o conteÚdo danÇa e suas contribuiÇÕes para a … · 3 para se obter respostas plausíveis...

20
1 O CONTEÚDO DANÇA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Thais Gonçalves de Andrade Aluna concluinte do CEDF/UEPA [email protected] Dra Maria Auxiliadora Monteiro Professora orientadora do CEDF/UEPA [email protected] RESUMO O presente estudo trata da investigação sobre o conteúdo dança e suas contribuições para a educação física escolar. Tendo como procedimento metodológico a pesquisa do tipo bibliográfico de caráter descritivo com enfoque fenomenológico, que busca através da revisão de literaturas, subsídios para discutir a temática proposta. Quanto ao objetivo da pesquisa é de caráter descritivo com abordagem qualitativa. Nas quais se investigaram qual enfoque da disciplina dança na grade curricular do curso de educação física uepa; quais os conteúdos utilizados para o desenvolvimento das atividades de dança na educação física escolar; quais as metodologias utilizadas para o trabalho com a dança no contexto da educação física escolar. Deste modo, o presente trabalho teve como objetivo analisar as possibilidades de trabalhar a dança nas aulas de educação física a partir dos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais), oferece parâmetros para os professores consultarem os conteúdos, elencando os tipos de dança, ritmos, brincadeiras cantadas e valorização da cultural local, além disso, verificamos que as atividades de dança desenvolvidas nas aulas propicia a formação simultânea de processos cognitivos, motor e sócio-afetivo. Embora esteja inserida nos PCN’s, ainda é possível perceber sua ausência nas escolas, sendo lembrada apenas nas datas comemorativas. Palavras-chave: Dança. Educação física escolar. Contribuições. INTRODUÇAO A Dança permeia diferentes espaços e momentos da vida do homem. Portinari (1989) afirma que, antes de polir a pedra, o homem já batia os pés e as mãos ritmicamente a fim de se comunicar e se aquecer. Enquanto atividade eminentemente humana, a dança é uma ação incontestável na vida de todas as sociedades e em todos os tempos. Falar da dança é relatar os caminhos que esta se desenvolveu paralelamente ao desenvolvimento humano, são caminhos com histórias que adentraram vários ramos da humanidade, desmembrando em vários estilos e ganhando corpo educacional. Ao longo dos anos a Educação Física Escolar sofreu muitas mudanças no seu processo de ensino ganhando valorização nos aspectos motores. Em 1997, foi incluída nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e ganhou reconhecimento nacional como forma de conhecimento a ser trabalhada nas escolas. De acordo com

Upload: buikhanh

Post on 08-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

O CONTEÚDO DANÇA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Thais Gonçalves de Andrade Aluna concluinte do CEDF/UEPA [email protected] Dra Maria Auxiliadora Monteiro Professora orientadora do CEDF/UEPA [email protected] RESUMO O presente estudo trata da investigação sobre o conteúdo dança e suas contribuições para a educação física escolar. Tendo como procedimento metodológico a pesquisa do tipo bibliográfico de caráter descritivo com enfoque fenomenológico, que busca através da revisão de literaturas, subsídios para discutir a temática proposta. Quanto ao objetivo da pesquisa é de caráter descritivo com abordagem qualitativa. Nas quais se investigaram qual enfoque da disciplina dança na grade curricular do curso de educação física uepa; quais os conteúdos utilizados para o desenvolvimento das atividades de dança na educação física escolar; quais as metodologias utilizadas para o trabalho com a dança no contexto da educação física escolar. Deste modo, o presente trabalho teve como objetivo analisar as possibilidades de trabalhar a dança nas aulas de educação física a partir dos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais), oferece parâmetros para os professores consultarem os conteúdos, elencando os tipos de dança, ritmos, brincadeiras cantadas e valorização da cultural local, além disso, verificamos que as atividades de dança desenvolvidas nas aulas propicia a formação simultânea de processos cognitivos, motor e sócio-afetivo. Embora esteja inserida nos PCN’s, ainda é possível perceber sua ausência nas escolas, sendo lembrada apenas nas datas comemorativas. Palavras-chave: Dança. Educação física escolar. Contribuições.

INTRODUÇAO

A Dança permeia diferentes espaços e momentos da vida do homem.

Portinari (1989) afirma que, antes de polir a pedra, o homem já batia os pés e as

mãos ritmicamente a fim de se comunicar e se aquecer. Enquanto atividade

eminentemente humana, a dança é uma ação incontestável na vida de todas as

sociedades e em todos os tempos. Falar da dança é relatar os caminhos que esta se

desenvolveu paralelamente ao desenvolvimento humano, são caminhos com

histórias que adentraram vários ramos da humanidade, desmembrando em vários

estilos e ganhando corpo educacional.

Ao longo dos anos a Educação Física Escolar sofreu muitas mudanças no

seu processo de ensino ganhando valorização nos aspectos motores. Em 1997, foi

incluída nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) e ganhou reconhecimento

nacional como forma de conhecimento a ser trabalhada nas escolas. De acordo com

2

os PCN’s (1998) da Educação Física a dança é manifestação da cultura corporal e

apresenta benefícios fisiológicos e psicológicos.

Na organização dos conteúdos, a dança aparece inserida nas atividades

rítmicas e expressivas de educação física, no entanto, tem sido marcada pela falta

de profissionais qualificados para ensiná-la ou até mesmo sendo negligenciada. Os

PCN’s (1998) são alternativas e como o próprio nome diz, indicar parâmetros para

os professores consultarem o material disponível para reflexão, discussão e auxilio

na construção do plano de ensino das escolas.

A dança como conteúdo da educação física tem o papel de fazer o indivíduo

conhecer a si próprio, aumentar sua capacidade expressiva de comunicação, de

interação e buscar a construir seu processo de aprendizagem e desenvolvimento

humano.

Na sociedade contemporânea, é importante levar os alunos à reflexão sobre o

que é corpo, sobre o sedentarismo presente, sobre os movimentos mecânicos

próprios da segunda metade do século XX até os tempos atuais, para que percebam

o quanto é fundamental desenvolver o movimento conscientemente. Ao invés de um

corpo não pensante e insensível, um corpo pensante, consciente e criativo

(MONTEIRO, 2013).

Assim como as demais áreas do conhecimento, a educação física tem o

compromisso e responsabilidade de educar para a verdade. Para isso, deve-se

relacionar os conteúdos com a vida como um todo.

Na escola, a dança deve levar o aluno a aprender a conhecer melhor o seu

corpo e a cultura nacional, aprender a ser cooperativo, crítico, socializador e

aprender a pensar em termos de movimentos, afinal, se a escola exige que o aluno

pense, por que não pensar também em termos de movimentos e aprender a viver

em grupo.

A elaboração desta pesquisa acadêmica tem como questionamento: Quais as

principais contribuições do conteúdo dança para a educação física escolar?

As questões que nortearam o presente estudo foram: Qual enfoque da

disciplina dança na grade curricular do curso de educação física UEPA? Quais os

conteúdos utilizados para o desenvolvimento das atividades de dança na educação

física escolar? Quais as metodologias utilizadas para o trabalho com a dança no

contexto da educação física escolar?

3

Para se obter respostas plausíveis acerca de tais conhecimentos, o presente

estudo tem como objetivo geral: identificar as principais contribuições do conteúdo

dança para a educação física escolar.

Tendo como objetivos específicos: a) apontar o enfoque da disciplina dança

no curso de educação física; b) citar os conteúdos utilizados para o desenvolvimento

das atividades de dança na educação física escolar; c) descrever as metodologias

utilizadas para o trabalho com a dança no contexto da educação física escolar.

Esta pesquisa visa dar suporte teórico aos professores de educação física da

área escolar e acadêmicos do curso de educação física UEPA, em relação à

utilização do conteúdo dança nas aulas de educação física.

A coleta de dados foi realizada a partir de sites de pesquisas, revistas

científicas com artigos dos últimos cinco anos utilizando as palavras chaves: dança,

educação física escolar, contribuições e literaturas especificas de dança no contexto

escolar.

1 A DANÇA E SEU CONTEXTO HISTÓRICO

Os primeiros documentos sobre a origem pré-histórica dos passos de dança

são provenientes de descobertas das pinturas e esculturas gravadas nas cavernas.

Na pré-história o homem dependia diretamente do seu corpo para sobreviver e se

comunicar, a comunicação se dava por movimentos corporais (BREGOLATO, 2000).

Dessa forma a dança fazia parte de todos os acontecimentos importantes daquela

época, como colheitas, casamentos, nascimentos, mortes e rituais religiosos. Essas

manifestações eram celebradas com intensa participação corporal, o corpo era

pintado cheio de emoção e expressavam seus sentimentos através da dança.

A autora Nanni (1995, pág. 168) fez uma investigação sobre a origem da

palavra dança e encontrou: “Danza, dança, TANZ derivado da raiz TAN que em

sânscrito significa linguagem”. Na dança o corpo todo participa dessa forma de

linguagem corporal, que se traduz em palavras corporais, criando e dando forma em

uma simbologia que se faz em comunicação.

O corpo tem uma linguagem que lhe é peculiar, entendemos que ele venha

complementar a linguagem oral. Percebemos que através dos elementos

coreográficos, a dança utiliza esse tipo de linguagem para estabelecer uma

comunicação e expressão, em síntese, é a fusão entre os corpos em movimento, na

4

dinâmica espaço-temporal, em sintonia com os outros corpos (NANNI, 2003).

Entendemos que por meio da dança é possível captar as expressões emocionais

características das pessoas pela expressão corporal.

A dança é tão antiga como a própria vida humana, emerge de uma era

primitiva, sendo assim, é uma expressão da linguagem corporal presente desde o

começo dos tempos e perpassa por diversos contextos da sociedade. Podemos

dizer que é a arte mais antiga que o homem experimentou (VERDERI, 2009).

Dançar era algo natural, unindo a música ao gesto nasceu a dança. Descoberto o

som, o ritmo e o movimento, o homem passou a dançar.

Com o passar dos tempos os significados do movimento humano muda e

passa a representar a vida nos tempos modernos. Partindo dessa visão no início do

século XV, a dança se manifesta nas praças públicas como atividades lúdicas que

foram transferidas para os salões da nobreza formando dois grupos, os da dança

campestre realizadas pelos aldeões e os da dança aristocrática para distração dos

reis, chamada de dança da corte (BREGOLATO, 2000).

Verificamos que a dança se desenvolveu com o tempo sob duas formas

básicas: a dança folclórica e a dança espetáculo. A primeira está ligada ao uso de

movimentos tradicionais, mantém relações com o cotidiano, com suas qualidades

vitais, capazes de estimular a ação grupal. A segunda está relacionada a padrões de

forma e conteúdo através de elementos técnicos, padrões estéticos e artísticos. A

dança passou a se constituir de passos e poses que imitavam esculturas gregas em

forma de arabesques e assim distanciou-se das suas origens expressivas naturais

(NANNI, 2003).

Nos reportamos ao final da Idade Média, nasce o capitalismo dando origem a

classe industrial e comercial, com isso a dança da corte foi ficando refinada,

passando dos salões aos teatros se tornando espetáculos levando ao surgimento do

ballet (BREGOLATO, 2000). Em meados do século XVIII o ballet floresce na França

dando origens para o ballet clássico com características harmônicas, simétricas,

elegância, graciosidade, amplitude dos movimentos e grande domínio físico, mas se

consolidou de forma decisiva na Rússia influenciada pela França e Itália. No ballet

russo ocorreu a valorização do homem, que antes era solicitado apenas para

carregar as mulheres.

Na Idade Média a dança sofreu repressões e condenações por influencias da

igreja católica vista como uma forma de expressão pagã, porém conseguiu se

5

manter viva por ser uma manifestação do povo (RANGEL, 2002). As roupas e os

movimentos foram modificados até chegar à dança espetáculo. Os movimentos

estereotipados das danças espetáculo impõe restrições ao movimento livre e

natural, onde a fluidez do movimento natural, emocional e passivo se perdeu nas

convenções das instituições sociais modernas (NANNI, 2003).

A dança passou por ritual, cerimonial, expressão popular e o prazer de

dançar. Em todas as etapas pela qual passou estava sempre envolvida com a forma

de manifestação das vivencias do homem e das influencias que apresentava

(RANGEL, 2002).

No evoluir de sua história foi se misturando no cenário das antigas

civilizações até chegar ao século XX, nesse período foi ganhando grandes nomes e

escolas de dança, em especial os mestres de ballet Franceses e Italianos

responsáveis pelos famosos ballets de repertório (BREGOLATO, 2000). Contudo, se

via a necessidade de inovar os repertórios que foram se tornando repetitivos, com

isso uma nova linguagem e geração de dança emergem.

O aparecimento da personalidade de Isadora Duncan proporciona o

nascimento de uma magnífica era da dança se opondo as roupagens usadas na

clássica, com os pés descalços e o corpo coberto por túnicas soltas. Trouxe técnica

inspirada nos elementos da natureza e nas civilizações dos antepassados, os

movimentos tinham como sentindo a libertação da essência do ser, foi com ela que

iniciou a dança moderna (RANGEL, 2002). Duncan foi a responsável pela ruptura do

estilo padrão da época, sua ousadia proporcionou abertura para grandes avanços na

arte da dança, trazendo uma nova manifestação expressiva.

Outra personalidade de destaque é a Martha Graham, em suas concepções

coreográficas transmitia o realismo da vida. Suas inspirações estavam voltadas para

uma dança mais autêntica que retratasse os problemas do mundo, relatando os

sacrifícios da vida, as violências, as agitações os amores, as paixões e os

acontecimentos da época (MONTEIRO, 2004).

A inspiração e expiração são os fundamentos básicos da técnica de Graham.

“Tension” e “Release” são as nomenclaturas utilizadas para os termos de contração

que é o máximo de “tension” da energia interna do corpo por meio da expiração que,

em seguida, é liberada pelo relaxamento “release” por meio da inspiração. Além

dessas técnicas as combinações de solo (chão), de joelhos, torções, quedas,

6

recuperações e deslocamento em diagonal são muito exploradas. Graham foi a

primeira técnica sistematizada de dança moderna (MONTEIRO, 2004).

Contudo, a dança na escola tem como proposta ampliar o campo de

conhecimento em busca de um novo ser humano, um ser pensante, com direito de

opinar e modificar as situações mediante suas necessidades e vivências

socioculturais (VERDERI, 2009). Reconhecida nos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs, 1997) como uma cultura corporal e definitivamente um conteúdo

da educação física escolar, a dança é um instrumento de aprimoramento da

corporeidade e estímulo a criatividade nos movimentos livres, na criação e na

recriação de atividades por parte dos alunos.

2 DANÇA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Mesmo estando inserida nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs,

1997) como conteúdo da educação física, a dança continua sendo negligenciada e

lembrada apenas nas datas festivas da escola (MARQUES, 2010).

Na escola, a relação entre a dança e a expressão do homem está diretamente

ligada a Educação Física. De acordo com Coletivo de Autores (1992), esta é uma

área do conhecimento que trata da cultura corporal, ou seja, com o movimento

humano consciente e sua capacidade de movimentação.

Acreditamos que foi através da educação física, que durante décadas, a

dança conseguiu permanecer na escola (RANGEL, 2002). No ambiente escolar deve

ser trabalhada no sentido educacional, tem como função oferecer a oportunidade de

elaborarem seus próprios movimentos, desenvolvimento do sentido social, afetivo,

cognitivo, motor e autonomia de ser e estar no mundo (VERDERI, 2009).

Verificamos que a era industrial contribuiu para tornar o mundo mais

mecanicista, o que influenciou em vários segmentos da sociedade, entre eles a

escola. Nas aulas de educação física os exercícios eram realizados de forma

mecânica e repetitiva (BREGOLATO, 2000). Outro fator inibidor da criatividade

nesse espaço foi à tendência da Escola Militar e Escola Tecnicista, o método de

ensino era voltado em imitar os movimentos já institucionalizados, interferindo na

participação do aluno no processo educativo como agente de conhecimento, era

apenas reprodutor do que o professor ensinava.

7

A evolução tecnológica tornou o homem mais sedentário e, portanto, mas

carente de atividades físicas. A dança veio para compensar este desequilíbrio

agindo como uma válvula de escape nas tensões emocionais, como uma forma de

lazer para o homem estressado pelo desgaste diário e outras situações que

interfiram no seu emocional (NANNI, 1995).

No mundo atual de tecnologias, a padronização e imitação de modelos

prontos robotizam as pessoas impedindo de desenvolver seu potencial de criação e

sensibilidade, que faz parte de um mundo voltado à espontaneidade e a liberdade

(BREGOLATO, 2000). Não se trata de acabar com os modelos de movimento que já

foram construídos, até porque constituem uma herança cultural, e sim de criar outros

a partir deles ou até independentes deles.

Desde os primórdios da colonização ocorreu a divisão entre o trabalho

manual e intelectual sendo uma das causas da inexistência da arte no currículo

escolar brasileiro, a Arte frequentemente associada ao trabalho manual, foi também

associada à condição de “escrava” (MARQUES, 2012). A arte como a dança que

trabalha diretamente e primordialmente com o corpo foi presa nos porões e

escondida na senzala durante séculos, banida do convívio de outras áreas de

conhecimento na escola.

Com o tempo, pesquisadores começaram a estudar sobre o ensino da dança

no país. Ela apareceu como um risco a ser tomada pela educação formal, pelo fato

de ainda ser desconhecida para a escola assustando aqueles que aprenderam e são

rígidos pela didática tradicional e pensamento conservador (MARQUES, 2012).

As gerações que não tiveram dança na escola muitas vezes não conseguem

entender seu significado e sentido em contexto educacional. A intenção é tornar a

dança real no ambiente escolar, deixando de ser um conteúdo insignificante,

aparecendo só nas festinhas comemorativas para passar a ser uma proposta

pedagógica.

A dança na escola está voltada para o aspecto do movimento e exploração da

capacidade de se movimentar, a instituição deve proporcionar oportunidades para

que o aluno desenvolva todos os seus domínios do comportamento humano. O

professor deve mostrar ao aluno que a dança é uma arte composta por movimentos

universais, comum a todos os povos e a expressividade libertada por meio dela é

inerente a cada sexo.

8

O Robatto (1994) apresenta uma “proposta” das funções da dança,

classificando-as em auto-expressão, comunicação, diversão e prazer,

espiritualidade, identificação cultural, ruptura e revitalização da sociedade. Essas

funções não podem ser analisadas de forma fragmentadas, devem ser

compreendidas de forma contextualizada de acordo com os objetivos propostos.

A função de auto-expressão se refere ao fato de os seres humanos, por meio

da dança, descobrirem e compreenderem aspectos significativos de sua vida.

A função de comunicação está relacionada aos aspectos do homem para com

si mesmo, para com os outros, para o meio ambiente, para a sociedade e para com

o divino (nível religioso).

A função da diversão e do prazer estético é uma das mais legitimas e

reconhecidas da dança, pois está vinculada ao diverti-se e proporcionar prazer, tanto

para os participantes quanto para os expectadores, já que sua natureza é

contagiante.

A função de espiritualidade está relacionada com a comunicação ritualística

com o divino, com o poder de transcender a realidade de sentimentos espirituais

mantendo sua natureza sensual e alegre, ocorre um estado de êxtase por meio do

encantamento místico.

A função da identificação cultural está relacionada com a dança de povos de

suas regiões. E a função de ruptura do sistema de revitalização da sociedade está

relacionada com a renovação da natureza indagadora dos sentimentos.

As atividades em dança escolar deverão ser estruturadas a partir de

estratégias pedagógicas voltadas para o desenvolvimento total da criança, voltadas

para a exploração das funções imaginativas e sistema de interação afetiva do

mesmo.

Os conteúdos desse tema da cultura corporal, embalada pelo ritmo da

música, devem ser estimulados propiciando a formação necessária do

aperfeiçoamento dos processos cognitivos, motor, sócio-afetivo e despertar o

interesse por parte dos alunos no processo educacional (VERDERI, 2009). Afinal,

incluir atividades rítmicas expressivas nos processos educativos possibilita um

melhor desenvolvimento das capacidades físicas, cognitiva, melhora da percepção

dos sentidos, bem-estar social e de saúde, além de se relacionar com outras áreas

do saber através da interdisciplinaridade.

9

Mesmo que tenha conseguido superar as marcas negativas da história, ainda

temos dificuldades para obtermos no Brasil informações em termos de experiências

práticas e discussões críticas sobre o ensino da dança (VERDERI, 2009). Na maioria

dos casos os professores não sabem o porquê ensinar a dança na escola

(MARQUES, 2012). Seria ideal que professores continuassem em busca de

conhecimentos práticos e teóricos como interpretes, coreógrafos e diretores de

dança, são conhecimentos que levarão o fazer pensar na dança além de seus

aspectos pedagógicos.

A escola pode oferecer parâmetros para a sistematização crítica, consciente e

transformadora dos conteúdos específicos de dança e da sociedade. A escola

assume o papel de instrumentalizar e construir conhecimento por meio da dança

com seus alunos, pois ela é uma forma de conhecimento essencial para a educação

do ser social. Uma das grandes contribuições para o ser humano é educar corpos

que sejam capazes de criar e ressignificar o mundo em forma de arte (MARQUES,

2012).

A dança envolve as emoções, os sentimentos, a sensibilidade, é uma arte

engajada com o sentimento cognitivo que se integram aos processos mentais para

que possamos compreender o mundo de forma artística e estética, e não somente

com o sentimento afetivo (MARQUES, 2012).

Portanto, acreditando na importância da aprendizagem do movimento e da

exploração da capacidade de se movimentar, a dança na escola está totalmente

voltada para este aspecto. As atividades e propostas de trabalho na escola são

elaboradas e fundamentadas exclusivamente no movimento e nas possibilidades de

variação deste, e nas informações concretas que esse movimento poderá fornecer

ao aluno. A dança é uma das vias de educação do corpo criador e crítico, torna-se

indispensável para vivermos presentes, críticos e participantes na sociedade atual.

2.1CONTEÚDOS DA DANÇA SUGERIDOS NOS PCN’S DA EDUCAÇÃO

Segundo os PCN’S (1998), o bloco de atividades rítmicas e expressivas inclui

as manifestações da cultura corporal que têm como característica comum a intenção

explícita de expressão e comunicação por meio dos gestos na presença de ritmos,

sons e da música na construção da expressão corporal. Trata-se especificamente

das danças, mímicas e brincadeiras cantadas, além de atividades com movimentos

10

ritmados capaz de comunicar e divertir por meio da presença de sons gerados por

palmas, músicas, objetos. Nessas atividades rítmicas e expressivas encontram-se

mais subsídios para enriquecer o processo de informação e formação dos códigos

corporais de comunicação dos indivíduos e do grupo.

Os PCN’s (1998) referenciam a renovação e reelaboração da proposta

curricular da escola, servem para auxiliar o educador na formação de seus alunos.

Cada instituição de ensino deve formular, em equipe, o seu projeto educacional,

enfatizando o ensino e a aprendizagem de conteúdos que colaborem para a

formação do cidadão (HAAS, 2006).

A dança está proposta na área das artes e da educação física, estão inseridas

como atividades rítmicas e expressivas que podem ser trabalhadas de acordo com o

contexto e a realidade de cada área temática, para o primeiro e segundo ciclo.

A seguir, os conteúdos das atividades rítmicas e de expressão que devem ser

adaptados, em especial, ao contexto sociocultural, de acordo com os PCN’s:

Brincadeiras de roda e cirandas

Danças brasileiras

Danças eruditas

Danças urbanas

Danças e coreografias associadas a manifestações musicais

As atividades vão de acordo com os objetivos de cada ciclo. O primeiro ciclo

tem por objetivo estimular a participação e criação nas brincadeiras cantadas,

acompanhar de acordo com o ritmo diferentes partes do corpo, apreciação e

valorizada das danças locais e participar das danças de manifestações populares,

folclóricas ou qualquer outra que estejam presente no cotidiano.

O segundo ciclo tem por objetivo a participação na execução e criação de

coreografias simples, participação nas danças pertencentes a manifestações

culturais da coletividade ou de outras que estejam em evidencia no cotidiano,

apreciação e valorização da dança local, valorizar as danças de outros povos sem

discriminações culturais, sociais ou de gênero e por fim acompanhar uma estrutura

rítmica com diferentes partes do corpo em coordenação.

De acordo com as considerações que estão sendo expostos no seguinte

trabalho, os motivos para incluir as atividades rítmicas no processo educativo são

11

significativos. Segundo (HAAS, 2006), as atividades expressivas reforçam a

aprendizagem ou outras aprendizagens, pois tendem a se relacionar com outras

áreas através do processo de interdisciplinaridade, além de fornecer alternativas

para medir o contato com crianças mais tímidas ou com sérios problemas de

relacionamento, emocionais e até mesmo crianças agressivas (HAAS, 2006).

De acordo com os PCN’s (1998), a dança possui objetivos que estão

organizados em três pilares: a dança na expressão e na comunicação humana; a

dança como manifestação coletiva; e a dança como produto cultural e apreciação

estética.

No Brasil pulsa a capoeira, o samba, o bumba-meu-boi, o maracatu, o frevo, a

catira, o baião, o xote, o xaxado, entre muitas outras manifestações que caracteriza

o país. A dança se torna uma de suas expressões mais significativas, constituindo

um amplo leque de possibilidades de aprendizagem.

Os conteúdos de aprendizagem para serem desenvolvidos pela disciplina de

dança segundo os PCN’s (1998) são:

Compreensão dos aspectos histórico-sociais das danças.

Percepção do ritmo pessoal.

Percepção do ritmo grupal.

Desenvolvimento da noção espaço/tempo vinculada ao estímulo

musical e ao silêncio com relação a si mesmo e ao outro.

Exploração de gestos e códigos de outros movimentos corporais não

abordados nos outros blocos.

Compreensão do processo expressivo partindo do código individual de

cada um para o coletivo (mímicas individuais, representações de cenas

do cotidiano em grupo, danças individuais, pequenos desenhos

coreográficos em grupo).

Percepção dos limites corporais na vivência dos movimentos rítmicos e

expressivos.

Predisposição a superar seus próprios limites nas vivências rítmicas e

expressivas.

Vivências das danças folclóricas e regionais, compreendendo seus

contextos de manifestação (carnaval, escola de samba e seus

integrantes, frevo, capoeira, bumba-meu-boi etc.).

12

Reconhecimento e apropriação dos princípios básicos para construção

de desenhos coreográficos e coreografias simples.

Vivência da aplicação dos princípios básicos na construção de

desenhos coreográficos.

Vivência das manifestações das danças urbanas mais emergentes e

compreensão do seu contexto originário.

Vivência das danças populares regionais, nacionais e internacionais e

compreensão do contexto sociocultural onde se desenvolvem.

3 A DANÇA COMO DISCIPLINA CURRICULAR NO CURSO DE EDUCAÇÃO

FÍSICA.

O homem é uma soma de energias físicas, emocionais, intelectuais e

espirituais. Deve desenvolver-se e aprimorar-se através do processo educativo em

todos os seus atributos e valores (NANNI, 1995). A dança está inclusa neste

processo para atender as metas da educação, contribuindo amplamente para o

desenvolvimento integral do ser humano, pela formação corporal, espírito de

socialização, de criatividade, pelos aspectos estéticos e talentos, tornando-o

integrante e integrado na comunidade em que vive (NANNI, 1995).

A educação física como disciplina curricular obrigatória, surgiu no século XVIII

na Europa, com a denominação de ginástica. Assumindo como significado de

ginástica a prática de corridas, marchas, lançamentos, esgrima, dança, natação e

jogos, esta foi desenvolvida a partir de métodos e o método adotado pelo Brasil foi

o Francês. Com o passar do tempo a educação física evoluiu no campo escolar,

vivendo diversas fases, o movimento ginástico europeu, o movimento esportivo

(quando a educação física passa ser denominada de educação física e não mais de

ginástica), a psicomotricidade e a cultura corporal, física e/ ou de movimento

(SOARES, 1996).

De acordo com a ementa do Projeto Político Pedagógico do curso de

Educação Física da Universidade Estadual do Pará – UEPA 2007, a disciplina

Fundamentos e Métodos da Dança têm por objetivo contribuir para o conhecimento

técnico científico da dança, na formação do professor de Educação Física para sua

prática pedagógica no contexto formal, com ênfase também no ensino não formal,

13

elegendo assim, metodologias que estimulem a criatividade, dando relevância à

cultura corporal do educando, assegurando no processo pedagógico da disciplina.

Os conteúdos a serem desenvolvidos são:

Estudo sociocultural da dança.

Discussão das teorias, conceitos e classificações.

Conhecimento dos fundamentos, métodos e técnicas.

Significados e possibilidades da dança para a formação humana de

crianças, jovens e adultos.

Processo criativo e estético em dança.

Possibilitar a práxis pedagógica crítico-reflexiva e investigativa.

Tomando a dança como referência.

Organização de eventos lúdico-esportivos.

Os conteúdos trabalhos têm por objetivo perceber a dança com o papel social

de renovação da cultura, da arte e da sociedade pela aplicação prática no ensino

aprendizagem (NANNI, 2003). Discutir as definições e noções sobre os aspectos

históricos: Dança na era primitiva; Dança na antiguidade; Dança na Grécia; Dança

em Roma e Dança Idade Média. Quanto à classificação: dança clássica; dança

moderna; jazz; contemporâneo; dança de salão; danças regionais e dança de rua. O

processo criativo leva em conta a expressão corporal e a criatividade do praticante

de dança.

4 METODOLOGIA

A pesquisa é do tipo bibliográfico com caráter descritivo, pois são ideais para

responder o presente estudo. A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a

partir do registro disponível decorrentes de pesquisas anteriores, em documentos

impressos, como livros, artigos e teses (SEVERINO, 2007). Utiliza-se de dados ou

de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente

registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados

(SEVERINO, 2007).

14

Quanto ao enfoque de pesquisa é fenomenológico, que pensada por

(HUSSERL,1986) propõe descrever o fenômeno, e não explicá-lo ou buscar

relações causais, volta-se para como elas se manifestam.

Quanto ao objetivo a pesquisa será descritiva, pois segundo (GIL, 2008)

propõe descrever as características de determinadas populações ou fenômenos.

Uma de suas peculiaridades está na utilização de técnicas padronizadas de coleta

de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.

Quanto à abordagem a pesquisa será qualitativa, não se preocupa com

representatividade numérica e sim com o aprofundamento da compreensão de um

grupo social, os pesquisadores recusam o modelo positivista aplicados ao estudo da

vida social uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que

seus preconceitos e crenças interfiram na pesquisa (GOLDENBERG, 1997).

Quanto à coleta de dados foram realizadas nas revistas cientificas

Movimento, Motriz e Motrivivência, com artigos dos últimos cinco anos utilizando as

palavras chaves: dança, educação física escolar, contribuições e literaturas

especificas de dança no contexto escolar.

A coleta de dados é o ato de pesquisar, juntar documentos e provas, procurar

informações sobre um determinado tema ou conjunto de temas correlacionados e

agrupá-los de forma a facilitar uma posterior análise (GIL, 1995).

A apresentação de dados ocorre com a demonstração dos quadros síntese

dos estudos encontrados constando título, ano e autores a respeito das perguntas:

Qual enfoque da disciplina dança na grade curricular do curso de educação física

UEPA? Quais os conteúdos utilizados para o desenvolvimento das atividades de

dança na educação física escolar? Quais as metodologias utilizadas para o trabalho

com a dança no contexto da educação física escolar? Ajuda a analisar ponto a ponto

os fatos ou fenômenos que estão ocorrendo em uma organização, sendo o ponto de

partida para a elaboração e execução de um trabalho científico.

Sobre a análise de dados foi feita a descrição da catalogação e detalhamento

das informações dos autores a respeito das questões investigativas do estudo

contextualizando com o marco teórico da pesquisa.

15

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

TABELA I

QUAL ENFOQUE DA DISCIPLINA DANÇA NA GRADE CURRICULAR DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA UEPA?

ANO 2013

AUTOR MONTEIRO

FALA DO AUTOR “Contribuir para o conhecimento técnico científico da dança na formação do professor de educação física para sua prática pedagógica formal e não formal. Discussão das teorias, conceitos e classificação de dança. Conhecimento dos fundamentos, métodos e técnicas de dança. Estudo sócio cultural da dança. Significados e possibilidades da dança para formação de crianças, jovens e adultos. Processos criativos estéticos em dança”.

ANO 2003

AUTOR NANNI

FALA DO AUTOR “Através dos conteúdos tem por objetivo perceber a dança com o papel social de renovação da cultura, da arte e da sociedade pela aplicação prática no ensino aprendizagem”.

Conforme o exposto na tabela acima, compreendemos que a dança, é uma

manifestação cultural, social e corporal com potencialidades educativas. O enfoque

no curso de educação física uepa é dá subsídios para que os futuros professores

possam atuar pedagogicamente em espaços escolares e não escolares.

Os resultados encontrados se articulam com os estudos de (NANNI, 1995),

este processo de educação é para o desenvolvimento integral do ser humano, pela

formação corporal, desenvolvimento da criatividade, aspectos estéticos e talentos.

Além disso, a dança possibilita o desenvolvimento da autonomia, da consciência

critica e do potencial criativo dos educandos.

Articulando os resultados com os PCNs, a dança é uma prática corporal que

deve ser vivenciada nas aulas de educação física. Através da dança, o individuo

pode buscar a conhecer a si próprio, sua capacidade expressiva para se comunicar

e construir seu processo de aprendizagem e desenvolvimento humano.

16

TABELA II

QUAIS OS CONTEÚDOS UTILIZADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS

ATIVIDADES DE DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR?

ANO 2016

AUTOR SENA et al

FALA DO AUTOR A primeira proposta que trazemos é a de Freire e Scaglia (2009) que apresentam uma sugestão de organização curricular desde a educação infantil até os anos finais do ensino fundamental, a partir de 22 temas, que correspondem aos conteúdos, e subtemas subdivididos em seis categorias, da seguinte forma: motores, sociais, afetivos, intelectuais, perceptivos e simbólicos.

ANO 2016

AUTOR SENA et al

FALA DO AUTOR Palma, Oliveira e Palma (2010) trouxeram outra proposta de organização curricular, também objetivando subsidiar a prática dos professores de educação física, estabelecendo conteúdos compatíveis com os níveis escolares, com uma visão que consideram ser mais ampla que os PCNs, apontando o movimento humano culturalmente construído como objeto de estudo da educação física, portanto, como referência na seleção dos conteúdos: a corporeidade, os jogos, os esportes, a expressão, o ritmo e a saúde.

No que se refere aos conteúdos, verificamos que a dança inserida nas aulas

de educação física, oferecem possibilidades de trabalhar os tipos de dança, ritmos,

brincadeiras cantadas, valorização da cultural local e do conhecimento que os

alunos possuem.

Dessa forma articulamos o estudo de acordo com o que está proposto nos

PCNs (1997), que abrange a construção de um currículo que envolva os aspectos

cognitivos, motor, social, cultural e afetivo a serem explorados no ensino

fundamental e ensino médio.

A dança nas aulas de educação física pode ser trabalhada em vários

aspectos trazendo benefícios para o educando emocionalmente, fisicamente,

intelectualmente, cultura corporal do movimento e promoção de saúde.

17

TABELA III

QUAIS AS METODOLOGIAS UTILIZADAS PARA O TRABALHO COM A DANÇA NO

CONTEXTO DA EDUCAÇAO FÍSICA ESCOLAR?

ANO 1995

AUTOR NANNI

FALA DO AUTOR “O SUD (Sistema Universal de Dança) pelo uso qualitativo e

quantitativo dos movimentos, proporciona uma aplicação efetiva para o professor de educação física no processo da dança/educação. É um sistema válido de dança porque contém os requisitos fundamentais que caracterizam um sistema de dança: linguagem própria, elementos estruturais e funcionalidade”

ANO 2011

AUTOR MARQUES

FALA DO AUTOR “A coreologia é uma espécie de gramática da linguagem do movimento,

pode ser entendida como um tipo de leitura de educação em dança. O aprendizado do aluno está relacionado ao acesso a subtexto da dança, permitindo que o mesmo tenha diferentes pontos de vista do texto a ser aprendido. O aprendizado do subtexto tem o potencial de fazer com que o aluno melhor entenda, discrimine e avalie a qualidade daquilo que está interpretando e/ou criando (repertórios, composições coreográficas)”.

ANO 2011

AUTOR MARQUES

FALA DO AUTOR “O método Rudolf Laban tem por objetivo fazer do ensino de dança um

meio de desenvolvimento das capacidades humanas de expressão e criação. A partir da compreensão das qualidades de movimento, implícitas nas diversas formas de expressão humana, o aluno, harmonicamente pode ser educado essencialmente através da dança”.

Conforme se observa na tabela acima, a dança pode ser trabalhada através

de três tipos de metodologias. A partir do que foi exposto no presente estudo

acredita-se que a dança no ambiente escolar não deve ter a intenção de formar

profissionais, bailarinos, e sim possibilitar ao educando um contato mais afetivo de

se expressar através do movimento.

Relacionamos os resultados encontrados com as explicações de NANNI

(2001), as ações estabelecidas nas aulas de dança na escola devem ser

progressões pedagógicas. Além disso, as atividades devem abranger as diversas

habilidades motoras de andar, correr, saltar, equilibrar, rodopiar, girar, rolar, deslizar.

Partindo do simples para o complexo, do espontâneo para o construído.

18

CONCLUSÃO

Os objetivos e as questões norteadoras do presente estudo foram alcançados

e respondidos a partir de análises feitas sobre os conteúdos e metodologias que

melhor se aplicam no ambiente escolar. Deste modo, o presente trabalho teve como

objetivo analisar as possibilidades de trabalhar a dança nas aulas de educação física

a partir dos PCN’s, oferece parâmetros para os professores consultarem os

conteúdos, elencando os tipos de dança, ritmos, brincadeiras cantadas e valorização

da cultural local, além disso, verificamos que as atividades de dança desenvolvidas

nas aulas é sem dúvida enriquecedora para os alunos, propicia a formação

simultânea de processos cognitivos, motor e sócio-afetivo.

Ao desenvolver o conteúdo dança nas aulas de educação física, os

professores devem repassar com a devida importância assim como qualquer outra

aula, considerando o educando como um todo, que se movimenta, pensa age e

sente. Com a prática das atividades o aluno libera suas emoções e ao mesmo tempo

percebe o que seu corpo é capaz de fazer, para a partir de então, desenvolver suas

potencialidades.

Este trabalho enriquece a formação dos alunos de maneira que quanto mais

cedo há esse contato com a dança, melhor aceitação do público em relação a esta,

pois se o ensino da dança se fizer presente de uma forma agradável e não

intimidadora, quando se tornarem mais velhos não terão problemas quanto a isso. O

contato com essa arte traz inúmeros ganhos para os alunos, não apenas com as

habilidades físicas, mas também na questão social.

Constatou-se que embora a dança esteja inserida nos PCN’s, ainda é

possível perceber sua ausência nas escolas é vista de forma superficial, continua

sendo negligenciada e lembrada apenas nas datas comemorativas. (MARQUES,

2010).

Os resultados encontrados vêm contribuir com a literatura, com o intuito de

dar suporte na prática pedagógica do professor de educação física no trato do

ensino do conteúdo dança em suas aulas. Por fim, sugerem-se mais estudos que

impulsionem novas ideais e discussões para fundamentar sua inclusão na ambiente

escolar.

19

ABSTRACT The present study consists of a research on the content of dance and its contributions for school Physical Education. Having as a methodological procedure, a bibliographic research with a descriptive nature and a phenomenological focus, which, through the literature review, aims to find the basis to discuss the theme proposed. The objective of the research has a descriptive nature and a qualitative approach. In which it was investigated what is the approach of the subject Dance in the curriculum of the Physical Education Course at UEPA; What content is used for the development of the dancing activities in School Physical Education; What methodologies are used to work with the dance in the context of School Physical Education. Therefore, the present work had the objective of analyzing the possibilities of working the dance in the classes of Physical Education, having as the basis, the National Curriculum Parameters (PNP), which offers parameters for the teachers to consult the contents, listing the types of dance, rhythms, sung jokes and valorization of the local culture. In addition, we noticed that the dance activities developed in the classes provide simultaneous formation of cognitive, motor and socio-affective processes. Although it is inserted in the PCN's, it is still possible to notice its absence in the schools, being remembered only in the commemorative dates. Keywords: Dance. Physical school education. Contributions.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1997. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998.

CEDF – Curso de Educação Física Projeto Político Pedagógico do Curso (Graduação) – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2007.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de educação física. Cortez. Editora, São Paulo – SP 1992. FERREIRA, V. Dança Escolar: um novo ritmo para a educação física. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2009. HAAS, A. N., Â. G. Ritmo e dança. 2 ed.― Canoas: Ed. Ulbra, 2006. LABAN, R. Dança educativa moderna. São Paulo: Ícone, 1990 MARQUES, I. A. Ensino da dança hoje: textos e contextos. 6 ed. ― São Paulo: Cortez, 2011. MARQUES, Isabel A. Dançando na escola. 6 ed.― São Paulo: Cortez, 2012. MONTEIRO, M. A. Pesquisa em dança – Método Graham. Ricardo Figueiredo Pinto, Belém: GTR Gráfica e Editora, 2004.

20

MONTEIRO, M. A. Coletânea de textos da disciplina: fundamentos e métodos da dança. Acervo do CEDF UEPA - Campus III. Belém-Pará, 2013. NANNI, D. Ensino da dança: enfoques neurológicos, psicológicos e pedagógicos na estruturação/expansão da consciência corporal e da auto-estima do educando. Rio de Janeiro: Shape, 2003. RANGEL, N. B. C. Dança, educação, educação física: propostas de ensino da dança e o universo da Educação Física. Jundiaí, São Paulo: Fontoura, 2002. SOARES, C. L. Educação Física Escolar: Conhecimento e Especificidade. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, 1996 SOARES, C.L.; CASTELLANI FILHO, L.; TAFFAREL, C. N. Z.; VARJAL, M. E. M. P.; ESCOBAR, M. O.; BRACHT, V.; Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. VERDERI, E. Dança na escola: uma abordagem pedagógica. São Paulo: Phorte, 2009.