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NIRLANE DE SOUZA BARROSO O DESAFIO DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS NA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS NO CONTEXTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL Belo Horizonte 2010

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NIRLANE DE SOUZA BARROSO

O DESAFIO DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS NA

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA POLÍCIA MILITAR

DE MINAS GERAIS NO CONTEXTO DA ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA GERENCIAL

Belo Horizonte

2010

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NIRLANE DE SOUZA BARROSO

O DESAFIO DA GESTÃO DE PROJETOS NA ESTRUTURA

ORGANIZACIONAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS NO

CONTEXTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso MBA Executivo Internacional em Gerenciamento de Projetos, Pós Graduação lato sensu, da Fundação Getúlio Vargas como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Gerenciamento de Projetos.

Belo Horizonte

2010

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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

O trabalho de Conclusão de Curso

O DESAFIO DA GESTÃO DE PROJETOS NA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA

POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS NO CONTEXTO DA ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA GERENCIAL

Elaborado por Nirlane de Souza Barroso e aprovado pela Coordenação Acadêmica do

Curso MBA Executivo Internacional em Gerenciamento de Projetos para obtenção do

título de Especialista em Gerenciamento de Projetos do Programa FGV Management.

Prof. Carlos A. C. SALLES, M.Sc

Coordenador do Curso

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________

Prof. Álvaro Antônio Bueno de Camargo Orientador

__________________________________________

Prof. André Baptista Barcaui

__________________________________________

Prof.

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Nirlane de Souza Barroso

TERMO DE COMPROMISSO

Eu, Nirlane de Souza Barroso, aluna regularmente matriculada no curso

MBA Executivo Internacional em Gerenciamento de Projetos da Escola Brasileira

de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, declaro

estar ciente das regras definidas pela Coordenação do Curso para processo de

realização do Trabalho de Conclusão de Curso, cumprindo assim, os requisitos

finais.

Declaro ainda que me comprometo a cumprir rigorosamente o prazo

definido para a entrega do trabalho, como também a estar presente em todos os

encontros previstos com o professor orientador e participar dos seminários

previstos.

Belo Horizonte, 09 de julho de 2010.

_________________________________________ Prof. Dr. Prof. Álvaro A. Bueno de Camargo (Orientador)

__________________________________________ Prof. André Baptista Barcaui

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Dedicatória

À minha filha Nathália, uma garota

maravilhosa, que entendeu minha

ausência, sendo fonte de inspiração e

sustentação para cada passo dado neste

curso e cada degrau atingido.

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AGRADECIMENTOS

À Secretária de Estado de Defesa Social, que tornaram possível a

realização deste curso.

À Polícia Militar de Minas Gerais, especialmente ao Cel PM Renato Vieira

de Souza e Cel PM Luciene Magalhães de Albuquerque pela confiança, incentivo

e apoio dedicados.

Ao nosso Professor Álvaro Antônio Bueno de Camargo, pela ajuda e

atenção.

A todos que, de alguma forma, contribuíram para o desenvolvimento deste

trabalho, especialmente aos integrantes da Assessoria de Resultados, que muito

tem auxiliado na otimização de uma cultura institucional de gestão de projetos na

Polícia Militar de Minas Gerais.

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RESUMO

A tendência atual sinaliza para a configuração de que, as organizações inseridas

em um contexto acelerado de intensas mudanças e adaptações, estejam

necessariamente orientadas a projetos, a fim de alcançarem o sucesso no

atingimento dos resultados pretendidos.

O gerenciamento de projetos está cada vez mais presente nas organizações

ágeis e flexíveis que buscam modernizar sua gestão para o alcance de melhor

desempenho.

Dessa forma, a Polícia Militar de Minas Gerais como órgão da administração

pública, buscando implementar o gerenciamento de projetos na sua estrutura

organizacional, vem desenvolvendo ações para incentivar uma cultura orientada

por projetos. Todavia, este é o grande desafio, alvo da pesquisa, que busca

avaliar as possibilidades e as dificuldades desta medida.

Com duzentos e trinta e cinco anos de criação, a Organização tem uma estrutura

funcional hierárquica que tem dificultado a estratégia de mudança da cultura para

a gestão de projetos, já inserida no seu Plano Estratégico.

Neste sentido, o presente estudo analisou, sob a égide de denso referencial

teórico pertinente à gestão pública e ao gerenciamento de projetos, como se

apresenta na atualidade, o gerenciamento de projetos na Policia Militar de Minas

Gerais.

Palavras-chave: Gerenciamento de Projetos, Projetos, Gestão Pública, Polícia

Militar, estrutura e maturidade em projetos.

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ABSTRACT

The current trend indicates that, organizations, embedded in a context of intense

accelerated changes and adjustments, are necessarily directed to projects in

order to achieve the success in desired results.

The project management is increasingly present in agile and flexible

organizations, seeking to modernize its management to scope better results.

The Military Police is implementing actions to promote a culture of project

management in its organizational structure. But, this is a challenging target of

research, which seeks to assess the possibility and difficulties of this measure.

With over two hundred years of establishment, the organization has a hierarchical

organizational structure that hinders the implementation strategy of the

management culture projects under the Strategic Plan.

This study analyzed from dense theoretical framework relevant to public

administration and to project management, how the project management has

been developed in the Military Police of Minas Gerais.

Keywords: Project Management, Projects, Public Administration, Military Police.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 12

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO ESTUDO . ....................................................... 13 1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO . ............................................................................................ 13 1.2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 13 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ 13 1.3 A ESTRUTURA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ............................................ 13

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL VOLTADA PARA RESULTADOS .................................................................................................... 14

2.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL ........................................................................ 14 2.2 A GESTÃO PÚBLICA POR RESULTADOS ......................................................................... 18 2.3 A GESTÃO PÚBLICA PARA RESULTADOS EM MINAS GERAIS ......................................... 20

3 A GESTÃO DE PROJETOS E A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ......................... 22

3.1 GERENCIAMENTO DE PROJETOS .................................................................................. 22 3.1.1 CONCEITOS BÁSICOS ............................................................................................... 23 3.2 PROJETOS E A ORGANIZAÇÃO ..................................................................................... 26 3.2.1 A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL .............................................................................. 26 3.2.2 ESCRITÓRIO DE PROJETOS ....................................................................................... 37 3.2.3 GERENTE DE PROJETOS ........................................................................................... 39 3.2.4 MATURIDADE ........................................................................................................... 40

4 METODOLOGIA .......................................................................................................... 42

4.1 PROBLEMA ................................................................................................................. 42 4.2 HIPÓTESE BÁSICA ....................................................................................................... 42 4.3 VARIÁVEIS ................................................................................................................. 42 4.3.1 VARIÁVEIS DA HIPÓTESE BÁSICA: .............................................................................. 42 4.3.1.1 Variável independente “X”: implantação da plataforma de gerenciamento de projetos nos órgãos integrantes do Sistema de Defesa Social de Minas Gerais. ............ 42 4.3.1.2 Variável dependente “Y”: capacidade de gerenciar projetos e gerar os resultados propostos pelos mesmos. ............................................................................................... 42 4.4 RELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS ................................................................................... 42 4.5 TIPO DE PESQUISA QUANTO AOS OBJETIVOS ................................................................ 43 4.6 NATUREZA DA PESQUISA ............................................................................................. 45 4.7 MÉTODO DE ABORDAGEM............................................................................................ 45 4.8 TÉCNICAS .................................................................................................................. 45 4.8.1 DOCUMENTAÇÃO INDIRETA ....................................................................................... 46 4.8.1.1 Pesquisa Documental ......................................................................................... 46 4.8.1.2 Pesquisa Bibliográfica ......................................................................................... 46 4.9 DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO ........................................................................................ 46

5 A GESTÃO DE PROJETOS NA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA PMMG ........ 47

5.1 A POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS: BREVE HISTÓRICO ............................................ 48 5.2 A ESTRUTURA DA PMMG ........................................................................................... 49

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5.3 ASSESSORIA DE GESTÃO PARA RESULTADOS .............................................................. 55 5.3.1 PLANO ESTRATÉGICO DA PMMG .............................................................................. 57 5.3.2 GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............................................................................... 59 5.3.2.1 O nível de maturidade da PMMG em gestão de Projetos .................................... 61 5.3.2.2 Medidas implementadas após para gestão de projetos na PMMG. ..................... 65

6 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 67

7 CONSIDERAÇÕES INDIVIDUAIS SOBRE O TCC ..................................................... 70

7.1 CONSIDERAÇÃO DE FERNANDO ANTÔNIO ARANTES ..................................................... 70 7.2 CONSIDERAÇÃO DE NIRLANE DE SOUZA BARROSO ...................................................... 72

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 73

GLOSSÁRIO ................................................................................................................ 78

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AGR - Assessoria de Gestão para Resultados

BDMG - Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais

BPM - Batalhão de Polícia Militar

EMPM – Estado Maior da Polícia Militar

FGV – Fundação Getúlio Vargas

FNSP - Fundo Nacional de Segurança Pública

GERAES - Gestão Estratégica de Recursos e Ações do Estado

GP - Gerenciamento de Projetos

LOB – Lei de Organização Básica

MBA - Master of Business Administration

MMGP - Modelo de Maturidade de Gerenciamento de Projetos

PCMG – Polícia Civil de Minas Gerais

PMBOK - Project Management Body of Knowledge – Guide

PMDI - Plano Mineiro de Desenvolvimento Integral

PMI - Project Management Institute

PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais

PMO - Escritório de Gerenciamento de Projetos/Project Management Office

SGP - Sistema de Gestão de Projetos

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

UAGP – Unidade de Assessoria de Gestão de Projetos

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Inter-relacionamento entre as nove áreas de conhecimento e os cinco grupos

de processos de gerenciamentos de projetos ................................................................ 26

Figura 2: Organização funcional.................................................................................... 30

Figura 3: Organização por projeto ................................................................................. 32

Figura 4: Organização matricial fraca ............................................................................ 34

Figura 5: Organização matricial balanceada .................................................................. 34

Figura 6: Organização matricial forte .............................................................................. 35

Figura 7: Classificação das indústrias (pela utilização da gestão de projetos) .............. 37

Figura 8: Estrutura organizacional ...................................................................................38

Figura 9: Influências da estrutura organizacional nos projetos ...................................... 41

Figura10 : Relacionamento entre as dimensões e os níveis de maturidade ................. 42

Figura 11: Estrutura Geral da PMMG ............................................................................ 53

Figura 12: Organograma Operacional da PMMG ........................................................... 54

Figura 13: Organograma Administrativo da PMMG ........................................................ 55

Figura 14: Plataforma de Gerenciamento de Projetos ................................................... 64

Figura 15: Dimensões e Níveis de Maturidade .............................................................. 66

Figura 16: Sistema Informatizado de Gestão de Projetos .............................................. 68

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Comparação dos Modelos de Administração Pública Burocrática e

Administração Pública Gerencial ..................................................................................... 16

Quadro 2: Vantagens e desvantagens da estrutura funcional......................................... 30

Quadro 3: Vantagens e desvantagens da estrutura projetizada .................................... 32

Quadro 4: Vantagens e desvantagens da estrutura matricial ......................................... 35

Quadro 5: Valor médio obtido após avaliação das dimensões de maturidade ................66

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1 INTRODUÇÃO

O mundo contemporâneo vivencia um cenário de contínuos avanços econômicos,

sociais e políticos que, sob a influência do fenômeno da globalização, introduzem

nos diversos povos novos hábitos, culturas e vivências.

A expansão das relações comerciais, financeiras e tecnológicas, contribuiu para o

amadurecimento social ao facilitarem o intercâmbio de informações, a mobilidade e

o fluxo de pessoas e idéias, bens e serviços, configurando uma entrelaçada rede de

interesses que impulsionam o desenvolvimento.

As pessoas, grupos e países não podem ficar à margem dessa influência

globalizante que, por sua vez, implica na participação ativa e na consciência cidadã

em relação ao papel do Estado, exigindo resultados efetivos em seu proveito.

Para possibilitar a harmonia de interesses tão diversos se faz necessária uma

administração pública eficiente, atenta, instrumentalizada e engajada para lidar com

esta nova realidade.

A história da administração pública perpassa por um momento patrimonialista, no

qual se confundiam o patrimônio público e o privado. Posteriormente, este modelo

cedeu lugar à administração pública burocrática, onde prevalecem os processos,

centrando-se em si mesma e desconsiderando o cidadão, para o qual o Estado

deveria estar voltado.

Esgotado o modelo burocrático que não mais atendia à complexidade da sociedade

moderna, surge o modelo de administração pública gerencial com uma nova

proposta.

A administração pública gerencial, também denominada nova gestão pública, é um

foco recente de discussões em vários campos do conhecimento, implicando em

mudanças de paradigmas na forma de atuação estatal e buscando atender ao

princípio da eficiência com foco nos anseios do cidadão.

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No intuito de concretizar esta proposta inovadora, a nova gestão pública reúne

planejamento de longo prazo, planos orçamentários e gerenciamento, inserindo

modernas ferramentas de administração estratégica, dentre as quais, destaca-se a

gestão por projetos que, traduz uma melhor prestação de serviços pelo Estado, ao

concentrar esforços nas prioridades e demandas sociais, estabelecendo caminhos

para atingir esta finalidade.

1.1 Contextualização e Relevância do Estudo

A pesquisa está voltada para verificação da aderência das melhores práticas do

gerenciamento de projetos aplicada ao setor público e tem relevante importância,

visto que possibilita a identificação das dificuldades, bem como condições

requeridas para implantação e desenvolvimento deste modelo em órgãos públicos.

Também contribui sobremaneira para demonstrar as barreiras, as limitações e ações

adotadas pelo órgão de segurança pública, com vistas a ajustar a estrutura indicada

para o sucesso de projetos em uma configuração estrutural mais arrojada, como se

apresenta a Organização em estudo.

É relevante ainda, no sentido de apresentar o nível de maturidade em projetos da

organização e demonstrar uma adequação de funcionamento da metodologia de

projetos no setor público, que tem como negócio a atuação na área policial militar.

Dessa forma, este trabalho de conclusão de curso se propõe a fazer uma

abordagem inerente ao gerenciamento de projetos, através de revisão bibliográfica,

sobre a implantação da estrutura de projetos, visando ainda, abranger discussões

específicas do nível de maturidade em projetos, administração pública gerencial e

estrutura organizacional, dentro do contexto do órgão Polícia Militar de Minas

Gerais.

Assim, pretende-se contribuir para que órgão do setor público, como a PMMG,

possa ter sua dinâmica de gestão de projetos aprimorada, promova de forma mais

hábil a integração das técnicas e ferramentas de projetos às suas diversas Unidades

de Execução e, desta forma, fomente motivação, capacidade produtiva e satisfatória

para o desenvolvimento das estratégias organizacionais.

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Objetivos do Estudo

1.1.1 Objetivo Geral

Elegeu-se como objetivo geral deste estudo, verificar o processo da gestão de

projetos utilizado dentro da estrutura organizacional da Polícia Militar de Minas

Gerais.

1.1.2 Objetivos Específicos

- Identificar concepções da administração gerencial no setor público que norteiam a

necessidade de implantação da cultura de projetos nesse setor;

- Descrever teorias que abordam o gerenciamento de projetos e variáveis que

interferem no processo, especificamente a estrutura organizacional;

- Conhecer, a partir do estudo, os elementos que norteiam a gestão de projetos no

órgão público em lide, nos aspectos da maturidade em projetos, o escritório de

projetos e as ações desenvolvidas.

1.2 A Estrutura do Trabalho de Conclusão de Curso

Este estudo está estruturado em sete seções. Na primeira, são descritas a

apresentação, a justificativa do desenvolvimento do tema e a construção do objeto

da pesquisa, citando os objetivos geral, específicos e a estrutura do trabalho.

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Na segunda seção encontra-se a contextualização dos princípios teóricos da

administração pública voltada para resultados, tendo a perspectiva de contribuir para

uma melhor compreensão, no que concerne à contribuição das idéias intelectuais e

conceituais do modelo contemporâneo da gestão pública.

Na terceira seção discorrem-se acerca da gestão por projetos e a estrutura

organizacional. Nele se discute as dimensões conceituais de gerenciamento de

projetos, desenvolvimento de projetos nas organizações e configuração estrutural.

Ainda, estão delineados os conceitos de escritório de projetos e nível de maturidade

em projetos.

A metodologia empregada na elaboração do trabalho de conclusão de curso é

apresentada na seção 4, que contém o estabelecimento do problema que norteou o

estudo, as hipóteses, as variáveis, métodos e técnicas utilizadas.

Reconstitui-se, ainda que de forma bastante resumida, um breve histórico da

PMMG, na seção 5, retratando-a enquanto organização pública que aplica a gestão

de projetos. Prossegue-se com algumas considerações da estrutura organizacional

da PMMG. Também, se contextualiza o escritório de projetos denominado de

Assessoria de Gestão para Resultados, na PMMG.

Na seção 6 apontam-se as conclusões do estudo. E, finalmente na seção 7, estão

inseridas as considerações individuais. As referências bibliográficas completam o

estudo.

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2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL

VOLTADA PARA RESULTADOS

Pretende-se nesta seção discorrer sobre a administração pública gerencial, também

denominada nova gestão pública, buscando-se descrever seus determinantes

teóricos, conceitos, processos e abrangência deste contexto que está inserida a

Polícia Militar de Minas Gerais.

2.1 Administração Pública Gerencial

As relações humanas cada vez mais complexas e conflituosas, em face de

interesses, por vezes convergentes ou divergentes, necessitam de regulamentação

para tornar harmônica e possível a convivência das pessoas em sociedade.

Nesse sentido, as pessoas nascem, desenvolvem-se e se organizam regidas pelo

Estado, que constitui elemento essencial para a organização político-administrativa

da sociedade, viabilizando e delimitando a vida pública e privada dos elementos que

a compõem.

Os anos noventa caracterizam um momento de discussão sobre esse papel do

Estado, fazendo surgir os apontamentos sobre as necessidades de reforma e melhor

performance, eficiente e efetiva, dos serviços prestados à sociedade. Bresser

Pereira (2005, p. 21) afirma que “Nos anos 90, [...] a ênfase deslocou-se para a

reforma do Estado, particularmente para a reforma administrativa.”

O modelo existente até então, o da administração pública burocrática1, não mais

atendia às crescentes mudanças sociais do mundo contemporâneo. Quando

discorre sobre a crise do modelo burocrático, Abrucio (2005, p. 178) frisa que “[...] é

importante lembrar que esse processo não ocorreu nem no mesmo momento

histórico nem da mesma forma nos diversos países.”

1 Surgiu no século XlX, em substituição ao Patrimonialismo, quando não havia uma distinção clara entre o patrimônio público e privado. (BRESSER PEREIRA, 2005, p. 26).

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Visando propiciar aos cidadãos as respostas agora exigidas, o Estado

contemporâneo implementa ações ousadas na gestão pública, decorrentes dos

anseios sociais por uma administração mais eficiente da máquina pública.

Neste contexto, surge a administração pública gerencial, sobre a qual acentuam

Bresser Pereira e Spink (2005, p. 7):

A abordagem gerencial, também conhecida como “nova administração pública”, parte do reconhecimento de que os Estados democráticos contemporâneos não são simples instrumentos para garantir a propriedade e os contratos, mas formulam e implementam políticas públicas estratégicas para suas respectivas sociedades tanto na área social quanto na científica e tecnológica. E para isso é necessário que o Estado utilize práticas gerenciais modernas, sem perder de vista sua função eminentemente pública.

As novas atribuições do Estado moderno, que redefine funções, estratégias e

instituições, remetem a discussão às profundas transformações que o mundo

vivencia, decorrentes da globalização2 e dos avanços tecnológicos, exigindo melhor

desempenho dos governos em relação ao que pretendem os cidadãos. Prosseguem

Bresser Pereira e Spink (2005, p. 11), afirmando que “A necessidade de aumentar a

eficiência do Estado é uma imposição do processo de globalização, que acirrou a

competição entre os países.” O Estado, então, deverá propiciar melhores condições

de sobrevivência aos seus cidadãos neste mundo globalizado e competitivo, sob o

ângulo da inserção e do desenvolvimento econômico.

Torres (2004, p. 173, grifo nosso) faz uma sintética comparação entre os modelos de

administração pública burocrática vigentes até então e o novo modelo gerencial:

O entendimento mais comum é que o modelo burocrático – altamente processualístico, auto-referido, ineficiente, com mecanismos de controle essencialmente centrados nos processos, rígido, caro e sem mecanismos de avaliação, tanto de gestão, quanto de servidores – já não é mais adequado para a administração dos Estados modernos. O modelo gerencial, pelo contrário, está voltado para o cliente/cidadão, faz os controles por resultados, aposta na descentralização e na desconcentração da ação estatal, abriga vários institutos e instrumentos mais flexíveis de gestão, configurando uma administração pública mais compatível com as inovadoras técnicas de administração utilizada pelas empresas.

No intuito de complementar e proporcionar melhor visualização entre os dois

modelos, na mesma linha de raciocínio de Torres (2004), segue o quadro 1,

elaborado por Matias-Pereira (2009, p. 55).

2 É um processo segundo o qual as atividades decisivas num âmbito de ação determinado funcionam como unidade em tempo real no conjunto do planeta. (CASTELLS, 1999, p. 149).

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Quadro 1: Comparação dos Modelos de Administração Pública Burocrática e

Administração Pública Gerencial

Administração Pública Burocrática Administração Pública Gerencial

1.Apoia-se na noção geral de interesse público

1.Procura obter resultados valorizados pelos cidadãos

2.Garante cumprimento de responsabilidade 2.Gera accountability

Eleva as relações de trabalho

3.Obedece às regras e aos procedimentos

3.Compreende e aplica normas

Identifica e resolve problemas

Melhora continuamente os processos

4.Opera sistemas administrativos

4.Separa serviços e controle

Cria apoio para normas

Amplia a escolha do usuário

Encoraja ação coletiva

Cria incentivos

Define, mede e analisa resultados

5.Concentra-se no processo 5.Orienta-se para resultados

6.É autorreferente (sic) 6.Foca o cidadão

7.Define procedimentos para contratação de pessoal, compra de bens e serviços

7.Luta contra o nepotismo e a Corrupção

8.Satisfaz às demandas dos cidadãos 8.Evita adotar procedimentos rígidos

9.Controla procedimentos 9.Define indicadores de desempenho3

– utiliza contratos de gestão

10.Define cargos rígida e fragmentadamente Tem alta especialização

10.É multifuncional

Flexibiliza as relações de trabalho

Fonte: Manual de Gestão Pública Contemporânea (2009, p. 55)

A accountability, constante do quadro, é descrita por Corrêa (2007, p. 487-504)

como uma ferramenta que fortalece a sociedade civil e se materializa por

mecanismos de controle sobre as ações desenvolvidas pelo Estado e seus

servidores, no que tange à formulação e à implementação de políticas públicas.

3 É o grau de cumprimento das metas estabelecidas e dos resultados pactuados, aferido de

forma objetiva. (MINAS GERAIS, 2008c, p. 2).

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A transparência da administração pública é outro fator de suma importância, que

subsiste ao lado do accountability, como um instrumento de controle. Segundo

Matias-Pereira (2009, p. 99) “Os esforços de institucionalização de formas de

responsabilização da administração pública através de controle social trouxeram

elementos bastante inovadores para elevar a transparência.” O referido autor

complementa essa afirmativa ressaltando que deve ser assegurada ao cidadão a

informação objetiva, acessível e confiável, propiciando a participação efetiva deste

nas políticas governamentais.

Nesta mesma linha é importante ressaltar que Barzelay (1992) apud Bresser Pereira

(2005, p. 29) salienta que a administração pública burocrática é auto-referente

porque se concentra em suas próprias necessidades e perspectivas, enquanto o

modelo gerencial concentra essas mesmas assertivas no consumidor, no caso, o

cidadão.

A crescente consciência da participação cidadã, mediante a exigência por ações

estatais modernas e adequadas ao novo contexto social, provocou a mudança do

arranjo institucional, impondo às autoridades o dever de pautar políticas

governamentais dentro de um padrão ético e de responsabilização perante a

sociedade que representa.

Estes fatores denotam a confiança nas instituições, que devem possuir valores e

normas norteadoras para a atividade de administração pública. Para Bresser Pereira

(2005, p. 24) “[...] a função de uma administração pública eficiente passa a ter valor

estratégico, ao reduzir a lacuna que separa a demanda social e a satisfação dessa

demanda.”

Em suma, a administração pública gerencial materializou-se como uma boa opção

em contrapartida à administração pública burocrática, uma vez que esta se

concentra nos processos e procedimentos, enquanto aquela cuida dos resultados,

atendendo às demandas dos cidadãos.

Assim, Bresser Pereira (2005, p. 265) ressalta que a reforma da administração

pública deve ocorrer em três dimensões: a institucional-legal, que implica em

modificação das leis e instituições; a cultural, representando uma transição de

valores burocráticos para gerenciais; e, por fim, a de gestão, que visa colocar a

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prática gerencial a favor de um serviço público mais barato, controlado e de

qualidade.

2.2 A gestão pública por resultados

No contexto da administração pública gerencial, surge a gestão pública por

resultados como uma de suas ferramentas, visando formular e implementar políticas

públicas estratégicas por meio de práticas gerenciais modernas, a despeito de se

tratar de organizações públicas.

Em consequência, a administração pública burocrática tornou-se obsoleta e as burocracias públicas estão sendo levadas cada vez mais a adotar uma abordagem gerencial, baseada na descentralização, no controle de resultados e não no controle de procedimentos, na competição administrada, e no controle social direto. (BRESSER PEREIRA E SPINK, 2005, p. 11).

Para Trosa (2001, p. 29) “[...] a tendência atual é definir os resultados a alcançar

(método indutivo que parte dos problemas e dos efeitos para chegar aos objetivos

esperados) e deixar aos gerentes e ao pessoal a escolha dos meios e estratégias.”

Infere-se que os resultados, no âmbito de abordagem ora descrito, têm o condão de

identificar prioridades, selecionar uma solução viável e optar pelos meios para

alcançar o fim pretendido.

Os resultados podem ser imediatos, relacionados aos serviços prestados aos

usuários, quando são quantificáveis e tangíveis; ou a médio e longo prazo, quando

podem ser traduzidos como impactos voltados para o atendimento ao cidadão e

relacionados à qualidade e eficácia. Ambos, serviços prestados e impactos, são

importantes na gestão pública por resultados. (TROSA, 2001, p. 171).

Trosa (2001, p. 181) ainda afirma que os impactos sinalizam a realização dos

objetivos:

No fundo, os impactos definem o sentido da ação do serviço público. Eles não são substancialmente diferentes dos objetivos, uma que os objetivos são determinados a priori e que os impactos são analisados durante a execução da ação pública. Os objetivos são mais as intenções e os impactos, os resultados. Para distingui-los, a avaliação é quase sempre necessária.

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Corrêa (2007, p. 498, grifo nosso), sobre a gestão pública por resultados entende

que:

A gestão pública por resultados foi, assim, desenvolvida como uma estratégia que tem início no momento do planejamento estratégico e vai até o processo de feedback das políticas públicas, podendo ser considerada uma prática de boa governança e desenvolvimento institucional, respeitando princípios da distribuição eficiente de recursos públicos e accountability..

Importante ressaltar que a nova gestão pública buscou os avanços das empresas de

administração de negócios do século XX, porém sem perder a característica de

administração pública que tem como objetivo principal a satisfação do interesse

público. (BRESSER PEREIRA, 2005, p. 26-27).

Para tanto, a gestão por resultados na administração pública demonstra,

inicialmente, uma complexa definição de seus produtos, conforme Trosa (2001,

p.190):

O problema da definição dos produtos pode parecer fácil (sic) mas na verdade é uma das atividades das quais os consultores conhecem a enorme complexidade. Os produtos e serviços

4 da administração não são

evidentes, porque não existe mercado para eles, mas principalmente porque as tarefas dos agentes são múltiplas e imbricadas.

A despeito de tal afirmativa, verifica-se que a gestão empreendedora na

administração pública traz o desenvolvimento organizacional, embora apresente

essa dificuldade na definição de seus produtos, gerando resultados por vezes

imprevistos, mas que não inviabilizam iniciativas e propostas de mudanças.

Infere-se que para encontrar práticas viáveis de gestão, requer-se um profundo

entendimento do contexto, buscando-se identificar e compreender histórias de

sucesso e insucesso, filtrando essas experiências e aprendizados para se chegar a

um modelo mais adequado a seus destinatários. Considerando ainda as

especificidades locais, as lições podem ser comuns ou aplicarem-se parcialmente,

contudo sempre em busca da melhoria na prestação de serviços.

Matias-Pereira (2009, p. 144, grifo nosso) assevera:

No debate sobre a adoção de novos modelos de gestão pública, observa-se que a nova gerência pública [...] tem procurado transladar a cultura de

4 A citada autora considera-os quase sinônimos, atribuindo produtos a entidades distintas (pagamento de pensão), e serviços a entidades relacionais (aconselhamento). Em ambos os casos, “[...] trata-se do resultado tal como é prestado ao usuário.” (TROSA, 2001, p. 190).

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gestão orientada para os resultados nas organizações do setor público mediante a implementação de algumas reformas estruturais na gestão.

Nesse diapasão, conforme já mencionado anteriormente, verifica-se que o uso da

estratégia empresarial na gestão da coisa pública apresenta-se de suma

importância, pois temos “[...] o benefício evidente da transferência das boas práticas

empresariais para o setor público [...].” (SPINK, 2005, p. 165).

Castro (2006) apud Boyadjian (2008, p. 56), numa relação entre a gestão de projetos

e a implementação de estratégias, identificou que “A gestão de projetos é talvez o

instrumento de maior impacto na implementação efetiva de estratégias.”

Complementarmente, Saldanha (2006, p. 23-24) enfatiza que a definição dos

objetivos e os meios para alcançá-los, não devem ocorrer por circunstâncias

fortuitas ou externas, referindo-se à administração pública:

O propósito do planejamento governamental é definir objetivos para o futuro e os meios para alcançá-los, de maneira que as transformações ocorridas na comunidade na qual o governo pretende intervir não sejam determinadas, simplesmente, por circunstâncias fortuitas ou externas, mas pelo resultado de decisões e propósitos gerados por alguns ou todos os seus habitantes.

2.3 A Gestão Pública para Resultados em Minas Gerais

Até o ano de 2003, a administração pública burocrática se fazia presente em Minas

Gerais, em consonância com outros Estados brasileiros.

O déficit fiscal era uma realidade que inviabilizava as possibilidades de

investimentos e o desenvolvimento da máquina estatal, então pesada e ineficiente.

Sobre isso, afirmou Anastasia (2006, p. 13):

Em 2002, o panorama da Administração Pública estadual mineira não era positivo. À semelhança de outros Estados federados, Minas Gerais apresentava um gravíssimo quadro fiscal, com notório déficit orçamentário existente desde 1996, pelo que faltavam recursos para todas as despesas, inclusive para o regular e tempestivo pagamento da folha de pessoal. Naturalmente, investimentos com recursos do Tesouro não existiam, levando a um processo de sucateamento da máquina administrativa, mercê também, de cortes agudos nos recursos destinados ao custeio.

Para mudar este quadro, alinhando-se ao proposto para a administração pública

gerencial, o governo de Minas inicia em 2003 um novo modelo de gestão, com uma

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proposta de modernidade e eficiência, voltado para resultados, deu-se o nome de

Choque de Gestão.

O Choque de Gestão se destaca por conter medidas inovadoras, contemplando em

suas ações o planejamento de curto, médio e longo prazo, em busca de resultados

tangíveis por meio de um contínuo trabalho de monitoramento, avaliação, revisão e

consequente, aperfeiçoamento, conforme relata para Duarte et al. (2006, p. 98):

O “choque de gestão” representa uma combinação de medidas orientadas para o ajuste estrutural das contas públicas, com iniciativas voltadas para a geração de um novo padrão de desenvolvimento, tendo a inovação na gestão como elemento de sustentabilidade. Nesta perspectiva o desafio inclui mudanças na forma de fazer o planejamento governamental (“o que fazer”), no funcionamento do aparato governamental e de seus respectivos arranjos institucionais (“o como fazer”) e na gestão dos recursos, em especial na gestão de pessoas (“o com quem fazer”). Assim, a questão da avaliação do desempenho institucional e o respectivo alinhamento dos órgãos e entidades com a agenda estratégica do governo ganharam expressivo destaque.

Como instrumento controle da execução das ações estratégicas do Governo, Minas

Gerais conta com o instrumento denominado Gestão Estratégica de Recursos e

Ações do Estado (GERAES), que se consubstancia em uma carteira de projetos

estruturadores para os quais são destinados recursos financeiros e orçamentários

de forma priorizada, tal qual afirmam Guimarães e Almeida (2006, p. 49): “Os

Projetos Estruturadores [...] têm fluxo de recursos orçamentários e financeiros

garantido, o que é bastante significativo em ambiente de restrição fiscal.”

O projeto estruturador pode ser conceituado como uma ferramenta oriunda da opção

estratégica do governo, a qual materializa as metas, ações e melhorias planejadas

para um determinado programa governamental. Almeida e Guimarães (2009, p. 61)

caracterizam o projeto estruturador como “[...] uma iniciativa que busca transformar a

visão de futuro em resultados concretos que sinalizam a mudança desejada [...].”

Em relação aos projetos estruturadores do GERAES, Dias (2008, p. 161, grifo

nosso) comenta:

Esta carteira de projetos estruturadores organizou-se como um grande portfólio

5, com foco bem definido, objetivos mensuráveis, ações, metas,

prazos, custos e resultados esperados, que permitiram um gerenciamento

5 Para Dias (2008, p. 199), significa “[...] um conjunto de projetos ou programas e outros

trabalhos agrupados para facilitar o gerenciamento eficaz desse trabalho a fim de atender aos objetivos de negócios estratégicos.”

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intensivo. A curto prazo, o que se esperava do GERAES era a melhoria dos resultados do Governo, através do uso de ferramentas de gestão estratégica e a implementação do gerenciamento de projetos focados em resultados, com recursos assegurados.

Como se pode observar em Minas Gerais, o contexto da administração pública

gerencial foi marcada por uma nova forma de gestão pública denominada “Choque

de Gestão”, na qual o governo estadual apresenta o seu planejamento estratégico

voltado para longo prazo, cuja a gestão de projeto e a metodologia

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3 O GERENCIAMENTO DE PROJETOS E A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Pretende-se nesta seção discorrer sobre a influência da estrutura organizacional no

gerenciamento de projetos, buscando-se descrever o referencial teórico que possa

retratar os impactos nesta relação.

O que se pode verificar é que as organizações, conforme sua tradição e cultura têm

seu estilo próprio que exerce uma influencia na busca pelo sucesso organizacional.

Neste sentido Vargas (2002) ressalta que este sucesso depende de que o gerente

de projeto compreenda a estrutura de sua organização e as condições que ela

propicia para o gerenciamento de projetos. O autor conclui, sob este recorte que a

estrutura organizacional é que vai dar a própria autoridade que o gerente do projeto

necessita para a gestão de projetos.

Maximiniano (2007, p. 146) vem ressaltar que na administração de projetos abrange,

dentre outras decisões, [...] “Definir como alojar a estrutura temporária do projeto

dentro da estrutura funcional permanente.”

Assim, esta seção se propõe a abordar um base conceitual referente ao

gerenciamento de projetos, tipos de organizações e o nível de maturidade.

3.1 Gerenciamento de Projetos

Uma tendência marcante na grande maioria das empresas que buscam efetividade

na sua gestão é concentrar uma atenção no gerenciamento de projetos.

No tocante ao gerenciamento de projetos, diversas organizações voltam-se para o

assunto, contudo o Project Management Institute (PMI) é um dos organismos

internacionais mais conhecidos por, dentre outras iniciativas, difundir um guia de

melhores práticas no gerenciamento de projetos, o Project Management Body of

Knowledge - Guide (PMBOK).

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O Guia PMBOK (2008, p. 10) vem destacar uma importância estratégica dos

projetos para as organizações, visto que “Os projetos são frequentemente utilizados

como um meio de atingir o plano estratégico de uma organização [...].”

3.1.1 Conceitos Básicos

Segundo o PMBOK, o projeto é um empreendimento temporário, com o objetivo de

criar um produto ou resultado exclusivo. (PMBOK, 2008, p. 5).

Ratificando o conceito de projeto descrito no PMBOK, Maximiniano (2007, p. 4-5),

apresenta-o como um empreendimento temporário ou uma sequência de atividades

com começo, meio e fim programados, que tem por objetivo fornecer um produto

singular dentro de restrições orçamentárias.

No que tange à administração pública, Kettl (2005, p. 113) destaca que os projetos

devem ser alocados onde podem gerar os melhores resultados, face à escassez

orçamentária:

[...] a administração baseada no desempenho traz melhores resultados para o administrador quando é incorporada o mais integralmente possível ao núcleo de outras grandes decisões de governo, principalmente às decisões sobre o orçamento. [...] Pode ajudar os governantes a ponderar os muitos pedidos que disputam recursos, sempre escassos, e a alocá-los aos projetos em que podem gerar os melhores resultados.

Relativamente ao gerenciamento de projetos, este se constitui na “[...] aplicação de

conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de

atender aos seus requisitos.” (PMBOK, 2008, p.6).

No contexto do PMBOK, além do que foi apresentado anteriormente pode-se inferir

os seguintes grupos de conceitos a respeito de projeto:

- Empreendimento temporário: com data inicial e final pré-definidas; tendo como

objetivo a entrega de um produto, serviço ou resultado específico, exclusivo e

esperado; apresentando um orçamento disponível limitado, diferenciando das

atividades rotineiras das organizações.

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- Elaboração progressiva: os projetos são desenvolvidos em etapas progressivas

com vistas a atender às definições do escopo.

- Ciclo de vida de um projeto: definem quais os trabalhos devem ser realizados em

cada fase, sendo, portanto uma sequência de fases que vão do começo ao fim de

um projeto.

-Grupo de processos: a integração do gerenciamento de projeto exige que cada

processo do projeto (iniciação, planejamento, execução, controle e encerramento)

seja adequadamente associado e conectado a outros processos para facilitar a sua

coordenação.

- Áreas de conhecimento: os cinco grupos de processo incluem as nove áreas de

conhecimento (integração, escopo, tempo, custo, qualidade, recursos humanos,

comunicação, risco, aquisições), cujo dentre todos os conceitos apresentados, vale

a pena destacar a interação existente entre as nove áreas de conhecimento e os

grupos de processos, na qual a importância é destacada pelo PMBOK para a gestão

de projetos.

Na figura 1 pode-se observa a inter-relação existente entre as áreas de

conhecimento e o grupo de processos para a gestão de projetos, conforme

apresentado pelo PMBOK (2008, p.43).

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Figura 1: Inter-relacionamento entre as nove áreas de conhecimento e os cinco grupos de processos de gerenciamentos de projetos

Fonte: Guia PMBOK (2008, p.43)

Assim, pode-se sintetizar que gerenciar um projeto é atuar de forma a atingir

objetivos propostos, em observância a parâmetros pré-estabelecidos e a um

planejamento prévio de prazos e custos, mediante uma estrutura adequada.

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3.2 Relação entre Projetos e Organização

Para Daft (1999, p.7) "as organizações são entidades sociais dirigidas por metas,

projetadas como sistemas de produtividade deliberadamente estruturados e

coordenados e são interligadas ao ambiente externo".

Assim, a partir da geração de estratégias e metas, vê-se que uma organização para

alcançar a visão de futuro desejada, tem definido como forma de detalhar e

operacionalizar seus planos, o desdobramento por projetos. Isso em razão de que

tem se verificado que os projetos possibilitam melhor monitoramento e controle de

seus resultados.

Percebe-se que a organização se configura como sistema aberto, sujeito às

influências do ambiente. Ainda, entendida como estrutura, considera que nas

organizações o processo de planejamento estratégico, e por sua vez o detalhamento

deste em projetos, contribuem significativamente para a tomada de decisões,

respaldada nas melhores práticas do gerenciamento de projetos.

3.2.1 A Estrutura Organizacional

A vinculação entre a estratégia, estrutura e ambiente é tema bastante abordado por

diversos autores (Lawrence e Lorst, 1973; Mintzberg, 1995, 2007; Chandler, 1998;

Richers, 1981; Daft, 1999). A estrutura normalmente tende a refletir a adoção de

uma ou outra estratégia estabelecida pela organização, e esta geralmente

acompanha as mudanças ambientais.

A estrutura organizacional é concebida como um dos fatores fundamentais que

facilita o processo de tomada de decisão. Nesse sentido, uma estrutura inadequada

pode também inviabilizar a implementação de uma estratégia por meio de uma

gestão de projetos. Portanto, torna-se recorrente que a organização incorpore um

modelo de gestão flexível, o bastante, para facilitar a gestão estratégica, permitindo

um bom desempenho administrativo e funcional.

O papel da estrutura nas organizações é possibilitar a previsibilidade do

comportamento de seus membros, mapear suas relações de subordinação e

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proporcionar o alcance dos objetivos organizacionais. Autores como Chandler (1998)

afirmaram que seria preciso, acima de tudo, proceder a adequação, a fim de adaptar

a estrutura interna da organização à estratégia escolhida que será implementada por

meio de projetos.

De acordo com Chandler (1998), a estrutura das empresas deve se ajustar às

estratégias por ela adotadas, para levar em consideração as mudanças do meio

ambiente externo. Segundo o autor, assim como a estratégia deve se adaptar às

oportunidades e às ameaças colocadas pelo ambiente externo, a estrutura deve

seguir a estratégia, ou seja, a estrutura organizacional deve ser vista como um

recurso para possibilitar a operacionalização das estratégias adotadas pela

organização.

Neste sentido, segundo Chandler (1998, p. 136) refere-se à estrutura como sendo o:

Modelo de organização pelo qual se administra a empresa. Tal modelo, formal ou informalmente definido, apresenta dois aspectos. Abrange em primeiro lugar, as linhas de autoridade e comunicação entre os diferentes níveis e funcionários administrativos e, em segundo lugar, as informações e os dados que fluem por essas linhas de comunicação e autoridade. Essas linhas e esses dados que fluem por essas estruturas são fundamentais para efetivamente garantir a coordenação, a avaliação e o planejamento, indispensáveis à execução de metas e políticas básicas e à concentração dos recursos totais da empresa.

Observa-se que nessa afirmativa, o autor apresenta dois aspectos importantes na

estrutura organizacional. Assim, primeiro inclui as linhas de autoridade e de

comunicação entre as diferentes unidades e seus integrantes. Segundo, cita-se as

informações e os dados que fluem através dessas linhas.

Para Richers (1981), a estrutura é uma variável inteiramente dependente, que

embora possa ser modificada inúmeras vezes, de acordo com a conveniência

administrativa da organização, deve sempre acompanhar o intuito de adaptação

mais adequada para dar suporte à estratégia e atender às condições ambientais, a

fim de atingir o melhor desempenho.

Segundo Mintzberg (1995, p.10) “a estrutura de uma organização pode ser

simplesmente definida como a soma total das maneiras pelas quais o trabalho é

dividido em tarefas distintas e como é feita a coordenação entre essas tarefas.” Essa

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definição enfatiza, de forma bastante simples, a divisão e a coordenação do trabalho

na organização através da estrutura que se adota.

Para o gerenciamento de projeto, a estrutura organizacional, segundo McGill apud

Aleixo (2005, p. 30), pode ser caracterizada como sendo do tipo funcional, por

projetos e matricial. Corroborando com esta classificação, Prado (2004, p.70)

apresenta as estruturas que podem ser encontradas nas organizações e seus

reflexos na gestão de projetos.

a) Estrutura Funcional

Também denominada estrutura hierárquica, organiza-se de forma piramidal, a partir

da estratificação dos níveis de gerenciamento em linhas horizontais. Prado (2004, p.

70), vem descrever que esta estrutura :

[...]é utilizada por todas as empresas, em todo o mundo, para executar suas operações rotineiras. Nesta forma de trabalhar, cada departamento (ou diretoria ou divisão) executa suas funções, tendo pouca interferência gerencial dos outros departamentos. As características principais desta forma de organização, sob a ótica de gerenciamento de projetos, são: os projetos são executados simultaneamente com as operações rotineiras, não existe gerente do projeto e os “membros” do projeto não se dedicam integralmente ao projeto.

A seguir a Figura 2, representa uma exemplificação desta estrutura com relação a

coordenação de projetos

Figura 2: Organização funcional Fonte: Guia PMBOK (2008, p. 29)

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Conforme Patah (2004, p. 51), temos as seguintes vantagens e desvantagens desta

estrutura.

Quadro 2: Vantagens e desvantagens da estrutura funcional

VANTAGENS DESVANTAGENS

existe uma grande flexibilidade no uso dos

recursos humanos necessários ao projeto;

especialistas em determinado assunto

podem ser utilizados em diferentes

projetos;

os especialistas de um mesmo

departamento podem ser facilmente

reunidos para compartilhar conhecimentos

e experiências;

o departamento funcional é a base para a

continuidade do conhecimento tecnológico,

quando um indivíduo deixa o projeto ou

mesmo a empresa;

o departamento funcional proporciona um

caminho natural para o crescimento dos

indivíduos cuja especialidade está na área

funcional;

existe facilidade de controle do orçamento e

dos custos do projeto;

possibilidade de um melhor controle

técnico;

flexibilidade no uso da mão-de-obra;

grande disponibilidade de mão-de-obra;

possibilidade de um grande controle sobre

os funcionários, uma vez que cada

funcionário possui somente uma pessoa a

quem se reportar;

os canais de comunicação são verticais e

bem estabelecidos;

rápida possibilidade de reação, mas pode

ser dependentes das prioridades dos

gerentes funcionais.

o cliente não é o foco das atividades do

departamento que gerencia o projeto;

o departamento funcional tende a ser

orientado em direção às suas atividades

particulares;

a responsabilidade total do projeto não é

delegada a nenhum funcionário em

específico;

as respostas às necessidades dos clientes

são lentas;

existe uma tendência de subestimar o

projeto;

a motivação das pessoas alocadas no

gerenciamento do projeto tende a ser

pequena em relação ao mesmo;

este tipo de estrutura organizacional não

facilita uma abordagem holística em relação

no projeto;

esta estrutura não provê uma ênfase

orientada a projetos necessária para

acompanhar as atividades de projeto;

a coordenação torna-se complexa e é

necessário um lead time adicional para a

aprovação das decisões;

as decisões normalmente são tomadas em

favor dos grupos funcionais mais fortes;

as respostas às necessidades dos

consumidores é lenta;

a motivação e a inovação são decrescentes;

as novas idéias tendem a ser orientadas às

funções.

Fonte: Patah (2004, p. 51)

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b) Estrutura Organizacional por Projeto

Também denominada estrutura de organização projetizada, ela implica em um

esforço de equipe com foco no alcance do objetivo ou da missão do projeto. Prado

(2004, p. 70), vem descrever que esta estrutura tem a figura do gerente de projeto

que conserva o cargo mesmo após o término do projeto, na qual o gerente “ monta a

sua equipe com pessoas que se dedicam unicamente ao projeto.”:

A seguir a Figura 3, representa uma exemplificação desta estrutura com relação a

coordenação de projetos

Figura 3: Organização por projeto Fonte: Guia PMBOK (2008, p. 31)

Conforme Patah (2004, p. 51), temos as seguintes vantagens e desvantagens desta

estrutura, conforme Quadro 3.

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Quadro 3: Vantagens e desvantagens da estrutura projetizada

VANTAGENS DEVANTAGENS

o gerente de projeto tem total autoridade

sobre o mesmo;

todos os membros do projeto encontram-se

sob a responsabilidade do gerente do

mesmo;

as comunicações são facilitadas em

comparação à estrutura funcional;

os membros do time do projeto possuem uma

forte identidade própria e, com isso, tendem a

desenvolver um alto nível de

comprometimento com o projeto;

a possibilidade de se tomar decisões rápidas

é maior;

existe uma unidade de comando dentro do

projeto;

estruturas projetizadas são estruturalmente

simples e flexíveis, e relativamente fáceis de

se compreender e implementar;

a estrutura organizacional tende a permitir

uma abordagem holística ao projeto;

os canais de comunicação são fortes;

a gerência pode manter o conhecimento em

um projeto sem a necessidade das pessoas-

chave;

uma rápida resposta aos clientes é

proporcionada;

os funcionários demonstram lealdade para

com o projeto;

existe flexibilidade na determinação de

tempo, custo e performance;

a interface com a alta administração torna-se

mais fácil, uma vez que o tamanho da

unidade é diminuído;

a alta gerência possui mais tempo livre para a

tomada de decisões executivas.

quando a organização tem vários projetos,

é comum que vários novos grupos sejam

criados, isto pode ocasionar duplicidade de

trabalho;

as pessoas com conhecimentos

específicos sobre determinados assuntos

tendem a serem alocadas aos projetos

quando elas estão disponíveis e não

quando elas são necessárias para o

projeto;

para projetos de alta tecnologia, o fato dos

especialistas “pertencerem” aos setores

funcionais é um grande problema para o

gerente de projetos, pois ele precisa do

trabalho destes especialistas

constantemente;

estruturas projetizadas uma considerável

incerteza sobre o que irá ocorrer com os

membros da equipe do projeto quando o

mesmo terminar;

o custo de manter esta estrutura pode ser

proibitivo devido á duplicação de esforços,

facilidades e pessoal;

existe uma tendência de reter os

funcionários em um projeto para um tempo

maior que o necessário;

o controle dos especialistas funcionais

requer a coordenação da alta gerência;

há uma falta de oportunidades para o

intercâmbio técnico entre os diferentes

projetos;

há uma falta de continuidade de carreira e

oportunidades para as pessoas que

trabalham em projetos.

Fonte: Patah (2004, p. 53-55)

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c) Estrutura Organizacional Matricial

Como estrutura hibrida, por fim temos a Matricial. Prado (2004, p. 70), vem

descrever que esta estrutura representa o ambiente ideal para o desenvolvimento de

múltiplo projetos, representando uma mescla de estrutura funcional com a por

projetos.

O PMBOK nos apresenta as organizações matriciais sub-divididas em três formas. A

primeira é a estrutura matricial fraca. Esta estrutura se aproxima mais da estrutura

funcional; os gerentes funcionais possuem mais influência do que os gerentes de

projeto.

Na Figura 4, segue um modelo de estrutura matricial fraca

Figura 4: Organização matricial fraca Fonte: Guia PMBOK (2006, p. 29)

Existe ainda a estrutura matricial balanceada que, por sua vez, caracteriza-se por

reconhecer a necessidade de um gerente de projetos, mas não fornece a ele toda

autoridade sobre os projetos e os recursos financeiros do projeto. A Figura 5 é um

modelo de estrutura matricial balanceada.

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Figura 5: Organização matricial balanceada Fonte: Guia PMBOK (2006, p. 30)

A estrutura matricial forte, por sua vez, aproxima-se mais da estrutura projetizada;

nesta estrutura os gerentes de projetos possuem maior poder na organização em

relação aos gerentes funcionais.

Segue modelo de uma estrutura matricial forte na Figura 6.

Figuras 6: Organização matricial forte Fonte: Guia PMBOK (2006, p. 30)

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O Quadro 4 relaciona as vantagens e desvantagens das estruturas matriciais.

Quadro 4: Vantagens e desvantagens da estrutura matricial

VANTAGENS DESVANTAGENS

existe um responsável pelo projeto como um

todo: o gerente do projeto;

devido ao fato do projeto estar distribuído ao

longo das divisões da empresa, ele pode utilizar

toda a capacidade técnica da mesma;

existe uma ansiedade menor sobre o que irá

ocorrer com a pessoas envolvidas com o

projeto, ao fim do mesmo;

as respostas às necessidades dos clientes são

rápidas;

a estrutura matricial é flexível;

o projeto possui representantes das unidades

administrativas da empresa;

devido ao fato de, normalmente, ocorrerem

vários projetos simultaneamente nas empresas,

a estrutura matricial permite uma maior

otimização do uso dos recursos da empresa;

o gerente de projeto mantém máximo controle

sobre o projeto e os recursos necessários ao

mesmo, incluindo custos e membros do projeto;

políticas e procedimentos podem ser definidos

independentemente para cada projeto;

as estruturas funcionais existem, primariamente,

para suportar os projetos;

cada pessoa possui uma “casa” depois do

encerramento do projeto;

devido ao fato dos recursos serem

compartilhados, os custos são minimizados;

uma base técnica pode ser desenvolvida;

ocorre um rápido desenvolvimento de

especialistas e generalistas;

autoridade e responsabilidade são

compartilhadas;

o stress é compartilhado por todo o time e pelos

gerentes funcionais.

podem existir dúvidas quanto à

responsabilidade pela tomada de uma

decisão dentro do projeto, isto pode atrasar a

realização do mesmo;

os diferentes gerentes de projeto podem

“competir” pelos recursos técnicos

disponíveis na empresa, fazendo com que o

uso dos mesmos deixe de ser realizado de

maneira otimizada;

em estruturas matriciais fortes, o problema

do atraso na conclusão do projeto é tão

grave quanto na estrutura projetizada;

é necessário que o gerente de projetos

possua uma habilidade especial em negociar

recursos com os gerentes funcionais;

a estrutura matricial viola o princípio de

gerenciamento da unidade de comando: os

funcionários da empresa possuem dois

chefes, o gerente do projeto o gerente

funcional;

existem fluxos de informação e trabalho

multidimensionais;

prioridades são alteradas continuamente;

os objetivos da gerência diferem dos

objetivos do projeto;

dificuldade de monitoração e controle;

o balanceamento de tempo, custo e

performance devem ser monitorados;

funcionários e gerentes são mais suscetíveis

à ambigüidade de papéis em comparação à

estrutura funcional;

os funcionários não sentem que possuem

controle sob seu próprio destino quando

estão se reportando continuamente a vários

gerentes.

Fonte: Patah (2004, p. 56-58)

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Em sinergia com esta classificação das organizações a partir de sua estrutura e

forma de trabalhar com projetos, tem-se a proposta apresentada por Kerzner (2006,

p. 219) na Figura 7:

Figura 7: Classificação das indústrias (pela utilização da gestão de projetos) Fonte: Figura adaptada de Kerzner ( 2006, p. 219)

Além dos tipos de estrutura organizacional existentes, outros vetores relativos aos

aspectos organizacionais impactam na mesma e conseqüentemente, no processo

de gerenciamento de projetos, dentre eles estão: o escritório de projetos, o gerente

de projetos, a equipe, os sponsors6 e os comitês.

O Escritório de Projetos, também conhecido como PMO – Project Management

Office7 – é um grupo restrito de pessoas que de alguma forma se relacionam

diretamente com todos os projetos da organização; é o que estabelece a Figura 8:

6 É o “patrocinador” de um projeto, isto é, a pessoa ou o grupo que fornece os recursos e apoio na

superação de dificuldades para a execução do projeto.

7 Um corpo ou entidade organizacional à qual são atribuídas várias responsabilidades relacionadas ao

gerenciamento centralizado e coordenado dos projetos sob seu domínio. As responsabilidades de um PMO podem variar desde o fornecimento de funções de suporte ao gerenciamento de projetos até o gerenciamento direto de um projeto.

O Gerente de Projetos (GP) tem responsabilidade por L&P

A GP é reconhecida como uma profissão

Possibilidades múltiplas de carreiras

Os projetos geram lucros

Empresas orientadas especialmente para a produção mas com muitos projetos

Ênfase no desenvolvimento de novos produtos

Voltadas para o marketing Produtos com curto ciclo

de vida Necessidade de rapidez

no desenvolvimento dos processos

Poucos projetos

Lucratividade associada à produção

Barreiras às inovações

Produtos com longo ciclo de vida

Orientada a projetos Hibridas Não-orientadas a projetos

Gestão de projetos Gerência de programas Gerência de produtos

Presente Passado

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Figura 8: Estrutura organizacional Fonte: Figura adaptada de Prado (2004, p.71)

Segundo Prado (2004, p. 71):

O Escritório de Projetos é um dos aspectos organizacionais de gerenciamento de projetos que vêm recebendo muita atenção ultimamente.(...) O motivo: o PMO simplifica, facilita e otimiza o gerenciamento de projetos a um custo muito baixo. Ele tem se mostrado muito útil em empresas que tocam muitos projetos simultaneamente, aliviando o trabalho dos gerentes de projetos ao compartilhar a execução das tarefas de planejamento e acompanhamento. Assim, sobra mais tempo aos gerentes de projeto para “fazer as coisas acontecerem”, acompanhando o desenvolvimento do produto, interagindo com clientes, liderando sua equipe, etc.

3.2.2 Escritório de Projetos

O escritório de projetos trata-se de uma estrutura responsável por elaborar,

disseminar e manter a sistemática de gerenciamento de projetos nas organizações,

conforme o PMI (2004). Visto como o Project Management Office – PMO, ele é

responsável por fornecer as ferramentas adequadas para dar respaldo à gestão

efetiva de projetos, mantendo o alinhamento com as estratégias corporativas

(KERZNER, 2005).

Na literatura pode-se ressaltar vários conceitos a respeito do PMO, tai como: : i)

unidade organizacional com responsabilidade de responder às necessidades de

planejamento e controle centralizado (MANSUR, 2007); ii)unidade organizacional

com nível de função corporativa, que atua como repositório ou provedor de serviços,

recursos, processos, métodos e ferramentas de auxílio (CRAWFORD, 2000 apud

ANSELMO, 2002); iii) unidade organizacional com nível de função corporativa, que

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auxilia a gestão estratégica dos projetos (MORNINGSTAR, 1999 apud ANSELMO,

2002).

Deve-se destacar Clean (2002, p.246) que apresenta a atuação do PMO focado no

Plano Estratégico da organização, ressaltando, com isso, suas principais atribuições:

a) Gerenciar estrategicamente o portfólio de programas e projetos, de forma a

garantir que esteja alinhado com as metas, os objetivos e a missão da

organização;

b) Constituir-se em ponto focal para o suporte aos programas e projetos da

organização no que tange a procedimentos, sistemas, políticas e recursos;

c) Apoiar o desenvolvimento de um ambiente favorável ao uso do projetos e

programas, e ao reconhecimento de sua importância no contexto da

administração estratégica da organização; e

d) Prover serviços de consultoria aos programas e projetos, visando a um melhor

adequação das estratégicas gerenciais aos objetivos organizacionais.

No tocante ao estabelecimento de condições básicas para implantação de um

Escritório de Projetos, Dinsmore (1999, p.91, chama a atenção que o êxito tendo

ocorrer quanto: [...] o gerenciamento corporativo tenha se comprometido a gerenciar

empreendimentos prioritários por projetos, quando há maturidade organizacional

adequada [...].

Verificando assim, o nível de maturidade organizacional, podemos acrescer ainda

que o PMO visa à melhoria da eficiência no planejamento e condução desses,

podendo fornecer informações rápidas sobre cada um dos projetos existentes e,

consequentemente, auxiliar nas decisões a serem tomadas.

Nota-se então que a própria missão de um PMO pode ser descrita assim:

“Identificar, estimular e apoiar a utilização das melhores práticas de gerenciamento

de projeto de tal forma que a organização possa implementar suas estratégias e

alcançar seus objetivos” (DINSMORE, 2005). E já que nas estruturas

organizacionais convencionais não há outro lugar lógico para posicionar esta função

crítica, surge o Escritório de Gerenciamento de Projetos, PMO, para facilitar a

aplicação das melhores práticas de gerenciamento de projeto (DINSMORE, 2005).

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Por fim Kendall e Rollins (2003) apresentam as funções de um PMO: a) facilitar a

escolha dos conjuntos de projetos a serem trabalhados pela organização; b)

desenvolver e manter uma central executiva de controle dos portfólios de projetos; c)

rastrear e gerar informações sobre o progresso dos projetos; d) prestar consultorias

e esclarecimentos necessários aos projetos; e) oferecer e disponibilizar ferramentas

de gestão de projetos; f) desenvolver e manter uma central de suporte aos projetos;

g) criar, manter e difundir uma metodologia de gestão de projetos; h) identificar e

implementar ações corretivas; i) oferecer suporte e informações facilitando o

trabalho do conselho de gestão; j) selecionar projetos prioritários do portfólio; k)

auxiliar e dar suporte aos projetos que encontrem dificuldades; l) desenvolver e

ministrar treinamentos em gestão de projetos; m) elaborar e desenvolver o marketing

e a comunicação dos projetos; e n) manter repositório de dados e arquivos dos

projetos.

3.2.3 Gerente de Projetos

Gerente de projeto representa a pessoa que vai ser responsável pelo cumprimento

dos objetivos do projetos e que, segundo Prado (2004, p. 72) “[...] preferencialmente

ele deve ser um elemento experiente e de fácil trânsito trato na empresa executora

como no cliente.”

Para cumprimento de suas responsabilidades, Prado (2004, p.72) vem enumerar as

seguintes ações:

a) Produzir o produto/serviço dentro das especificações técnicas, no prazo e custos

orçados e com os recursos disponíveis na organização;

b) Atingir os objetivos de lucro (quando existir este objetivo);

c) Alertar a alta administração se julgar que os objetivos técnicos, prazos e custos

não serão atingidos;

d) Tomar ou forçar as decisões requeridas para assegurar que os objetivos do

projeto serão atingidos;

e) Recomentar o término do projeto ou solução alternativa, caso os objetivos não

possam ser atingidos e as obrigações contratuais permitam;

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f) Ser o ponto focal de contato do projeto com o cliente, alta administração e

gerentes funcionais;

g) Negociair com outros departamento da empresa de forma a conseguir recursos

para o projeto, sempre que necessário.

Ao relacionar as ações a serem executadas, bem como os objetivos a serem

alcançados, pode-se inferir que a estrutura organizacional da empresa onde o

gerente atua pode ser um fator tanto facilitador quanto dificultados para o sucesso

da missão a ele atribuída.

As principais características decorrentes da relação entre projetos e os tipos de

estruturas organizacionais pode ser visualizado conforme Figura 9, abaixo:

Figura 9: Influências da estrutura organizacional nos projetos Fonte: Guia PMBOK (2008, p. 28)

A Figura 9 vem demonstrar como isso impacta no alcance dos objetivos perseguido

pelo referido gerente, podendo verificar que numa estrutura tipicamente funcional o

gerente de projeto terá muita dificuldade em atuar como tal.

3.2.4 Maturidade

Quando se propõem abordar um item em maturidade em gestão de projetos, optou-

se em demonstrar como referenciar teórico o projetos pelo Professor Darci Prado,

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pois este foi o utilizado por Dias (2008) para avaliar a Polícia Militar de Minas Gerais

no seu nível de maturidade em gestão de projetos.

Contudo, segundo Kerzner (2006, p.45):

A maturidade em gestão de projetos é o desenvolvimento de sistemas e processoas que são por natureza repetitivos e garantem uma alta probabilidade de que cada um deles seja um sucesso. Entretanto, processo a e sistemas repetitivos não são, por si, garantia de sucesso. Apenas aumentam a probabilidade.

Reforçando o conceito, Dinsmore (apud PATAH, 2004, p. 86) cita que “maturidade

em gerenciamente de projetos de uma empresa é uma medida de sua eficácia em

concluir projetos.”

Assim Prado (2004, p.94) vem propor os níveis de maturidade que uma organização

pode apresentar após avaliação, refletindo dentro das dimensões de conhecimento,

metodologia, informatização, estrutura organizacional, relacionamentos humanos e

alinhamento com estratégias. Com isso organização pode ter o seu nível de

maturidade na gestão de projetos avaliado, conforme Figura 10, como sendo inicial,

conhecido, padronizado, gerenciado ou otimizado .

DIMENSÃO DA MATURIDADE

NÍVEL DE MATURIDADE 1

Inicial 2

Conhecido 3

Padronizado 4

Gerenciado 5

Otimizado

Competências Técnicas

Dispersos Básicos Básicos Avançados Avançados

Metodologia Não Há Tentativas Isoladas

Padronizada e Implantada

Estabilizada Otimizada

Informatização Tentativas Isoladas

Software Tempo

Padronizada e Implantada

Estabilizada Otimizada

Estrutura Organizacional

Não Há Não Há Padronizada e Implantada

Estabilizada Otimizada

Competências Comportamentais e Contextuais

Boa vontade Algum avanço

Algum avanço Forte avanço Maduros

Alinhamento com estratégias

Não Há Não Há Iniciado Alinhado Otimizada

Figura10 : Relacionamento entre as dmimensões e os níveis de maturidade Fonte: Adaptado Prado (2004, p. 94)

O autor ressalta que o modelo de maturidade apresentado é uma sugestão de

crescimento para um setor de qualquer organização, contudo torna-se importante

para o nosso estudo, como já ressaltado, uma vez que a PMMG passou por esta

metodologia de avaliação.

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4 METODOLOGIA

4.1 Problema

O problema de pesquisa é explicitado através da pergunta de pesquisa. No presente

trabalho de conclusão de curso, elegeu-se como mais adequada ao tema e aos

objetivos propostos a seguinte pergunta de pesquisa: “Quais são os desafios para o

gerenciamento de projeto?”

4.2 Hipótese básica

A hipótese básica propõe que quanto mais consolidada estiver a plataforma de

gerenciamento de projetos nos órgãos integrantes do Sistema de Defesa Social de

Minas Gerais, mais adequada será a sua capacidade em gerenciar os seus projetos

e gerar os resultados esperados.

4.3 Variáveis

As variáveis podem ser consideradas como um conceito que contém ou apresenta

valores inerentes às dimensões em que as hipóteses serão observadas. Designou-

se a variável independente como “X” e a variável dependente como “Y”.

4.3.1 Variáveis da hipótese básica:

4.3.1.1 Variável independente “X”: implantação da plataforma de gerenciamento de

projetos nos órgãos integrantes do Sistema de Defesa Social de Minas

Gerais.

4.3.1.2 Variável dependente “Y”: capacidade de gerenciar projetos e gerar os

resultados propostos pelos mesmos.

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4.4 Relação entre as variáveis

A relação entre as variáveis é assimétrica, tendo-se em vista que a efetividade da

implantação da plataforma de gerenciamento de projetos nos órgãos integrantes do

Sistema de Defesa Social de Minas Gerais concorre diretamente para capacidade

de gerar os resultados propostos em seus projetos e programas setoriais e

institucionais.

4.5 Tipo de Pesquisa quanto aos objetivos

A pesquisa desenvolvida foi descritiva, pois pretendeu levantar as iniciativas que se

apresentam atualmente nos órgãos integrantes do Sistema de Defesa Social de

Minas Gerais, as quais se caracterizam enquanto práticas de gerenciamento de

projetos; e contribuem para consolidar a plataforma de gerenciamento de projetos

nos referidos órgãos. Além disso, configurou-se como um Estudo de Caso.

Fazendo-se uma revisão bibliográfica, identifica-se algumas definições para estudo

de caso: 1) o estudo de caso tem sido descrito como um termo guarda-chuva para

uma família de métodos de pesquisa cuja principal preocupação é a interação entre

fatores e eventos (BELL, 1989); 2) o método de estudo de caso é um método

específico de pesquisa de campo. Estudos de campo são investigações de

fenômenos à medida que ocorrem, sem qualquer interferência significativa do

pesquisador. A finalidade é compreender o objeto em estudo e ao mesmo tempo

desenvolver teorias mais genéricas a respeito dos aspectos característicos do

fenômeno observado (FIDEL, 1992); 3) o método de estudo de caso é uma

abordagem monográfica. O objetivo é reconstruir e analisar um caso sob a

perspectiva sociológica. Como o método utiliza várias técnicas de coleta de dados,

parece ser mais apropriado defini-lo como uma abordagem, embora o termo estudo

de caso sugira que seja um método (HAMEL, 1993); 4) o estudo de caso consiste

em uma investigação detalhada de uma ou mais organizações, ou grupos dentro de

uma organização, com vistas a prover uma análise do contexto e dos processos

envolvidos no fenômeno em estudo. O fenômeno não é isolado do contexto onde se

insere, como nas pesquisas de laboratório, pois o interesse do pesquisador é

justamente a relação entre o fenômeno e este contexto. A abordagem de estudo de

caso não é um método propriamente dito, mas uma estratégia de pesquisa

(HARTLEY, 1994).

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Benbasat et al apud Jones (1998) descreve as principais características do método

de estudo caso: a) fenômeno observado em seu ambiente natural; b) dados

coletados por diversos meios; c) uma ou mais entidades (pessoa, grupo,

organização) são examinadas; d) a complexidade da entidade é estudada

intensamente; e) a pesquisa é dirigida aos estágios de exploração, classificação e

desenvolvimento de hipóteses do processo de construção do conhecimento; f) não

são utilizados controles experimentais ou manipulações; g) o pesquisador não

precisa especificar previamente o conjunto de variáveis dependentes e

independentes; h) os resultados dependem fortemente do poder de integração do

pesquisador; i) mudanças podem ser feitas na seleção do caso ou dos métodos de

coleta de dados à medida que o pesquisador desenvolve novas hipóteses; j) a

pesquisa envolve questões "como" e "por que" ao invés de freqüências ou

incidências; k) o enfoque são eventos contemporâneos.

Para se discutir o método do estudo de caso três aspectos devem ser considerados:

a natureza da experiência enquanto fenômeno a ser investigado, o conhecimento

que se pretende alcançar e a possibilidade de generalização de estudos a partir do

método.

Quanto à profundidade ou natureza da experiência, para Stake (2001) o que é

condenado no método é justamente o aspecto mais interessante de sua natureza:

ele está epistemologicamente em harmonia com a experiência daqueles que com

ele estão envolvidos e, portanto, para essas pessoas constitui-se numa base natural

para generalização.

Quanto ao tipo de conhecimento que se pretende adquirir, Stake (2001) apresenta a

diferença entre explanação e compreensão de um fenômeno. No Método do Estudo

de Caso a ênfase está na compreensão, fundamentada basicamente no

conhecimento tácito que, segundo o autor, tem uma forte ligação com

intencionalidade, o que não ocorre quando o objetivo é meramente explanação,

baseada no conhecimento proposicional. Assim, quando a explanação, ou a busca

de um conhecimento proposicional, é o ponto principal de um estudo, o estudo de

caso é uma desvantagem, mas quando o objetivo é a compreensão, ampliação da

experiência, esta desvantagem desaparece e o método é o mais indicado.

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Quanto à possibilidade de generalização a partir do método de estudo de caso, cabe

aqui uma discussão do que seja um caso. Pensa-se num caso geralmente como um

único membro de uma dada população, como uma pequena representação, ou seja,

o estudo deste caso forneceria uma base fraca de informações para generalização.

Entretanto, um caso pode ser definido como um fenômeno de certa natureza

ocorrendo num determinado contexto (MILES E HUBERMAN, 1994, p. 25). O caso é

uma unidade de análise, que pode ser um indivíduo, o papel desempenhado por um

indivíduo ou uma organização, um pequeno grupo, uma comunidade ou até mesmo

uma nação. Todos esses tipos de caso são unidades sociais. Entretanto casos

também podem ser definidos temporariamente, eventos que ocorreram num dado

período, ou espacialmente, o estudo de um fenômeno que ocorre num dado local.

Portanto, um caso pode ser um fenômeno simples ou complexo, mas para ser

considerado caso ele precisa ser específico (STAKE, 2001).

4.6 Natureza da pesquisa

A pesquisa realizada foi de natureza qualitativa porquanto foram utilizados dados

documentais obtidos institucionalmente nos órgãos pesquisados.

Bauer, Gaskell e Allum (2002) descrevem que a pesquisa qualitativa evita números,

lida com a interpretação das realidades sociais. Godoy (1995) identifica alguns

aspectos essenciais para os estudos que envolvem a pesquisa qualitativa, citados a

seguir: 1) as pesquisas qualitativas têm como fonte direta de dados o ambiente

natural e o pesquisador é o instrumento fundamental para uma confiável

observação, seleção, análise e interpretação dos dados coletados; 2) a pesquisa

qualitativa é descritiva, preocupada com os processos, visando à compreensão

ampla do fenômeno, que é observado de maneira holística; 3) o significado que as

pessoas vinculam às “coisas e às suas vidas” é a preocupação essencial do

investigador; 4) os pesquisadores utilizam o enfoque indutivo na análise dos dados,

construindo um quadro teórico à medida que coleta os dados e os examina.

Os aspectos citados por Godoy (1995) no parágrafo anterior dão uma boa idéia de

que situações a pesquisa qualitativa é indicada. Mais detalhadamente, a pesquisa

qualitativa é importante quando se quer ter uma compreensão ampla do fenômeno

que é observado de maneira holística, quando o quadro teórico não é claro no início

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da pesquisa podendo ser desenvolvido, e quando o ambiente natural é a fonte direta

dos dados.

4.7 Método de abordagem

Utilizou-se na elaboração desta pesquisa os princípios do método hipotético-

dedutivo, pois a partir do embasamento teórico apresentado e interpretação dos

dados da pesquisa, procurou-se verificar a hipótese a partir dos resultados obtidos

com base no referencial teórico apresentado.

4.8 Técnicas

Foi utilizada a técnica de pesquisa documental, levada a efeito por meio da análise

de documentação indireta.

4.8.1 Documentação indireta

4.8.1.1 Pesquisa Documental

Como fontes primárias examinaram-se os documentos normativos institucionais das

instituições do Sistema de Defesa Social, que tratam do objeto de estudo proposto

na presente pesquisa, tal como a Resolução Nº 3.986, de 16 de Setembro de 2008,

que criou a Assessoria de Gestão para Resultados na Polícia Militar de Minas

Gerais.

4.8.1.2 Pesquisa Bibliográfica

Para esta pesquisa selecionaram-se como fontes secundárias, obras diversas que

tratam especificamente do gerenciamento de projetos, como as de Kerzner (2006),

Mansur (2007), Vargas (2007), Prado (2006) e Valeriano (1998). Foram utilizadas

ainda outras obras interdisciplinares tais como Trosa (2001), Alecian (2007), Rolim

(2006), dentre outros autores, de forma que essa base conceitual oferecesse a

compreensão do objeto de estudo.

4.9 Delimitação do Universo

O universo da pesquisa constituiu-se do órgão da Polícia Militar de Minas Gerais.

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5 A GESTÃO DE PROJETOS NA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA PMMG

Pretende-se nesta seção discorrer sobre os aspectos que envolvem a

implementação da gestão de projetos na PMMG, estabelecendo uma relação com o

referencial teórico apresentado anteriormente.

Assim, acompanhando todas as mudanças ocorridas em virtude do modelo de

gestão posto pela reforma da administração pública gerencial, a Polícia Militar

preocupou-se com a implementação de novas rotinas administrativas e novos

conceitos operacionais, o que significou um processo gradual de adaptação que

será descrito nesta seção, sempre o contextualizando em relação ao que foi

preconizado pelo novo modelo de gestão pública.

A atividade de administrar interesses da coletividade requer do administrador público uma postura de contínua observação do contexto que envolve sua atividade. Dada a proporção e velocidade das mudanças postas pela globalização, gerando implicações políticas, jurídicas, econômicas e sociais, torna-se necessário fazer contínuo o processo de mudança de mentalidade e de adaptação às demandas desse novo tempo [...]. (MINAS GERAIS, 2005b, p. 22).

Ainda, serão apresentados nesta seção uma abordagem histórica da Polícia Militar

de Minas Gerais, seu papel e estrutura organizacional, e a identificação do que vem

sendo realizado institucionalmente, relativo ao gerenciamento de projetos.

Sob esta ótica, verifica-se que inserir modelos e proporcionar resultados efetivos à

sociedade, só se torna possível mediante a busca científica pela identificação de

eixos, princípios e experiências compatíveis com a administração pública. Essa

busca é imprescindível para convergir conhecimentos que influenciarão de forma

decisiva o futuro da Instituição.

Assim, em decorrência das mudanças, a Corporação foi impulsionada a rever

paradigmas e a se atualizar no que tange à questão doutrinária o que será descrito

anteriormente

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5.1 A Polícia Militar de Minas Gerais: breve histórico

As primeiras Companhias de Dragões, institucionalizadas no ano de 1775, pelo

então Governador Dom Antônio de Noronha são consideradas o marco inicial da

organização Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), que se constituía a tropa paga

da Capitania de Minas Gerais, denominada Regimento Regular de Cavalaria de

Minas. As atividades iniciais desse “exército estadual” consistiam na defesa do

território da Capitania, na contenção de tumultos e principalmente na garantia do

envio do ouro para o Reino Português (CASTRO, 1998, p.37).

No aspecto organizacional, considera-se que no início da década de 1960, a PMMG

apresentava-se como uma organização de sistema fechado, com um modelo

hierárquico militar a exemplo do Exército Brasileiro, com uma cadeia rígida de

tomada de decisões, com pouca ou nenhuma interferência do ambiente externo.

Com esta estrutura, quase inexistia interação com o ambiente externo,

consequentemente os anseios da comunidade eram desconsiderados.

Com a edição do Decreto-lei 317/1969, seguido do 667/1969 assiste-se à Grande

Reforma Policial, assim denominada por Espírito Santo e Meireles (2003 p. 201). A

Polícia Militar que mantinha os seus integrantes aquartelados, inicia uma nova fase,

com seus policiais militares realizando um policiamento ostensivo fardado, nas ruas

das cidades, com vistas a manter a ordem pública.

Assiste-se na PMMG, a partir de 1979, as primeiras tentativas iniciais da produção

de algumas obras doutrinárias pontuais sobre policiamento, demarcando a

consolidação desta nova perspectiva de prestar serviços no campo da segurança

pública.

Por outro lado, as transformações ocorridas na legislação brasileira, aliadas à

exigência de solução rápida para se aprender a executar o policiamento ostensivo e

compreender os anseios da comunidade provocaram mudança gradual na PMMG.

Tudo isso decorrente da nova configuração, que passa a caracterizá-la como uma

organização de sistema aberto, uma maior descentralização das unidades policiais,

maior aproximação e interação com a comunidade (ambiente externo). Essa

condição apresenta-se como uma nova configuração da organização, fazendo com

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que passasse a desenvolver habilidade para receber e sofrer influência direta do

ambiente.

Com a promulgação da atual Constituição Federal de 1988, registra-se um período

de reconstrução democrática da Polícia Militar, com a busca por uma maior

profissionalização e principalmente, verifica-se a elaboração de uma linha

estratégica e de planejamento, inserindo a sociedade como o público participativo

dos serviços de Polícia Militar (ESPÍRITO SANTO e MEIRELES, 2003 p. 203)

De acordo com Cardoso (2006), a PMMG passou a receber interferências do

ambiente externo e da sociedade brasileira, como toda organização de sistema

aberto. Com escopo no processo de abertura política e redemocratização do país,

observa-se uma exigência relacionada a uma formação de melhor qualidade a seus

integrantes, com uma visão de cidadania e de garantia dos Direitos Humanos.

Todos os aspectos pontuados recontam de forma bastante resumida a evolução da

trajetória histórica da PMMG, de maneira um pouco reducionista, visto que muito se

tem a considerar da sua condição organizacional, social e cultural. Mas há que se

esclarecer que o propósito foi o de oferecer uma rápida contextualização sobre a

organização que se está discutindo, seu sistema e sua estrutura.

Por fim, considera-se como imprescindível limitar-se e dedicar-se a descrever um

pouco mais sobre a questão estrutural dessa organização e, seguindo-se o

desencadeamento do estudo, aprofundar o suficiente na abordagem de alguns

aspectos da inter-relação da PMMG e respectivo processo de planejamento

estratégico.

5.2 A Estrutura da PMMG

Em conformidade com o que se desenhou anteriormente, a estrutura indica o

modelo de administração aplicado pela organização, podendo adotar as formas

funcional, por projetos e matricial, dentre outras, para configurar a sua estrutura

organizacional.

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54

Conforme o aporte teórico dos modelos de gestão e tipo de estrutura organizacional,

verifica-se que a Polícia Militar de Minas Gerais é uma instituição8 pública com

gestão burocrática9, e estruturada de forma funcional. Enquanto organização com

modelo de estrutura funcional, de gestão burocrática, a PMMG tem sua

administração dividida em Órgãos de Direção Geral, de Direção Intermediária e de

Execução.

Nesse sentido, recorre-se à Lei nº. 6624 de 18 de julho de 1975 (LOB), alterada pela

Lei n. 9 774, de 7 de Junho de 1989, onde se encontra estabelecida a formalização

da estrutura geral da PMMG, já com as alterações mais atuais inseridas, que assim

dispõe:

Art. 6º - A Polícia Militar estrutura-se em: I - Unidades de Direção-Geral; II - Unidades de Direção Intermediária: a) Comandos Regionais de Policiamento; b) Diretoria. III - Unidades de Execução: a) Unidades de Execução Operacional; b) Unidades de Execução de Apoio. Art. 7º - As Unidades de Direção realizam: I - o planejamento geral, visando à organização da Corporação, em todos os pormenores, às necessidades de pessoal e material e ao emprego da Corporação para o cumprimento de suas missões; II - o acionamento, por meio de diretrizes e ordens, dos órgãos de apoio e de execução; III - a coordenação, o controle e a fiscalização da atuação desses órgãos. IV - o acionamento das Unidades de Direção Intermediária e de Execução; V - a coordenação, o controle e a fiscalização da atuação dessas Unidades. Art. 8º - As Unidades de Direção Intermediária são responsáveis, perante o Comandante-Geral, pela condução das respectivas Unidades, nos campos operacional e de apoio. Art. 9º - As Unidades de Execução realizam as atividades- fim e atividades-meio da Polícia Militar, em cumprimento a diretrizes, ordens e instruções das Unidades de Direção.

Quanto às áreas de Responsabilidade e Desdobramento, a referida lei estabelece

que:

8 Instituição: associação ou organização de caráter social, educacional, religioso, etc.

9 A burocracia baseia-se numa divisão automática de funções, na atividade rotineira, na

permanência e em uma longa hierarquia vertical. Decisões são tomadas no topo; instruções são emitidas; e a ação é realizada na base. Esse sistema burocrático está preparado para realizar um número limitado de funções repetitivas, em ambientes relativamente previsíveis. Toffler (1985, p.118)

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Art. 51 - O Estado será dividido em regiões, áreas, subáreas, setores, e subsetores em função das necessidades decorrentes das missões e das características regionais. Art. 52 - Entende-se por: I - região: espaço geográfico de responsabilidade de um Comando Regional de Policiamento; II - área: espaço geográfico de responsabilidade de um Batalhão ou Grupamento; III - subárea: espaço geográfico de responsabilidade de uma Companhia ou Subgrupamento; IV - setor: espaço geográfico de responsabilidade de um Pelotão ou Seção; V - subsetor: espaço geográfico de responsabilidade de um Grupo ou Subseção. Parágrafo único - Os Comandos de Batalhão em todo o Estado e os Comandos de Companhia e Pelotão de Polícia Militar no interior do Estado deverão ter sua sede na área, subárea ou setor de sua responsabilidade.

De acordo com o que se acabou de apresentar, pode-se verificar que a PMMG

organiza-se em um tipo “piramidal hierárquico”, tendo como componentes básicos,

os níveis estratégico, tático e operacional. A estrutura funcional é

departamentalizada "por funções" - atividade-fim e atividade-meio - e a forma de

operar "por território", segundo a localização geográfica de suas Unidades,

articulando-se em Regiões, Áreas, Subáreas e Setores, denominados "espaços

geográficos", que determinam os locais de responsabilidade atribuídos às Frações

PM.

A estrutura organizacional e funcional da PMMG, compartimentada nos três níveis

de decisão, acrescida da divisão por funções operacionais e funções administrativas

ou de apoio, pode ser demonstrada conforme Figura 11.

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Figura 11– Estrutura Geral da PMMG Fonte: Adaptado de MINAS GERAIS, 2002

Embora a referência se remeta ao ano de 2002, em relação aos três níveis de

direção da estrutura geral permanece a mesma divisão, havendo sim modificação na

quantidade de Diretorias. Assim, atualmente existem 8 Diretorias (Recursos

Humanos, Finanças, Saúde, Apoio Logístico, Meio Ambiente e Trânsito, Tecnologia

e Sistema, Ensino Educação e Assistência Social, Apoio Operacional, Inteligência).

Além da Academia de Polícia Militar, Corregedoria da Polícia Militar, 18 Comandos

Regionais de Polícia Militar, 01 Comando de Policiamento Especializado e 51

Unidades de Execução Operacional em nível de Batalhão de Polícia Militar (BPM),

no Estado de Minas Gerais, de acordo com a Resolução Nº 4062 , de 13 de Janeiro

de 2010.

O desenho da estrutura de uma organização pode ser representado em um

organograma, que mostra a divisão do trabalho em Unidades e como a autoridade

formal emana sobre as mesmas. Nesse sentido, a Figura 12 evidencia o atual

organograma operacional da PMMG.

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Figura 12– Organograma Operacional da PMMG Fonte: Adaptado de MINAS GERAIS, 2010

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Figura 13– Organograma Administrativo da PMMG - Fonte: Adaptado de MINAS GERAIS, 2010

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Stoner (1985, p.180) escreve que “para mostrar a estrutura da organização, os

administradores normalmente fazem um organograma, que diagrama as funções, os

departamentos ou os cargos da organização e mostra como eles se relacionam”.

Representação gráfica que apresenta as subordinações, níveis hierárquicos,

abrangência de comando, e os agrupamentos de atividades e ou processos de uma

organização.

A articulação administrativa e operacional diz respeito à divisão estrutural e funciona

da PMMG no Estado de Minas Gerais, para fins de planejamento, comando,

coordenação, execução e controle organizacional, podendo ser alterada de acordo

com a o plano de articulação/desdobramento construído e aprovado anualmente.

5.3 Assessoria de Gestão para Resultados

Inovando e considerando a necessidade de adequação institucional, a Polícia Militar

de Minas Gerais criou, na estrutura do Estado-Maior, a Assessoria de Gestão para

Resultados (AGR), através da Resolução n. 3.986 de 16 de setembro de 2008.

Essa Assessoria possui como premissa básica o acompanhamento e o

assessoramento ao Comando da Instituição, fazendo frente à nova realidade da

gestão pública adotada no Estado de Minas Gerais.

Vilhena et al. (2006, p. 24, grifo nosso) ressalta em relação ao alinhamento das

instituições:

A questão é que para que as políticas de gestão logrem seus propósitos não basta apenas que haja, nas três perspectivas (macrogovernamental, organizacional e individual), práticas inovadoras de gestão para resultados, de melhoria dos processos (de gestão de programas, da gestão em geral e dos servidores) e de racionalização de recursos. É, sobretudo, necessário que haja alinhamento entre estas perspectivas e que este alinhamento aponte para a geração de resultados de desenvolvimento. Vista na horizontal, esta integração significa que a promoção de resultados das pessoas deve estar voltada ao alcance dos objetivos de suas instituições e estes, por sua vez, devem estar direcionados para implementar a agenda de governo.

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Nessa perspectiva, nasce a AGR, com as atribuições que norteiam o seu papel

inseridas no artigo 3º da Resolução n. 3.986:

Art. 3º Compete à Assessoria da Gestão para Resultados: I – assessorar na coordenação do planejamento estratégico, na gestão de projetos e na gestão para qualidade na PMMG; II – acompanhar e monitorar o desempenho institucional da PMMG com vistas ao cumprimento das metas pactuadas, face à assinatura de Acordos de Resultados com o Governo do Estado de Minas Gerais; III – avaliar tecnicamente a viabilidade e o alinhamento de propostas de projetos a serem implementados pela PMMG, com base na análise de riscos e aplicação de melhores práticas, conforme normas e padrões estabelecidos; IV – orientar tecnicamente equipes de trabalho sobre a elaboração e a gestão local de projetos, oferecendo suporte, treinamento para os gerentes de projetos e as respectivas equipes; V – assessorar tecnicamente o Comando-Geral da PMMG no processo de concepção e implantação de um sistema institucional de gestão da qualidade baseada em indicadores; VI – atuar como instância técnico-científica de suporte ao desempenho regular das funções de coordenação estratégica das respectivas seções do EMPM. (MINAS GERAIS, 2008f).

Assim, a AGR deverá, conforme é possível verificar, atuar sobre alguns pilares que

merecem destaque: coordenação do planejamento estratégico, da gestão de

projetos, da gestão da qualidade e, finalmente, monitoramento do desempenho

institucional em relação à contratualização de resultados.

A Assessoria de Gestão para Resultados materializa a necessidade de aprimorar os

desdobramentos do Programa Estado para Resultados, relativo à segunda geração

do Choque de Gestão, estando ainda em consonância com as Diretrizes para a

Produção de Serviços de Segurança Pública n. 01/2002-CG.

Com vistas ao cumprimento das atribuições que lhes são inerentes, a AGR está

buscando estruturar e implementar o novo modelo de gestão no nível estratégico,

tático e operacional da PMMG.

O nível estratégico está diretamente envolvido e se apresenta de suma importância

para a operacionalização do Plano Estratégico e para o cumprimento dos acordos

de resultados, uma vez que coordenará efetivamente as ações necessárias à

obtenção dos resultados nos níveis tático e operacional.

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Ademais, o nível estratégico responde perante o público interno e externo, na

abrangência da gestão para resultados, pelo produto a ser oferecido aos usuários

finais. Estes compreendem todos os destinatários do resultado a ser alcançado, que

deverá traduzir a essência do que se espera, de forma oportuna e acessível.

O termo stakeholders, que pode ser relacionado a essa atual concepção, está sendo

amplamente utilizado no campo da administração e representa a repercussão das

ações de uma organização, em todos os segmentos que influenciam e são

influenciados por estas.

A gestão para resultados se encontra estruturada no nível estratégico,

apresentando-se importante a contextualização da Polícia Militar neste processo de

institucionalização do novo modelo de gestão, para verificar se as ações efetivadas

atendem aos seus princípios norteadores, com vistas à otimização dos resultados a

serem alcançados.

Este fator poderá refletir nos objetivos estratégicos da Instituição, presentes no

Plano Estratégico 2009-2011, na condução dos diversos projetos, na

operacionalização dos indicadores e no monitoramento das metas, coordenados

pelo Estado-Maior via Assessoria de Gestão para Resultados e, em última instância,

nos acordos de resultados.

Todo esse esforço se dá no intuito de otimizar e adequar a institucionalização da

gestão para resultados, dentro de parâmetros ideais, em busca do aperfeiçoamento

e da excelência na prestação de serviços.

Nessa perspectiva, destaca-se o 3º Prêmio Excelência em Gestão Pública10,

auferido em 2008, com o trabalho intitulado “Modernização da gestão na segurança

pública: a assessoria de gestão para resultados como instrumento de convergência

estratégica de planejamento, gestão e qualidade na Polícia Militar de Minas

Gerais11”. Essa menção honrosa demonstra a vontade institucional de encontrar

10

Concurso realizado pelo Governo de Minas Gerais, com participação da SEPLAG, Fundação João Pinheiro e Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). 11 Idealizado pelo então Maj PM Fernando Antônio Arantes, chefe da Assessoria de Gestão para Resultados e pelo Maj PM Gilberto Protásio dos Reis)

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caminhos viáveis para a implementação da nova gestão pública e a importância da

AGR enquanto elo entre seus pilares que se manifestam interdependentes.

5.3.1 Plano Estratégico da PMMG

Em 2009, foi editado o Plano Estratégico 2009-2011 em decorrência do

encerramento da vigência do Plano Estratégico 2004-2007, prorrogado até o ano de

2008, e da necessidade de dar continuidade à orientação estratégica. (MINAS

GERAIS, 2009d, p. 10).

A elaboração do Plano Estratégico 2009-2011 ocorreu em duas fases, sendo a

primeira de formulação da estratégia, e a segunda, de implementação. Essas fases

subdividiram-se em etapas, quais sejam: sensibilização, delimitação da identidade

organizacional, diagnóstico dos ambientes interno e externo e, finalmente, a

elaboração da estratégia.

A identidade organizacional foi delineada com a definição da missão, visão e valores

da PMMG. Os dados obtidos no diagnóstico dos ambientes interno e externo foram

analisados sob a ótica da matriz SWOT12, que, conforme Barroso (2008, p. 23-24),

identifica os pontos fortes e fracos da organização e as oportunidades e ameaças do

ambiente externo, fazendo-se ao final do processo a escolha da melhor estratégia.

Foram definidos quatorze objetivos estratégicos, como forma de “[...] focalizar a

atenção sobre desafios pontuais, contribuindo para dirigir os esforços de todos para

os resultados de interesse efetivo.” (MINAS GERAIS, 2009d, p. 14).

Estes resultados podem ser traduzidos como resultados finalísticos e foram divididos

em relação a eventos de defesa social e à eficiência na produção de serviços. Cabe

destacar alguns resultados finalísticos, como a redução da taxa de homicídios, dos

crimes violentos contra o patrimônio e do medo de vitimização, tal qual prevê o

PMDI 2007-2023.

12

Acróstico em inglês das palavras: Strength – força; Weakness – fraqueza; Opportunity – oportunidade e Threat – ameaça. (MINAS GERAIS, 2009d, p. 13).

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O Plano Estratégico 2009-2011 subdivide-se em onze Áreas de Resultado,

relacionadas à seguintes áreas de gestão: recursos humanos, inteligência,

operacional, logística, tecnologia da informação e da comunicação, saúde, educação

profissional, educação escolar, comunicação organizacional, orçamento e finanças

e, por fim, gestão do conhecimento. Essas áreas de resultado desdobram-se em

estratégias e ações.

Na segunda fase, que compreende a implementação, o monitoramento e a

avaliação, ressalta-se o papel da AGR na convergência de esforços para o alcance

dos objetivos estratégicos propostos no Plano que se encontra em curso.

O acompanhamento dos resultados dar-se-á através do gerenciamento setorial, com

a coordenação das ações entre as diversas áreas envolvidas, do monitoramento do

desempenho e da avaliação de resultado, que visa uma análise geral da execução.

(MINAS GERAIS, 2009d, p. 87).

5.3.2 Gerenciamento de projetos

O gerenciamento de projetos é outro pilar de atribuição da AGR, que compõe um

dos recortes estabelecidos na presente pesquisa, com vistas a verificar a

consonância institucional com a nova gestão pública adotada no Estado de Minas

Gerais.

É válido relembrar que a Assessoria de Gestão para Resultados deverá, conforme

previsto na Resolução n. 3.986, em seu art. 3º:

[...] III – avaliar tecnicamente a viabilidade e o alinhamento de propostas de projetos a serem implementados pela PMMG, com base na análise de riscos e aplicação de melhores práticas, conforme normas e padrões estabelecidos; IV – orientar tecnicamente equipes de trabalho sobre a elaboração e a gestão local de projetos, oferecendo suporte, treinamento para os gerentes de projetos e as respectivas equipes [...]. (MINAS GERAIS, 2008f).

Relativamente a essa Assessoria, no que concerne às suas atribuições ora

descritas, Dias (2008, p. 173) observa em estudo realizado:

Ressalta-se, porém, que a AGR, estruturada no nível estratégico da PMMG, deverá se valer, necessariamente, das estruturas gerenciais administrativas

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da organização para gerar os resultados propostos nos Projetos Governamentais e nos Projetos Organizacionais, uma vez que ela não tem capacidade operacional de gerenciar todos os projetos da Organização.

O referido autor propõe ainda a criação de uma Diretoria de Projetos na estrutura

organizacional, no sentido de amenizar essa questão e possibilitar o alinhamento ao

modelo de gestão pública de Minas Gerais.

Importante ressaltar que a gestão de projetos na Polícia Militar remete ao GERAES,

instrumento utilizado pela administração pública estadual por meio do qual foram

eleitos alguns projetos estruturadores, priorizando-se recursos e propiciando

resultados efetivos para a concretização da estratégia desenhada.

A preocupação da Instituição com a implementação da gestão de projetos nos

moldes do que vem sendo realizado a nível estadual, demonstra a busca pelo

alinhamento ao que preconiza o Choque de Gestão. Além dos projetos

estruturadores presentes neste, é viável ressaltar que existem também os projetos

desenvolvidos em nível institucional e que não se classificam como tal.

O Plano Estratégico 2004-2007 já previa a estruturação de um Escritório25 de

Projetos no Estado-Maior, a disseminação de metodologia própria para apoio e

elaboração de projetos e, consequentemente, sua padronização. Entende-se

necessário citar a justificativa do objetivo 37 que prevê estas ações:

A eficácia do planejamento e gestão da administração da Polícia Militar redunda em melhoria do serviço prestado pela Instituição e proporciona maior controle eficaz das ações e dos gastos efetuados. A atual postura do Governo Estadual indica-nos que é necessário o atingimento desse objetivo. (MINAS GERAIS, 2003f, p. 88, grifo nosso).

Verifica-se também no Plano Estratégico 2009-2011, inserido na Área de Resultado

designada Gestão do Conhecimento, a estratégia 8.10.2, que visa instituir a gestão

de projetos na PMMG, estando relacionada à execução de algumas ações do citado

Plano. Daí,surgem as ações voltadas para a capacitação, a normalização e a

implantação de sistema informatizado de gestão de projetos, conforme ações,

8.10.2.1 – Capacitar pessoas para realizar a Gestão de Projetos na PMMG; 8.10.2.2

– Normalizar a Gestão de Projetos na PMMG; e 8.10.2.3 – Implantar um sistema

informatizado de Gestão de Projetos na PMMG.

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É pertinente citar a descrição desta estratégia:

De acordo com os mecanismos de implementação deste Plano Estratégico, [...] em certos casos específicos, já definidos no corpo das Estratégias e suas Ações (nas diversas áreas temáticas), a execução será procedida também mediante Projetos. É neste particular que se justifica a necessidade da gestão de projetos na PMMG. Ocorre que esse tipo de gestão não é tão conhecido na Polícia Militar [...] Além disso, não existe uma definição clara sobre as regras a serem observadas pelos gestores dos projetos. (MINAS GERAIS, 2009d, p. 80, grifo nosso).

O desafio para o sucesso no gerenciamento de projetos inclui ênfase no

planejamento, programação e controle das atividades, devendo considerar também

a estrutura funcional e a cultura organizacional. (DIAS, 2008, p. 61-62). Sobre os

desafios, o autor complementa que:

Há pouco tempo atrás, um projeto era considerado bem sucedido quando era concluído dentro do prazo, de acordo com o orçamento ou abaixo dele e observava suas especificações. Hoje, um projeto para ser considerado bem sucedido deve ainda criar vantagens competitivas e sustentáveis para a organização, deve promover a satisfação do cliente, aperfeiçoar o uso dos recursos, alinhar-se aos objetivos organizacionais e atingir as metas e resultados esperados pela organização no decorrer do tempo proposto.

O gerenciamento de projetos na Instituição começou a ganhar destaque no ano de

2001, quando foi criado o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), que

oferecia recursos em apoio a projetos voltados para a segurança pública. Tal fato se

deu porque para a obtenção de recursos fazia-se necessária a apresentação de

projeto atinente ao objeto pretendido. Face à esta nova demanda, implementou-se a

Assessoria de Projetos no âmbito da Quarta Seção13 do Estado-Maior da Polícia

Militar, em 2003, elaborando projetos na área logística e captando recursos.

Reportando ao objetivo 37 do Plano Estratégico 2004-2007 e considerando a

necessidade de se estabelecer uma evolução cronológica da gestão de projetos na

PMMG, consta-se o início das atividades, no decorrer do ano de 2006, do Escritório

de Projetos na Sexta Seção do Estado-Maior, incumbida da gestão financeira e

orçamentária. Este não foi plenamente instituído, sendo suas atividades,

posteriormente, transferidas para as atribuições da AGR, que deve atuar na

capacitação, avaliação e orientação da execução dos diversos projetos em curso na

PMMG, além do monitoramento dos projetos estruturadores, alvo da reunião do

Comitê de Resultados.

13

A Quarta Seção do EMPM responsabiliza-se pela gestão logística na PMMG.

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Essa evolução na gestão de projetos, ora retratada, traz à tona a importância

atribuída à institucionalização do gerenciamento de projetos, muito embora ainda se

mostre insipiente, conforme conclui Dias (2008, p. 16):

Apesar da adoção da metodologia de gerenciamento de projetos na Administração Pública Estadual, ainda se observa que esta prática é pouco aplicada na Polícia Militar de Minas Gerais, sendo utilizada, na maioria das vezes, de forma isolada por determinados setores institucionais.

Contudo, nota-se que, gradualmente, a Instituição vem buscando adequar-se a esta

nova realidade, enfrentando os desafios naturais e próprios das mudanças

organizacionais.

5.3.2.1 O nível de maturidade da PMMG em gestão de Projetos

Dias (2008, p. 19) quando da realização de monografia apresentada à Academia de

Polícia Militar de Minas Gerais, realizou uma pesquisa que tinha como objetivo

específico avaliar o estágio de maturidade de gerenciamento de projetos na PMMG.

Do trabalho apresentado, utilizando-se do modelo de maturidade proposto pelo Prof.

Darci Prado – MMGP (Modelo de Maturidade de Gerenciamento de Projetos), o

autor utilizou da aplicação do questionário de análise de maturidade setorial, que foi

distribuídos a todo o nível de direção e gerencia administrativa da PMMG e que, em

tese, são envolvidos na gestão de projetos.

A avaliação foi realizada com base nas quatro dimensões propostas por Prado

(2004, p.62) que são as dimensões referentes à Estrutura Organizacional,

Alinhamento com os negócios, Metodologia, Informatização e Competência.

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Figura 14: Plataforma de Gerenciamento de Projetos Fonte: Figura adaptada de PRADO (2004, p. 62).

Observando o contido da metodologia apresentada por Prado (2004) pode-se extrair

a seguinte síntese quanto às dimensões apresentadas:

- Competência Técnica - é composta por conhecimento/experiências em

Gerenciamento de Projetos e, eventualmente, conhecimentos/experiência de outras

práticas de gerenciamento necessárias ara o gerenciamento de projetos dos

respectivos setores. (PRADO 2008, p. 24).

- Competência Comportamentais e Contextuais – Está relacionada à capacidade de

resolução de conflitos, de liderança de equipe, de motivação e comunicação com a

equipe de projetos. Segundo Prado (2008, p.27) “o gerente de projeto e demais

envolvidos necessitam conhecer a organização onde trabalham e outras

organizações que possam afetar o seu projeto.”

- Estrutura organizacional – chama-se de estrutura organizacional à forma como a

empresa u departamento se organiza para a execução de seus projetos. As

empresas de vanguarda utilizam simultaneamente todos os tipos de estruturas

organizacionais (funcional, matricial e por projetos) para obter a melhor eficiência,

tanto nos ambientes de operações rotineiras como nos de projetos. Segundo Padro

(2008, p.27), o “crescimento em aspecto organizacionais se inicia no nível 3 e

continua evoluindo nos níveis seguintes [...].”

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68

- Metodologia - metodologia versa sobre um conjunto de técnicas, regras e métodos

orientados para um fim comum. No tocante ao gerenciamento de projetos ela deve

contemplar os processos de gerenciamento e as áreas de atuação gerencial,

especialmente as contidas no PMBOK, representando os passos a serem seguidos

para garantir a aplicação dos métodos, técnicas e ferramentas. (PRADO 2008, P.

26).

- Informatização – A existência de um bom „sistema de gestão de projetos”(SGP),

com o apoio da informática, é importante para auxiliar o gerente no planejamento e

acompanhamento do projeto. Este sistema pode ser parcial (um único software) ou

completo. É o fator crítico de sucesso para consolidação do nível 3 (padronizado).

- Alinhamento Estratégico – Pressupõe a existência de um Plano Estratégico, cujos

projetos deverão estar alinhados com os objetivos e com as estratégias da

organização. Caracteriza-se, portanto, de fundamental importância em relação ao

alinhamento dos projetos com as estratégias e com a visão de futuro da

organização. Estabelece-se, então, uma prioridade nos projetos a serem

implementados.

Ressalta-se que o nível de maturidade está aliado ao resultado obtido por meio dos

questionários que tendem a refletir uma nota de 01 a 05, possibilitando a

identificação do nível proposto por Prado (2004), conforme Figura 15

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Figura 15– Dimensões e Níveis de Maturidade Fonte: Adaptado Prado (2004)

Desta forma, pelo trabalho realizado por Dias (2008) pode-se constatar as seguintes

notas constantes do Quadro 5, confeccionado a partir das informações constantes

do trabalho do autor.

Quadro 5: Valor médio obtido após avaliação das dimensões de maturidade

Dimensão Escala Valor médio obtido

Competência Técnica 0 a 100 21,6

Metodológica 0 a 100 10,13

Informatização 0 a 100 4,26

Estrutura Organizacional 0 a 100 10

Competências

Compartimentais e

contextuais

0 a 100 3,8

Alinhamento Estratégico 0 a 100 6,06

Fonte: Dias (2008)

Dos resultados apresentados anteriormente, Dias (2008, p. 153) apontou que a

PMMG apresentou um resultado médio global de 1,54, representando um valor

baixo, correspondendo ao nível 1 (inicial) de gerenciamento de projeto, segundo o

Modelo Prado – MMGP.

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Vale ressaltar que o nível 1 representa segundo Prado (2008, p.30) que :

[...]a empresa está no estágio inicial de gerenciamento de projetos, que são executados na base da intuição, “boa vontade” ou do “melhor esforço” individual. Geralmente não se faz planejamento e o controle é inexistente. Não existem procedimentos padronizados. O sucesso é fruto do esforço individual ou da sorte. As possibilidades de atraso, estouro de orçamento e não atendimento às especificações técnicas do projeto são grandes.

Por fim, Dias (2008, p. 167) conclui que “o atual estágio de maturidade da PMMG

em gerenciamento de projetos não é plenamente adequado para organização

gerenciar projetos”.

5.3.2.2 Medidas implementadas para gestão de projetos na PMMG.

- Capacitação em Gerenciamento de Projetos

Conforme já mencionado, o Plano Estratégico, por meio da estratégia 8.10.2, que

visa instituir a gestão de projetos na PMMG, prevê três ações básicas que é

capacitar pessoas, normalizar o processo de gestão e por fim implantar um sistema

informatizado.

Na primeira ação de capacitação de pessoas, a PMMG promoveu a formação de 02

(dois) Oficiais, integrantes da Instituição, como especialistas e 02 (dois)

especializando em Gerenciamento de Projetos, através do MBA Executivo

Internacional em Gerenciamento de Projetos, Pós Graduação lato sensu, pela

Fundação Getúlio Vargas.

Posteriormente, no primeiro semestre uma capacitação de 220 Oficiais na função de

Comando e Alta Direção da PMMG, por meio de uma capacitação in company, de

gestão estratégica e gestão de projetos, também promovida pela FGV.

Além disso o curso de graduação em segurança pública da PMMG, que objetiva a

formação do oficial da Instituição, teve incluso em sua grade curricular a disciplina

de gestão de projetos com 40 h/a. Desde 2008 a PMMG já teve 120 oficiais que

cursaram esta disciplina.

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71

Com todas estas capacitações, além da proposta de inclusão do Curso de Gestão

de Projetos plataforma de Educação à Distância a organização inicia um ciclo que

busca a mudança de cultura.

- Sistema Informatizado

Por meio do ambiente web da Intranet da PMMG, vem sendo desenvolvida uma

plataforma informatizada para gestão de projetos. O sistema possui duas

concepções, uma na gestão de múltiplos projetos, cuja a base vem da concepção

individualizada baseada no MS Project, que pode ser vista na FIG 5.

Figura 15– Sistema Informatizado de Gestão de Projetos Fonte: IntranetPM – PMMG

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- O Escritório de Projetos Criado na Organização em estudo, com denominação de Assessoria de Gestão para

Resultados. Em fase de consolidação, tem responsabilidade de acompanhar os

projetos institucionais.

Por fim, podem ser vistas as iniciativas adotadas pelo órgão público, na

demonstração do esforço necessário à adaptação da estrutura, em razão do

detalhamento da estratégia organizacional operacionalizada por projetos.

São notórios os desafios, limitações e necessidades de inúmeras adequações para

oportunizar o emprego das melhores práticas em gerenciamento de projetos no

setor público.

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6 CONCLUSÃO

A Polícia Militar de Minas Gerais visando cumprir sua missão constitucional e,

concomitantemente, adequar-se à nova gestão pública, buscou na ferramenta da

gestão pública por resultados, as iniciativas para o desenvolvimento de suas

atividades.

Para tanto a contextualização da gestão para resultados empreendida na PMMG,

estudada ao longo deste trabalho monográfico, possibilitou a sua localização no

referencial teórico de forma a conciliá-la com a proposta de gerenciamento de

projetos idealizada pela Instituição no seu plano estratégico.

A gestão de projetos na Instituição enfrenta os desafios naturais e próprios das

mudanças organizacionais, visto que se encontra em processo de construção. Para

esse empreendimento, o Plano Estratégico 2009-2011 do órgão em estudo, possui

ações voltadas para a capacitação, a normalização e a implantação de sistema

informatizado de gestão de projetos.

A partir da interseção entre o gerenciamento de projetos e a esfera temática da

gestão pública, de forma mais precisa, de uma administração pública gerencial, cujo

foco concentra-se nos resultados alcançados, este TCC se propôs apresentar o

desafio que uma estrutura como a da PMMG pode encontrar concretizar em seu

ambiente uma cultura de gestão de projetos, como se propõem o Plano Estratégico

Organizacional.

Desta forma o referencial teórico partiu das discussões sobre a gestão pública,

passando sobre reflexões a respeito da estrutura organizacional que se adequa

melhor a uma gestão de projetos. Por fim, buscou-se relacionar todo o referencial

teórico com o que está sendo desenvolvido na organização, apresentando uma

avaliação realizada sobre o seu nível de maturidade em gerenciamento de projetos,

conforme o método proposto por Prado (2004).

O que inicialmente ficou constatado é que o Governo de Minas Gerais, busca na

administração pública gerencial instrumentos para otimizar a gestão pública do

Estado. Esta estratégia vem logrando êxito a partir de um planejamento feito que

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encontra na gestão de projetos um instrumento viável para apresentar os resultados

objetivados. Desta forma, órgãos do Estado, como a PMMG, vem se adequando à

nova realidade, promovendo mudanças comportamentais e estruturais que buscam

na gestão de projeto uma metodologia eficaz.

Avaliação realizada por Dias (2008) utilizando-se do Modelo Prado para identificar o

estágio de maturidade de gerenciamento de projetos na PMMG, pode-se constatar

que o valor médio alcançado foi de 1,54. Este valor relaciona-se ao nível 1 (inicial)

do Modelo Maturidade de Gerenciamento de Projetos – MMGP, na qual Prado

(2008, p.30) caracteriza a PMMG como aquelas organizações que o gerenciamento

de projetos é executado na base da intuição, “boa vontade” ou do “melhor esforço”

individual, sem planejamento e com controle é inexistente.

Além da “imaturidade” no gerenciamento de projetos, pode inferir que o tipo de

estrutura organizacional caracterizada para a PMMG é a funcional, o que vem

dificultado sobremaneira o êxito nas ações por parte do gerente de projeto.

Contudo, mesmo com a detecção de um baixo nível de maturidade e uma estrutura

dificultadora para eficiência na gestão de projetos, o contexto em que a PMMG está

inserida, além da busca pela inovação por parte de sua alta direção, a instituição

promoveu importantes passos para a busca da eficiência o gerenciamento de

projetos.

Foi criada em sua estrutura a Assessoria de Gestão para Resultados que tem a

função de avaliar tecnicamente a viabilidade e o alinhamento de propostas de

projetos a serem implementados pela PMMG, com base na análise de riscos e

aplicação de melhores práticas, conforme normas e padrões estabelecidos, além de

orientar tecnicamente equipes de trabalho sobre a elaboração e a gestão local de

projetos, oferecendo suporte, treinamento para os gerentes de projetos e as

respectivas equipes.

Além da criação desta importante assessoria, procurou-se constar no Plano

Estratégico da Organização uma estratégia fundamental que é a que visa instituir a

gestão de projetos na PMMG, aponta para ações que buscam a capacitação, a

normalização e a implantação de sistema informatizado de gestão de projetos.

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Desta estratégia surgiram ações que vem materializando em iniciativas tais como:

especializar profissionais com MBA Executivo Internacional em Gerenciamento de

Projetos, além de capacitar mais de duzentos profissionais na área de introdução ao

gerenciamento de projetos, nivelando conceitos para todo o nível gerencial e de alta

direção da PMMG. Também surge iniciativas importantes no campo da tecnologia

com a idealização de um sistema via web para gerenciamento de projetos por parte

da Intranet corporativa.

Posteriormente, no primeiro semestre uma capacitação de 213 oficiais na função de

comando e alta direção da PMMG, por meio de uma capacitação in company, de

gestão estratégica e gestão de projetos promovida pela FGV.

Além disso, o curso de graduação em segurança pública da PMMG, que objetiva a

formação do oficial da Instituição, teve incluso em sua grade curricular a disciplina

de gestão de projetos com 40 h/a. Desde 2008 a PMMG já teve 120 oficiais que

cursaram esta disciplina.

Por fim chega-se a sugestão de que a PMMG para ultrapassar os desafios e

alcançar o proposto no seu Plano Estratégico tem que continuar investindo na ações

de capacitação e informatização, baseando-se numa metodologia adequada de

gestão de projetos para organização que não vá de encontro à cultura

organizacional diretamente, mas que provoque mudanças positivas para que a

estrutura organizacional possa ser facilitadora desta estratégia de gestão.

Nota-se que um planejamento organizacional para o crescimento e desenvolvimento

da Maturidade torna-se um instrumento importante para a melhoria institucional.

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7 CONSIDERAÇÕES INDIVIDUAIS SOBRE O TCC

O presente item por objetivo registrar as considerações e lições aprendidas de cada

aluno participante da elaboração do plano de gerenciamento do projeto.

7.1 Consideração de Nirlane de Souza Barroso

Pontos fortes e fracos do grupo.

Os pontos fortes podem ser considerados as variáveis controláveis que

influenciaram positivamente na realização deste trabalho. Dessa forma, levando-se

em consideração o fator humano, os pontos fortes a serem destacados incluem a

interação da equipe, ou seja, ao escolher fazer o TCC em grupo, os dois integrantes

são residentes do mesmo município, o que facilitou sobremaneira o relacionamento

pessoal para desenvolver o estudo. Ainda neste fator, cita-se a experiência

profissional semelhante e correlacionada, assim a maturidade sobre o assunto foi

um aspecto positivo. Dentro do fator logístico, como ponto forte pode explicitar a

disponibilidade de material bibliográfico para consulta e base teórica, visto que o

tema escolhido está diretamente relacionado à prática do labor diário dos integrantes

da equipe. Dessa forma, durante o período do curso, foram acumulando esse

referencial. Ainda, os integrantes puderam contar com local físico para se reunirem

durante a escrita do TCC, sem restrições, à medida que necessitavam discutir

determinado ponto, se encontravam para tal mister. No fator tecnológico pontua-se a

disponibilidade de equipamentos de informática e linha de dados para pesquisa e

desenvolvimento do trabalho, contando com a internet como meio de construção

conjunta da redação textual. Como fator financeiro, destaca-se como ponto forte a

estabilidade funcional dos integrantes do grupo que favoreceu equilíbrio e

tranqüilidade para realizar a pesquisa e aquisição de livros à medida da

necessidade. Outro ponto forte a declinar, refere-se ao fator cultural e social dos dois

membros do grupo, ou seja, pertencendo à mesma classe social e vivenciando os

mesmos costumes, hábitos e valores éticos facilitaram expressivamente as relações

e o nível das discussões para se chegar a um objetivo comum, sem transtornos e

sem problemas nas relações interpessoais entre a equipe. O nível de conhecimento,

a força de vontade, a perseverança, a dedicação e a vontade de concluir o curso são

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pontos fortes de destaque que favoreceu a troca de idéias, o aprofundamento de

conceitos, a busca de propostas e a finalização do trabalho.

Os pontos fracos a serem citados, apontam-se o suporte metodológico e a estrutura

da educação à distância. Nesses aspectos, a ausência de uma disciplina de

metodologia científica dificulta o esclarecimento de dúvidas pertinentes ao

desenvolvimento de um trabalho técnico científico. A estrutura da EAD apresenta

certa deficiência dentro de uma realidade cultural onde a auto disciplina para

estudos autônomos ainda não é uma questão consolidada, embora a FGV disponha

de boa infra estrutura de EAD. A disponibilidade de cumprir um planejamento para

desenvolvimento de um TCC é um ponto fraco que foi superado com a finalização

concreta do estudo.

Descrição dos aspectos positivos no desenvolvimento do TCC (Descrição

daquilo que foi bem).

Quanto aos aspectos positivos do TCC ficam eleitos o tema escolhido pelo grupo e a

flexibilidade da FGV em franquear a livre escolha do objeto de pesquisa dentro do

universo de gerenciamento de projetos.

O tema deste trabalho possibilitou um crescimento significativo para os membros da

equipe que puderam também dar sua contribuição com a análise de questões

importantes sobre a gestão de projetos no setor público. A pesquisa científica e as

leituras realizadas propiciaram aprofundamento teórico da realidade do mundo das

coisas. A possibilidade de aproveitamento do conteúdo pesquisado servirá de

horizonte e fundamentação para melhoria dos processos e resultados das

organizações públicas, em especial do setor de segurança e defesa social.

Descrição das dificuldades encontradas no desenvolvimento do TCC e das

recomendações para evitar tais dificuldades (Descrição daquilo que foi mal, suas

justificativas e sugestões de como evitar tais problemas).

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Como descrito, a grande dificuldade se mantém no aspecto de disponibilidade de

tempo e apoio presencial do professor na orientação desejada. É verdade que a

FGV e o professor Álvaro em muito se dispôs a ajudar, todavia requeria mandar algo

escrito via internet para assim obter um auxílio. Imagine que escrever a pesquisa já

é algo difícil, ter que escrever várias páginas para submeter à distância a outra

pessoa que pouca afinidade se tem torna algo ainda mais complicador. Para ter

conteúdo a enviar necessita saber inicialmente por onde começar sozinho e, o ponto

de partida é sempre o mais difícil. Como sugestão, penso que o TCC pode ser

inserido no seminário presencial, como o foi, só que no início dos cursos com

apresentação obrigatória de um projeto de pesquisa. Na sequência, já definir o

orientador de imediato. E que esse orientador fosse exclusivo para um grupo menor,

talvez com dez orientandos apenas, para dar maior atenção ao discente.

Descrição das recomendações sobre pontos positivos que devem ser repetidos

quando da elaboração de futuros TCC's (O que foi bom e que deveria ser repetido

se fosse fazer de novo?).

Nesse aspecto, sugerimos manter a livre escolha do objeto de pesquisa, bem como

a escolha de se realizar o TCC em equipe, visto que enriquece as discussões e

facilita o processo de pesquisa e escrita do trabalho. A equipe colabora com o

incentivo e a perseverança para concluir o trabalho com menor desgaste possível.

Descrição das recomendações sobre os pontos negativos que não devem ser

repetidos quando da elaboração de futuros TCC's (O que foi ruim e que não deve

ser feito de novo de forma alguma?).

Retomando o aspecto da disponibilidade de tempo para elaboração do trabalho,

sugerimos que seja concedido um tempo adicional para o discente depositar seu

trabalho final, ou seja, dar um período mínimo de quatro meses após a última prova

do curso. A preocupação e o tempo que a realização de uma prova acarreta ao

aluno, o inviabiliza maior concentração nas pesquisas e conseqüente escrita do

TCC.

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Conclusão individual do aluno sobre o processo de aprendizado no

desenvolvimento do TCC e da sua utilidade (A elaboração do trabalho foi ou não

válida? Quais as principais lições do processo de fazer o TCC? Quais as

recomendações que poderiam ser feitas para outras turmas?).

O processo de aprendizado é inerente ao interesse do aluno e as condições

oferecidas para assimilação e aplicação do conhecimento adquirido, que vão desde

as condições pessoais à infra estrutura da instituição de ensino. Nesse último,

destaca-se a qualidade do conteúdo, a competência dos professores e tutores, o

apoio dos técnicos e profissionais da secretaria e administração que envolve

coordenadores e outros servidores.

Faço esse preâmbulo para destacar que a motivação no desenvolvimento do TCC

depende dessas condições citadas. Destaco que houve incentivo, tanto que está

sendo possível e viável a conclusão do trabalho.

Nas lições do processo de fazer o TCC é importante retomar o recorte do objeto de

estudo e a problematização bem elaborada daquilo que se vai discorrer. No nosso

TCC concentramos na discussão acerca da gestão pública, com delimitação do

estudo no Estado de Minas Gerais. Assim, podemos compreender um pouco mais o

denominado Choque de Gestão, que se mostrou como uma medida inovadora, e

entendi melhor as ações tomadas pelo Governo ao adotar o planejamento de curto,

médio e longo prazo, em busca de resultados tangíveis por meio de um contínuo

trabalho de monitoramento, avaliação, e controle. Esses últimos itens, muito

relacionados com o conteúdo do curso de gerenciamento de projetos, que ensinou

bastante métodos e ferramentas de planejamento, monitoramento e controle de

projetos.

O estudo possibilitou que eu entendesse melhor as estruturas necessárias e

facilitadoras do processo de gerenciamento de projetos, em especial sobre o

escritório de projetos que se apresentou como uma estrutura responsável por

elaborar, disseminar e manter a sistemática de gerenciamento de projetos nas

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organizações, conforme o PMI (2004). Assim, em comparação ao que o estudo

demonstrou sobre a estrutura da organização estudada, o TCC contribuiu para uma

possível utilidade na adequação da prática de projetos para o setor público.

Por fim, desse processo de desenvolvimento do TCC acredito que viabilizou um

crescimento enorme no nível de conhecimento, no sentido de aplicar as

competências adquiridas ao longo da realização do MBA e produzir um estudo que

contribui para a disseminação do conhecimento técnico científico, com abrangência

acadêmica e extensão aplicada à área das organizações que possuem estratégias

operacionalizados por projetos, em destaque o setor público.

Como recomendação para as próximas turmas fica aqui a sugestão aos alunos para

começarem a desenvolver o TCC de forma antecipada, planejada e ao longo da

realização do MBA. Sugiro que formem suas equipes logo no início do curso, para

possibilitar que troquem informações e tenham maior interação entre eles durante os

seminários presenciais. Que estabeleçam a obrigatoriedade de apresentar um pré

projeto de TCC ao orientador e que este retorne com correção aos alunos para ter

um planejamento a seguir com tranqüilidade de estarem no caminho certo.

Concluo meu relatório, afirmando que foi válida a elaboração do TCC, sendo mais

um desafio vencido, demonstrando que o ser humano é sempre capaz de concluir

seus propósitos com sucesso. A bagagem acadêmica oferecida pela Fundação

Getúlio Vargas em muito acrescentou aos meus conhecimentos e que auxiliaram no

desenvolvimento ímpar que é um trabalho técnico científico.

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GLOSSÁRIO

Apresenta-se a relação dos principais termos utilizados em gerenciamento de projetos,

segundo o Guia PMBOK (2008, p. 419), necessários para o entendimento da presente

monografia. Muitas dos termos definidos aqui têm definições mais amplas, e em alguns

casos, distintas das definições dos dicionários.

Área de conhecimento em gerenciamento de projetos: Uma área identificada de

gerenciamento de projetos definida por seus requisitos de conhecimentos e descrita em

termos dos processos que a compõem, suas práticas, entradas, saídas, ferramentas e

técnicas.

Ciclo de vida do projeto: Um conjunto de fases do projeto, geralmente em ordem

seqüencial, cujos nomes e quantidades são determinados pelas necessidades de controle

da organização ou organizações envolvidas no projeto. Um ciclo de vida pode ser

documentado com uma metodologia.

Cliente: A pessoa ou organização que utilizará o produto, serviço ou resultado do projeto.

Conhecimento: Saber alguma coisa com a familiaridade obtida através de experiência,

formação, observação ou investigação; significa entender um processo, uma prática ou uma

técnica, ou como usar uma ferramenta.

Conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos / Project Management

Body of Knowledge (PMBOK): Uma expressão abrangente que descreve a soma dos

conhecimentos contidos na profissão de gerenciamento de projetos. Assim como em outras

profissões como advocacia, medicina e contabilidade, o conjunto de conhecimentos

pertence aos profissionais e acadêmicos que o aplicam e o desenvolvem. O conjunto de

conhecimentos em gerenciamento de projetos completo inclui práticas tradicionais

comprovadas amplamente aplicadas e práticas inovadoras que estão surgindo na profissão.

Cronograma do projeto: As datas planejadas para realizar as atividades do cronograma e

para atingir os marcos do cronograma.

Equipe de gerenciamento de projetos: Os membros da equipe do projeto que estão

diretamente envolvidos nas atividades de gerenciamento de projetos. Em alguns projetos

menores, a equipe de gerenciamento de projetos pode incluir praticamente todos os

membros da equipe do projeto.

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Equipe do projeto: Todos os membros da equipe do projeto, inclusive a equipe de

gerenciamento de projetos, o gerente de projetos e, para alguns projetos, o patrocinador do

projeto.

Escopo: A soma dos produtos, serviços e resultados a serem fornecidos na forma de

projeto.

Escopo do projeto: O trabalho que deve ser realizado para entregar um produto, serviço ou

resultado com as características e funções especificadas.

Escritório de gerenciamento de projetos / Project Management Office (PMO): Um corpo

ou entidade organizacional à qual são atribuídas várias responsabilidades relacionadas ao

gerenciamento centralizado e coordenado dos projetos sob seu domínio. As

responsabilidades de um PMO podem variar desde o fornecimento de funções de suporte

ao gerenciamento de projetos até o gerenciamento direto de um projeto.

Fase do projeto: Um conjunto de atividades do projeto* relacionadas de forma lógica que

geralmente culminam com o término de uma entrega importante. Na maioria dos casos, as

fases do projeto (também chamadas de fases) são terminadas seqüencialmente, mas

podem se sobrepor em algumas situações do projeto. As fases podem ser subdivididas em

subfases e depois em componentes; se o projeto ou parte do projeto estiverem divididos em

fases, essa hierarquia fará parte da estrutura analítica do projeto. Uma fase do projeto é um

componente do ciclo de vida do projeto. Uma fase do projeto não é um grupo de processos

de gerenciamento de projetos*.

Fatores ambientais da empresa: Qualquer um ou todos os fatores ambientais externos e

fatores ambientais organizacionais internos que cercam ou influenciam o sucesso do

projeto. Esses fatores são de qualquer uma ou de todas as empresas envolvidas no projeto

e incluem cultura e estrutura organizacional, infra-estrutura, recursos existentes, bancos de

dados comerciais, condições de mercado e software de gerenciamento de projetos.

Gerenciamento de projetos (GP): A aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas

e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos.

Grupo de processos de gerenciamento de projetos: Um agrupamento lógico dos

processos de gerenciamento de projetos descritos no Guia do PMBOK®. Os grupos de

processos de gerenciamento de projetos incluem processos de iniciação, processos de

planejamento, processos de execução, processos de monitoramento e controle e processos

de encerramento. Em conjunto, esses cinco grupos são necessários para qualquer projeto,

possuem claras dependências internas e devem ser realizados na mesma seqüência em

cada projeto, independentemente da área de aplicação ou das especificações do ciclo de

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vida do projeto aplicado. Os grupos de processos de gerenciamento de projetos não são

fases do projeto.

Grupos de processos do projeto: Os cinco grupos de processos necessários para

qualquer projeto que possuem dependências claras e que devem ser realizados na mesma

seqüência em cada projeto, independentemente da área de aplicação ou das especificações

do ciclo de vida do projeto aplicado. Os grupos de processos são: iniciação, planejamento,

execução, monitoramento e controle, e encerramento.

Habilidade: Capacidade de usar o conhecimento, uma aptidão desenvolvida e/ou uma

capacidade de executar ou realizar uma atividade de modo eficaz e rápido.

Organização funcional: Uma organização hierárquica em que cada funcionário tem um

superior bem definido; os funcionários são agrupados por áreas de especialização e

gerenciados por uma pessoa especializada nessa área.

Organização matricial: Qualquer estrutura organizacional na qual o gerente de projetos

divide as responsabilidades com os gerentes funcionais para atribuição de prioridades e

orientação do trabalho das pessoas designadas para o projeto.

Organização por projeto: Qualquer estrutura organizacional na qual o gerente de projetos

possui autoridade total para atribuir prioridades, aplicar recursos e orientar o trabalho das

pessoas designadas para o projeto.

Maturidade: Estado em que está plenamente desenvolvido; época desse desenvolvimento;

perfeição; excelência, primor.

Partes interessadas / stakeholders: Pessoas e organizações, como clientes,

patrocinadores, organizações executoras e o público, que estejam ativamente envolvidas no

projeto ou cujos interesses possam ser afetados de forma positiva ou negativa pela

execução ou término do projeto. Elas podem também exercer influência sobre o projeto e

suas entregas.

Patrocinador / Sponsor: A pessoa ou o grupo que fornece os recursos financeiros para o

projeto.

Portfólio: Um conjunto de projetos ou programas e outros trabalhos agrupados para facilitar

o gerenciamento eficaz desse trabalho a fim de atender aos objetivos de negócios

estratégicos. Os projetos ou programas do portfólio podem não ser necessariamente

interdependentes ou diretamente relacionados.

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Projeto: Esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado

exclusivo.

Programa: Um grupo de projetos relacionados gerenciados de modo coordenado para a

obtenção de benefícios e controle que não estariam disponíveis se eles fossem gerenciados

individualmente. Programas podem incluir elementos de trabalho relacionado fora do escopo

dos projetos distintos no programa.

Profissional de gerenciamento de projetos: Uma pessoa que tenha recebido a

certificação de PMP do Project Management Institute (PMI).

Software de gerenciamento de tempo: Tipo de aplicativos de software especificamente

projetados para auxiliar a elaboração, monitoramento e controle de cronogramas.

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DECLARAÇÃO

Declaro para os devidos fins, que foi autorizada a realização de pesquisa

técnico cientifica com utilização de dados disponibilizados pela Polícia Militar de Minas

Gerais.

Belo Horizonte, 15 de julho de 2010.

LUCIENE MAGALHÃES DE ALBUQUERQUE, CEL PM

SUB CHEFE DO ESTADO MAIOR

ESTADO-MAIOR

A S S E S S O R I A D E G E S T Ã O P A R A R E S U L T A D O S ( A G R ) / E M P M

Rod. Prefeito Américo Gianetti s/n, Edifício Minas 1ºandar, bairro Serra Verde, BH/MG – CEP 31.630-900 - Tel.: (031) 3915-7757; (031) 3915-7762

E-mail: [email protected] e/ou PA AGR/EMPM

AAGR 1

AGR 1