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O DANO MORAL E OS DIREITOS DA PERSONALIDADE NA RUPTURA DO VÍNCULO CONJUGAL THE DAMAGE AND MORAL RIGHTS OF PERSONALITY IN BREAKING THE MARRIAGE BOND Luciane da Silva Onça RESUMO A família desempenha papel primordial na sociedade. Em virtude disto nossa Carta Magna confere-lhe proteção específica. Visando coibir as infrações dos deveres do casamento e da união estável, que afetam os direitos da personalidade dos consortes, a doutrina e jurisprudência têm admitido o dano moral e material na ruptura culposa do vínculo conjugal. PALAVRAS-CHAVES: DANO MORAL, DIREITO DE FAMÍLIA, DIREITOS DA PERSONALIDADE, CONVIVÊNCIA FAMILIAR. ABSTRACT The family plays vital role in society. Given that our Magna Carta gives them specific protection. Aiming to curb the violation of the duties of marriage and stable, which affect the rights of the personality of the associates, the doctrine and case law have allowed the moral and material in the fault rupture of the marital bond. KEYWORDS: MORAL, RIGHT TO FAMILY, RIGHTS OF PERSONALITY, FAMILY LIVING. 1. INTRODUÇÃO É notória a importância da família no contexto social. Nossa Carta Magna conferiu-lhe status valorativos centrados na dignidade da pessoa humana (artigo 1º, inciso III). Ao infringir os deveres do casamento previstos no artigo 1566 e incisos do Código Civil, como o dever de respeito e consideração mútuos resultará em agressão aos direitos de personalidade, bem como, o valor dignidade do cônjuge vítima. 5270

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O DANO MORAL E OS DIREITOS DA PERSONALIDADE NA RUPTURA DO VÍNCULO CONJUGAL

THE DAMAGE AND MORAL RIGHTS OF PERSONALITY IN BREAKING THE MARRIAGE BOND

Luciane da Silva Onça

RESUMO

A família desempenha papel primordial na sociedade. Em virtude disto nossa Carta Magna confere-lhe proteção específica. Visando coibir as infrações dos deveres do casamento e da união estável, que afetam os direitos da personalidade dos consortes, a doutrina e jurisprudência têm admitido o dano moral e material na ruptura culposa do vínculo conjugal.

PALAVRAS-CHAVES: DANO MORAL, DIREITO DE FAMÍLIA, DIREITOS DA PERSONALIDADE, CONVIVÊNCIA FAMILIAR.

ABSTRACT

The family plays vital role in society. Given that our Magna Carta gives them specific protection. Aiming to curb the violation of the duties of marriage and stable, which affect the rights of the personality of the associates, the doctrine and case law have allowed the moral and material in the fault rupture of the marital bond.

KEYWORDS: MORAL, RIGHT TO FAMILY, RIGHTS OF PERSONALITY, FAMILY LIVING.

1. INTRODUÇÃO

É notória a importância da família no contexto social. Nossa Carta Magna conferiu-lhe status valorativos centrados na dignidade da pessoa humana (artigo 1º, inciso III). Ao infringir os deveres do casamento previstos no artigo 1566 e incisos do Código Civil, como o dever de respeito e consideração mútuos resultará em agressão aos direitos de personalidade, bem como, o valor dignidade do cônjuge vítima.

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Para assegurar a dignidade das pessoas, mesmo aspectos não previstos em lei são englobados nos direitos da personalidade, merecendo ampla tutela jurídica. As agressões que freqüentemente ocorrem no ambiente familiar acarretam inúmeras situações violadoras dos direitos da personalidade, entre estas citam-se: as agressões físicas, as ofensas morais, o atentado à vida do cônjuge, inclusive por meio de contaminação de doença grave e letal, como a AIDS, o abandono moral e material do consorte, adultério, tentativa de morte, sevícias ou injúria grave, conduta desonrosa dentre várias outras.

Referidas situações consubstanciam ofensas graves aos direitos da personalidade do cônjuge vítima, que resultarão em dano moral, sendo por isso indenizável, conforme previsão legal do artigo 5º, incisos V e X e § 2º da Constituição Federal e orientação pacífica de nossos tribunais, especialmente pelo STJ, como se denota: "A propósito, anote-se que, a Constituição assegura direito de indenização por violação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas. É, em síntese, enfatize-se, a indenização por dano moral, cujo conceito, evidentemente, ampliou-se em muito no regime da nova lei fundamental" (In STJ - REsp. 913.131/BA - Relator Min. Carlos Fernando Mathias - Juiz convocado do TRF 1ª Região). O quantum indenizatório não pode ter valor ínfimo de tal forma a causar humilhação no infrator e servir de estímulo a novas violações e nem valor exacerbado que ocasione locupletamento ilícito do lesado e onerosidade excessiva ao lesionador, consoante, aliás, regra inserta no Código Civil de 2002 em seu artigo 884.

Mister destacar que a reparação civil faz-se presente nos casos de separação litigiosa, não ocorrendo, portanto nos casos de separação judicial consensual e visa tutelar o direito do cônjuge inocente, agredido em sua personalidade ou em sua dignidade.´

2. BREVE RELATO HISTÓRICO DO DIREITO DE FAMÍLIA

Historicamente a família tem suas origens em Roma, na figura do pater familiae. Ela congrega os valores da sociedade, sendo por isso responsável pela reposição dos valores perdidos. O ambiente familiar é determinante na construção da personalidade do indivíduo[1].

A degradação de valores, os vícios, o avanço tecnológico convidativos ao lazer e ao prazer material, aliado ao mau exemplo dos governantes envoltos com a corrupção tem afetado a família e propiciado a degradação dos bons hábitos e costumes sadios da sociedade[2].

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A Carta Magna de 1988 praticamente constitucionalizou o direito de família, e deu início a uma nova ordem jurídica, permeada por fundamentos de valores, assimilados pelo Código Civil de 2002, especialmente na tutela ampla e irrestrita aos direitos da personalidade prescritos nos artigos 11 a 21 do Código Civil, centradas na dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III) e, ampliadas através do artigo 5º e inciso da Norma Constitucional que prescrevem os direitos e garantias fundamentais da pessoa humana·.

As normas legislativas procuram adaptar-se à evolução social e dos costumes e a Constituição Federal, como norma maior, sempre foi marcante no sentido de alterar os rumos da sociedade familiar, concorrendo para expressiva mudança no comportamento dos consortes no ambiente conjugal[3].

Nesse sentido, Luis Edson Fachin, citando Gonçalves Neto, destaca que a nova ordem familiar tem como missão abandonar o positivismo Kelseniano para pautar o pensamento jurídico numa lógica material, voltada não mais para um eu ideal, mas para o ser humano real com seus defeitos e paixões[4].

A proposta desta nova ordem jurídica consiste no respeito aos direitos da personalidade das pessoas envolvidas na convivência familiar, onde deve predominar o respeito e consideração mútuos[5].

3. AXIOLOGIA FAMILIAR PRESENTE NO CÓDIGO CIVIL

A estrutura familiar é revestida de elementos valorativos que promovem sensibilidade nos relacionamentos pessoais. O artigo 1566, incisos I a V do Código Civil prevê os deveres de ambos os cônjuges no casamento. Este artigo além de repetir o que já dispunha o Código Civil de 1916, enumera outros como o dever de respeito e considerações mútuos, previsto também na Lei 9278/96 com relação aos conviventes em união estável. Conforme expõe Oliveira/Hironaka[6], esse acréscimo é útil por enfatizar o dever de tratamento respeitoso devidos aos cônjuges na vida familiar, afastando condutas inadequadas de ofensas físicas ou morais, denominados pela doutrina e a jurisprudência como sevícia e injúria grave.

Carlos Roberto Gonçalves, citando decisão do STJ, proclama que, "Nosso sistema jurídico brasileiro admite a indenização por dano moral, na separação e no divórcio. Responde pela indenização o cônjuge responsável exclusivo pela reparação. Em recurso especial, diante do comportamento injurioso do cônjuge varão, a Turma conheceu e deu provimento ao recurso por ofensa ao artigo 159 do Código Civil de 1916, para a

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obrigação de se ressarcirem danos morais (In REsp: 37.051-0, 3ª Turma, Rel. Min. Nilson Naves, j. 17.04.2001)".

De acordo com o autor citado, a responsabilidade civil nas relações conjugais é contratual, por ser o casamento um contrato, embora especial e de Direito de Família. Basta ao ofendido demonstrar a infração e os danos oriundos para que se estabeleça o efeito, que é responsabilidade do faltoso. As ofensas aviltam os deveres de "respeito, consideração mútua" e "fidelidade recíproca", pertencentes ao âmbito dos danos extrapatrimoniais. A violação de tais deveres afeta a estrutura psíquica do cônjuge vítima produzindo dissabores psicológicos.

Compartilha desta idéia Inácio de Carvalho Neto[7], para quem "a injusta agressão à dignidade, à estima e ao respeito do ofendido, configura-se um dano moral passível de reparação".

Segundo Carlos Alberto Menezes Direito e Sérgio Cavalieri Filho[8], a Constituição Federal ao consagrar a dignidade humana em seu artigo 1º, inciso III, proporcionou ao dano moral uma nova feição e dimensão, por ser a dignidade humana a base de todos os valores morais e a essência de todos os direitos personalíssimos, como a honra, a imagem, o nome, a intimidade, a privacidade, dentre outros. Destarte, conclui Clayton Reis[9], "quando os deveres decorrentes do casamento são ofendidos, agride-se a personalidade dos componentes do núcleo familiar, gerando fissuras na dignidade dessas pessoas".

Conforme proclamou José de Oliveira Ascensão[10], os direitos da personalidade constituem a prioridade da pessoa humana. Por isso, para assegurar a dignidade da pessoa, mesmo aspectos não previstos por lei são englobados nos direitos da personalidade. [11]Destarte, toda vez que estiver em jogo a dignidade da pessoa humana, presente está um conteúdo de valor, que merecerá a tutela especial da norma jurídica.

Nos rompimentos matrimoniais podem ocorrer inúmeras situações violadoras dos direitos da personalidade, ao haver infração aos deveres de respeito e proteção oriundos do casamento, previstos no artigo 1566, incisos III e V do Código Civil. Citam-se como exemplo: as agressões físicas, as ofensas morais, o atentado à vida do cônjuge, inclusive por meio de contaminação de doença grave e letal, como a AIDS, o abandono moral e material do consorte, dentre várias outras[12]. Segundo observação de Yussef Said Cahali, citado por Rui Stoco[13] é principalmente no Direito de Família que influem a religião, os costumes e a moral. Em decorrência disto, a carga valorativa no núcleo familiar é o elemento que se sobressai nas condutas dos consortes.

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Verifica-se uma tendência de despatrimonialização[14] do Direito Civil, que atinge também o Direito de Família, não mais orientado na expulsão e redução qualitativa do conteúdo patrimonial, mas na tutela quantitativa das relações familiares, em que sobressai a dignidade da pessoa humana e a solidariedade social. Essa visão alicerçou os princípios éticos de respeito e consideração presentes no Código Civil de 2002, no que se refere aos deveres dos cônjuges.

Conforme já descrito, vivemos em uma sociedade de conteúdo axiológico que repercute, sobretudo na estrutura familiar. Por isso as desavenças ocorridas nesse ambiente interferem na personalidade dos seus titulares, gerando abalos morais em seus titulares.

4. O DANO MORAL NO DIREITO DE FAMÍLIA

Não há regra específica para reparação dos danos no Direito de Família. Mediante aplicação da regra inserta no artigo 186 do Código Civil, a Doutrina e a Jurisprudência vêm disciplinando o assunto[15].

No campo da responsabilidade civil, a família nunca recebeu tratamento específico. A lei infraconstitucional não avançou no tema e permaneceu arcaica em diversos pontos, englobando princípios abarcados pelo antigo Código Civil. Destarte não houve uma evolução concernente ao Direito de Família, principalmente no que diz respeito à aplicação do Dano Moral no âmbito familiar[16]. Nesse sentido, Eduardo de Oliveira Leite[17] proclama, "Com efeito, a indenização, na área do Direito de Família, embora incomum e naturalmente imprópria (em setor onde o pessoal se sobrepõe ao patrimonial) ganha novo alento, na medida em que se revela uma estratégia capaz de amparar os direitos pessoais nas relações de família".

Segundo Regina Beatriz Tavares da Silva, "o Direito de Família que regula as relações dos cônjuges, dos companheiros e dos pais e filhos, não está num pedestal inalcançável pelos princípios da responsabilidade civil. Não se pode privar a família da utilização do mais relevante instrumento jurídico, que assegura condições existenciais da vida em sociedade: a reparação civil de danos. Além disso, se não houvessem as devidas conseqüências pela infração, os deveres de família seriam transformados em meras recomendações, a favorecer o seu inadimplemento"[18].

Nas rupturas das relações conjugais, sempre se analisou o aspecto da culpa, atribuindo-se ao cônjuge faltoso punições materiais, como o dever de prestar alimentos ao cônjuge

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inocente e sanções relativas à perda da guarda dos filhos, ou no caso da esposa, interesse ao direito do uso do nome do marido. Eduardo de Oliveira Leite[19] nesse sentido aduz que, "O estudo primoroso de Regina Papa dos Santos, também se direciona no mesmo sentido da reparabilidade dos danos morais oriundos de ruptura da sociedade conjugal ao afirmar que, diante da legislação vigente e projetada é descabida qualquer interpretação que impeça a aplicação dos princípios e regras sobre a responsabilidade civil à dissolução culposa da sociedade conjugal.

Referidas sanções impostas por ocasião da violação dos deveres conjugais não são e nunca foram suficientes para inibirem novas práticas de condutas desonrosas, de forma que mesmo antes do novo Código Civil, a Jurisprudência e Doutrina já se preocupavam com o assunto.

Entretanto no novo ordenamento constitucional houve uma evolução de antigos conceitos retrógrados e patriarcais e consagraram-se princípios fundamentais, tais como da igualdade e da dignidade humana, elevando a importância dos direitos personalíssimos. A Doutrina e Jurisprudência têm destacado o princípio da dignidade da pessoa humana, que deve ser respeitado em todas as relações sociais, mas, sobretudo nas relações familiares, tendo em vista que a família é o alicerce da sociedade. De acordo com Regina Beatriz Tavares da Silva, a família deve ser havida como centro da preservação da pessoa, da essência do ser humano, antes mesmo de ser tida como célula básica da sociedade[20].

Ressalta-se que são inúmeras as situações, cujo rol pode ser inesgotável, que podem ensejar o Dano Moral no âmbito do Direito de Família: relações conjugais, estado de filiação, abandono material, intelectual e moral do filho, negativa de reconhecimento da filiação.

Segundo Caio Mário da Silva Pereira:

Não existe um critério pré-ordenado, outrossim, para a definição do que se compreende como conduta desonrosa, prevista no artigo 1573, VI do Código Civil. É de se considerar todo comportamento de um dos cônjuges, que implique granjear menosprezo no ambiente familiar ou no meio social em que vive o casal[21].

As agressões verbais proferidas por um cônjuge ao outro, sendo conhecedor das fragilidades e inseguranças do consorte, atingem intimamente a este, de tal forma que os danos morais originados são amplos. São comuns reações violentas pelo ofendido, incluindo homicídios passionais. Demonstrado que as ofensas foram a causa geradora de calúnia, injúria ou difamação, configurado está o dano moral[22].

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Para Carlos Alberto Menezes Direito e Sérgio Cavalieri Filho[23], qualquer agressão à dignidade pessoal lesiona a honra, constitui dano moral e é por isso indenizável. Valores como a liberdade, a inteligência, o trabalho, a honestidade, aceitos pelo homem comum, formam a realidade axiológica a que todos estamos sujeitos. Ofensa a tais postulados exige compensação indenizatória. (In Ap. Cível 40.541- Rel. Des. (Xavier Vieira, in ADCOAS 144.719).

Além dos deveres inerentes ao casamento previstos no artigo 1.566, incisos I a V do Código Civil, Carlos Roberto Gonçalves[24] "relata os deveres implícitos existentes no casamento e identificados pela jurisprudência, destacando-se: o dever de sinceridade, o de respeito pela honra e dignidade própria da família, o dever de não expor o outro cônjuge a companhia degradantes, o de não conduzir a esposa a ambientes de baixa moral, constituem algum dos fatos que são conseqüência do respeito e consideração do marido para com a sua esposa". A violação desses deveres constitui causa geradora da separação judicial cumulada com danos morais.

Na união estável[25] aplicam-se os mesmos princípios, uma vez que o § 3º do artigo 226 da Constituição Federal estende a proteção do Estado à união estável do homem e da mulher, reconhecendo-a como entidade familiar. No mesmo diapasão o artigo 1º da Lei 9278/96 reconhece como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher estabelecida com o objetivo de constituição de família. Destarte, quando ocorrer violação do dever de respeito e consideração mútuo em havendo descumprimento de um dos deveres oriundos da união estável (artigo 1º da Lei 9278/96 e artigo 1724 CC), os danos acarretados ao consorte são plenamente reparáveis e sua indenização poderão ser postulados em cumulação com pedido de reconhecimento e dissolução de união estável[26].

De acordo com o que preceitua a súmula 382 do STF: "A vida em comum sob o mesmo teto, more uxório, não é indispensável à caracterização do concubinato". Observa-se, nesse caso, a desnecessidade da coabitação[27].

A união estável pode ser dissolvida unilateralmente, sem que o companheiro dissidente seja obrigado a reparar eventuais danos pela ruptura. Todavia, se ocorrer abalo moral ou patrimonial ao companheiro repudiado, devido ao rompimento, é possível obter reparação pelo prejuízo[28].

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Em consonância com este entendimento, tem-se a decisão jurisprudencial, no recurso de Apelação Cível 66.960-4/8, 2ª CDPr do TJSP, em 23.2.99, Relator: Des. Enio Santarelli Zuliani, RT 765/191.

EMENTA: É inadmissível a rejeição liminar, sob a alegação de falta de sucedâneo jurídico, de ação indenizatória proposta contra ex companheiro por mulher que por ele foi abandonada após engravidar, perder o emprego e em conseqüência abortar involuntariamente, pois no caso existe adequação jurídica, interesse e legitimidade, eis que articula uma pretensão amparada pelo direito e pela moral[29].

Nas relações entre pais e filhos, atinentes aos deveres de guarda, sustento e educação, o genitor que descumprir esses deveres para com os filhos, causando-lhes danos morais ou materiais, também estarão sujeitos aos princípios da responsabilidade civil, podendo ser condenados ao pagamento da indenização correspondente[30].

Além da cláusula geral de proteção à dignidade humana, como respaldo constitucional da reparação civil, há também a previsão do artigo 5º, inciso V e X, bem como o § 2º da Constituição Federal, que estabelece a inviolabilidade dos direitos da personalidade e o direito à indenização pelo dano moral e material decorrente de sua violação, e o artigo 226, § 8º da mesma Carta Magna, que prevê a criação pelo Estado de mecanismos para coibir a violência no âmbito das relações familiares, na pessoa de cada um dos que a integram[31].

Nesse sentido, as decisões dos Tribunais vêm proclamando que:

"EMENTA: Injuriosa será em síntese, a ponto de autorizar a decretação da separação judicial, como anotado pelo STF, a alegação ofensiva e desnecessária ou mendaz, desvelando abuso de defesa ou animus nocendi" (RT 473/63). No mesmo sentido, "a acusação de leviana, de desonesta, de adúltera, increpada pelo marido à mulher na petição inicial, é gravíssima e, uma vez não provada convincentemente, constitui injúria grave, veementemente capaz de autorizar a separação judicial" (in RT 346/491).

A vida em sociedade, para Humberto Theodoro Júnior[32], "por envolver um conjunto de direitos e deveres provoca freqüentes conflitos e aborrecimentos, com reflexos psicológicos, chegando até causar abusos e danos. O autor conclui que a ilicitude da conduta do agente e a gravidade de lesão suportada pela vítima[33] são os elementos essenciais à caracterização da responsabilidade civil por dano moral". Destaca,

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outrossim, que não são os meros aborrecimentos do cotidiano de qualquer casal, mas sim aqueles dissabores que provocam traumatismo e reflexos na área emocional e física do consorte atingido. "Eis que a simples ruptura do liame conjugal via separação ou divórcio consensual, sem causa culposa, não obstante, ocasionar sofrimento as partes, não caracteriza o dano moral"[34].

Importante destacar que a existência ou não da culpa não se leva em consideração para decretação da dissolução da sociedade conjugal, pois neste caso o que importa é a impossibilidade do restabelecimento conjugal e a vontade das partes. A culpa é fundamental para embasar eventual pedido de ressarcimento por danos morais ocasionados por um dos cônjuges em decorrência da violação de deveres conjugais que lesionem os direitos inerentes à personalidade dos cônjuges[35]. Deve o cônjuge inocente ingressar com a ação de separação judicial litigiosa. Infere-se, pois, que não caberá o pedido na separação judicial sem culpa cumulada com danos morais, como nos casos de mútuo consentimento e, se algum dos cônjuges estiver acometido de doença mental manifestada após o casamento, que torne insuportável a continuação da vida em comum[36]. Note-se que neste último caso houve redução do prazo para a separação judicial, caindo para dois anos, em vez dos cinco anos previstos na Lei nº 6.515/77.

Igualmente, não mais se prevê a chamada "cláusula da dureza", destarte a existência de uma das causas objetivas que fundamentam a separação judicial sem culpa é suficiente para o decreto de separação judicial e o juiz não pode recusar sua aplicação sob pretexto de nocividade aos filhos ou ao próprio cônjuge doente[37].

Por ser a separação judicial litigiosa imprescindível para a caracterização do dano moral, mister que se analisem seus motivos ensejadores. O Código Civil de 2002 ampliou a casuística, relativamente às previsões genéricas do artigo 5º da Lei nº 6515/77. O artigo 1573 enumera os diversos motivos que possam caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida, quando ocorrer alguns dos seguintes motivos, a saber: adultério, tentativa de morte, sevicia ou injuria grave, abandono voluntário do lar por um ano contínuo, condenação por crime infamante e conduta desonrosa. O parágrafo único do mesmo artigo faculta ao juiz, no âmbito do seu arbitrium boni viri, considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da vida em comum[38].

O magistrado Euclides Benedito de Oliveira tece críticas a enumeração dos motivos, pois segundo ele todos esses estão compreendidos nas previsões genéricas de conduta desonrosa e grave violação dos deveres conjugais do artigo 5º da Lei nº 6.515/77. Outra crítica refere-se ao termo adultério, que segundo ele seria melhor mencionar "infidelidade" porque esta é mais ampla e condiz com a quebra do dever conjugal correspondente[39].

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Quanto ao abandono do lar por um ano contínuo, há que se destacar que na época do Código Civil de 1916, que mencionava o prazo de dois anos de abandono (artigo 317), reiterada jurisprudência já considerava situações de abandono da convivência em tempo muito inferior, caracterizando hipótese de injúria grave[40].

O magistrado Euclides Benedito de Oliveira comenta "a desnecessidade da menção a condenação por crime infamante, uma vez que esta hipótese já se enquadra como conduta desonrosa e pela redundância uma vez que infamante todo crime o é, além de que a legislação penal não abarca tal graduação de tipo criminoso, sendo que a qualificação mais grave se reserva ao crime hediondo"[41].

Quanto à previsão adicional de "outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da vida em comum", enquadra-se diversas condutas não tipificadas que abrangem os casos mais sérios de "incompatibilidade de gênios" e de "crueldade mental", próprios de casais que não se harmonizam. Para tanto o comportamento de um dos cônjuges deve revelar-se ofensivo ao recíproco dever de "respeito e consideração" e tornar insuportável o prosseguimento da vida em comum[42].

As situações ensejadoras de reparação dos Danos Morais podem resultar conseqüências mais graves, do que apenas o rompimento do dever conjugal, pois violam os direitos relativos à personalidade do ofendido, tais como a vida, a honra, a imagem, a liberdade, o nome, além de outros[43].

Uma das causas que mais reflete no âmbito das relações familiares e que pode trazer conseqüências desastrosas é a discriminação econômica, "uma vez que muitos homens se valem desta diferença sócio-econômica para constranger, humilhar e violentar física e psicologicamente esposa ou companheira, utilizando o artifício econômico, para mantê-las sob o mesmo teto, não obstante viverem uma relação desgastada e sem amor."[44].

É notório que muitas mulheres convivem com homens que as agridem fisicamente ou psicologicamente, por não disporem de condições suficientes para sobreviverem sem a ajuda financeira do marido ou companheiro[45]. Segundo Eduardo de Oliveira Leite[46], é a "dor causada pelo rompimento inopinado, a mágoa que destrói todo um projeto de vida e a inquestionável desmoralização social que geram o dever de indenizar". Prossegue, afirmando que se não houve justo motivo legitimador do rompimento e ocorreram prejuízos ao cônjuge preterido, este terá o direito de obter judicialmente a reparação do dano, material e moral.

Clayton Reis[47] conclui que, "comprovadas as situações descritas, é inegável os danos produzidos e imperiosos o direito de a pessoa atingida promover ação indenizatória por

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perdas e danos (se for o caso) cumulada com danos morais ou, exclusivamente, a indenização pelos danos imateriais decorrentes".

Diferentemente dos autores supracitados, Euclides Benedito de Oliveira opina no sentido de que "o critério de perquirição de culpa para decreto de dissolução da sociedade conjugal, significa uma indesejável intromissão do Estado-Juiz na privacidade das relações domésticas. Por circunscreverem-se ao ambiente interno do lar, em muitos casos torna-se muito difícil aferir a verdade real"[48]. Data vênia, discordo do ilustre juiz porque em determinadas circunstâncias o Estado pode e deve intervir na vida dos cônjuges, uma vez que a privacidade conjugal não deve estar eivada de abusos e redução do consorte a situações degradantes.

5. OFENSA À HONRA CONJUGAL: A DESLEALDADE E A INFIDELIDADE

Os deveres de lealdade e fidelidade são intrínsecos à sociedade conjugal. A lealdade consiste em uma comunhão física e espiritual entre os cônjuges. O menosprezo a esses deveres é algo tão grave e injurioso quanto o adultério[49]. Na realidade, trata-se de uma quebra de confiança, um dos fatores importantes e valiosos nas sociedades, seja ela conjugal ou comercial - affectio maritalis e affectio societatis - ou seja, o elemento de valor necessário para a consumação de propósitos comuns dos consortes ou dos sócios.

Em relação ao adultério, José de Aguiar Dias esclarece: "O adultério constitui clara violação dos deveres conjugais. Poderá dar ensejo à reparação civil? À luz dos princípios expostos, não se pode senão sustentar a afirmativa"[50].

Conforme demonstra Yussef Said Cahali[51], pelo menos em tese, já se admitiu entre nós a responsabilidade civil por dano moral pela prática de infidelidade:

EMENTA: 5ª Câmara do TJRS: O apelo não pode vingar. Correta a sentença que extinguiu o feito, sem julgamento do mérito, forte no art. 267, I, do CPC. Na vestibular o autor asseverou que, acompanhado de duas testemunhas, flagrara sua esposa trocando 'carícias íntimas' com outro homem, o que, segundo aduziu, 'feriu todos os princípios que norteiam qualquer sociedade conjugal'. Sucede, todavia, que tendo narrado tal fato e denominado a ação de 'ação de ressarcimento por dano moral', o demandante culminou por formular pedido de indenização tão-somente por dano material. Embora tenha pedido a condenação da ré ao ressarcimento de 'todos' os prejuízos que lhe causou a narrada conduta ilícita, especificou-os 'como' o valor da cota que subscreveu na sociedade que ambos fundaram, assim como o pagamento das dívidas contraídas em

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nome da sociedade, as quais teria de honrar. Com efeito, mesmo que segundo a consagrada jurisprudência desta Câmara, o dano moral independa de prova dele mesmo, sendo encontrado por inferência do próprio fato noticiado ao juiz, não se pode deferir pedido inexistente. Em outras palavras, mesmo que se enxergue com nitidez o dano moral, verte impossível deferir a correspondente indenização, porquanto, na espécie não foi pedida (apel. 596241893 Rel. Pila Hofmeister, 27.02.97).

É importante destacar que na legislação estrangeira[52] encontram-se disposições expressas admitindo a reparação de dano moral proveniente do rompimento matrimonial. Cita-se o Código Civil de 1984 do Peru (art. 351), Código Civil Francês (artigo 301, alínea 2ª).

Na Espanha registra-se o seguinte caso, levado ao Tribunal Supremo: Gustavo Reimers Suarez separou-se de sua mulher Maria Concepción Cerda Sainz em 1969. Pelo acordo de separação, três filhos ficaram com o pai e quatro com a mãe. Em 1990 descobriu que Jorge Ignácio não era seu filho, mas sim filho de Jesús Iribas com quem sua mulher havia mantido relações quando ainda era casada. Gustavo pleiteou indenização por ter mantido um filho que não era seu e por lhe ter sido negada a verdadeira paternidade do menor.

Tendo a mulher alegado que não houve intenção voluntária ou dolosa de causar dano, pois igualmente acreditava que o filho era do marido, assim se manifestou o Supremo: (tradução livre): "O dano moral gerado em um dos cônjuges pela infidelidade do outro, não é suscetível de reparação econômica alguma"[53].

O mesmo periódico traz a informação de que outro caso semelhante a este, teve idêntica decisão. Tais situações consagram a indenizabilidade dos danos morais, nos caos de separações traumáticas, que refletem profundamente nos direitos de personalidade dos consortes.

6. O PROCESSO DE INDENIZAÇÃO DOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS

O ressarcimento do dano moral, por longo período foi discutido pelas correntes doutrinárias, que em determinados momentos afirmavam e, em outras circunstâncias negavam sua possibilidade. Referida discussão encerrou-se com o advento da Constituição Federal de 1988, que estabeleceu de forma clara em seu artigo 5º, inciso V e X, o direito a indenização.

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A polêmica da discussão residia no fato da inadmissibilidade de valoração pecuniária do pretium doloris. Ocorre que no dano moral não alude a reparação no prejuízo, mas em compensação pelo abalo da paz interior. Esta compensação do dano moral desempenha duas funções, uma para inibir a pratica lesiva por parte do ofensor e a outra para oferecer ao lesado uma satisfação em face do quantum debeatur[54].

Quanto à quantificacão do dano moral, não existem leis que prevêem limites para sua fixação. Segundo proclamou o Superior Tribunal de Justiça não mais se aplicam tais limites, em face da sua Súmula 281: "A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa". Nesse sentido, o arbitramento do dano moral está sujeito ao arbitrium boni viri, ou seja, o arbitramento pelo juiz, levando-se em consideração critérios de razoabilidade e proporcionalidade delineados pelo STJ[55]. Nessa linha de conduta o Tribunal fixou o seguinte entendimento: "Assim, o critério que vem sendo utilizado por esta Corte na fixação do valor da indenização por danos morais, considera as condições pessoais e econômicas das partes, devendo o arbitramento operarem-se com moderação e razoabilidade, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso, de forma a não haver o enriquecimento indevido do ofendido e, também, de modo que sirva para desestimular o ofensor a repetir o ato ilícito" (In STJ - REsp. 913.131/BA - Relator: Min.Carlos Fernando Mathias - Juiz convocado do TRF-1ª Região).

Segundo classificação de Maria Helena Diniz, a determinação do valor baseia-se em critérios subjetivos (posição social ou política do ofendido, intensidade do ânimo de ofender, culpa ou dolo) ou em critérios objetivos (situação econômica do ofensor, risco criado, gravidade e repercussão da ofensa). Para que sejam atendidas as duas funções essenciais da reparação do dano moral, quais sejam, punição a quem paga e uma justa compensação para quem sofreu o dano moral. Nesses casos, o quantum indenizatório basear-se-á na culpa do agente, na extensão do prejuízo causado e na capacidade econômica do responsável. A reparação não poderá ter um caráter ínfimo de forma a produzir no inocente uma segunda humilhação, nem ser excessivamente onerosa ao lesionador, esgotando seus recursos, mas deve ser o suficiente para impedir a reincidência de futuras práticas lesivas[56].

Esclarece Humberto Theodoro Júnior[57] que "somente ocorrerá a responsabilidade civil se estiverem presentes os seus elementos essenciais: dano, ilicitude e nexo causal. Portanto, não basta ao ofendido demonstrar sua dor".

Nota-se, que o desamor, por si só, não gera o direito à indenização, já que amar não é dever jurídico, inexistindo ato ilícito na falta de amor[58]. Inclusive um dos argumentos utilizados contra tal indenização consiste no fato de que o amor é o alicerce do casamento e insuscetível de quantificação financeira. Ao cessar o amor, a manutenção da relação seria mera questão temporal. É o que expõe o acórdão proferido no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, mencionado pelo Desembargador Eliseu Gomes Torres:

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EMENTA: Da inicial, infere-se que o autor sente-se moralmente diminuído porque a mulher o traiu com um de seus amigos e companheiro de festas. É a velha questão do macho ferido, que confunde sua honra com a da companheira. Só que, antanho, o macho vingava-se, matando a mulher amada ou seu parceiro. Hoje, o traído quer reparação financeira para a honra ferida. No fundo de tudo, mais do que a intenção do ressarcimento, o que emana destes autos é o ciúme.[59].

De acordo com Fernando César Belincanta "tal argumento fundamenta-se numa visão equivocada da reparabilidade, que não objetiva a vingança do traído, mas sim recompensar o dano imaterial sofrido pela vítima". Citado autor respalda seu entendimento nos dizeres do Promotor de Justiça Belmiro Pedro Welter que afirma "que não se reclama pecúnia do amor, e sim pagamento contra aquele que se aproveitou da relação jurídica que envolvia o amor para causar graves ofensas delituosas, morais e dor martirizante contra aquele que jurou amar, mas que com sua conduta ofendeu-lhe a honra e a própria dignidade humana"[60].

Para se negar o pedido indenizatório tem-se alegado também a omissão da lei. Na Lei do Divórcio (Lei 6515/77), não existe dispositivo referente a uma sanção pecuniária contra o causador da separação, por danos morais sofridos pelo cônjuge inocente. Esta opinião não pode ser aceita, pois não se pode reduzir a aplicabilidade da indenização pela ausência de dispositivo expresso, pois a sociedade é dinâmica, sendo, portanto impossível regular taxativamente cada ato da vida comunitária[61].

Vale trazer à baila, um dos princípios de interpretação constitucional, ou seja, o dos poderes implícitos que assevera que tudo quanto for necessário para tornar efetivo qualquer dispositivo constitucional deve ser considerado implícito ou subentendido no próprio dispositivo. Não existe um dispositivo expresso que autorize a indenização por danos morais na separação, mas o artigo 5º, V e X da Constituição Federal estabelece ser invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano moral decorrente de sua violação. O disposto neste artigo engloba qualquer lesão ao íntimo do ser humano independente da origem da conduta do agente[62].

Porém devido a nossa tradição legalista, há na jurisprudência inúmeras decisões que indeferem tal pedido devido à omissão do texto legal. Visando sanar essa omissão, tramitou no Congresso Nacional o Projeto de Lei 4.425/2001 do deputado Bispo Rodrigues, do PL/RJ visando inserir no artigo 5º da Constituição Federalojeto de Lei, visando inserir no artigo 5m da conduta do agente. ser entendido Welter, o § 4º que dispõe: Nos casos mencionados no caput, a indenização por danos morais poderá ser

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requerida nos autos da separação judicial[63]. Referido projeto não obstante aprovação do relator foi arquivado.

Desta forma, tornar-se-ia mais factível o ajuizamento de ação de separação ou de divórcio, litigiosos, devidamente cumulada com ação indenizatória por danos morais decorrente de grave violação dos deveres conjugais por parte de um dos consortes. Seria igualmente possível postular indenização por perdas e danos cumulada com danos morais a posteriori, após sentença que condenasse o cônjuge pelo descumprimento de um dever conjugal[64].

Outro argumento dos juristas que são contrários à pretensão indenizatória reside no fato da imposição do encargo alimentar em favor do cônjuge inocente, que segundo eles já abarcaria o quantum indenizatório relativo ao prejuízo moral. Referido argumento não procede, pois o objetivo da pensão alimentícia é a manutenção do cônjuge que não tem condições de suprir suas necessidades, enquanto a indenização visa compensar as perdas e danos bem como, os prejuízos provenientes dos danos morais sofridos[65].

Encerrando a polêmica ressaltam-se as palavras de Yussef Said Cahali que afirma: "Parece não haver a mínima dúvida de que o mesmo ato ilícito que configurou infração grave dos deveres conjugais posto como fundamento para a separação judicial contenciosa com causa culposa, presta-se igualmente para legitimar uma ação de indenização de direito comum por eventuais prejuízos que tenham resultado diretamente do ato ilícito para o cônjuge afrontado"[66].

De acordo com o artigo 186 do Código Civil, a indenização provém da prática de um ato ilícito, correspondente à violação da ordem jurídica, que cause dano a outrem. Para Rui Stoco[67], "segundo a doutrina e a jurisprudência pacífica, não basta o ato ilícito. Dele deve decorrer um dano, seja de ordem material ou moral." Ainda de acordo com este autor, a questão da prova do dano não interfere na substância e origem conceitual no dever de indenizar. Portanto, os pressupostos formais para a promoção da ação indenizatória residem no binômio ato ilícito (violação a dever conjugal) e dano (moral ou material que sejam certos e determinados), sem os quais não nasce à obrigação de indenizar, embora o autor da conduta fique sujeito à desconstituição do ato ou à sua anulação.

Na mesma trilha de entendimento, Carlos Alberto Menezes Direito e Sérgio Cavalieri Filho[68] proclamam que, "a responsabilidade pressupõe o descumprimento de uma obrigação, pois não há responsabilidade, em qualquer modalidade, sem violação do dever jurídico preexistente". Para identificar o responsável é necessário precisar o dever jurídico violado e quem o descumpriu. Na identificação do dever jurídico violado, importa-se determinar com rigor os atos que o obrigado deveria ter praticado e não

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praticou, por ação ou por omissão. No casamento, a violação dos deveres inerentes ao matrimônio, produz reflexos profundos na intimidade dos consortes.

Segundo Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery[69], a "responsabilidade civil é conseqüência da imputação civil do dano à pessoa que lhe deu causa ou que responda pela indenização correspondente, nos termos da lei ou do contrato. A indenização devida pelo responsável pode ter natureza compensatória e/ou reparatória do dano causado".

Nesse sentido[70], diferentemente do que ocorre no ambiente contratual ou negocial, a indenização dos danos ocorridos no ambiente familiar, deverão se restringir aos danos imateriais, ou seja, danos extrapatrimoniais. Eventualmente poderá ocorrer a reparação por perdas e danos, danos emergentes e lucros cessantes. "Nesses casos, a prova do prejuízo efetivo (danos emergentes) deverá ser objeto de prova real, diferentemente dos danos morais que se tratam, segundo iterativa doutrina e jurisprudência, de dannum in re ipsa, ou seja, decorrente do fato lesivo. E, ainda, lucros cessantes, o que razoavelmente o devedor deixou de lucrar, que dependem substancialmente de provas efetivas"[71].

7. A ORIENTAÇÃO PREDOMINANTE DE NOSSAS CORTES DE JUSTIÇA

A orientação pacífica dos Tribunais tem sido no seguinte sentido: configurado o dano moral oriundo da ofensa aos deveres inerentes ao casamento, condena-se o consorte agressor à indenização. Compartilha dessa orientação Rui Stoco[72], "para quem a separação judicial ou o divórcio enseja a reparação civil por danos patrimoniais e morais, desde que pautada na conduta antijurídica do outro, violadora dos valores conjugais que sustentam as relações familiares".

Nessa direção o Superior Tribunal de Justiça proclama que:

O sistema jurídico brasileiro admite, na separação ou no divórcio, a indenização por danos moral. Juridicamente, portanto, tal pedido é possível: responde pela indenização o cônjuge responsável exclusivo pela separação. Caso em que, diante do comportamento injurioso do cônjuge varão, a Turma conheceu do especial e deu provimento ao recurso, por ofensa ao artigo 159(atual 186 do CC), para admitir a obrigação de se ressarcirem danos morais. (In STJ- 3ª Turma- REsp. 37.051- Rel. Nilson Naves - julgado em 17.04.2001 - DJU 25.06.2001 e RSTJ 151/247).

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Nos casos ofensivos à dignidade de um dos cônjuges é inquestionável o direito à reparação dos danos morais, como se encontra assentado em nossas Cortes de Justiça.

EMENTA: Dano moral é todo sofrimento humano resultante de lesão de direito da personalidade, cujo conteúdo é a dor, o espanto, a emoção, a vergonha, em geral uma dolorosa sensação experimentada pela pessoa. Consoante se depreende da decisão abaixo, a ré que difunde por motivos escusos, um estado de gravidez inexistente, atinge os direitos da personalidade abrigados nos incisos V e X do artigo 5º da CF/88. Isto porque, geram um agravo moral, como perturbações nas relações psíquicas, na tranqüilidade, nos sentimentos e nos afetos do autor que requer reparação. Verifica-se que a atitude da ré, constitui uma agressão à dignidade pessoa do autor, passível de indenização uma vez que a ofensa constitui dano moral. (In 6ª Câmara de Direito Privado do TJSP- Apel. 272.221-1/2- 10.10.1996).

Portanto, de forma reiterada, os tribunais vêm acolhendo as indenizações por danos morais, quando oriundos da grave violação dos deveres inerentes ao casamento, que produzem sérios abalos na personalidade dos consortes.

8. CONCLUSÃO

A família deve ser considerada como centro da preservação dos valores da pessoa, bem como, centro de convivência destinado a nobre tarefa de construir o futuro cidadão, antes mesmo de ser tida como célula básica da sociedade. Ela contribui para a formação do caráter do ser humano. É nela que se constroem os alicerces do indivíduo, preparando-o para a convivência social e para o exercício pleno da cidadania. Destarte fundamental sua proteção pelo Estado, conforme expressamente prescreve o artigo 226, § 8º de nossa Carta Magna que prevê para o Estado o dever de erigir mecanismos para coibir a violência no âmbito das relações familiares, na pessoa de cada um dos que a integram.

Nossa Constituição Federal prevê igualmente a união estável como entidade familiar (art. 226, § 3º) e a família monoparental (§ 4º), ambas as instituições que se encontram fundadas em princípios valorativos presentes na instituição familiar.

Os deveres dos cônjuges no casamento estão previstos no artigo 1566, incisos I a V do Código Civil, e são: fidelidade recíproca, vida em comum, no domicílio conjugal,

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mútua assistência, sustento, guarda e educação dos filhos, respeito e consideração mútuos. Todos eles fundados em princípios axiológicos que conferem forma e cor à instituição familiar.

Havendo grave violação de qualquer um desses deveres, caracterizada está a impossibilidade da vida em comum, assegurado ao cônjuge inocente o direito em propor a ação de separação ou divórcio litigioso em face da realidade dos casos vivenciados pelo casal.

Destaque-se que a ruptura da relação conjugal não é a solução familiar mais indicada. Sua ocorrência gera inúmeros outros problemas de diversos matizes, principalmente nas camadas sociais mais desfavorecidas. Dentre eles, os filhos que ficam vulneráveis e cujos efeitos atingem sua formação e desenvolvimento psicológico, educacional e social dentre outros.

Para evitar situações traumáticas dessa natureza, impõe-se aos casais conscientizarem-se de que a beleza do casamento está na percepção da diferença que existe entre as pessoas. E, a partir dessa constatação, conscientizar-se da necessidade da busca de soluções alternativas que possa contribuir para a diminuição dos espaços criados por essas diferenças. Afinal, o espaço criado pela instituição familiar - o centro de convivência - deve estar preparado para recepcionar todas as pessoas de personalidades distintas para conviverem em paz e harmonia. Para tanto, é fundamental que nesse relacionamento haja compreensão, respeito mútuo e que ambos saibam ceder. Mister destacar aqui a importância dos trabalhos realizados pela assistência social, psicólogos, terapeutas de casais e ministros religiosos, nesta área.

O matrimônio foi criado com o sentido de ser indissolúvel, e também depende da Lei do Amor, do perdão, da tolerância e da compreensão para subsistir. Sua sobrevivência depende do esforço diário de ambos os cônjuges, pois o amor precisa ser nutrido para que o perdão seja uma realidade sempre presente.

Havendo ruptura culposa, ou seja, a quebra desses princípios valorativos, da união conjugal, o cônjuge inocente pode pedir uma indenização pelos danos sofridos, uma vez que essa dissolução pode violar direitos relativos à personalidade do ofendido, tais como a vida, a honra, a imagem, a liberdade, o nome, além de outros. Para assegurar a dignidade da pessoa, mesmo aspectos não previstos por lei são englobados nos direitos da personalidade.

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No casamento há investimento de tempo, trabalho, renúncias pessoais em virtude da dedicação ao cônjuge e aos filhos, senhor que esse dispêndio de tempo e renúncias seja valorizado e indenizado.

A Doutrina e Jurisprudência destacam o princípio da dignidade da pessoa humana, que deve ser respeitado em todas as relações sociais, sobretudo, nas relações familiares. Referido princípio constitui o norte da conduta valorativa da pessoa humana.

Ressalta-se que são inúmeras as situações, cujo rol pode ser inesgotável, que podem ensejar o Dano Moral no âmbito do Direito de Família: relações conjugais, estado de filiação, abandono material, intelectual e moral do filho, negativa de reconhecimento da filiação.

Mister observar, outrossim, que a legislação reduziu o prazo de 5 (cinco) anos para separação judicial existente na Lei 6515/77 para 2(dois) anos. Ao reduzir-se esse prazo, não quis o legislador facilitar a separação, mas possibilitar a dissolução legal em um tempo inferior, de relacionamentos cujos princípios que os norteiam não se encontram mais presentes. Não obstante esta norma reducional de prazo, nos casos de ruptura culposa com danos ao cônjuge inocente, sabiamente os tribunais têm decidido pela indenização do cônjuge inocente.

Importante destacar que a indenização dá-se nos casos de separação litigiosa, em que haja o elemento culpa. Na separação judicial consensual, nos casos de mútuo consentimento não há que se falar em indenização.

Referida indenização visa ressarcir os danos sofridos pelo cônjuge inocente que se dedicou, esmerou-se pelo bem estar da família, e repentinamente teve seu projeto de vida desmoronado. O quantum indenizatório será fixado de acordo com o livre convencimento e bom senso do juiz. Não consistirá num valor exacerbado para que não ocorra locupletamento ilícito do lesado e seja excessivamente onerosa ao lesionador e nem um valor ínfimo, para que haja o efetivo ressarcimento e se desestimule as infrações violadoras dos deveres conjugais que lesionem os direitos inerentes à personalidade dos cônjuges.

Além da cláusula geral de proteção à dignidade humana, como respaldo constitucional da reparação civil, há também a previsão do artigo 5º, incisos V e X e § 2º da Constituição Federal, que estabelece a inviolabilidade dos direitos da personalidade e o direito à indenização pelo dano moral e material decorrente de sua violação.

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Denota-se que somente ocorrerá a responsabilidade civil se estiverem presentes os seus elementos essenciais: dano, ilicitude e nexo causal. Portanto, não basta ao ofendido demonstrar sua dor. Estando presentes os referidos elementos, são inegáveis os danos produzidos e imperiosos o direito de a pessoa atingida promover ação indenizatória por perdas e danos, danos emergentes e lucros cessantes (se for o caso) cumulada com danos morais ou, exclusivamente, a indenização pelos danos imateriais decorrentes.

Não obstante a ausência de uma evolução no que diz respeito à aplicação do Dano Moral no âmbito familiar, louvável a atitude dos legisladores, quando ao prescreverem as normas de Direito de Família do atual Código Civil, despojando-se do espírito essencialmente patrimonialista vigente na legislação codificada anterior, sendo atualmente substituída pela dignidade da pessoa humana e a solidariedade social, alicerçando os princípios éticos de respeito e consideração que devem prevalecer entre as pessoas.

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THEODORO JUNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2003, v. 3, t.2.

[1] REIS, Clayton. O dano moral como tutela aos direitos de personalidade nas relações familiares. Revista Jurídica Cesumar, v.5, n.1, jan./jul. p.31-49, jan./jul. 2005.

[2] Ibid., p.32

[3] Ibid., p.34

[4] REIS, Clayton. O dano moral como tutela aos direitos de personalidade nas relações familiares. Revista Jurídica Cesumar, v.5, n.1, jan./jul. p.31-49, jan./jul. 2005.

[5] Ibid., p.34

[6] OLIVEIRA, HIRONAKA, Euclides de e Giselda Maria Fernandes Novaes, Direito de Família e o Novo Código Civil, obra coordenada por Maria Berenice Dias e Rodrigo

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da Cunha Pereira, sobre o tema, Do Casamento, 2. ed., Belo Horizonte: Del Rey, 2001, p.15.

[7] CARVALHO NETO, Inácio de. Responsabilidade Civil no Direito de Família, Curitiba: Juruá, 2002, v.9, p.491.

[8] DIREITO, Carlos Alberto Menezes, CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo código civil. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2004, v.13, p.101.

[9] REIS, Clayton. O dano moral como tutela aos direitos de personalidade nas relações familiares. Revista Jurídica Cesumar, v.5, n.1, p.41, 2005.

[10] ASCENÇÃO, José de Oliveira, O Direito Civil no Século XXI, obra coordenada por Maria Helena Diniz e Roberto Senise Lisboa, sob o título A reserva da Intimidade da Vida Privada e Familiar, São Paulo: Saraiva, 2003, p.317.

[11] REIS, Clayton, op. cit., p.41.

[12] TAVARES DA SILVA, Regina Beatriz. Responsabilidade civil nas relações de família. Disponível em: www.professoramorim.com.br/amorim/dados/anexos/395.doc>. Acesso em: 09 jan.2009.

[13] STOCO, Rui, Tratado de Responsabilidade Civil. 6. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p.771.

[14] PEREIRA Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Direito de família. Rio de Janeiro: Forense, 2002, vol. 5, p.22.

[15] PINTO DA SILVA, Ana Paula. O dano moral no direito de família. Disponível em< http:// www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp? Id= 1614>. Acesso em: 09 jan.2009.

[16] Ibid.

[17] LEITE, Eduardo de Oliveira, texto Reparação do Dano Moral na Ruptura da Sociedade Conjugal, publicado no livro Grandes Temas da Atualidade - Dano Moral, obra coordenada por Eduardo de Oliveira Leite, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2002, p.141.

[18] TAVARES DA SILVA, Regina Beatriz. Responsabilidade Civil nas Relações de família. Disponível em < http://www.professoramorim.com.br/amorim/dados/anexos/395.doc.> Acesso em: 09 jan.2009.

[19] LEITE, Eduardo de Oliveira, op. cit, p. 144.

[20] Ibid., p.1.

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[21] PEREIRA Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense, v. 5, p.264.

[22] REIS, Clayton, op. cit., p.43.

[23] STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p.771.

[24] GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Direito de Família. São Paulo: Saraiva, v.4, p.181.

[25] BELINCANTA, Fernando César. Dano moral na separação conjugal é possível? Disponível em: < http://www.pailegal.net/chicus.asp?rvTextoId=2002112489.> Acesso em: 09 jan.2009.

[26] TAVARES DA SILVA, Regina Beatriz. Responsabilidade civil nas relações de família. Disponível em:< http://www.professoramorim.com.br/amorim/dados/anexos/395.doc>. Acesso em: 09 jan.2009.

[27] ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dano e Ação Indenizatória. São Paulo: Jurídica Brasileira, 2000, p.51-52.

[28] ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dano e Ação Indenizatória. São Paulo: Jurídica Brasileira, 2000. p.51-52

[29] Ibidem, p.311-312.

[30] TAVARES DA SILVA, Regina Beatriz. Responsabilidade Civil nas Relações de Família. Disponível em:< http://www.professoramorim.com.br/amorim/dados/anexos/395.doc>. Acesso em:09 jan.2009.

[31] Ibidem

[32] THEODORO JUNIOR, Humberto. Comentários ao Novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, v.3 , t. 2, 2003, p.43.

[33] Ofensa escrita nos autos. Injúrias irrogadas pela esposa ao marido em depoimento pessoal. Ofensas que justificam a separação por demonstrarem a intolerabilidade da vida em comum. (In RT 250/134).

[34] PINTO DA SILVA, Ana Paula. O dano moral no direito de família. Disponível em:< http:// www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp? id= 1614>. Acesso em: 09 jan.2009.

[35] PINTO DA SILVA, Ana Paula. O dano moral no direito de família. Disponível em:< http:// www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp? id= 1614>. Acesso em: 09 jan.2009.

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[36] BELINCANTA, Fernando César. Dano moral na separação conjugal é possível? Disponível em http:< // http://www.pailegal.net/chicus.asp?rvTextoId=2002112489>. Acesso em: 09 jan.2009.

[37] HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Novo Código Civil: Interfaces no Ordenamento Jurídico Brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p.373.

[38] HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Novo Código Civil: Interfaces no Ordenamento Jurídico Brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p.373.

[39] HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Novo Código Civil: Interfaces no Ordenamento Jurídico Brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p.373.

[38] Ibid.p.373.

[39] HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Novo Código Civil: Interfaces no Ordenamento Jurídico Brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p.373.

[40] Ibid.p.373.

[41] HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Novo Código Civil: Interfaces no Ordenamento Jurídico Brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p.373.

[42] Ibid.,p.373

[43] PINTO DA SILVA, Ana Paula. O dano moral no direito de família. Disponível em http://<www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id= 1614>. Acesso em: 09 jan.2009.

[44] PINTO DA SILVA, Ana Paula. O dano moral no direito de família. Disponível em http://<www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp? id=1614>. Acesso em: 09 jan.2009.

[45] Ibid.

[46] LEITE, Eduardo de Oliveira. Grandes temas da atualidade. Dano Moral. Aspectos constitucionais, civis, penais e trabalhistas. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 141.

[47] REIS, Clayton, op. cit, p.45.

[48] HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Novo Código Civil: Interfaces no Ordenamento Jurídico Brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p.373.

[49] GONÇALVES, Edvaldo Sapia. O dano moral nas relações familiares. Disponível em:. Acesso em: 09.01.2009.

[50] DIAS, José de Aguiar, apud GONÇALVES, Sápia Edvaldo, disponível em:www.dpp.uem.br/006. htm>. Acesso em: 09.01.2009.

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[51] CAHALI, Said Yussef, apud GONÇALVES, Sápia Edvaldo. O dano moral nas relações familiares. Disponível em: . Acesso em: 09.01.2009.

[52] GONÇALVES, Edvaldo Sapia. O dano moral nas relações familiares. Disponível em: . Acesso em: 09.01.2009.

[53] El Supremo establece que la infidelidade conyugal no da derecho a indemnización, El diário Vasco, Edicion Electronica de 08/09/99. Disponível em www.diariovasco.com/080999/suscr/espana10.htm>), apud GONÇALVES, Sápia Edvaldo. O dano moral nas relações familiares. Disponível em: . Acesso em: 09.01.2009.

[54] BELINCANTA, Fernando César. Dano moral na separação conjugal é possível? Disponível em: <http://www.pailegal.net/chicus.asp?rvTextoId=2002112489>. Acesso em: 09 jan.2009.

[55] BELINCANTA, Fernando César. Dano moral na separação conjugal é possível? Disponível em: < http://www.pailegal.net/chicus.asp?rvTextoId=2002112489>. Acesso em: 09 jan.2009

[56] Ibid.

[57] THEODORO JUNIOR, Humberto. Comentários ao Novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, v. 3, t.2, 2003, p.44.

[58] TAVARES DA SILVA, Regina Beatriz Responsabilidade civil nas relações de família. Disponível em: < http: // www.professoramorim.com.br/amorim/dados/anexos/395.doc> Acesso em: 09 jan.2009

[59] BELINCANTA, Fernando César. Dano moral na separação conjugal é possível? Disponível em: <http://www.pailegal.net/chicus.asp?rvTextoId=2002112489>. Acesso em: 09 jan.2009

[60] BELINCANTA, Fernando César. Dano moral na separação conjugal é possível? Disponível em <http://www.pailegal.net/chicus.asp?rvTextoId=2002112489>. Acesso em: 09 jan.2009.

[61] BELINCANTA, Fernando César. Dano moral na separação conjugal é possível? Disponível em <http://www.pailegal.net/chicus.asp?rvTextoId=2002112489>. Acesso em: 09 jan.2009.

[62] BELINCANTA, Fernando César. Dano moral na separação conjugal é possível? Disponível em <http://www.pailegal.net/chicus.asp?rvTextoId=2002112489>. Acesso em: 09 jan.2009.

[63] Ibid.

[64] BELINCANTA, Fernando César. Dano moral na separação conjugal é possível? Disponível em: < http://www.pailegal.net/chicus.asp?rvTextoId=2002112489>. Acesso em: 09 jan.2009.

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[65] BELINCANTA, Fernando César. Dano moral na separação conjugal é possível? Disponível em: < http://www.pailegal.net/chicus.asp?rvTextoId=2002112489>. Acesso em: 09 jan.2009

[66] Ibid.

[67] STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. Seis. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p.124.

[68] DIREITO, Carlos Alberto Menezes, CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo código civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004, v.13, p.101.

[69] NERY JUNIOR, Nelson, DE ANDRADE, Rosa Maria. Código civil anotado e legislação extravagante. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.

[70] REIS, Clayton, op.cit., p.46.

[71] REIS, Clayton, op.cit., p.46.

[72] STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.

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