIDADE

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8 Savana 18-12-2015SOCIEDADE

Foi no último sábado, na loca-lidade de Malehice, distrito de Chibuto em Gaza, debai-xo de um sol abrasador e um

calor húmido, que se realizou a gran-

de festa em homenagem aos cem

anos de Mariana Camilo Muianga

Chissano, mãe do antigo Presidente

da República, Joaquim Chissano.

A cerimónia começou a meio da ma-

nhã com a celebração de uma missa

na Igreja de Santa Rosa Viterbo, a escassos metros da residência da cen-tenária. Cerca de duas horas depois os con-vidados, entre os quais grandes fi-guras da vida pública moçambicana, incluindo a Primeira Dama da Re-pública, Isaura Nyusi, e o Primeiro Ministro Carlos Agostinho do Ro-sário, dirigiram-se à residência da aniversariante, para um almoço que se prolongou pela tarde adentro.As boas-vindas aos convidados foram dadas pelo filho mais velho da ani-versariante, José Luís Chissano, que a seguir passou a palavra a Joaquim Chissano, a quem coube a honra de dar o testemunho da família. Dando uma crónica sobre a vida da mãe, Chissano disse que ela nascera a 9 de Dezembro de 1915 naque-la aldeia, onde também deu os seus primeiros anos de escola, antes de se

casar com o seu já falecido marido em

1935.

O patriarca da família, Alberto Chis-

sano, viria de seguida a abandonar a

aldeia para ir trabalhar em Xai-Xai,

deixando a sua jovem esposa para

cuidar dos filhos menores.

Chissano enalteceu também as qua-

lidades da mãe não só como agricul-

tora, mas também de alguém para

quem esta actividade se tornara uma

paixão.

Foi esta paixão pela agricultura que a

levou a juntar-se a outros residentes

de Malehice para a criação de uma

associação agrícola aptamente de-

nominada Tsikani Ulolo (Deixem a

Preguiça).

“Até hoje ela lidera esta associação”,

disse Chissano, e apesar da sua idade

avançada continua a manifestar inte-

resse em conhecer as suas actividades,

dando conselhos aos seus membros.

São estes valores de trabalho que ela

procurou sempre inculcar nos filhos

e em todos aqueles que ao longo dos

anos ela teve de tutelar.

“Ela ensinou-nos a amar a Deus e,

acima de tudo, ao próximo”, disse Jo-

aquim Chissano, acrescentando que

ela teve também de cuidar, na sua

casa, de muitas crianças que estuda-

vam na Missão de Malehice, mas que

oriundas de zonas longínquas, não

tinham onde viver.

“Tenho serventes que trabalham para

Mariana Muianga Chissano

mim, e ela os trata como filhos; ela

ensinou-nos a respeitar as pessoas e a

não cobiçar o alheio”.

“Conhece toda a família e todas as nossas dificuldades, e ajuda-nos a superar estas dificuldades. Conhece todos os filhos dos filhos. Ela ensi-nou-nos a saber escutar; a não nos impormos simplesmente porque so-mos mais velhos. Educou-nos sobre a unidade na família”, disse Chissano.Disse que depois do seu envolvi-mento no movimento de libertação nacional, os seus pais sofreram per-seguições por parte das autoridades coloniais portuguesas, acrescentando que “o nosso patriotismo também aprendemos dos nossos pais. E agora, nós os filhos, netos e bisnetos, quere-

mos agradecer a nossa mãe por todos

estes ensinamentos”.

Naí

ta U

ssen

e

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9Savana 18-12-2015 SOCIEDADEPUBLICIDADE

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10 Savana 18-12-2015SOCIEDADE

Afonso Dhlakama, líder da Renamo, maior par-tido da oposição, e Uria Simango, um dos fun-

dadores da Frelimo e morto pelo

regime da Frelimo, num campo

de reeducação em circunstâncias

nunca esclarecidas, são potenciais

candidatos à nova toponímia da

Beira, cujos nomes foram propos-

tos pela população do bairro da

Munhava, um respeitado bastião

da oposição.

A cidade da Beira, a capital de So-

fala, vai trocar 900 nomes da sua

toponímia, substituindo nomes

coloniais por “heróis” nacionais,

num processo controverso, entre

disputas de interesses dos partidos

políticos envolvidos e a população.

Ao que apurou o SAVANA, três

nomes sonantes estão entre as

propostas dos residentes do bair-

ro da Munhava, que inclui Afonso

Dhlakama, venerado pela popula-

ção local, Uria Simango e Thazi,

um popular e consagrado músico

da étnia Sena – maioritária na

região - (quando em vida morava

na Munhava), conhecido pela sua

crítica social nas músicas cantadas

na sua língua materna, e homena-

geado em Agosto passado nas ce-

lebrações dos 108 anos da elevação

da Beira à categoria de cidade.

O edil da Beira, Daviz Siman-

go, em simultâneo presidente

do Movimento Democrático de

Moçambique (MDM), tem uma

vida ligada aos dois nomes: Daviz

Simango chegou à política pela

mão da Renamo, mas entrou em

choque com o líder deste partido,

Afonso Dhlakama, que recusou a

sua recandidatura ao município da

Beira, em 2008.

O seu pai, Uria Simango, foi um

dos fundadores da Frelimo, mas

caiu em desgraça e foi morto quan-

do este partido tomou o poder em

1975, em circunstâncias nunca

esclarecidas, desconhecendo-se a

data e o local da sua execução e o

destino dado ao corpo.

Estefan Mataveia, chefe da ban-

cada, na Assembleia Municipal

da Beira (AMB), pelo MDM, que

governa a Beira, considera “bem

vinda” a proposta do Conselho

Municipal para a reformulação

de nomes de 700 avenidas, ruas,

praças, prédios e largos e 200 im-

passes (ruas e avenidas reduzidas a

caminhos devido à ocupação de-

sordenadas).

“Na nossa cidade há muitas ave-

nidas e edifícios e até praças que

ostentam nomes coloniais, e que

nalgum momento a geração jovem

não conhece a sua história”, preci-

sou Estefan Mataveia, consideran-

do desenquadrada a ostentação de

nomes que já não fazem a história

da reconstrução do país.

O processo de reformulação da

toponímia, à luz do decreto-lei

1º/2014, de 22 de Maio, iniciou

com a auscultação popular em

Outubro e encerrou a 30 de No-

vembro, após um prolongamento

de 30 dias, a pedido do Conselho

Municipal local, para abarcar a

mais interessados.

O prazo de entrega das propostas,

pela população, também venceu a

30 de Novembro, e os nomes ainda

não conhecidos na sua totalidade,

serão provavelmente discutidos

em plenária na X sessão da As-

sembleia Municipal, sem datas,

após falhar a submissão dos do-

cumentos referentes ao assunto na

IX sessão, que se realizou semana

passada.

Actualmente decorre a verificação

dos nomes propostos e as respec-

tivas histórias, por uma equipa

multissectorial do Conselho Mu-

nicipal, para depois se analisar se

são consensuais.

Só depois disso os nomes serão

submetidos à sessão plenária para a

deliberação na Assembleia Muni-

cipal da Beira (AMB), dominada

pelo MDM, que governa a Beira

- a Frelimo tem minoria - e mais

tarde ao Conselho de Ministros,

para homologação. A Renamo não

tem representação na AMB, devi-

do ao seu boicote nas eleições mu-

nicipais de 2013, em todo o país.

Os nomes considerados outrora de

Dhlakama e Uria Simango entram na toponímia da Beira

Novecentos nomes serão substituídos nas ruas, avenidas e praças

Por André Catueira, na Beira

reacionários - como o caso de Uria

Simango, pai do actual edil da Bei-

ra - dividiram atenção nos debates

de explicação e auscultação, disse

Estefan Mataveia, para viabilizar o

contexto de atribuição de nome a

uma infra-estrutura.

“Até que (a população) procura

saber, que retirando estes nomes,

atendendo que aquando a in-

dependência, no país vigorava o

regime único, monopartidário, e

atendendo e considerando hoje é

multipartidário, e a cidade da Bei-

ra estar a ser governada por outro

partido (MDM), como iria ser?,

porque existem alguns nomes que

na altura eram tidos como reacio-

nários e a população estava em dú-

vida disso”, explicou Mataveia.

As auscultações foram feitas com

a população nos bairros e em si-

multâneo decorreram reuniões

separadas com os membros dos

dois partidos, o que sugere que as

propostas agora depositadas ofi-

cialmente pela população podem

servir interesses dos partidos re-

presentados na Assembleia Muni-

cipal local.

“Na actual situação política da

Beira, é impossível evitar nomes

políticos de partidos como MDM

e Renamo. Até alguns nomes re-

negados na Frelimo podem ser

propostos para serem usados na

atribuição de nomes na cidade”,

disse Melinda Vicente, moradora

da Munhava, o bastião central da

oposição na Beira.

Por sua vez, António Domingos,

chefe da bancada da Frelimo na

AMB, que também considera im-

portante a substituição dos nomes

da cidade da Beira, clarifica que a

atribuição deve obedecer primeiro

a “unidade nacional”, um cartão

de visita do partido para defender

duras críticas sobre nepotismo na

escolha, interna, dos Presidentes

da República.

“Aqui não entra política, temos de

saber de facto se a pessoa fez a vida

do povo moçambicano, que fez a

vida ao desporto, que fez a vida no

campo cultural. Porque não um

combatente da luta de libertação

nacional? (dirigida pela Frelimo),

que foram pioneiros na luta pela

independência, mas sempre basea-

do na unidade nacional, não pode-

mos desperdiçar”, defendeu Antó-

nio Domingos, afiançando que os

nomes devem ser consensuais.

Defende que as ruas que ostentam

nomes de pessoas que serviram os

interesses coloniais – incluindo

militares do exército português

que mostraram bravura durante

a resistência colonial até a guerra

de libertação nacional – devem ser

substituídos por “nossos heróis”,

para a instrução da nova geração

sobre os custos e sacrifícios da in-

dependência de Moçambique.

“Mouzinho de Albuquerque, pela

história, porque ele foi atribuído

nome numa rua da Beira? Duran-

te a guerra de resistência colonial,

foi um grande combatente. Foi ele

que deportou Ngungunhana para

Portugal. Nós sabemos quem foi

Ngungunhana, é o nosso herói.

Então Mouzinho de Albuquerque

foi atribuído pela sua bravura na-

quela altura. Agora há sentido de

ainda manter?” questionou Antó-

nio Domingos, insistindo que com

a população esclarecida como da

Beira, há poucas chances de “ali-

ciamento e manipulação”.

Contudo, a Frelimo vê deslocada

a atribuição, citando um exemplo

do questionamento de um popu-

lar durante o debate de ausculta-

ção, de André Matsangaisse – que

tem na Beira a única praça em sua

homenagem no país -, insistindo

que o campo político não devia ser

valorizado nesta nova toponímia,

sugerindo um debate aceso para a

deliberação dos nomes consensu-

ais vindos das propostas populares.

Na sua explanação, António Do-

mingos exemplificou nomes con-

sensuais (estão na lista das pro-

postas populares apurou o jornal)

como do primeiro Governador

de Sofala, Candido Mendonça.

Igualmente de Calane da Silva,

Severino Nguenha, Chiquinho

Conde, Graça Machel e Lurdes

Mutola.

A auscultação foi dirigida à popu-

lação dos postos administrativos

da Munhava central, Inhamizua,

Nhangau e Chiveve, que perfazem

a totalidade dos 26 bairros da ci-

dade da Beira, conhecido como o

bastião da oposição.

Afonso Dhlakama Uria Simango

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11Savana 18-12-2015 SOCIEDADEPUBLICIDADE

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12 Savana 18-12-2015SOCIEDADE

O Acordo de Paris sobre as alterações climáticas foi amplamente saudado como um momento his-

tórico, após anos de negociações e

hesitações. O mundo disse “sim”

a um novo regime internacional

para conter o aquecimento global,

um tratado que envolverá todos

os países num esforço para tentar

conter a subida da temperatura do

planeta a 1,5ºC, objectivo que era

energicamente defendido pelos

países pobres, incluindo Moçam-

bique, país que se fez representar

no primeiro dia dos trabalhos pelo

Primeiro-Ministro, Carlos Agos-

tinho do Rosário.

O acordo, que é em parte juridica-

mente vinculativo e, também em

parte, voluntário, passará a vigorar a

partir em 2020. O tratado foi sela-

do em Le Bourget, arredores de Pa-

ris, lugar que até agora era conheci-

do apenas como o aeroporto onde

Charles Lindbergh aterrou depois

de fazer o primeiro voo que cruzou

o Oceano Atlântico (Nova Iorque-

-Paris), a 20 de Maio de 1927.

O ponto nuclear do Acordo de Pa-

ris é a obrigação de participação de

todas as nações, e não apenas países

ricos, no combate às mudanças cli-

máticas, com um objectivo de lon-

go prazo em manter o aquecimento

global abaixo de 2ºC.

Este é o ponto a partir do qual am-

bientalistas e cientistas afirmam

que o planeta estaria condenado a

um futuro sem volta, como eleva-

ção do nível do mar, eventos cli-

máticos extremos e falta de água e

alimentos.

Contudo, os sectores de actividade

mais directamente afectados pelo

novo tratado de Paris são aque-

les que se dedicam à produção de

combustíveis fósseis - especifica-

mente, carvão e petróleo.

A Associação Mundial do Carvão

diz que a meta de conter a subida

de temperaturas abaixo dos 2C

“não será possível” se os governos

não financiarem a tecnologia para

reduzir as emissões, tais como

sistemas de captura de carbono.

Perto de 200 países participaram

nas tensas negociações na capital

francesa, que levaram mais de duas

semanas, atingindo um acordo que

comprometa todas as nações para

reduzir as emissões. O acordo une

todas as nações do mundo num

único contrato no combate às alte-

rações climáticas, pela primeira vez

na história.

Muitos países defenderam uma

meta mais difícil de 1.5C, incluin-

do líderes de países de baixa alti-

tude que enfrentam os altos níveis

do mar, insustentável num mundo

com altas temperaturas. O desejo

de um objectivo mais ambicioso,

defendido por Moçambique, foi

mantido no acordo.

“É uma vitória para os países mais

vulneráveis, os países menos desen-

volvidos e todos os que têm mais

a perder, que vieram a Paris para

dizer basta de sorrisos e simpatias.

Queremos mais acção”, comentou

Celso Correia, ministro moçambi-

cano da Terra, Ambiente e Desen-

volvimento Rural, que esteve na ca-

pital francesa liderando a delegação

do país após a saída do Primeiro-

-Ministro de regresso a Maputo.

O acordo de Paris é apenas um

passo num longo caminho. “É a

melhor oportunidade que temos de

salvar o planeta”, considerou o pre-

sidente dos EUA, Barack Obama.

“É um ponto de viragem”, acres-

centou o presidente do país com

mais responsabilidades históricas

no aquecimento global. China, o

maior poluidor do mundo, também

saudou efusivamente o acordo, as-

sim como a Índia.

ApoiosOs países em desenvolvimento di-

zem que precisam de ajuda financei-

ra e tecnológica para ultrapassar os

combustíveis fósseis e passar direc-

tamente para as energias renováveis.

Em Paris foram prometidos

USD100 mil milhões por ano

até 2020, mas não tanto quan-

to muitos países em vias de

desenvolvimento gostariam

para a adaptação e mitigação.

O acordo exige que as nações ri-

cas mantenham a promessa dos

USD100 mil milhões por ano de

financiamento para além de 2020,

e usar essa fasquia como uma base

para continuar o apoio acordado

em 2025.

Uma das poucas decisões da Confe-

rência do Clima 2009 da ONU em

Copenhaga (Dinamarca) foi uma

promessa das economias ricas em

libertar cerca de 100 mil milhões

de dólares/ano em apoio financei-

Conferência das Partes em Paris fecha com sorrisos

Por Francisco Carmona

Negociações e hesitações terminam num acordo histórico

O Ministério da Terra e

Desenvolvimento Rural

(MITADER) selou, no

decorrer da Conferência

das Partes em Paris, um acordo para

um investimento de cerca de USD50

milhões no sector florestal, no quadro

da recente reforma lançada recente-

mente em Maputo.

O entendimento foi rubricado pelo

titular da pasta da Terra, Ambiente e

Desenvolvimento Rural, Celso Cor-

reia e John Roome, director sénior do

programa para as mudanças climáti-

cas do Banco Mundial.

“Este acordo tem a ver com o sector

de florestas. Como sabem o Governo

tomou medidas para proteger a nossa

floresta nativa. O acordo surge na se-

quência do programa FIP (Programa

de Investimento Florestal, do Banco

Mundial). USD30 milhões que já

tivemos oportunidade de apresentar,

mais USD5 milhões que foram asse-

gurados recentemente e este acordo

que vem acrescentar mais USD50

milhões para os próximos anos”, su-

blinhou Correia, momentos após

apresentar o Programa Nacional de

Desenvolvimento Sustentável, o cha-

mado “Programa Estrela”.

Mas em comunicado, a Justiça Am-

biental, uma organização de defesa

do ambiente, refere que o acordo as-

sinado pelo Governo moçambicano

irá agravar os impactos das mudanças

climáticas.

Contudo, Correia argumenta que,

com este entendimento, o Gover-

no pretende investir nos operadores

florestais para que possam ter uma

abordagem sustentável, “não só para

eles próprios, mas para o país e para

as comunidades”.

O governante fez igualmente no-

tar que o Executivo defende que o

operador tem de adoptar as novas

técnicas sustentáveis, desde planos

de maneio, certificação da produção

e transformação da madeira, o que,

segundo Correia, irá permitir que

os moçambicanos possam começar

a tirar benefícios reais dos recursos

florestais, tendo acesso aos mercados.

“O grande problema é que o operador

moçambicano depende muito de in-

tervenção externa. Nós queremos que

quem tenha licença em Moçambique

possa obedecer as regras e, ao mes-

mo tempo, tire benefícios. É muito

importante que a cadeia de valor de

exploração da madeira tenha impacto

no desenvolvimento rural, que haja

empregos sustentáveis e mais-valias”,

enfatizou.

Moçambique sofre anualmente uma

razia florestal a uma taxa calculada

em cerca de 0.58% por ano, o equi-

valente à perda anual de cerca de 219

mil hectares de floresta, principal-

mente devido à conversão de floresta

em áreas agrícolas e à produção não

sustentável de energia de biomassa.

O objectivo governamental é atingir

uma taxa de desmatamento de cerca

de 0.2%. O país possui cerca de 40

milhões de hectares de floresta do

tipo Miombo, correspondendo a 51%

da superfície do país.

O programa “Estrela”, apresentando

por Celso Correia, em Paris, pretende

promover a cadeia de valores baseada

na agricultura e florestas nas zonas

rurais, abordando as várias barreiras

do sector que limitam o acesso aos

mercados, tecnologia, água, energia,

finanças e conhecimentos de modo

a catalisar a produção sustentável nas

zonas rurais.

Segundo a Justiça Ambiental, o go-

verno assinou igualmente uma Car-

ta de Intenções para o Programa de

Gestão Integrada da Paisagem da

Zambézia, com o Forest Carbon Par-

tnership Fund, o que marca o início

da implementação oficial do REDD

(Redução de Emissões por Desmata-

mento e Degradação Florestal).

“O REDD e sua estratégia foram

tratados de forma leviana e, apesar

da contestação pela sociedade civil

a nível nacional, africano e global, o

governo insiste em avançar com este

mecanismo ao assinar a Carta de

Intenções”, considera a Justiça Am-

biental.

Anabela Lemos, directora da Justiça

Ambiental, defende que o “REDD

é uma ilusão, é uma licença para que

as corporações multinacionais conti-

nuem a poluir e a destruir o continen-

te Africano e o Planeta. O REDD é a

nova forma de colonização¨.

ro para os países pobres a partir

de 2020, mas a promessa do valor

destinado a desenvolver tecnologia

e construir infra-estruturas para

reduzir emissões nunca chegou a

passar de uma promessa, o que le-

vanta algumas interrogações se o

acordado em Paris será efectivado.

O acordo de Paris diz que os paí-

ses ricos devem continuar a prestar

apoio financeiro aos países pobres

para enfrentar as mudanças climá-

ticas e incentiva outras nações a

participarem numa base voluntária.

Na lógica dos mais pobres, como

Moçambique, os responsáveis pelo

aquecimento global – o mundo

desenvolvido – devem compensar

os efeitos das cheias e secas atri-

buíveis à subida das temperaturas.

Em Moçambique, segundo o

Primeiro-Ministro moçambicano,

quando discursava em Paris, cer-

ca 175 mil moçambicanos estão

actualmente afectadas pela seca

e que precisam de apoio urgen-

te. “No primeiro trimestre do ano

que vem, 2016, estamos à espera

de inundações, o que piora ain-

da mais a situação”, sublinhou.

Moçambique fecha acordo de USD50 milhões

Celso Correia, titular da pasta da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural e John Roome, director sénior do programa para as mudanças climáticas do

O saudado por todo o planeta como um passo histórico para conter o aquecimento global

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13Savana 18-12-2015 SOCIEDADEPUBLICIDADE

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14 Savana 18-12-2015Savana 18-12-2015 15NO CENTRO DO FURACÃO

Moçambique mantém-se entre os mais pobres do mundo

Moçambique continua entre os dez países mais pobres do mundo, de um total de 188 avalia-

dos pelo Relatório de Desenvolvi-

mento Humano (RDH) publicado

esta segunda-feira, em todo o mundo

e coordenado pelo Programa das Na-

ções Unidas para o Desenvolvimento

(PNUD).

De acordo com este documento, que

avalia o Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH), Moçambique ob-

teve uma classificação de 0.416 pon-

tos, que coloca o país na posição 180

de um total de 188 países avaliados.

Ou seja, está entre as nações mais

pobres do mundo.

O Relatório de Desenvolvimento

Humano (RDH) voltou a destapar o

véu da pobreza que assola o país, ape-

sar dos constantes discursos gover-

nativos que apontam para a redução

significativa da miséria.

De acordo com o documento, que

reporta dados referentes a 2014, úl-

timo ano de governação de Armando

Guebuza, que proclamava que o seu

governo desferiu fortes golpes à po-

breza, Moçambique está entre os 10

países que registaram o mais baixo

nível desenvolvimento humano.

Para tal, o país obteve uma pontuação

de 0.416 no Índice de Desenvolvi-

mento Humano (IDH), situando-se

na 180ª posição de um total de 188

países avaliados pela pesquisa.

Deste modo, o país suplanta países

como Serra Leoa, Guiné, Burkina

Faso, Burundi, Chade, Eritreia e, por

fim, o Níger, que ocupa o último lu-

gar do ranking.

Esta posição representa uma queda

de dois lugares em relação ao rela-

tório apresentado ano passado, no

qual Moçambique situou-se na 178ª

posição.

Segundo os dados do relatório da

presente edição, Moçambique está

abaixo de todos os países membros

da SADC, onde as Seychelles apare-

cem destacadas na posição 64, segui-

do de Botswana, na posição 106. Fica

também abaixo de todos os estados

membros da CPLP.

A lista é liderada pela Noruega O IDH avalia o progresso do país a

longo prazo em três dimensões bá-

sicas do desenvolvimento humano:

Nomeadamente, vida longa e saudá-

vel, que é medida pela esperança de

vida; o acesso ao conhecimento, ana-

lisado pela média dos anos de educa-

ção, e padrão de vida, avaliado pelo

rendimento nacional bruto per capita

expresso em dólares.

Apesar desta posição, a pesquisa diz

que Moçambique vem registando

avanços significativos no período que

vai de 1980 a 2014. Ilustra que a es-

perança de vida à nascença aumentou

em 13,2 anos, a media de anos de

escolaridade aumentou em 2,5 anos,

os anos esperados de escolaridade re-

gistaram um incremento de 4,5 anos

e, por fim, o rendimento nacional

bruto per capita cresceu em cerca de

106,8% ao longo deste período.

O Relatório do Desenvolvimento

Humano (RDH) teve como lema

“trabalho para o desenvolvimento

humano” e examinou a relação in-

trínseca entre o trabalho e o desen-

volvimento humano, o que passa por

analisar as condições de trabalho, di-

reitos laborais, protecção social entre

outros.

A pesquisa constatou que o desenho

de políticas é dificultado pelo facto de

muitos países ainda terem dificulda-

des em recolher informações de in-

dicadores chaves ao nível do país, tais

como os relativos ao trabalho infantil,

trabalho forçado, trabalho não remu-

nerado, protecção social entre outros.

Diz ainda ser enganador comparar os

índices e relatórios desta edição com

os anteriores, devido às revisões e ac-

tualizações efectuadas.

Satisfeitos com melhoriasApesar da posição que Moçambique

ocupa no ranking, a ministra do Tra-

balho, Emprego e Segurança Social,

Vitória Diogo, congratulou-se com

os progressos que o país vem regis-

tando na classificação do IDH, que

passou dos 0.393 em 2013 para 0.416

em 2014.

Segundo Diogo, este desempenho

resulta das políticas económicas e so-

ciais que o governo vem implementa-

do com vista a melhorar as condições

de vida do povo.

Para a dirigente, o lançamento do

Relatório do Desenvolvimento Hu-

mano mostra-se oportuno, pois os

dados e recomendações nele cons-

tantes irão enriquecer a proposta de

política de emprego, cuja conclusão

será em 2016.

Sobre o lema da pesquisa, Diogo dis-

se tratar-se de uma das prioridades

do PQG, que visa melhorar as condi-

ções de vida do povo, aumentando o

emprego, a produtividade, competiti-

vidade e criação de riqueza.

A ministra do Trabalho, Emprego e

Segurança Social apelou ao PNUD

para apresentar uma abordagem dife-

rente no que diz respeito ao trabalho

infantil, uma vez que há muitas crian-

ças que tão cedo se tornam chefes de

famílias em virtude da perda dos país

devido a diversas doenças com desta-

que para o HIV/SIDA. Esta situação,

segundo a governante, surge muitas

vezes devido a questões culturais em

que muito cedo as crianças aprendem

o ofício junto dos país sem que isso

signifique exploração económica.

As melhorias são

O jornalista e pesquisador do Centro

de Integridade Pública (CIP), Borges

Nhamirre, diz que ao longo do tempo

consegue notar que o país regista me-

lhorias neste índice, mas continuam

insignificantes.

Aponta que a corrupção é um dos

Ilec

Vila

ncul

os

O Ministério da Indús-tria e Comércio (MIC) volta a ser confrontado com a hercúlea tarefa

de deixar o mercado funcionar livremente, mas, ao mesmo tem-po, interferir em nome de um comércio leal e honesto durante a quadra festiva, época em que a ganância pelo enriquecimento rápido faz a ética no negócio co-rar de vergonha.Em entrevista ao Savana, o ti-

tular do pelouro, Max Tonela,

reconhece que a cobiça sem

limites está na origem da espe-

culação durante as festas nata-

lícias, mas recusa-se a genera-

lizar a má conduta dos agentes

económicos.

Tonela aborda também uma

medida sensível que o Governo

teve de tomar, o agravamento

da sobretaxa de importação do

açúcar. Era, justifica, uma me-

dida urgente e necessária, para

proteger a indústria açucareira

do colapso e defender milhares

de moçambicanos que depen-

dem desta área para a sua sobre-

vivência.

Será a sua primeira quadra fes-

tiva no cargo e por estas alturas

o MIC tem anunciado e reite-

rado a implementação de uma

série de medidas contra a su-

bida gigantesca de preços que

caracteriza esta altura. Pode

fazer uma avaliação preliminar

dessas acções?

Na qualidade de entidade que

coordena as actividades da in-

dústria e comércio, o que fizemos

ao nível do MIC foi reactivar a

comissão multissectorial encar-

regue de desencadear todas as

acções necessárias à disponibi-

lização de bens e produtos de

maior demanda durante a quadra

festiva, por forma a garantir que

os moçambicanos passem festas

condignas.

A comissão tem o mandato de

zelar por uma resposta eficiente

em áreas como bens alimenta-

res, electricidade e água, serviços

alfandegários, inspecção das ac-

tividades económicas, transpor-

te público, ordem e segurança

pública, entre outras, sempre na

perspectiva de assegurar o equilí-

brio entre a dinâmica da procura

e oferta típica da quadra festiva.

A interacção e o diálogo que

temos mantido com os agentes

económicos permitem ao MIC

um conhecimento apurado da

capacidade interna e das necessi-

dades de importações para suprir

o défice.

Esse processo faz-nos saber, por

exemplo, que a produção interna co-

loca no mercado 60 mil toneladas de

frangos anuais face a uma necessida-

de estimada de 70 mil frangos, o que

obriga o país a importar o remanes-

cente. O diálogo, no âmbito da qua-

dra festiva, deu-nos também a saber

que parte desse remanescente será

suprido pelos produtores nacionais,

através de uma produção suplemen-

tar que está a ser gerada através de

aves que nesta altura ainda são pintos.

A cooperação multissectorial deu

também a possibilidade de a Auto-

ridade Tributária fazer uma redução

nas taxas de referência nas importa-

ções de produtos de maior procura

durante a quadra festiva, o Banco

de Moçambique está a ser sensível

na disponibilização de mais divisas

para assegurar as importações mais

prementes, como trigo, malte para a

cerveja e carapau…todas essas dili-

gências dão-nos o conforto de que os

stocks necessários serão supridos.

Senhor ministro, a alta de preços

a que se assiste neste período tem,

principalmente, a ver com a falta de

ética no comércio em Moçambique

e não decorre apenas das disfuncio-

nalidades do mercado…

Não se pode generalizar o entendi-

mento de que todos os operadores

económicos moçambicanos actuam

sem ética. Reconhecemos a existência

de casos de oportunismo e ganância

desenfreada, é por isso que a nossa

acção inspectiva endurece a sua acção

neste período. Há já casos de agentes

económicos que estão a ser sanciona-

dos por prática de preços desonestos

e venda de produtos fora de prazo.

Apesar de a economia do país ser re-

gida por princípios de livre mercado,

o Estado impõe margens de lucro que

estão dentro da razoabilidade e quan-

do estão fora, devem ser aplicadas

sanções.

Dá a impressão de que a repressão

à má conduta comercial protege as

populações urbanas e elites e deixa

abandonados os pobres que com-

pram no sector informal.

As acções de inspecção do sector co-

mercial são inclusivas e actuam igual-

mente sobre o mercado informal, re-

pondo, sempre que podem, a verdade

nos preços. Devo sublinhar que os

nossos inspectores desenvolvem o seu

trabalho aleatoriamente e de forma

oficiosa, ou seja, ninguém os identi-

fica antes de se apresentarem como

tal e isso reduz a margem de fuga à

fiscalização.

O sector informal tem sido também

alvo das acções inspectivas, de tal

modo que têm sido colocados fora do

comércio produtos encontrados fora

de prazo e a reporem-se os preços que

estão dentro das margens permitidas.

De acordo com as directivas em vigor

no país para o comércio, as margens

de lucro têm de estar no intervalo en-

tre 15% e 25%, ponderados os custos

imputados à operação comercial. A

nossa intervenção é nacional e não

local. De todo o modo, reconhecemos

que há casos em que os preços são

agravados por mera ganância.

O “dumping” matava o sector açucareiro A medida mais mediatizada tomada

este ano ao nível do MIC foi a actu-

alização da sobretaxa de importação

do açúcar. Está ultrapassado o risco

de colapso do sector açucareiro.

Talvez seja importante narrar um

pouco de história na indústria açu-

careira.

Em 2001, o Governo passou à práti-

ca no relançamento da indústria do

açúcar, pela importância fundamental

que esta área tem no combate à po-

breza e desenvolvimento económico.

Apostar na indústria açucareira é

criar milhares de empregos, gerar mi-

lhões de dólares de renda familiar e

de recursos para o Estado.

Desde esse ano até 2014, foram in-

vestidos 800 milhões de dólares nas

açucareiras de Mafambisse, Mar-

romeu, Maragra e Xinavane. Esses

investimentos permitiram um salto

na produção de 13 mil toneladas de

açúcar, em 2001, para 473 mil tone-

ladas, em 2014. Foram criadas opor-

tunidades para milhares de pequenos

produtores e prestadores de servi-

ços à indústria açucareira, porque

as empresas estão a apostar na ter-

ciarização de tarefas. Até ao início

deste ano, tínhamos 22 associações

de pequenos produtores de açúcar,

que beneficiavam mais de três mil

famílias. A indústria gera para as

famílias envolvidas um rendimen-

to anual de 40 milhões de dólares.

Mas o que assistimos são subsídios

directos e indirectos no mercado

mundial do açúcar, atribuídos pe-

las economias mais desenvolvidas,

com o intuito de promover o em-

prego nos seus países. O resultado

dessas acções foi o “dumping” e a

concorrência desleal movida pelas

economias mais pujantes.

Nesse quadro, era urgente revi-

sitarmos a sobretaxa e onerar as

importações, para proteger a in-

dústria local do colapso e defen-

der os milhares de compatriotas

que dependem do sector para a

sua sobrevivência. Estávamos a ser

confrontados com uma verdadei-

ra baldeação de açúcar nas nossas

fronteiras.

No açúcar como noutros sec-

tores, reina a percepção de que

existem “lobbies fortíssimos”,

“anti-produção nacional”, por-

que as importações geram for-

tunas para elites. Como é que

se pode revitalizar a produção

nacional num contexto adverso

como esse?

Estamos empenhados num di-

álogo permanente com o sector

privado, para que assuma o seu

papel de motor da economia na-

cional, dentro de um quadro leal

e honesto. Como Estado, estamos

também a fazer a nossa parte, por

exemplo, com a preparação em

curso de uma nova pauta aduanei-

ra, a ser submetida, previsivelmen-

te, à Assembleia da República, no

próximo ano, entre outras decisões

de fundo que temos vindo a tomar.

- Não se pode generalizar a ideia de falta de ética nos nossos agentes económicos

A indústria do açúcar caminhava para o colapso – Max TonelaRicardo Mudaukane

Por Argunaldo Nhampossa

elementos chaves, que influi negati-

vamente na classificação de Moçam-

bique.

Segundo Nhamirre, cerca de 30% do

orçamento do estado em 2014 caiu

nas malhas da corrupção, facto que

contribui para degradação da qua-

lidade de vida, do trabalho, acesso à

saúde e escolaridade porque trata-se

de fundos que, bem geridos, teriam

feito alguma diferença.

Disse estranhar o facto de o combate

a este mal não merecer destaque no

Plano Quinquenal do Governo, en-

quanto se sabe de antemão que afecta

negativamente o cumprimento das

metas.

No que toca ao tema central da pes-

quisa, o pesquisador considera tratar-

-se de um grande problema que o

país enfrenta. Os baixos salários, que

não permitem uma vida digna, com a

agravante da depreciação do metical

face ao dólar, são disso um exemplo.

Nhamirre sugere que o estado crie

uma outra classificação, onde tome

em conta o emprego e o sub empre-

go, porque nas actuais condições, o

avaliador usa os mesmos padrões, o

que faz com que certos sectores pe-

nalizem a classificação do país.

Olhando para o futuro, disse que, nas

próximas edições, não se podem es-

perar grandes alterações na classifica-

ção, porque as prioridades do governo

na alocação de fundos do Orçamento

do Estado vai para segurança. Diz ser

preciso que o governo esclareça ao

povo a aposta em sectores não produ-

tivos em detrimento da agricultura,

educação e saúde.

Não haverá grandes mudan-ças – António FranciscoO pesquisador do IESE e docente

universitário António Francisco diz

que a pesquisa apresenta indicadores

importantes sobre o grau das dificul-

dades que as populações enfrentam

para a melhoria de vida, incluindo o

trabalho infantil e o grosso que vive

abaixo de um dólar.

António Francisco diz não haver

grandes perspectivas de mudanças no

que toca à classificação de Moçambi-

que no ranking. Isto porque as mu-

danças nacionais são lentas demais,

enquanto os outros países são muito

rápidos na adopção e implementação

de mudanças.

Destaca também que o tópico central

da pesquisa, que é o emprego digno,

deveria influenciar o governo a traba-

lhar fortemente nessa vertente, mas

se verifica um foco na segurança, que,

paradoxalmente, não resulta na se-

gurança do cidadão, numa altura em

que os raptos se avolumam.

Diz que o IDH assenta no alarga-

mento das opções de escolha de vida

das pessoas e a uma população mo-

çambicana é pouco produtiva, sendo

a boa educação e saúde caras.

Para o académico, o cenário de misé-

ria em Moçambique pode vir a piorar,

devido à desvalorização do metical e

à concentração do orçamento estatal

na despesa.

Ilec

Vila

ncul

os

Ilec

Vila

ncul

os

Apesar do governo indicar o combate à pobreza como prioridade, Moçambique continua entre os dez países mais pobres do mundo“Estamos empenhados num diálogo permanente com o sector privado, para que as-

suma o seu papel de motor da economia nacional”, Max Tonela

Max Tonela reconhece a existência de casos de oportunismo dos agentes económicos e que se aproveitam da procura para agravar preços de produtos

Page 15: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

16 Savana 18-12-2015INTERNACIONALINTERNACIONAL

Os activistas angolanos presos desde Junho em Luanda serão li-bertados esta sexta-

-feira. Segundo o jornal Rede Angola, o Ministério Público apresentou um requerimento a solicitar o fim da prisão pre-ventiva que já foi aceite pelo juiz Januário Domingos. Os activistas poderão assim aguar-dar o julgamento em prisão domiciliária.

Contudo, a defesa dos 15 jo-

vens detidos, acusados de actos

preparatórios de rebelião, en-

tende que o tribunal começa a

vê-los como inocentes.

O Ministério Público apresen-

tou um requerimento em que

solicita o fim da prisão preven-

tiva para a prisão domiciliária,

baseada na Lei de Medidas

Cautelares, aprovada este ano

pela Assembleia

Nacional.

Em declarações

à agência Lusa, o

advogado de defe-

sa Walter Tondela

disse que o tribunal

atende assim ao pe-

dido desde o início

da defesa sobre a

possibilidade de os

réus responderem

em liberdade provisória.

“Apesar de não ser uma liberdade

provisória, mas atende o mínimo

que os nossos clientes queriam”,

disse Walter Tondela, acrescen-

tando que a defesa não contraria o

requerimento, “aliás, a vontade dos

nossos clientes”.

Para Walter Tondela, do ponto de

vista da justiça “entre a legalidade e

a justiça deve prevalecer a justiça”.

Segundo o advogado, o tribunal

vem reflectindo sobre os pedidos

da defesa, e “já começa a ver que

os réus são mesmo inocentes e não

adianta estar a tomar muitas medi-

das de coacção”.

“Dessa forma, vamos continuar a

lutar até a absolvição deles, é um

dos passos que já deveria ter sido

tomado desde o início da instrução

do processo”, disse o causídico.

No seu requerimento, o Ministério

Público sublinha que os 15 réus “es-

tão proibidos de manter contacto

uns com os outros e também

proibidos de manter contacto

com os membros do Governo

de Salvação Nacional”.

O juiz da causa, Januário Do-

mingos deu parecer favorável

ao requerimento, solicitando

que na sexta-feira todos os

réus estejam presentes no tri-

bunal.

Na sessão desta terça-feira, foi

ouvida a ré Laurinda Gouveia,

que responde ao processo em

liberdade, restando por ouvir

os réus Nelson Dibango e Be-

nedito Jeremias, cuja defesa se

encontra ausente.

Em causa está um grupo de

17 jovens - duas a responder

em liberdade provisória - acu-

sados da coautoria de actos

preparatórios para uma re-

belião e um atentado contra

o Presidente de Angola, José

Eduardo dos Santos.

Presos políticos libertados hojeAngola

O novo chefe de Estado da

vizinha Tanzânia, John

Magufuli, foi eleito e

entrou no palácio pre-

sidencial com a alcunha de “bul-

dózer”, que traz do seu tempo de

ministro incorruptível nas Obras

Públicas.

Agora, com apenas um mês no

posto, enverga a força daquela im-

parável máquina para combater a

corrupção no Estado e já conquis-

tou corações pela forma um tanto

quanto revolucionária com que

está a combater alguns dos males

sociais que herdou dos seus ante-

cessores.

Logo no seu primeiro dia de tra-

balho, John Magufuli realizou uma

visita-surpresa ao Ministério das

Finanças, detectando a ausência de

grande parte do pessoal da institui-

ção, situação que levou à responsa-

bilização disciplinar dos ausentes.

Outra visita não anunciada resul-

tou numa “baixa hospitalar”. O

director do principal hospital do Estado foi demitido e o conselho directivo dissolvido, depois de o Presidente ter encontrado doentes a dormir no chão.A seguir, cometeu um “crime lesa--majestade”, para os espíritos des-pesistas que povoam África. Can-celou as faraónicas celebrações do dia da independência da Tanzânia e encaminhou os fundos resultantes dessa poupança para a emergência provocada por uma epidemia de cólera.John Magufuli não parou por aí. Removeu da agenda oficial o jantar de Estado alusivo à abertura do ano parlamentar, desviando os fundos destinados a esse fim para a compra de camas hospitalares.Com Magufuli, todas as viagens ao estrangeiro por parte dos mem-bros do Governo estão acabadas, à excepção das viagens presidenciais, do vice-presidente e do primeiro--ministro.Ao emitir esses sinais, o novo chefe de Estado tanzaniano pretende que a sua postura seja “o modus ope-randi” do Governo que dirige. O

primeiro –ministro, Kassim Maja-

liwa, provocou a detenção do chefe

máximo da autoridade tributária

local, ao detectar numa deslocação

não avisada à instituição o desapa-

recimento de 40 milhões de dólares

de impostos.

Com o responsável máximo das al-

fândegas tanzanianas, foram tam-

bém detidos altos funcionários da

autoridade tributária tanzaniana,

enquanto decorre a competente in-

vestigação.

Um novo herói africano?O “estilo Magufuli” está a ser re-

cebido com entusiasmo pelos tan-

zanianos, cansados da corrupção

endémica que assola o país há dé-

cadas. Mesmo alguns sectores da

oposição estão rendidos às acções

draconianas do Presidente.

“Fortalecemos a nossa oposição ao

Governo com base no combate à

corrupção. Agora, temos um Pre-

sidente que se decidiu juntar a nós

nesta cruzada. Porque é que nos

oporíamos a ele?”, questiona Zitto

Kabwe, presidente da Aliança para a

Mudança e Transparência – Waza-

lendo, um pequeno partido do país.

As redes sociais na Tanzânia e no

continente têm também registado

manifestações efusivas em relação à

empreitada que John Magufuli está

a mover contra a corrupção no país.Um “post” no Facebook a mostrar a primeira investida do Presiden-te tanzaniano tornou-se viral e no Twitter John Magufuli recebeu aplausos.Magufuli já tinha deixado a sua marca de incorruptível como mi-nistro das Obras Públicas. Muitos dizem que, nessa função, ele podia ter-se tornado num dos homens mais ricos da Tanzânia, mas prefe-riu deixar uma riqueza de grandes obras públicas feitas. Nas obras, também apostou nas vi-sitas-surpresas para apanhar casos de corrupção em flagrante delito.Donald Mmari, director na ONG tanzaniana Pesquisa sobre Alívio da Pobreza, defende que o chefe de Estado está a ser genuíno nas suas acções de combate à pobreza.“Ele está a cortar despesas desne-cessárias, focando-se no provisio-namento de bens e serviços essen-ciais, e emitiu directivas orientadas ao reforço da colecta de recursos para o Estado”, defende Mmari.

Doravante, prossegue o pesquisa-

dor, John Magufuli terá de se fazer

rodear de colaboradores competen-

tes e credíveis para manter o ímpe-

to que pretende imprimir no seu

Governo.

Reformas estruturaisPara Rolf Paasch, director da fun-

dação Friedrich-Ebert-Stiftung,

o empenho pessoal do novo chefe

de Estado tanzaniano no combate

ao flagelo da corrupção é um sinal

encorajador, mas insuficiente.

“Em Swahili (a língua mais falada

na Tanzânia), há um provérbio que

diz que se quiseres varrer as esca-

das, tens de começar de cima e essa

abordagem falhou no passado. Rei-

na a impunidade a todos os níveis.

Agora é diferente, mas o Presidente

não continuará a ir pessoalmente

ao principal hospital limpar as más

práticas que existem lá”, defende

Paasch.

John Magufuli e os seus colabo-

radores, continua o director da

Friedrich-Ebert-Stiftung, terão de

complementar estes gestos louvá-

veis com uma abordagem mais sis-

temática.

Contudo, uma análise à situação

tanzaniana mostra que o chefe de

Estado terá de promover profun-

das reformas estruturais cuja au-

sência é responsável pela corrupção

monstruosa que afecta o país.

Um dos principais problemas são

os baixos salários pagos aos funcio-

John Magufuli: Um buldózer contra a corrupção

nários do Estado. O segundo é o

envolvimento de quadros seniores

do partido no poder em actos de

corrupção. Esperam de John Ma-

gufuli uma atitude de complacên-

cia em relação a uma conduta que

lhes permitiu o enriquecimento e

capacidade de financiamento que

lhe suportou a onerosa campanha

eleitoral rumo à Presidência da Re-

pública.

Por outro lado, o chefe de Estado

deverá ficar atento ao seu próprio

comportamento. O seu foco no de-

talhe poderá, algumas vezes, fazer

perder um alcance mais longo dos

problemas.

“Quando ele se fixa num objectivo,

por vezes, desrespeita a lei. Há ca-

sos de pessoas que ganharam casos

em tribunal depois de as suas casas

terem sido demolidas para dar lu-

gar a grandes obras, quando o Pre-

sidente era o titular do pelouro das

Obras Públicas”, diz Damas Lucas,

um jornalista tanzaniano.

Lucas também está preocupado

com o que considera poderes im-

periais atribuídos pela Constitui-

ção tanzaniana ao chefe de Estado,

alertando para o risco de derivas

autoritárias.

“O Presidente tanzaniano tem po-

deres imperiais, que o colocam li-

teralmente acima da lei. Por exem-

plo, o Presidente nunca pode ser

levado a tribunal enquanto estiver

em funções ou depois, por decisões

ou acções tomadas no cargo, e são

legalmente proibidas auditorias às

despesas do chefe de Estado. Estes

poderes são tentadores para o auto-

-enriquecimento ilícito”, afirmou

Lucas.

Na sexta-feira, dia 18, todos os arguidos devem apresentar-se no Tribunal Provincial

de Luanda.

John Magufuli, novo presidente da Tanzania

Page 16: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

17Savana 18-12-2015 SOCIEDADEPUBLICIDADE

Page 17: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

18 Savana 18-12-2015OPINIÃO

Registado sob número 007/RRA/DNI/93NUIT: 400109001

Propriedade da

Maputo-República de Moçambique

KOk NAMDirector Emérito

Conselho de Administração:Fernando B. de Lima (presidente)

e Naita UsseneDirecção, Redacção e Administração:

AV. Amílcar Cabral nr.1049 cp 73Telefones:

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Editor Executivo:Franscisco Carmona

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Redacção: Fernando Manuel, Raúl Senda, Abdul Sulemane e Argunaldo Nhampossa

Naita Ussene (editor) e Ilec Vilanculos

Colaboradores Permanentes: Machado da Graça, Fernando Lima,

António Cabrita, Carlos Serra, Ivone Soares, Luis Guevane, João Mosca,

Paulo Mubalo (Desporto).Colaboradores:

André Catueira (Manica)Aunício Silva (Nampula)

Eugénio Arão (Inhambane)António Munaíta (Zambézia)

Maquetização: Auscêncio Machavane e Hermenegildo Timana.

RevisãoGervásio Nhalicale

Publicidade Benvinda Tamele (823282870)

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CartoonEDITORIALEstado de uma Nação à procura do reencontro consigo própria

No nosso entender, a circular n.º 001/MITRAB/DTM/GD/211/2011, de 15 de Abril, retirou a prerrogati-

va legal de as empresas apenas co-municarem às autoridades laborais quando pretendam empregar cida-dãos estrangeiros em regime de curta duração. Refira-se que uma circular encontra-se abaixo de um Decreto em matéria da hierarquia das fontes do Direito.Pelo acima exposto, recentemente vários constrangimentos se impõem para as empresas que pretendam contratar cidadãos de nacionalidade estrangeira em regime de curta du-ração, dentre os quais destacamos os seguintes:a) Curta Duração sempre sujeita à aprovação das autoridades laborais A curta duração está sempre sujeita à autorização pelas autoridades labo-rais, independentemente de ser a pri-meira curta duração ou a prorrogação desta, contrariando a Lei. No sector de petróleos e minas, como avança-mos acima, a lei estabelece que o tra-balho de curta duração não carece de autorização de trabalho, bastando a comunicação da sua realização.b) Frequentes indeferimentos Re-centemente verificam-se vários in-deferimentos de processos de curta duração, alegadamente porque as ac-tividades que irão ser executadas pelo cidadão estrangeiro não preenchem os requisitos para serem consideradas eventuais, imprevisíveis e pontuais. Note-se que somente o Decreto n.º 63/2011 impõe que as actividades objecto de curta duração sejam even-tuais, imprevisíveis e pontuais.Este Decreto visa regulamentar espe-cialmente a contratação de cidadãos

de nacionalidade estrangeira para a realização de actividades em empre-sas petrolíferas e mineiras, não sendo extensivo às empresas que realizam trabalhos noutros ramos de activida-de.É princípio de direito que a lex spe-cialis derrogat lex generalis, ou seja, a lei especial derroga a lei geral. Mas é nosso entendimento que não se pode aplicar a lei especial para regu-lamentar factos contidos na lei geral. O legislador do Decreto n.º 55/2008 pretendeu que todo o trabalho fosse objecto de curta duração sem discri-minação ao estatuir que considera-se trabalho de curta duração o que não exceda trinta dias, seguidos ou inter-polados. Aqui apelamos ao princípio ubi lex non distinguir, nec nos dis-tinguere debemus, ou seja, o que a lei não distingue não cabe ao intérprete distinguir.c) Demora na emissão das curtas durações O lapso de tempo em que a curta duração é tramitada pelas au-toridades laborais é excessivo e contra legem visto que, em conformidade com a lei, a primeira curta duração deveria ser emitida imediatamente à apresentação do pedido, por carecer de autorização. As autoridades la-borais levam em média 10 dias úteis para concederem o atestado, tempo bastante excessivo para trabalhos de natureza eventual, imprevisível e pontual.d) Curtas durações para visitas Para além dos constrangimentos elencados acima, identificamos algumas zonas de penumbra relativamente à perti-nência ou não da solicitação de curta duração para os directores, adminis-tradores, representantes ou sócios que vivem no estrangeiro e que se deslo-

cam ao país para visitor ou inteirar--se in loco do seu investimento. No nosso entender, não seria necessário a solicitação de uma curta duração, pe-las seguintes razões cumulativas:i) Os referidos directores, adminis-tradores, representantes ou sócios não serem técnicos especializados; ii) Eles vêm para estabelecer contacto com os trabalhadores e colaboradores locais; iii) Eles têm que visitar o empreen-dimento local por serem investidores ou representarem os investidores. Entendemos que é impraticável que um sócio que vive no estrangeiro ca-reça de autorização das autoridades laborais para visitar a sua própria em-presa periodicamente ou sempre que entender necessário.Conclusão: Os altos dignitários do país têm visitado diversos países do mundo convidando os seus empre-sários para virem a Moçambique e investirem nas variadas áreas de ne-gócio existentes. Assim, espera-se também que as autoridades laborais entendam a ratio legis da criação do regime da curta duração e se esfor-cem para o cumprimento pontual dos procedimentos para a emissão de comunicações e autorizações de tra-balho com celeridade e alto sentido de responsabilidade. A falta de um despertar pelas autoridades laborais sobre os constrangimentos acima verificados relativamente ao regime da curta duração, poderá acarretar um desencorajamento do empreen-dedorismo, atrasando, desta forma o desenvolvimento do país e frustrando as expectativas dos empresários que pretendem investir em Moçambique.

*jurista, Sal e Caldeira. Edição e titulagem da EXCLUSIVA responsabi-

lidade do SAVANA

O regime de curta duração na da contratação de estrangeiros

Filipe Nyusi teve, esta semana, o seu baptismo como Presidente

da República ao dirigir-se à Nação, através da Assembleia da

República, para dar o informe anual sobre o estado em que se

encontra o país.

Não podia haver grandes expectativas quanto a este informe, dado

que os moçambicanos estavam devidamente bem informados sobre a

real situação do país, caracterizada por uma crise política sem fim no

horizonte, uma economia em acentuado declínio, a criminalidade em

ascendência, tudo isso concorrendo para um ambiente de total deses-

pero entre os moçambicanos.

Ao assumir as rédeas do país há onze meses, Nyusi estava a herdar um

país imerso numa grande crise política, económica e social. O melhor

que dele se poderia esperar, por isso, é que traçasse uma linha de pen-

samento estratégico que ajudasse os moçambicanos a melhor enten-

derem as linhas com que o governo pretende, a breve trecho, tirar o

país do marasmo em que se encontra.

Depois do seu discurso, é uma questão de interpretação se ele conse-

guiu alcançar tal objectivo ou se foi capaz de fazer renascer alguma

esperança dos moçambicanos por um futuro melhor.

O que é facto é que ele afirmou que o seu nível de insatisfação para

com a actual situação no país deve ser transformado em desafio para

todos os moçambicanos. Mas terá sido isso suficientemente galvani-

zador?

Não se pode pedir muito a um governo que está na fase inicial do seu

mandato, em período de adaptação para a realidade que o espera nos

próximos quatro anos. Num mundo cheio de incertezas, onde decisões

tomadas em outras latitudes determinam que não é só a nossa vontade

o que mais conta, há que encarar o futuro com alguma prudência.

Mas há coisas que podem ser feitas ao nível doméstico. De facto, só a

adopção de políticas mais arrojadas e consentâneas com o desenvol-

vimento, um total descompromisso com a corrupção e o despesismo,

uma gestão económica criteriosa, uma administração pública mais

profissionalizada, inclusiva e livre da contaminação política poderão

ajudar o país a reerguer-se dos escombros em que hoje se encontra.

Moçambique é ainda um país polarizado em eixos ideológicos que

se confrontam da forma mais destrutiva que se pode imaginar. Não

são todos os moçambicanos que sentem que o país lhes pertence. E

assim continuará enquanto houver uns que beneficiam mais do que os

outros da imensa riqueza com que a natureza dotou o país.

O desafio de Nyusi e do seu governo é criar as condições objectivas

para que este estado de coisas sofra uma profunda alteração. Uma

sociedade de desigualdades gritantes, como a nossa, é arduamente o

lugar desejável para um ambiente de harmonia e de concórdia. Pela

primeira vez desde o fim da guerra há mais de vinte anos, Moçambi-

que vê-se obrigado a rever em baixa as suas projecções de crescimento

económico, numa altura em que no Índice Global de Desenvolvi-

mento Humano, o país situa-se entre as nove nações mais pobres do

mundo. A situação é ainda agravada por uma conjuntura internacional

que torna cada vez mais escassos os recursos da ajuda para o desen-

volvimento, o que significa que Moçambique terá de adoptar políticas

que a breve trecho tornem o país económica e socialmente mais viável.

Para dar o primeiro passo em frente e na direcção correcta, Nyusi

e o seu governo terão de dar mostras da sua capacidade de esboçar

iniciativas criadoras com vista à resolução da actual crise política que

os opõe à Renamo. O actual ambiente de incerteza política provoca

calafrios aos investidores nacionais e estrangeiros. Sem investimentos,

o país não estará em condições de alavancar a economia, a condição

essencial para a promoção do emprego e aumento da produção.

É por isso que não basta não estar satisfeito com a actual situação. É

também necessário ganhar a coragem que se exige para esboçar ini-

ciativas políticas que tirem o país do marasmo em que se encontra. E

nesse esforço com promessa de glória, o povo jamais se fará de rogado.

Constrangimentos e interpretações oportunistas (Concl.)Por Armandinho Munhemeze Caula*

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19Savana 18-12-2015 OPINIÃO

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455

Os primeiros dois anos

de casamento de Daniel

Chimene foram ensom-

brados pelo espectro de

um horizonte sem filhos. O dra-

ma não se instalou logo, no entan-

to. De carácter folgazão e cultor

de sentimentos positivos, Chime-

ne encarou os meses iniciais com

muito desportivismo, dizendo in-

timamente a si próprio que tudo

aquilo era natural, porque, no fim

de contas, estavam a atravessar

um período de exploração e des-

coberta mútua. Sossegava-se pen-

sando que era facilmente explicá-

vel, considerando até que, embora

ele trouxesse certa bagagem de

experiência sexual adquirida em

ocasiões fortuitas, Mertina Hum-

bane tinha preservado a pureza

da sua virgindade até à primeira

noite de núpcias.

Mas, transcorridos os primeiros

doze meses, Chimene começou

a sentir-se pouco confortável na

sua pele. Imaginava, embora nun-

ca tivesse tirado provas disso, que

nos corredores e encontros onde

ele não estivesse, os colegas, ami-

gos e até mesmo familiares fa-

ziam circular comentários pouco

abonatórios sobre a sua virilidade.

Aos poucos, à entrada do segundo

ano, o seu carácter começou a re-

velar fortes alterações: de homem

positivo e cultor da boa disposi-

ção, passou a ser mais reservado,

a apresentar reacções truculentas,

mau humor e uma predisposi-

ção para apoquentar ou mesmo

amarfanhar psicologicamente a

sua companheira.

Ele notava perfeitamente esta

mudança que se operava em si

próprio, mas, por mais que achas-

se isso desagradável, não conse-

guia lutar contra a tendência na-

tural das coisas e via, impotente,

estas mudanças aprofundarem-se

com o tempo. E isso irritava-o,

tornava-o mais impotente ainda,

ao passo que Mertina mantinha

uma certa serenidade. Mostrava-

-se paciente e compreensiva,

como se assumisse que a ausência

de filhos e a manifestação regular

do seu período menstrual durante

aqueles meses todos fosse apenas

culpa sua.

Numa noite, porém, no meio

duma erupção vulcânica de Da-

niel Chimene sobre a situação

em que se encontravam, Mertina

ousou sugerir que fossem os dois

a uma consulta médica para aferir

e saber de certeza o que é que se

passava com eles, porque, argu-

mentava, talvez não se tratasse de

um problema insanável; poder-

-se-ia resolver. Daniel Chimene

reagiu com violência: que nunca,

na linhagem dos Chimenes, se

tinha reportado um único caso

de um homem incapaz de fazer

filhos, e que ele não seria certa-

mente o primeiro; que, de certeza,

o problema estava com ela; que,

se ela quisesse, que se tratasse.

Mertina escondeu a sua dor afo-

gando-a em lágrimas, num choro

silencioso.

Fosse como fosse, Daniel Chime-

ne vivia numa inquietação terrí-

vel, tanto mais que a este espectro

de vida em família sem filhos se

opunha, noutro extremo, a sua

progressiva ascensão na carreira,

assumindo cargos de responsa-

bilidade muito rapidamente. Por

qualquer ironia ou transversão de

pensamento viu-se a evitar cada

vez mais as suas amizades, os seus

familiares e mais ainda os da sua

mulher. A sua casa, que no prin-

cípio era uma verdadeira placa gi-

ratória de visitas, uma casa cheia

de vida e alegria, tornou-se aos

poucos soturna, pouco frequenta-

da e um poço infindável de stress

e maus humores.

Deu-se a cultivar, sem se aperce-

ber muito, o hábito de ter o seu

motorista Otmiel como confi-

dente, e a coisa cresceu de tal for-

ma que acabou por lhe confessar

a amargura profunda que lhe ia

na alma pelo facto de não ter fi-

lhos. E admitiu, chamando-lhe a

atenção para que disso não desse

conta a ninguém, que no fundo

talvez se pudesse dar a hipótese

de a culpa ser de facto dele, mas

que não queria de modo algum

sujeitar-se a uma consulta médi-

ca, podendo, contudo, em contra-

partida, recorrer aos préstimos de

um médico tradicional.

Como que por acaso, o seu mo-

torista, natural de Mambone, dis-

se que tinha na sua terra um tio

que era muito frequentado para

tratar de assuntos ligados não só

à esterilidade; que, se ele não se

importasse, poderia levá-lo até

lá para tentar a sua sorte. Foram

numa sexta e voltaram domingo.

Mas, no regresso, Daniel Chi-

mene não escondia, embora não

manifestasse directamente, a sua

insatisfação. No fundo, o que o

curandeiro lhe tinha feito tinha

sido passar duas ou três horas

com ele encerrado na sua cabana

circular de tijolos de argila, sem

nenhuma janela para ventilação,

com as paredes cobertas de amu-

letos, o chão atapetado de peles

de cabrito ou vaca, sujeitando-o

a um interrogatório mais ou me-

nos pormenorizado e aparente-

mente sem nexo. No fim, fez-lhe

umas incisões na base da coluna

e nas coxas, deu-lhe uma infusão

fria de ervas a tomar e disse-lhe

para se ir embora pagando apenas

metade. “Se a coisa der” – disse-

-lhe – “virás pagar a outra meta-

de”. Dois meses depois, Daniel

Chimene recebeu a boa-nova:

Mertina, com um sorriso largo de

felicidade, anunciou-lhe que não

estava a ver o período. Estava cer-

tamente grávida.

Agora, passados 22 anos, Daniel

Chimene era certamente um dos

homens mais felizes do mundo: a

sua primeira filha, a quem deu o

nome de Mercedes, estava a com-

pletar essa idade. A sua irmã, Te-

resa, ia a caminho dos 19 e o Pau-

lo a caminho dos 16. Todos, tanto

amigos como familiares e colegas,

lhes louvavam a robustez física,

garantindo que saíam ao pai, e os

níveis de inteligência e indicações

de sucesso na vida muito acima

do normal. A Mercedes acabava

de se licenciar em Antropologia

da Arte e estava a fim de ir conti-

nuar os estudos na Holanda, para

fazer o mestrado. A irmã era uma

excelente referência na Escola de

Dança e o Paulo era uma referên-

cia na prática de xadrez, onde já

tinha dois títulos na categoria de

juvenis, a nível nacional, e um re-

gional.

Um pouco antes de avançar para

a Holanda, Mercedes era lobola-

da. Na tarde em que decorria a

cerimónia final de lobolo, quan-

do as delegações representando a

parte do noivo e da noiva confe-

riram o dote e davam tudo como

certo, prestes a encerrar a cerimó-

nia, do quarto onde a Mercedes

se encontrava com as cunhadas

à espera das peças de vestuário

e calçado para se vestir irrom-

peu um rugido de fera ferida de

morte. Todos acorreram. A Mer-

cedes estava de pé entre as suas

cunhadas, em transe, com gestos

alucinados, expressando-se numa

língua em que nunca antes nin-

guém a tinha ouvido expressar-se.

Paralisou tudo! Os enviados por

parte do noivo fizeram saber que

tudo ficava temporariamente in-

terrompido e que o lobolo só se

efectuaria depois de os pais ou a

família da noiva se pronunciarem

sobre o que se passava com a filha,

porque certamente não queriam

uma nora possuída por espíritos.

Um dos velhos da família Chi-

mene, que em jovem trabalhara

nas minas, esclareceu uma parte

do mistério: a língua em que a

Mercedes se expressava era ndau.

Mas mesmo isso não explicava

muito, porque a Mercedes nun-

ca tinha aprendido, nem nunca

se tinha expressado naquela lín-

gua. Chegou-se então a consenso

de que haveria de se chamar um

sangoma. O sangoma veio uma

semana mais tarde e, juntando a

Mercedes e os pais no quarto que

era seu na casa, entrou em transe.

Daniel Chimene encontrava-se

sentado numa esteira ao lado da

sua mulher, de pernas dobradas

ao estilo de Buda. Mertina esta-

va com as pernas esticadas para

frente e do seu lado direito tinha

um copo com um líquido qual-

quer, que todos pensariam que

era água.

Em transe, o sangoma entrou em

confabulação com o espírito que

se tinha demonstrado estar a ha-

bitar o corpo da Mercedes. Fala-

ram na língua que se tinha visto

ser ndau, posto que a sua assisten-

te olhou atentamente para o casal

e disse – “O que temos a dizer é

simples: a Mercedes, vossa filha,

não é de apelido Chimene. Ela é

de apelido Simango. É mais que

claro que o pai dela não é aquele

que todos julgamos ser. Algum

de vocês deverá deixar isso claro

aqui, porque os espíritos Simango

garantem que, caso contrário, um

desastre se abaterá sobre a vossa

filha”.

O casal entreolhou-se. Merti-

na baixou os olhos, mas a seguir

levantou-os e disse – “É certo.

O pai da Mercedes não é o meu

marido. O meu marido é estéril

e disso eu soube com uma con-

sulta que fiz ao médico sem lhe

ter dito. A minha mãe e a mãe

dele também sabem disso. Essa

encenação de ir a Mambone, ao

curandeiro, foi montada por elas,

com a cumplicidade do motorista

do meu marido. Na verdade, o pai

da Mercedes é o Otmiel Siman-

go.” Mertina virou-se então para

Daniel e disse – “Fiz isto para a

tua felicidade, Daniel, e para se-

gurar a estrutura da nossa famí-

lia. Perdoa-me, se puderes.” Num

gesto rápido, Mertina pegou no

copo que tinha à sua direita e

emborcou o conteúdo. Foi o seu

último gesto em vida.

O pecado da Mertina

A complexidade da vida obriga os seres humanos a

produzir quadros e categorias simplificadoras e do-

mesticadoras do social, que operam através de três

movimentos: julgamento retrospectivo (do género “se

assim foi no passado, sempre assim será”), indução simplifica-

dora (trata-se do “efeito do corvo negro”: se encontramos um

corvo negro, somos tentados a supor que todos os corvos são

negros) e precedência afectiva (primeiro os “nossos”, depois os

“outros”).

É com esses três movimentos que naturalizamos o que é so-

cialmente produzido. E fazemo-lo apenas com alguns indí-

cios, com alguns dados. Na verdade, com meia dúzia de frag-

mentos enfrentamos o futuro, com o que temos “atrás” vamos

ao encontro do que está “à frente”. Os hábitos são a chave que

abre e domestica o imprevisto. Face às coisas novas, somos

permanentemente tentados a reconduzi-las, com rapidez, às

familiares coisas velhas.

Três movimentos

Page 19: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

20 Savana 18-12-2015OPINIÃO

A TALHE DE FOICE

SACO AZUL Por Luís Guevane

Por Machado da GraçaAAAAAAPPPPPP

Ainda que não seja a primeira vez

que o partido Renamo abando-

na a plenária da Assembleia da

República diante da presença

do mais alto magistrado da Nação, é caso

para se perguntar: será que esta forma

de luta adoptada pela Renamo é apelati-

va? Consegue despertar os seus alvos no

sentido de efectuarem as mudanças por si

desejadas?

Com Guebuza, aquando da apresentação

do Estado da Nação, uma das motivações

do abandono teria sido a questão da pa-

ridade partidária nos órgãos eleitorais. O

abandono fez com que a imagem ficasse

ainda mais desgastada do que estava. O

resultado é que não tivemos uma Comis-

são Nacional de Eleições profissionaliza-

A imagem conta!da mas sim partidarizada. A suposta vontade

de um diálogo político com Dhlakama domi-

nava de forma enfadonha os discursos.

Desta vez o Presidente da República, F. J.

Nyusi, também foi abandonado pelos depu-

tados da bancada da Renamo numa altura

importante para o País; num momento do seu

primeiro informe sobre o Estado da Nação.

A Plenária do Parlamento ficou assim, empo-

brecida. Foi uma retirada de vulto, um vazio

importante e um “golpe” indesejável para a

imagem do PR. Uma imagem que deve auto

sustentar-se na dinamização da relação entre

o “falar” e o “fazer”; uma dialética que seja cla-

ra e perceptível.

É claro que há fumo negro que ofusca a sua

imagem: a crise no campo político e militar

embaraça o ideal de inclusão que continua

com o rótulo de “promessa”; a questão do

Metical cuja derrapagem já não produz o

estrondoso e arrepiante chiar continua a ser

uma incómoda fumaça negra na nossa eco-

nomia onde se espera que medidas adminis-

trativas sejam substituídas por uma “verda-

deira produção”; o aumento do custo de vida

e a forma como em surdina o moçambicano

reclama é outro véu negro que aqui se junta.

Isto para não falar na “boa” gestão da intole-

rância política, na confusão entre humildade

e inoperância, na atitude de permissibilidade

do moçambicano diante do que se conside-

rou “fraude eleitoral” cujo desfecho parece ter

sido dúbio, tendo criado claramente tensão

política e militar no País, entre outros aspec-

tos. A imagem do PR é a do País. É preciso

defendê-la, mas tem que merecer essa defesa.

Cá entre nós: após a independência e no âmbito da exaltação do patriotismo mui-to se falou sobre as várias formas de luta que o povo moçambicano adoptou na sua luta contra a dominação colonial estran-geira. Defendia-se uma imagem carregada de patriotismo, de isenção, de intolerância contra a corrupção, de boas práticas de go-vernação, de luta cerrada contra os xico-nhocas, os candongueiros. Hoje temos novas formas de luta, novas formas de perceber o patriotismo e de lidar com o mesmo; hoje falamos de multipartidarismo, de Esta-do de Direito democrático, de luta contra a exclusão, etc. Hoje criticamos o chamado culto da personalidade. Queremos que haja meritocracia na produção da imagem.

Como tem acontecido desde que Filipe Nyusi foi colocado onde está, a perspectiva de mais um dis-curso deixou em mim alguma expectativa de que ele já fosse capaz de sacudir a água do capote e

assumir com determinação as suas funções. Obviamente

as minhas expectativas foram completamente frustradas.

A única diferença em relação ao anterior “filho mais que-

rido da Nação” foi que o actual “filho mais querido da Na-

ção” não acabou o seu discurso garantindo que o estado da

Nação é bom. Pelo contrário declarou-se insatisfeito com

os resultados conseguidos. Tudo o mais foi igualzinho.

De resto, uma coisa que me impressiona há anos é o facto

de um partido que se apresenta como “a força da mudan-

ça” conseguir não mudar coisíssima nenhuma. É obra!

Todo o resto do discurso foi o desfilar de todas as reali-

zações positivas do Governo e o escamotear de todos os

seus fracassos.

Referências à dívida externa insustentável? Nenhuma! À

dívida criminosa da EMATUM? Ainda menos! Recordar

a “contribuição para a Paz” que foram as emboscadas a

Dhlakama? Nem pensar! Referir a participação policial

nos raptos, na venda de partes do corpo de albinos, na

caça furtiva, no roubo de combustível ou em variados

assassinatos? Nada esteve mais distante das palavras de

Nyusi.

Como sempre, o diálogo foi indicado como o caminho

para a Paz. Só não foi explicado se favorece o diálogo o

facto de os deputados do partido Frelimo chumbarem

sistemática e liminarmente todas as propostas vindas das

bancadas da oposição. E não esqueçamos que Filipe Nyu-

si é, pelo menos teoricamente, o Presidente do partido

Frelimo.

Costuma-se dizer que é preciso que alguma coisa mude

para tudo continuar na mesma. Neste discurso mudaram

uns pouquinhos parágrafos no princípio. O resto...

Particularmente chocante a forma totalmente lambe-bo-

tas como a Presidente da Assembleia da República tratou

Filipe Nyusi, assinalando como todos os deputados esta-

vam honradíssimos com a presença dele no Parlamento.

Honra imediatamente desmentida quando umas boas

dezenas de deputados abandonaram a sala às primeiras

palavras do orador.

Diz-se também que quem não aprende com os erros co-

metidos está condenado a repeti-los. Só que os moçambi-

canos parecem condenados a ver a banda passar e a terem

que pagar as respectivas despesas.

Força da mudança? I. Uma norma legal que limita o exercício do direito fun-damental de acesso aos tribunais O nº 1 do artigo 33 da Lei nº 7/2014, de 28 de Fevereiro (Lei

que regula os Procedimentos Atinentes ao Processo Adminis-

trativo Contencioso – LPPAC) dispõe o seguinte: “Só é admissível recurso dos actos definitivos e executórios.” Nos termos do artigo 70 da Constituição da República de Mo-

çambique (Constituição) “o cidadão tem o direito de recorrer aos tri-bunais contra os actos que violem os seus direitos e interesses reconhe-cidos pela Constituição e pela lei.” A Constituição determina ainda

no artigo 69 que “o cidadão pode impugnar os actos que violam os seus direitos estabelecidos na Constituição e nas demais leis.” Por sua vez,

dispõe no nº 3 do artigo 253 que “é assegurado aos cidadãos interes-sados o direito ao recurso contencioso fundado em ilegalidade de actos administrativos, desde que prejudiquem os seus direitos.” De acordo

com estas disposições constitucionais não é necessário que o acto

seja definitivo e executório para se recorrer aos tribunais, incluindo

os administrativos.

O acto administrativo definitivo e executório apresenta-se como

um requisito ou pressuposto processual essencial para efeitos de

interposição de Recurso Contencioso e de Suspensão de Eficácia

dos Actos Administrativos nos tribunais administrativos contra

os actos que violam direitos e interesses dos cidadãos reconhe-

cidos pela Constituição e pela lei. O que revela que o legislador

ordinário estabeleceu uma condição ou limitação ao exercício do

direito fundamental de acesso à justiça administrativa nos casos

de actos não definitivos e executórios. Nestes casos, os tribunais

Administrativos não permitem que estes actos sejam recorríveis

e sempre indeferem os correspondentes processos, alegando que

antes de recorrer ao tribunal o cidadão deve seguir toda a estrutura

hierárquica da Administração Pública em causa até obter a última

palavra do superior hierárquico. Esta posição é contrário as nor-

mas supra e também a determinação constitucional, ao abrigo do

nº 1 do artigo 212, de que cabe aos tribunais assegurar os direitos e

liberdades dos cidadãos, bem como ao abrigo do artigo 214, de que

os tribunais, relativamente aos casos que lhes são submetidos a jul-

gamento, tem a prerrogativa de não aplicar leis ou princípios que

ofendam a Constituição. Os actos não definitivos e executórios,

se não forem impugnados hierarquicamente ou declarados ilegais

são válidos e eficazes mesmo quando violam direitos e interesses

e as vítimas perdem o direito de recorrer ao tribunal, pelo menos

nos casos dos actos anuláveis.

II. Desconformidade constitucional do nº 1 do artigo 33 da

LPPAC

Os actos, independentemente de serem administrativos, defini-

tivos e executórios ou de outra natureza, se violarem direitos e

interesses, os cidadãos tem o direito de recorrer aos tribunais e

impugnar tais actos de acordo com as disposições conjugadas do

nº 1 primeira parte do artigo 62, 69, 70 e nº 3 do artigo 253 todos

da Constituição. Estas disposições não carecem de emanação de

normas ordinárias para que sejam directamente exercidas, apli-

cáveis e vinculativas. Nas mesmas, o legislador constituinte não

classifica os actos que violam direitos e interesses dos cidadãos

como condição para o acesso aos tribunais. A classificação que

condiciona ou limita o acesso aos tribunais na matéria em questão

é feita apenas pelo legislador ordinário no nº 1 do artigo 33 da

LPPAC, sem nenhuma concordância constitucional, o que é juri-

dicamente incoerente.

Ora, nos termos do nº 4 do artigo 2 da Constituição “as normas constitucionais prevalecem sobre todas as restantes normas do orde-namento jurídico”, o que significa que nenhuma norma ordinária

se sobrepõe à Constituição e quaisquer limitações aos direitos e

liberdades fundamentais devem estar em conformidade com os

limites impostos pelo artigo 56 da Constituição.

Não existe, pois, fundamento constitucional que condiciona o re-

curso aos tribunais à prévia existência ou emanação de acto defi-

nitivo e executório como o faz a norma do nº 1 do artigo 33 da

LPPAC. Aliás, esta norma representa um esforço desnecessário do

Estado, através do legislador ordinário – Assembleia da República,

em não garantir o acesso dos cidadãos aos tribunais administrati-

vos nos termos da primeira parte do nº 1 do artigo 62 da Consti-

tuição, sob a epígrafe “Acesso aos Tribunais”, o que reforça a sua

natureza de norma legal inconstitucional.

III. Falta de activismo judicial no Tribunal Administrativo no

caso em apreço

Importa considerar que a Constituição determina que ao Tribunal

Administrativo compete, de entre outras matérias: “julgar as acções que tenham por objecto litígios emergentes das relações jurídicas admi-nistrativas”, conforme a alínea a) do nº 1 do artigo 230 e “julgar recursos contenciosos interpostos das decisões dos órgãos do Estado, dos respectivos titulares e agentes”, conforme alínea b) do mesmo artigo.

Destas normas, é fácil inferir que não há referência aos chamados

actos definitivos e executórios. Contudo, o Tribunal Administrati-

vo não se conforma com a Constituição ao aplicar a norma do nº

1 do artigo 33 da LPPAC.

Entretanto, a prática do activismo judicial pode ser uma solução

possível para a problemática de inconstitucionalidade que aqui se

levanta, no sentido do tribunal negar a aplicação da norma legal

da LPPAC em ataque com o fundamento de que os tribunais não

podem aplicar leis ou princípios contrários à Constituição nos

termos do artigo 214, devendo, com efeito, submeter o caso ao

Conselho Constitucional para que aprecie tal inconstitucionali-

dade. Aliás, é conhecida esta experiência no nosso ordenamento

jurídico pelo Acórdão nº 3/CC/2011, de 7 de Outubro referen-

te ao Processo 02/CC/2011 que declara a inconstitucionalidade

concreta do artigo 184 da Lei nº 23/2007, de 1 de Agosto (Lei

do Trabalho), por contrariar o artigo 70 da Constituição sobre o

direito de acesso dos cidadãos aos tribunais.

IV. Conclusão

Urge a interposição de uma acção de inconstitucionalidade por

quem tem legitimidade nos termos do nº 2 do artigo 245 da

Constituição e do artigo 60, da Lei n. 06/2006 (Lei Orgânica do

Conselho Constitucional), com vista a que se aprecie e se declare

inconstitucional a norma legal em questão.

*Advogado e defensor de direitos humanos

Possíveis soluções às barreiras legais no acesso à justiça administrativa em MoçambiqueJoão Nhampossa*

Page 20: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

21Savana 18-12-2015 PUBLICIDADE

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22 Savana 18-12-2015DESPORTO

A quinta edição da Gala do

Desporto, organizada se-

mana finda pelo Ministério

da Juventude e Desportos

(MJD) que, em princípio, devia

aglutinar o país desportivo, tornou-

-se num evento de discórdia, por

“falta de clareza nos critérios de

eleição dos melhores desportistas

do ano”. São diversas individuali-

dades ligadas à área desportiva que

criticam o Instituto Nacional do

Desporto (INADE), organizador

do mesmo, pela forma como este foi

organizado.

Francisco Faquir, treinador, é a cara

dessa insatisfação. Em causa está o

prémio de melhor treinador do ano,

atribuído a Bernardo Matsimbe,

treinador da equipa sénior do Des-

portivo de Maputo.

O técnico de Edmilsa Governo,

Maria Muchavo, Denise das Dívi-

das, Hilário Chavele e companhia

considera-se o maior injustiçado

deste processo e dos últimos anos.

Segundo Faquir, não se pode atri-

buir o prémio de melhor treinador a

uma pessoa que tenha ganho apenas

as competições internas, enquanto

há outras que conquistaram compe-

tições internacionais e em represen-

tação do país.

“Gostava de saber qual foi o critério

usado para a escolha do treinador do

ano. Se foi a conquista do campeo-

nato da cidade de Maputo e o na-

cional, então o júri foi maldoso, por-

que não houve verdade desportiva.

Entre quem faz entoar o hino na-

cional no estrangeiro e quem ganha

o campeonato da cidade e campe-

onato nacional, quem é o melhor?”,

questiona Faquir, acrescentando: “se

as galas do desporto se baseiam nos

campeonatos da cidade e nacional,

então há muitos treinadores que fi-

caram de fora”.

Na noite em que Bernardo Mat-

simbe ganhou o prémio de melhor

treinador, a sua atleta, Edmilsa Go-

verno, conquistou o de melhor atleta

feminina do ano e de melhor atleta

paralímpica e Denise das Dívidas

foi considerada a atleta revelação.

Devido aos prémios das suas atle-

tas, Faquir questiona se estes pré-

mios não são proporcionais ao do

seu treinador, porque “por detrás

daqueles prémios, tem alguém que

prepara”.

“Se Edmilsa Governo ganhou o

prémio de melhor atleta do ano, sig-

nifica que eu fiz com que ela fosse a

melhor. Ou seja, eu também sou o

melhor”, explica.

A indignação de Francisco Faquir

não está apenas no facto de Bernar-

do Matsimbe ter ganho o galardão,

mas também pelo facto de o prémio

desta categoria ser atribuído aos

treinadores de basquetebol, refe-

rindo-se aos três anteriores prémios

conquistados por Nazir Salé.

“Primeiro foi Nazir Salé que ganhou

por três vezes, embora tenha sido

com mérito. Agora é o seu adjunto?

Será que os melhores treinadores

só existem no basquetebol? Qual é

a modalidade que fez Moçambique

Gala do Desporto-2015

Um evento onde reinou a promiscuidade!Por Abílio Maolela

entoar o seu hino nacional nos Jogos

Africanos? Nos Jogos do SCASA?

Nos Jogos da CPLP? No ano pas-

sado, fizemos entoar 11 vezes o hino

nacional e o basquetebol?”, questio-

na a fonte.

“O júri foi mais de basquetebol que

do desporto. Sinto-me profunda-

mente magoado. Fui 100% injusti-

çado”, declara.

Para aquele técnico, a medalha de

ouro e de prata conquistadas nos

Jogos Africanos; as três medalhas

de ouro, quatro de bronze e uma

de prata, conquistadas em Seul e a medalha de bronze, no Qatar, são mais do que suficientes para ser eleito melhor treinador do ano, um prémio que, segundo ele, merece há muitos anos.“Há muito tempo que Moçambi-que não ouvia seu hino nos Jogos Africanos, mas com o atletismo pa-ralímpico ouviu neste ano. De 2012 para cá, a maior parte das conquistas do nosso país são do atletismo para-límpico. Neste ano batemos quatro recordes africanos e eu sou o treina-dor destes atletas”, diz a fonte.Questionado se teria reclamado o prémio junto do INADE, institui-ção que promove o evento, a fonte disse que não o fez e prefere a co-municação social, porque, primeiro, “é esta que tem abraçado a nossa causa” e, segundo, “é a única forma do povo saber quem ele é”. “Isto é uma forma de cortar as per-nas aos que trabalham para colocar o país no mapa desportivo mundial. Antes de dar a cara nesta modali-dade, ninguém apostava nela. Gastei muito dinheiro para pagar transpor-te e lanche aos atletas para darem alegria ao país, mas estamos a ser desmoralizados. Que moral terei, se me tratam assim? Mas, ainda vou continuar a trazer medalhas para este país, tanto nos Jogos da CPLP,

SCASA e os Jogos Paralímpicos de

2016”, reitera.

Acrescenta, ainda, que a sua equipa

encontra-se em preparação, para a

época 2016, mas enfrenta proble-

mas no que tange ao transporte e

lanche e está à espera de uma ajuda,

de quem é de direito e quem sente

por esta equipa.

Continuando com a sua reclama-

ção, Francisco Faquir considera que

a eleição dos melhores desportistas

do ano deve envolver a comunicação

social, que acompanha o desporto

no seu dia-a-dia; uma individuali-

dade ligada ao MJD e também os

presidentes da Federações.

Actualmente, os “melhores” des-

portistas moçambicanos são eleitos

por um júri, indicado pelo INADE.

Para este ano, o júri foi composto

por oito membros, provenientes de

diversas modalidades desportivas,

com destaque para o futebol, bas-

quetebol, andebol e atletismo.

Penalva César, Amade Mogne, Ar-

naldo Ouana e Rui Albazine são

alguns dos nomes que constituíam

o júri indicado pelo INADE para

escolher os melhores de 2015.

Mais críticas... Francisco Faquir não é o único, que

pede justiça nas Galas do Desporto.

Diversas individualidades da arena

desportiva criticam os moldes pelos

quais a Gala do Desporto é organi-

zada.

A principal crítica incide sobre os

critérios que norteiam a escolha dos

finalistas do evento. A presença do

capitão dos “Mambas”, Dominguez,

entre os atletas populares de 2015

e da ex-capitã das “Samorais”, De-

olinda Ngulela, entre as melhores

atletas femininos do ano, é também

alvo de críticas.

O jogador de Bidvest Wits, da

África do Sul, não esteve nos seus

melhores anos, principalmente com

a sua difícil e polémica saída do

Mamelodi Sundowns. Ao serviço

da selecção nacional, Dominguez

efectuou quatro jogos, tendo perdi-

do três.

Devido a este aspecto, a presença

deste atleta na lista é vista como

uma forma de o Estado presenteiá-

-lo pelo que já fez ao serviço da se-

lecção nacional, sem que o Governo

tivesse lhe reconhecido à “altura”.

Na mesma senda, os críticos avan-

çam que, após a nomeação de Ana

Flávia Azinheira ao cargo de Vice-

-Ministra da JD, é hora de o gover-

no presentear a base moçambicana,

Deolinda Ngulela, pelo que também

foi inclusa na lista.

Mas, a verdade é que a par de Do-

minguez, Deolinda Ngulela teve

uma época para esquecer. Abraçou

novo projecto, no qual foi indicada a

treinadora-jogadora, tendo perdido

o campeonato da cidade e o nacio-

nal a favor do Ferroviário de Mapu-

to. Pela selecção, também ficou sem

história para contar, após terminar

na sexta posição, uma das piores de

sempre.

Se uns reclamam presenças, ou-

tros reclamam ausências. Uma das

mais reclamadas é a do treinador

da equipa sénior de basquetebol

do Ferroviário de Maputo, Leonel

Manhique, que a par do seu colega

do Desportivo de Maputo, também

conquistou o campeonato da cidade

e o nacional.

“As pessoas levantam polé-micas, onde elas não exis-tem”, Bernardo MatsimbeContactado pelo SAVANA para co-

mentar em torno da contestação

do seu prémio, Bernardo Matsimbe

disse, primeiro, não saber se valia a

pena comentar acerca da polémica,

mas de seguida afirmou: “respeito a

opinião dele, mas não posso dizer

mais nada”.

“Não sei quem é que votou e quais

foram os critérios usados para essa

votação. Acho que as pessoas gos-

tam de levantar polémicas, onde

elas não existem. Ele deve pedir

quem foi o membro do júri”, referiu.

“As pessoas não acompa-nham a Gala do início ao

O Director-Geral do INADE, António Munguambe, afirma que o processo de eleição dos melhores do ano obedece um procedimento rígido.“O primeiro passo é a candidatura. As federações é que apresentam os seus candidatos aos diversos pré-mios (atleta revelação, atleta do ano em masculino e feminino e treina-dor do ano). Daqui, o processo é entregue ao júri, que é composto por pessoas idóneas. Eles é que de-cidem, através de uma votação. Esta votação é alvo de uma auditoria por uma empresa (BKSC) e o resultado da auditoria é aquele que é revelado no dia da Gala”, justificou.“O problema da Gala é que as pes-soas não acompanham a mesma do início ao fim”, sentenciou.

A Gala do Desporto já não é um evento de aglutinação

Bernardo MatsimbeFrancisco FaquirAntónio Munguambe

O actual presidente da

Federação Moçam-

bicana de Futebol

(FMF), Alberto Si-

mango Júnior, e o da Federação

Moçambicana de Atletismo

(FMA), Shafee Sidat, acabam

de ser distinguidos pelo Clube

Pássaro Azul, com sede na ci-

dade da Beira e representações

em algumas províncias e ainda

África do Sul e Portugal, como

os melhores dirigentes do ano.

As duas figuras foram distin-

guidas na 11ª gala realizada,

Simango Jr. e Shafee distinguidosesta semana, na Maxixe, capital

económica da província de Inham-

bane.

Simango Júnior conquista o galar-

dão pela segunda vez consecutiva

e, de acordo com os organizadores,

terá pesado para tal distinção a ma-

neira exemplar como dirigiu a Liga

Moçambicana de Futebol (LMF) e

que culminou com a introdução da

Taça da Liga BNI, a terceira mais

importante competição futebolísti-

ca nacional.

Por sua vez, Shafee Sidat foi dis-

tinguido pelo seu empenho na

construção de sedes para as

associações provinciais de

Atletismo, uma aposta do seu

manifesto eleitoral que está

sendo integralmente cumpri-

do. Igualmente, a Federação

Moçambicana de Atletismo

foi distinguida como a melhor

do ano, sendo que João Matola,

PCA do BNI, foi também dis-

tinguido como figura do ano

pela maneira como contribuiu

para o sucesso da liga BNI,

competição ganha pelo Ferro-

viário de Nacala.

Page 22: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

23Savana 18-12-2015 DESPORTO

Estão abertas candidaturas para o ano lectivo de 2016 nos seguintes cursos: I.MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO (AGE) II. MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO CURRICULAR E INSTRUCIONAL

-

III. MESTRADO EM EDUCAÇÃO DE ADULTOS (EA)

-

sociais.

ORGANIZAÇÃO DOS CURSOS

-

-

VAGAS O número de vagas disponíveis é de 25 para cada curso.

CONDIÇÕES DE ADMISSÃO Os candidatos devem produzir e submeter um projecto de pesquisa sobre um tema

submetidos a uma entrevista.

-

documentos entregues no acto de candidatura.

PROCESSO DE CANDIDATURA -

uem.mz). -

Os processos de candidatura devem ser instruídos com os seguintes documentos:

-

MATRÍCULAS

Registo Académico da UEM.

-datos admitidos deverão apresentar:

INSCRIÇÕES E PROPINAS

sujeito ao pagamento de:

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Email: [email protected]

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

MESTRADOS EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

Terminou, no último domin-go, a terceira edição da Copa 2M, em futebol de praia, uma prova ganha pelo Bravos Fu-

tebol Clube, ao derrotar na final a

equipa de Tau-Tau por 4-0. Âncora

Beach Club ficou na terceira po-

sição, após vencer a Colectividade

Amigos da Praia por 5-3.

Para além dos prémios colectivos, a

Copa 2M premiou, igualmente, os

que se destacaram individualmen-

te. Silvestre Homoco, da equipa do

Tau-Taua FC, conquistou os pré-

mios de melhor marcador e jogador,

enquanto o guarda-redes menos ba-

tido da prova vem do Bravos FC.

Fabiana Parreira, Directora de Ma-

rketing da Cervejas de Moçambique

(CDM), descreve a terceira edição

da COPA 2M como “um evento

muito positivo, pois para além de

mais um excelente torneio conse-

guimos sensibilizar os banhistas

para manterem a praia limpa. Este

era um dos principais objectivos da

Copa 2M”.

A fonte acrescenta: “continuará a

manter o interesse neste campeona-

to para o próximo ano”.

Copa 2M chega ao fim!

A terceira edição da Copa 2M, em

futebol de praia, teve seu início a

03 de Outubro e, durante semanas,

aqueceu a Praia da Costa do Sol, lo-

cal das provas.

Como é usual na Copa 2M, não fal-

taram as jogadas emocionantes, os

golos imprevisíveis e as defesas es-

pectaculares que levaram ao rubro,

semana após semana, os inúmeros

espectadores que marcaram presen-

ça nos jogos e que puderam, ainda,

testemunhar a elevada qualidade dos

jogos e o fair-play demonstrado den-

tro e fora da arena da Costa do Sol.

A esta competição desportiva fica-

ram também associados temas ac-

tuais e da maior importância como

a preservação do meio ambiente e

a limpeza da praia, visto que foram

desenvolvidas diversas acções de

educação cívica sobre a importância

do ambiente, actividades de limpe-

za da praia, bem como a colocação

de contentores de lixo adicionais ao

longo da praia.

Bravos FC, exibindo o cheque gigante

A Liga Moçambicana de

Futebol (LMF) convo-

cou, para próximo dia 28

de Dezembro (segunda-

-feira), a segunda Assembleia-

-Geral Extraordinária com o ob-

jectivo de discutir a alteração de

número de clubes participantes

LMF convoca AG para discutir o aumento de clubes

no Moçambola de 2016, passan-

do dos actuais 14 para 16.

Este foi um dos cavalos de bata-

lha de Ananias Couane, durante

a sua candidatura à presidência

daquele órgão, e esta Assembleia-

-Geral foi convocada com vista a

realizar a sua primeira promessa.

Escorpião

Page 23: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

24 Savana 18-12-2015CULTURA

Por Luís Carlos Patraquim

74

“Nunca conheci quem tives-

se levado porrada. / Todos os

meus conhecidos têm sido

campeões em tudo.” Álvaro de

Campos, Poema em Linha Recta

Não gosto de contrariar os poetas ou

que eles escrevem… já que são uns

fingidores e pode ser enorme a dis-

tância que vai deles ao que nos dão

a ler.

O poema do Álvaro é nice. Vá lá sa-

ber-se, talvez por distracção, o dan-

dy que andou pelas Escócias e que

nasceu em Tavira, dois anos depois

de Fernando Pessoa, morreu com o

ortónimo, fez agora oitenta anos, a

30 de Novembro de 1935. Ricardo

Reis foi despachado para o Brasil.

Reaparecerá com Saramago mas já

estamos no domínio da vera ficção.

Caeiro irrompe em 1914 e torna-se

uma evanescência ou uma influência

pairando, o Mestre que se impôs na-

quele 8 de Março triunfal de 1914.

Só repito o que disse o Fernando em

carta a Adolfo Casais Monteiro.

Porreiríssimo é o engenheiro Álva-

ro! E que aparente grande verdade!

A de não conhecer ninguém que

tenha levado porrada! Lamento

desmenti-lo, eu conheço. Chama-se

Afonso, mora na parte incerta e aca-

ba de anunciar pela enésima vez que

vai aparecer. Perguntar-se-á: e para

quê? Para dar porrada, claro!

Num tour d’horizon vagamente fi-

lológico, porrada é um substantivo

feminino, considerado lexicalmente

“pouco poético”. Se referido à culi-

nária, designa qualquer guisado em

que entrem alhos-porros. A palavra

é constituída pelo radical porro (pau

comprido e arredondado) mais o

sufixo “ada”. De porro a porra, essa

interjeição de todos os dias, esse de-

sabafo, esse desalento diante do des-

concerto do mundo, vai a respiração

desta crónica.

Ficássemos pelo guisado, embora o

costume mais genuíno seja o “água

e sal”, e este escrevinhador estaria a

discorrer sobre o clima. A conferên-

cia de Paris acabou agora e perspec-

tiva-se um aumento de vendas de

termómetros, electrónicos, obvia-

mente! O mercúrio intoxica!

Já agora – e desculpem o excur-

so, antes que a porrada aconteça -,

fica-se com a impressão, ouvindo

os protagonistas do COP 21, que

o novo Iluminismo para África é a

Electricidade. Vão considerar um

delírio mas tanta ênfase fez-me

lembrar o velho Lenine, depois das

Teses de Abril e do assalto ao Palá-

cio de Inverno, quando afirmava que

o socialismo era os sovietes mais a

electricidade. Sabemos que nem os

conselhos sobraram, logo diluídos

na máquina centralista-democrática

do Partido (convém escrever com

PORRADAmaiúscula). Mas isto é um aparte

e a Renascença Africana fica para

outro dia até porque foi prometido

uma porrada de dólares e a malta

está à espera.

Não me parecendo que o Afonso

ande preocupado com iluminis-

mos ou renascimentos, abstenho-

-me de discorrer sobre hipotéticos

enciclopeditas nossos, os hodiernos

Condorcert, Rousseau, Voltaire,

Montesquieu. Eles existem mas

preferimo-los no exílio a mais das

vezes. Deve ser por causa da por-

rada.

Como o substantivo, com sono-

ridades bem sugestivas, vem de

porra, cacete, porrete pau, catatau,

e se apresta às mais lúbricas ou

malandrecas derivações, as hipó-

teses do cansaço afonsino podem

ser as mais variadas. Não me atre-

vo a especular. Atenho-me só ao

que disse. E a afirmação é de uma

clareza meridiana: farto de levar

porrada, o Afonso recolheu à par-

te incerta. Agora, munido de pau.

“comprido e alongado”, ameaça vir

a terreiro brandir o seu e começar à

cacetada. É de homem! Mais ain-

da quando, ao contrário de Caeiro,

confessa que levou com ele, o pau.

E se fartou. E vai arremeter agora,

em riste, porque o país é um cor-

panzil que está mesmo a pedi-las e

ele está zangado. Não será a guerra,

garante. Só pau, o pau castigador, a

porrada que se impõe.

É triste. Um Afonso devia, na or-

dem do discurso, estar ao nível do

papel de que se julga investido.

Churchill, por exemplo, foi o pa-

drinho da banda Blood, Sweet and

Tears que actuou em Woodstock.

Lincoln fez o discurso da democra-

cia em Gettysburg. Napoleão pro-

clamou, diante das pirâmides do

Egipto: “Do alto destas pirâmides

quarenta séculos vos contemplam”.

César, no Rubicão, lançou o famoso

alea jacta est, cuja versão em fran-

cês nos Casinos de Monte Carlo é

“les jeux sont faites”. Ora, o Afonso

anuncia porrada. É mau. Ainda por

cima quando a electricidade está

a faltar, a crise cambial é o barco

bêbado que se conhece, o pão e os

chapas arriscam-se a serem produ-

tos e serviços de luxo, a política é

uma camisa de onze varas e o bom

e magnífico rio Zambeze não está

onde corre para ser uma fronteira.

Que o Afonso e os outros, todos a

querem ser campeões em tudo, não

façam como quando éramos miú-

dos, no jogo do berlinde junto ao

muro. Já algumas pilecas tiniam nos

bolsos, as leiteiras eram incensadas

na vozearia da tarde quando chega-

va o esquinado detentor dos gula-

-gulas, surripiando-nos a vitória,

agora crepuscular.

O grupo Ghorwane realiza nesta sexta-

-feira,18 de Dezembro, no Coconuts

Live, o concerto de lançamento do

novo trabalho discográfico intitu-

lado Kukavata. Para o evento, os Ghorwane

contam com convidados como Mingas, Xi-

dimingwana, Sheila Jesuíta, Cheny wa Gune,

DJ Ardiles e Mr Bow. A essência do espectá-

culo tem dois pilares: celebrar condignamen-

te 32 anos dos “Bons Rapazes” e apresentar a

nova obra deste “lago que nunca seca”.

Sobre o disco, o prefaciador do álbum, Fili-

mone Meigos, entende que Kukavata é uma

manifestação de júbilo, ocasionada por qual-

quer coisa de bom, óbvio, que contenta. Este

álbum oferece-nos muitos motivos de con-

tentamento.

De acordo com o mesmo articulista, Ghorwa-

ne, enquanto grupo, esgrime a grandeza e

consistência do lago, localizado na província

de Gaza, pois, conseguiu permanecer na es-

trada até aos dias de hoje. “De facto, já lá vão

32 anos que esta banda faz jus ao seu nome.

O Ghorwane continua cheio de água para

matar a sede de muitos e tantos, nos quatro

cantos do mundo”, afirma Filimone Meigos.

Em “Kukavata”, os Ghorwane continuam fi-

éis ao seu muthimba, entretanto, agregam so-

noridades recentes, aprumando novas vozes

e diferentes executantes de música. No seu

Kukavata é nova era do Ghorwane

texto sobre o grupo, Meigos recorda que “a

faixa 9 - Amor é fogo, é a resposta da banda a

um desafio que lhes foi posto quando do fes-

tival de Oeiras, em Portugal, em 2012. Foi-

-lhes pedido, na ocasião, que cantassem um

texto de Luís de Camões. Os “bons rapazes”

puseram as mãos à obra e cantaram o poeta-

-mor luso que nos assevera que o amor é um

fogo que arde sem se ver. Claro que o refrão

do número mantém o sentimento e o swing

local do nosso Lirandzo”, acrescenta.

A essência da banda Ghorwane mantém-se,

contudo, juntam-se como convidados no ál-

bum: Childo Tómas no baixo, Sheila Jesuíta e

Flash Ency emprestam as qualidades vocais.

David Macuácua, membro da banda, actual-

mente radicado Espanha, dá os seus présti-

mos neste novo projecto do agrupamento.

A surpresa, que não chega a ser, efectivamen-

te, é o tema Mabokwanhane, da autoria dos

trompetistas irmãos Baza, cantada pelos pró-

prios. Contribuem nos metais o saxofonista

Fox dos Kassav. Para condimentar o prato, DJ

Ardiles e Cheny Wa Gune dão o ar da sua

graça. Por isso podemos sentir o piri-piri nos

pratos servidos à mesa de misturas.

A personalidade da banda está lá. Sente-se a

linha melódica de Roberto Chitzondzo, na

recriação de composições dos saudosos: Zeca

Alage e Pedro Langa, o que mantém a coluna

vertebral do conjunto. A.S

A Fundação Fernando Leite Couto inaugurou, nesta quinta-feira, 17 de Dezembro corrente, a exposição fotográfica intitulada 40 anos do

fotojornalismo. São fotografias memoráveis,

desde os saudosos ícones do fotojornalismo

Ricardo Rangel e Kok Nam, em homena-

gem, em que estão patentes fotografias dos

consagrados João Costa, Alfredo Mueche,

Naíta Ussene e a jovem guarda com Mauro

Vombe e Inácio Pereira.

Em mensagem alusiva a esta exposição, o

Presidente da Fundação Fernando Leite

Couto, o escritor Mia Couto, referiu: “uma

parte da nossa riqueza vem do retrato que o

fotojornalismo foi criando de Moçambique

Exposição 40 anos de fotojornalismo na FFLC

ao longo destes 40 anos de Independência.

O que os nossos fotógrafos fizeram foi criar

uma imagem feita de mil imagens, construí-

das à luz e sombra, numa obra feita a incon-

táveis mãos”.

Ainda à boleia do texto de Mia Couto “esta

exposição é uma homenagem aos trabalhos

desses que, por via do seu olhar, nos ensina-

ram a ver melhor que somos”. São referên-

cias incontornáveis do fotojornalismo: Sér-

gio Santimano, Celeste Mac-Arthur, Jorge

Ataíde, Carlos Bernardo, Albino Mahumane,

Sérgio Costa, César Bila, Amadeu Marren-

gula, Luís Muianga, Armando Munguambe,

Felisberto Laíce, Jerónimo Muianga os sau-

dosos Isidro Pascoal e Alírio Joel Chiziane.

A.S

Os “bons rapazes” prometem um concerto memorável

Page 24: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

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SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1145 DE DEZEMBRO DE 2015

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SUPLEMENTO2 3Savana 18-12-2015Savana 18-12-2015

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27Savana 18-12-2015 OPINIÃO

Abdul Sulemane (Texto)

Naita Ussene (Fotos)

Tornou-se normal no nosso dia-a-dia encararmos situações em que

as pessoas estão a registar alguma coisa com a câmara dos seus tele-

móveis. Actualmente temos possibilidade de registar algo com que

nos deparamos e achamos digno de registo. Em qualquer lugar em

que nos encontramos. Quantas imagens vemos difundidas através das redes

sociais? É de perder a conta.

É um hábito que já faz parte das nossas vidas. Graças à tecnologia. Procu-

ramos registar todos os momentos que julgamos dignos de registo. Embora

existam cenários que na minha opinião não são dignos de registo. Às vezes,

essas imagens, quando partilhadas nas redes sociais, são motivo de grandes

discursões, onde cada um procura defender a sua ideia sobre as mesmas.

Quando falamos da privacidade por exemplo, começamos a questionar onde

é o limite da privacidade de um indivíduo?

Por acaso não é um assunto que gostaria de retratar neste informal. O que

gostaria de falar desta vez é sobre aqueles momentos em que nos depara-

mos com uma situação que nos desperta algo, que gostaríamos de partilhar

com os outros. Aqueles que por algum motivo não têm possibilidade de

partilhar essas imagens. Foi o que fez é faz sempre o fotojornalista Naíta

Ussene, quando registou o momento em que o ex-Presidente da República,

Armando Guebuza, regista algo, com auxílio da câmara do seu telemóvel.

Pelo olhar fixo e sorridente da deputada e chefe da bancada da Frelimo na

Assembleia da República, Margarida Talapa, parece que está a admirar a

atenção que o fotojornalista do SAVANA teve.

Como o fotojornalista não gosta de perder algumas imagens também encon-

trou o jornalista e assessor do Primeiro-Ministro, José SixSpence, também

a registar algo. Esta coisa de registar momentos tornou-se algo mecânico.

O movimento de tirar o telemóvel e registar algo tornou-se um comporta-

mento mecânico.

Há situações que algumas vezes não nos deixam à vontade. Por exemplo

quando ouvimos alguém a dizer algo com que não concordamos, procuran-

do a todo o custo convencer-nos, chega a fase em que procuramos mostrar

que não concordamos com o que diz. Mesmo com a prerrogativa de respei-

tar a opinião do outro. Pelo semblante do assessor do jornal Notícias, Ro-

gério Sitoé, o que disse o Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário,

não convenceu.

A linguagem do olhar desencadeada no diálogo acima despertou alguma

atenção. Como não é para menos despoletou um olhar acompanhado de um

comentário discreto do Presidente da Comissão Executiva do banco Moza,

Ibrahim Ibrahim, que despoleta uma gargalhada ao PCA do Banco Nacio-

nal de Investimentos, Tomás Matola.

É preciso testar tudo o que vai à boca para não passar por uma situação

constrangedora. Não é por acaso que o Administrador da HCB, Manuel

Tomé, observa atentamente o que tem na mão antes de levar à boca. Analisa

exaustivamente se vai degustar do aperitivo que tem na mão. A situação

deixou o jornalista e PCA do MediaCoop, Fernando Lima, com um olhar

concentrado. Perguntamos se essas imagens são dignas registo? Deixamos

ao critério do leitor.

É digno de registo?

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IMAGEM DA SEMANA

À HORA DO FECHOwww.savana.co.mz o 1145

Diz-se... Diz-se

Foto Naíta Ussene

Obrigações da EMATUM podem ser convertidas em dívida soberana

O governo de Moçambique

está a negociar com cre-

dores internacionais para

a conversão do emprésti-

mo de 350 milhões de dólares da

facto que iria aliviar a amortização

-

ros.

De acordo com o Danske Bank

curso com vista à conversão das

iria aliviar as autoridades moçam-bicanas das amortizações semes-

é obrigado a desembolsar para os credores.Esta modalidade permitiria a Mo-

-cio da venda do gás natural lique-

-tar melhor posicionado para cum-

dos credores.Moçambique está a enfrentar uma

-

ço de alguns dos seus principais

-

Banco de Moçambique aumentou

-

liquidez em 150 pontos base para

o dinheiro que empresta aos bancos

comerciais.

-

-

cerca de dois meses. “Por essa altu-

-

a sua primeira iniciativa nos prin-

-

dedicadas à causa pública. Como aconteceu ao cobrador de

impostos …

tal instituição das participadas e não meras correias de trans-

contra a maré …

uma conta que os gringos puseram à disposição no centro-

-norte de Moçambique e que deu para fazer algumas estradas

gringos decidiram mostrar que não gostam dos sistemáticos

-

-

-

-

solidariedade dos seus assalariados – não precisam ir à bomba

directa …

enchem de frases feitas os programas televisivos patrocinados

porra da vela às quatro da manhã è que estragou tudo. Como

aquele politico beirense que queria ver a fuga no tanque de

a súbita paragem do gerador portátil que abastecia o seu “rave

-

Chitima. Pobreza mata muito mesmo…

-

bebotismo vão por luto pela morte de um dos seus escribas.

Em voz baixa-

-

para que se estudem as medidas do nóvel presidente Mugu-

-

disse numa sessão do Parlamento

que o governo iria tentar renego-

ciar o prolongamento da amorti-

altura calculada em 350 milhões de

foi assumida pelo Estado.

-

tros detentores das obrigações da

uma unidade da maior seguradora

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Savana 18-12-2015EVENTOS

1

o 1145

EVENTOS

A Escola Primária Com-pleta de Chissano, no posto administrativo de Chissano, distri-

to de Bilene, na província de Gaza, conta desde esta segun-da-feira com mais 75 carteiras escolares, oferecidas pela Ode-brecht, no âmbito do programa “Amigos da Educação” do Mi-nistério da Educação e Desen-volvimento Humano.

Uma fonte ligada à construtora

brasileira afirma que estas car-

teiras constituem o primeiro

lote de um total de 1.600 que a

Odebrecht vai entregar de for-

ma faseada, até o próximo ano,

sendo 500 destinadas à provín-

cia de Gaza e as restantes 1.100

Escolas de Gaza e Zambézia recebe carteiras da Odebrechtà da Zambézia, centro de Moçam-

bique.

A oferta destas carteiras, por parte

da Odebrecht, acrescenta a fon-

te, enquadra-se na sua filosofia de

actuação no mercado, que tem a

formação e capacitação das pesso-

as como elementos fundamentais

para o desenvolvimento das comu-

nidades, em particular, e do País,

em geral, sendo que isso passa pela

melhoria das condições de ensino e

aprendizagem.

“Acreditamos que um país cresce,

efectivamente, quando o seu povo

cresce junto, e isso passa pela me-

lhoria na qualidade da educação

escolar de base. Apostando nas

pessoas, podemos desenvolver as

comunidades, por isso não hesitá-

mos em participar neste programa

(Amigos da Educação) do Minis-

tério da Educação e Desenvolvi-

mento Humano”, explicou Miguel

Paiva, director de Relações Públi-

cas e Institucionais da Odebrecht.

Com estas carteiras, a Odebrecht

espera que “as mais de 300 crian-

ças beneficiárias da Escola Primá-

ria Completa de Chissano possam

aprender a ler e escrever, em condi-

ções adequadas e condignas, pois só

assim é que poderão ter resultados

positivos. Assim, estamos a criar

condições para que, no futuro, elas

possam ajudar a desenvolver o País,

através do seu envolvimento em

diversas áreas de actividade. Todo

o assunto que for prioridade para

o País, a exemplo da educação, terá

sempre a nossa melhor atenção”,

afirmou ainda Miguel Paiva.

A cidade de Maputo aco-lheu, na última quinta--feira, a gala de divul-gação dos resultados da

décima sétima edição das 100

melhores empresas de Moçambi-

que, uma pesquisa realizada pela

KPMG-Moçambique. Dentre

as várias empresas selecionadas,

destaca-se a Mozal – Mozambi-

que Alumunium– como sendo a

empresa que mais dinheiro mo-

vimenta no país, com mais de 30

biliões de meticais.

Falando na ocasião, o primeiro-

-ministro de Moçambique, Carlos

Agostinho do Rosário, afirmou

que esta pesquisa constitui actu-

almente um dos valiosos instru-

mentos que analisa a evolução das

empresas que operam no mercado

moçambicano, formulando ilações

sobre o seu desempenho, tomando

em consideração algumas variáveis

económicas e sociais.

Conhecidas as 100 melhores empresas de Moçambique

“Saudamos esta decima sétima

edição das 100 Melhores empresas

de Moçambique, pela disponibili-

dade e vontade de contribuir para

o ambiente de negócios através do

fornecimento de informação esta-

tística sobre os resultados das suas

operações económicas e financei-

ras”.

Mais adiante, do Rosário enfati-

zou: “encorajamos as empresas a

apostarem nas ligações com activi-

dades económicas, principalmente

na agricultura, nas indústrias e tu-

rismo”, apelou .

Por seu turno, Filipe Manjate, di-

rector-geral da KPMG-Moçam-

bique, disse que a pesquisa reflecte

os esforços das empresas que acre-

ditam no desenvolvimento do país,

aproveitando as oportunidades e o

ambiente de negócios. “O projecto

iniciado em 1998 é hoje reconhe-

cida pela valiosa contribuição que

faz na análise do comportamento

das empresas no mercado moçam-

bicano”, vincou.

Na cerimónia foram premiadas as

empresas Mozal e Petromoc que

movimentam cerca de 32 biliões e

18 bilioes de meticais respectiva-

mente, sendo as maiores empresas

do país. A Electricidade de Mo-

çambique (EDM) passou do séti-

mo lugar, na edição passada, para

o quarto na presente. A Cervejas

de Moçambique desceu do quarto

para quinto, ao passo que a Hidro-

eléctrica de Cahora Bassa (HCB)

manteve-se no sexto.

A HCB, Mozal, CFM e EDM

lideram as 10 Maiores Empresas

em termos de capitais próprios. O

Millennium Bim e a Sasol Petro-

leum Temane ocupam os lugares

cimeiros, em resultados líquidos.

Enquanto isso, o ranking das Mé-

dias Empresas com maior volume

de negócios é liderado pelo Fórum

Hotéis e Turismo, Levas Flores e

Tecnicol Moçambique, em pri-

meiro, segundo e terceiro lugares,

respectivamente. (E.C)

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Savana 18-12-2015EVENTOS2

O Centro de Formação Profissio-

nal de Vilankulo, uma instituição

da FDC (Fundação para o Desen-

volvimento da Comunidade), loca-

lizado no Município de Vilankulo,

Província de Inhambane, sul de

Moçambique, acaba de graduar

mais 57 quadros, naquilo que foi a

11ª cerimónia desde que entrou em

actividades.

Com objectivo principal de formar

jovens das comunidades locais nos

diversos cursos profissionalizantes,

o Centro de Formação Profissional

de Vilankulo já graduou um total

de 636 jovens em diversas especia-

lidades, desde o início das activida-

des, em Maio de 2010.

Uma nota enviada à nossa Redac-

ção indica que na cerimónia do

passado 10 de Dezembro corrente

foram graduados 57 formandos

(sete mulheres) distribuídos nas em

especialidades como pedreiros (08),

Canalizadores (14), Ladrilhadores

(07), Electricistas (14), Informática

(08) Serralharia (06).

“Estes formandos foram munidos

de conhecimentos teóricos-práticos

FDC gradua mais jovens em Vilankulo

nas diferentes áreas, tendo lhes sido

privilegiada a parte prática, pois é

objectivo do centro profissionalizar

os jovens para que possam contri-

buir como mão-de-obra qualifi-

cada no desenvolvimento do Dis-

trito e da Província no Geral bem

como na criação de auto emprego

garantindo deste modo o sustento

familiar e a consequente geração de

renda”, enfatizou Ângelo Xerinda,

director do Centro.

A mesma fonte indicou que a for-

mação teve a duração de seis meses,

tendo os jovens sido dotados em

habilidades de saber fazer.

Na cerimónia de graduação pre-

sidida pelo administrador de Vi-

lankulo, na presença do membro

do Conselho de Administração da

FDC, Arnaldo Lopes Pereira, fo-

ram entregues aos graduados kits

contendo materiais básicos, para

que possam iniciar as suas activida-

des de auto emprego.

“Com este acto, a FDC apoia, atra-

vés deste centro, as acções do Go-

verno na disseminação da forma-

ção profissional, contribuindo deste

modo, para o apoio na geração de

renda através da Profissionalização

dos jovens”, finalizou Xerinda.

A Janela Única Electrónica

( JUE) registou a declara-

ção número 1.000.000 (um

milhão), no passado dia 9

de Dezembro de 2015, altura em

que este sistema completou quatro

anos da sua operacionalização, no

País. Refira-se que através da JUE,

foram colectados cerca de 106 mil

milhões de meticais para os cofres

do Estado.

Actualmente, com mais de 2.000

utilizadores do sector privado e

cerca de 1.000 dentre funcionários

aduaneiros, o sistema electrónico de

desembaraço célere de mercadorias

cobre a maioria dos postos de co-

brança de receita aduaneira e cons-

titui uma ferramenta de trabalho

robusta, fiável e transparente, quer

para a administração aduaneira, as-

sim como para toda a comunidade

envolvida no comércio externo.

De acordo com Manuel Wetela,

formador da JUE, a submissão de

um milhão de declarações represen-

ta, para a equipa envolvida desde o

início da concepção, um momento

histórico, pois um milhão de de-

clarações parecia inatingível, tendo

em conta o volume de actividades

necessárias para migração de um

ambiente manual para electrónico,

através das tecnologias modernas de

informação e comunicação.

“Um milhão de declarações, quando

JUE regista declaração um milhãomultiplicado por mais de 100 ele-

mentos de dados, isto é, campos na

declaração, significa valiosos dados

estatísticos de comércio externo, que

podem ser usados em várias esferas

económicas, incluindo a balança de

pagamentos, tendências de aquisi-

ção de produtos pelos fazedores do

mercado e outros estudos, que po-

dem auxiliar o Governo no desenho

de políticas, para a maximização da

produção interna de produtos espe-

cíficos”, frisou Manuel Wetela.

Por seu turno, Lino Massicane,

director-geral da Sodel-Sociedade

de Despachos Lda., que submeteu

a declaração um milhão para o seu

cliente, Shoprite, disse, a-propósito,

que a JUE representa uma mais-

-valia no seu negócio:

“Com este sistema conseguimos,

a partir de qualquer ponto do País

ou do mundo, monitorar o traba-

lho, através do Ipad, telefone celular,

entre outros dispositivos, para saber

em que situação se encontram as de-

clarações”, referiu Lino Massicane,

acrescentando que o sistema contri-

buiu, igualmente, para a redução do

volume de arquivos.

Também interveio na declaração

número um milhão a Bolloré-Afri-

ca Logistics, cujo gestor nacional de

vendas, Eurico Gonçalves, manifes-

tou-se honrado por a empresa fazer

parte do processo da JUE, que cul-

minou com o alcance da declaração

um milhão.“Desde finais de 2011, sentimos, como operadores logísticos, uma melhoria significativa no processo de desembaraço aduaneiro, no pro-cesso de importação e na cadeia de valor no seu todo, pois o sistema da JUE é uma plataforma que permite visualizar, online, toda a cadeia de valor da área de logística em Mo-çambique, o que nos permite dar resposta, em curto espaço de tempo, a todos os nossos clientes”, realçou Eurico Gonçalves.Por sua vez, o representante da Sho-prite, François Pereira, indicou que desde a implementação do sistema da JUE, em 2011, tem-se notado uma melhoria significativa nos pro-cessos de desembaraço das merca-dorias desta cadeia de supermerca-dos em Moçambique: “Este facto resulta na disponibilida-de imediata dos nossos produtos no mercado, com elevada qualidade”, sublinhou.Importa salientar que, para as Al-fândegas de Moçambique, o registo da declaração um milhão é históri-co e mostra a caminhada longa e o investimento feito na transformação dos funcionários e nas mentes, para passar de forma eficaz dos proces-sos manuais, redundantes e arcaicos para os processos electrónicos, cé-leres e transparentes, num processo irreversível e alinhado com as boas práticas internacionais.

A Acção Contra a Po-breza-ACP doou no sábado passado, dia 12 de Dezembro, cerca

de 100 cabazes de natal a igual

número de famílias carencia-

das, residentes nos bairros de

Sikwama, Mussumbuluco e

Malhampsene.

A iniciativa denominada “Co-

mida para Todos”, integrada

na quadra natalícia, faz parte

da acção de assistência huma-

nitária daquela agremiação que

promove iniciativas de combate

à pobreza, através de Centros

de Assistência Comunitária

(CASCO), criados por ela pró-

pria.

A entrega dos cabazes, consti-

tuídos na sua maioria por pro-

dutos de primeira necessidade,

foi testemunhada pelas estrutu-

ras dos respectivos bairros, re-

presentante dos doadores e pela

esposa do edil do município da

Matola, Alice Cossa, que na

ocasião enalteceu gesto daque-

la agremiação, tendo na oca-

sião manifestado interesse em

trabalhar com a mesma para a

materialização das acções do

ACP doa sexta básica na Cidade da Matola

seu gabinete e das iniciativas da

associação, com vista ao alívio

da pobreza naquele município.

Por seu turno, o Director Exe-

cutivo da ACP, Domingos Si-

tole, disse que a iniciativa visa

assegurar que as famílias ca-

renciadas tenham acesso a pro-

dutos alimentares e de higiene

importantes para a sua saúde.

“Os cabazes de produtos ali-

mentares e de higiene pessoal,

que vão ser aqui distribuídos,

são parte de uma acção orienta-

da no sentido de assegurar que

as famílias tenham suplemen-

tos nutricionais e de higiene,

precursores de uma boa saúde”,

disse o gestor, acrescentando

a iniciativa é apenas uma de

outras tantas, que se seguirão,

envolvendo cidadãos nacionais

inconformados com a pobreza.

A ACP é uma Associação

moçambicana criada com a fi-

nalidade de contribuir para a

erradicação da pobreza, através

de acções tendentes a eliminar

os principais indicadores de

pobreza em Moçambique. Es-

tamos a falar da eliminação das

doenças, do analfabetismo e da

baixa (ou falta de) renda. ( Jeque de Sousa)

A Siemens assinou re-centemente um acordo abrangente com o Go-verno moçambicano

para a cooperação no sector de

energia. Com base neste me-

morando de entendimento, a

multinacional vai desenvolver

um conceito de energia, de for-

ma a identificar cenários que

permitam melhorar a geração e

distribuição de energia no país e

na região.

O objectivo principal é garan-

tir um futuro energético segu-

ro, acessível e sustentável para

a República de Moçambique e

fortalecer a base para uma con-

sequente expansão da economia

e do emprego.

Refira-se que o memorando está

em linha com um acordo de co-

operação bilateral entre a Ale-

manha e Moçambique, assinado

em Julho de 2015, que incentiva

o investimento de empresas ale-

mãs no País. Como parte desta

cooperação, o governo alemão

anunciou um programa de as-

sistência financeira para o de-

senvolvimento de projectos em

Moçambique, com a duração

de dois anos e no valor de 128

milhões de euros. Metade deste

valor será direccionado para a

Siemens interessada em investir na área da energia

formação, nomeadamente para a

expansão da educação técnica e

vocacional. Os restantes 50% vão

ser canalizados para protecção

da biodiversidade, para a pro-

moção de boas práticas de ges-

tão financeira e para o aumento

do acesso à electricidade, através

da modernização e expansão da

rede nacional de energia.

Falando na ocasião, Lisa Davis,

membro do Conselho de Ad-

ministração da Siemens AG,

afirmou: “este é um passo im-

portante para o objectivo de

Moçambique de melhorar o

acesso da população à eletrici-

dade. Moçambique é um país

importante para a Siemens e

queremos continuar a investir e

a contribuir para o seu desenvol-

vimento a longo prazo”.

A Siemens tem a capacidade de

fornecer uma vasta gama de so-

luções para as áreas da geração,

transmissão e distribuição de

energia, bem como redes eléctri-

cas inteligentes. Para além disso,

a Siemens também fornece as-

sistência, através da sua divisão

Financial Services (Serviços

Financeiros), na identificação

de potenciais fontes de financia-

mento nos mercados financeiros

locais, regionais ou internacio-

nais. (E.C)

Page 30: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

Savana 18-12-2015EVENTOS

3

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Estão abertas candidaturas para o ano lectivo de 2016 do curso de Mestrado em Terapia Familiar e Comunitária.

ORGANIZAÇÃO DO CURSO O curso compreende duas componentes de formação concomitantes (académica

--

O calendário das aulas obedece ao calendário académico da UEM. As aulas decor-

VAGAS

CONDIÇÕES DE ADMISSÃO

-vista.

-

-

-

PROCESSO DE CANDIDATURA

Os processos de candidatura devem ser instruídos com os seguintes documentos:

- Curriculum Vitae;

-

MATRÍCULAS

INSCRIÇÕES E PROPINAS -

-

-

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

MESTRADO EM TERAPIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA

A MINERVA, representante

da Apple em Moçambi-

que, inaugurou na semana

finda em Maputo, o pri-

meiro espaço totalmente dedicado

à venda dos produtos da Apple,

uma das empresas mais avançadas e

valiosas no ramo tecnológico.

A Minerva da baixa da Cidade de

Maputo, oferece serviços de repara-

ção de produtos da marca do Steve

Jobs, incluindo o iphone, aliás, du-

rante a cerimónia de inauguração,

foi lançado simultaneamente o

iPhone 6S que é o smartphone com

o chip mais avançado do mercado.

Com uma estrutura feita de uma

Minerva inaugura um espaco Apple

nova liga de alumínio série 7000,

a mesma usada na indústria aero-

espacial, o Iphon6s tem o vidro da

tela mais forte e resistente alguma

vez usado num smarthphone.

Com um sensor de impressão di-

gital avançado ainda mais rápido e

confiável, o touch ID desbloqueia

o telefone de uma forma fácil e se-

gura.

O iPhone 6s é compatível com co-

nexão 4G LTE e funciona com até

23 bandas LTE. A câmara iSight

de 12 megapixels tira fotos nítidas

e ricas em detalhes, além de gravar

de forma vídeos 4K, tem uma câ-

mara Face Time HD de 5 mega-

pixeles que permite tirar selfies de

alta qualidade.(R.R)

Page 31: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

Savana 18-12-2015EVENTOS4

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A Plataforma da Sociedade Civil sobre Recursos Naturais e Indústria

--

-

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--

-

sociedade civil para Recursos Naturais e Indústria Extractiva apela ao

-

-

--

ram suspensos pela empresa por solicitarem dois dias para reverem

--

-

ii. Como as comunidades serão compensadas pelo facto de cada --

a) ……

COMUNICADO DE IMPRENSA

-

-

documento.

-

-

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-

--

dos com o processo de Palma.

-

Os Membros da Plataforma da Sociedade Civil para Recursos Naturais e Indústria Extractiva

Anexo-1: Carta do comite de Quitupo denunciando actos de coação para

Anexo-2: Proposta de Compensação apresentada pela comunidade de Quitupo

Plataforma da Sociedade Civil Sobre Recursos Naturais eIndústria Extractiva em Moçambique

Page 32: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

Savana 18-12-2015EVENTOS

5

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Page 33: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

Savana 18-12-2015EVENTOS6

A ZAP, empresa provedora

de serviços de televisão por

satélite, em parceria com a

TV Sucesso ,promoveu,

no último sábado, na capital do

país, uma campanha de doação de

sangue. Trata-se de uma acção que

visa responder aos apelos do banco

de sangue que por estas alturas da

quadra festiva tem solicitado este

líquido vital.

Nem o calor de cerca 42 graus que

se fazia sentir no passado sába-

do na capital desmotivou pessoas

provenientes de diversos bairros a

aderirem à campanha de doação de

sangue levada a cabo pela Zap em

parceria com a Tv Sucesso.

O popular Gabriel Mufundisse

foi um dos primeiro a doar o seu

sangue e não era para menos. Esta

era sua primeira vez a doar sangue

na vida, isto porque durante a sua

Zap promove doação sangueinfância cultivou o medo pela in-

jecção, porque sempre que chorasse

era ameaçado com esse instrumen-

to. Conta Gabriel Mufundisse, de

52 anos, que aderiu à campanha

para salvar a vida do próximo, tal

como sucedeu com ele quando so-

frera um acidente.

Lourenço Mabasso, de 51 anos, foi

outro dador que aderiu à campanha

e disse que esta é a sua segunda vez.

Para Mabasso, este é um contributo

pela vida do próximo, porque não

existe uma fábrica de sangue e a

única via para ajudar os necessita-

dos é a doação.

O enfermeiro Orlando Mboa con-

siderou esta iniciativa oportuna por

parte dos organizadores, uma vez

que estamos a entrar num perío-

do crítico em que se solicita muito

sangue nos hospitais, e isto vai aju-

dar a evitar carências de sangue que

podem resultar na perda de vidas

humanas. Mboa apelou à comuni-

O Banco Comercial e de Investimentos (BCI) inaugurou, na semana passada, mais duas agên-

cias bancárias, nos distritos de Chiúre e Montepuez, na provín-cia de Cabo de Delgado. Num universo de cinco unidades

bancárias inauguradas este ano

em toda a província, o BCI to-

talizou quatro, que incluem, para

além das duas referidas, o Centro

Exclusivo de Pemba e a Agência

de Balama.

O Presidente da Comissão Exe-

cutiva do BCI, Paulo Sousa, afir-

mou, numa das ocasiões, que a

decisão da abertura de mais uni-

dades de negócio, na província

de Cabo Delgado, na sequência

de outros investimentos signifi-

cativos que o Banco tem vindo a

realizar, “resulta, não só da impor-

BCI amplia rede bancária em Cabo Delgado

tância estratégica que atribuímos

a esta Província, como também da

preferência com que temos vindo

a ser distinguidos pelos Empre-

sários, Instituições e Cidadãos

locais, que, com a crescente con-

fiança em nós depositada, nos en-

corajam a prosseguir e a dar mais

atenção às populações dos Distri-

tos rurais, maioritariamente ainda

não bancarizadas.”

Por sua vez, a Directora da Filial

do Banco de Moçambique em

Pemba, Guilhermina Macie, afir-

mou: “para o Banco de Moçam-

bique, a abertura de mais uma

Agência representa mais um pas-

so rumo à construção de um sis-

tema financeiro são e competitivo

que o país deseja; um sistema só-

lido e credível, mas mais acessível,

respeitador dos direitos daqueles

a quem ele se destina.” (E.C)

dade no geral para aderir a este tipo

de acções porque, para além de sal-

var vidas, a doação ajuda na limpe-

za do organismo e renova as células.

Enquanto isso, o coordenador da

Zap Moçambique, Marcos Araújo,

aponta que esta acção insere-se na

responsabilidade social da empresa,

principalmente neste período do

ano que é crítico e há muita pro-

cura de sangue dado aos acidentes

que se tem verificado.

Segundo Araújo, trata-se da pri-

meira iniciática do género que a

sua empresa levou a cabo e espera

que nos próximos anos escale ou-

tros pontos do país porque quanto

mais sangue houver melhor ainda.

Na ocasião, anunciou que a sua em-

presa acaba de assinar uma parceria

exclusiva com a TV Sucesso para

promoção de eventos.

Por seu turno, Gabriel Júnior, di-

rector da TV sucesso, congratulou-

-se com a parceria da Zap para es-

calarem o país em road show quer

de doação de sangue quer doutro

tipo de iniciativas para promoção

das duas empresas, sem deixar de

lado a responsabilidade social.

Page 34: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

Savana 18-12-2015EVENTOS

7

O Standard Bank, um dos grandes no sector bancá-rio em Moçambique, ofe-receu cestas básicas e brin-

quedos às crianças internadas no berçário e enfermarias da Pediatria do Hospital Geral José Macamo, na cidade de Maputo, no âmbito da iniciativa “Natal do Doente”.

Inserida nas acções de responsabi-

lidade social corporativa desta ins-

tituição bancária, a iniciativa, ocor-

rida recentemente, acontece pelo

sexto ano consecutivo no Hospital

Geral José Macamo e tem como

objectivo celebrar a passagem do

Dia da Família com os petizes in-

ternados nas diversas unidades sa-

nitárias do País e proporcionar-lhes

momentos de alegria.

Para além da cesta básica e dos

brinquedos, o Standard Bank ofe-

receu um almoço e momentos de

diversão que incluíram diversas ac-

tividades, tais como dança, teatro,

caça ao tesouro, brincadeiras com a

turma palhaços, entre outras.

De acordo com Carlos Vaz, repre-

sentante do Standard Bank, esta

iniciativa visa, essencialmente, con-

tribuir para o melhoria do estado

psicológico das crianças internadas,

principalmente nesta época festiva.

Standard Bank no Hospital José Macamo“Ao abrigo desta iniciativa, além de

oferecer brinquedos às crianças e

cestas básicas aos acompanhantes,

o Standard Bank leva, também,

para a enfermaria diversas acções

de entretenimento”, frisou Carlos

Vaz.

Num outro desenvolvimento, Car-

los Vaz acrescentou: “as cestas bá-

sicas contêm produtos alimentares

de primeira necessidade e não só

para que possam passar de forma

condigna as festas quando tiverem

alta. Enquanto isso não acontece,

eles terão os brinquedos para passar

o tempo de forma divertida”.

Para além de brinquedos e cestas

básicas, o Standard Bank ofereceu

ainda leite artificial para os bebés

prematuros. “Pretendemos ajudar

as unidades hospitalares a dar assis-

tência às crianças internadas, com

destaque para os bebés prematuros,

por forma a contribuir nos esforços

do Governo, visando a redução da

mortalidade infantil”.

Por seu turno, Elsa Taíbo, represen-

tante da Pediatria do Hospital Ge-

ral José Macamo, agradeceu o gesto

e considerou o Standard Bank um

parceiro que tem levado alegria às

crianças internadas na Pediatria,

assim como a suprir as necessidades

daquela unidade sanitária.

“Estes momentos concorrem para a

rápida recuperação destas crianças.

É louvável esta iniciativa do Stan-

dard Bank, que é um parceiro fiel

do nosso hospital, em particular da

Pediatria”, considerou Elsa Taíbo.

A Pediatria do Hospital Geral José

Macamo tem tido uma média de

40 a 50 internamentos na enferma-

ria e 50 no berçário, sendo que “a

malária, anemia, doenças respira-

tórias, má nutrição, partos prema-

turos e asfixia grave são apontadas

como as principais causas”.

Importa realçar que, no próximo

dia 19, o “Natal do Doente” irá

escalar o Hospital Central da Bei-

ra, Hospital Provincial de Tete e o

Hospital Distrital de Nacala, nas

províncias de Sofala, Tete e Nam-

pula, respectivamente.

Os residentes do distrito mu-

nicipal Ka Mpfumo, na ci-

dade de Maputo, conside-

ram-se mais saudáveis do

que os moradores de outros distri-

tos municipais, conclui o primeiro

barómetro de saúde, lançado sexta-

-feira 11, pelo Centro de Pesquisa

em População e Saúde-CEPSA.

Segundo o estudo, sobre práticas

individuais e comunitárias de pro-

moção de saúde na cidade de Ma-

puto, refere que 56% dos residentes

inquiridos consideram-se saudáveis

e classificam a sua saúde como boa

e muito boa, principalmente entre

os mais jovens, casados ou em união

de facto e os mais escolarizados, re-

sidentes no distrito municipal Ka

Mpfumo. A alimentação, a ausência

de doenças e a prática de actividade

física, são apontados pelos inquiri-

dos como os principais factores que

contribuem para a qualidade da sua

saúde.

Em relação aos serviços de saúde,

98.4% os serviços públicos de saú-

de são os mais procurados contra

40.5% dos serviços privados. No

entanto, os serviços privados são os

mais almejados, devido à qualidade

dos profissionais e o menor tempo

de espera, ao contrário dos servi-

ços públicos, apesar de baixo cus-

to e próximos das residências. Os

Residentes deKa Mpfumo são os mais saudáveis

inquiridos dão nota negativa

aos serviços públicos de saúde,

com um terço dos auscultados

a considerarem bom ou muito

bom, contra mais de 90% que

foram a favor dos serviços pri-

vados.

O consumo do álcool e drogas

foi também alvo do estudo, no

qual constatou que a idade mé-

dia do início do consumo de

droga e de álcool é de 22 e 23

respectivamente, com 90% por

dos inquiridos a afirmarem te-

rem consumido a canábis sati-

va, mas conhecida por Soruma.

Não menos importante foi a

avaliação dos principais proble-

mas de saúde, sendo que a ma-

lária, tuberculose e o consumo

de álcool são os mais frequen-

tes. Foram também abordadas

as principais fontes de infor-

mação, sendo que a televisão é

mais recorrida, mas com 45%

a considerarem que não têm

acesso a toda a informação que

necessitam sobre saúde.

O estudo foi realizado na cida-

de de Maputo, em Maio pas-

sado. Foram inquiridos 1799

indivíduos, com idade igual ou

superior a 18 anos, selecciona-

dos em 1055 agregados fami-

liares, com excepção da Catem-

be e Inhaca. A margem de erro

é de 4%. ( Jeque de Sousa)

O presidente da comissão

empresarial da CPLP

(CE-CPLP), Salimo

Abdula, preside nos dias

17 e 18 de Dezembro o 2º Fórum

UE-CPLP, na cidade de Braga,

Portugal. O Fórum surge de uma

iniciativa conjunta da União de

Exportadores da CPLP (UE-

-CPLP) e CE-CPLP cujo objec-

tivo é constituir uma plataforma

de negócios e de cooperação ro-

busta, geradora de condições para

a criação e consolidação de um

espaço permanente de apoio às

actividades do empresariado dos

países de Língua Portuguesa.

Para Abdula, este Fórum repre-

senta uma oportunidade para

Moçambique mostrar as suas po-

tencialidades e para os seus em-

presários buscarem a internacio-

nalização dos seus negócios, assim

como atraírem investimentos para

o país.

“Para Moçambique, a expectativa

é enorme, pois vamos mostrar o

nosso potencial de forma muito

pragmática porque estará toda a

família CPLP, mais outras insti-

tuições de outros países da Euro-

pa que demonstraram interesse no

nosso mercado”, diz Abdula.

Abdula destaca igualmente a im-

portância das parcerias a serem

atraídas pelos empresários nacio-

Moçambique mostra seu potencial de negócios no 2º fórum UE-CPLP

nais, tendo em conta que Mo-

çambique tem sido um país de

grande cobiça internacional por

registar avanços nos sectores de

infra-estrutura, agricultura, óleo

e gás, do turismo e de serviços.

“Tudo isso é mais uma forma de

convencer, de apresentar e de eli-

minar as dúvidas que existem em

relação a Moçambique”, afirma.

Espera-se, neste evento, a parti-

cipação de 1.600 entidades, entre

organismos públicos e privados,

empresários dos nove membros

estados membros da CPLP, dos

países observadores da CPLP,

países convidados e organizações

internacionais.

Moçambique olha para o 2º Fórum da União dos Exportadores como uma oportu-nidade para conquistar novos mercados

Contacto: 82 88 15 880 ou 84 06 51 802

Aluga-se

Page 35: o Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira · Dhlakama rompe o silêncio a partir de Satunjira Nyusi estende a mão a Dhlakama. 2 TEMA DA SEMANA Savana 18-12-2015 O Estado

Savana 18-12-2015EVENTOS8

“ --

-

-

-

comunidades inteiras.

-

-

-

-

-

recorrer a esses serviços.

mais pessoas terem acesso e --

bém esses serviços serem -

forma responsável e a custos

-pança e empréstimo a contas bancárias.

estão menos vulneráveis

Inclusão financeira: uma questão de desenvolvimento nacional

e investirem no seu futuro.

impacto positivo da inclu-

desenvolvimento social e

pouco mais de 10 por cento da população moçambicana

um facto em parte explicado pelos elevados custos da ex-pansão bancária convencio-

--

ve da inclusão em contextos

--

cários mostram resultados

custos muito inferiores aos

-me é exemplo de como um

-

--

-plorava e mesmo investir no

com a construção de um mo-

para depositar os meus ren-dimentos diários antes de os

-cançar em resultado ao seu

-nanceira.

-nanceira

--

-

acessos terrestres ou a indis-ponibilidade de electricida-de e outros serviços essen-

-

informação sobre as dinâ-

fora dos polos urbanos não -

vas.

outro dos motivos por trás

-mento sobre estes limita o seu uso. Casos bem sucedi-

-

um elemento em comum: foi

expostos a informação clara e relevante para as suas ne-

-

-

barreiras estruturais. -

-

a outros serviços antes ina--

çambicanos. --

-

na provisão de serviços ban-

-cária.

-ses africanos evidenciam o potencial dos novos mode-los de fornecimento de servi-

número de pessoas com con-ta bancária formal (bancária

-

aumento dramático da po-pulação com acesso a servi-

--

considerável para a maior -

-

Segundo o Banco Mundial (2014), as principais razões para tão pou-cos moçambicanos possuírem conta bancária são:

- 20% consideram os serviços muito caros- 19%

- 19%- 14% não sabem como abrir uma conta- 12%- 11%

conta

Julieta Chambela numa sessão do seu grupo

DIVULGAÇÃO