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O caminho da enfermagem Aloysio Campos da Paz Júnior

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O caminho da enfermagem

A l o ys i o C a m p os da Pa z Jú n i o r

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1REDE SARAH

Nas linhas que se se-guem procuro definir laços entre passado e

presente que me parecem per-tinentes para enfatizar a tradi-ção que confirma a percepção pela sociedade da enfermagem como profissão essencial. Re-latarei também os obstáculos que devem ser superados para a consolidação dessa percep-ção. A lembrança de fatos essenciais que ocorreram ao longo do tempo permitirão a compreensão de uma jornada épica: o aparecimento da pro-fissão de enfermagem.

Seu nascimento na cha-mada “civilização ocidental” é caracterizado por fatos co-nhecidos, como também por muita falta de conhecimento. Hipócrates, nos seus famosos aforismas, marca o começo da história da medicina com al-gumas afirmações no mínimo curiosas, que ficaram em nos-sa história: “não julgue as fezes pela quantidade, mas sim pela sua qualidade” ou “uma mulher que pára de menstruar e fica enjoada, provavelmente estará grávida” ou ainda, e gostaria de colocar a citação em latim “Ad extremos morbos extrema reme-dia exquiste optima” (Grandes males exigem grandes remé-dios), uma declaração que no mínimo serve de base para os lucros absurdos da indústria farmacêutica de hoje...

O papel de quem pra-ticava a enfermagem, desde

A l o ys i o C a m p os da Pa z Jú n i o r

Regra de São Bento (em latim Regula Benedicti), escrita por Bento de Núrsia no século VI . Capítulo 36 “Dos enfermos - Antes de tudo e acima de tudo deve tratar-se dos enfermos de modo que se lhes sirva como verdadeiramente ao Cristo” .

Interior de vaso, 490-480 a.C.

Ilustração da capa:La France croisée. Romaine Brooks, 1914.

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aquela época até a Idade Mé-dia, foi eminentemente rela-cionado com o cuidado e a alimentação de pessoas duran-te epidemias ou conflitos. O papel da mulher era determi-nado pela posição do homem na sociedade, e praticamente só religiosas tinham algum en-volvimento com o cuidado do doente.

Tradicionalmente nós pensamos em enfermagem como uma extensão do papel social da mulher. Entretanto, o homem teve um papel signifi-cante na enfermagem dos feri-dos e doentes desde os tempos medievais, senão antes.

No Séc.VI, quando as primeiras ordens religiosas fo-ram fundadas, a igreja era a única instituição que prestava serviços médicos. Isso não era especificamente uma atividade de enfermagem, com o objeti-

Cavaleiros de Malta entrando em Jerusalém. O. Cennl.

vo de cura, que era na verdade secundária ao cuidado espiritu-al da alma do doente. Na época das Cruzadas ocorreu uma ex-pansão dos cuidados prestados pelos mosteiros. Funcionando sob os mesmos votos ao assu-mir ordens monásticas, Cava-leiros Hospitalários eram mon-ges guerreiros que protegiam e cuidavam dos peregrinos que se dirigiam a Jerusalém. Foram os Cavaleiros de São João que fundaram alguns dos primeiros hospitais na Europa ocidental. Seu nome vive até hoje na de-signação da Brigada de Ambu-lância São João, em países de língua inglesa, possui um con-ceito social altamente valoriza-do e é organizada a partir de uma estrutura hierarquizada com origem religiosa.

Na Idade Média a re-ligião permaneceu como a principal força motivadora

dos cuidados para pobres e doentes. Todo o ensinamen-to vinha da igreja, através dos mosteiros, tendo sido o co-nhecimento das doenças e tra-tamentos tal como eram vistos então, preservados pelos mon-ges, que trabalhavam freqüen-temente ao lado de freiras. O título “sister” ainda hoje usado na Grã-Bretanha para desig-nar uma enfermeira, é uma herança desse trabalho.

Os Cavaleiros Hospi-talários se tornaram famosos pelo cuidado que prestavam a leprosos e vítimas de doen-ças contagiosas, como a febre tifóide, varíola e a epidemia que se espalhou pela Europa e veio a ser conhecida como a Peste Negra. Os hospitais eram localizados fora das cidades e dependiam totalmente da ca-ridade dos habitantes que em torno dele viviam.

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A derrota dos árabes na Península Ibérica, marcada pela queda de Granada, deu à civilização cristã acesso a um conhecimento que até então tinha sido preservado por eles. Acesso esse que deu origem ao surgimento da Renascença.

As mulheres que re-presentavam naquele tempo aquilo que no futuro veio a ser conhecido como enfermagem eram pessoas que basicamente seguiam os exércitos em movi-mento, quase como escravas, com o dever de “limpar as fe-ridas” freqüentemente produ-zidas pelas extraordinárias mu-tilações dos “cirurgiões”, mais ainda do que projéteis e conse-qüências de traumatismos.

As Guerras Napoleôni-cas (1803 - 1815), uma série de conflitos declarados contra Cavaleiros Hospitalários, 1588.

Ilustração da Peste Negra (Bíblia de Toggenburg - 1411).

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o Império Francês, conseqüên-cia da Revolução Francesa e a ascensão em 9 de novembro de 1799 de Bonaparte ao po-der, envolveram várias nações da Europa (Áustria, Inglater-ra, Império Otomano, Esta-dos Papais, Portugal e Rússia) e terminaram com a derrota de Napoleão em Waterloo em 18 de Junho de 1815. Ocor-reu a introdução da “Triage” por Dominique Jean Larrey. O processo se caracterizava pela priorização de feridos baseada na severidade de sua condição.

Outros conflitos ocor-reram entre nações européias, tendo sido o principal a Guer-ra Franco Prussiana (1870), que levou sob a liderança de Otto von Bismarck (1815 -

1898) à derrota da França e a conseqüente unificação da Alemanha. A anexação de par-te da Alsacia, a indenização de milhões de francos após a ocupação de Paris em 1871 e o Tratado de Frankfurt em maio do mesmo ano permitiram a proclamação de Guilherme I como imperador (Kaiser) de uma Alemanha unificada. Ocorreu a unificação dos “cor-pos militares de cirurgia” que já existiam de forma embrio-nária e surgiu a idéia de servi-ços nacionais de saúde.

Em função desses grandes conflitos, que delinearam o atual mapa da Europa, e a organização de exércitos nacionais, os homens assumiram a posição

de militares combatentes. É principalmente a partir da ação de Florence Nightingale na Guerra da Criméia que a mulher passa assumir um papel preponderante.

Essa história do papel do homem na enfermagem se prolonga até a Primeira grande Guerra (1918) e continua na Segunda Guerra. Entretanto, somente em 1949, nos países de língua inglesa, o Estado re-conheceu o diploma dos enfer-

Treinamento de enferrmeiras religiosas no Hôtel Dieu, Paris 1588.

Memoirs of Military Surgery, and Campaigns of the French Armies. Baron Dominique Jean Larrey.

Florence Nightingale.

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meiros e os homens ganharam um status igual às mulheres. Hoje, estão atuando principal-mente nas organizações conhe-cidas como Paramédicos.

Foi durante a Guerra da Criméa, no final do século XIX, envolvendo o Império Russo contra uma aliança entre a França e os Impérios Britâni-cos e Otomanos, que ocorreu a grande transformação. Uma mulher da classe média alta da Grã Bretanha criou as circuns-tâncias que levaram ao reco-nhecimento da profissão. Em sua carta a William Bowman, Florence Nightingale relata de-talhadamente as dificuldades de afirmação da profissão de enfermagem durante aquela época: “Foi necessário que eu recebesse no exército a patente de general, porque 40 mulheres que comigo aqui vieram são mais difíceis de lidar do que 4.000

soldados. Esta é minha primeira impressão, mas as coisas poderão mudar se eu conseguir convencê-las da necessidade de disciplina semelhante a de uma tropa. Mas isso é apenas o começo das coi-sas...”

Conseqüentemente , treinamento específico era ne-cessário para que aquele grupo de mulheres fosse reconhecido de modo diferente. Em con-seqüência, foi criado um uni-forme que passou a identificar essas pioneiras à semelhança dos combatentes. Finalmente, a fim de obter espaço e reco-nhecimento, se tornou óbvio que “as regras do jogo” deviam ser reconhecidas por todos.

Essa mudança do papel da mulher no fronte de guer-ra criou aquilo que veio a ser uma nova batalha: a demarca-ção de território e o conflito entre Florence e sua equipe e

os homens que tinham previa-mente ocupado o espaço - os cirurgiões.

Felizmente alguns cirur-giões não eram inteiramente insensíveis, como por exem-plo, William Stewart Halsted (Setembro 23, 1852 - Setem-bro 7, 1922).

Em 1890, Halsted foi o primeiro a usar luvas esteri-lizadas de borracha, quando trabalhava na Johns Hopkins University. Com a publicação da “teoria do germe” por Louis Pasteur (1822-1895) Halsted passou a usar ácido carbólico (que tinha sido introduzido por Joseph Lister) para este-rilizar as mãos de sua instru-mentadora. O fato é que ela era sensível à substância quí-mica que afetava a pele de suas mãos. Halsted encomendou à Goodyear Tire and Rubber Company uma luva de borra-

Florence Nightingale recebendo os feridos em Scutari. c.1856. Jerry Barret.

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cha que antes da cirurgia pas-sou a ser mergulhada no ácido carbólico. Isso contribuiu defi-nitivamente para a diminuição das infeccões operatórias.

A teoria de doença pro-duzida por germe foi impor-tante contribuição para a saúde da população em todo o mun-do, ao dar nascimento à ciência da microbiologia. Talvez tenha sido ela a contribuição mais re-levante em relação a qualquer das disciplinas médicas de hoje. Foi a descoberta de Pas-teur que influenciou a prática da medicina moderna quando, definindo o termo “germe”, le-vou no futuro à invenção dos antibióticos.

Gradualmente, o binô-mio cirurgião-enfermeira foi estabelecido em cada país.

Os fundamentos da pro-fissão de enfermagem estão profundamente ligados à con-quista de um lugar da mulher na sociedade. Ironicamente, guerras criaram a base para isso. Pode-se dizer que desde o início do Iluminismo a mulher foi gradativamente associada a coragem e perseverança.

A guerra civil entre os estados do norte e do sul dos Estados Unidos da América (1861 - 1865) foi ao mesmo tempo a última guerra com técnicas “napoleônicas” e o primeiro conflito moderno: fo-tografia, observação de movi-mentos de tropas com auxílio de balões, além do transporte de soldados, armas e munições pelas primeiras ferrovias.

Por outro lado, o de-senvolvimento das armas de fogo mudou completamente o cenário e impôs um siste-

ma que, somente na batalha de Gettysburg, teve que cui-dar de 46.000 a 51.000 feri-dos em 3 dias. Nesse conflito, pela primeira vez, o cirurgião de guerra Jonathan Letteman (1824 - 1872) usou métodos modernos de organização de

serviços médicos num exér-cito. É extraordinário relatar que Karl Marx e Frederick Engels autores do Manifesto Comunista, foram à distância correspondentes, escrevendo para jornais ingleses sobre o conflito.

Enfermeiras religiosas e da Cruz Vermelha na guerra civil americana, 1881.

Enfermeira na guerra civil americana. Harper’s Weekly, 1862.

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Treinamento de enfermeiras, Blockley Training School for Nurses, Philadelphia, 1886.

Enfermeiras, 1890.

Treinamento de enfermagem - Bellevue Hospital, New York,

C. 1900.

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“A guerra que deveria terminar com todas as guer-ras”, a Primeira Guerra Mun-dial ou “a grande guerra” (28 de Julho de 1914 e 11 de Novembro de 1918), mudou o curso da história e criou os fundamentos, que no futuro iriam determinar a tragédia de Hiroshima.

Sem a divisão arbitrária entre Europa Central e Euro-pa Ocidental, e sem o esmaga-mento da Alemanha, Vladimir Lenin jamais teria desembar-cado na Estação Finlândia em São Petersburg (Leningrado) para a criação da União Sovié-tica e Adolf Hitler teria termi-nado pateticamente seus dias pintando aquarelas em um manicômio.

A expansão do Japão através do Pacífico, desenca-deando mais tarde o confli-

to entre o Império Japonês e os Estados Unidos em 7 de dezembro de 1941, com o ataque a Pearl Harbor, de-terminou a participação dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.

A “Grande Guerra” ins-titucionalizou a seleção de mulheres e o treinamento de equipes médicas e enferma-gem, consolidando a imagem da profissão e criando os fun-damentos dos futuros sistemas

Enfermeiras no centro cirúrgico, Surgical Theatre - Agnew Clinic. Thomas Eakins, 1889.

Enfermeiras no centro cirúrgico.

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de saúde, gerando a oportuni-dade do trabalho com dignida-de. Cirurgiões de guerra, trei-nados nos campos de batalha, não conseguiam mais exercer sua profissão sem o auxílio de enfermeiras qualificadas.

Agnes Hunt (enfermei-ra) e Robert Jones (cirurgião) são o melhor exemplo desse momento, com a implantação do hospital de Oswestry e a conseqüente consolidação do binômio médico/enfermeiro. Surgiu com eles o conceito da ação que procurava reduzir o sofrimento e a incapacidade e, mais ainda, criar oportunidade para a volta do doente ao con-vívio social - o início da reabi-litação.

Eventualmente isto tor-nou possível que uma vítima da poliomielite chegasse à po-sição de presidente dos Esta-dos Unidos: Franklin Delano Roosevelt (Nova Iorque, 30 de janeiro 1881- Warm Sprin-gs, 12 de abril de 1945). Ele fundou em Warm Springs em 1927 a primeira unidade de-dicada especificamente à re-abilitação e à erradicação da paralisia infantil. Quando a doença desapareceu nos anos 60, graças à vacina Salk, o Ins-tituto se expandiu para aten-der outras formas de incapa-cidades.

O envolvimento global na Segunda Guerra Mundial alavancou a importância das equipes médicas a um nível sem precedentes.

No Brasil, esse foi o momento que levou à grada-tiva substituição de freiras em hospitais de caridade por uma enfermagem qualificada que,

retornando da guerra, tornou -se paradigma da profissão. A enfermagem passou, conse-qüentemente, a ter no Brasil a mesma importância e o mes-mo respeito que no Hemisfério Norte.

Entretanto, hoje, me-lancolicamente o conceito de “terceirização” está levando à

destruição de tudo o que foi construído no passado.

Os anos 60,70 e 80 fo-ram marcados por um imen-so avanço tecnológico. Histo-ricamente isso foi conseqüên-cia da Guerra Fria e nada teve a ver com a medicina. A suposição de que o avanço do desenvolvimento tecnoló-

Robert Jones e Agnes Hunt.

Enfermeiras - Instructive Visiting Nursing Association IVNA, c.1902.

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gico criaria melhores serviços médicos resultou em erro amargo. Este é o paradoxo dos anos marcados pelo con-fronto entre Estados Unidos e União Soviética. Gradual-mente, nos anos 80 os servi-ços foram decaindo em fun-ção do conceito de mercado e do valor do dinheiro. O do-ente passou a ser um “consu-midor” à mercê dos planos de saúde. É paradoxal constatar que essa decadência começou na própria Grã Bretanha, em função da visão equivocada da Primeira-Ministra Marga-ret Thatcher. Hoje, lamenta-velmente, o Serviço Nacio-nal de Saúde é uma sombra daquele que treinou gerações até os anos 60.

À semelhança da pro-fissão médica, a profissão de enfermagem, passou a ser uma melancólica defensora do Complexo Industrial Farma-cêutico.

Os soldados que retor-naram da Segunda Guerra Mundial foram aceitos como heróis e merecedores de me-lhores serviços médicos. Hoje, um menino de rua atropelado não carrega medalhas e conse-qüentemente tem sua proteção ignorada pela sociedade. Este é o paradoxo com o qual a hu-manidade se confronta atual-mente.

É pertinente lembrar palavras de George Bernard Shaw:”Os serviços à comuni-dade, tal como são prestados hoje, se tornaram um flagrante absurdo. Qualquer Nação que fosse lúcida e observasse que o fornecimento de um pão de-pendesse de um maior interes-se pecuniário do padeiro, che-garia à conclusão que se deveria contemplar mais um médico que corta sua perna. Mas isso é precisamente aquilo o que aconteceu. Quanto maior a mutilação, maior o pagamento

para o mutilador. Quem corri-ge uma unha encravada recebe alguns reais, quem corta você por dentro recebe centenas de reais, a não ser que o faça trei-nando em uma pessoa pobre”. (prefácio de “The Doctor’s Di-lemma).

Freqüentemente é mais fácil uma mudança radical em um lugar onde o establishment ainda está no início de sua or-ganização do que onde ele é forte.

O SARAH foi possível dentro desse contexto a partir dos anos 60, com a criação de Brasília. Todos esses fatos con-duzem à seguinte conclusão: não há saída para a profissão de enfermagem, a não ser que se desencadeie uma profunda mudança na seleção de pes-soas e se criem programas de treinamento que contemplem os avanços tecnológicos, com-patíveis com a tradição do pas-sado: “a atitude de cuidar”. Do

Night duty. Franklin Boggs, 1944.

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mesmo modo que o médico está se tornando um tecnocra-ta, a enfermagem pode seguir o mesmo caminho.

É fundamental, como no passado, a formação de uma elite intelectualmente prepara-da para se confrontar com a ditadura médica e os interesses superiores que se originam nas indústrias farmacêuticas e de equipamentos.

O paradigma “Florence Nightingale” tem de ser subs-tituído na busca de pessoas com formação científica que compreendam as etapas do processo de descoberta de cada equipamento e medicamento usado. É fácil entender a pro-pagação do som e, conseqüen-temente, a base científica de um estetoscópio. Como fazer o mesmo em face a equipamen-tos sofisticados (tomografias

computadorizadas e ressonân-cias magnéticas)? Tem de ser feito! Mas isso implica na for-mação de alguém que deve ser tão informado quanto o pró-prio médico. Alguém que está mais próximo de um cientista que mantém sua humanidade do que de um “cirurgião práti-co”, mantendo ao mesmo tem-po a tradição do cuidar, pela qual a profissão enfermagem foi sempre reconhecida.

A enfermagem deve mu-dar de mera executiva de um processo exotérico cronológi-co - administrar remédios em horários determinados -- para uma profissão que compre-enda a epistemologia de cada descoberta e os vários métodos usados. Uma utopia?

Quem não tem uma utopia, jamais chega a uma re-alidade.

Quando Thomas Alva Edison, inventor e cientista que influenciou profundamente a vida de hoje (além da fotografia, inventou a câmera cinematográfica e a lâmpada elétrica) foi abordado por um jornalista que depois de entrevistá-lo exclamou “- Sr. Edison, o senhor é um gênio!”, ele respondeu de pronto: “- E o senhor é um idiota. Aquilo que o senhor define como gênio é simplesmente trabalho, trabalho e mais trabalho”.

É esse o desafio que te-mos diante de nós. n

Início da enfermagem na SARINHA, anos 1970.

Aloysio Campos da Paz Júnior

Colaboraram : Naiana Francielle Araujo Alves

(Pool de transcrição), Luciana Balduino Sollaci

(Biblitecária chefe) - Revisão e ilustrações,

Albert André Ambelakiotis - Diagramação.

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Vários fatos históricos e nomes de personagens foram citados no texto. Abaixo encontra-se uma lista de “links” onde você poderá encontrar facilmente informações sobre as citações.

Cavaleiros Hospitalários. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_Soberana_e_Militar_de_MaltaSt. John Ambulance. http://www.sja.org.uk/sja/default.aspxGuerra de Granada. http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_GranadaGuerras Napoleônicas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_Napole%C3%B3nicasO Império ataca. http://veja.abril.com.br/historia/descobrimento/expansao-imperio-otomano-impressao.shtmlDominique Jean Larrey. http://en.wikipedia.org/wiki/Dominique_Jean_LarreyHaas LF. Dominique Jean Larrey (1766-1842). J Neurol Neurosurg Psychiatry 1994;57:133 Disponível em: http://

jnnp.bmj.com/content/57/2/133.full.pdfGuerra Franco-Prussiana. http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_franco-prussianaMilitar e político alemão: Otto von Bismarck. http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u176.jhtmOtto von Bismarck. http://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_von_BismarckTratado de Frankfurt. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Frankfurt“Treaty of Frankfurt.” Encyclopædia Britannica. 2010. Encyclopædia Britannica Online. 20 May. 2010 <http://www.

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Agnes_HuntSir Robert Bart Jones. http://wbo.llgc.org.uk/en/s-JONE-ROB-1857.htmlFranklin Delano Roosevelt. http://pt.wikipedia.org/wiki/Franklin_Delano_RooseveltRoosevelt Warm Springs. http://www.rooseveltrehab.org/history.phpJonas Salk. http://en.wikipedia.org/wiki/Jonas_SalkMargareth Thatcher. http://pt.wikipedia.org/wiki/Margaret_ThatcherNational Health Service. http://pt.wikipedia.org/wiki/National_Health_ServiceGeorge Bernard Shaw. http://en.wikipedia.org/wiki/George_Bernard_ShawThomas Edison. http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Edison