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O CONJUNTO NACIONAL DE DAVID LIBESKIND: MARCO URBANO E PATRIMÔNIO RESILIENTE BORTOLLI JR, ORESTE 1. . Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo ( Rua do Lago,Endereço Postal [email protected] RESUMO Por consequência do desenvolvimento econômico, após a crise do café de 1929, e à expansão da cidade decorrente da industrialização em São Paulo somada ao surto imobiliário pós II Guerra, foi construído o edifício do Conjunto Nacional, um dos marcos inaugurais da verticalização na Avenida Paulista. O edifício ocupa um terreno de 14.000 metros quadrados, adquirido por um empresário imigrante José Tijurs a quem também se deve a realização da obra onde se localizava, à época, a mais bela casa em estilo art-nouveau, de autoria de Victor Dubugras. Realizado em 1955, de acordo com o projeto do arquiteto David Libeskind, o Conjunto Nacional é fortemente alinhado às vanguardas tanto no âmbito nacional quanto no internacional lançando mão de uma volumetria pautada na matriz modernista e propondo articular uma plataforma horizontal com volumes sobrepostos, separados por um espaço de transição primorosamente ajardinado, gesto este que visou reproduzir um espaço de praça suspensa majoritariamente pública. Nessa linha projetual, dois edifícios idealizados nas décadas de 1940 e de 1950 serão cotejados junto ao Conjunto Nacional a obra de Lucio Costa e equipe: o Ministério da Educação Saúde, hoje Palácio Capanema no Rio de Janeiro, de 1947; e a Lever House em Nova Iorque, do escritório Skidmore, Ownings and Merril de 1951, com a participação de Gordon Bunshaft e de Natalie de Blois . Além desse tipo de composição, o programa do Conjunto Nacional se sobressai por seu conteúdo programático inovador, consistindo, portanto, em uma intervenção urbana visando cumprir com as formas que contemplam a cidade: morar, trabalhar, circular e se divertir, cumprindo, desta forma, com as diversas funções existentes na cidade. Desse modo, tornou-se um marco na paisagem urbana paulistana, bem como uma forte referência em vários aspectos, e configura-se como lugar do encontro e fruição no espaço arquitetônico devido à consistência de sua arquitetura, localização e dos diversos equipamentos de comércio, serviços e de entretenimento, ali estabelecidos. Além disso, pode-se dizer que mesmo depois de 59 anos de existência, seus espaços flexíveis possibilitaram a incorporação e inserção de equipamentos comunitários cambiáveis. Desta forma, o Conjunto Nacional preconiza a existência dos conjuntos multifuncionais que recentemente têm sido resgatados na cidade de São Paulo. O trabalho tratará destas questões, aventando, inclusive, a hipótese de que o edifício do Conjunto Nacional se perpetua como um patrimônio arquitetônico resiliente. Palavras-chave: Modernismo; Arquitetura e Cidade; Patrimônio Moderno

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O CONJUNTO NACIONAL DE DAVID LIBESKIND: MARCO URBANO E PATRIMÔNIO RESILIENTE

BORTOLLI JR, ORESTE

1. . Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (

Rua do Lago,Endereço Postal [email protected]

RESUMO Por consequência do desenvolvimento econômico, após a crise do café de 1929, e à expansão da cidade decorrente da industrialização em São Paulo somada ao surto imobiliário pós II Guerra, foi construído o edifício do Conjunto Nacional, um dos marcos inaugurais da verticalização na Avenida Paulista. O edifício ocupa um terreno de 14.000 metros quadrados, adquirido por um empresário imigrante José Tijurs – a quem também se deve a realização da obra – onde se localizava, à época, a mais bela casa em estilo art-nouveau, de autoria de Victor Dubugras. Realizado em 1955, de acordo com o projeto do arquiteto David Libeskind, o Conjunto Nacional é fortemente alinhado às vanguardas – tanto no âmbito nacional quanto no internacional – lançando mão de uma volumetria pautada na matriz modernista e propondo articular uma plataforma horizontal com volumes sobrepostos, separados por um espaço de transição primorosamente ajardinado, gesto este que visou reproduzir um espaço de praça suspensa majoritariamente pública. Nessa linha projetual, dois edifícios idealizados nas décadas de 1940 e de 1950 serão cotejados junto ao Conjunto Nacional – a obra de Lucio Costa e equipe: o Ministério da Educação Saúde, hoje Palácio Capanema no Rio de Janeiro, de 1947; e a Lever House em Nova Iorque, do escritório Skidmore, Ownings and Merril de 1951, com a participação de Gordon Bunshaft e de Natalie de Blois . Além desse tipo de composição, o programa do Conjunto Nacional se sobressai por seu conteúdo programático inovador, consistindo, portanto, em uma intervenção urbana visando cumprir com as formas que contemplam a cidade: morar, trabalhar, circular e se divertir, cumprindo, desta forma, com as diversas funções existentes na cidade. Desse modo, tornou-se um marco na paisagem urbana paulistana, bem como uma forte referência em vários aspectos, e configura-se como lugar do encontro e fruição no espaço arquitetônico devido à consistência de sua arquitetura, localização e dos diversos equipamentos de comércio, serviços e de entretenimento, ali estabelecidos. Além disso, pode-se dizer que mesmo depois de 59 anos de existência, seus espaços flexíveis possibilitaram a incorporação e inserção de equipamentos comunitários cambiáveis. Desta forma, o Conjunto Nacional preconiza a existência dos conjuntos multifuncionais que recentemente têm sido resgatados na cidade de São Paulo. O trabalho tratará destas questões, aventando, inclusive, a hipótese de que o edifício do Conjunto Nacional se perpetua como um patrimônio arquitetônico resiliente.

Palavras-chave: Modernismo; Arquitetura e Cidade; Patrimônio Moderno

3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro

O processo de verticalização em Paulo : 1920 - 1950

Ainda que com pouca intensidade, a verticalização da cidade de São Paulo inicia nos anos de

1920. Entretanto, já era possível prever a sua vocação de se tornar metrópole, pois de 1929 a

1950, como decorrência do desenvolvimento econômico ocorre o acomodamento da mancha

urbana ao longo das faixas residenciais e industriais da periferia. Foi também período que

houve a compactação desta mancha urbana, decorrendo de tal fenômeno a verticalização na

área central, e em seguida nas áreas ao redor do centro (Meyer, 1991, p.17). Outro fato

relevante para o processo de metropolização foi a crise do café em 1929, pois com o fim da

monocultura cafeeira houve mudanças nos investimentos públicos e nos empreendimentos

privados. Sob o ponto de vista geográfico, Meyer (1991, p.14) aponta o crescimento e a

expansão da cidade sobre a periferia, iniciando, assim, o processo de metropolização,

passando a subdividir a metrópole, em ascensão econômica em dois espaços, um

propriamente urbano e outro suburbano. Tais fatos, portanto, evidenciam que a cidade de São

Paulo tornou-se metrópole não somente pelas dimensões assumidas, como: subúrbio,

estação, bairros jardins, núcleos periurbanos, mas deixando evidente a existência de uma

estrutura metropolitana. Como consequência, para Meyer (1991, p.10), surgem os marcos da

cultura metropolitana que demarcam claramente um compromisso com a forma de construir,

de comprar, de morar, de circular, de divertir, de usufruir e produzir objetos artísticos, de

comunicar-se e, sobretudo, conviver com a forma metropolitana. Era, portanto, necessário

construir para atender novas demandas da população. Citando as contratações de N. L.

Mueller, de 1952, Meyer (1991, p.31), alega que na “nova São Paulo”, das dez funções

urbanas encontradas naquele momento no centro, o comércio era a função predominante,

subdivididas nas seguintes funções e modalidades: comércio varejista, comércio atacadista e

escritórios comerciais, sendo que a função comercial possuía um forte vínculo com a

verticalização.

Segundo Leme (1982, p.55), os terrenos centrais ocupados por indústrias tradicionais

começam a ser disputados por usos que proporcionam maior rendimento por metro quadrado,

como o uso comercial ou de prestação de serviço, ocorrendo uma expansão do comércio

varejista, o qual especializou-se de acordo com o crescimento da cidade, com tendências a

acompanhar a expansão das áreas residenciais, frisando a autora que, de início o comércio e

as residências localizavam-se nos corredores de maior tráfego, passando depois, a ocupar as

ruas paralelas e transversais, principalmente nos bairros de Higienópolis, Cerqueira César,

Pinheiros e Jardim Paulista. Na década de 1960, as agências bancárias e os grandes

escritórios saem do centro e avançam em direção da Avenida Paulista, tendendo, em seguida

para o do Vale do Rio Pinheiros (Leme, 1982, p.55).

3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro

A partir da década de 1950 as edificações buscam constituir uma nova inclusão física com o

lote, estabelecendo uma relação direta com a rua e o espaço urbano livre (LEME, 1982, p.55).

A partir do segundo pós-guerra, decorre intensiva industrialização, e de 1940 a 1960,

acontecendo mudanças na configuração espacial da cidade1, pois devido à intensa migração

do campo para capital há um aumento substancial da população urbana.

Desde de sua inauguração em 1891, já era notória a vocação da Avenida Paulista em ser

endereço dos barões, dos condes, de industriais e da elite cafeeira, onde, devido às

condições geográficas da avenida, situada na cota mais alta da cidade, e também à lei

municipal de 1894, que determinava a proibição da construção de indústrias, designando

também ao loteamento o uso residencial de alto nível.

Mesmo que entremeada por equipamentos tais como o Parque Tenente Siqueira Campos, de

1904 projetado pelo paisagista francês radicado no Brasil Paul Villon, o Grupo Escolar

Rodrigues Alves de 1919,de autoria de Ramos de Azevedo, de um hospital e um sanatório, a

ocupação da avenida era composta majoritariamente de residências unifamiliares aos moldes

europeus, formando um amplo conjunto eclético na cidade (figura 1).

Contudo, devido ao desenvolvimento econômico e a inevitável demanda por habitação e

serviços, a municipalidade decreta em 1952 a nova lei que permite construir prédios com

instalações de comércio e serviços Assim, a implementação da loja de departamentos Sears,

sinaliza a transformação morfológica da Avenida Paulista em que, paulatinamente os

casarões são substituídos pelos edifícios altos.

Foi, portanto, em meio a esta conjuntura que, em 1952, o empresário visionário argentino

José Tijurs encomenda a David Libeskind o projeto do Conjunto Nacional, que se assentará

em uma gleba de 14.600 metros quadrados, o equivalente a uma quadra inteira, onde havia

um palacete em estilo art nouveau.

1 FELDMAN, Sarah. A configuração espacial da metrópole. In: CAMPOS, Candido Malta; GAMA, Lúcia Helena;

SACCHETTA, Vladimir (orgs.). São Paulo, metrópole em trânsito: percursos e culturais. São Paulo: SENAC, 2004,

p.111

3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro

.

Figura 1 – Cartões postais de residências unifamiliares, do Hospital Santa Catarina e o do Grupo

Escolar Rodrigues Alves.

Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=750374 – acesso em 14 de agosto de 2014

O Conjunto Nacional - projeto e execução Substituindo uma das mais belas casas art nouveau, projetada por Victor Dubugras, no

quarteirão conformado pelas ruas Augusta, Padre João Manoel, Alameda Santos e Avenida

Paulista, Tijurs decide construir um prédio visando, majoritariamente, ampliar sua rede de

hotéis, nomeado como Conjunto Nacional (figura 2).

O primeiro projeto a ele apresentado era de autoria de Gregori Warchavchic, realizado em

1952.

3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro

Depois de um concurso fechado realizado a posteriori, Tijurs elege a proposição de David

Liberskink2 , que para Xavier et al (1983, p. 37) era o mais rentável de todos. Em síntese, a

proposta de Libeskind, consistia no arranjo em duas lâminas – uma horizontal com dois

pavimentos e outra vertical, com vinte e cinco pavimentos, sob pilotis, apoiada em uma laje

que faz a transição entre os dois volumes, ocupando a totalidade do lote. Entre as duas

lâminas, neste espaço de transição se desenvolve um jardim suspenso de uso público, cujo

acesso se dá por meio de uma rampa circular coberta por uma cúpula envidraçada construída

em estrutura espacial metálica. Além disso, dois subsolos foram criados para as garagens de

automóveis.

Entretanto, sem ter perdido a essência do partido inicial de Libeskind , algumas mudanças

formais e funcionais tiveram de ser realizadas para a construção. Com o veto da prefeitura

para se construir um hotel na Avenida Paulista, como descreve Rossi (2011,p. 143), as

alterações no projeto foram: no lugar do centro de convenções passou a funcionar o

restaurante Fasano, e a lâmina vertical prevista para o hotel foi transformado em três

conjuntos de vinte e cinco andares, sendo um residencial e dois comerciais. Tendo em vista a

proibição do hotel, relata Pini (2000, p. 70), o próprio Tijurs alterou o projeto, ainda em

construção, dando-lhe o formato atual.

2 David Libeskind nasceu em Ponta Grossa - PR, em 1928. Ainda criança mudou-se com a família para Belo

Horizonte, onde, além de ter desenvolvido habilidades como designer gráfico, ilustrador e pintor, teve aulas de

desenho com Guignard. Formou-se em arquitetura e urbanismo na Universidade Federal de Minas Gerais, em

1952.

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia_ing&cd_item

=1&cd_verbete=8684&cd_idioma=28556 – acesso em 16 de agosto de 2013.

Libeskind veio para São Paulo em busca de trabalho, trazendo consigo uma carta de recomendação de

Sylvio de Vasconcelos, seu professor. Foi recebido por Luís Saia que o apresentou a vários colegas do

Instituto de Arquitetos – IAB, nesta época frequentado por figuras como Rino Levi, Oswaldo Bratke,

Vilanova Artigas, Salvador Cândia, Abelardo de Souza e Franz Heep, do qual se tornou muito amigo.

Relacionava-se também com os artistas plásticos do Grupo Concretista e do Grupo Santa Helena, que

frequentavam o Clubinho do IAB. Esta convivência tornou foi salutar, pois Libeskind proporcionou a

participação de obras dos artistas em seus projetos. VIEGAS, Fernando Felippe. Conjunto Nacional: A

construção do Espigão Central, Dissertação (Mestrado). São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da

Universidade de São Paulo – FAUUSP, 2003, p.97.

3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro

Ao pesquisar nos arquivos pessoais de Libeskind, Viégas seleciona alguns conjuntos

completos de desenhos do projeto do Conjunto Nacional, tendo separado os originais, de

1955, as plantas de 1957 e as de 1959, sendo que estas ultimas consistem nos desenhos

atualizados a ele fornecidos pelo condomínio do prédio.

Para Viégas (2003, p. 99) o projeto original de 1955 já afirmava o partido final de Libeskind e,

como observa o autor , já era muito claro que o complexo era composto por duas lâminas

que “parecem não se tocar”. No volume vertical deveria conter as unidades habitacionais do

setor hoteleiro e o horizontal era destinada ao comércio, cuja cobertura seria ajardinada.

Sobre este jardim pousava um volume de planta em forma de losango. As fachadas maiores

dessa lâmina apresentavam peças de proteção solar, com elementos vazados. Nesta versão

projetual, acrescenta Viégas (2003, p. 100) não havia a cúpula que cobria o conjunto de

rampas que conduziam ao terraço-jardim.

A lâmina horizontal, por sua vez, alcançando toda a dimensão do lote, deveria assimilar

funções urbanas, tais como supermercado, lavanderia, agências bancárias, centro telefônico

e correios, entre outras atividades existentes na cidade. Além disso o condomínio deveria

oferecer serviços especializados, como de mensageiros, empregadas domésticas, funções

estas que, enfim pudessem fazer parte de um organismo administrativo. O catálogo

promocional de vendas do empreendimento enfatizava a ideia do grande centro comercial, no

qual se lia : “um só lugar onde se compra de uma agulha a uma avião”, acrescenta Viégas,

(2003, p. 100).

Nos desenhos de 1955, Viégas (2010, p.100) aponta as quatro ruas internas permeando o

térreo para dar acesso às lojas, ligando à esta galeria às ruas circundantes. As galerias se

cruzam em um hall central, onde estão posicionadas as prumadas de circulação vertical

correspondente a um sistema de rampas, elevadores e escadas rolantes. Todas essas ruas

no projeto original assumiram um acesso importante ao edifício, sendo que para as largas

calçadas da Avenida Paulista ficaria o acesso à escada que conduz ao espaço de transição e

à sala de espera do cinema. Na Rua Padre João Manoel, estava posicionada a entrada do

estacionamento e o serviço de carga e descarga ( Viégas, 2003, p.102).

Nesta mesma versão projetual, Viégas (2003, p.102) detecta que na Alameda Santos haveria

um acesso reservado às unidades habitacionais e que Libeskind, a julgar que um único

subsolo que lhe fora encomendado seria insuficiente, acrescentou um nível a mais de

garagem no subsolo, onde foram concentrados os serviços de apoio ao funcionamento do

prédio, como os depósitos, bombas, geradores, cabines de transformadores e entradas de

telefonia.

3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro

Nas plantas originais, Viégas (2003, p.107- 8) investiga que no andar superior , entre o térreo

e o terraço, com pé-direito duplo, foi previsto um centro de exposições destinado à promoção

e venda de produtos industriais, dimensionado para quatrocentos estandes. Além disso, neste

mesmo piso, o autor detecta que o cinema seria voltado para a Rua Padre João Manoel e que

as fachadas desta lâmina horizontal, coberta pelo terraço-jardim3, seria envolta por elementos

de proteção solar, com quebra-sóis de alumínio que, pela meia transparência controlariam a

permeabilidade visual do interior para a o exterior.

Para cobrir a rampa que levava ao teraço-jardim, uma cúpula geodésica em alumínio coberta

com material translúcido foi pensada por Likeskind, sobre a qual Viégas (2033,p.108) comenta

que fora inspirada nos trabalhos de Buckminster Füller nos estados Unidos, acrescentado que

Libekind a inventara a partir de uma pesquisa por ele realizada na Revista Architectural

Record. Este elemento implicou em realizar um cálculo complexo, pois a partir de um módulo

hexagonal foi montada toda a volumetria da esfera, arrematada por uma peça pentagonal de

concreto no topo, apoiada no bloco elíptico, do qual se desprende a rampa e contém a caixa

de elevadores que conduzem ao terraço-jardim. O engenheiro Hans Eger, admirador do

trabalho de Füller viu o projeto de Libeskind publicado e se disponibilizou a realizar o cálculo,

tendo para tanto a anuência de Likeskind , acrescenta Viégas (2003,p.109)

Nos desenhos de 1955, Viégas (2003,p.119) constata que a lâmina vertical tinha as empenas

leste-oeste praticamente cegas, e que o programa era restrito a apartamentos de dois a

quatro dormitórios, posicionados para norte-sul, com os recintos, em sua maioria, voltados

para norte, protegidos com elementos vazados distribuídos em seis prumadas de circulação

vertical.

Toda a organização do programa, a plasticidade e sua correspondência com a volumetria fora

viabilizada graças ao domínio da técnica do concreto que já era uma prática dos engenheiros

calculistas, conclui Viégas, (2003,p.112).

Algumas modificações obsevadas por Viégas nos desenho de 1957 afirmam que a volumetria

se assemelha, em grande parte, à mesma da concepção inicial. Entretanto, com relação à

organização funcional, Viégas (2003, p. 120) verifica que as lojas no térreo se posicionam

3 No momento da compra do terreno foi firmado um acordo entre o proprietário e José Tijurs, de que seria mantido

o jardim que havia na casa Art-Nouveau, cumprindo, assim os 12.000 metros quadrados do terraço-jardim , quase

a totalidade da dimensão do lote. VIEGAS, Fernando Felippe. Conjunto Nacional: A construção do Espigão

Central, Dissertação (Mestrado). São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

– FAUUSP, 2003, p.107.

3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro

alinhadas junto às calçadas circundantes, incluindo uma marquise sobre as calçadas. Outro

aspecto que o autor nota é que o dimensionamento da estrutura é adaptado ao último cálculo

estrutural, assinalando a existência de um novo formato aos pilares. Há também, segundo

Viégas (2003, p.120) uma subdivisão em três níveis do térreo junto à esquina da Rua Augusta

com a Alameda Santos, espaços estes que seriam destinados a escritórios, onde, desde o

início das obras se instalou o consulado americano.

Outras modificações nos desenhos de 1957 são apontadas por Viégas (2003,p.120) e se

referem à lâmina vertical, a qual passou por transformações na organização funcional e na

abordagem construtiva, ou seja, Likeskink conjuga um hotel, escritórios e apartamentos,

optando também por realizar três blocos independentes com juntas de dilatação de modo a

permitir a construções em etapas.

Embora incompleto, o Conjunto Nacional foi Inaugurado em 1958. Contudo, Viégas

(203,p.141) descobre que nas plantas de 1959 alguns aspectos do projeto original são

confirmados, como a presença da marquise cobrindo as calçadas externas, o deslocamento

do cinema com a entradas pela Alameda Santos, cujo acesso se dá por meio de uma rampa

curva, alcançando e nível da plateia.

Com relação à lâmina vertical, mudanças no programa foram realizadas nessa versão,

cabendo mencionar que o bloco de apartamentos mantém-se independente com acesso pela

Rua Augusta, e os blocos do hotel e escritórios teriam acesso pela galeria de lojas, sobre a

qual foram previstos um pequeno teatro e um restaurante. Contudo, com relata Viégas

(2003,p.152) a ideia do hotel fora posta de lado.

Viégas (2003, p. 152) conclui que as maiores mudanças se deram no terraço-jardim, em qua

as configurações espacial e funcional foram enormemente prejudicadas pela inserção de

construções que não faziam parte do projeto original, pois dois galpões paralelos ao

restaurante foram acrescidos e uma parte dos pilotis fora fechada para dar lugar a um

estabelecimentos comercial.

3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro

Figura 2 – Perspectiva e planta do andar tipo do Conjunto nacional em sua configuração original [fonte: VIEGAS,

Fernando Felippe. Conjunto Nacional: A construção do Espigão Central, Dissertação (Mestrado). São Paulo:

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAUUSP, 2003, p. 127. Fotos do Conjunto

Nacional hoje [fonte: VIEGAS, Fernando Felippe. Conjunto Nacional: a dimensão urbana da arquitetura. Revista

Summa+, nº 136, p.57- 59, jul.2014

O Conjunto Nacional e a matriz modernista da tipologia laminar

Marco da arquitetura brasileira, o Ministério da Educação Saúde - MES, de autoria de Lucio

Costa e equipe tem sua gênese marcada pela assessoria por Le Corbusier na ocasião da sua

estadia no Rio de Janeiro em 1936, é composto por duas lâminas retangulares que se cruzam

perpendicularmente. O bloco vertical, com a fachada sul envidraçada e a norte protegida por

quebra-sóis se debruça em pilotis sobre o embasamento horizontal, interseccionados,

também em pilotis, criam um espaço coberto com 10 metros de altura e uma parede revestida

com azulejos de Cândido Portinari , liberando , inclusive, o fluxo permanente de pedestres.

No volume horizontal, onde se situa o auditório, há um terraço jardim projetado por Roberto

Burle Marx, resguardado e restrito, contudo, às salas de exposições existentes no nível

superior desse volume.

A partir do projeto do MES, a tipologia em lâminas e embasamentos materializados neste

período passarão se ser abordadas com maior intensidade tanto no âmbito nacional, quanto

no nacional. A causa do sucesso desta tipologia, relata Segre (2013,p.494) é devido à

funcionalidade que esse tipo permite, tal como a organização de um sistema diferenciado de

acessos e circulações de um grande público, proporcionado também a justa transição entre a

rua e a lâmina.

Ainda para o autor o caráter inovador do MES não se deu somente com o resultado da

aplicação canônica dos cinco pontos corbusianos, mas também para estabelecer o complexo

diálogo com a malha urbana. .

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Projetada por Gordon Bunshaft , com a coordenação de Natalie de Blois e de Skidmore,

Owings and Merrill, concluída em 1952, localizada na Park Avenue, em Midtown Manhattan,

em Nova Iorque, o prédio da Lever House pode ser considerado como um divisor de águas

para a arquitetura norte americana, tendo importância fundamental na formação do repertório

relativo ao International Style. Considerado um modelo paradigmático, o prédio foi tomado

como referência, exibido numa exposição de arte minimalista em 2004 ,no Museu

Gughenhein de Nova Iorque.

Concebido em dois volumes justapostos na mesma ordem do MES,o embasamento do

edifício da Lever House é estruturado em pilotis revestidos com aço inoxidável, contendo

neste nível um pátio interno ajardinado, o acesso ao prédio e uma sala de exposição, cobertos

por um terraço-jardim, o qual, atualmente, encontra-se reservado mais ao usuário do prédio

do que à circulação de pedestres. A lâmina vertical tem as quatro fachadas recobertas por

um grande pano de vidro.

Mesmo antes da existência do Ministério da Educaçao Saúde, comenta Segre (2013, p.494),

o tema da lâmina leve e transparente já havia sido explorada em projetos e obras do

modernismo europeu, enquanto que nos Estados Unidos prevaleciam os arranha-céus

maciços e opacos. Citando outros exemplos, Segre (2013, p.494) ressalta que em 1923 Mies

van der Rohe projetou um edifício de escritórios em Berlim, concebido como um

paralelepípedo simples e baixo , com espaços internos contínuos e janelas em extensão.

Pouco depois, em 1924, Ludwvig Hilbeberseimmer imaginou uma cidade constituída por

lâminas de quinze andares, apoiadas em embasamentos de quatro andares, permitindo

separar veículos de pedestres para os quais criou passarelas aéreas nas travessias.

Precedendo o edifício do ministério Segre aponta outros exemplos no contexto europeu, como

o projeto da Rush City Reformed (1923-1927) de Richard Neutra; o projeto de Walter Gropius

para habitação coletiva de quinze andares com articulação volumétrica; o Pavilhão Suíço

(1929) para a Cidade Universitária de Paris e a Immeuble Clarté (1930-1932), em Genebra

(figura 4).

Seguindo a mesma matriz dos prismas horizontais e verticais, transitando entre o nexo

racionalista corbusiano e com traços do International Style foi assim concebido o Conjunto

Nacional. A lâmina vertical que abriga apartamentos residenciais e escritórios corporativos,

tem a fachada norte recoberta também por um extenso pano de vidro.

A empena sul, por sua vez possui aberturas mais controladas, da qual se desprendem

volumes curvilíneos correspondentes às caixas de escadas. Entretanto, o que caracteriza

fortemente e o diferencia dos exemplos supracitados é a sua diversidade de usos, seus

3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro

espaços cambiáveis, situados majoritariamente no embasamento e sua a diversidade

programática com recintos abertos a todos os tipos de usuários.

Figura 3 – Ministério da Educação e Saúde – Palácio Capanema [Fonte: SEGAWA, Hugo. Arquiteturas

no Brasil:1900-1990. São Paulo:Edusp,1998,p.9];

Fonte: http://www.skyscraper.org/EXHIBITIONS/FAVORITES/fav_lever.htm –acesso em 15 de agosto

de 2014]; Mies van der Rohe e a maquete do Conjunto Nacional [ fonte: BRASIL, Luciana Tombi. A obra

de David Libeskind - Ensaio sobre as residências unifamiliares . São Paulo: Romano

Guerra/Edusp,2008.p.32

Figura 4 – Projeto para cidade de Ludwig Hilberseimer [fonte: Fonte: SEGRE, Roberto. Ministério da

Educação e Saúde.Ícone da Modernidade Brasileira , p.494. São Paulo: Romano Guerra, 2013]; Rush

City Reformed

Fonte: http://en.wikiarquitectura.com/index.php/File:Rush_city_reformed_2.jpg – acesso em 15 de

agosto de 2014; Pavihão Suíço[fonte: CURTIS, William. Le Corbusier: Ideas and Forms. Londres:

Phaidon, 1986, p. 104 ; Immeuble Clarté [fonte: http://www.galinsky.com/buildings/clarte/ - acesso em

15 de agosto de 2014

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Considerações finais

Após um incêndio em setembro de 1978, destruindo parte da lâmina horizontal, o Conjunto

Nacional passou por um período de degradação e abandono. Porém, sob a supervisão da

experiente em recuperação de condomínios, Vilma Peranezza, com a pequena participação

de LIbeskind, o prédio retoma seu vigor.

Como espaço multifuncional tem sido um arquétipo, tanto sob o pnto de vista material quanto

do simbólico. No início do século 21, foi referência crucial para a retomada de conjuntos

desta natureza. Neste contexto, destaca-se a construção do Brascan Century Plaza no bairro

o Itaim Bibi na cidade de São Paulo,empreendimento de grande porte, o qual conjuga os usos

comercial, habitacional e de lazer, enfatizando a ideia dos fluxos a permear o espaço

edificado animado com amenidades ao passante. Atualmente, tendo em vista a carência de

equipamentos de comércio e de entretenimento em determinados pontos no centro e nos

bairros da cidade, nota-se uma busca da profusão deste modelo nos investimentos

imobiliários, tanto nos realizados , quanto naqueles que estão sendo comercializados na

planta .

De acordo com Rossi (2011, p. 142) os números do Conjunto nacional são representativos,

pois nele circulam 30 mil pessoas por dia, 10 mil trabalham no seu interior, 62 lojas e 466

empresas ali se estabelecem; possui 162 funcionários e estacionamento com 800 vagas,

recebendo 46 mil correspondências por mês. Há duas prumadas verticais destinadas ao uso

terciário e uma ao uso habitacional.

Os 5000 metros quadrados de calçadas circundantes ligadas à galeria interna e ao

terraço-jardim,fazem as vezes de plataforma de desembarque e acesso da população

advinda das principais linhas de ônibus e das duas linhas de metrô, fatores estes que

caracterizam, sobremaneira, o alcance da dimensão metropolitana do conjunto.

Ponto de vigoroso movimento na Avenida Paulista, o transeunte permeia o complexo através

dos seus quatro largos acessos ao nível da rua do térreo, podendo subir ao terraço jardim,

criando, assim, um constante fluxo de público que se destina às compras e ao

entretenimento.

Sobre seus espaços cambiáveis, o mais notório deles é o que se dá para esquina da Rua

Augusta com a Alameda Santos , em que, originalmente, era um grande e importante cinema

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arruinado com o advento das salas multiplex e das templos religiosos que se estabeleciam

nesses espaços.

Não obstante, em 2007, a grande área do cinema cedeu lugar a uma livraria projetada pelo

arquiteto Fernando Brandão, a qual, desde 1969 já tinha se estabelecido no conjunto.

Possuindo um diverso e amplo estoque de produtos e de publicações – mais de 2 milhões de

títulos, o projeto de Brandão incluiu uma sala de cinema e teatro, designando espaços

destinados a eventos das mais diversas natureza, contemplando, inclusive, as diversas faixas

etárias.

Comumente, nos espaços das largas galerias, pavimentadas com mosaico português, é

onde as empresas, escritórios comerciais e serviços baseados neste edifício promovem

eventos, como exposições abrangendo os mais diversos temas e concertos musicais

,atraindo, portanto, enorme diversidade de usuários. No tempo das festas de Natal, os

adornos temáticos das fachadas e no interior do prédio, torna o local um lugar de visita

obrigatória.

Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e

Turístico – CONDEPHAAT, em 2007, o Conjunto Nacional, inspirado em um modelo

moderno, e também numa vanguarda cultural em que era imperativo relacionar artes, ciências

e economia, vem refletindo o sentimento de grandeza da cidade.

Foi, portanto, no cerne de uma perspectiva inovadora, obtida a partir das relações

socioeconômicas que o projeto arquitetônico, respondendo rigorosamente a problemas

complexos, perpetuam esta obra imposta pelo crescimento da cidade e, se por um lado o

Conjunto Nacional fora imposto pelo crescimento econômico e urbanístico, por outro ele se

impõe como um patrimônio cultural resiliente.

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