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O CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO ESPECIAL

TEREZINHA DE CARVALHO LEAL BARBOSA

CAFELÂNDIA – PR.

PDE 2010/2012

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ADAPTAÇÃO CURRICULAR: ESTRATÉGIAS DE ENSINO PARA O TRABALHO COM ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Terezinha de Carvalho Leal Barbosa¹

Elisabeth Rossetto²

RESUMO Este trabalho teve como objetivo analisar o currículo e estratégias de ensino usadas para alunos com Deficiência Intelectual na Escola "João Vianei", na cidade de Cafelândia/PR. Foi desenvolvido com os professores em grupos de estudos na semana pedagógica e em dias de horas/atividade. As fontes documentais analisadas foram: Projeto de Pesquisa PDE 2010; CODE – Comitê de Ajudas Técnicas – ATA VII; Deliberação nº 02/2003-CEE/PR, aprovada em 2/6/2003; Parecer nº 108/2010 do CEE/CEB; Matriz Curricular do Ensino Fundamental Anos Iniciais, entre outros. Pode-se concluir que as adequações curriculares devem prevalecer e cada vez mais serem adotadas nas escolas onde estão inseridos os alunos com Deficiência Intelectual. De acordo com as diretrizes, os critérios de adaptação curricular são indicadores do que os alunos devem aprender, de como e quando aprender, das distintas formas de organização do ensino e de avaliação da aprendizagem com ênfase na necessidade de previsão e provisão de recursos e apoios adequados. Palavras-chave: Educação Especial; Currículo; Alunos com Deficiência Intelectual; Legislação.

____________________

¹ Aluna PDE da Secretaria do Estado da Educação do Paraná - 2010/2011. Diretora da Escola de Educação Básica na Modalidade Especial "João Vianei". Cafelândia – PR - Especialista em Deficiência Mental. - [email protected].

² Professora Drª. Elisabeth Rossetto, docente efetiva da Universidade Estadual do Oeste do Paraná / UNIOESTE, Cascavel e Orientadora PDE – [email protected].

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ADAPTING CURRICULUM: TEACHING STRATEGIES FOR WORKING WITH

STUDENTS WITH INTELLECTUAL DISABILITIES

ABSTRACT

This article has how objective analyze the curriculum and teaching strategies used for students with Intellectual Disabilities at João Vianei School in the city of Cafelândia Pr. It was developed with teachers in study groups at pedagogic week on days of activity hour. The analyzed documents were: PDE Research Project 2010, COTA – Committee of Techniques Aid – ATA VII, deliberation nº. 02/03 approved on 02/06/03, Opinion nº. 108/2010 of the EEC / CEB; Curricular matrix of elementary school, and others. It can be concluded that the Curricular Adaptations must prevail and increasingly become a space in schools where students are placed with Intellectual Disabilities. According to the guidelines, the criteria for adapted curriculum, are indicators of what students should learn, when and how to learn the different ways of organizing teaching and learning assessment with emphasis on the need to forecast and provision of resources and adequate support.

Keywords: Special Education; Curriculum; Students with Intellectual Disabilities; Legislation.

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Introdução

Este trabalho teve como objetivo mostrar o uso de estratégias diversificadas

de ensino para alunos com Deficiência Intelectual, evidenciando diversos meios

de oferecer melhores condições de aprendizado dos conteúdos básicos

acadêmicos. Devemos compreender que as adaptações dos conteúdos devem

ser feitas estrategicamente e que o foco deve ser sempre o aluno. É ele que tem

o direito de utilizar o tempo necessário e a forma que lhe for mais adequada para

assimilar o conteúdo durante o tempo em que estiver em sala de aula. Para tanto,

os professores devem conduzir o ensino no dia a dia individualmente, para chegar

ao resultado esperado.

O Projeto de Pesquisa do PDE 2010 tratou sobre “O Currículo e a Educação

Especial”, enfatizando sempre que o currículo é uma forma de definição das

disciplinas e de distribuição dos conteúdos entre os componentes curriculares

propostos para cada etapa do ensino, considerando que o que mais nos

interessa, neste momento, é discutir o assunto frente ao desafio de ensinar alunos

com Deficiência Intelectual, respeitando sua maneira e seu tempo de aprender.

Foram muitos os estudos, pesquisas, leituras, como também a convivência

de vários anos com alunos e professores da Escola de Educação Especial, a

participação em muitos cursos e seminários nessa área e, o mais recente, que

muito me ajudou, a tutoria do GTR, com a participação e contribuição de tantos

outros profissionais de todo o estado.

Assim, portanto, o que se pretende é contribuir para que estratégias

curriculares possam nortear nossa atuação profissional dentro da sala de aula

atendendo à diversidade de alunos, com atenção voltada para a sua

aprendizagem considerando a sua capacidade e limitações:

O currículo não deve ser concebido de maneira a ser o aluno quem adapte aos moldes que oferece, mas como um campo aberto à diversidade. Tal diversidade não deve ser entendida no sentido de que cada aluno poderia aprender coisas diferentes, mas sim de diferentes maneiras [...]. (PASTOR, 1995, p. 142).

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O artigo 59 da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional − LDBEN (Lei

Federal nº 9394/1996) assegura currículo, métodos, técnicas, recursos educativos

e organização específicas para atender os educandos com necessidades

especiais.

A Deliberação nº 02/2003, aprovada em 2/6/2003, do Conselho Estadual de

Educação do Paraná, fala sobre as normas para a Educação Especial,

modalidade Educação Básica, em seu artigo 20, IV. Traz como requisito, para o

estabelecimento da Educação Especial, “[...] ajuda e apoio intensos e contínuos,

flexibilização e adaptação curricular tão significativa [...]” (p. 4). No parágrafo

único da mesma deliberação: "Esta modalidade assegura educação de qualidade

a todos os alunos com necessidades educacionais especiais, em todas as etapas

da educação básica, e apoio, complementação e/ou substituição dos serviços

educacionais regulares, bem como a educação profissional para ingresso e

progressão no trabalho, formação indispensável para o exercício da cidadania".

O Parecer CEE/CEB nº 108/2010 registra a transformação das escolas de

Educação Especial como escolas de Educação Básica, na modalidade de

Educação Especial, ofertando Educação Infantil, séries/anos iniciais do Ensino

Fundamental, modalidade de Educação Profissional: inicial / habilitação /

qualificação para o trabalho e Educação de Jovens e Adultos – Fase I. As escolas

de Educação Especial conveniadas com a Secretaria de Estado da Educação já

integram a Lei do Sistema Estadual de Educação, uma vez que as mesmas são

autorizadas pela SEED. A partir de 2003, as mesmas estão inseridas no Sistema

Estadual de Registro Escolar - SERE.

A exemplo das escolas do ensino regular, sob orientação da SEED foram

construídos e revistos documentos como Projeto Político-Pedagógico – PPP,

Regimento Escolar – RE, Proposta Pedagógica Curricular – PPC e Plano de

Trabalho Docente – PTD. Também se tornou obrigatório o registro da evolução

pedagógica do educando, que apresenta um sistema diferenciado de avaliação.

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De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996,

os critérios de adaptação curricular são indicadores do que os alunos devem

aprender, de como e quando aprender. Os objetivos e conteúdos definem

prioridades de áreas e conteúdos de acordo com critérios de funcionalidade;

ênfase nas capacidades, habilidades básicas de atenção, participação e

adaptabilidade dos alunos; sequência gradativa de conteúdos, do mais simples

para o mais complexo; previsão de reforço de aprendizagem como apoio

complementar; conteúdos básicos e essenciais em detrimento de conteúdos

secundários e menos relevantes.

Os diversos apoios, recursos e estratégias que promovem o interesse e as

capacidades das pessoas, bem como oportunidades de acesso a bens e serviços,

informações e relações no ambiente em que vivem, tende a favorecer a

autonomia, a produtividade, a integração e a funcionalidade no ambiente escolar

e comunitário.

Nesse sentido, entende-se que a elaboração curricular é a explicação do

projeto que preside e guia as atividades educacionais escolares, cumprindo as

intenções que se encontram em sua origem e proporciona orientações sobre o

plano de ação. Com esse propósito, a elaboração inclui informações sobre o que,

quando e como ensinar e avaliar.

Para que o processo de ensino-aprendizagem seja mais produtivo, é

importante destacarmos alguns princípios norteadores:

Conhecer o aluno;

Tratar o aluno como pessoa;

Considerar que o aluno tem direito, capacidade e necessidade de

conviver em comunidade;

Acreditar que todo aluno pode aprender;

Planejar coerentemente com a realidade de cada aluno em particular;

Conhecer o meio atual onde o aluno vive, com quem e como ele

convive

Inserir a família no processo de ensino-aprendizagem;

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Promover ações de integração com a comunidade.

Podemos destacar também o currículo funcional, que deve prever

estratégias e procedimentos de ensino que facilitem a participação do educando

em todas as etapas do seu desenvolvimento, dentro do contexto da vida diária.

O Currículo Funcional é uma proposta de ensino que visa à melhoria da

qualidade de vida diária dos educandos. De modo geral, trata-se de um

empreendimento de ensino projetado para oferecer oportunidades para os alunos

aprenderem naturalmente habilidades que são importantes para torná-los mais

independentes em diversas áreas importantes da vida em família e em

comunidade. È coerente dizer que, como estratégia de ensino, deve-se ensinar o

currículo funcional (com uso de objetos), pois é com a apresentação do concreto

que podemos levar o aluno a compreender os conteúdos propostos pelo currículo

acadêmico.

Segundo (FALVEY, 1982), Currículo Funcional é aquele que facilita o

desenvolvimento de habilidades essenciais mediante a participação em uma

grande variedade de ambientes integrados.

As pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais,

temporárias ou não, são cidadãos com possibilidades de aprendizagem que

podem requerer um ato pedagógico diferenciado. Em se tratando das

características particulares dos alunos com Deficiência Intelectual, podemos

entender que as necessidades educacionais especiais sejam prioritariamente

aquelas relacionadas à aprendizagem, que requerem uma dinâmica própria na

relação ensino-aprendizagem.

Desenvolvimento do estudo

Sabendo que o currículo é a forma de definição das disciplinas e distribuição

dos conteúdos entre os componentes curriculares propostos para cada etapa do

ensino, o mais importante então, neste momento, é o uso desse currículo para

ministrar aulas para alunos com Deficiência Intelectual.

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Um dos grandes desafios no trabalho com o aluno com Deficiência

Intelectual é a adaptação curricular, pois os conteúdos básicos de primeiro a

quinto ano são os mesmos do ensino comum, mas aplicados de forma

estratégica, usando os recursos adequados para que esse aluno possa reter os

conteúdos propostos e necessários para vencer sua etapa de ensino.

As estratégias podem ser variadas para ativar ao máximo o interesse e o

acesso dos conteúdos básicos aos alunos. Sejam formas literalmente grandes do

alfabeto, numerais coloridos e em relevo expostos na parede; carteiras (mesa)

fora do padrão comum, com entrada no meio para o apoio dos braços; cadeiras

com acento e encosto adaptado ao corpo do aluno; notebook com suporte, se

preciso ponteira de punho, de cabeça ou sensor de movimento; softwares

diferenciados; alfabeto colado na carteira; suporte para o caderno; ampliação das

atividades em caso de espasticidade de movimentos e outros. É importante o uso

de material pedagógico concreto, chamativo, para alcançar o objetivo maior de

nossa função, que é o aprendizado do aluno.

O desenvolvimento humano é influenciado por uma série de fatores, dentre

os quais encontram-se entrelaçados aspectos cognitivos, afetivos, motores e

psicossociais, caracterizando-se como um processo contínuo que acontece

durante toda a vida, portanto mediar aprendizagens com o desenvolvimento motor

faz com que o aluno adquira imagem e esquema corporal, lateralidade, estrutura,

organização espacial e temporal, equilíbrio, tônus, postura e coordenação

dinâmica manual.

Nesse sentido, para ampliar as condições de aprendizagem, introduzimos a

chamada Tecnologia Assistiva (TA), como estratégia de ensino. Os autores Cook

e Hussey definem a TA citando o conceito do ADA – American with Disabilities

Act, como

[...] uma ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para minorar os problemas funcionais encontrados pelos indivíduos com deficiências. (COOK & HUSSEY, 1995)

Tecnologia Assistiva é um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o

arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar

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habilidades funcionais de pessoas com deficiência e, consequentemente,

promover vida independente e inclusão:

É uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (CORDE – Comitê de Ajudas Técnicas – ATA VII)

A TA deve ser entendida como um auxílio que promoverá a ampliação de

uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização da função

desejada e que se encontra impedida por circunstância de deficiência ou pelo

envelhecimento.

Podemos então dizer que o objetivo maior da TA é proporcionar à pessoa

com deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através

da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente,

habilidades de seu aprendizado e trabalho. Segundo Radabaugh (1993), “Para as

pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis e para as

pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis”.

Exemplo de algumas adaptações para aprendizagem para alunos com

Deficiência Intelectual ou Múltipla:

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O uso da tecnologia pode despertar em pessoas com deficiência interesse e

motivação pela descoberta do conhecimento.

A deficiência deve ser encarada não como uma impossibilidade, mas, como

uma força, onde o uso das tecnologias desempenha um papel significativo de

apoio e de incentivo ao aluno no seu cotidiano escolar.

Alguns objetivos podem ser alcançados com a utilização de adaptações

tecnológicas no sistema educativo do currículo educacional:

alargar horizontes levando o mundo para dentro da sala de aula;

aprender fazendo;

melhorar capacidades intelectuais tais como a criatividade e a eficácia;

permitir que um professor ensine simultaneamente em mais de um

local;

permitir vários ritmos de aprendizagem numa mesma turma;

motivar o aluno a aprender continuamente, pois utiliza um meio com

que ele se identifica;

proporcionar ao aluno os conhecimentos tecnológicos necessários para

ocupar o seu lugar no mundo do trabalho;

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aliviar a carga administrativa do professor, deixando mais tempo livre

para dedicar ao ensino e à ajuda a nível individual;

estabelecer a ponte entre a comunidade e a sala de aula.

Tela de Toque – linguagem alternativa

O professor deve estimular a aprendizagem, procurando alcançar aos

poucos o objetivo de repassar o seu conteúdo, para que o aluno retenha o

máximo que for trabalhado. Para tanto será necessário planejar e acompanhar

todo o processo, avaliando-o continuamente.

Os objetivos traçados devem se caracterizar como:

– flexíveis: podem ser alterados sempre que necessário;

– individualizados: devem atender as necessidades especificas do aluno.

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– voltados para os pontos fortes: enfatizando o que O ALUNO aprenderá

(do conteúdo acadêmico às habilidades funcionais selecionadas) voltado para as

necessidades sempre DO ALUNO.

Sugere-se que o professor inicie a elaboração de seu Plano Curricular

fazendo perguntas que o orientarão, tais como:

Quem é o aluno?

O que vai ser ensinado?

Por que vai ser ensinado?

Para que vai ser ensinado?

Por quem vai ser ensinado?

Quando vai ser ensinado?

Onde vai ser ensinado?

Como vai ser ensinado?

Com que materiais esse conteúdo vai ser ensinado?

De que maneira vai ser avaliado o ensino?

Essas principais perguntas devem ser feitas repetidas vezes, partindo do

pressuposto de que educação não é só escolaridade, no sentido de conteúdo

puramente acadêmico, de que todas as pessoas podem se beneficiar da

educação sistemática e assistemática também, levando em conta a Proposta

Curricular Cultural – comunitária, participativa e apoiada.

A tecnologia deve ser usada na medida do possível, como técnica de apoio

adequada às necessidades individuais de cada aluno, de modo a facilitar o

acesso à informação e a promoção da sua autonomia.

É de caráter educacional encontrar estratégias e formas de adaptações para

o aprendizado do aluno. Quando me refiro a estratégias e adaptações, não posso

deixar de me interessar também pelo bem-estar emocional desse aluno. Será,

portanto, preciso procurar a equipe multiprofissional para avaliar todos os

aspectos do seu desenvolvimento, entre elas, a autoestima, pois é imprescindível,

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para ocorrer o aprendizado e a retenção dos conteúdos aplicados, que esse aluno

esteja feliz e bem acomodado (sem fome, sem dor, em local adequado, usando

materiais que favoreçam seu aprendizado).

Para um efetivo trabalho é esperado que o professor de Educação Especial,

preferencialmente com especialização em DM (Deficiência Mental), tenha muita

dedicação em seu trabalho para alcançar os resultados esperados.

O professor deve levar em consideração o saber particular do aluno, aquilo

que ele traz de casa, suas necessidades, interesses, capacidades e limitações,

entendendo que o aprendizado acontece significativamente quando

estabelecemos conexões do novo conteúdo com conceitos já conhecidos. Nesse

processo de construção não ocorre uma simples associação, mas uma interação

entre a nova informação e os conceitos preexistentes, pois estes últimos servem

de apoio para que o novo possa adquirir significado, ampliando o aprendizado do

sujeito. Quando as novas informações são incorporadas e assimiladas, podemos

ver mudanças ocasionadas na transformação do conhecimento.

A comunicação do professor deve ser sempre voltada diretamente para o

aluno, em qualquer circunstância. Ele é sua prioridade durante o tempo que

estiver sob sua tutela escolar. A atenção ao menor gesto emitido faz a diferença

na sequência de seu aprendizado. O professor nunca deve subestimar a

inteligência do aluno, mas, sim, respeitar seu tempo de assimilação do conteúdo

aplicado. A aparência externa do aluno muitas vezes faz com que desacreditemos

de seu potencial de aprender, portanto o contato do professor deve ser direto e

paciente, para obter respostas aos estímulos do aprendizado.

Nesse contexto, é importante mencionar ainda que, no que tange à

Educação Especial, no Estado do Paraná, ela vem avançando dia a dia na

questão da organização da escola para pessoas com Deficiência Intelectual.

Pudemos acompanhar grandes avanços nos últimos anos.

Implementação do Projeto na Escola

Conforme o cronograma, os professores da escola foram convidados para

participarem do estudo. O Projeto de Pesquisa PDE/2010 foi apresentado em sua

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íntegra, com explicações e abertura para comentários durante toda a manhã do

dia 22 de julho de 2011, na semana pedagógica. A partir daí, realizamos

encontros semanais no período da manhã e da tarde, com os professores da

escola. Foram lidos e discutidos todos os textos que compõem os anexos do

projeto.

Durante a implementação do projeto na escola, elaboramos (professora e

participantes) um modelo de currículo com conteúdos básicos para a etapa do

ensino fundamental/anos iniciais da Escola de Educação Básica na modalidade

Educação Especial.

No decorrer dos estudos, chegamos à conclusão de que é necessário que

tenhamos estratégias diferenciadas para o aprendizado do aluno com Deficiência

Intelectual, como também se proporcione a esse aluno maior tempo para a

apropriação dos conteúdos, inclusive atendendo individualmente a cada aluno,

considerando o seu desenvolvimento cognitivo e social.

Além dos encontros com os professores da escola, ainda pude levar o

conteúdo deste estudo também para a comunidade escolar.

A contribuição dos professores participantes do GTR 2010, no decorrer de

todo o trabalho realizado, foi de grande utilidade em todo este processo,

principalmente na aplicação da unidade didática na escola, pois pudemos

socializar com todos os participantes os comentários expostos durante as

discussões nos encontros planejados.

A seguir alguns comentários de professores participantes do GTR sobre o

Projeto de Pesquisa PDE/2010:

1. Comentário da Professora “I. de O. C. B.” - domingo, 6 novembro 2011,

18:50 - Re: Fórum 1

“É importante que o professor e toda a comunidade escolar

(diretor, funcionários, equipe pedagógica) se lembrem de que todo

aluno pode, a seu modo e respeitando seu tempo, beneficiar-se

das propostas educacionais, desde que tenha oportunidades

adequadas para desenvolver sua potencialidade. O professor

precisa identificar e decidir em que componentes do currículo os

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ajustes e as modificações serão necessários, para favorecer a

aprendizagem dos alunos.

Com relação ao desenvolvimento da área cognitiva, o professor

precisa saber que as atividades propostas devem levar o aluno a

interpretar, organizar o seu pensamento e utilizar os

conhecimentos adquiridos quando necessários.

Mediar aprendizagens que favoreçam o desenvolvimento motor

faz com que o aluno adquira imagem e esquema corporal,

lateralidade, estrutura e organização espacial, estrutura e

organização temporal, equilíbrio, tônus e postura e coordenação

dinâmica manual.”

2. Comentário da Professora “R. M. M.” - segunda, 24 outubro 2011, 11:04

– Re: Fórum 1 com Lilian.

“Lilian, também trabalho como professora de sala de recursos e

compartilho com você de que este trabalho da Professora

Terezinha muito tem a contribuir no processo ensino

aprendizagem de nossos alunos com DI e também para os alunos

que apresentam dificuldades acentuadas na aprendizagem devido

a outras limitações. Com certeza isso norteará também nosso

trabalho no ensino comum.”

3. Comentário da Professora “R. de C. N.” - sábado, 5 novembro 2011,

18:47 - Re: Fórum 2

“Olá!!

Terezinha achei maravilhosa sua produção, está valendo muito a

pena realizar esse GTR, pois suas considerações estão clareando

minhas ideias e também nos ajudando a esclarecer muitas

dúvidas a respeito da adaptação curricular, seus materiais são

muito sugestivos e de fácil entendimento. “

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4. Comentário da Professora “H. M. de B.” - sexta, 21 outubro 2011, 15:53 -

Re: Fórum 1

“Sabe, Terezinha, falar sobre adaptações curriculares (falar,

saber, escrever...) é tão importante, é tão grande a angústia sobre

como fazer, que pode ter certeza que o seu projeto foi um dos

mais procurados e só nós (os espertos) conseguimos uma

vaga. Então, o seu Material Didático e o seu Artigo Final serão

documentos muito acessados quando forem publicados.”

5. Comentário da professora “T. M. O. D”.- sábado, 12 novembro 2011, 19:19 - Re: Fórum 3

“Olá, Terezinha e demais colegas. Eu também só tenho a elogiar

o material para a implementação. Tenho conversado com

algumas professoras na escola na qual trabalho e também fazem

outros cursos do GTR para irmos crescendo juntas. Daqui a

alguns dias teremos uma reunião pedagógica na escola e

pretendo sugerir para a coordenação o estudo do material

proposto no Projeto, pois tenho certeza de que irá contribuir muito

com a construção do currículo adaptado. Abraços!”

Conclusão

Como foi possível observar no decorrer deste artigo, são muitas as formas

de adaptações curriculares que constituem as possibilidades educacionais dos

alunos com Deficiência Intelectual frente às dificuldades de aprendizagem.

Entendemos que é do caráter educacional encontrar estratégias e formas de

adaptações para o aprendizado. Assim como, os recursos e métodos de ensino

proporcionam às pessoas com Deficiência Intelectual condições de adaptação em

todos os âmbitos da sociedade, priorizando a retenção dos conteúdos aplicados,

seja partindo do uso do currículo funcional para o acadêmico ou vice-versa. O

professor é o direcionador desse aprendizado, portanto concluímos que o

currículo deve ser dinâmico, sujeito a alteracóes, passível de ampliação e sem

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perda de conteúdo, para atender realmente a todos os educandos, facilitando o

processo educacional e visando à sua formação integral.

O currículo deve, portanto, ser elaborado com estratégias de ensino que

ofereca igualdade de oportunidades para todos os alunos, independentemente

das suas diferenças e oportunizar o acesso a uma educação de qualidade.

Referências

COOK, A. M. & HUSSEY, S. M. (1995). Assistive technologies: principles and practices. St. Louis, Missouri. Mosby - Year Book, Inc. Disponível em: <http://www.getcited.org/pub/10 3195528>. Acesso em: 20 jun. 2012. CODE – Comitê de Ajudas Técnicas – ATA VII. Disponível em: <https://www.google.com.br/#hl=ptBR&gs_nf=1&pq=mediar%20aprendizagens% 20com%20o%20desenvolvimento%20motor&cp=43&gs_id=2w&xhr=t&q=CORDE%20%E2%80%93%20Comit%C3%>. Acesso em: 20 jun. 2012. FALVEY, M. A. Community: based curriculum instructional strategies for students whit severe handicaps. Baltimore: Paulo Brooks, 1982. LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei Federal nº 9394, de 20/12/1996. Rio de Janeiro: Casa Editorial Pargos, 1997. PARANÁ, Processo nº 730/2003 – Deliberação nº 02/2003, aprovada em 02/06/2003 – Normas para Educação Especial - modalidade Educação Básica para alunos com necessidades educacionais especiais no sistema de ensino do Paraná. Conselho Estadual de Educação do Paraná. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Especial. Fundamentos Teórico-Metodológicos da Educação Especial. Curitiba, SEED/SUED/DEE: 1994. PASTOR, G. C. Uma esculea comum para ninos diferentes: la integracion, 1995. Projeto de Pesquisa PDE/2010 – O Currículo e a Educação Especial. RADABAUGH, M. P. NIDRR's Long Range Plan - Technology for Access and Function Research Section Two: NIDDR Research Agenda Chapter 5: TECHNOLOGY FOR ACCESS AND FUNCTION. Disponível em: <http://www. ncddr.org/new/announcements/lrp/fy1999-2003/lrp_techaf.html> e <http://www. ncd.gov/newsroom/publications/1993/assistive.htm#5>. Acesso em: 23 jun. 2012.

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SEED/PR - Parecer CEE/CEB nº 108/10, aprovado em 11/2/2010. Disponível em: <http://www.nre.seed.pr.gov.br/londrina/arquivos/File/parecer108.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2012. TA - Tecnologia Assistiva. Disponível em: <https://www.google.com.br/se arch?q=tecnologia+assistiva&hl=ptBR&prmd=imvnsb&tbm=isch&tbo= u&sour ce= univ&sa=X&ei=6tDjT6PjAsqn0AGAkeCHCg&sqi=2&ved=0CIcBELAE&biw=1366&bih=643>. Acesso em: 26 jun. 2012. TA - Tecnologia Assistiva. Disponível em imagens: <https://encrypted.google. com/search?q=terra&hl=pt-BR&prmd=imvns&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei= QRMEUKmdJMfe2AWY-LmQCw&sqi=2&ved=0CEAQ_AUoAQ&biw=1366&bih= 643#hl=pt-BR&tbm=isch&sa=1&q=tecnologia+assistiva+para+deficientes+men tais&oq=tecnologia+assistiva&gs_l=img.1.4.0l9.43718.55586.0.60676.21.12.0.9.9.0.359.3033.2-11j1.12.0...0.0...1c.xuSYhffr9jg&pbx=1&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r qf., cf.osb&fp=db4e94f6a32bfbf8&biw=1366&bih=643>.