o bardo e a feiticeira - publique-se · honra é a certeza de conhecer seu valor e sua nobreza; ......

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1 C. S. P. Ribeiro O Bardo e a Feiticeira

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C. S. P. Ribeiro

O Bardo

e a

Feiticeira

2

Copyright ©2016 por C.S.P. Ribeiro

Facebook: @ribeiro.csp

Email: [email protected]

Todos os direitos reservados.

Todos os personagens desta obra são fictícios. Qualquer

semelhança com pessoas vivas ou mortas terá sido mera

coincidência.

A reprodução das publicações sem a devida

autorização da Autora constitui crime de violação de direito

autoral previsto no Código Penal brasileiro.

Plágio é crime (artigo 184 do Código Penal) (Se a violação

consistir em reproduçãototal ou parcial, com intuito de lucro direto ou

indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual,

interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do

autor, do artista intérprete ou executante, do produtor,

conforme o caso, ou de quem os represente... Pena - reclusão,

de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa).

Capa: Fotos e vetores: CC0 – Pixabay.com

Arte Final: Graphium Design & C.S.P. Ribeiro.

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Índice

Agradecimentos 4

Algumas Palavras 5

Capítulo 01 6

Capítulo 02 25

Capítulo 03 43

Capítulo 04 61

Capítulo 05 78

Capítulo 06 94

Capítulo 07 109

Capítulo 08 122

Capítulo 09 140

Capítulo 10 153

Capítulo 11 171

Capítulo 12 189

Capítulo 13 203

Capítulo 14 221

Capítulo 15 234

Capítulo 16 243

Referências 245

4

A Trych Kyra pela paciência e por ter conseguido mudar os destinos de

Gunnar e Saoirse.

Ao meu marido pelo entusiasmo da parceria.

5

Algumas Palavras...

As Nove Nobres Virtudes Nórdicas

CORAGEM é ter ousadia de agir corretamente sempre;

VERDADE é a disponibilidade de ser honesto, verdadeiro e justo;

HONRA é a certeza de conhecer seu valor e sua nobreza;

LEALDADE é a vontade de ser leal para com seus deuses e deusas,

seu povo, sua família e seu próprio ser, sem restrições;

DISCIPLINA é a determinação de ser duro primeiro consigo mesmo e

depois, quando necessário, com os outros;

HOSPITALIDADE é a boa vontade em compartilhar aquilo que é

seu com seus semelhantes, especialmente quando eles estão longe de casa;

EFICIÊNCIA é a determinação de trabalhar arduamente e gostar

daquilo que se faz, sempre;

AUTOSSUFICIÊNCIA é o espírito de independência alcançada não

somente para si, mas para sua família, seu clã, sua tribo, sua nação;

PERSEVERANÇA é a tenacidade de persistir.

“As virtudes do homem superior são como o vento, as virtudes de um

homem comum são como o capim; quando vento passa o capim se curva.”

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CAPÍTULO 1

Eireann (Irlanda), 808 D.C.

Aquele dia marcava quase uma semana que Saoirse vagava

por entre as terras devastadas de seus antepassados, sempre nas

sombras, sempre evitando se expor mais uma vez a sanha dos

invasores nórdicos que destruíram seu clã, mataram e capturaram a

maioria dos homens, mulheres e crianças para serem comercializados

nos mercados de escravos. Ela não fazia ideia de quantos O Caoinmh

conseguiram escapar ou se os Lochlannachi permaneciam pilhando os

clãs vizinhos, a única certeza que tinha era que graças aos seus irmãos,

suas habilidades de defesa e caça a ajudavam a sobreviver, assim como

seu treinamento desde criança como curandeira, a mantinha mais

tranquila e saudável o suficiente para continuar em movimento.

Naquela mesma tarde observara uma nova e preocupante coluna de

fumaça se estendendo perto da faixa litorânea quase na divisa das

terras do seu clã com as dos Ó Doinn, hora de procurar um abrigo

mais seguro para passar a noite; seus olhos percorreram o terreno ao

redor até lembrar-se de um conjunto de cavernas numa encosta, a

maioria oculta pela vegetação e foi exatamente para uma delas que se

dirigiu a passos decididos, apagando suas pegadas conforme avançava.

A caverna possuía uma entrada estreita e acanhada, oculta por

duas enormes rochas, mas era alto e profundo o suficiente para que

entrasse sem ter que se abaixar. Mergulhou na escuridão interna

sentindo a umidade do local grudar o léine à sua pele; ela seguiu

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adiante, tateando, pisando com cautela, evitando a maioria das pedras

e depressões do solo, até que tropeçou em algo grande e macio a

derrubando sobre uma superfície quente e pegajosa. O grito abafado

de surpresa mesclado com medo fez coro a um gemido alto de dor

vindo de baixo. Saoirse levantou-se num pulo, puxou a adaga do cinto

se maldizendo por não ser como as corujas que enxergavam tão bem

no escuro. Como o lamento se perdeu aos poucos, cutucou o motivo

da queda com a ponta do sapato e como não obteve respostas, recuou

em direção à entrada onde acendeu uma pequena fogueira, forte o

suficiente para trazer alguma luz e alento para as trevas de seu coração

e acanhada demais para ser percebida na paisagem externa. Armou

uma tocha, voltou a se aproximar do local do tombo. A razão para o

seu susto se encontrava caída sobre o solo, cercado por uma

considerável poça de sangue; ela se aproximou cautelosa, o

observando com um misto de terror e curiosidade - suas pernas

envoltas em tiras até logo abaixo dos joelhos, a túnica de linho

trabalhada com padrões elaborados, a capa de lã presa por um broche

de ouro já apontavam sua origem nórdica. Ele sustentava cabelos tão

negros quanto o breu que os envolvia presos em uma trança que

serpenteava até quase à cintura, a barba azulada bem aparada marcava

suas feições finas e rústicas, mas extremamente atraentes; possuía um

porte alto e elegante, sua mão direita permanecera no cabo de sua

espada tombada ao lado, além de sustentar uma flecha na altura dos

quadris. Pelo jeito, ele fora perseguido e ferido como ela e como ela

procurou refúgio onde achou ser mais seguro; sua respiração pesada e

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irregular atraiu sua atenção e contra qualquer sentimento de retaliação,

se ajoelhou para ajudá-lo.

“Saoirse sua idiota! Deixe-o morrer! Ele é um Lochlannach... Se

você está aqui, agora, passando por tudo isso, a culpa é única e

exclusiva dele e de sua raça maldita!” Rosnou e o chutou de leve com

raiva, recebendo um gemido de dor como resposta. “Por outro lado,

como curandeira, você tem a obrigação de ajudar aqueles que

necessitem dos seus préstimos, independentes de quem sejam.”

Reclamou mais irritada ainda, puxando um punhado de ervas da

bolsinha presa à cintura.

As tiras de linho, o unguento de ervas e o chá contra a febre

repousavam tranquilos sobre uma capa extra que trouxera. Seus dedos

trêmulos abriram o broche de ouro o liberando da capa, puxou a

túnica de lã para cima, logo após rasgar a área ao redor da flecha. O

girou para o lado, escorou seu corpo com algumas pedras, quebrou a

área perto das penas, suspirou fundo, comentando baixinho num tom

melodioso.

“Sinto muito... Terei que empurrar a flecha até que a mesma

saia por trás.” Segurou a haste com firmeza e num golpe seco, preciso

e ligeiro, forçou a carne até que a ponta surgisse nas costas. “Sorte sua

não ter alguma coisa importante atingida, seu infeliz! Azar seu, pois

quando estiver bom o suficiente para andar, lhe entregarei aos clãs

restantes e terei o prazer inenarrável de vê-lo pagar por tudo que meu

povo sofreu.” Soluçou passando o unguento sobre a ferida, depois de

costurá-la. Recolheu o material, jogou a capa de lã sobre ele, retirou a

espada do alcance de sua mão, sentou-se em frente à fogueira, onde o

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caldo do coelho que capturara pela manhã acabara de ficar pronto.

Colocou um pouco em uma tigela, o chá de ervas numa outra, voltou

para perto do guerreiro ferido. Ergueu-o um pouco, levou o caldo aos

lábios feridos e para sua surpresa, o conteúdo desapareceu em pouco

tempo, assim como o chá. “Quem é você?” Retirou algumas mechas

de cabelos que caíam em seu rosto. “Não tem jeito de guerreiro,

apesar do escudo quebrado e da espada.” Trouxe a mão para perto e a

examinou com cuidado. “Macia demais para quem vive da terra ou da

espada. Se for um nobre, poderemos barganhar uma troca... sim... aí

valerá a pena salvar sua pele.” Deslizou os dedos rosto abaixo.

“Febre!” Baixou delicadamente a cabeça até o chão.

Saoirse saiu da caverna se escondendo nas sombras até

alcançar o riacho que corria mais abaixo. O céu antes estrelado se

iluminava com os raios e a promessa de um temporal era bem visível.

Encheu o odre, fez o caminho inverso apagando suas pegadas. Voltou

aflita e o encontrou se debatendo conforme sua temperatura elevava.

Molhou algumas tiras de linho, aplicou-as nos lugares apropriados,

sentou-se ao lado. Sem dúvida esta seria uma longa noite.

No meio da madrugada o céu desabou numa fúria

incontrolável. Saoirse acordou assustada ao descobrir que adormecera

e procurou a espada ainda caída ao seu lado, respirou aliviada,

reavivou a fogueira, aprontou mais uma tigela com o chá para a febre,

se aproximou e o encontrou acordado, tentando alcançar uma adaga

caída perto de uma rocha. A tigela foi ao chão, ela correu, capturou a

arma antes que ele a fizesse e o encarou. Um par de incríveis olhos

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verdes a observava confuso, piscando com dificuldade, mal se

mantendo aberto.

“É isso que quer?” Sacudiu a lâmina perto dele.

A mão antes esticada caiu sem forças sobre o solo,

acompanhada de um gemido de dor.

“Não consegue me entender, não é Lochlannach?” Ajoelhou-se,

pousou a adaga sobre a mão inerte e esperou. “Você realmente ficou

louca de vez Saoirse! Acaba de entregar uma arma para o inimigo!”

Resmungou.

Gunnar ouviu o comentário, sentiu o peso do cabo na mão e

reabriu os olhos com sacrifício. Mirou a lâmina, depois a mulher. Ela

era linda, longos cabelos ruivos, grandes olhos azuis, num corpo

esbelto e delicado, ornada por uma pele que parecia leite; nunca vira

alguém tão frágil e forte ao mesmo tempo. Sardas pontilhavam seu

rosto, assim como dois enormes hematomas, um perto de seu olho

esquerdo, outro em seu queixo. Suspirou condoído pela situação dela

e de seu povo; não aprovava escravos, pilhagens ou selvageria em

geral estava ali como imposição, o que o fazia de certa forma tão

vítima quanto ela. Ergueu a mão esquerda capturando com facilidade

o pequeno punho macio à frente.

Saoirse entrou em pânico quando os dedos dele se fecharam

ao redor de seu punho e foi puxada em sua direção. Fora idiota e

inconsequente em entregar-lhe meios de ser morta e agora pagaria por

seus atos, deixou escapar um pequeno grito, esperou pelo golpe que

não veio. Contradizendo tudo que sabia sobre os bárbaros, viu

quando a adaga foi depositada em sua mão aberta.

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Gunnar a forçou abrir a mão, depositou sua adaga na tenra

palma, pousou a própria mão sobre a dela, bem devagar para não

assustá-la.

“Está devolvendo sua própria arma para mim?!” Inclinou a

cabeça intrigada e perplexa. “Está se rendendo?!” A mão dele

queimava sua pele e a sensação não era bem provocada pela febre,

nem seu coração estava disparado pelo fato do toque do inimigo.

Ele sorriu quando notou que ela puxou a mão sem graça. Não

conseguiria mais manter os olhos abertos, mas antes que a nulidade

estendesse o manto sobre si, falou.

“Gunnar.” Bateu com o punho no peito.

“Saoirse.” Abriu um imenso sorriso pela primeira vez, depois

de um longo tempo de privações.

Gunnar se rendeu a inconsciência com a imagem do sorriso

mais deslumbrante que já vira até aquele momento.

***

Ormurinn langi, a Longa Serpente se encontrava ancorado fora

do alcance de flechas e lanças, escondido em uma parte da baía de

difícil acesso, a não ser por uma passagem escondida sobre um grupo

de rochas, graças aos olhos aguçados de Arne, cujo nome muito

apropriadamente significava águia. Rolf se aproximou da figura

parada tão estática ao lado da cabeça de serpente na proa, que mais

parecia fazer parte do ornamento. Torstein não se virou apesar de

saber que não se encontrava mais sozinho; acariciou os intrincados

trabalhos de entalhe que decoravam o pescoço do monstro, suspirou

irritado e relaxou um pouco.

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“Notícias?” Seus olhos continuaram vasculhando a linha da

orla, aflitos para enxergar a razão de toda a sua dor de cabeça.

“Steinear voltou com Ivar sem qualquer pista de Gunnar.”

Endireitou a capa na tentativa de se proteger melhor da chuva.

Torstein bufou irritado.

“Não sairemos daqui até que seja encontrado vivo ou...”

Fechou o punho.

“Nosso irmão está bem, eu sinto nos meus ossos.” Rolf

mirou as pedras da baía, agora difusas pela chuva que aumentara.

“Gunnar não é um guerreiro como somos Rolf; sabe como

atacar, se defender, mas nunca participou de uma incursão antes; não

deveria tê-lo deixado embarcar.”

“Gunnar não é mais uma criança Torstein. É um homem

desde os doze anos, às vezes esquecemos isso.” Notou as rugas de

preocupação do irmão mais velho e líder, quando se virou. “Sairemos

mais uma vez?”

“Sim, logo que amanhecer. Quero Knut, Inge, Arne, Steinear

e Ivar prontos. Você ficará e eu irei.” Sua voz soou rouca, estranha

aos seus ouvidos, depois voltou mais uma vez para seu posto ao lado

da serpente e esperou o irmão se afastar. “Thor!” Apertou o amuleto

pendurado em seu pescoço. “Ajude-me a encontrar Gunnar vivo, eu

suplico.” Esfregou delicadamente o pequeno Martelo de Thor coberto

por runas preso à tira de couro.

Um raio atingiu uma árvore não muito longe do barco.

Torstein virou-se naquela direção e um ligeiro sorriso de

agradecimento aliviou um pouco as rugas em seu rosto.

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***

Gunnar abriu os olhos para encontrar Saoirse deitada muito,

muito perto dele. A fogueira entregava seus últimos vestígios de calor,

a umidade da caverna aumentara consideravelmente com a chuva lá

fora, a temperatura despencara, forçando a garota a procurar pela

fonte de calor mais aprazível no momento: Ele. Uma mecha cor de

fogo caíra sobre seus olhos, ela mantinha um ar de criança travessa

dormindo, fazendo com que pequenas sardas se mexessem inquietas

ao redor de sua boca aberta. Ele esticou a mão, retirou com extremo

cuidado a mecha inconveniente a empurrando para trás da orelha

pequena, depois correu os dedos por seu rosto, traçando suavemente

a linha do maxilar até pousar o indicador sobre o lábio inferior,

percorrendo a superfície macia, o que acabou provocando uma

resposta indesejada de seu corpo.

“Heimskr! Fifl!ii Não se aproxime, não toque, não beije, não pense, não

fantasie, não nada! Ela é uma nativa, você um invasor, precisa descobrir o porque

dela não ter enterrado a adaga em seu peito quando teve oportunidade e

oportunidades não faltaram!” Pensou ainda com o dedo sobre a boca

rosada. “Tire o dedo, coloque sua boca...” A puxou para si vagarosamente

até encostar sua testa na dela. “Você cheira tão bem Elskling min...iii”

Sussurrou. “Por que cuidou de mim?” Esfregou carinhosamente a

ponta do seu nariz no nariz sardento, arrancando um pequeno espirro.

“Algum homem lhe espera? Algum que ainda esteja vivo? Pertence a

alguém?” Roçou sua boca na dela e quase perdeu a cabeça. “Merda!”

Se afastou com raiva rolando o corpo para longe, provocando uma

onda interminável de dor no ferimento da flecha e nos outros

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resultantes da surra que levou antes de fugir e ser atingido. Um grito

lhe escapou, acordando a garota de vez.

Ela sentou-se confusa como se não conseguisse se lembrar o

que estava fazendo ali ou o que havia acontecido, depois o encarou

sem jeito, levando sua mão à testa.

“Ainda com febre.” Resmungou levantando-se. “Já trarei seu

chá.” Se afastou em direção à fogueira para reavivá-la. “Preciso pegar

água.” Apanhou o odre no chão e congelou. Em dois segundos as

chamas foram apagadas, reuniu suas coisas e voltou para perto do

rapaz, apanhando a adaga no chão. Ele murmurou algo e ela pousou

sua mão livre sobre seus lábios.

“Tem gente na caverna!” Sussurrou. “Fique calado, vou

verificar.”

“Não!” Segurou o tornozelo dela, arrancando mais uma onda

de dor e um leve gemido.

Tarde demais, a luz de uma tocha se aproximou rapidamente

e três homens apareceram, provocando uma reação negativa em

Saoirse.

“Ei Alastor! Achamos Saoirse O Caoinmh!” Colman a

segurou forçando seu braço esquerdo para trás das costas, jogando a

adaga para longe.

Dolan se inclinou sobre Gunnar e o examinou curioso.

“É um maldito Lochlannach!” Puxou-lhe a capa com o broche

de ouro e notou o curativo. “A cadela O Caoinmh estava cuidado

dele, eu não acredito!” Acertou o ferimento com a ponta da bota,

tingindo de vermelho o linho antes imaculado.

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Alastor Ó Doinn apareceu rindo, a pegou da mão de Colman,

forçou sua cabeça para trás e beijou-lhe rispidamente.

“Se pode se esfregar no inimigo, pode servir para nossa

diversão também... Leve a puta para o acampamento e a amarre à

minha barraca.”

“E o Lochlannach?” Dolan pegou sua adaga.

Alastor se aproximou, puxou a espada da bainha e

atravessou-a exatamente no ponto em que o sangue escorria.

“Deixe o verme ai... Não vale a pena, está quase morto, não

irá durar muito.” Limpou a espada na roupa de Gunnar, passou por

Colman que segurava Saoirse, socou-lhe o rosto a fazendo desmaiar.

Assim que chegaram à boca da caverna, Colman jogou a

garota ao chão.

“Leve-a Dolan!”

“E por que eu?!” O rapaz virou-se irritado.

“Porque você é o...” Parou quando ouviram um som de metal

arrastado vindo do fundo.

Os três irlandeses se entreolharam surpresos; Gunnar se

aproximava trôpego, uma mão no ferimento outra no cabo de sua

espada, deixando um rastro de sangue para trás.

“Larguem a mulher!” Arfou.

“O verme fala nossa língua!” Alastor gargalhou. “E veio

defender a cadela!” Puxou a espada.

Um pouco mais abaixo Torstein balançou a cabeça sem

acreditar no que via, seu irmãozinho ferido seria massacrado e

precisava de ajuda. Sinalizou para os homens atrás dando ordem para