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O CAPITAL SOCIAL E A QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS Nancy Julieta Inocente - [email protected] Docente do Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional e Pesquisadora Grupo de Pesquisa em Medicina Avançada da Universidade de São Paulo Erica Eugenio Lourenço Gontijo - [email protected] - Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional Janine Julieta Inocente [email protected] . Pesquisadora Grupo de Pesquisa em Medicina Avançada da Universidade de São Paulo RESUMO Capital social é a capacidade de interação dos indivíduos, sendo um bom parâmetro para medir a qualidade de vida em grupos, inclusive de idosos. Este estudo se propõe a avaliar o Capital Social e Qualidade de Vida em idosos atendidos no ambulatório do Centro Universitário UNIRG de Gurupi, Tocantins. Realizou-se uma pesquisa do tipo descritiva, o delineamento de levantamento de dados e com abordagem quantitativa usando com ferramenta questionário com 217 idosos aos quais foram aplicados os questionários de Identificação da Amostra, Questionário de Capital Social e o Questionário de Qualidade de Vida SF-36. A maior parte dos idosos pesquisados (65,90%) estavam inseridos na faixa etária entre 60 e 70 anos, 61,80% eram do sexo feminino, 95,10% pertenciam as classes sociais C e D, 31,30% eram analfabetos, 42,40% apresentavam hipertensão, 26,27% problemas na coluna e 23,04% diabetes. Quanto aos parâmetros utilizados para identificar o Capital Social dos idosos foi

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O CAPITAL SOCIAL E A QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS

Nancy Julieta Inocente - [email protected] Docente do Mestrado em Gestão e

Desenvolvimento Regional e Pesquisadora Grupo de Pesquisa em Medicina Avançada

da Universidade de São Paulo

Erica Eugenio Lourenço Gontijo - [email protected] - Mestre em Gestão e

Desenvolvimento Regional

Janine Julieta Inocente – [email protected]. Pesquisadora Grupo de

Pesquisa em Medicina Avançada da Universidade de São Paulo

RESUMO

Capital social é a capacidade de interação dos indivíduos, sendo um bom parâmetro para

medir a qualidade de vida em grupos, inclusive de idosos. Este estudo se propõe a

avaliar o Capital Social e Qualidade de Vida em idosos atendidos no ambulatório do

Centro Universitário UNIRG de Gurupi, Tocantins. Realizou-se uma pesquisa do tipo

descritiva, o delineamento de levantamento de dados e com abordagem quantitativa

usando com ferramenta questionário com 217 idosos aos quais foram aplicados os

questionários de Identificação da Amostra, Questionário de Capital Social e o

Questionário de Qualidade de Vida – SF-36. A maior parte dos idosos pesquisados

(65,90%) estavam inseridos na faixa etária entre 60 e 70 anos, 61,80% eram do sexo

feminino, 95,10% pertenciam as classes sociais C e D, 31,30% eram analfabetos,

42,40% apresentavam hipertensão, 26,27% problemas na coluna e 23,04% diabetes.

Quanto aos parâmetros utilizados para identificar o Capital Social dos idosos foi

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observado que 50,23% participam de algum grupo para a realização de atividades e

interação social, 86,20% acham que nunca é demais ter cuidado com as pessoas

(desconfiar), 58,50% responderam que é muito provável que se envolvam em problemas

da comunidade com o propósito de resolver ou ajudar a resolvê-lo, 92,60% afirmaram

que utilizam como fonte de informação mais importante a respeito do que o governo

esta fazendo a televisão, 79,72% dos idosos afirmaram ter votado nas últimas eleições e

45,16% afirmaram serem pessoas muito felizes. Quanto a qualidade de vida foi

observado que cinco domínios apresentaram uma pontuação média menor que 50,

comprovando assim a baixa média desse parâmetro. Buscou-se mensurar a qualidade de

vida e capital social e avaliar a existência de relação entre esses conceitos. Foi possível

verificar que, para a população em estudo, os níveis de qualidade de vida e capital social

são muito baixos e que não existem programas ou ações efetivas de caráter

governamental para a criação de redes sociais para aumentar o capital social local. Já a

relação entre qualidade de vida e capital social mostrou-se presente.

Palavras-chave: Capital Social. Qualidade de Vida. Idosos.

1 INTRODUÇÃO

O conceito de capital social vem cada dia mais conquistado grande

quantidade de admiradores, sendo atualmente recebido como novo tipo que veio

acrescentar aos demais capitais, como humano, financeiro, físico e natural influenciando

na geração de desenvolvimento econômico (Costa et al., 2008).

Nas últimas 4 décadas, o Brasil mudou o seu perfil de mortalidade deixando

o seu perfil de população jovem para quadro constituído por doenças problemáticas e

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onerosas, próprias das faixas etárias mais avançadas. Esse envelhecimento da população

tem como resultado, nos próximos anos, desafios cada vez maiores aos serviços de

saúde (Veras, 2003).

O rápido envelhecimento da população que vem sendo observado

recentemente em nosso meio tem requerido novas políticas e programas para os idosos,

fazendo-se necessário conhecer as características dessa população nas diferentes regiões

do Brasil (Benadetti, 2006).

1.1 Objetivo Geral

Relacionar o capital social e a qualidade de vida de idosos do ambulatório

do Centro Universitário UNIRG de Gurupi- TO.

1.2 Objetivos Específicos

Caracterizar o perfil sócio-demográfico dos idosos do ambulatório da Unirg.

Identificar o Capital Social dos idosos.

Identificar a Qualidade de Vida relacionada à saúde de idosos em seus aspectos

físicos, sociais e emocionais.

Fundamentado nessa realidade esse trabalho se propõe o capital social dos

idosos atendidos no Ambulatório do centro Universitário UNIRG em Gurupi,

Tocantins.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Capital Social

Capital social “(...) características de organização social, como confiança,

normas e sistemas que contribuem para aumentar a eficiência da sociedade, facilitando

as ações coordenadas” (PUTNAM, 1996, p.177).

Segundo Costa (2005), capital social é a capacidade de interagir com outros

indivíduos, seu potencial de interação com as pessoas que estão ao seu redor, como por

exemplo, com seus parentes, amigos, colegas de trabalho, mas também a capacidade de

interagir com os que estão mais distantes e que podem ser acessados remotamente.

Capital social significaria aqui a habilidade das pessoas produzirem suas próprias redes,

suas comunidades pessoais.

A confiança é a origem do capital social, sem ela, torna-se é impossível uma

sustentabilidade. A confiança é o resultado da assistência e eficiência coletiva, mas não

extermina a competição entre os indivíduos e grupos sociais (Amaral Filho, 2000). A

confiança é o principal elemento para a construção do capital social nas regiões

(Fukuyama , 1996).

O aproveitamento de relações horizontais, conforme Amaral Filho (2000,

p.9), se dá com a condição de que “(...) as primeiras criam redes de solidariedade e

desenvolvem relações generalizadas de reciprocidade, facilitando a cooperação

espontânea e criando antídotos contra o clientelismo e o oportunismo”. Quanto maiores

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essas associações horizontais, maiores serão as redes sociais (Granovetter, 1984),

requerendo a união entre as pessoas e instituições (Jara, 1999 p.7) Esse mesmo autor

ressalta a importância da construção de redes sociais: “As redes representam uma

estratégia de luta e cooperação dos grupos sociais que conformam a sociedade

fragmentada para transformá-la”. Segundo o autor “os relacionamentos de confiança,

reciprocidade e cooperação facilitam a construção de processos de mudança social e

desenvolvimento (...), enriquecendo o tecido social”.

Kliksberg (1999) focaliza os componentes do capital social como: as

pessoas, as famílias, os grupos, são capital social e cultura por essência. Para o autor,

constituem em atitudes de cooperação, valores, tradições, visões da realidade, que são

sua mesma identidade.

Deve-se vangloriar a presença da cultura como elemento responsável por

gerar o capital social. O capital social, sozinho, não promove o desenvolvimento

econômico. Porém, conforme Souza Filho (2000), ele é a essência para as regiões

enfrentarem Não é conveniente fazer exclusão dos idosos de grupos e relações sociais,

ao contrário disso, deve-se utilizar de mecanismos apropriados, visando sua

reintegração na sociedade, tomando cuidado para que indivíduos com menos idade

elimine toda forma de atitude preconceituosa para com os idosos (Souza, (1998).

A frequente participação em grupos de amigos que possuem a mesma idade

possui forte influência sobre a vida social da população idosa. Mas, a convivência com

pessoas mais jovens é de fundamental importância para a elaboração de novos conceitos

que eram inexistentes em seu tempo, ou que haja transformação nos conceitos presentes,

sem tornarem nostálgicos e melancólicos, fazendo um somatório que só irá valorizar a

vida, os trabalhos e as realizações da vida (Souza 1998).

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2.2 Qualidade de Vida

A Organização Mundial da Saúde define qualidade de vida como “a percepção

do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos

quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

Nesse conceito, incluem seis domínios principais: saúde física, estado psicológico,

níveis de independência, relacionamento social, características ambientais e padrão

espiritual (OMS, 1995).

O conceito qualidade de vida é mais uma edificação social com a marca

da relatividade cultural, pois é um termo de grande abrangência, consideram

conhecimentos, valores e experiências de pessoas e o coletivo a que eles se referem em

diferentes períodos, história e espaços (Minayo et al., 2011).

Avaliação da qualidade de vida do idoso tem levado às implementações de

diversas medidas de natureza biológica, psicológica e sócio-estrutural. Diversos fatores

são apontados como essenciais ou indicativos de bem estar na vida do idoso: controle

cognitivo, status social, rendimento financeiro, prazer longevidade, saúde mental,

competência social, saúde biológica, produtividade, atividade, continuidade de papéis

familiares e ocupacionais (principalmente rede de amigos) (Somchinda & Fernandes,

2003).

Qualidade possui modelo baseado muito além da cultura, mais que tecnologia;

artístico, mais que proveitoso; lúdico, mais que eficaz; conhecedor, mais que científico.

Diz respeito ao mundo tão tênue quanto vital da felicidade. Não se consegue a

felicidade sem o domínio do ter, mas é, sobretudo uma questão de ser (Rocha et al.,

2000).

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Ainda que o envelhecimento da população seja considerado como uma

vitória social muito importante do ultimo século, é observado que ele promove grandes

desafios para as políticas públicas. O principal é garantir o desenvolvimento social e

econômico de forma continuada, baseando em valores capazes de garantir um patamar

mínimo a subsistência da dignidade do ser humano (Camarano & Pasinato, 2004).

O Brasil apresenta vários avanços principalmente com a constituição de

1988, existem outras criações com marcos bastantes importantes como, por exemplo, a

criação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) que tinha como propósito

garantir os direitos sociais dos idosos, promovendo sua autonomia, participação na

sociedade e sua integração. Criação da Política Nacional do Idoso consolidou diferentes

conquistas como: Tanto a sociedade como a família e o estado devem assegurar os

direitos ao idoso quanto à vida, direitos de bem-estar, defender a dignidade do idoso,

garantia da participação na sociedade, direito da cidadania, direito ao alimento; à

cultura; à educação; ao lazer e esporte; ao trabalho e a profissionalização; à assistência

social e a previdência; ao transporte e habitação, entre outros (BRASIL, 1993; BRASIL,

1994; BRASIL, 2003).

Os direitos sociais dos idosos de forma mais específica foram garantidos

pelo Estatuto do Idoso, criado pela Lei nº 10.741, de 01 de outubro de 2003. Esse

estatuto obriga a sociedade a criar melhorias para promover a autonomia, integração e

participação real dos idosos na sociedade, e sugere mudanças necessárias de ações

políticas (BRASIL, 2003; Fernandes & Santos, 2010).

No contexto desse Estatuto, os principais direitos do idoso encontram-se no

artigo 3º (2003, p,1) o qual afirma:

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“É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder

público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do

direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao

esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao

respeito e à convivência familiar e comunitária”.

Na Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, a Portaria n.

399/GM, de 22 de fevereiro de 2006, sobre o pacto de saúde, e a Portaria Nº 2.528 de 19

de outubro de 2006, aprovou a atualização da Política Nacional do Idoso. São exemplos

de vitórias que continuam acontecendo.

Essa política está direcionada por cinco princípios:

1.É obrigação do estado, da família e da sociedade garantir a população

idosa direitos quanto a cidadania, promovendo sua integração na comunidade

defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida;

2. Esse processo referente ao envelhecimento envolve a sociedade em geral,

devendo ser objetivo de conhecimento e informação para todos;

3. O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;

4. O idoso deve ser o principal agente e o destinatário das mudanças a serem

concluídas através dessa política;

5. As divergências financeiras, sociais, regionais e, particularmente, as

contestação entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos

poderes públicos e pela sociedade em geral na aplicação dessa lei.

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A análise dos tópicos ora explanados fornece subsidio para concluir que a

lei esta condizente à atual concepção de Assistência Social como política de direito, o

que inclui não apenas a garantia de uma renda, mas também vínculos de relacionamento

e de posse que forneçam a proteção social, visando à participação, a emancipação, a

construção da cidadania e de um novo conceito social para a velhice e envelhecimento

(Fernandes & Santos, 2010).

3 MÉTODO

3.1 Tipo de Pesquisa

O presente estudo caracteriza-se como pesquisa do tipo descritiva, o

delineamento de levantamento de dados e com abordagem quantitativa usando com

ferramenta questionário.

3.2 População e Amostra

A população pesquisada foi constituída de idosos atendidos no ambulatório

do Centro Universitário UNIRG na cidade de Gurupi no estado do Tocantins,

totalizando uma população de 500 idosos.

Para calcular o grupo amostral do respectivo trabalho foram realizados os

seguintes procedimentos (Spiegel, 1999): verificação da população (500); variância S

(0,25); margem de segurança Z = 1,96; margem de erro = 0,05. Assim a amostra

mínima será: n 217.

A pesquisa foi realizada com 217 idosos, com idade superior a 60 anos, de

ambos os sexos, que procuraram um ambulatório da cidade de Gurupi estado do

Tocantins no período compreendido entre maio a agosto do ano de 2011.

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3.3 Instrumentos

Foram aplicados os questionários de Identificação da Amostra, Questionário de

Capital Social e o Questionário de Qualidade de Vida – SF-36.Os questionários foram

respondidos de forma oral, as respostas foram preenchidas pela própria pesquisadora.

Questionário do Banco Mundial: O questionário elaborado pelo Banco Mundial

no ano de 2003, dividido em cinco dimensões bem definidas, com um total de 27

questões. As dimensões são: Grupos e redes, Confiança e solidariedade, Ação coletiva e

cooperação, Coesão e inclusão social e Autoridade e ação política (Grootaert et

al.,2003).

Questionário de Qualidade de vida: O Questionário utilizado na avaliação

da Qualidade de Vida SF-36, constitui-se por 36 itens englobados em oito domínios:

capacidade funcional, dor, vitalidade, estado geral de saúde, saúde mental, aspectos

físicos, sociais e emocionais. Apresenta um escore final de 0 a 100; sendo o maior

escore relacionado a um melhor desempenho (Ciconelli et al.,1997).

3.3 4.5 Procedimento para coleta de dados

Este trabalho foi desenvolvido na cidade de Gurupi-To, no ambulatório da

cidade de Gurupi no estado do Tocantins. Foi encaminhado um ofício às instituições,

solicitando, aos administradores, permissão para a realização da pesquisa, por meio da

assinatura do Termo de Autorização da Instituição .

Foram incluídos no estudo os idosos que concordaram em responder aos

questionários e que assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido elaborado

de acordo com a resolução 196/96 e 251/97 do Conselho Nacional de Saúde, que

regulamenta os protocolos de pesquisa com seres humanos. O projeto foi submetido ao

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Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Taubaté e aprovado através do

protocolo CEP/UNITAU no 108/11.

4.6 Procedimento para análise de dados

Os dados obtidos foram tratados por meio de análise quantitativa. Os dados

obtidos foram tratados quantitativamente por meio de uma planilha Excel e do software

Minitab® V 15. Foi utilizado o programa Excel 2007 para a tabulação e para a análise

dos dados utilizou- se o programa Minitab®, utilizando estatística descritiva (média,

desvio padrão, valor mínimo e máximo). Para a análise da consistência interna foi

utilizado o índice de confiabilidade Alpha Cronbach. Foram aceitos como válidos na

consistência interna o índice Alpha Cronbach > 0,6. O Teste Qui-Quadrado verificou a

relação entre as variáveis e foi adotado um nível de significância de 5%.

4 RESULTADOS

4.1 Perfil Sociodemográfico

Os 217 idosos pesquisados apresentavam idade entre 60 e 95 anos sendo que a

faixa etária mais representativa foi a de 60 a 65 anos correspondendo a 42,40% do total

de idosos . Quanto ao estado civil 130 (59,9%) eram casados, 58 (26,7%) eram viúvos e

15 (6,90%) eram solteiros. Dos casados 58 estão juntos a mais de 36 anos. Quanto à

idade do cônjuge 55 (24,35%) estão entre 71 e 80 anos. 74 (34,10%) idosos afirmam

viver apenas com uma pessoa na casa. Em relação ao sexo dos idosos pesquisados,

61,8% eram do sexo feminino e 38,2% do sexo masculino (Gráfico 3).

4.2 Resultados do Capital Social dos idosos pesquisados

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Quanto à participação em grupos, foi observado que 50,23% (n= 109)

participam de algum grupo para a realização de atividades e interação social, sendo que

89,9% destes grupos são da mesma religião, 95,4% não são do mesmo grupo étnico e

91,7% não tem a mesma ocupação. 100,0% dos participantes dos grupos são de sexos

diferentes (Gráfico 1).

Gráfico 1: Quanto a participação em grupos sociais pelos idosos pesquisados em

Gurupi, Tocantins, 2012.

A maioria dos idosos, 99 (90,83%) afirmou que o grupo religioso é o mais

importante.

Quanto à interação com pessoas de outros bairros, 50,5% afirmaram interagir

ocasionalmente com estes.

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Quanto à confiança e solidariedade 86,2% acham que nunca é demais ter

cuidado com as pessoas, 37,3% dizem que concordam em partes que a maioria das

pessoas do bairro estão dispostas a ajudar caso precise, 33,6% discordam totalmente que

no seu bairro é preciso estar atento, pois alguém pode tirar vantagem.

Ainda em relação à confiança, aproximadamente a metade 34,6% dos

pesquisados dizem confiar muito pouco no governo central, e também 41,0% dizem

confiar muito pouco no governo local.

Quanto à ação coletiva e cooperação, 73,3% dizem que se um projeto da

comunidade que não lhe beneficia diretamente, mas beneficia muitas pessoas do seu

bairro, não contribuiria com o seu dinheiro para o projeto, enquanto que 57,1% afirmam

contribuir apenas com o seu tempo para o projeto; 78,8% dizem que nos últimos 12

meses ninguém do seu domicilio participou de alguma atividade comunitária.

Ainda em relação à ação coletiva e cooperação, foi questionado que: se

houvesse um problema de abastecimento de água na comunidade, qual a probabilidade

de que as pessoas cooperassem para resolver o problema? 58,5% (n= 127) responderam

muito provável, enquanto que apenas 13,8% ( n= 30) responderam improvável. 54,4%

disseram que as pessoas no se bairro nunca se reuniram nos últimos 12 meses para

entregar conjuntamente uma petição a membros do governo pedindo algo em benefício

da comunidade.

Em relação à coesão e inclusão social, 27,6% afirmaram haver poucas

diferenças significativas entre eles e os vizinhos e 83,4% dizem que quando existem

diferenças essas não causam problemas. E as duas diferenças que mais frequentemente

causam problemas é diferença de educação (9,7%) é a diferença de riquezas (9,2%)

(Gráfico 6).

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Quanto à reunião com outras pessoas 43,31% afirmaram que no último mês se

reuniu com outras pessoas para comer ou beber e os que se reuniram, afirmaram que

84,0% não eram da mesma origem étnica ou linguística ou raça, que 54,3% eram da

mesma situação econômica e 57,4% não eram do mesmo grupo religioso.

Aproximadamente, 79,72% dos idosos afirmaram ter votado nas últimas eleições

.Em relação à violência e o crime quando estão sozinhos, 68,1% afirmam estar muito

inseguros. Quanto à felicidade, 45,16% afirmaram serem pessoas muito felizes.

Em relação à autoridade e capacitação, aproximadamente 69,1% (n = 65) dos

pesquisados disseram que sentem que tem poder para tomar decisões que podem mudar

o curso da sua vida, enquanto que 35,1% responderam se sentirem totalmente incapaz

em tomar decisões que podem mudar o curso da sua vida.

4.3 Resultados da Qualidade de Vida

Na análise dos escores do SF-36 (Gráfico 25), observa-se que cinco domínios

apresentaram uma pontuação média menor que 50, que foram CF (Capacidade

Funcional) (46,72), LAF ( Limitação por Aspectos Físicos) (22,38), DOR (47,42), EGS

(Estado geral de Saúde) (49,11) e LAE (Limitação por aspectos Emocionais) (44,49).

46,72

22,38

47,42 49,11 53,52

67,76

44,49

63,46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

CF LAF DOR EGS VIT AS LAE SM

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Gráfico 2: Distribuição dos escores do questionário qualidade de vida SF-36

Quando a média dos escores do SF-36 foi avaliada em relação às categorias da

variável gênero, pode-se observar em relação aos escores menor que 50 que as mulheres

tenderam a ter uma percepção da qualidade de vida pior que os homens no escore DOR

e melhor nos demais (p>0,05).

Gráfico 3: média de escores do SF-36 em relação às categorias da variável gênero

A variável idade foi analisada através das categorias da faixa etária, e foi

observado que os pacientes mais jovens tinham, em média, uma melhor percepção de

saúde em relação aos pacientes mais idosos ) (p>0,05).

A variável classificação econômica foi analisada através das categorias da

CCEB, e foi observado que as classes sociais inferiores tinham, em média, uma pior

percepção de saúde em relação aos pacientes mais idosos (Tabela 4) (p>0,05).

As variáveis Doenças então expostas separadamente a seguir: Quando à

Hipertensão foi observado que os escores CF, LAF, VIT, LAE e SM, estavam abaixo de

50, indicando assim que sofreram interferência direta de tal moléstia (p>0,05).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

CF LAF DOR EGS VIT AS LAE SM Masculino Feminino

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Quando à Diabetes foi observado que apenas os escores AS e SM, estão acima

de 50, indicando assim que todos os demais sofreram interferência direta de tal moléstia

(p>0,05).

Quando à Hipercolesterolemia foi observado que apenas os escores AS e SM,

estão acima de 50, indicando assim que todos os demais sofreram interferência direta de

tal moléstia (p>0,05).

Quando à Osteoporose foi observado que os escores LAF, DOR e LAE, estão

abaixo de 50, indicando assim que sofreram interferência direta de tal moléstia

(p>0,05).

Quando à Artrite foi observado que apenas os escores AS e SM, estão acima de

50, indicando assim que todos os demais sofreram interferência direta de tal moléstia

(p>0,05).

Quando à Problemas de coluna foi observado que os escores LAF, DOR e

LAE, estão abaixo de 50, indicando assim que sofreram interferência direta de tal

moléstia (p>0,05).

5.4 ESTUDOS DE CONSISTÊNCIA INTERNA (Alpha Cronbach)

Das 27 escalas analisadas, 26 atingiram os escores necessários para validação

da consistência interna. No estudo das escalas gerais, apenas uma (felicidade) não

atingiu os índice de consistência interna satisfatório com Alpha Cronbach > 0,60

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5.5 correlações entre as diferentes variáveis pesquisadas

Das 14 correlações testadas pelo teste de qui-quadrado, foi observado haver

correlação em cinco casos. Dessas três positivas (Idade x problemas de saúde, Idade x

Quantidade de doenças e Felicidade x Saúde) e duas negativas (Idade x Classificação

Econômica e Felicidade x Dor).

Tabela 7: Correlações entre as diferentes variáveis pesquisadas

Variáveis Chi-Sq

Idade X Problemas de saúde 5,437

Idade X Classificação econômica 6,344

Idade X Quantidade de doenças 5,437

Idade X Quantidade de medicamentos 0,148

Idade X Participação em grupos sociais 1,675

Idade X Felicidade 0,010

Idade X Quantidade de amigos 1,139

Idade X Ação coletiva 0,058

Idade X Dificuldade de realizar tarefas diárias 2,340

Felicidade X Classificação econômica 0,373

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Felicidade X Saúde 18,451

Felicidade X Dor 5,540

Felicidade X Número de grupos sociais 1,477

Felicidade X Dificuldades 1,004

* Os variáveis em negrito apresentaram correlação significativa com (Qui-quadrado

≥3,84)

Quanto maior a idade, mais problemas de saúde foram encontrados, mais

quantidade de doenças foram detectadas e foi observado também quanto mais saúde

maior a felicidade dos pesquisados.

Foi observada relação inversa entre idade e classificação econômica, felicidade

e dor, sendo que quanto maior a idade, menor a classificação econômica e quanto mais

dor o idoso apresentava menos feliz ele era.

5 DISCUSSÃO

O processo de envelhecer é um método corriqueiro a quase a todos os seres

vivos que, no seu decorrer, tem como resultado mudanças de modo somático e psíquico

que estabelecem modificações da ligação do indivíduo com o meio que o cerca.

Confort, em 1979, refere-se ao processo de envelhecer como “a diminuição dos

mecanismos que a mantém em condição de sobrecarga funcional”.

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Esse processo de envelhecimento pode ser compreendido como um método de

diminuição da reserva funcional, sem comprometimento, na maioria dos mecanismos, a

função importante para exercer as atividades do cotidiano. A presença de um limite nas

funções de maneira evidente, mesmo em um idoso de 90 anos, deve ser compreendida,

portanto, como a resposta de um processo fisiopatológico, logo de uma doença, mais do

que uma resposta atribuída ao processo natural de envelhecimento (senescência ou

envelhecimento primário).

A amostra estudada apresenta similaridade com os idosos do restante Brasil

onde a maior parte esta inserida entre 60 e 65 anos, dado esse semelhante ao desse

inquérito que encontrou cerca de 42,40% nessa mesma faixa etária, cerca de 31,30% dos

pesquisados eram analfabetos enquanto no Brasil aproximadamente 32,20% dos idosos

não sabem ler (IBGE, 2010).

A maior parte dos entrevistados pertence à classe C 107 (49,3%), seguidos

da classe D 95 (45,8%%), dados semelhantes aos encontrados a nível nacional. O

método de classificação econômica dá ênfase à capacidade de comprar dos indivíduos,

deixando de lado pretensão de classificar os indivíduos em termos de classes sociais. A

repartição de mercado definida é apenas de classes econômicas (ABEP, 2003).

Os indivíduos classificados entre as classes C e D apresentaram somatória

de 8 a 22 pontos em uma escala que utiliza o sistema de pontos de acordo com a

característica do domicílio, quanto maior a quantidade de posse de itens domiciliar,

maior a somatória de pontos. Essa somatória varia de 0 a 4 de acordo com a quantidade

de itens na casa. E o grau de instrução do chefe de família, que varia de 0 a 8 pontos,

sendo que, quanto maior a instrução do chefe de família maior foi a sua pontuação.

Em relação ao sexo dos idosos pesquisados, 61,8% eram do sexo feminino para

38,2% do sexo masculino, dado esse concordante com os indicadores nacionais. No

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Brasil em 2009, havia 94,8 homens no país para cada 100 mulheres. É conhecido como

razão de sexo, que vem diminuindo devido à mortalidade masculina mais alta. Entre as

grandes capitais, a menor porcentagem de sexo encontrada estava em Recife (85

pessoas do sexo masculino para cada cem do sexo feminino) e a maior, em Curitiba

(94,6) (IBGE, 2010).

Conforme Costa (2005), capital social é a habilidade de interagir que as

pessoas possuem, é a capacidade de interagir com seus parentes, amigos, colegas de

trabalho, e também a habilidade de interagir com as pessoas que estão distantes. Capital

social manifesta-se aqui com a capacidade de os indivíduos produzirem suas próprias

redes, suas comunidades pessoais.

Em uma probabilidade social o modo como se envelhece pode causar a

solidão oriunda da carência de vínculos afetivos e o isolamento pela ausência de

contatos e de atividades sociais. Isto se sucede que em seu meio de convivência, não

conseguiram se estabelecer e/ou manter relações de troca e abstenção às suas

necessidades sociais e fraternais, refletindo na sua autonomia e intimidade protegida

através de uma rede social primária forte.

Neste inquérito foi observado que 50,23% afirmaram interagir com alguma

rede para a realização de atividades sociais, sendo que 89,9% destes grupos são da

mesma religião e grupo étnico e 91,7% não tem a mesma ocupação.

A aplicação de corporações horizontais, e não verticais, está presente,

conforme Amaral Filho (2000, p.9), ao fato de que “(...) as primeiras criam redes de

solidariedade e desenvolvem relações generalizadas de reciprocidade, facilitando a

cooperação espontânea e criando antídotos contra o clientelismo e o oportunismo”.

Existe um relação proporcional em relação as relações horizontais e as redes sociais,

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pois quanto maior é a relação horizontal, maior será as redes sociais (Granovetter,

1984), motivando a interação entre indivíduos e instituições (Jara, 1999 p.7) Esse

mesmo autor ressalta a importância da construção de redes sociais: “As redes

representam uma estratégia de luta e cooperação dos grupos sociais que conformam a

sociedade fragmentada para transformá-la”. Segundo esse mesmo autor “os

relacionamentos de confiança, reciprocidade e cooperação facilitam a construção de

processos de mudança social e desenvolvimento (...), enriquecendo o tecido social”.

O amparo e as redes sociais penetram alguns assuntos outrora analisadas,

principalmente em se tratando da importância de se ter integração social e ao acúmulo

de capital social. Na literatura brasileira, as redes são entendidas como elos, ligações,

conexões de interdependência que favorecem as trocas, as obrigações recíprocas e os

laços de dependência. Infelizmente, na literatura brasileira dispõe de poucas pesquisas

relacionadas a esse assunto, reconhecendo as reflexões da sua importância no

envolvimento comunitário, estímulo à cooperação, reforço à autoestima; à identidade e

vontade de viver, no fortalecimento da interdependência e cooperação entre as

associações e no desenvolvimento da cidadania e democracia (Martins, 2004; Valla,

2000).

A respeito da confiança 95% dos idosos pesquisados, afirmaram que é

importante tomar cuidado com as pessoas, 40% acham que a maioria das pessoas do

bairro está disposta a ajudar caso precise e 55% acham improvável que alguém do seu

bairro queira tirar vantagem delas. A confiança é a base do capital social, sem ela, torna-

se impossível uma sustentabilidade. Se por ventura ocorrer a quebra dos laços de

solidariedade, ocorrerá a desconfiança. Amaral Filho (2000), afirma que confiança

resulta da cooperação e eficiência coletiva, mas não extingue a competição entre os

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indivíduos e grupos sociais. Fukuyama (1996) defende que a confiança é base de

sustentação para que ocorra a construção do capital social nas regiões.

Em si tratando de ação coletiva e cooperação, 62,5% dizem não ajudariam

com tempo ou dinheiro a projeto que não lhe beneficie diretamente, mesmo que este

beneficie outras pessoas do setor e 70% afirmaram que nos últimos 12 meses ninguém

do seu domicilio participou de alguma atividade comunitária, dado esse demonstra que

a maior parte dos pesquisados não estão dispostos a serem inseridos em redes sociais.

Kliksberg (1999) focaliza os componentes do capital social como: as pessoas, as

famílias, os grupos, são capital social e cultura por essência. Para o autor, constituem

em atitudes de cooperação, valores, tradições, visões da realidade, que são sua mesma

identidade.

Segundo Souza (1999), não é conveniente fazer exclusão dos idosos de

grupos e relações sociais, ao contrário disso, deve-se utilizar de mecanismos

apropriados, visando sua reintegração na sociedade, tomando cuidado para que

indivíduos com menos idade elimine toda forma de atitude preconceituosa para com os

idosos.

Para muitos idosos rede social é sinônimo de família, sendo que seus

vínculos são constituídos essencialmente por familiares sendo que nessa fase

geralmente a quantidade de filhos, netos e demais pessoas se torna numerosa e o idoso

passa a ser o elo entre esse grupo de pessoas que frequentemente se encontram e

realizam atividades, festas e confraternizações juntas. Esse tipo de relação se torna o

universo do idoso que volta suas energias e passa a depender afetivamente dessa rede

social como forma de inclusão na sociedade.

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Os filhos são os principais constituintes das redes sociais dos idosos bem

como são seus maiores apoios, nesse trabalho 44,7% são ajudados diretamente por seus

filhos. Esse dado corrobora com a pesquisa de Mota (2010), afirmando que quando a

família precisa de ajuda em suas necessidades obteve-se que em 50% há atendimento

por parte dos filhos, estes também considerados os membros não residentes mais

próximos. Cabe observar que o filho é o primeiro citado em todas as faixas de renda

familiar.

Diversos fatores são apontados como essenciais ou indicativos de bem estar

na vida do idoso: controle cognitivo, status social, rendimento financeiro, prazer

longevidade, saúde mental, competência social, saúde biológica, produtividade,

atividade, continuidade de papéis familiares e ocupacionais (Somchinda & Fernandes,

2003). Este trabalho focou nas variáveis presentes no questionário SF-36.

Foi encontrada uma correlação direta entre saúde e felicidade pelo teste de

qui-quadrado (Chi-Sq = 18,451; P> 0,05), evidenciando assim que a presença de

doenças esta intimamente relacionada à perda da qualidade de vida.

A saude do idoso interfere diretamente na sua qualidade de vida. Na

população, em cada três indivíduos, um é portador de doença crônica e entre os idosos,

oito em cada dez possuem pelo menos uma doença crônica (Veras, 2009).

Quanto dor 38.2% afirmaram sentir dor moderada durante as últimas quatro

semanas, sintoma esse que pode interferir diretamente na qualidade de vida dos

pesquisados. Pesquisas ressaltam que a dor crônica tem causado um efeito prejudicial à

saúde física, bem como as atividades de vida diária, à saúde mental, ao trabalho e à

economia. A dor é um dos motivos de maior procura em todo o mundo pelos serviços

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de saúde. Essa questão relacionada a saúde pública vem sobrecarregando à maioria da

população brasileira (Smith, et al., 2001; Rossetto et al., 1999).

6 CONCLUSÃO

Neste trabalho foi possível identificou que a maior parte dos idosos

pesquisados estavam inseridos na faixa etária entre 60 e 70 anos, eram do sexo

feminino, pertenciam às classes sociais C e D, eram alfabetizados em sua maioria.

Quanto aos parâmetros utilizados para identificar o Capital Social dos

idosos foi observado que os dados mais frequentes apontaram que, participam de algum

grupo para a realização de atividades e interação social.Desta forma, pode-se inferir que

o processo de formação de capital social está sendo construído na comunidade e poderá

promover uma melhor condição social para o grupo.

O reconhecimento de que a população idosa esta cada vez maior é

imprescindível e a necessidade da melhoria do seu capital social tem levado essa

geração a repensar o modo como se relacionar com esse segmento. Algumas coisas já

têm sido feitas pelo poder público e por entidades particulares, públicas e filantrópicas:

atendimento médico especializado, atendimento psicológico/psiquiátrico, atividades

lúdicas e espaços de interação social direcionados a idosos, visando melhor qualidade

de vida.

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