o congresso de estudos espíritas - celd

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o 11 Congresso de Estudos Espíritas 26 de julho de 2020 Temas gerais sobre a Ciência e a Filosofia Espírita CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS Mulheres Espíritas AMIGO IGNORADO ZILDA GAMA INSPIRAÇÃO NOS TEMPOS MODERNOS ROSSINI Espiritismo e Arte TRABALHO MARIA DOLORES Grupo de Valorização da Vida Espiritismo e Ciência CAIRBAR SCHUTEL A PASSAGEM DO PRINCÍPIO INTELIGENTE PELA SÉRIE ANIMAL Vida e obra de Deolindo Amorim A MÁQUINA E A FÉ DEOLINDO AMORIM Espiritismo e Ufologia CAMILLE FLAMMARION A PRESENÇA EXTRATERRESTRE NO PASSADO. MUITO ALÉM DO EXÍLIO. Espiritismo e Meio Ambiente EURÍPEDES BARSANULFO DEUS, O HOMEM E O MEIO AMBIENTE

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o11 Congresso de Estudos Espíritas

26 de julho de 2020

Temas gerais sobre a Ciênciae a Filosofia Espírita

CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

MulheresEspíritas

AMIGOIGNORADO

ZILDA GAMA

INSPIRAÇÃONOS TEMPOSMODERNOS

ROSSINI

Espiritismoe Arte

TRABALHO

MARIADOLORES

Grupo deValorização

da VidaEspiritismoe Ciência

CAIRBARSCHUTEL

A PASSAGEMDO PRINCÍPIOINTELIGENTEPELA SÉRIE

ANIMAL

Vida e obrade Deolindo

Amorim

A MÁQUINAE A FÉ

DEOLINDOAMORIM

Espiritismoe Ufologia

CAMILLEFLAMMARION

A PRESENÇAEXTRATERRESTRE

NO PASSADO.MUITO ALÉMDO EXÍLIO.

Espiritismoe Meio Ambiente

EURÍPEDESBARSANULFO

DEUS, O HOMEME O MEIO

AMBIENTE

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GRUPO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA

Patronesse: Maria Dolores

TEMA CENTRAL: Trabalho

“Além do trabalho-obrigação que nos remunera de pronto, é necessário nos atenhamos ao prazer de servir.”

“TRABALHO” (PENSAMENTO E VIDA – cap. 7 – Emmanuel/Francisco C. Xavier)

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GRUPO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA Tema: TRABALHO

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OBJETIVO GERAL Compreender que o trabalho é uma lei da Natureza, que auxilia o nosso processo evolutivo, como Espírito imortal, promovendo o desenvolvimento da inteligência e o amor de servir.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Entender como o trabalho era visto no passado e como isso se reflete nos dias atuais.

Refletir sobre as variadas formas de trabalho, em especial o trabalho-ação e o trabalho-serviço, e suas características.

Valorizar o trabalho à luz do evangelho de Jesus como parâmetro de atuação firme e constante, a

ser observado no nosso cotidiano.

INTRODUÇÃO Podemos definir trabalho como qualquer atividade física ou intelectual, realizada por ser humano,

cujo objetivo é fazer, transformar ou obter algo. O trabalho sempre fez parte da vida dos seres humanos. Foi através dele que as civilizações

conseguiram se desenvolver e alcançar o nível atual. O trabalho gera conhecimentos, riquezas materiais, satisfação pessoal e desenvolvimento econômico. Por isso ele é e sempre foi muito valorizado em todas as sociedades.

https://www.suapesquisa.com/o_que_e/trabalho.htm

Definição de TRABALHO segundo o DICIONÁRIO DE FILOSOFIA ESPÍRITA – Lamartine Palhano Jr.

O trabalho faz parte do lema trímero do Espiritismo: Vtcdcnjq." Uqnkfctkgfcfg" g" Vqngtãpekc. Toda ocupação útil é trabalho, assim não apenas as ocupações materiais constituem trabalho, mas também as atividades do espírito. Sem a necessidade do trabalho, o homem permaneceria na infância espiritual; forçado a trabalhar, o homem se aperfeiçoa e desenvolve a sua inteligência. A natureza do trabalho é relativa à natureza das necessidades. O limite do trabalho é o limite das forças, qualquer excesso leva à exaustão.

Se nos propomos retratar mentalmente a luz dos Planos Superiores, é indispensável que a nossa vontade abrace espontaneamente o trabalho por alimento de cada dia.

PENSAMENTO E VIDA – cap. 7

PRIMEIRO OBJETIVO – Entender como o trabalho era visto no passado e como isso se reflete nos dias atuais.

O que é o Trabalho e sua evolução histórica com seus reflexos atuais?

No pretérito, apreciávamo-lo por atitude servil de quantos caíssem sob o ferrete da injúria. A escola, as artes, as virtudes domésticas, a indústria e o amanho(*) do solo eram relegados a mãos escravas,

reservando-se os braços supostos livres para a inércia dourada. PENSAMENTO E VIDA – cap. 7

(*) amanho - cultivo

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Questão 676 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS Por que o trabalho é imposto ao homem? R: É uma consequência de sua natureza corporal; uma expiação e, ao mesmo tempo, um meio de

aperfeiçoar sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria na infância da inteligência; é por isso que deve seu alimento, sua segurança e seu bem-estar apenas ao seu trabalho e à sua atividade. Àquele que é extremamente fraco de corpo Deus deu a inteligência, como compensação; porém, é sempre um trabalho.

O trabalho de qualquer espécie, particularmente aquele que faculta o desenvolvimento ético-moral

do ser humano, é uma lei cósmica. Jesus teve ocasião de afirmar: “Meu Pai trabalha até hoje e eu próprio trabalho.” O trabalho é Lei de Deus para a Vida.

(Artigo publicado no jornal A TARDE, coluna “Opinião”, de 02/05/2019). No passado, a ideia de trabalho estava associada a castigo. Quem eram os torturados? Escravos e pobres que não podiam pagar os impostos. A partir daí, essa associação da ideia de trabalhar como ser torturado passou a dar entendimento

não só ao fato da tortura em si, mas também, por extensão, às atividades físicas produtivas realizadas pelos trabalhadores em geral: camponeses, artesãos, agricultores, etc. Tal sentido foi de uso comum na antiguidade e, com esse significado, atravessou quase toda a Idade Média.

ESCRAVIDÃO Questão 829 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS Existem homens que estejam, por Natureza, destinados a ser propriedade de outros

homens? R: Toda sujeição absoluta de um homem a um outro homem é contrária à lei de Deus. A escravidão

é um abuso da força, desaparece com o progresso, como desaparecerão, pouco a pouco, todos os abusos.” A lei humana que consagra a escravidão é contrária à Natureza, visto que assemelha o homem ao animal e o degrada moral e fisicamente.

Tripallium – denominação de um instrumento de tortura formado por três (tri) paus (pallium). Desse modo, originalmente “trabalhar” significava ser torturado no tripallium.

O trabalho era vergonhoso para as classes mais abastadas. Concordamos com isso? Por quê?

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Questão 830 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS Quando a escravidão faz parte dos costumes de um povo, aqueles que dela se aproveitam

são censuráveis, já que apenas se conformam com um uso que lhes parece natural? R: O mal é sempre o mal e nenhum de vossos sofismas fará com que uma ação má se torne boa;

mas a responsabilidade do mal é relativa aos meios de que se disponha para compreendê-lo. Aquele que tira proveito da lei da escravidão é sempre culpado de uma violação da lei da Natureza; mas nisto, como em todas as coisas, a culpabilidade é relativa. Tendo a escravidão passado aos costumes de alguns povos, o homem dela se aproveitou de boa-fé e como de uma coisa que lhe parecia natural; porém, desde que sua razão, mais desenvolvida e, principalmente, esclarecida pelas luzes do Cristianismo, lhe mostrou, no escravo, um seu igual diante de Deus, ele não tem mais desculpa.

Somente no século XIV começou a ter o sentido genérico que hoje lhe atribuímos qual seja, o de aplicação das forças e faculdades (talentos, habilidades) humanas para alcançar um determinado fim.

Com a especialização das atividades humanas, imposta pela evolução cultural (especialmente na

Revolução Industrial) da humanidade, a palavra trabalho tem hoje uma série de significados, de tal modo que o verbete, no dicionário do “Aurélio”, lhe dedica vinte acepções básicas e diversas expressões idiomáticas.

(Pesquisa de Augusto Nivaldo Irinos, In Revista, “Educação e Realidade” na internet).

No século XVI, com o Renascimento, os sistemas econômicos e o Estado passam a um novo patamar. Cria-se a economia mundializada, onde o trabalho passa ao seu papel de importância máxima.

A Revolução Industrial foi o conjunto de transformações das manufaturas domésticas para a indústria fabril, passando por mudanças na agricultura, nos transportes, no comércio, nas comunicações e na sociedade. Não existe uma data determinada para marcar o início da Revolução Industrial, nem tampouco para o seu fim. Didaticamente costuma-se considerar de 1760 até 1830, aproximadamente.

Os fatores que proporcionaram o advento da Revolução Industrial ocorreram primeiro na Inglaterra. Do campo para a cidade, na Inglaterra. Século XVIII – Uma verdadeira revolução na agricultura precedeu a revolução industrial. Mais

alimentos estiveram disponíveis e as grandes fomes foram controladas. As terras passaram a ser consideradas um bem de produção, dentro da mentalidade capitalista.

Desde a Idade Média, prevalecia o sistema de campos comuns, isto é, terrenos próximos às aldeias que podiam ser utilizados por todos, indistintamente, como pastagem ou para obter lenha e turfa para manter o fogo. Depois de 1760, foram votadas as leis de cercamentos por meio das quais os campos foram cercados e tornaram-se propriedades de alguns senhores, excluindo os camponeses. O resultado foi o desemprego no setor rural, levando grande parte do campesinato a migrar para as cidades, em busca de trabalho. Essa mão de obra disponível iria constituir os primeiros operários das fábricas, que, para sobreviverem, aceitavam trabalhar em péssimas condições e por baixos salários.

Surgiu o capitalismo financeiro, em que as indústrias passaram a ser dominadas pelos bancos de

investimentos. Formaram-se imensos acúmulos de capitais e ocorreu a fusão de indústrias para suprimir a concorrência.

(A HISTÓRIA À LUZ DO ESPIRITISMO – Volume 3 – Sônia Campos e Graça Palha – Editora CELD).

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Questão 683 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS Qual é o limite do trabalho? R: O limite das forças; além disso, Deus deixa o homem livre. Questão 684 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS O que pensar daqueles que abusam de sua autoridade, impondo aos seus inferiores um

excesso de trabalho? R: É uma das piores ações. Todo homem que tem o poder de comandar é responsável pelo

excesso de trabalho que impõe aos seus inferiores, porquanto transgride a lei de Deus.

Hoje, porém, sabemos que a lei do trabalho é roteiro da justa emancipação. Sem ela, o mundo mental dorme estanque. Fugir-lhe aos impositivos é situar-se à margem do caminho, onde o carro da evolução

marcha, inflexível, deixando à retaguarda quantos se amolgam à ilusão da preguiça. PENSAMENTO E VIDA – cap. 7

QUAIS OS OBSTÁCULOS A SEREM VENCIDOS PARA EXERCER O TRABALHO DA FORMA IDEALIZADA POR JESUS?

VÍCIO DA PREGUIÇA – deve-se reagir com vigor e determinação às tentativas de alojamento da PREGUIÇA nos tecidos sutis de teu equipamento psíquico, e assume nova postura diante da vida, que te oferece diariamente inúmeras oportunidades de trabalho para o seu crescimento e desenvolvimento.

FIXAÇÃO MENTAL DE QUE O TRABALHO É ALGO RUIM. COMO SAIR DISSO? Desenvolver a noção e a consciência de que somos Espíritos imortais, porém imperfeitos e sempre

em evolução, vai facilitar o nosso entendimento de que o trabalho é uma ferramenta de progresso material, mental e espiritual.

SEGUNDO OBJETIVO – Refletir sobre as variadas formas de trabalho, em especial o trabalho-ação e o trabalho-serviço, e suas características.

Existem vários tipos de trabalho? Como encaramos o trabalho material? Ele é necessário para quê?

Como inserimos o trabalho espiritual dentro da nossa vida? Se Deus tivesse eximido o homem do trabalho físico, seus membros ficariam atrofiados; se o

tivesse eximido do trabalho da inteligência, seu espírito ficaria na infância, no estado de instinto animal. Eis por que Deus fez do trabalho uma necessidade para o homem, e lhe disse: Procura e acharás, trabalha e produzirás, dessa forma serás o filho das tuas obras, delas terás o mérito e serás recompensado segundo o que tiveres feito.

(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. XXV – item 3 – Editora CELD).

REFLETINDO

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Como adquire experiência o Espírito encarnado? Questão 131 do livro O CONSOLADOR – Emmanuel/Francisco C. Xavier R: A luta e o trabalho são tão imprescindíveis ao aperfeiçoamento do Espírito, como o pão material

é indispensável à manutenção do corpo físico. É trabalhando e lutando, sofrendo e aprendendo, que a alma adquire as experiências necessárias na sua marcha para a perfeição.

O trabalho-ação transforma o ambiente. O trabalho-serviço transforma o homem. As tarefas remuneradas conquistam o agradecimento de quem lhes recebe o concurso, mas permanecem adstritas ao mundo, nas linhas da troca vulgar. A prestação de concurso espontâneo, sem qualquer base de recompensa, desdobra a influência da Bondade Celestial que a todos nos ampara sem pagamento. À maneira que se nos alonga a ascensão, entendemos com mais clareza a necessidade de trabalhar por amor de servir.

PENSAMENTO E VIDA – Cap. 7.

Carta de Paulo aos Gálatas 6:4

“Mas prove cada um a própria obra e terá glória em si mesmo e não no outro.” Emmanuel, na lição 82 – Tua Obra – do livro PALAVRAS DE VIDA ETERNA, explica esse versículo

da carta de Paulo: “Ainda mesmo que te sintas em lugar impróprio às tuas aptidões e mesmo que as tuas atividades

pareçam sem qualquer importância, lembra-te de que a Lei do Senhor te coloca presentemente na condição em que podes produzir melhor e aprender com mais segurança. Tens, assim, a tua obra particular e intransferível na execução do plano universal de Deus. (...)”

O funcionário público Francisco Cândido Xavier, que ocupou o cargo de escrevente datilógrafo na Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo.

REFLETINDO Existem diversas formas de trabalho; trabalhos mais braçais, trabalhos intelectuais, artísticos, etc. As atividades podem ser remuneradas ou não, e desde que sejam úteis, podem ser consideradas TRABALHO. Mas há ainda o trabalho interior, que leva ao progresso espiritual e moral.

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O espírita Chico Xavier, com os livros psicografados por meio da mediunidade

Era uma mulher jovem, bela, rica, de nascimento ilustre de acordo

com o mundo, e ademais, um modelo consumado de todas as qualidades do coração e do espírito. Morreu com trinta e seis anos, em 1851. Era uma dessas pessoas cuja oração fúnebre se resume a estas palavras, em todas as bocas: “Por que Deus retira tão cedo tais pessoas da face da terra?” Bem-aventurados aqueles que fazem assim bendizer sua memória! (...) Sem soberba nem orgulho, tratava seus inferiores com uma benevolência que não tinha nada da baixa familiaridade, e sem afetar para com eles ares de altivez ou uma proteção humilhante. Compreendendo que as pessoas que vivem de seu trabalho não vivem de rendas, e que precisam do dinheiro que lhes é devido, seja para seu estado, seja para viver, nunca fez esperar um salário; o pensamento de que alguém pudesse sofrer por falta de pagamento de sua parte, teria sido um remorso de consciência para ela. (...) Assim, por ocasião de sua morte, só houve lamentos e nenhuma reclamação. (...) (O CÉU E O INFERNO – Segunda Parte – Cap. II – Espíritos Felizes – Condessa Paula – Editora CELD).

(...) Quem é aquela senhora distinta, de trajes simples, acompanhada de uma jovem também vestida modestamente? Entra numa casa de mísera aparência, onde, sem dúvida, é conhecida, pois à porta é saudada com respeito. Onde vai ela? Sobe até um quarto humilde. Lá vive uma mãe de família, rodeada pelos filhos pequenos. À sua chegada, a alegria brilha nos rostos enfraquecidos. É que ela vem acalmar todas as suas dores. Ela traz o necessário, acompanhado de doces e consoladoras palavras, que fazem aceitar a ajuda sem constrangimento, pois esses infortunados não são profissionais da mendicância. O pai está no hospital e, durante esse tempo, a mãe não pode suprir as necessidades. Graças a ela, essas pobres crianças não passarão frio, nem fome. Irão à escola suficientemente agasalhadas e o seio da mãe não secará para os menores. Se há um enfermo entre eles, nenhum cuidado material lhe faltará. De lá ela se encaminha ao hospital, para levar ao pai algum consolo e tranquilizá-lo quanto à família. Na esquina, um veículo a espera, verdadeiro depósito de tudo o que vai levar aos seus protegidos, por ela visitados constantemente. Não lhes pergunta pela crença nem pelas opiniões, pois, para ela, todos os homens são irmãos e filhos de Deus. Quando termina a sua visita, ela diz a si mesma: “Comecei bem o meu dia”. Qual é o seu nome? Onde mora? Ninguém o sabe. Para os infelizes, tem um nome que não revela a ninguém, mas é o anjo da consolação e, à noite, um cântico de bênçãos se eleva por ela ao Criador. Católicos, protestantes, judeus, todos a bendizem. (...)

(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. XIII – item 4 – Editora CELD).

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Questão 678 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS Nos mundos mais aperfeiçoados, encontra-se o homem submetido à mesma necessidade do

trabalho? R: A natureza do trabalho é relativa à natureza das necessidades; quanto menos materiais são as

necessidades, menos material é o trabalho; mas não creias, por isso, que o homem permaneça inativo e inútil: a ociosidade seria um suplício, em vez de ser um benefício.

Questão 679 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS O homem que possui bens suficientes para assegurar sua existência encontra-se isento da

lei do trabalho? R: Do trabalho material, talvez; não, porém, da obrigação de se tornar útil, conforme os seus meios

de aperfeiçoar sua inteligência ou a dos outros, o que também constitui um trabalho. Se o homem a quem Deus atribuiu bens suficientes, para assegurar sua existência, não está constrangido a se alimentar com o suor do seu rosto, a obrigação de ser útil aos seus semelhantes é tanto maior, para ele, quanto mais tempo livre possui para fazer o bem, em consequência da parte que lhe foi previamente concedida. RIQUEZA E MELHOR APROVEITAMENTO DA FORTUNA

Não podeis servir a Deus e a Mamon; guardai bem isto, vós a quem o amor do ouro domina, que venderíeis a alma para possuir tesouros, porque isso poderia vos colocar acima dos outros e dar-vos as alegrias das paixões. Não, não podeis servir a Deus e a Mamon! Se sentis vossa alma dominada pelas cobiças da carne, apressai-vos em sacudir o jugo que vos esmaga, pois Deus, justo e severo, vos dirá: O que fizeste ecônomo infiel, dos bens que te confiei? Empregaste este poderoso móvel das boas obras, apenas para a tua satisfação pessoal? Qual é o melhor emprego da fortuna, então? Procurai nestas palavras: “Amai-vos uns aos outros”, a solução desse problema. Está aí o segredo do bom uso das riquezas. Aquele que tem em si o amor ao próximo tem a sua linha de conduta inteiramente traçada, pois a aplicação que agrada a Deus é a da caridade. Não essa caridade fria e egoísta, que consiste em espalhar em volta de si o supérfluo de uma existência dourada, mas aquela que socorre sem humilhar. Rico, dá do teu supérfluo. Faze melhor: dá um pouco do que te é necessário, pois o teu necessário é ainda supérfluo, mas dá com sabedoria. Não repilas o pranto, com medo de seres enganado, mas vá à fonte do mal. Ajuda antes, informa-te em seguida, e verás se o trabalho, os conselhos, até a afeição não seriam mais eficazes do que a tua esmola. Difunde à tua volta, com a abastança, o amor do trabalho, o amor ao próximo, o amor de Deus. Põe a tua riqueza sobre uma base segura e ela te garantirá grandes lucros: as boas obras. A riqueza da inteligência deve servir-te como a do ouro: distribui à tua volta os tesouros da educação, distribui aos teus irmãos o fruto do teu amor e eles frutificarão.

(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. XVI – item 11 – Emprego da Fortuna – Cheverus – Bordeaux, 1861 – Editora CELD).

TERCEIRO OBJETIVO – Valorizar o trabalho à luz do Evangelho de Jesus como parâmetro de atuação firme e constante, a ser observado no nosso cotidiano.

Como encaramos o trabalho espiritual? Como inserimos o trabalho espiritual dentro da nossa vida? Já conseguimos exercer a caridade no agir para conosco e para com o próximo? Que beneficio tal proposta traz para nossa condição como espírito imortal?

A Benção do Trabalho Sob pretexto algum te permitas à hora vazia. Justificando cansaço ou desengano, irritabilidade ou

enfado, desespero íntimo ou falta de estímulo, evita cair no desânimo que abre claros na ação do bem, favorecendo a inutilidade e inspirando as ideias perniciosas. Se supões que todos se voltam contra os teus propósitos superiores, insiste na atividade, que falará com mais eficiência do que tuas palavras. Coagido pela estafa, muda de atitude mental e renova a tarefa, surpreendendo-te com motivação nova para o

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prosseguimento do ideal. Vitimado por injunções íntimas, perturbadoras, que se enraízam no teu passado espiritual, redobra esforços e atua confiante. O trabalho é, ao lado da oração, o mais eficiente antídoto contra o mal, porquanto conquista valores incalculáveis com que o espírito corrige as imperfeições e disciplina a vontade. (...)

(LEIS MORAIS DA VIDA, cap. 7, pag. 19 – Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco – Editora Leal). O TRABALHO COMO INSTRUMENTO TRANSFORMADOR DA PRÓPRIA VIDA NA PRÁTICA DA SOLIDARIEDADE

Corria o ano de 1928, Francisco Cândido Xavier estava na reunião do Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, quando algumas pessoas chegaram pedindo socorro para um mendigo cego que, sendo guiado por um companheiro embriagado, caíra de um viaduto, de uma altura de quatro metros.

O cego sem ninguém, pois o guia tinha sumido, vertia sangue pela boca. Chico atendeu imediatamente e, mesmo sendo muito pobre, alugou pequeno pardieiro, a fim de

abrigar o doente, que foi atendido, gratuitamente, por caridoso médico. Trabalhando no comércio, o médium ficava junto ao mendigo à noite, porém o enfermo precisava

ser assistido durante o dia. Chico Xavier providenciou a publicação de um apelo em pequeno jornal da cidade, de circulação semanal, rogando a presença de alguém que pudesse atender ao cego Cecílio, durante o dia. Poderia ser espírita, católico, ateu, não importava.

Decorridos seis dias e nada. Nenhum voluntário se apresentou. Entretanto, no final da semana, duas meretrizes, muito conhecidas na cidade, se apresentaram,

dizendo àquele jovem espírita: – Chico, lemos o pedido e aqui estamos. Se pudermos servirY – Ah! Como não? Entrem, irmãs! Jesus há de abençoar-lhes a caridade. Todas as noites, antes de sair, elas oravam com o Chico, perto do enfermo. Um mês depois o velhinho estava restabelecido e feliz. Reuniram-se, pela última vez, em prece de

agradecimento a Jesus. Quando Chico Xavier terminou a oração, os quatro choravam. – Chico – disse uma das mulheres – a prece modificou a nossa vida. Estamos a despedir-nos.

Mudamo-nos para Belo Horizonte, a fim de trabalhar. Uma foi servir numa tinturaria; a outra conquistou o título de enfermeira.

(LINDOS CASOS DE CHICO XAVIER, de Ramiro Gama – Editora Lake). A INDULGÊNCIA

(...) A indulgência nunca se ocupa com os maus atos alheios, a menos que seja para prestar um serviço, mas ainda assim com a cautela necessária para os atenuar o máximo possível. Não faz observações chocantes, não traz reprovações nos lábios, mas somente conselhos, normalmente velados. Quando criticais, que dedução deveis tirar de vossas palavras? A de que vós, que censurais, não praticastes o que reprovais, e que valeis mais do que o culpado? Ah, homens! Quando julgareis os vossos próprios corações, os vossos próprios pensamentos e atos sem vos preocupardes do que fazem os vossos irmãos? Quando abrireis os vossos olhos severos somente para vós mesmos? Sede, pois, severos convosco, indulgentes para com os outros. (...) Sede indulgentes, meus amigos, pois a indulgência atrai, acalma, corrige, enquanto o rigor desencoraja, afasta e irrita.

(Item 16 do Capítulo X de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – José, Espírito Protetor – Bordeaux, 1863 – Editora CELD).

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A Mansão do Caminho, construída numa área de 78,000 metros quadrados, está envolvida pelo verde profundo da mata nativa e pelo colorido festivo dos seus jardins.Divaldo Franco, juntamente com Nilson de Souza Pereira, Tio Nilson, fundou esta obra de amor e de fraternidade no dia 15 de agosto de 1952, na cidade do Salvador.O primeiro prédio da Mansão do Caminho, nome dado em homenagem à Casa do Caminho dos primeiros cristãos, situava-se na rua Barão de Cotegipe, n. 124, no bairro da Calçada, em Salvador. Todavia, foi somente no ano de 1955 que foi adquirido o terreno onde seria construída a Mansão do Caminho, localizada no bairro Pau da Lima, na cidade do Salvador. Começava a nascer, então, o que viria a ser uma dupla experiência: os lares-famílias, reprogramando o ambiente familiar com sábias orientações cristãs e espíritas, envolvidas pela ternura fraternal dos tios e das tias sempre sob a orientação de Divaldo Franco e de Tio Nilson.Assim, sob as luzes e as bênçãos da nobre Mentora Espiritual Joanna de Ângelis, esses lares floresceram contribuindo com o aprimoramento intelectual, moral e espiritual de milhares de crianças que receberam desta Colmeia de amor a oportunidade ímpar de uma existência digna e feliz.Desta forma, em mais de quarenta anos, cerca de 680 crianças e jovens residiram nesses lares substitutos, até a emancipação. Uma grande parte deles constituiu família, mantendo seus lares com edificação, trabalhando dignamente, cada qual na área escolhida.

(https://mansaodocaminho.com.br/mansao/a-mansao/)

Questão 919 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS Qual o meio prático e mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à

atração do mal? R: Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.

“(...) Todas as almas que não puderam libertar-se das influências terrestres devem renascer, nesse mundo, para nele trabalhar pelo seu melhoramento.” (DEPOIS DA MORTE – Léon Denis – cap. XLI – Reencarnação – Editora CELD)

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PARÁBOLA DO SEMEADOR

Nesse mesmo dia, tendo saído de casa, Jesus sentou-se à beira do mar. E vieram para Ele muitas pessoas, de tal sorte que subiu num barco, onde se sentou, enquanto o povo permaneceu na praia; e Ele lhes falou muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que saiu o semeador a semear e, enquanto semeava, uma parte da semente caiu ao longo do caminho, e vieram os pássaros do céu, e comeram-na. Outra semente caiu em lugar pedregoso, onde não havia muita terra, mas nasceu assim mesmo, embora a terra não tivesse profundidade. Mas tendo o sol se erguido, a queimou e, como não tinha raiz, ela secou. Outra igualmente caiu sobre os espinhos, e cresceram os espinhos, e estes a sufocaram. Uma outra caiu, finalmente, em boa terra, e dava frutos. Alguns grãos rendiam cem para um, outros a sessenta, outros a trinta. O que tenha ouvidos de ouvir, ouça.” (Mateus, XIII:1-9)

“Escutai a parábola daquele que semeia. Aquele que ouve a parábola do Reino e não a entende, o

espírito do mal vem e carrega o que foi semeado em seu coração; é aquele que recebeu a semente ao longo do caminho. Aquele que recebe a semente em meio às pedras é o que ouve a palavra, e hoje a recebe no momento com alegria; mas ele não tem em si raízes, antes é de pouca duração. E quando acontecem as tribulações e as perseguições por amor da palavra, logo se escandaliza. O que recebe a semente entre os espinhos é aquele que ouve a palavra mas, em seguida, as preocupações deste mundo e o engano das riquezas sufocam nele a palavra e a tornam infrutífera. Mas aquele que recebe a semente em terra boa é o que ouve a palavra e a entende, e dá fruto, às vezes cem, e outro sessenta, e outro trinta por um.” (Mateus, XIII:18-23) ANALISANDO A PARÁBOLA

A parábola da semente representa perfeitamente as diversas maneiras pelas quais podemos colocar em prática os ensinamentos do Evangelho. Quantas pessoas há, na verdade, para as quais ele é apenas uma letra morta, que, semelhante à semente caída nas pedras, não produz fruto algum! Ela encontra uma aplicação, não menos justa, nas diferentes categorias de espíritas. Não é o símbolo daqueles que se ligam apenas aos fenômenos materiais, deles não tirando nenhum proveito, pois os veem como um simples objeto de curiosidade? Daqueles que buscam apenas o brilho das comunicações espíritas, e interessando-se por elas apenas para satisfazer a sua imaginação, mas que, depois de vê-las realizadas, continuam tão frios e indiferentes como antes. Que acham muito bons os conselhos e os admiram, mas deixam a aplicação deles para os outros e não para si mesmos? Daqueles, enfim, para quem essas instruções são como as sementes caídas na boa terra e produzem frutos.

(Do livro O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – cap. XVII – itens 5 e 6 – Editora CELD).

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CONCLUSÃO

A prática do Bem é meio pelo qual nos purificamos, através do exercício que nos leva na direção do

Alto, obedecendo ao fluxo que nos aproxima do Pai. Há nas criaturas, em forma de centelhas divinas, em germe, tudo que há no Criador. Potências como o Amor, a Vontade, a Sensibilidade e a Inteligência nos impulsionam na direção de Deus. Quando nossas ações estão em conformidade com a Lei, que sabemos inscrita em nossas consciências, sentimo-nos ascender a vibração e, metaforicamente, acender o sol em nossos corações. Nossa destinação é ascender. Somos produto do amor divino, feitos para amar e é este o caminho que nos transforma de criaturas vacilantes em criaturas verdadeiramente felizes.

É como diz a sabedoria popular: “O amor é o único bem que aquele que mais dá é o que mais tem.”

Quanto mais nos dedicamos ao exercício de sair de nós mesmos em direção ao Outro, ao exercício de calar o orgulho em nome da fraternidade, mais nos aproximamos deste nosso destino, dessa essência divina. E, consequentemente, quanto mais nos aproximamos de nossa essência divina, mais nos convencemos naturalmente que a felicidade está nesta direção, na direção do trabalho, ou seja, da ocupação útil.

À medida que nos transformamos e ascendemos, irradiamos cada vez mais as potências que

existem em nós, irradiamos Amor e Sensibilidade, a partir do uso irrestrito da Inteligência e da Vontade, natural e irremediavelmente voltados para Deus. Este é o nosso destino e há muitas formas de alcançá-lo, mas são todas apresentações diferentes do mesmo meio, o TRABALHO. O ALVORECER DE UMA NOVA ERA

Vivemos nesses dias de dores e apreensões, medos e preocupações, o alvorecer de uma nova era cujos clarões começam a despontar no horizonte.

Embora o alvoroço em torno do vírus que assola a humanidade contaminando corpos, ceifando vidas e deixando de prontidão os demais, um clarim se faz ouvir por todos os quadrantes do planeta anunciando que um ciclo se finda e outro se inicia.

São tempos de transição planetária trazidos pelos ventos da renovação que varrem a poeira de um mundo cujo modo de organização social, política, econômica e religiosa já não se sustenta mais.

Um mundo que suplica por mudanças por meio das vozes que clamam por justiça e espírito humanitário, nas diferentes relações estabelecidas nos mais variados países de todos os continentes.

Vozes oprimidas e cansadas de almas sofridas que carecem de pão, trabalho, educação e uma melhor justiça social que diminua o abismo entre as classes, entre ricos e pobres.

Nessa nova era que surge em meio a um parto difícil e delicado, há “uma criança” que desponta para nos dizer nos seus primeiros vagidos que o mundo é bom, que precisamos nos compatibilizar com a sua beleza, equilíbrio e organização, por meio de uma conduta digna e em sintonia com toda a sua divina harmonia.

Consoante a simbologia do texto bíblico, é chegado o instante dos bodes se separarem das ovelhas (Mt. 25:31-46), o joio do trigo (Mt. 13:24-30) e os que ajuntam dos que espalham (Lc. 11:23), de cada um optar pelos caminhos que deseja palmilhar nas veredas do universo...

REFLETINDO

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Não estranhemos que tudo proceda com esse modus operandi. O Codificador assinalou com clareza em A GÊNESE, no seu capítulo dezoito, quais seriam os sinais dos tempos e pontuou de modo objetivo que essas mudanças se operam lentas e imperceptíveis ou bruscamente.

Assim, tudo quanto ocorre neste cenário que assusta e inquieta requisita de cada ser um retorno às bases do Evangelho. Um mergulho sensível e atento nos ensinamentos de luz do Divino Pastor, a fim de auscultarmos com atenção a essência dos seus ensinos e avaliarmos, com isenção, como alicerçamos e erigimos nossas crenças e nossa fé.

É preciso que nos perguntemos o que fizemos do Cristo dentro do cristianismo e, particularmente, nós espíritas, o que temos feito do Cristo restaurado à luz do consolador prometido.

O Espiritismo não é um adorno como um camafeu ou broche que conduzimos na lapela para ostentar seus princípios.

Não é uma espada guardada e pronta a ser retirada da bainha. Não é uma arma, mas um sinal que nos deve distinguir pelo espírito de serviço ao próximo. É antes uma ferramenta de trabalho que precisa ser empregada na construção de um mundo

novo a partir da reconstrução de nós mesmos. É uma chave que nos desperta e amplia a consciência adormecida. A hora é decisiva e não tarda o instante em que seremos individual e coletivamente chamados ao

testemunho, à entrega e ao sacrifício em prol dos nossos semelhantes. A “resistência” que não deseja a renovação tem seus muros e o seu exército de prontidão, calcado

em alicerces de areia que as vagas do mar haverão de levar, porque se assenta no poder transitório, na vaidade tola e fugaz, no brilho fátuo e sem consistência da intelectualidade vazia sem a utilidade prática a serviço dos que sofrem.

Tais espíritos, nossos irmãos, dignos de piedade, encontrarão refúgio em cenários e escolas compatíveis com o que necessitam despertar, sendo devidamente amparados.

Aproveitem, meus irmãos e minhas irmãs, esse período na carne e essa hora grave para socorrer. Solidarizem-se com o povo oprimido, com as classes operárias, com os mais humildes, acercando-

se dos seus ninhos de dor e provação, estendendo a eles mãos amigas. Levem pão, alento e toda a sorte de recursos que possam repartir. Fileiras de espíritos amigos, estafetas da luz, estarão convosco amparando-os, inspirando-os no

serviço fraternal. Tomem as medidas profiláticas recomendadas pelas autoridades competentes nas áreas da saúde

e da segurança, mas não posterguem o sublime ensejo de amor. Acendam no peito a luz dessa divisa deixada e exemplificada por Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” e estarão seguros agora e após o transpasse para o

lado de cá, pois terão obtido a tranquilidade consciencial daqueles que cumprem com fidelidade e dedicação os seus deveres.

Estamos a postos para socorrer, amparar, inspirar, dirigir e orientar os passos de cada um, de cada célula cristã-espírita nessa marcha sem precedentes rumo à Terra regenerada do amanhã.

Não temam! Não recuem! Não tergiversem! Marchemos, pois para isso volvemos, para encarar a procela terrena e nela nos amar e nos instruir,

conforme já assinalou o Espírito de Verdade. Um abraço fraternal. (Léon Denis – psicografia intuitiva de Cesar Braga Said, em 24/03/2020).

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O HOMEM NO MUNDO

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. XVII – item 10 – Um Espírito Protetor – Bordeaux, 1863 – Editora CELD).

(...) Não creiais, entretanto, que ao vos exortar incessantemente à prece e à evocação mental,

queiramos vos propor uma vida mística, que vos mantenha à parte das leis da sociedade na qual estais condenados a viver. Não. Vivei como os homens de vossa época, como devem viver os homens: sacrificai-vos às necessidades, às frivolidades de cada dia, mas sacrificai-vos com um sentimento de pureza que as possa santificar.

(...) A virtude não consiste em vestir-se com aspectos lúgubres e severos, em recusar os prazeres que a vossa condição humana permite. Basta referir todos os vossos atos ao Criador, que vos deu a vida. Basta, ao começar ou terminar uma tarefa, que eleveis o pensamento ao Criador, e Lhe pedir, num impulso da alma, a Sua proteção para executá-la ou a Sua bênção para a obra terminada. O que quer que façais voltai-vos à fonte suprema. Nada façais sem que a lembrança de Deus venha purificar e santificar os vossos atos. (...)

O TRABALHO

Não devemos deixar que a nossa existência transcorra através de uma luta acirrada, por vezes feroz, no terreno rigorosamente utilitário. Não convém sermos exclusivamente formigas. Precisamos ter alguma coisa de cigarras. Com ambos estes insetos temos que aprender. Com a formiga, a perseverança, a ordem, o método no trabalho, enfrentando e vencendo a escabrosidade do carreiro a percorrer.

Com a cigarra, o processo de amenizar a aspereza das provações e das vicissitudes inerentes às nossas condições atuais.

O trabalho não é castigo: é bênção. Deve, por isso mesmo, ser executado com prazer. E o meio de conseguirmos isso consiste em reduzir, o quanto possível, o cunho egoístico de que o mesmo se reveste em nosso meio.

O objeto do trabalho não está, como se imagina, unicamente no lucro, na compensação econômica que proporciona. Além desse aspecto, que corresponde ao utilitarismo, há um outro que nos não deve passar despercebido. Queremos referir-nos à sua finalidade essencial, ao seu motivo elevado, que é promover e acoroçoar(*) nossa evolução. Tal é, em realidade, a razão superior do trabalho.

E, por ser assim, ninguém perde o trabalho que executa. Se falha, acaso, o resultado pecuniário, aquele outro nunca falha. A compensação divina do esforço ou da obra realizada é moeda que jamais o obreiro deixa de receber.

Portanto, quem trabalha, enriquece sempre: se não a bolsa, o cérebro e o coração.

(Lição extraída do livro EM TORNO DO MESTRE, Pedro de Camargo (“Vinicius”).

(*) acoroçoar – fazer sentir ou sentir coragem, ânimo, vontade; encorajar(-se), animar(-se).

Para tanto, é imprescindível o conhecimento de si mesmo.

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PALAVRAS DA VIDA

(Maria Dolores por Chico Xavier, do livro CORAÇÃO E VIDA – Editora CEU)

Levanta-te, cada dia, Pensa em Deus, louva e agradece,

Mesmo num lance de prece A benção de trabalhar

E cumpre as obrigações Que a vida te deu às horas, Doando a paz onde moras,

Partindo do próprio lar.

Se resguardas na lembrança Alguma ofensa sofrida, Deixa ofensa esquecida Na luz eterna do bem;

Não busques descanso inútil, Trabalho é apoio preciso, Não afastes teu sorriso

Do coração de ninguém.

Exerce a beneficência Das palavras benfazejas,

Se não tens o que desejas, Contenta-se no que tens;

Às vezes, para quem sofre, Um momento de alegria No abraço de simpatia

É sempre o melhor dos bens.

Nunca esmoreça. Trabalho Aprimora o mundo todo, Muita flor nasce do lodo

Muito amparo vem da dor... Serve, ensina e reconforta Na fé viva que te alcança,

Entre as luzes da esperança Começa o reino do amor.

...Nunca censures. Trabalha, crê, auxilia e não temas...

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ANEXO Biografia de MARIA DOLORES

Maria de Carvalho Leite, conhecida como Maria Dolores (Espírito),

nasceu em 10 de setembro de 1901 na cidade de Bonfim de Feira, na Bahia, filha de Hermenegildo Leite e Balmina de Carvalho Leite. Também chamada de Madô e de Mariinha, formou-se professora em 1916, e lecionou em escolas de Salvador (BA), incluindo o Educandário dos Perdões e o Ginásio Carneiro Ribeiro. Além de comprometida com a Educação sempre demonstrou grande interesse pela produção literária.

Na década de 1940, conheceu o Espiritismo em Itabuna, quando já

estava casada com o italiano Carlos Larocca, em segundas núpcias. O casal não teve filhos biológicos e adotaram seis meninas como filhas do coração. Ainda em Itabuna, adotou por filha, em 1936, Nilza Yara Larocca. Em Salvador, adotou por filhas Maria Regina e Maria Rita (1954), Leny e Eliene (1956) e Lisbeth (1958).

Durante 13 anos, foi colaboradora assídua de jornais baianos, já adotando o pseudônimo que

utilizaria no mundo espiritual. Dedicando-se à Arte Poética, foi redatora-chefe da página feminina do Jornal O Imparcial, além de colaboradora neste e no Diário de Notícias. Sua produção poética foi reunida no livro Ciranda da Vida, cujos recursos financeiros foram destinados à instituição Lar das Meninas sem Lar.

Em 1947, mudou-se para Salvador com o esposo ajudando-o na administração do “Café Baiano” e

da tipografia “A Época”, ambos de propriedade de Carlos Larocca. Maria Dolores fez parte da Legião da Boa Vontade, a quem prestou serviços de beneficência, partilhando seus dons de pianista, pintora, costureira e dedicada à arte culinária. Dedicou-se, também, ao Lar das Meninas Sem Lar, em Salvador.

Maria Dolores também foi colaboradora da obra de Divaldo Pereira Franco: em 15 de agosto de

1952, foi fundada a Mansão do Caminho, sendo que algumas das primeiras louças e talheres foram por ela doadas, além de trabalhar voluntariamente na instituição - incluindo-se a confecção de cartões de Natal, pintados por suas mãos para serem vendidos em benefício daquela Casa. DESENCARNAÇÃO E MENSAGENS

Maria Dolores desencarnou à 1h40 da manhã em 27 de julho de 1958, vitimada por grave

pneumonia, que a levou à internação no Hospital Português, em Salvador (BA). Carlos (o esposo) estava na Itália quando Dolores adoeceu.

Anos depois, a poetisa começou a transmitir lindos poemas do mundo espiritual, através de

médiuns como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco. Antologia da Espiritualidade foi a sua contribuição para a FEB Editora. De 1971 a 2002, foram trinta e um anos em que Maria Dolores esteve associada ao mandato mediúnico de Chico Xavier: suas obras mediúnicas e individuais ultrapassam o número expressivo de 180 mil exemplares vendidos.

Emmanuel, ao prefaciar as obras, qualifica Maria Dolores como "denodada obreira do Bem Eterno",

"intérprete de Jesus", "alma abnegada de irmã", "irmã querida", "poetisa da vida", "Mensageira da Espiritualidade", "devotada Seareira do Bem", "irmã e companheira nas tarefas da Vida Maior", "nossa irmã e benfeitora", "Poetisa da Espiritualidade Superior".

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Conheça mais um dos poemas de Maria Dolores.

Do livro A VIDA CONTA – psicografia de Francisco Cândido Xavier – Editora CEU.

NUNCA ESMOREÇAS

Alma fraterna, recorda: Os momentos infelizes

Parecem noite de crises Em que o Céu lembra um vulcão;

Ribombam trovões no espaço,

Coriscos falam da morte, Passa irado o vento forte,

Tombando troncos no chão...

Os animais pequeninos Gritam pedindo socorro

Descendo de morro em morro, Cai a enxurrada a correr...

Mas, finda a borrasca enorme,

No escuro da madrugada, Em riscas de luz dourada, Vem o novo amanhecer.

Assim é também na vida,

Se atravessas grandes provas, Na estrada em que te renovas,

Guarda a calma ativa e sã;

Sofre, mas serve e caminha, Vence a sombra que te invade,

Se a hora é de tempestade, Há novo dia amanhã...

Fonte:

Site Federação Espírita Brasileira (FEB)/ https://www.uemmg.org.br/biografias/maria-dolores.

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Temas gerais sobre a Ciência e a Filosofia Espírita

Todos os temas que serão estudados no dia de hoje serão mais-bem

compreendidos com o tema de um dos Encontros, que é “A Ideia de Deus”.

À medida que a Ideia de Deus vai crescendo no ser humano, à medida que este

compreenda que o Espírito “veio de Deus e caminha para Deus”, consegue ver uma

razão maior para a sua vida, para o seu trabalho, para o seu aprimoramento,

entende todo o caminho feito pela alma humana, desde os tempos antigos até os

atuais, entende as glórias, as quedas, os motivos das quedas das civilizações…

Entende também, com a Ideia de Deus, a finalidade da mediunidade no ser

humano, os objetivos inseridos na tarefa de ser médium e de ser médium espírita.

Com a Ideia de Deus, entende, de maneira mais fácil, a Doutrina de Amor

trazida por Jesus, que veio trazer a humanidade para um outro patamar de

sentimentos.

Portanto, em cada um de vossos estudos de hoje, coloquem a Ideia de Deus

como “pano de fundo” de vossos estudos e sairão daqui com o coração mais

fortalecido para continuar nesta Jornada que se chama Evolução.

Que o Senhor da Vida a todos abençoe.

Paz,

Vitor

(Mensagem psicográfica recebida pelo médium Mário Coelho,em 01/2/2020, no CELD-RJ.)