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Recanto das Letras
Central de Produção Capítulo 035
O BEM OU O MAL?
Novela de
MATHEUS RICCAZ
Colaboração de
OTÁVIO SARTI
Personagens deste capítulo
ALBERTO
ASSISTENTE
DELEGADO
ERNESTO
FERNANDO
GABRIELE
AGENOR
HERBERT
LUCAS
LUÍSA
MAÍRA
MANUELA
MARIA CAMILLA
MARIA CLARA
MARIANA
PEDRO
MARÍLIA
MARISA
RICARDO HENRIQUE
Participação especial
BALCONISTA, OFICIAL DE JUSTIÇA, ADVOGADO
30/09/2014
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 2
CENA 1/MANSÃO VILLANUEVA/ SALA/ INTERIOR/ NOITE.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Mariana e
Fernando. Fernando ainda chocado com a revelação que Mariana acabara
de fazer.
FERNANDO — Então foi a Maíra quem matou a nossa mãe?
MARIANA — Foi ela sim. Quando eu a vi no dia que foi feita a
leitura do testamento eu senti que a reconhecia de
algum lugar, mas não sabia de onde. Hoje no jan-
tar eu tive a certeza de que ela era a mulher que
eu vi matando a nossa mãe. Ela voltou pra acabar
com a gente Fernando.
FERNANDO — A Maíra era amante do nosso pai. Eu lembro que
eles fugiram pra outro país logo depois que a nos-
sa mãe morreu. Essa desgraçada matou nossa mãe
pra poder fugir com o nosso pai.
MARIANA — E esse testamento que surgiu de uma hora pra ou-
tra?
FERNANDO — Eu não sei. Só achei algo muito suspeito em cima
dessa história do testamento que estava com ela.
MARIANA — O que?
FERNANDO — A data registrada no documento mostra o dia em
que o meu pai fez o tal testamento. O meu pai
mandou fazer o testamento três dias antes da sua
morte. O Pedro chegou a comentar comigo que
era como se o meu pai estivesse “prevendo a pró-
pria morte”.
MARIANA — Muito estranho isso.
Fernando e Mariana ficam em silêncio, pensativos, até que Mariana come-
ça a falar:
MARIANA — Estou começando a achar que a Maíra armou tu-
do isso.
FERNANDO — Como assim?
MARIANA — Pra mim essa desgraçada fez a cabeça do meu pai
pra que ele colocasse o nome dela e da Maria
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 3
Clara no testamento e depois de três dias ela o
matou.
FERNANDO — Mas ainda não temos prova de que foi isto mes-
mo que aconteceu/
MARIANA — (corta) Eu não duvido nada de que a Maíra tenha
matado o meu pai pra ficar com a fortuna dele. E
eu também não duvido de que ela esteja aqui pra
acabar conosco, pra ficar com a nossa parte na
herança. Disso eu não duvido mesmo.
FERNANDO — Mas pode ficar tranquila que ela não vai acabar
com a gente, não. Eu não vou deixar, nem que pra
isso eu tenha que acabar com ela e a Maria Clara
primeiro.
CAM dá um close em Fernando decidido.
CENA 2/MANSÃO VILLANUEVA/QUARTO M.C/ INT/ NOITE.
Continuação da cena 48 do capítulo anterior. Maria Clara e Maíra conver-
sam.
MAÍRA — O que você quer dizer com “segundo plano”? Só
temos um plano nessa história!
MARIA CLARA — Mas não é você quem quer roubar a fortuna
desses bostinhas? Pois então, eu já pensei numa
forma bem simples e fácil de tirar tudo o que eles
têm.
MAÍRA — (debochar) Hum, a minha filhota sabe pensar...
Pois então fala pra mamãe: Que raios de plano é
esse?
Maria Clara começa a falar. Corta o áudio da conversa.
CENA 3/ PONTA VERDE/ PLANOS GERAIS/ EXTERIOR/ NOITE.
Planos Gerais do Bairro à noite.
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 4
CENA 4/ HOSPITAL/ QUARTO MARÍLIA/ INTERIOR/ NOITE.
Marília está dormindo. De repente Manuela vai entrando devagar, sem fa-
zer barulho. Ela chega perto de Marília e acaricia seus cabelos. Nesse mo-
mento, Marília acorda.
MARÍLIA — Mãe?
MANUELA — Sou eu minha filha. Eu soube que você tinha da-
do a luz e vim correndo te ver.
MARÍLIA — Eu achei que a senhora não vinha me ver, ver
meu filho, seu neto!
MANUELA — Por isso mesmo que estou aqui. Tive uma intui-
ção de mãe. Senti que você precisava de mim, da
minha presença aqui.
MARÍLIA — (feliz) Que bom que a senhora veio, mãe. Eu re-
almente senti muita falta da senhora, desde o dia
em que fui expulsa/
MANUELA — (corta em cima) Por favor, vamos esquecer essa
história! O que passou, passou. Vamos viver o
agora, o presente. (t) Eu vim passar a noite com
você.
Marília sorri feliz. Ela pega na mão de Manuela. Ambas se olham, carinho-
sas.
MARÍLIA — Eu te amo mãe.
MANUELA — Também te amo querida.
Manuela beija a filha e elas se abraçam. Close nesse momento de carinho
das duas.
CENA 5/ DELEGACIA/ EXTERIOR/ NOITE.
Frente da delegacia. Plano de localização.
CENA 6/ DELEGACIA/ SALA DO DELEGADO/ INTERIOR/ NOITE.
O delegado e seu assistente observam as imagens da gravação do dia da
morte de Letícia em seu computador. CAM foca nas imagens no computa-
dor, que foram gravadas através das câmeras da garagem do prédio.
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DELEGADO — (aponta) Olha isso aqui...
CAM foca numa imagem em que uma pessoa vestida com um capuz desce
de um carro e fica parado em frente ao automóvel. De repente Letícia sai
do elevador e caminha em direção a tal pessoa. A pessoa tira a arma da cin-
tura e atira contra Letícia que cai morta no chão. Logo depois, o assassino
entra no carro e vai embora.
DELEGADO — Foi nesse momento que a Letícia foi morta. E es-
tá aqui a hora exata: 21hs: 05min. Foi essa a hora
em que a Letícia foi assassinada.
ASSISTENTE — É, mas e esse homem ou mulher que está de ca-
puz?
DELEGADO — Infelizmente não deu pra ver. O capuz é muito
grande. Não consegui ver o rosto do assassino,
nem a placa do carro. A imagem está meio turva.
ASSISTENTE — Droga! Eu falei seu delegado. Eu disse que esse
assassino tá querendo pregar peças na gente.
DELEGADO — Mas vamos continuar investigando. Aliás, nós
iremos voltar a esse edifício. Se nós investigar-
mos o local em que a Letícia foi assassinada, com
certeza iremos achar alguma pista, nem que seja
uma besteirinha de nada... Mas iremos achar!
Close no delegado, pensativo e decidido.
CENA 7/PONTA VERDE/ PLANOS GERAIS/ EXTERIOR/ DIA.
Planos gerais do bairro amanhecendo.
CENA 8/ AP HERBERT/ SALA/ INTERIOR/ DIA.
Herbert pega o telefone e começa a discar.
HERBERT — (tel) Alô! Gostou das cartinhas anônimas que eu
te mandei? Eu sei que foi você quem matou o
Renato e a Letícia. (T) Nunca vou revelar quem
sou eu... Descubra se quiser. (t) Quer que eu fique
com o bico calado? Pois então pague uma nota
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preta pra mim e a polícia nunca saberá da sua
identidade.
Ele desliga na cara do assassino.
HERBERT — (p/si) É agora que consigo um dinheirinho básico.
É caro assassino da Letícia, você está em minhas
mãos...
Close nele pensativo.
CENA 9/MANSÃO VILLANUEVA/SALA/INTERIOR/DIA.
Maíra, Fernando e Mariana estão na sala e com eles estão um advogado.
Maíra e Fernando conversam. Fernando analisa alguns documentos.
FERNANDO — (analisando os papéis) Que tantos papéis são es-
ses, Maíra?
MAÍRA — Acredite se quiser Fernando: Eu mudei! Não sou
mais aquela pessoa horrível que entrou na sua vi-
da pra te infernizar. Eu decidi doar parte da mi-
nha fortuna pra um orfanato. Você acredita que
os órfãos estão sofrendo muito naquele lugar
caindo aos pedaços, coitadinhos...
FERNANDO — Não! Não acredito em nada do que você diz. Pra
mim isso é só mais uma armação sua.
MAÍRA — Estou falando sério Fernando. Eu queria doar par-
te do meu dinheiro pro orfanato, mas eu queria ter
a sua colaboração também.
Fernando reluta em não ajudar, soltando um olhar de desconfiado pra Maí-
ra.
MARIANA — (sussurra p/ Fernando) Ajude ela Fernando.
FERNANDO — (sussurra p/ Mariana) Não vê que isso é mais uma
armação dela? Não tá vendo que ela está fingin-
do, fazendo esse teatrinho todo?
MARIANA — (sussurra p/ Fernando) Pense nas crianças caren-
tes que você estará ajudando...
Fernando vira-se para Maíra, e responde sem paciência.
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 7
FERNANDO — Tudo bem, eu irei doar parte do meu dinheiro pra
ajudar esses pobres coitados.
O advogado apresenta os documentos que Fernando terá que assinar e os
depositam na bancada.
ADVOGADO — (aponta pros documentos) Assine aqui. Aqui
também. (t) Assine aqui... Pronto. Tudo feito.
Maíra cumprimenta o advogado.
MAÍRA — Muito obrigado senhor. Eu o acompanho até a
porta.
O advogado vai embora. Maíra dirige-se a Fernando com delicadeza.
MAÍRA — (doce) Muito obrigada meu querido. Você mos-
trou ter piedade e compaixão ajudando aquelas
pobres crianças, órfãs e indefesas. Agora eu pre-
ciso subir. (ela sobe)
FERNANDO — A Maíra está muito estranha. Ela não é de ficar
assim tão carente... Eu não estou gostando nada,
nada dessa história.
CENA 10/MANSÃO VILLANUEVA/QUARTO M.C/INTERIOR/DIA.
Maria Clara está jogada na cama, folheando uma revista. De repente Maíra
entra feliz da vida... Clara percebe.
MARIA CLARA — Por que está assim mamãe? Aconteceu alguma
coisa?
MAÍRA — (sorridente) Aconteceu!... Aconteceu que eu con-
segui filhinha!... Nosso plano deu certo! Final-
mente eu consegui arrancar toda a fortuna, todos
os bens que o Fernando mantinha posse.
Maria Clara se levanta rapidamente da cama, sem acreditar no que acabou
de ouvir.
MARIA CLARA — Como é que é? (t) A senhora conseguiu enga-
nar o Fernando?
MAÍRA — Pior que eu consegui. Estou sem acreditar até
agora que ele caiu na mentirada que eu contei a
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ele. Até que ele não é tão esperto do jeito que vo-
cê me disse.
MARIA CLARA — E o que você falou pra ele?
MAÍRA — Falei que precisava fazer uma doação pra um or-
fanato caindo aos pedaços. E eu como excelente
atriz, fiz o meu drama típico. Ele nem caiu logo
de início, mas a mosca morta da Mariana estava
na hora e fez ele assinar todos os documentos na
qual pedia a autorização dele pra passar toda a
fortuna pro meu nome.
MARIA CLARA — Só não entendi uma coisa: Como você arran-
jou o advogado? Por que só na presença de um
advogado a senhora poderia fazer o que fez.
MAÍRA — O que eu te falei sobre os meus “amigos e alia-
dos”?
MARIA CLARA — Então o advogado que estava presente... era
um amigo seu?
MAÍRA — (sorri, vitoriosa) Yes! Cumpri minha missão!
Agora sim eu posso dormir tranquila durante a
noite. Em poucos dias o Fernando receberá uma
intimação e sairá dessa casa com uma mão na
frente e outra atrás. Aliás, temos que sair pra co-
memorar, por que hoje não é um dia qualquer pra
ficar no quarto jogada na cama e folheando essas
revistas chinfrim de fofoca. Pega sua bolsa filho-
ta. Vamos sair pra comemorar!
CENA 11/ FLAT GABRIELE/ INTERIOR/ DIA.
Agenor está no sofá lendo jornal. Gabriele vem da cozinha.
GABRIELE — Meu amor, eu preciso de sua ajuda.
AGENOR — Algum problema chuchu?
GABRIELE — Eu estava prestes a fazer o almoço, mas eu vi que
tinha esquecido de comprar o sal. Você pode
comprar pra mim por favor?
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AGENOR — Claro chuchu. Será um prazer!
CENA 12/ PONTA VERDE/ RUAS/ EXTERIOR/ DIA.
Agenor acaba de sair do prédio. Ele caminha pelas ruas. De repente Agenor
fica paralisado ao ver Maíra e Maria Clara caminhando juntas do outro lado
da rua. CAM foca em Maíra.
AGENOR — (pra si) Meu Deus... É a Maíra! Ela voltou!...
Fecha em Agenor, paralisado e surpreso.
CENA 13/FLAT MANUELA/INTERIOR/DIA.
Edição: Ligar com o áudio da cena anterior.
Agenor já falando com Manuela.
AGENOR — Eu tenho certeza de que a vi...
MANUELA — Pelo amor de Deus, Agenor. Poderia ter sido
qualquer outra pessoa que você deve ter visto e
confundido.
AGENOR — Eu tenho certeza meu chuchu, de que era a Maíra.
E junto com ela estava àquela amiga da Verôni-
ca... A...
MANUELA — Maria Clara!
AGENOR — Ela mesma! Só não consigo entender o que essa
Maria Clara fazia junto com a Maíra.
MANUELA — Na certa a tal Maíra deveria ser alguma parenta
da Maria Clara... Uma tia, uma prima, ou poderia
ser até mesmo, a mãe da Maria Clara.
AGENOR — Eu lembro que há vinte anos, eu me relacionava
com a Maíra. Ela era garota de programa num
bordel famoso e eu era seu principal cliente. Tra-
balhava lá também a irmã dela: a Bárbara. Eu sei
que na época eu me relacionava com mais nin-
guém além da Maíra... Lembro também que logo
depois ela engravidou e sumiu no mundo.
MANUELA — E foi aí que você me conheceu!
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 10
AGENOR — Mas pera aí... Se aquela menina for filha da Maí-
ra, será que tem a possibilidade dela ser minha fi-
lha também?
Manuela fica surpresa. Agenor fica ali, chocado consigo mesmo, pensativo.
MANUELA — Mas como assim sua filha?
AGENOR — Eu tinha um grande amigo... o Ernesto. Que Deus
o tenha! Nós tínhamos uma mania de dividir a
Maíra. Nós éramos os únicos a irem pra cama
com ela, mas o Ernesto me contou que ele sempre
usava preservativo quando transava com a Maíra.
Já eu sempre andava sem proteção. Eu e a Maíra
passávamos as noites sem nada.
MANUELA — Pera aí... Você tá querendo dizer que há a possi-
bilidade da Maria Clara ser sua filha, só por que
você não usava camisinha quando transava com a
Maíra? Mas isso é um absurdo!
AGENOR — Pode até ser um absurdo. Mas se a Maria Clara
for verdadeiramente minha filha, a Maíra vai ter
que me dar uma explicação!
Close em Agenor, pensativo.
CENA 14/PONTA VERDE/PLANOS GERAIS/EXTERIOR/DIA.
Transição do tempo. Letreiro: “Dias depois”
CENA 15/MANSÃO VILLANUEVA/EXTERIOR/DIA.
Frente da mansão. Plano de Localização.
CENA 16/MANSÃO VILLANUEVA/SALA DE JANTAR /INT/DIA.
Todos tomam o café da manhã. De repente a campainha toca. Fernando vai
atender. É um oficial de Justiça.
OFICIAL DE JUSTIÇA — Senhor Fernando Villanueva...
FERNANDO — Sim, sou eu!
OFICIAL DE JUSTIÇA — Eu lhe trouxe uma intimação. (indica)
Assine aqui, por favor...
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 11
Fernando assina aonde lhe é indicado. O Oficial lhe entrega a intimação e
vai embora. Fernando lê. Todos correm atônitos em direção a ele.
MARIA CAMILLA — O que diz ai Fernando? Que intimação é es-
sa?
FERNANDO — Aqui diz que essa mansão, o apartamento e todos
os nossos bens não nos pertence mais.
Maíra olha pra Maria Clara com um sorriso dissimulado.
PEDRO — Mas como assim não pertence mais? Uma parte
do dinheiro era do Fernando e outra parte era da
Maíra. Metade pra um, metade pra outro... Isso
estava registrado no testamento!
Maíra se desloca do seu lugar e decide abrir o jogo.
MAÍRA — Acontece que simplesmente, por livre e espontâ-
nea vontade o Fernando passou toda a fortuna de-
le pro meu nome!
FERNANDO — (sem entender, surpreso) Como é que é? Como
assim? Não passei nada pro teu nome! Tá malu-
ca?
MAÍRA — Ah, mas passou sim senhor! Quando assinou
aqueles documentos que o meu advogado apre-
sentou a você... As tais liberações para a doação
pro orfanato.
FERNANDO — (começa a se lembrar) Então quer dizer que aque-
les documentos, não eram doações pra um orfana-
to coisa nenhuma? Você me enganou usando essa
história de orfanato, de liberação? Como você
pode ser tão baixa, Maíra?
MAÍRA — (cínica) Pois é... Paciência né Fernando. Muitas
vezes as coisas não saem da forma como plane-
jamos. Você é tão irresponsável que assinou os
documentos sem ler. Sem contar a “enorme” for-
ça que a mosca morta da sua irmã te deu pra assi-
nar aqueles documentos.
FERNANDO — Sua desgraçada. Você conseguiu nos enganar.
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 12
MAÍRA — Pois é... Consegui o que eu tanto quis: Tirar tudo
o que você tem. E justo hoje consegui realizar es-
se magnífico sonho! E pra acabar de vez com es-
sa conversa fiada, eu dou uma hora pra você reti-
rar todas as suas tralhas daqui. Você e sua família
de toupeiras/
LUÍSA — (corta em cima) Pelo menos ainda temos o direito
de voltar pro nosso antigo apartamento, não?
MAÍRA — Claro que não! O apartamento não é mais de vo-
cês! Nem o apartamento, nem essa mansão, nem
seus dinheiros, nem seus bens. Nada! Vocês estão
com uma mão na frente e outra atrás!
LUÍSA — Isso é um absurdo.
MAÍRA — Absurdo, querida, foi à irresponsabilidade do seu
irmãozinho, que assinou aqueles documentos sem
ao menos lê-los. (debochada) Nossa, Fernando,
eu nunca imaginei que você chegaria a tal ponto,
de ser uma criatura tão imbecil!
Fernando vai partir pra cima de Maíra, mas Pedro o impede.
FERNANDO — (rosna) Sua desgraçada. Vou acabar com você.
Maíra ignora as ameaças de Fernando e prossegue com o seu discurso:
MAÍRA — Mas como hoje estou de bom humor, eu irei dei-
xar que vocês morem nessa casa.
MARIA CLARA — Mas mamãe/
MAÍRA — (corta em cima) Mas, terão que passar a noite no
quarto dos empregados!
FERNANDO — (sem acreditar) O quê?!
MAÍRA — É isso mesmo querido! Se vocês quiserem conti-
nuar morando nessa mansão, terão que ser meus
empregados... Ou caso contrário, infelizmente te-
rão que sair daqui com uma mão na frente e outra
abanando.
Os Villanuevas ficam indecisos. Maíra percebe e decide ir pro escritório.
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 13
MAÍRA — Estou no meu escritório esperando uma resposta
objetiva... Dou 5 minutos a todos vocês! Nem um
minuto a mais, nem um minuto a menos!
Maíra sai e os Villanuevas ficam lá na sala, pensativos.
CENA 17/MANSÃO VILLANUEVA/ESCRITÓRIO/INTERIOR/DIA.
Maíra sentada na sua cadeira. Maria Clara anda de um lado pro outro en-
quanto discute com a mãe.
MARIA CLARA — O que a senhora fez foi loucura, mamãe! Co-
mo vai deixar esses idiotas viverem aqui, enquan-
to podemos jogá-los pra fora dessa casa como
sempre planejamos?
MAÍRA — Fica quieta filhinha. Você é muito incompetente!
Toda vez que você planeja algo, tudo sai errado.
Então deixa que eu tomo a frente da carruagem a
partir de agora!
MARIA CLARA — Pelo menos pode me dizer por que resolveu
deixar a família de antas morarem aqui?
MAÍRA — Por que eu acho que expulsá-los daqui seria mui-
to pouco pro que pretendo fazer... E antes que me
pergunte eu falo o que pretendo fazer: Vou piso-
teá-los, tratá-los como se fossem meus escravos...
Vou reduzi-los a pó!
Nesse momento Fernando entra na sala, sério.
FERNANDO — Maíra... Eu já tenho uma resposta pra lhe dar!
Maíra fica ali na espera da resposta de Fernando. Closes alternados.
CENA 18/ AEROPORTO/ INTERIOR/ DIA.
Marília e Alberto no aeroporto, se despedindo de seus familiares. Marília
está segurando o seu bebê enquanto Alberto segura as malas.
MARISA — Nem acredito que vocês vão embora. E você Ma-
rília, logo agora que nós estamos nos dando tão
bem... E você meu filho querido... Prometam que
virão me visitar sempre!
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ALBERTO — Claro que sim né mamãe!
MARÍLIA — Nossa dona Marisa, eu nunca pensei que termina-
ríamos assim, tão amigas...
MARISA — Pois é as coisas mudam minha querida. E é com
essas pequenas mudanças que vemos quem real-
mente são as pessoas.
Agenor e Manuela vão falar com Marília.
AGENOR — (sussurra p/ Marília) A Gabriele te mandou um
beijo.
MARÍLIA — (sussurra p/ Agenor) Diga a ela que mandei ou-
tro.
MANUELA — Foram tantas coisas que aconteceram minha fi-
lha... Nós brigamos, ficamos sem se falar... Mas
agora estamos aqui, uma de frente pra outra.
MARÍLIA — O amor nos reaproximou.
MANUELA — Eu te amo querida! (abraça Marília) Fica bem!
(fala do bebê) e cuida desse pequeno aqui tam-
bém.
MARISA — Aliás, já escolheram o nome do bebê?
MARÍLIA — Já sim. Ele irá se chamar Gabriel.
AGENOR — Bonito nome!
Nesse momento o voo de Alberto e Marilia e chamado no alto falante.
MARÍLIA — É o nosso voo. (Para Alberto) Vamos meu amor?
ALBERTO — Vamos!
Alberto e Marilia caminham em direção ao portão de embarque, sempre a
acenar para Marisa, Agenor e Manuela.
CENA 19/AVIÃO/INTERIOR/DIA.
Marilia e Alberto sentados, tomando uma taça de champanhe. Eles acabam
de fazer um brinde. Ambos se olham apaixonados.
MARILIA — Eu te amo!
Alberto pega na mão dela, e a olha intensamente.
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 15
ALBERTO — Eu te amo!
Eles se beijam e seus olhares voltam pro bebê que é alvo de carícias dos
dois.
CENA 20/MANSÃO VILLANUEVA/ESCRITÓRIO/INTERIOR/DIA.
Continuação da cena 17. Maíra ali, esperando a resposta de Fernando.
MAÍRA — Vamos lá, Fernando! Estou esperando a sua res-
posta...
FERNANDO — Tudo o que eu tenho pra lhe dizer é que eu aceito
morar aqui... E ser seu empregado!
Close em Maíra que fica sorridente.
CENA 21/MANSÃO VILLANUEVA/SALA/INTERIOR/DIA.
Maíra já falando na sala, com os Villanuevas. Maria Clara junto com ela à
parte.
MAÍRA — Então quer dizer que vocês decidiram me servir...
Pois saibam que fico muito grata por saber isso.
Bom, então como patroa, irei dividir a tarefa entre
vocês. Fernando irá limpar a cozinha e fazer a
comida. Aliás não... Ele irá arrumar os quartos e
lavar a roupa. Se eu o colocar pra fazer minha
comida, será capaz de me envenenar.
FERNANDO — (p/ si) Nem sei como ela adivinhou.
MAÍRA — A Mariana fará a comida. Maria Camilla arruma-
rá os quartos e a casa, (aponta pra Lucas) junto
com o...
LUCAS — Lucas...
MAÍRA — Isso mesmo. A Luísa ficará encarregada de lavar
os banheiros.
LUÍSA — (grita enojada) Ai que nojo! Odeio lavar banhei-
ros.
MAÍRA — Calada! Você vai lavar bem lavado. Não quero
uma sujeira se quer nos sanitários, ouviu? Se não
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 16
eu mando você lavá-los novamente... E com a
língua! (Luísa faz que sim, amedrontada e ao
mesmo tempo enojada). (Fala de Ricardo Henri-
que) E o Ricardão será o motorista da casa! Po-
dem começar a trabalhar! Seus uniformes estão
esperando por vocês na área de serviço. Beijos de
luz meus amores!
Ela sobe pro quarto, seguida de Maria Clara.
CENA 22/MANSÃO VILLANUEVA/COZINHA/INTERIOR/DIA.
Todos já vestidos com seus uniformes. Estão revoltados.
MARIA CAMILLA — Mas que droga! Por que resolvemos
aceitar ser empregados dessa mulher?
RICARDO HENRIQUE — Eu não sei... Por mim eu teria recusado.
FERNANDO — Teria recusado? Pra quê? Pra ir pra rua e viver
como um sem teto?
MARIANA — Isso aqui é melhor que nada.
FERNANDO — Aliás, essa é a oportunidade que temos de infer-
nizar a vida dessa mulher.
MARIA CAMILLA — Infernizar? Como assim?
FERNANDO — A Luísa... Ela é a responsável por lavar os ba-
nheiros. Ela tem medo de lagartixas, mas não tem
medo de sapos.
LUÍSA — Eu caçava sapos quando era pequena... Bons
tempos aqueles...
FERNANDO — Você vai pegar um sapo e colocar no banheiro da
Maíra. Eu a conheço muito bem: A Maíra odeia
sapos. Quando ela o vir pulando no banheiro, não
vai pensar duas vezes antes de se borrar nas cal-
ças.
Todos riem.
LUÍSA — Eu vou agora ao quintal procurar um sapo.
FERNANDO — E eu vou fazer a comida.
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 17
MARIANA — Mas essa é a minha tarefa!
FERNANDO — Não importa! Quando aquela cobra descobrir que
quem fez a comida foi eu, ela pensará que eu a
envenenei... Estou disposto a transformar a vida
dela num inferno, assim como ela fez com a gen-
te.
Close em Fernando que sorri maleficamente.
CENA 23/MANSÃO VILLANUEVA/JARDINS/EXTERIOR/DIA.
Luísa sai em busca de um sapo. Ela caminha mais adentro dos matos. Lu-
cas chega de repente.
LUCAS — Se quiser eu te ajudo.
LUÍSA — Não precisa meu amor... Eu sou expert nisso!
Treinei a minha vida toda!
Logo ela acha uma rã pequena. Luísa pega a rã e coloca dentro de uma cai-
xa de vidro.
LUÍSA — (p/si, olhando a rã) Agora eu quero ver se a Maíra
vai conseguir sobreviver ao susto que vou dar ne-
la.
Close em Luísa que sorri.
CENA 24/MANSÃO VILLANUEVA/SUÍTE MAÍRA/INTERIOR/DIA.
Luísa entra no quarto junto com Lucas. Ela caminha em direção ao banhei-
ro. CORTA PARA o banheiro: Luísa levanta a tampa do vaso. Ela abre a
caixa de vidro e despeja a rã lá dentro. Em seguida ela sai do banheiro.
LUCAS — O que faremos agora?
LUÍSA — Por enquanto nada! Vamos sair daqui...
Eles saem do quarto.
CENA 25/MANSÃO VILLANUEVA/COZINHA/INTERIOR/DIA.
Fernando prepara a comida enquanto conversa com Luísa. Lucas à parte.
FERNANDO — Então vocês conseguiram?
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 18
LUÍSA — Claro que sim! Eu falei que sou profissional nis-
so. Só iremos saber se o plano deu mesmo certo,
quando ouvirmos o grito da bruxa, vindo lá de
cima.
FERNANDO — Enquanto isso estava aqui, matutando outro pla-
no.
LUÍSA — Que plano?
FERNANDO — Aquela bruxa tirou tudo o que era nosso: O apar-
tamento, a mansão, o nosso dinheiro... Precisa-
mos recuperar todos os nossos bens e rápido.
LUCAS — E você já pensou em alguma coisa?
FERNANDO — (prova a comida) Ainda não, mas esse plano pre-
cisa ser algo bem bolado. A bruxa precisa cair
feito um patinho nele.
Após a fala de Fernando dá um tempo. Todos ficam em silêncio. Nessa ho-
ra ouve-se um grito alto, agudo e estridente vindo lá de cima. Todos correm
pra ver.
CENA 26/MANSÃO VILLANUEVA/SUÍTE MAÍRA/INTERIOR/DIA.
Fernando, Luísa e Lucas entram no quarto e veem Maíra desmaiada na por-
ta do banheiro.
LUCAS — Será que ela morreu?
FERNANDO — Já pensou o quanto seria bom se isso aconteces-
se?
LUÍSA — Para com isso Fernando, que horror! A bruxa tá
desmaiada. Vem Lucas, vamos tirar ela do chão.
Luísa e Lucas arrastam Maíra e a colocam em cima da cama. Maria Clara
entra num rompante, assustada.
MARIA CLARA — Eu ouvi os gritos lá do meu quarto. O que
houve aqui/ (vê Maíra desmaiada, tenta reanima-
la) Mamãe... Mamãe... O que aconteceu?
LUÍSA — Ouvimos o grito e viemos, quando chegamos, ela
tava caída ali. (aponta)
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 19
MARIA CLARA — Caída? Na porta do banheiro?
FERNANDO — (se faz de inocente) Na certa ela deve ter visto al-
go bem assustador no banheiro pra cair dura, feito
um pau de arara.
Maria Clara corre pro banheiro. CORTA PARA: o banheiro. Maria Clara
olha pro sanitário e logo de cara vê uma rã. Ela solta um grito e sai do ba-
nheiro dando pulinhos. CORTA PARA: o quarto. Maria Clara ali dando
piti.
LUCAS — (finge) O que você viu?
MARIA CLARA — (quase chorando) Uma rã no vaso... Por favor,
tira aquele negócio lá de dentro.
Corta descontínuo para Lucas que sai do banheiro trazendo a rã e saindo do
quarto em seguida. Maria Clara mais calma, sentada numa poltrona, menos
amedrontada.
MARIA CLARA — E a minha mãe, vai ficar aí desmaiada?
Fernando surge com um balde d’água.
FERNANDO — Eu sei como despertar cachorro de rua. Fazia
muito isso quando eu era pequeno. (nostálgico)
Eu era muito sacana com os coitados.
MARIA CLARA — O que você vai fazer com esse balde? O que
tem aí dentro?
FERNANDO — Pode ficar tranquila que não tem rã ou qualquer
outro bicho aqui!
MARIA CLARA — E o que tem aí?
Fernando vira o balde com água em Maíra, lhe dando um belo banho. Ela
acorda tossindo.
FERNANDO — (responde a pergunta de MC) Como você acabou
de ver, aqui tinha água. Piranhas não podem ficar
muito tempo sem H2O.
Nesse momento, Fernando sai do quarto levando o balde consigo. Luísa vai
atrás. MC fica sozinha com Maíra que rosna de raiva.
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 20
CENA 27/PONTA VERDE/PLANOS GERAIS/EXTERIOR/NOITE.
Belos planos gerais do anoitecer.
CENA 28/MANSÃO VILLANUEVA/ESCRITÓRIO/INT/NOITE.
Maíra conversa com Maria Clara.
MAÍRA — Aquele desgraçado do Fernando! Olha o que ele
fez com meu cabelo. Lá se foi a minha chapinha.
MARIA CLARA — Quem manda ter cabelo duro... E outra: Para
com isso... A senhora tá ótima!
MAÍRA — Você fala isso, por que não é com você. E agora,
como vou ficar bonita pro jantar?
MARIA CLARA — Como assim “bonita pro jantar”? Quem tem
que ficar bonita pra comer é sua boca e sua barri-
ga. A boca que devora e o estômago que digere o
jantar.
MAÍRA — Ai filha, você fica parecendo uma vira lata falan-
do assim...
MARIA CLARA — Não disse nenhuma mentira.
MAÍRA — Mas quando eu digo ficar bonita... É ficar bonita
mesmo... Ficar linda, e pra alguém.
MARIA CLARA — Huum... Bonita pra alguém... E quem é o sor-
tudo?
MAÍRA — Ninguém do seu interesse.
Nesse momento, CAM vai pegar Fernando que passa pelo escritório e ob-
serva e ouve a conversa através da porta que se encontra entreaberta.
MARIA CLARA — Vai mãe, conta pra mim, vai... Por quem você
está apaixonada?
MAÍRA — (baixo) pelo Pedro.
Fernando reage surpreso.
MARIA CLARA — (surpresa) Pelo Pedro? Como assim mãe?
MAÍRA — Eu não sei... Nunca tive esse sentimento por al-
guém antes. Nunca consegui amar uma pessoa,
mas acho que agora isso está acontecendo. E o
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 21
que está acontecendo é que estou completamente
apaixonada pelo Pedro!
MARIA CLARA — Mas se liga: Ele é “quase” casado com aquela
mosca morta da Mariana. Se ela te pega falando
uma merda dessas, já sabe né?
MAÍRA — Não estou nem aí praquela sanguessuga. Eu vou
ter o Pedro pra mim, nem que pra isso eu tenha
que tirar aquela songa monga do meu caminho.
Close em Fernando que tenso, dá um tempo na porta, até que entra, assus-
tando Maíra e Maria Clara.
MAÍRA — (ríspida) O que você quer aqui?
FERNANDO — Eu apenas vim comunicá-las que o jantar está
sendo servido.
MAÍRA — Ah sim... Já pode se retirar.
FERNANDO — Com licença.
Fernando sai.
CENA 29/MANSÃO VILLANUEVA/COZINHA/INTERIOR/NOITE.
Fernando acaba de entrar. Está sozinho na cozinha. Ele abre a geladeira e
apanha uma garrafa d’água e pega um copo que está em cima da pia.
FERNANDO — (despejando a água no copo, chocado) Meu Deus,
a bruxa é apaixonada pelo Pedro... Que baixaria!
Ele ali tenso, bebendo água, tenta se acalmar.
CENA 30/AEROPORTO/PISTA DE VOO/EXTERIOR/NOITE.
Um avião pousa na pista de voo.
CENA 31/AEROPORTO/INTERIOR/NOITE.
Um homem aparece arrastando suas malas. Súbito, ele para de repente.
CAM vai pegar o pé do homem e vai subindo até chegar em seu rosto, ago-
ra mostrando que é ERNESTO. Ele pega seu celular no bolso e começa a
escrever uma mensagem pra alguém.
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 22
CENA 32/FLAT GABRIELE/SALA/INTERIOR/NOITE.
Agenor assiste a tevê. Seu celular começa a tocar. Ele olha a mensagem
que acabou de chegar: “ACABEI DE CHEGAR... ENCONTRE-ME
NAQUELE HOTEL QUE EU FALEI.” Agenor reage pasmo levantando do
sofá e saindo em seguida.
CENA 33/HOTEL/FAIXADA/EXTERIOR/NOITE.
Ernesto desce de um táxi, trazendo a mala. Ele paga ao taxista e caminha
em direção ao hotel.
CENA 34/HOTEL/RECEPÇÃO/INTERIOR/NOITE.
Ernesto terminando de confirmar a sua reserva. O balconista lhe entrega
uma chave.
BALCONISTA — Quarto 413.
Ernesto faz um gesto de agradecimento e segue pro elevador. Ele entra e
sobe.
CENA 35/HOTEL/SUÍTE ERNESTO/INTERIOR/NOITE.
Ernesto entra fechando a porta. Ele coloca a mala num local distante e se
acomoda, deitando na cama. De repente ouve-se batidas na porta. Ernesto
vai abrir. É Agenor.
AGENOR — Ernesto meu amigo, quanto tempo.
ERNESTO — Bastante tempo...
Ambos dão um abraço apertado. Corta descontínuo para Ernesto e Agenor
já tomando café juntos. Conversam.
ERNESTO — Saudades do Brasil. Não piso nessa terra desde
que a desgraçada da Maíra me sequestrou. E
acredite meu amigo, ela me fez comer o pão que
o diabo amassou!
AGENOR — Aquela vagabunda só não fez a mesma coisa co-
migo, por que eu era pobre. Mas eu acabei mu-
dando de vida: ganhei na loteria recentemente e
sou o mais novo milionário da vez.
ERNESTO — Sério? Não diga...
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 23
AGENOR — Digo...
ERNESTO — Mas não voltei somente por saudades do Brasil.
Desde aquele dia que você me mandou uma men-
sagem dizendo que viu a Maíra um dia desses,
decidi voltar pra me vingar daquela vagabunda.
AGENOR — Eu vou te ajudar meu amigo. Eu soube que ela tá
morando na mansão com seus filhos.
ERNESTO — Meus filhos... Que saudades deles. Espero que
aquela cachorra não tenha feito nada de ruim pra
eles. Ela me obrigou a colocar o nome dela no
testamento e armou um atentado contra mim. Me
fingi de morto, mas voltei pra me vingar.
AGENOR — Você pretende aparecer agora?
ERNESTO — Por enquanto não! Só te peço uma coisa Agenor:
fique de olho em todos os passos dessa cobra.
Quando chegar o momento certo pra aparecer, eu
lhe aviso.
Tensão. Closes alternados.
CENA 36/MANSÃO VILLANUEVA/SALA DE JANTAR/INT/NOITE.
Maria Clara e Maíra vêm do escritório conversando baixo. Chegam à mesa
já posta e se sentam. Fernando serve as duas e volta pro seu lugar. Ele e os
outros observam.
MAÍRA — Esse jantar parece maravilhoso! Parabéns Maria-
na!
Mariana fica na dela. Maíra vai comer, Fernando se adianta.
FERNANDO — Quem fez a comida não foi a Mariana. Fui eu
quem preparei tudo!
Maíra e Maria Clara largam o garfo na mesma hora e se levantam. Elas fa-
lam na mesma hora.
MAÍRA — Você?!
MARIA CLARA — Você?!
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 24
FERNANDO — Não vão comer? (ironiza) Que coisa feia... Tantas
crianças passando fome por aí e vocês desperdi-
çando a comida que eu fiz com tanto amor.
MAÍRA — Que morram de fome essas crianças! Mas eu não
como comida envenenada.
MARIA CLARA — Nem eu! Vamos fazer jejum.
MAÍRA — Vou dormir. Perdi a fome!
Maíra e MC sobem. Os Villanuevas caem na gargalhada. Todos se sentam
à mesa.
RICARDO HENRIQUE — Só pra constar: A comida não está enve-
nenada... Está?
FERNANDO — Mas é claro que não! Podem comer à vontade...
Enquanto vou ali e já volto!
MARIANA — Vai aonde?
FERNANDO — Vou pegar umas taças e uma garrafa de vinho na
cozinha. Me ajuda Pedro?
PEDRO — (se levanta) Claro!
Eles vão pra cozinha. Os outros tratam de se servir.
CENA 37/MANSÃO VILLANUEVA/COZINHA/INTERIOR/NOITE.
Pedro pega umas taças no armário. Fernando na dele.
PEDRO — Pega a garrafa de vinho enquanto eu levo as ta-
ças.
FERNANDO — Na verdade não vim aqui só pra pegar o vinho.
Aliás, te chamei pra vir junto comigo por que
precisava falar com você às sós.
PEDRO — O assunto é sério?
FERNANDO — De vida ou morte.
PEDRO — Então fala logo! Desembucha!
FERNANDO — Eu ouvi uma conversa entre a Maíra e a Maria
Clara e descobri que ela é apaixonada por você.
O BEM OU O MAL? Capítulo 35 Pag.: 25
PEDRO — (surpreso) Por mim? Mas tinha que ser logo por
mim?
FERNANDO — E pelo jeito que ela tava falando, parece que não
tava mentindo não! Ela é louquinha por você!
PEDRO — Tá, mas é só isso que você tem pra falar comigo?
FERNANDO — Não! Como eu precisava bolar um plano pra res-
gatar tudo o que a Maíra tomou de mim, a con-
versa dela me deu uma grande ideia. Eu estava
pensando: Já que ela é tão apaixonada por você,
não seria uma má ideia se tu se casasse com ela.
PEDRO — (reage) Casar com a Maíra?
FERNANDO — (repreende baixo) Fala baixo!
PEDRO — (baixo) Como assim me casar com aquela bruxa?
Ficou louco?
FERNANDO — Só você se casando com ela eu poderia ter minha
fortuna de volta!
PEDRO — Mas pra isso eu teria que convencer Maíra a pas-
sar toda a fortuna pro meu nome... Mas de que
forma vou fazer isso?
Fernando não responde. Deixaremos a resposta pro próximo capítulo. Clo-
ses alternados entre eles. Corta.
FIM