o conto popular

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IN STITUTO DO EM PREGO E FORM AÇÃO PROFISSIO N AL, IP DELEGAÇÃO REGIO N AL DE LISBO A E VALE DO TEJO CEN TRO DE EM PREGO E FORM AÇÃO PROFISSIO NAL DA AM ADORA O Conto Popular Leia atentamente o texto que se segue. “O Sapateiro Pobre” Havia um sapateiro, que trabalhava à porta de casa, e todo o santíssimo dia cantava; tinha muitos filhos, que andavam rotinhos pela rua, pela muita pobreza, e à noite enquanto a mulher fazia a ceia, o homem puxava da viola e tocava os seus batuques muito contente. Defronte dele morava um ricaço, que reparou naquele viver, e teve pelo sapateiro tal compaixão, que lhe mandou dar um saco de dinheiro, porque o queria fazer feliz. O sapateiro lá ficou admirado; pegou no dinheiro e à noite fechou-se com a mulher para o contarem. Naquela noite o sapateiro já não tocou viola; as crianças andavam a brincar pela casa e faziam barulho, fizeram-no errar a conta e ele teve de lhes bater, e ouviu-se uma choradeira, como nunca tinham feito quando tinham mais fome. Dizia a mulher: – E agora, o que havemos nós de fazer a tanto dinheiro? – Enterra-se. – Perdemo-lhe o tino; é melhor metê-lo na arca. – Mas podem roubá-lo, o melhor é pô-lo a render. – Ora isso é ser onzeneiro. – Então levantam-se as casas, e fazem-se de sobrado, e depois arranjo a oficina toda pintadinha. – Isso não tem nada com a obra; o melhor era comprarmos uns campinhos; eu sou filha de lavrador e puxa-me o corpo para o campo. – Nessa não caio eu. – Pois o que me faz conta é ter terra; tudo o mais é vento. As coisas foram-se azedando, palavra puxa palavra, o homem zanga-se, atiça duas solhas na mulher, berreiro de uma banda, berreiro de outra, naquela noite não pregaram olho. O vizinho ricaço reparava em tudo, e não sabia explicar aquela mudança. Por fim o sapateiro disse à mulher: LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Unidade B: “Interpretar textos de carácter informativo-reflexivo, argumentativo e literário Formadora: Sofia Carreira

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O Conto Popular Leia atentamente o texto que se segue.O Sapateiro PobreHavia um sapateiro, que trabalhava porta de casa, e todo o santssimo dia cantava; tinha muitos filhos, que andavam rotinhos pela rua, pela muita pobreza, e noite enquanto a mulher fazia a ceia, o homem puxava da viola e tocava os seus batuques muito contente. Defronte dele morava um ricao, que reparou naquele viver, e teve pelo sapateiro tal compaixo, que lhe mandou dar um saco de dinheiro, porque o queria fazer feliz. O sapateiro l ficou admirado; pegou no dinheiro e noite fechou-se com a mulher para o contarem. Naquela noite o sapateiro j no tocou viola; as crianas andavam a brincar pela casa e faziam barulho, fizeram-no errar a conta e ele teve de lhes bater, e ouviu-se uma choradeira, como nunca tinham feito quando tinham mais fome. Dizia a mulher: E agora, o que havemos ns de fazer a tanto dinheiro? Enterra-se. Perdemo-lhe o tino; melhor met-lo na arca. Mas podem roub-lo, o melhor p-lo a render. Ora isso ser onzeneiro. Ento levantam-se as casas, e fazem-se de sobrado, e depois arranjo a oficina toda pintadinha. Isso no tem nada com a obra; o melhor era comprarmos uns campinhos; eu sou filha de lavrador e puxa-me o corpo para o campo. Nessa no caio eu. Pois o que me faz conta ter terra; tudo o mais vento. As coisas foram-se azedando, palavra puxa palavra, o homem zanga-se, atia duas solhas na mulher, berreiro de uma banda, berreiro de outra, naquela noite no pregaram olho. O vizinho ricao reparava em tudo, e no sabia explicar aquela mudana. Por fim o sapateiro disse mulher: Sabes que mais, o dinheiro tirou-nos a nossa antiga alegria! O melhor era ir lev-lo outra vez ao vizinho dali defronte, e que nos deixe c com aquela pobreza que nos fazia amigos um do outro. A mulher abraou aquilo com ambas as mos e o sapateiro com vontade de recobrar a sua alegria e a da mulher e dos filhos, foi entregar o dinheiro e voltou para a sua tripea a cantar e trabalhar como o costume.

Contos Tradicionais Portugueses, Publicaes Europa-Amrica

Responda s seguintes questes de forma CLARA e COMPLETA. 1. Sublinhe o sinnimo correspondente palavra que se encontra em itlico. S existe uma opo correta, para cada frase. 1.1. isso ser onzeneiro: a) comerciante; b) avarento; c) esperto; d) pobre 1.2. o homem zanga-se, atia : a) prega (bater); b) acende; c) sacode; d) esfrega 1.3. atia duas solhas na mulher: a) peixes marinhos; b) gargalhadas; c) moedas; d) bofetadas 1.4. voltou para a sua tripea: a) ofcio de sapateiro; b) fazenda; c) festa; d) terra 2. Identifique as personagens deste texto.

3. Caracterize-as. 4. Refira o que o vizinho decidiu fazer. 5. Explique o que aconteceu na casa do sapateiro depois de ter recebido a oferta. 6. Aponte a forma como o sapateiro e a mulher resolveram o conflito. 7. Saliente a moral, o ensinamento que este conto pretende transmitir. 8. Este texto um conto popular. Situe a ao no tempo e no espao, mencionando as caractersticas ou a estrutura deste tipo de textos. 9. Este conto contm vrias expresses populares. Explique o sentido das seguintes: a) Perdemo-lhe o tino b) puxa-me o corpo para o campo c) tudo o mais vento d) palavra puxa palavra Leia, atentamente, o primeiro e o ltimo pargrafo deste conto tradicional. A sua tarefa consiste em redigir a parte do conto em falta. HISTRIA DO COMPADRE RICO E DO COMPADRE POBRE Moravam numa aldeia dois compadres. Um era pobre e o outro rico, mas muito miservel. Naquela terra era uso todos quantos matavam porco dar um lombo ao abade. O compadre rico, que queria matar porco sem ter de dar o lombo, lamentou-se ao pobre, dizendo mal de tal uso. Este deu-lhe de conselho...

Leia o texto seguinte e complete-o com as palavras que lhe paream mais adequadas. Frei Joo Sem Cuidados O rei ouvia sempre falar em Frei Joo Sem Cuidados como um homem que no se afligia com coisa nenhuma deste mundo: - Deixa-te estar, que eu que te hei de meter em trabalhos. Mandou-o chamar sua presena, e disse-lhe;. - Vou dar-te uma adivinha, e se dentro em trs dias me no souberes ____________, mando-te matar. Quero que me digas: Quanto pesa a Lua? Quanta gua tem o mar? O que que eu penso? Frei Joo Sem Cuidados saiu do palcio bastante atrapalhado, pensando na resposta que havia de dar quelas __________________. O seu moleiro encontrou-o no caminho, e l estranhou de ver Frei Joo Sem Cuidados, de cabea baixa e macambzio1. - Ol, senhor Frei Joo Sem Cuidados, ento o que isso, que o vejo to __________? - E que o _____________ disse-me que me mandava _______________, se dentro em __________________ dias eu lhe no _________________ a estas perguntas: - Quanto pesa a Lua? Quanta gua tem o mar? E o que que ele ________________? O moleiro ps-se a rir, e disse-lhe que no tivesse cuidado, que lhe emprestasse o _________ de frade, que ele iria disfarado e havia de dar boas respostas ao __________. Passados os __________ __________, o moleiro vestido de ____________ foi pedir audincia ao _____________. O ________________ perguntou-lhe: - Ento, quanto pesa a __________________? - Saber Vossa Majestade que no pode pesar mais do que um arrtel2, porque todos dizem que ela tem quatro quartos. - verdade. E agora: Quanta __________________ tem o mar? Respondeu o __________________: - Isso muito fcil de saber; mas como Vossa Majestade s quis saber da gua do mar, preciso que primeiro mande tapar todos os rios, porque sem isso nada feito. O rei achou bem respondido; mas zangado por ver que Frei Joo se escapava das dificuldades, tornou: - Agora, se no souberes o que que eu penso, mando-te __________________! O __________________ respondeu: - Ora, _______________ ________________ pensa que est falando com ____________ _______________ ___________ ___________, e est mas falando com o seu moleiro. Deixou cair o hbito de frade, e o rei ficou pasmado com a esperteza do ladino3. Tefilo Braga, Contos Tradicionais do Povo Portugus 1 Macambzio: triste. 2 Arrtel: antiga medida de peso, equivalente a 456 gramas. 3 Ladino: finrio, astuto. 8 LINGUAGEM & COMUNICAO B2Responda s seguintes perguntas sobre o conto. 1. Por que razo tinha Frei Joo a alcunha de Sem Cuidados? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. O Rei pretendeu dar uma lio a Frei Joo. 2.1. Que ameaa fez o rei ao frade? ________________________________________________________________________________________________________________________________ 2.2. Quem ajudou o frade? ________________________________________________________________ 2.3. Em que consistiu a ajuda dada a Frei Joo? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Conseguiu o rei o seu objetivo ou, pelo contrrio, o feitio virou-se contra o feiticeiro? Justifique. _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. Qual parece ser o tema central deste conto tradicional? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Prove que, neste texto narrativo, o tempo indeterminado, o que corresponde a uma caracterstica do conto tradicional. _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. Identifique a moral deste conto. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________LINGUAGEM E COMUNICAOUnidade B: Interpretar textos de carcter informativo-reflexivo, argumentativo e literrioFormadora: Sofia Carreira