o caboclo sertanejo · razão da minha alegria dão-me força e esperança ... um sonho, a vida...

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O Caboclo Sertanejo De volta às suas raízes Mauro Rezende O Caboclo Sertanejo De volta às suas raízes Romance Regionalista 1ª Edição 2013

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O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

Mauro Rezende

O Caboclo Sertanejo

De volta às suas raízes

Romance Regionalista

1ª Edição 2013

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

Copyright By Mauro Rezende

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo

fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão, por escrito, do autor.

Printed in Brazil/Impresso no Brasil

Edição

Editora Perse e Comercialização www.perse.com.br

1ª Edição/2013

Digitalização e Editoração

Instituto Ler www.institutoler.com

Capa

Fernando Mendes Barros Artista Plástico

Preparação dos Originais

Roberto Cerqueira Dauto [email protected]

______________________________________________

Dados do autor

REZENDE, Mauro. O Caboclo Sertanejo – De voltas às suas raízes. São Paulo. Editora Perse, 2013. Romance Regionalista. 1ª Edição Índice para catálogo sistemático: Romance. I. Título Literatura Brasileira.

Portal de Vendas

www.maurorezende.webs.com

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

Era muito comum se vê nas praças, nas grandes cidades, um caboclo sentado com seu traje típico e seu chapéu

de couro com abas pequenas.

Um autêntico sertanejo ali sentado olhando o movimento das pessoas. A maneira de um povo que vive

na correria do dia a dia das grandes metrópoles.

O homem quase que meio perdido ficava no seu canto calado e pensando na vida, às vezes, meio desapontado

com esse estilo de viver.

Quase sem falar nada ele só pensa em adaptar-se a esse mundo doido para viver e construir seu lugar ao sol,

como todos que ali vivem, isto é, na corrida do ouro das cidades grandes e agitadas...

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

Todos os versos e poesias são da criação do próprio autor. Sendo amante da poesia de cordel, poesia

tradicional dos nordestinos sempre faz rimas e trovas, usando uma linguagem simples e brejeira dos

sertanejos.

Poesia muito popular, o cordel é a poesia comercializada em feiras livres das cidades do interior nordestino.

Trata-se de uma literatura muito admirada por todos e cantada em versos e prosas.

A poesia nasce de um fato ocorrido que o poeta o

transforma em versos e cantoria. Assim é o cordel, que os cantadores divulgam os fatos

ocorridos em forma de canção.

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

Com essa leitura podemos ter uma ideia de como são distintas as regiões do Brasil no que diz respeito ao

sotaque e os costumes de cada povo que nelas vivem. Viajando através da leitura nós podemos chegar aos

lugares mais distantes e conhecer um pouco da cultura de qualquer lugar.

Lendo essas linhas descobriremos outro universo da

história e do nosso país, com a diversidade dos povos e dos costumes próprios de cada lugar do Brasil.

História de caboclo, causos e folclore que a nossa

imaginação pode criar um cenário particular com a criatividade de cada pessoa. A história relata o fato, a

mente cria o cenário particular de acordo com as condições do pensamento de cada pessoa e sua maneira

de viajar na narrativa.

Por isso, é sempre muito bom ler um bom livro e, aliás, é um dos melhores presentes que se pode

oferecer a alguém.

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

O que já passou

Na minha modéstia Vivencia no dia a dia

De minha rotina trabalho Dou duro na vida

P’ra coisa se equilibrar.

No meu lar a família, A mulher e minhas crianças

Razão da minha alegria Dão-me força e esperança

Não sou doutor, nem cursei

Faculdade Fui sempre um moço

Tão pobre, mas vivi em Liberdade.

Tive dias de aventuras

Cai na adversidade Da vida de boemia

Curto agora essa saudade

Dos amores que eu tive As emoções que eu vivi

Minha vida foi como Um sonho, a vida

Boemia que eu fiz.

O autor

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

PREFÁCIO

Outras vidas secas

Vidas Secas é um romance do escritor

Graciliano Ramos, escrito entre 1937 e 1938,

publicado originalmente em 1938. O livro

aborda sobre uma família de retirantes

do sertão brasileiro, sendo a sua vida subumana

condicionada diante de problemas sociais como

a seca, a pobreza, e a fome, e,

consecutivamente, no caleidoscópio de

sentimentos e emoções que essa sua condição

lhe obriga a viver, ao procurar meios de

sobrevivência, criando, assim, uma ligação

ainda muito forte com a situação social do Brasil

de hoje.

A obra de Graciliano pode ser considerada

um marco para a literatura brasileira, em

especial o Modernismo Brasileiro, visto que há a

implícita (e, em alguns casos, até explícita)

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

crítica social a toda pobreza

no sertão nordestino, que atinge uma boa

parcela da população, e que, de fato, acaba por

prejudicar todo o país, impedindo maiores

desenvolvimentos. Há a tentativa, portanto, de

se mostrar a desarticulação dessa região com o

resto do país (um Brasil pobre dentro de todo o

Brasil).

O próprio título da obra, se analisarmos

corretamente, nos dará pistas importantes da

mensagem que Graciliano quis passar: "Vidas"

se opõem a "Secas", pois a primeira tem sentido

de abundância, enquanto, a segunda, de vazio,

de falta, configurando um paradoxo (ou

"oxímoro", oposição de ideias resultando em

uma construção de sentido ilógico). Além disso,

denotativamente, o adjetivo "secas" se refere a

"vidas", e, dessa forma, teria o sentido de que a

família sofre com a seca. Por outro lado,

conotativamente, pode-se relacionar aquele

adjetivo a uma vida privada, miserável.

O autor em questão é um verdadeiro

representante da cultura do sertão, assim, como

o autor de O Caboclo Sertanejo – de voltas às

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

suas origens, Mauro Rezende. Inclusive, ambos,

são nascidos no estado de Alagoas.

Estado que é uma das 27 unidades

federativas do Brasil e está situado a leste

da região Nordeste. Penúltimo Estado brasileiro

em área (mais extenso apenas que Sergipe)

e 16º em população, é um dos maiores

produtores de cana-de-açúcar e coco-da-

baía do país e tem na agropecuária à base de

sua economia. Terra do sururu, marisco

das lagoas que serve de alimento à população

do litoral, e da água de coco. Alagoas possui

também um dos folclores mais ricos do país.

Fatos que fazem parte do romance “O Caboclo

Sertanejo – de voltas às suas origens”. Assim,

como o tempo de menino do autor talvez o

ajudasse – creio eu – na construção desta

narrativa que envolve o sentimento, a beleza e a

leveza do sertanejo e suas mazelas, suas

conquistas, suas lutas e suas vitórias na cidade

grande.

No entanto, um escreveu Vidas Secas, o

outro, transcreveu outras vidas secas. Porém, a

temática e o estilo regionalista de ambos

conquista e emociona o leitor no instante que

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

começamos a desvendar as peripécias dos

personagens no interior das obras.

Mauro Rezende, por sua vez, através de

um estilo regionalista, próprio e peculiar, nos

convida para mergulharmos fundos no mundo

do caboclo, do sertanejo, do matuto; na difícil

vida do sertanejo na cidade grande; na solidão

do nordestino e suas riquezas culturais,

folclóricas e tradições regionais; faz a denúncia

das matanças e desrespeito da vida humana do

cabra da peste, do cabra do nordeste, do

trabalhar, do cidadão do mundo; enfatiza e

evidência o papel do povo nordestino na

construção de uma nação; transforma a falta de

oportunidades em grandes feitos a partir do

desejo de mudança, de renovação, de

conquista, de vontade embutidos no coração e

na razão de um povo lutador e guardião de seus

ideais; constrói o desejo de justiça; educa o

leitor a respeito do voto consciente e

transformador de vidas, de oportunidades, de

honestidade e progresso; fala, abertamente,

sobre o questão do preconceito, do bullying, da

falta de amor que tantos irmãos do norte e

nordeste do nosso lindo país sofrem nas

cidades grandes como São Paulo, por exemplo;

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

emocionada quando transforma em cenário a

triste realidade do sertanejo e seus sonhos...

Porém, nos ensina a repensar sobre nossas

atitudes, desejos, preconceitos, anseios

políticos, sociais, filosóficos, culturais e

religiosos.

Assim, sendo, o escritor em questão, com

sabedoria e simplicidade se assemelha, em

partes, ao grande mestre dos mestres Graciliano

Ramos quando, também, retrata a triste e

comovente lida de um povo, de uma cultura, de

uma nação, ou seja, quando tenta transmitir ao

leitor a história de outras vidas secas.

Porém, entendo ainda que o livro de

Mauro Rezende vai além dos muros de uma

simples história regional que procura, a meu

ver, traçar uma identidade própria ao sertanejo,

ou ao matuto, ou ao caboclo. Explico-me:

Gilberto Freyre, sociólogo brasileiro, em seu

livro “Casa Grande Senzala” traça, através de

uma grande pesquisa, uma identidade ao povo

brasileiro. Isto é, através dele, Freyre destaca a

importância da casa grande na formação

sociocultural brasileira bem como a da senzala

que complementaria a primeira. Além disso,

Casa Grande e Senzala dá muita ênfase à

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

questão da formação da sociedade brasileira,

tendo em vista a miscigenação que ocorreu

principalmente entre: branco, os negros e os

indígenas.

Na opinião de Freyre, a própria

estrutura arquitetônica da Casa-Grande

expressaria o modo de organização social e

política que se instaurou no Brasil, qual seja o

do patriarcalismo. Isto posto que tal estrutura

fosse capaz de incorporar os vários elementos

que comporiam a propriedade fundiária do

Brasil colônia. Do mesmo modo, o patriarca da

terra era tido como o dono de tudo que nela se

encontrasse como escravos, parentes, filhos,

esposa etc. Este domínio se estabelece de

maneira a incorporar tais elementos e não de

excluí-los. Tal padrão se expressa na Casa-

Grande que é capaz de abrigar desde escravos

até os filhos do patriarca e suas

respectivas famílias.

Neste livro o autor tenta também

desmistificar a noção de determinação racial na

formação de um povo quando dá maior

importância àqueles culturais e ambientais.

Com isso refuta a ideia de que no Brasil teria

uma raça inferior dada a miscigenação que aqui

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

se estabeleceu. Antes, aponta para os

elementos positivos que perpassam a formação

cultural brasileira composta por tal

miscigenação (notadamente entre portugueses,

índios e negros).

Por outro lado, o autor Mauro Rezende

em O Caboclo Sertanejo – de voltas às suas

origens procura fazer uma teoria a respeito da

formação de um povo sofredor e lutador.

Falando, ainda, sobre o conhecimento

acadêmico, do letramento, do aprendizado em

si e a conscientização social do ser perante a

sua formação a serviço de uma nação. Fato que

nos faz cantar a canção intitulada ABC do

Sertão, escrita e cantada por Luiz Gonzaga, o

Rei do Baião:

Lá no meu sertão pros caboclo lê

Têm que aprender um outro ABC

O jota é ji, o éle é lê

O ésse é si, mas o érre

Tem nome de rê

O jota é ji, o éle é lê

O ésse é si, mas o érre

Tem nome de rê

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

Até o ypsilon lá é pissilone

O eme é mê, O ene é nê

O efe é fê, o gê chama-se guê

Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"

A, bê, cê, dê,

Fê, guê, lê, mê,

Nê, pê, quê, rê,

Tê, vê e zê

Lá no meu sertão pros caboclo lê

Têm que aprender outro ABC

O jota é ji, o éle é lê

O ésse é si, mas o érre

Tem nome de rê

O jota é ji, o éle é lê

O ésse é si, mas o érre

Tem nome de rê

Até o ypsilon lá é pissilone

O eme é mê, O ene é nê

O efe é fê, o gê chama-se guê

Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"

A, bê, cê, dê,

Fê, guê, lê, mê,

Nê, pê, quê, rê,

Tê, vê e zê

A, bê, cê, dê,

Fê, guê, lê, mê,

O Caboclo Sertanejo – De volta às suas raízes

Nê, pê, quê, rê,

Tê, vê e zê

Atenção que eu vou ensinar o ABC

A, bê, cê, dê, e

Fê, guê, agâ, i, ji,

ka, lê, mê, nê, o,

pê, quê, rê, ci

Tê, u, vê, xis, pissilone e Zé

Contudo e sem demora, convido a todos os

leitores e leitoras a beberem o vinho na fonte de

uma literatura que encanta, emociona e

transforma. Multiplicando assim, o sentido da

vida: o amor fraterno da transformação de

outras vidas secas.

Boa leitura a todos!

Roberto Cerqueira Dauto

Poeta, escritor, psicopedagogo, publicitário e professor

www.robertocdauto.webs.com