o assistente de direção 4

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o ASSISTENTE DE DIREÇAO CINEMATOGRÁFICA Pierre Malfille Procurando ampliar e preocupan- do-se cada vez mais com os rumos do mercado cinematográfico brasileiro, a Artenova/Embrafilme lança o "AS- SISTENTE DE DIREÇAO CINEMA- TOGRÁFICA", no qual se conjungam expoentes de várias especialidades como Karel Reisz, John Halas, o brasi- leiro Jorge Monclar e o próprio autor Pierre Malfille. Uma das metas prioritárias do tradutor foi a adaptação da obra à realidade cinematográfica brasileira, pretendendo oferecer mais recursos técnicos uma vez que, dentro da área, são poucos os livros encontrados sobre a temática, contendo poucas informa- ções ou fragmentários embasamentos teórico e prático. A luta do cineasta é grande e esta obra vem fortalecer caminhos abertos por vários diretores brasileiros, que realizaram filmes de carater competiti- vo internacional. O tradutor Jorge Monclar tem curso de especialização em assistente de direção pelo Instltute dês Hautes Etudes Cinematographiques, ministra- do em Paris, e um livro editado pela Artenova, cujas finalidades são tam- bém a de acrescentar e aprimorar os conhecimentos técnicos adquiridos por nossos diretores. Álvaro Pacheco editor

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  • o ASSISTENTE

    DE DIREAO

    CINEMATOGRFICA

    Pierre Malfille

    Procurando ampliar e preocupan-do-se cada vez mais com os rumos do mercado cinematogrfico brasileiro, a Artenova/Embrafilme lana o "AS-SISTENTE DE DIREAO CINEMA-TOGRFICA", no qual se conjungam expoentes de vrias especialidades como Karel Reisz, John Halas, o brasi-leiro Jorge Monclar e o prprio autor Pierre Malfille.

    Uma das metas prioritrias do tradutor foi a adaptao da obra realidade cinematogrfica brasileira, pretendendo oferecer mais recursos tcnicos uma vez que, dentro da rea, so poucos os livros encontrados sobre a temtica, contendo poucas informa-es ou fragmentrios embasamentos terico e prtico.

    A luta do cineasta grande e esta obra vem fortalecer caminhos abertos por vrios diretores brasileiros, que realizaram filmes de carater competiti-vo internacional.

    O tradutor Jorge Monclar tem curso de especializao em assistente de direo pelo Instltute ds Hautes Etudes Cinematographiques, ministra-do em Paris, e um livro editado pela Artenova, cujas finalidades so tam-bm a de acrescentar e aprimorar os conhecimentos tcnicos adquiridos por nossos diretores.

    lvaro Pacheco editor

  • O ASSISTENTE

    DE DIREAO CINEMATOGRFICA

  • Em convnio com a EMBRAFILME

    Copyright 1970 Pierre Malfille/IDHEC Copyright da edio brasileira 1979 Editora Artenova S/A

    Traduo de Jorge Monclar Reviso de Jorge Uranga e Paulo Roberto Uranga

    Capa de Eugnio Hirsch

    Reservados todos os direitos. Reproduo proibida, mesmo parcial, sem expressa autorizao da Editora artenova S/A

    PIERRE MALFILLE Diretor de Cinema e Televiso

    graduado pelo l DHEC e ex-professor do mesmo Instituto

    O ASSISTENTE DE DIREfiAO CINEMATOGRFICA

    4? Edio

    traduo e adaptao de Jorge MONCLAR

    Instituto de Altos Estudos Cinematogrficos RuaChamps Elyses, 92

    Paris Franca

    ccBtora artenova S | Composto e mprvsso no Brasil Prnted in Bruil

    editora artenova S riu ipitlo atxjala ctiam*. 25 U.. 23S-S198 / 24B~Sy67 . rio dep. joriulutico d*p. grfico

    dep. rdiioriil iludia de iru

  • CINEBIBLIOTECA EMBRAFILME

    VOLUMES PUBLICADOS

    FILME E REALIDADE Alberto Cavalcanti, 1977

    CENOGRAFIA E VIDA EM FOGO MORTO Rachel Sisson, 1977

    MERCADO COMUM DE CINEMA (uma proposta brasileira

    aos pases de expresso portuguesa e espanhola), 1977 A TCNICA DA MONTAGEM CINEMATOGRFICA

    Karel Reisz e Gavin Millar, 1978 HUMBERTO MAURO:

    SUA VIDA, SUA ARTE, SUA TRAJETRIA NO CINEMA (Depoimentos sobre a riqueza da filmografia maureana e sua importncia na moderna cultura brasileira), 1978

    O CINEMA EM FESTIVAIS E OS CAMINHOS DO CURTA-METRAGEM NO BRASIL

    Mriam Alencar, 1978 LEGISLAO DO CINEMA BRASILEIRO (Vols. l e II), Alcino Teixeira de Mello, 1978

    MACUNAl'MA:DA LITERATURA AO CINEMA Helosa Buarque de Hollanda, 1978

    MINHAS MEMRIAS DE CINEASTA LuizdeBarros, 1978 A EXPERINCIA

    BRASILEIRA NO CINEMA DE ANIMAO Antnio Moreno, 1978

    BIBLIOGRAFIA DE CINEMA (Catalogao do acervo bibliogrfico da Embrafilme), 1978

    MANUAL DO ASSISTENTE DE CMERA Jorge Mondar, 1979

    MINISTRIO DA EDUCAO E CULTURA

    Ministro PROFESSOR EURO BRAMDAO

    Diretor Geral Do Departamento de Assuntos Culturais

    PROFESSOR MANUEL DIEGUES JNIOR

    EMPRESA BRASILEIRA DE FILMES S/A EMBRAFILME

    Diretor Geral ROBERTO FIGUEIRA DE FARIAS

    Diretor Administrativo ANTONIOSRGIO LOUREIRO

    Diretor de Operaes No-Comerciais LEANDRO GES TOCANTINS

    EMBRAFILME Diretoria de Operaes Nao-Comerciais

    Departamento de Documentao e Divulgao Av. 13 de Maio 41/l49andar - Rio de Janeiro

  • l NDICE

    tf Parto: Aspectos Gerais - Descrio da funo do Assistente de Direcao Captulo l Advertncias iniciais e objetivos da obra Capftulo II Apresentao da f uno do 19 Assistente

    de Direcao Captulo III Dificuldades da limitao das funes do

    Assistente de Direcao Captulo IV - A profisso de Assistente de Direcao:

    Resumo histrico O assistente na equipe Sua relao com o diretor do filme Principais qualidades de um bom Assistente de Direcao Formao de Assistentes Mercado de trabalho

    Captulo V Panorama das atividades do Assistente de Direcao na ps-produo de um filme. Perodo de preparao e da contratao do assistente O assistente durante as filmagens O assistente na ps-produo

    /c/Vfrffl: Estudo detalhado dos aspectos ou documentos mais Impor-tantes do trabalho de um Assistente de Direcao Captulo l Uma jornada de trabalho de um Assistente

    de Direcao durante as filmagens.

  • Antes do incio das filmagens Durante as filmagens propriamente ditas Aps um dia de filmagem Problemas particulares de filmagens exter-

    PREFACIO

    nas

    Captulo II - O detalhamento Definio. Qualidade de um bom detalha-mento Estudo detalhado dos 4 principais docu-mentos de um detalhamento Resumo da ao Lista geral das locaes Detalhamento por locao e cenrio Lista das roupas por ator e personagens Como se realiza um detalhamento Que recebe um detalhamento e utiliza-o na equipe Outras formas de detalhamento

    Captulo II l - O plano de trabalho Algumas ressalvas sobre a elaborao de

    um plano de trabalho O plano de trabalho e as fichas tcnicas

    Captulo IV - A folha de servio Ressalvas sobre adaptao l DHEC da folha de servio e do plano de trabalho

    Captulo V

    Captulo Vt

    CaptuloVIM- A figurao

    Bibliografia

    O aparecimento deste segundo "manual" (o primeiro foi o de assistente de cmera) vem comprovar nossa preocupao de oferecer aos que trabalham no cinema brasileiro opes, caminhos, especiali-dades vrias: desde a Histria, Esttica, Poltica, Crtica, Filo-sofia Artstica, aos assuntos essencialmente tcnicos. Nestes se incluem: "A Tcnica da Montagem Cinematogrfica", de Karel Reisz, "A Tcnica do Cinema de Animao", de John Halas, ''Manual do Assistente de Cmera", de Jorge Mondar, e, por ltimo, "O Assistente de Direo Cinematogrfica", de Pirre Ma ffifl, traduo e adaptao a situaes brasileiras, de Jorge Mondar.

    Pela primeira vez, entre ns, tenta-se estabelecer uma bibliografia especializada, em selecionamento de ordem prtica, objetiva, para que o cineasta brasileiro aperfeioe sua viso, seu conhecer, seu sentir, seu trabalhar. Na verdade, representa nossas preocupaes com os destinos da arte cinematogrfica brasileira como arte, como cultura, como indstria, como comrcio.

    Nem s de po vive o homem dizem os Evangelhos. E nem s de arte pode viver o cinema. No ser arbitrria a afirmao, porque o cinema, como o entendemos, e outros pases, de economia forte, enten-dem do mesmo modo, um instrumento hbil na movimentao de recursos. Alm de seu peso social, cultural, de pronta comunicao, tem 3 sua grande importncia na gerao de rendas, e precisa, assim, de uma justa considerao para encar-lo tambm na estrutura econmica e fi-nanceira do pas.

    So as fronteiras: a arte, a cultura, a educao social, o econmico, onde no deve haver choques nem retraimentos no terreno cinema-togrfico. Fronteiras de atraes, nunca de repulso.

    Este o ritmo de comportamento que marca a ao do Estado, em seu papel de estimular, conciliar, cooperar, jamais interferir na cria-

    11

    A ficha de locao "Exteriores"

    A ficha de ator

  • co artstica. Se/a ela qual for. Ritmo de comportamento que sempre desejamos manter integro em nossa ao frente de responsabilidades administrativas na EMBRAFILME.

    A traduo de "O Assistente de Dreco Cinematogrfica", com o devido consentimento do Institute ds Hautes tudes Cinmatographi- ques, est entregue ao cineasta (e admirvel fotgrafo) Jorge Mondar, que, por sinal, foi aluno do IDHEC e nos aconselhou a edio em lngua portuguesa. Jorge Mondar, alm de traduzir a obra, adaptou-a s condi-es brasileiras, pois ela faz parte do currculo profissionalizante do IDHEC.

    Por coincidncia, visitamos o IDHEC, em Paris, no ms de novem-bro passado, sob o patrocnio do /tamaraty. L estivemos observando, analisando e aprendendo.

    No IDHEC h cursos regulares para estudantes, com um curr-culo definido em dois campos distintos: o da formao de atores para o cinema e o da formao de tcnicos. Alm de organizar cursos notur-nos para operrios de cinema que desejam ascender a um posto de tcnico, cursos de aperfeioamento para os prprios cineastas e tambm para os professores de liceus, interessados no cinema.

    Ouvimos de um de seus diretores, durante a visita, em companhia do Conselheiro da Embaixada do Brasil, J. Villa Lobos, que a postura do IDHEC vai alm da formao profissional: ele procura exercer em Franca uma irradiao cultural por intemdio do Cinema. E enfatizou: a dupla misso de formar novos tcnicos, novos artistas e de assegurar uma inteligente propaganda a favor da Stima Arte.

    Verificamos que as tarefas que pretendamos dar ao CENTRO-CINE (Fundao Centro Modelo do Cinema), por ns redigido em anteprojeto na Comisso Interministerial, mas posto de lado por ser desaconsethvel, naquela ocasio, quase se ajustam s do IDHEC. Alis, chegam a se identificar em princpios gerais, que foram incorporados ao anteprojeto da EMBRAFILME, tambm por ns redigido e relatado, princpios dos quais resultou a atual Dretoria de Operaes No-Co-merciais.

    H, na Franca, como tambm propusemos aqui, uma cooperao do IDHEC com cinematecas, cinedubes, instituies culturais, re-sultando numa saudvel poltica global de cinema.

    Esperemos que, em breve, ressuscite a ideia da criao do CEN-TROCINE, adaptado aos tempos novos que comeamos a viver, quando o prximo Governo Federal inteligentemente compreendeu o valor e a necessidade de uma Comunicao Social ajustvel aos fatores psicossociais deste continente Brasil, to essencialmente longe e vrio em suas expresses regionais. Comunicao social nem de longe naquele molde propagandstico, ufanfstico e at em distores polticas. Afinal, coisas estas passadas e enterradas. 12

    O cinema, comunicao social por excelncia, dentro de um com-plexo de arte e de tcnica de expresso, um instrumento de cultura, de educao, de boa informao. Ele rene parte do capital criativo da Nao. Atinge de modo direto o pblico, produz o impacto da imagem sensitiva. Da sua magna importncia no contexto poltico e social de um pas.

    Por isso, quando entrvamos em contacto com o Instituto Luce, em Roma, espcie de IDHEC italiano, vimos em grandes letras a defi-nio da lei nacional: "O cinema meio de expresso artstica, educa-cional, cultural e de comunicao social".

    Depois de excursionarmos em maratona cultural pela Itlia, Franca e Alemanha, vendo, ouvindo, observando instituies culturais cine-matogrficas, fortaleceu-nos a convico de que o Brasil no est to aqum das attvidades l desenvolvidas.

    Temos iniciativas que, ainda, modestas, nos do o melhor cunho filosfico em matria de desenvolvimento cultural e educacional cine-matogrfico. Uma das provas, entre tantas outras, a lista de obras que compe a Cl N E BIBLIOTECA EMBRAFILME. A essa lista incorpora-se, agora, um livro essencial: "O Assistente de Dreo Cinematogrfica".

    LEANDRO TOCANTINS

    13

  • APRESENTAO

    Com os meus companheiros da Comisso de Tcnicos de Cinema, atravs de nosso rgo de classe, o Sindicato dos Artistas Tcnicos em Espetcuos e Diverses do Rio de Janeiro, procuramos fortalecer o cinema brasileiro na sua luta de sobrevivncia perante a invaso em massa do cinema internacional que no deixa lugar para a expresso de nossa cultura. O fortalecimento deste cinema, ao nosso ver, deveria ser atacado em duas frentes. No mbito mais geral uma defesa poltica do nosso cinema lutando com as outras entidades que trabalham pelo cinema na defesa do mercado de exibio para o filme nacional, o curta-me-tragem, o espao para formao de novos valores e de manuteno de um cinema cultural, sem ob/etivos puramente comerciais. Por outro lado para realizarmos filmes em nvel de competio com o produto importado que realiza um "dumping" em nossa produo necessrio manter o nvel de formao profissional para que possamos elaborar um produto cultural bem acabado e resistir na competio comercial que se estabelece com o produto importado. No fabricar um similar nacional mas um com elementos que possam resistir a essa invaso. Esse problema s poderia ser atacado procurando realizar cursos de formao profissional onde as informaes fossem dadas pelos profissionais que militam na realidade concreta de nosso cinema. Juntamos nossos esforos aos da Empresa Brasileira de Filmes S/A atravs da sua Diretoria de Operaes No-Comerciais e estabelecemos um programa para esses cursos, sobretudo nas reas mais deficitrias da mo-de-obra. Em seguida constatamos quanto a literatura em lngua portuguesa sobre o assunto era minguada e como isto elitizava o nosso cinema. Este livro a traduo df? um livro de Assistente de Direo do Instituto de Altos Estudos Cinematogrficos adaptado ao nosso processo de produo e o resumo /O.Y encontros dos profissionais de nosso cinema durante o Curso de Assistente de Direo realizado em 1978. Esperamos que nosso esforo

    15

  • se/a co-empreendido por todos os que amam o cinema como atividad, os que dele vivem profissionalmente e para todos os que defendem o cinema nacional como meio de expresso democrtica de nosso povo,

    Jorge Mondar Tradutor e adaptador da obra

    16

    Aspectos Gerais Descrio da Funo

    do Assistente de Direb

  • CAPITULO l Advertncias iniciais e objetivos da obra

    Ns trataremos aqui essencialmente do IPAssistente de Direo das grandes produes, na produo francesa atual, supondo que ele o nico Assistente de Direo do filme.

    Diremos ento que: a) 1? Assistente NICO: o 19 Assistente nico torna-se feliz

    mente cada vez mais frequente. Trabalhando com ele um segundo ou mais assistentes estagirios. evidente que o 19 Assistente se encarrega e o responsvel pela diviso de suas obrigaes com estes colaboradores. Mais adiante de monstraremos quais dessas obrigaes so normalmente confiadas aos demais assistentes.

    b) Ns definiremos apenas o Assistente de Direo do longa- metragem porque no caso do curta-metragem suas tarefas so muito imprecisas para que se delimite numa definio. O Assistente de Direo em filmes de curta metragem ocupa efetivamente uma funo mais simples pois todos os proble mas se apresentam numa escala mais reduzida mas ao mes mo tempo mais envolvente pelo fato de acumular (nesse ti po de filme) mais funes, tendo em vista ser uma equipe mais reduzida. Ele torna-se s vezes Assistente de Direo, Contra-Regra e Guarda-Roupa, um pouco cengrafo, Dire- tor de Produo, Continufsta. . . e em alguns casos Fotgra fo, Maquiador ou mesmo maquinista! No entanto, ns esta mos convencidos que as indicaes aqui fornecidas para o Assistente de Direo do filme de longa metragem so per feitamente vlidas para os Assistentes de Direo em filmes de curta metragem. Elas podem servir de base para as fun es propriamente ditas de "Assistente" no seu trabalho,

    19

  • c) O 19 ASSISTENTE NA PRODUO ATUAL FRANCESA: efetivamente, estas consideraes so vlidas para outros pases, sobretudo os europeus, que possuem sensivelmente o mesmo tipo de produo. Mas existem tambm os pases onde a diviso das responsabilidades um pouco diferente; e "atualizadas", pois, sabe-se, o cinema est em perptua evo-luo. Por exemplo, notamos particularmente de uns anos para c que certos filmes utilizam equipes mais leves dando maior mobilidade tendo em vista o rendimento do filme, em funo do tema. Percebe-se tambm o aumento gradual de filmagens em exterior e locaes naturais em relao s realizadas em estdio.

    CAPITULOU Apresentao da funo do Assistente de Direo

    Definio:

    Como definir o Assistente de Direo? Robert Edward Lee, em "Silncio, rodando!"1 denomina "o ho-

    mem de ligao da produo". E acrescenta que "o assistente pratica-mente o responsvel por tudo o que acontece no local de filmagem, exce-to da direo de atores propriamente dita e do estilo de interpretao dos atores principais".

    "Atrasos de qualquer origem, interrupes das filmagens, falhas dos equipamentos ou humanas, erros de roupas ou maquiagem, atrasos nas locaes, pequenos papis ou figurantes incapazes de realizarem o que a eles solicitamos: no importa qual o esquecimento cometido por qualquer pessoa, recaem todos nas costas do Assistente".

    Apesar de fora de moda podemos aqui repetir que muitas de suas atribuies so um tanto quanto militarizadas. Da o aspecto delicado, complexo e ingrato do trabalho de Assistente de Direo e a dificuldade de uma definio precisa de sua funo.

    A conveno Coletiva de Trabalho , por seu lado lacnica. EJa diz somente: "O 19 Assistente de Direo auxilia o Diretor na preparao e na realizao artstica do filme. Ele est subordinado diretamente ao diretor do filme". Ns propomos aqui uma definio um pouco mais completa: DEFINIO: O Assistente de Direo , como o seu nome indica, o co-laborador imediato do Diretor que lhe assiste do triplo ponto de vista material, tcnico e artstico durante a preparao e filmagem. Mas tambm, antes de tudo, o homem de ligao e de coordenao entre a Direo de um

    Edies Payot- 1938. 21

  • lado, a Produo e o conjunto da equipe do outro lado. Seu papel prever, organizar e pr em execuo tudo que necessrio para criar as condies de trabalho as mais favorveis possveis para a direo e realizao do filme. Esta definio sublinha o lado da "organizao do

    trabalho" que no parece ficar muito evidente no prprio ttulo do Assistente de Direo. Efetivamente, como percebeu Ren

    LEPROHONI:2 "na medida onde sua competncia real, o assistente parece convocado a assumir cada vez mais tarefas at ento reservadas a

    Produo e notadamente ao Diretor de Produo."

    CAPITULO III Dificuldades da limitao precisa das funes do Assistente de Direo.

    No cinema, existe, no nvel da diviso das responsabilidades, dois tipos tcnicos:

    a) os que se ocupam de funes tcnicas mais especializadas, com limites bem determinados: eles realizam um trabalho, que o tema se renova de um filme para outro, mas que sem pre ser idntico o campo de atuao e interveno e que ningum poder dificultar ou intervir. o caso por exemplo do Diretor de Fotografia, do operador de cmera, do ma- quiador, do tcnico de som, do fotgrafo de cena. ..

    b) aqueles que a funo tcnica tem sua atividade mais amplia da do ponto de vista responsabilidades. Existem entre as fun es vizinhas e sua prpria atividade numerosas possibilida des de interferncia. Por esta razo (o Assistente de Direo o tipo especfico dessa 2a. categoria) o limite de suas res ponsabilidades bem elstico e varia de filme para filme.

    Cada equipe necessita entre seus membros de um equil-brio que lhe prprio e que resulta da interaco de um com outros de diferentes personalidades que as compe. Cada equipe um caso particular onde a frmula de trabalho determinada pelo que podemos chamar de "relaes de foras presentes".

    4 "Los mille et un mtiers du cinema" (Meloj, 1947)

    22

    FRMULA DA "RELAO DE FORAS" ENTRE OS MEMBROS DE UMA EQUIPE DE UM FILME

    Tomemos como exemplo um caso evidente: o filme em que o Di-retor por princpio, por definio, "o criador da obra" e o criador ar-tstico do filme. Efetivamente seria ele sempre isto? Entre outras quali-

    23

  • dades, o verdadeiro Diretor deve conseguir contrabalanar um certo n-mero de foras exteriores que tendem naturalmente a dificultar cada qual por seu lado suas funes. Ora, mesmo que o Diretor, por uma razo qualquer, no exera o peso suficiente para se impor realmente, e que diante dele trabalhe com pessoas mais preparadas (por exemplo: um produtor intransigente, com ideias fixas, ou um autor invasor), o equil-brio, que a base da diviso das responsabilidades-padro, rapidamente rompido em benefcio de um outro equilbrio prprio a esta equipe e que influenciar consideravelmente sobre as caractersticas do trabalho de cada um. assim, segundo por quem ele se deixar dominar (pelo produtor, pelo autor literrio ou os atores), o Diretor pode, de criador responsvel, ser levado no caso extremo, a um simples empregado de fabricao comercial, ou a funo de tradutor tcnico annimo de um romancista, ou ainda aquele que valoriza uma vedete. A profisso de di-retor to rica e extraordinria pode ser diminuda, empobrecida se rea-lizada sob forma truncada, segundo frmulas e acomodaes. Em outros aspectos o trabalho do Assistente de Direco muito se assemelha de um filme para outro.

    Principais fatores que alteram as responsabilidades de um Assis-tente de Direco:

    Como afirma precisamente Pierre LEPROHON1 a propsito do Assistente de Direco: "Esta profisso vai do melhor ao pior segundo o interesse que lhe atribui o Diretor do filme" e acrescentemos "e a qualidade desta pessoa que desempenha tal funo".

    Efetivamente dois fatores principais influenciam a determinao da rea e a importncia efetiva do Assistente de Direco:

    a) a confiana que lhe deposita o Diretor (que na maioria das vezes ele mesmo que escolhe o seu assistente)

    Ela resulta de um recproco entendimento (mtodo de trabalho, afinidades comuns, personalidades coincidentes) e tambm a maneira co-mo o Assistente demonstrar suas qualidades pessoais.

    b) A verdadeira competncia do Assistente de Direco que o levar no somente a obter a confiana do seu diretor e de toda a equipe, mas tambm a da produo com a qual ele deve constantemente e estreitamente colaborar. Se ele realmente competente, a produo perceber as vantagens de lhe permitir grande parte da iniciativa de organizao, em funo dos imperativos da direo e que ele o melhor situado para saber os detalhes de organizao material do trabalho. a condio sine qua non da total atuao da funo do Assistente de Direo. Acrescentemos a isto que

    "Ls rnilleet un mtiers du cinema" (Ed. Melot, 1947)

    24

    inicialmente um acavalamento bem normal das responsabi-lidades do Assistente de Direo com as funes vizinhas se dar.

    Particularmente.quais so? 1) com o Diretor: Certos diretores que depositam uma imensa

    confiana em seu Assistente de Direo podem em certas situaes transferir-lhes suas prprias responsabilidades. Por exemplo: frequente-mente, a filmagem de planos secundrios (planos de ambientao ou si-tuao, detalhes, inseres etc.). E nos filmes com figurao, sobretudo nas grandes figuraes, comum que o Assistente de Direco assuma, nos planos de fundo onde se realiza a ao dramtica principal uma verdadeira direo dos elementos secundrios (evidentemente em har-monia com as intenes gerais do diretor). Em certos casos, onde o diretor mais autor que tcnico, o assistente assume essa deficincia ou complementa este trabalho que uma das prerrogativas do diretor. Ele pode mesmo nesta situao ser chamado a atuar como um "conselheiro tcnico" (oficial ou oficiosamente). Nestes casos as responsabilidades so um pouco deslocadas e o 29 Assistente assume um papel mais importante atuando onde o l P Assistente de Direo deveria faz-lo (e o assistente estagirio passa ento a receber o ttulo de assistente de direo).

    Enfim, em casos excepcionais, o Assistente poder ser chamado (e isso poder ser a chance de sua vida) a continuar o trabalho de um filme em curso onde o diretor afastou-se (por doena ou qualquer imprevisto) e assumindo assim o lugar do diretor. O Assistente de Direo ideal deve poder eventualmente substituir o seu diretor.

    2) Com a continusta A colaborao do Assistente de Direo e a continusta perma-

    nente tanto durante o perodo de preparao (detalhamento, pr-mi-nutagem, previso de equipamentos tcnicos, pesquisas.. .) como durante a filmagem propriamente dita (problemas de encadeamento tcnico, continuidade de acao dramtica, figurao, sons ambientais, acces-srios de cena). Suas preocupaes so quase sempre comuns ou paralelas e o bom entendimento tradicional entre o Assistente de Direo e a Continusta umelemento importante para o bom andamento do filme. Alis, um boa continusta deve estar suficientemente informada do trabalho do Assistente de Direo, a recproca verdadeira e o bom Assis-tente deve poder em caso de ausncia (curto afastamento: doena) subs-tituir momentaneamente a continusta.

    b) No setor administrao produo

    certamente nesta rea que o problema de acavalamento das res-ponsabilidades se apresentam mais concretamente.

    25

  • 1} Com o Diretor de Produo: o acavalamento se d quando se realiza o "detalhamento" e tudo que toca a elaborao do "plano de trabalho" e a organizao da filmagem.

    2) Com o cengrafo, contra-regra e seus auxiliares: igualmente na elaborao do "plano de trabalho" que se misturam

    as funes, sobretudo no "detalhamento", na escolha dos atores de segundo plano, pequenos papis e figurao e certos elementos mate-riais especiais para a direco {escolha de accessrios importantes para a construo dramtica) OLJ ainda nas visitas e procura de locaes e pre-parao dos exteriores (condies materiais de hospedagem e de filma-gem etc.).

    Tudo isto permite compreender as variaes bem desconcertantes que observamos com frequncia de uma produo a outra relativas s responsabilidades das quais se incumbem os Assistentes de Direco.

    No caso extremo, as responsabilidades podem ser imensas. Sua responsabilidade pode ser reduzida ao mnimo quando o Diretor, o Di-retor de Produo, o Contra-Regra.. . que tm a tendncia de absorver em suas funes uma parte mais ou menos importante das funes do Assistente de Direco

    Eis porque difcil definir precisamente uma vez por todas de maneira rgida as responsabilidades-padro do Assistente de Direco. Mas, face a este equilbrio de responsabilidades que se cria em cada pro-duo e que ns acabamos de explicar, uma das qualidades primordiais do Assistente de Direco ser de se adaptar e ser capaz de dosar o peso das coisas em qualquer circunstncia. Alis, se ele realmente compe-tente e para que ele saiba se fazer ao mesmo tempo simptico e eficiente, o Assistente conseguir logo se impor, e sentir o apoio quando lhes so confiadas as mximas responsabilidades. o que ns suporemos em todo o caso para o estudo que faremos aqui. Sobretudo porque normal que cada profissional apresente sua especialidade sob o seu aspecto o mais completo e tambm bom lembrar a expresso popular "quem tudo faz, pouco faz.. ."

    P.S. De qualquer maneira no nos devemos impressionar que nas, con-dies apresentadas, entre as diversas funes desenvolvidas segundo seu fator mximo de atuao, existam (nas matrias de uma escola de cinema por exemplo) certos acavalamentos de atividades reproduzindo na-turalmente o que ocorre na produo.

    por isto, para apenas citar um exemplo, que o "plano de trabalho" ser abordado e explicado nas aulas de Assistente de Direco, Dire-de Produo ou mesmo de Cengrafo {ordem de construo dos cenrios).

    26

    CAPITULO l V A Profiasffo do Assistente de Direco

    l -RESUMO HISTRICO:

    A funo Assistente de Direco no daquelas que se imps de uma maneira evidente desde o incio do cinema (como foi a de operador de cmera),

    Nas pocas hericas, tudo conduzia a duas reas comportando cada uma um responsvel: a de direco artstica {roteiro, direco de atores e os atores propriamente ditos) e a da imagem. Para todo o resto, ou os dois responsveis se encarregavam eles mesmo de realizarem, ou ento eles comandavam sem que existisse nenhuma regra precisa sobre isso aos seus colaboradores, "pau para toda obra", que podiam se ocupar tanto da maquiagem como da construo dos cenrios, sem falar da colocao dos mveis ou da procura de atores e figurantes: o todo alis ainda muito ligado aos mtodos teatrais.

    Depois, pouco a pouco, os Diretores se habituaram a trabalhar com a ajuda de um colaborador nomeado mas se tratava efetivamente de um "brao direito", de um secretrio particular que de um Assistente de Direco tcnico tal qual se concebe nos dias de hoje.

    A complexidade crescente da tcnica cinematogrfica conduzia progressivamente a uma especializao cada vez mais acentuada. A apa-rio do cinema sonoro no incio dos anos 30, com todas as complica-es tcnicas que o som traz, fez desaparecer definitivamente os que po-diam ainda subsistir dos primitivos mtodos artesanais, ou familiares de produo cinematogrfica, e fez deslocar o Assistente da rea das secre-trias, quase sempre "ajudante submisso", a de um verdadeiro colabo-rador tcnico. Ento se estabeleceram as funes oficiais do cargo de Assistente ou mais habitualmente, como no momento atual, o Assistente de Direco.

    27

  • - O ASSISTENTE NA EQUIPE

    De uma maneira esquemtica, a produo de um filme supe a reunio de 7 categorias de servios ou colaboradores (ver o quadro). A Administrao O produtor e seus financiadores

    Os servios Administrativos e de contabilidade contratados fixos na produtora.

    O distribuidor (em regra geral co-produtor} O agente de publicidade (quase sempre ligado

    ao distribuidor) B os Autores roteiristas, adaptadores, dialoguistas a quem

    devemos acrescentar o diretor do filme que inspira e coordena o con

    junto do trabalho apoiando-se no roteiro o autor da msica original

    Salvo o que compete evidentemente ao Diretor, o Assistente de Direo em princpio pouco tem a fazer com essas duas categorias. Ha-bitualmente para o Administrador os contactos so feitos pelo interme-dirio da Direo de Produo. Algumas vezes, o Assistente de Direo pode manter contacto direto com o agente de publicidade (fotos, docu-mentos, anedotas, jornalistas). Quanto aos autores literrios e o msico o Assistente de Direo trava conhecimento e tem um contacto atravs do Diretor do Filme.

    4) Cenografia - Cengrafo ou Diretor de Arte. Assistente de Cenografia, Desenhista, Maquetista, Contra-Regra, Tapetei- ro, Decorador, Contra-Regra de Externa. (Os 4 ltimos tra balham diretamente com a Produo atravs do Produtor Executivo).

    5) Som Tcnico de som, microfonista. 6} Montagem montador, assistente de montagem.

    Existem outros dois subsetores: 7) Guarda-Roupa (ligado ao Cengrafo) Tem uma funo mui

    to importante nos filmes histricos, comdia musical ou fico cientfica etc.. . .; figurinistas (criador de roupas), costureiras e guarda-roupeiras (no caso onde esta ltima trabalhe s filmes sem roupas especiais elas esto dire tamente ligadas aos Diretor de Produo e ao Cengrafo).

    8) Maquiagem (ligado ao Diretor de Produo sobre o plano administrativo e ao Diretor de fotografia no nvel tcnico- artstico) Maquiador - Maquiadores auxiliares, cabeleireiros e peruqueiros.

    Nesta categoria "Equipe Tcnica", o Assistente de Direo como se desenvolveu na definio tem um papel importante de ligao e coor-denao no seio da equipe tcnica, com uma ligao com todo os seto-res tcnicos.

    C A Equipe Tcnica

    So os tcnicos da equipe de filmagem que comporta ela mes-ma 6 setores (cada um deles sob a direco de um responsvel geral) e um ou dois subsetores ou cargos auxiliares.

    1} Direo Diretor. Assistente de Direo, Continusta. o setor ao qual pertence o Assistente de Direo e ns voltaremos a falar e desenvolver.

    2) Administrao Produo Diretor de Produo (Admi nistrador de Produo), Produtor Executivo, Assistente de Produtor Executivo, Secretrio de Produo, Caixa-Conta- dor.

    3) Imagem - Diretor de Fotografia - Operador de Cmera, Assistente de Cmera (foguista), 29Assistente de Cmera - Agente Tcnico de ligao com o laboratrio e o Fotgrafo de Cena {que est tambm vinculado ao Diretor de Produ o), alm dos subsetores Maquinistas e Eletricstas.

    28

    D O Pessoal do Estdio (Operrios):

    1) Operrios de Montagem a) Marcenaria: Carpinteiros, Carpinteiros especializados (esca

    das, esquadrisas etc.). Marceneiro especialista em mveis de poca.

    b) trabalhadores em gesso c) escultores e pedreiros d) pintores (a pistola, letristas de cenrios) e) Maquinistas de montagem de cenrios

    Todos estes operrios dependem do estdio e sb contratados pela produo. Eles esto a servio do Cengrafo.

    f) Eletricista de equipamentos do cenrio: passarelas ou pon tes (dependem igualmente do estdio mas sob a superviso do Diretor de Fotografia).

    N.B. Todos estes operrios esto em princpio em parte ou no em contato direto com o Assistente de Direo.

    29

  • 2) Operrios de Filmagem:

    Eles esto em contacto permanente com a equipe de filmagem da qual eles fazem parte e esto em relao constante com o Assistente (so-bretudo os maquinistas)

    a) Maquinistas: Chefe Maquinista, Maquinista auxiliar. b) Eletricista: Chefe Eletricista, Eletricista ( disposio do

    Diretor de Fotograria}

    E A Interpretao: Todos os atores do filme, atores principais aos figurantes. O Assistente de Direco est em contacto permanente com todos e rnais diretamente encarregado das silhuetas e figurao.

    F Os Vendedores ou Locadores de Equipamento e Materiais:

    Negativo, Crnera, Estdio, Auditrio, Mveis, Accessrios etc. . . . Em princpio sem relao com o Assistente de Direco.

    G Laboratrios: (trabalhos e tratamentos da pelcula de imagem e som)

    Em princpio sern relao com o Assistente de Direco. O Assistente de Direco pertence ento Equipe Tcnica ligado

    ao setor de Direco Artstica que est assim composta: O Diretor Alma da equipe e criador do filme, o seu encargo est

    assim definido pela Conveno Coletiva: Colaborador contratado pelo Produtor sua atividade tem incio quando adapta cinematografica-mente sobre o ponto de vista artstico e tcnico um tema. Elabora o de-talhamento tcnico desta adaptao. Ter a responsabilidade de determinar as tomadas de imagem e som, da montagem e da sonorizao do filme, segundo o que determinou no roteiro e no detalhamento tcnico e no plano de trabalho estabelecido em comum acordo com o produtor.

    19Assistente de Direco (que j definimos) 29Assistente de Direco que a Conveno Coletiva diz

    laconica-rnente: "Ajuda o IPAssistente de Direco em todas as suas funes."

    39Assstente de Direco (raro: existe somente em grandes pro-dues)

    Os Assistentes Estagirios. Oficialmente somente h^ um (assalaria-do) mas de fato ocorre haver dois, trs, quatro ou mais. . . Suas respon-sabilidades e encargos so relativos a sua capacidade de realiz-los.

    A Continusta Hierarquicamente depois do Diretor do Filme e o Assistente de Direco ela que est posicionada, acima mesmo do 29

    Aii l i t into do Dlrelo. A Conveno Coletiva a define: "Auxil iar do Diiitt ...... ( |< i Ihi i- iur di- l'ro(lu(;ao. TUi t:onlroki ;i continuidade do Filme (relao antre os planos) e estabelece essa mesma continuidade a tudo que compe a locao filmada. Faz o relatrio artstico dirio (para montagem) e administrativo (gasto de negativo, rendimento e planos rodados etc.. .}.

    I l l - A COLABORAO DO DIRETOR -ASSISTENTE DE D1REAO

    Pareceria que a frmula ideal seria a constituio e uma corrente permanente, homognea e eficaz porque so consequncia de afinidades comuns e de uma confiana recproca e que o rendimento crescer de filme para filme. Algumas vezes isso acontece e d excelentes resultados. Mas, infelizmente, no sempre possvel e no acontece de maneira regular e sistemtica. A causa principal que o Assistente de Direco necessita de um ritmo de trabalho trs vezes maior do que o Diretor. Se um Diretor faz em mdia um filme por ano, o Assistente de Direco necessita fazer ao menos trs. Ora, ento acontece frequentemente do Assistente no poder dispor das datas para os filmes desejados. E, em alguns casos, ele exerce presses externas ao Diretor: quando por exemplo ele imposto no filme.

    Mas, uma coisa certa, quando o Diretor forma sua equipe com o seu Assistente e que ele tem plena confiana nele, o trabalho do Assistente de Direco se enriquece de maneira extraordinria: o diretor pode lhe pedir conselhos ou sugestes sobre seus prprios problemas de dire-o e faz-lo participar. O papel do Assistente ento se duplica de auxiliar e de conselheiro.

    IV-PRINCIPAIS QUALIDADES NECESSRIAS PARA FORMAR UM BOM ASSISTENTE

    Quais so as qualidades que merecem ser sublinhadas entre as que podem delinear como o retraio do Assstente-padro?

    a) Ao n vel de formao geral e de conhecimento

    Conhecimentos do conjunto geral do trabalho tcnico, material e artstico do filme.

    Cultura e formao geral bem ampla mas que deve lhe complementar de uma maneira inteligente, discreta e

    31

  • bem organizada permitindo-lhe reunir e assimilar rapidamente toda a informao sobre qualquer tema til realizao do filme (por exemplo: documentao sobre a vida dos marinheiros se o filme se passa num barco: hbitos, termos da marinhagem, manobras, rou-pas, usos a bordo. ... ~ ou questionar sobre os meios da poca se o filme se trata de um filme histrico etc.). Deve no somente reunir informaes mas tambm poder selecion-las guardando o esprito geral e os detalhes aplicveis sob o ponto de vista prtico e que podero ser teis filmagem.

    b) Qualidades Profissionais:

    Alm do entusiasmo e a conscincia profissional que so necessrios em qualquer profisso sobretudo o cinema, podemos citar:

    1) Iniciativa, senso prtico e esprito "virador"

    Esta profisso coloca o profissional diante da realidade con-creta da vida e defrontar-se- o tempo todo com inmeras dificuldades sempre novas e imprevisveis as quais dever sempre rapidamente resolver de forma inteligente e eficaz.

    2) Sentido de organizao, de mtodo, de ordem, de preciso e objeti- vidade do detalhe : As complexidades dos encargos do Assistente de Direo e a influncia considervel de seu trabalho sobre o ritmo da filmagem e logicamente sobre o custo do filme exigem a utilizao de um mtodo rigoroso baseado sob um estudo aprofundado de todos os elementos da produo. Para o assistente no h problemas menores: cada urn tem sua im-portncia prpria e deve ser examinado e resolvido racionalmente e no tempo desejado. 3} Senso de Antecipao:

    O Assistente de Direo deve saber imaginar e prever todas as dificuldades que podem surgir e ento dar a maior margem possvel, resolv-las antecipadamente ou pelo menos preparar uma alternativa. O Assistente deve sempre pensar ao mesmo tempo no momento presente e segundo os problemas na hora, no dia ou na semana que vem: (por exemplo: as folhas a desmontar e a praticabilidade dos accessrios a serem previstos para o plano seguinte, as dificuldades de filmagem do dia seguinte etc...}.

    32

    1) Hti|il

  • dade, obstinao e uma vontade de ferro para se manter nesta profisso e adquirir alguns conhecimentos. Mas efetivamente no basta boa vontade ea experincia mesmo renovada no suficiente. Sobretudo no cinema onde os tcnicos so ciumentos de seus conhecimentos e de seus cargos, e por outro lado o ritmo de produo to violento que durante o tra-balho torna-se impossvel formar verdadeiramente "alunos". por isso que 3/4 dos estagirios desaparecem da profisso desgostosos no final de dois filmes, e muitas vezes durante o primeiro.

    Alis, devemos ainda assinalar um outro handicap da profisso de Assistente de Direo. Como considervamos e ainda infelizmente acha-mos que o Assistente de Direo um cara que faz tudo e de nada en-tende um lugar ideal para "encaixar" a namorada do produtor, ou do ator. mesmo comum ouvir-se dizer: "Ele no d pra nada.. . nem no Comrcio nem na Indstria e se a gente colocasse ele no cinema.. . como Assistente de Direo, lgico!" Isso durante muito tempo deu uma viso errada sobre a funo e sobretudo dos bons assistentes que no se sentiam valorizados e esbarrando em incompetentes "com pisto-lo" que atravancam a profisso. E por isso que um diretor ou produtor que foi servido por um desses "assistentes" em outras produes extingui-ram essa funo e que ns sabemos ser um elemento capital para o bom andamento do filme e consequente mente uma fonte de economia consi-dervel.

    O IDHEC (na Frana) compreendeu essa situao, e como era o seu papel, bastante contribuiu para normalizar essa situao. Os estu-dantes recebem uma formao cinematogrfica ao mesmo tempo geral e especializada que lhes coloca em condies de se apresentarem para o seu primeiro estgio como tcnicos srios e competentes tendo apenas que ser colocados em contacto com a realidade concreta do cinema. A experincia demonstra em numerosas ocasies que eles estavam antes a depositarem confiana isso uma honra para eles para o IDHEC,

    Eles podem efetivamente se impor rapidamente tendo sobre os outros, mesmo os veteranos, uma vantagem que lhes do o estudoteorico racional e a viso de conjunto dos problemas de uma profisso. Efetiva-mente o que demonstra o aprendizado somente pela prtica que ele lento, trabalhoso, emprico e fragmentado. No suficiente conhecer as coisas, temos primeiramente de compreend-las de uma maneira aprofundada e saber porque devemos domin-la. Para perfeita eficacida-de devemos poder situar exatamente nosso trabalho dentro do complexo conjunto das atividades da equipe.

    A regra oficial para os antigos alunos do IDHEC um filme como "estagirio" no fim dos estudos, em seguida a ascenso ao cargo de se-gundo e em geral rapidamente ao de 19 Assistente de Direo. Mas as exceces brilhantes so numerosas e ns j vimos estudantes terminando em uma superproduo seu primeiro estgio com o ttulo deco-rea 34

    lizador e outros comearem diretamente com diretores premiados em filmes de curta metragem.

    VI - MERCADO DE TRABALHO DO ASSISTENTE DE DIREO

    Convm agora sublinhar um ponto importante. A profisso de Assistente de Direo contrariamente ao que poderamos acreditar numa primeira abordagem, no prepara diretamente e automaticamente para a funo de Direo. Funo que representa portanto a ambio normal de quase todos os Assistentes de Direo. Em certos pases como a Amrica do Norte, onde as funes so ainda mais especializadas, a profisso de Assistente uma funo nitidamente diferenciada da do diretor e cada um admite que pode trabalhar toda a vida naquela funo. Na Frana, salvo raras excees, todos os Assistentes consideram esta funo como um perodo transitrio que lhes permitir ascender a Direo. O que afinal de contas bem compreensvel e legtimo!

    Mas o problema que h uma descontinuidade entre as duas fun-es (como alis acontece por exemplo entre as do Assistente de Cme-ra e a de Diretor de Fotografia).

    Podemos ser um perfeito Assistente de Direo e aps muitos anos de experincia realizar um medocre filme como Diretor. Inversamente porm podemos ser um Assistente de Direo de qualidades mdias e ma-nifestar rapidamente qualidades incontestveis no nvel de criao. Infe-lizmente, neste ltimo caso somos em geral obrigados primeiramente a "sobreviver" como assistente esperando um dia ter chance como diretor ou ento adotar outra via de acesso o roteiro ou a montagem, por exemplo. Enfim, ter aqueles que renem qualidades enumeradas anteriormente para um perfeito assistente e que demonstraro suas qualidades para ser diretor. evidente que o ideal que um diretor possua todas as boas qualidades de um Assistente de Direo.

    Quais so, brevemente descritas, as aptides suplementares do Diretor? - Uma grande cultura geral associada a uma maturidade de esprito.

    - As capacidades de autor dramtico (senso de construo, de proporo no desenvolvimento, de ritmo, das leis dram ticas, da situaes dramticas, da psicologia dos personagens de uma histria de fico e tambm. . . da psicologia do p blico a quem tudo isto se destina)

    - um conhecimento aprofundado (e no geral) da tcnica de expresso quer dizer da linguagem cinematogrfica (de-

    35

  • talhamento em planos, direco tcnica da filmagem, monta-gem) as qualidades do diretor de interpretao (direco de ato- res que um aspecto essencial da direco) um senso artstico desenvolvido supondo temperamento, sensibilidade, personalidade, originalidade criadora. qualidades de lder: autoridade moral sobre a equipe, sen so de responsabilidade (que so um peso sobre o plano mo ral, artstico e financeiro).

    Qualidades diferentes que a do Assistente e que este no a possui necessariamente em potencial. Os produtores sabem e por isso, como eles acham que j correm suficientemente riscos filmando com o mximo de segurana, eles hesitaro sempre em confiar em um estreante, mesmo aparentemente capacitado, sua primeira direco. H um enorme vazio entre as duas funes de Assistente de Direco e Diretor que sempre ser muito difcil de saltar.

    CAPITULO V PANORAMA DAS ATIVIDADES DE UM ASSISTENTE DE DIRECO NO PERODO DE PRODUO DE UM FILME

    l) PR-PRODUO E PERODO INICIAL DE SUAS ATIVIDADES

    36

    ponto de partida: ideia original e sinopse ou obra literria de um lado e fonte de financiamento do outro.

    contratao do diretor: contrato pelo filme (ele pode j, neste mo mento, solicitar o seu Assistente de Direco) e o acordo comum sobre a vedete ou vedetes do filme.

    Desenvolvimento literrio e ajuste do roteiro entre os autores (rotei- ristas, adaptadores, dialoguistas, diretor} da sair: adaptao final, di logos definitivos e a primeira verso do roteiro a "continuidade dia logada" (19 tratamento)

    desenvolvimento paralelo a estes trabalhos os problemas financeiros e administrativos sero tratados (documentos para o rgo Pblico fi- nanciador e obrigaes legais etc.. .} e os contratos, laboratrios, est dios etc.. .

    contratao do pessoal tcnico de base: diretor de produo executi va, diretor de produo, Cengrafo, Diretor de Fotografia e o ASSIS TENTE DE DIRECO. (19)

    os artistas principais o Assistente de Direco (IP)

    contrato baseado sobre a conveno coletiva. Contrato por sema-na para a durao prevista do filme: Preparao (mnima de duas semanas) dependendo do filme poder ser de 3 ou 4. Prorrogao (prevista caso se ultrapasse o plano de trabalho)

    37

  • H -TRABALHO DO ASSISTENTE DE DIREAO DURANTE O PERODO DE PREPARAO (Pr-Produo)

    Durante as 2 ou 4 semanas que precedem a filmagem o Assistente manter-se- em perfeita ligao com o Diretor e a Produo. Ter in-meras responsabilidades que enumeraremos abaixo. Na grande parte das vezes ser obrigado a assumir simultaneamente diversas frentes de traba-lho.

    OS TRABALHOS DE PESQUISA E DOCUMENTAO

    So efetuados pelo Diretor e podem incluir o estudo de documen-tos em bibliotecas sobre meios, accessrios, comportamento de uma poca ou local ou ainda pesquisas, estudos e ajuste de accessrios delica-dos, de pequenas trucagens prticas etc. . .

    PREVISO DE MINUTAGEM O DETALHAMENTO

    Definio: a operao que consiste, a partir da dcoupage definitiva levantar e determinar, em seguida classificando de maneira metdica to-dos os elementos necessrios s filmagens. Seuobjetivo duplo:

    a) antes da filmagem: serve de guia aos diversos trabalhos pre paratrios e fornece dados teis para a elaborao do plano de trabalho.

    b) durante a filmagem: permite colocar em funcionamento e controlar todos os elementos que condicionam um bom an damento do trabalho de Direo.

    O detalhamento requer sobretudo a preciso, o mtodo e bastante imaginao na valorizao das previses, o trabalho essencial do Assis-tente de Direco durante a preparao. De sua qualidade depender o bom andamento das filmagens. Este trabalho se efetua em ligao es-treita com o Diretor de Produo e a Produo Executiva.

    Logo que o detalhamento terminado deve ser distribudo a cada servio tcnico interessado.

    A teoria e a tcnica do detalhamento sero o tema na 2? parte onde estudaremos mais detalhadamente o assunto.

    Operao que se faz habitualmente com a continusta e que con-siste em, a partir de detalhamento em planos, avaliar com a maior preci-so possvel a durao do futuro filme: isto tendo em vista adaptar o mais exatamente possvel a durao efetiva do filme e a durao prevista pela Produo e pelo Diretor.

    um trabalho muito delicado e muito importante: evidente-mente prefervel (tanto do ponto de vista dramtico como financeiro) modificar o roteiro antes de rodar do que ser obrigado a cortar ou acres-centar cenas no fim das filmagens).

    Realiza-se a pr-minutagem cena por cena, esforando-se por levar em conta todos os elementos de apreciao de que podemos dispor: ritmo geral desejado pelo diretor, ritmo particular de cada ator, aes descritas em algumas palavras mas que necessitam de um mnimo de tempo para os movimentos de cmera (neste caso se revive a interpreta-o) etc. . .

    Enfim, para obter o mximo de preciso, recomendvel expor sua prpria avaliao com outras pessoas (continu(sta, 29 assistente) tendo feito um trabalho anterior separadamente.

    Esta pr-minutagem ser durante as filmagens comparada pelo continusta com a minutagem real obtida e informada ao Diretor quando apresentarem diferenas gritantes.

    A DIVISO E A COLOCAO E AAO DE DIVERSOS TRABALHOS PREPARATRIOS

    Com a Direco de Produo e a partir da dcoupage e do detalha-mento:

    Cenrios, roupas, maquetes, transparncias a serem filmadas. . . Cada especialista deve receber em tempo hbil os documentos e incum-bncias sobre o plano de trabalho preparatrio que lhes toca.

    a partir dai' que cada um assume suas responsabilidades. O As-sistente deve ser informado de que cada um recebeu todas as informa-es necessrias para os trabalhos terem incio sem erro.

    38

    A PROCURA DE LOCAES EM EXTERIOR EASPR-FILMAGENS

    a) Visita s locaes: um trabalho que pode tomar dimenses muito variveis, segundo a importncia dos exteriores no filme e o cui-dado dedicado pela produo preparao. Se os planos em "exteriores" forem numerosos, provvel que quando o Assistente for engajado, a es-colha dessas locaes j estejam definidas em linhas gerais. Neste caso, o trabalho do Assistente ser sobretudo o de escolher entre locaes mais ou

    39

  • menos definidas, o que mais se adequa escolha definitiva do diretor, do qual ele conhece os desejos e os imperativos (sobretudo de ordem tcnica). Se por acaso nenhum estudo prvio das locaes foi feito pela Produo, seja uma certa precipitao na preparao ou seja por terem esses exteriores importncia secundria, o Assistente poder procurar diretamente os lugares convenientes, segundo as indicaes da dcoupa-ge. O Assistente de Direo pode atuar sozinho {numa pequena produo) ou ser acompanhado de outros tcnicos interessados, como o diretor de Fotografia, Diretor de Produo, Produtor Executivo e Cengrafo (numa produo grande).

    Ns estudaremos os dados das fichas de locao de exteriores na 2a parte deste trabalho.

    b) Pr-fi!magem ~ Trata-se habitualmente de tomadas (algumas vezes com som direto) que efetuamos antes das filmagens propriamente ditas e que por motivos bvios tornar-se-iam muito caras se reconstrudas. (Por exemplo; cenas de rua no Carnaval Filme "Lira do Delrio").

    Essas filmagens podem ser feitas exclusivamente para o Setor IMAGEM: Planos gerais de arnbientao (sem atores) ou para situar a cena em determinado local, sobretudo os planos em que o aspecto ajuda a dar credibilidade aos cenrios construdos em estdio.

    - Planos de Exteriores destinados s trucagens de transparncia que sero utilizados em estdio durante as filmagens propriamente ditas. Para estes planos necessrio ter informaes precisas sobre as filmagens definitivas em estdio. Por exemplo: para as clssicas imagens de uma paisagem que desfilam no vidro traseiro de um automvel, dever se saber qual o vidro em que veremos estas paisagens (lado direito, esquerdo, traseiro), a velocidade suposta do veculo, os elementos exte-riores necessrios ou a serem eliminados, a inclinao do eixo da cmera, a lente etc. , . Para o SOM:

    Trata-se essencialmente de gravao de piay back que servir de guia no momento das filmagens em estdio. Essas filmagens se efetua-ro sem o som, mas sincronizadas com o play back gravado anteriormente.

    A necessidade do play back se faz sentir quando fundamental a r:ominuidade sonora em sincronismo com a imagem que ser detalhada cm planos descontnuos. o caso das canes (sincronismo dos lbios) ou tias danas (sincronismo dos movimentos) quando elas correspon-(lurri o um detalhamento em vrios planos. Essas gravaes so realiza-dir. utriri maneira geral em estdio. 40

    O Assistente de Direco recebe quase sempre a incumbncia de su-pervisionar (play back) ou de dirigir pessoalmente essas pr-flmagens (as tomadas para transparncia so efetuadas pelo Assistente de Direco com uma equipe reduzida de um Assistente de Cmera e um Diretor de Fotografia). Em certos casos, pode se tornar necessrio a busca de docu-mentos filmados (stock shots imagens de arquivo) planos de cinema-tecas colhidos nas imagens de cine-jornalismo (ex: exploso de um avi-o), os quais o Assistente de Direo dever procurar entre vrias proje-es para apresentar ao Diretor uma selecSo de documentos possveis entre os quais ele far a seleo.

    ESTUDO COM OS ATORES DO SEU GUARDA-ROUPA

    No caso de tratar-se de um filme histrico ou de poca, o setor "guarda-roupa" se encarregar inteiramente deste problema e o Assistente de Direo assume apenas o papel de superviso e de ligao com o Diretor. Mas nos casos mais frequentes que so os de roupa contem-pornea, e a equipe de guarda-roupa fica apenas reduzida roupeira, o Assistente de Direo que dever estudar com os atores, a partir das indicaes do Diretor e dos meios de produo, o problema dos costu-mes que cada ator dever vestir durante as vrias cenas do filme. O de-talhamento tcnico dever prever o nmero e a natureza deles, de maneira precisa. Segundo o oramento do filme, as roupas masculinas podem ser fornecidas pelos atores (ser apenas necessrio ento escolh-las, determinar detalhes e numer-las), caso sejam executadas especialmente para o filme. Neste caso o Assistente de Direo deve determinar definiti-vamente o nome e organizar as encomendas e os testes de roupa procu-rando observar que os atores no faam prevalecer seu gosto pessoal em detrimento do desejado pelo Diretor do filme.

    O ELENCO

    Casting, que significa distribuio em ingls, quer dizer no jargo tcnico francs a distribuio de pequenos papis, silhuetas e figurao. As vedetes e papis principais so escolhidas pelo Produtor e o Diretor, de comum acordo com o distribuidor. Mas habitualmente o Assistente de Direo (com o Produtor-Executivo) que d busca em fichrios diversos cursos de atores, anurios de cinema, agentes e agncias tendo

  • como objetivo montar o elenco secundrio, que submeter em seguida aprovao do Diretor. Ele apresenta os atores, convoca-os para fazer um julgamento prvio e apresenta-os em seguida ao Diretor. Para os fi-gurantes, dependendo da quantidade decidida pelo Diretor do filme e o Produtor, solicita ao Produtor Executivo para ele mesmo escolher, contratar e convocar para as filmagens, escolhendo logicamente aqueles cujo estilo e apresentao correspondem ao desejado pelo Diretor. Para o elenco, um fichrio pessoal, regularmente atualizado e constante mente enriquecido com novos atores que ele teve a oportunidade de notar, ajudar as atividades do Assistente de Direo na montagem do elenco. Ns estudaremos na 2? parte deste livro a elaborao de uma ficha de ator.

    O PLANO DE TRABALHO

    Com o detalhamento tcnico o plano de trabalho a pea-mestra do trabalho de preparao do Assistente de Direo.

    Ele elaborado pelo Assistente de Direo, em estreita ligao com o Diretor de Produo, o Diretor de Produo Executiva e os outros chefes de setor da equipe. Na sua redao deve-se levar em conta duas etapas:

    A) Folhas preparatrias do Plano de Trabalho Primeiras seleco e classificao por grupo das indicaes for-

    necidas pelo detalhamento. Previso das linhas gerais. Apreciao e di-viso por cenrio dos tempos de filmagem. Avaliao aproximativa dos planos por dia de filmagem. Reviso final do plano de trabalho para as modificaes possveis o mais rpido possvel, pois o presente plano condicionar todo o resto do trabalho.

    B) Redao Definitiva do Plano de Trabalho Trata-se de um imenso quadro, dividido em dias de trabalho, com

    a planificao geral das filmagens e todas as previses teis (cenrios, atores, planos, equipamentos especiais etc.)

    O prprio Assistente de Direo deve desenh-lo, mas pode ser feito tambm pelo Assistente do Cengrafo, ou um de seus desenhis-tas, em comum acordo com o Diretor de Produo. Aps este trabalho a Produo manda fazer as cpias (reduzidas e mais funcionais) para serem distribudas aos principais chefes de setor.

    Observaremos diferenas inevitveis entre o plano de trabalho e a realidade das filmagens. Por isso, recomendvel (embora pouco fre-quente na Frana) a utilizao de fichas que podem ser constantemente modificadas. 42

    Estudaremos na 2? parte de$te livro a elaborao e redao do pia no de trabalho.

    OS TESTES H dois tipos de testes antes das.filmagens. A) Testes Para Escolha de Atores Estes testes so feitos pelo diretor do filme, e o Assistente de Dire-

    o, neste caso, assume o mesmo papel que na filmagem (observador e conselheiro).

    B) Testes Tcnicos Geralmente destinados a que o Diretor de Fotografia e o

    Maquia-dor encontrem a melhor frmula de iluminao e maquiagem em relao ao tipo de ator e a natureza do seu papel. H tambm os testes para julgamento do resultado de uma roupa ou de uma maquiagem de composio (barbas, cavanhaques etc.}. comum chamar o Assistente de Direo para dirigir este tipo de teste.

    Os testes tcnicos do equipamentos sb feitos pelo Diretor de Fo-tografia e Assistente de Cmera, sem participao dos Assistentes de Direo.

    Durante todo este perodo de "Preparao-Assistncia", cada tcnico realiz^ por seu lado os trabalhos que lhes concernem e a produ-o controla todos os problemas financeiros (contratos de toda a natu-reza: distribuidor, atores e tcnicos, estdios etc. . .),'administrativos (autorizao definitiva do C.N.C.* e de material [aluguel de cmera, compra de negativo etc. . .]}. Quando a preparao termina, comea o segundo perodo, o da filmagem.

    Ill -O ASSISTENTE DURANTE A FILMAGEM Ns retomaremos na 2? parte deste trabalho uma Jornada-padro do

    Assistente de Direo em estdio. Mas queremos demonstrar aqui o panorama geral das atividades do Assistente e uma pequena mostra das' diferentes incumbncias.

    Primeiramente, notemos que existem duas categorias de fil-magem:

    * N.' do T.: C.N.C. Centro Nacional da Cinematografia, o rgo estatal que controla a atividade cinematogrfica francesa.

    43

  • a parte "estdio" (no ,estdio propriamente dito ou nos seus terrenos); f

    a parte "exteriores" (fora do estdio, ou seja, na natureza ou em locaes reais).

    Para definir o trabalho do Assistente, devemos iniciar pelas condi-es normais que so as do estdio. Em exterior, o princpio o mesmo, mas cpm todas as adaptaes necessrias s condies particulares do local.

    O Assistente de Direco, durante a filmagem, tem mltiplas tarefas bastante complexas e variadas:

    organizao gerai do trabalho e da disciplina do set preparao material e tcnica dos planos e seu primeiro

    ensaio contacto permanente com os atores (maquiagem no tempo

    desejado, presena no set, texto decorado previamente) ligao entre todos os servios tcnicos direco da figurao (e as ligaes em continuidade que ela

    comporte) a colaborao atenta sob o ponto de vista direco e conti-

    dade entre os planos um perptuo esprito de antecipao tendo em vista

    o perfeito desenrolar das operaes a serem realizadas (con trole e verificao incessante de todos os elementos)

    preparao da "folha de servio" do dia seguinte (cujas modalidades estudaremos na 2? parte)

    atendimento a jornalistas, convidados etc. . .. gravao dos sons ambientais para a mixagem a ser realizada

    entre dois planos de filmagem (a ser feita imediatamente, se possvel, aps a filmagem do plano).

    durante a projeo "dos copies" noite, conferncia do trabalho de cada setor realizado na vspera.

    No se pode esquecer que em exteriores tudo que ser acrescido: organizao dos veculos e meios de transporte nos locais de filmagem, e uma orientao para proteger o material e equipe de cmera etc. . . .

    O trabalho do Assistente de Direo durante a filmagem imenso e fatigante.

    IV - O ASSISTENTE APS AS FILMAGENS (PS-PRODUCO)

    Em princpio, a colaborao do Assistente termina com o ltimo dia de filmagem. Algumas vezes encarregado da direco das filmagens de planos de continuidade (planos que faltaram na montagem e que no devem ser confundidos com continuidade ao nvel do trabalho da conti-44

    nusta).*So planos em geral muito fechados e curtos de durao (por exemplo; close ou plano prximo sobre uma folha de rvore ou flor do cenrio, um relgio etc. para servir como plano de corte} e cuja necessi-dade sentida uma vez pr-montado o filme. (Normalmente o monta-dor prepara a montagem pouco a pouco durante as filmagens.)

    O Assistente de Direo pode ser convocado para filmar estes planos com as indicaes feitas pelo Diretor e o montador. Os trabalhos posteriores sobre o filme pertencem unicamente ao setor da montagem e do som, a saber:

    Ps-sincronizao eventual (planos filmados mudos em exteriores com dilogos de certa durao, textos de peque nos papis mal interpretados, m qualidade do som direto provocado pelas condies naturais como o vento, ator com sotaque estrangeiro. . .)'

    Montagem da imagem definitiva sobre o copio com indica es das trucagens (fuses, superposies etc., acompanha das da pista de som n9 1 [sincronizada - dilogos])

    Acompanhamento das cpias em laboratrio das trucagens de ligao (fuses, cortinas ou janelas, superposies etc.)

    Montagem do negativo-imagem aps a cpia de trabalho. Gravao separada de outros elementos sonoros comple

    mentares: sons individuais ou s em parte gravados pelo Assis-tente durante as filmagens rudos ou efeitos sonoros quaisquer a serem acrescidos (raios, gritos, tiros) ambientes (vento, multido, pssaros etc. . . .) gravao feita em direto ou transcrito em sonotecas msica.

    Mixagem de todas as pistas sonoras para obter a pista de som definitiva rnixada

    ~ Trabalhos de marcao de luz em laboratrio chegando primeira cpia (cpia 0)

    Copiagem das "cpias de exibio".

    CONCLUSO

    Em resumo, o que notamos que a atividade de Assistente de Direo difcil, muitas vezes ingrata, com mltiplas responsabilidades e diversas vezes mal definidas, mas que no deixa de ser apaixonante por esta variedade e dificuldades.

    * N. do T.: planos que o Diretor deveria ter realizado mas no realizou pois tinha uma outra concepo da construo dramtica da cena e que foi modificada eo curso da montagem.

    45

  • 2? PARTE

    ilhados dos Aspectos Estudos detortgntes no Trabalho

    ou documentos mais impe. sistente de Direo

    do r

  • CAPITULO l Um d ia-padro do Assistente de Direo durante as filmagens

    As indicaes que ns daremos constituem a base do trabalho do Assistente de Direo durante uma jornada de trabalho em estdio. De qualquer maneira bom relembrar que:

    1) Os problemas variam de um filme para outro em grau de importncia e segundo a natureza do tema. Por exemplo: a um filme histrico acrescentaremos o problema das indu mentrias, cenrios e o comportamento da figurao (hbi tos de poca) etc. . . .

    2) Num determinado filme certas cenas so mais difceis ou es peciais do que as outras. Por exemplo: a presena de ani mais, uma numerosa figurao, cenas aquticas etc. ...

    3) Adaptaes suplementares podem ser tcnicas cinematogr ficas empregadas (formato targo, relevo, som estereofnico)

    4) As filmagens em exterior que inicialmente renem os mes mos princpios de trabalho, mas que podem se tornar mais complicadas e com problemas suplementares e sobre as quais diremos algumas palavras no fim deste captulo.

    O aprofundamento da "jornada-padro de um Assistente de Dire-V*n" Mover servir de lembrete tendo em vista o trabalho prtico de In,l> ,iv,i-,tente.

    ANO I AOES SOBRE OS HORRIOS DE PRODUO A durao de uma semana de produo de 6 dias de 8 horas,

    i|iini t|i/i todos os dias, exceto domingos. l xinifim atualmente na Frana dois horrios possveis para o

    tra-liiillm um nitdio: 49

  • 1) de 9 h s 12 h e de 13 h s 18 h (ou 9 h - 13he 14hs 18 h). 2} das 12 h s 20 h (de fato at as 19,30 h tendo em vista a

    jornada contnua de trabalho - Conveno Coletivai. O horrio corrido tende cada vez mais a se generalizar, pos, de uma maneira geral, de todos o mais conveniente para: O.produtor que constata um melhor rendimento (mesmo com 30 minutos a menos) pela continuidade do trabalho (no se interrompe para a refeio).

    Os atores que trabalham tambm noite em teatro, cabar ou televiso se deitam tarde e n"o gostam de se apresentar s 8 horas da manha" ou mesmo mais cedo (para poderem se vestir e maquiar e estarem prontos para filmar s 9 h),

    Ols tcnicos que preferem eles tambm um esforo contnuo e ganhar meia hora. a partir deste horrio que estabeleceremos unio nosso estudo:

    l - ANTES DA HORA DE FILMAGEM Chegada do Assistente Se tudo deve estar pronto ao meio-dia (para o horrio corrido) o

    Assistente deve chegar no estdio por volta das 10 horas. Note-se que o Assistente de Direco um dos primeiros a chegar e um dos ltimos a sair.

    Presena e preparao dos atores Logo que chega ele comea a verificar (junto ao Diretor de Produo

    que o responsvel) se os atores convocados para as primeiras cenas na "folha de servio" que foi estabelecida na vspera (ver mais adiante) esto efetivamente presentes em seus camarins, vestindo-se ou maquiando-se. Confere-se a maquiagem correspondente ordem de trabalho prevista, comeando pelos atores que devero filmar o primeiro plano do dia. NB: Este ltimo plano muito importante para o bom andamento da

    produo. Acontece com frequncia que todos os atores sejam convocados na mesma hora. Isto deve ser evitado e preciso

    sobretudo orientar sobre os horrios de filmagem dos planos, mesmo que eles sejam convocados em conjunto. Desconfie sempre da iniciativa

    pessoal dos atores e maquiadores. O Assistente de Direco passa em revista e orienta os atores sobre *ts cenas do dia em que participaro e sobretudo seus dilogos. Para isso l(i (ou eventualmente seu segundo

    assistente) ensaia o texto dos atores MI

    o lhes d a "deixa" em seus camarins ou durante a maquiagem. Enfim, o Assistente de Direco assegura-se com os atores ou sua guarda-roupeira da sua presena e das boas condies das roupas previstas. Ele controla o nmero (do detalhamento e da folha de servio) e a descrio para que no haja nenhum engano a este respeito. Observe-se que em princpio as roupas que entram no filme devem permanecer nos camarins dos atores (ou numa sala especialmente preparada), mesmo que elas lhes portencam, durante toda a filmagem. Uma perda, esquecimento ou lstrago dos costumes podem trazer graves consequncias para as filmagens.

    Quanto aos figurantes, nos dias com figurao, o Assistente de Direco (com o Diretor de Produo) conduz a maquiagem (geralmente h uma equipe de maquiadores extras contratados) e fiscaliza para que pios permaneam fora da locao, mas prontos a responder a qualquer chamada.

    Condies do cenrio O Assistente de Direco vai ao local de filmagem verificar se o (os) cenrio (os) do dia esto efetivamente pronto (os) e em condies. Sobre este assunto, ele confere se os accessrios que devem entrar em cena ou serem acionados esto tambm em condies. NB: Diz-se que um elemento "interpreta um papel" (cenrio, mvel ou accessrio) quando ele utilizado durante a aco: uma escada que utilizamos, uma poltrona na qual o ator senta-se. . . Se ela no entra na cena, apenas faz parte pacffica do cenrio. Ele no "interpreta papel", somente "ambiente" ou "clima"., Alm disto, certos elementos que "interpretam um papel" devem "funcionar". Afirma-se ento (cenrio, mvel ou accessrio) que deve funcionar e no somente ter aparncia de objeto. Por exemplo: um isqueiro de poca deve acender, uma torneira verter gua, uma chamin pode ser ncosa, uma bebida pode ser ingerida, ou seja, estes elementos devem

    "funcionar". O Assistente de Direco ento certifica-se em relao s previses

    ii desejos do diretor sobre a exatido dos mveis de sua distribuio em cuna, a natureza dos cenrios falsos, das instalaes eltricas com lmpa- ilns que devero ser acesas em cena, das possibilidades de desmonte das "inpadeiras" para recuos desejveis de cmeras etc... NB: Denominamos "tapadeiras" os elementos do cenrio que com-

    pem as paredes do cenrio. Em vrias situaes elas^o desmontadas para se possibilitar um

    ntcuo necessrio de cmera. uma vantagem do cenrio de estdio nobre o cenrio real.

    Denominamos "cenrio falso" fotografias ampliadas que coloca-mos no fundo do cenrio, muito utilizado atrs das janelas, para dar a ilusffo que elas se abrem para o exterior real (rua, jardim, mar ou campo). Denominamos tambm "cenrio falso" quando falamos simples-

    51

  • mente de uma "tapadeira" mvel do cenrio que colocamos atrs de uma porta para simular uma parede de corredor ou de um outro c-modo. Accessros

    Em sala prpria ficam guardados os accessros que sero usados na locao pelo Cengrafo, sob s responsabilidade do contra-regra ou Assistente de Cenografia, baseando-se no dealhamento do Assistente de Direo. O posicionamento dos objetos na locao deve ser conferido pelo Assistente de Direao com o cengrafo ou Assistente deste. Verifica se todos os accessros esto presentes, o aspecto e o bom funcionamento para aquele dia de trabalho e se certifica sobretudo da funcionalidade dos accessrios de cena (os~que sero utilizados diretamente na aao, os que entram em cena} e a exatido dos accessrios "em continuidade" (quer dizer: accessrios que j vimos em cena ou em outro momento do filme, mas que devem necessariamente ser os mesmos durante o desenvolver da ao). Ex: uma mala que est no quarto com o ator, que na cena anterior desembarcou na estaco com ela, dever ser a mesma. No se trata, do ponto de vista accessrio, de uma mala mas a mala em continuidade.

    Outros problemas. ... Antes de partir para o almoo o Assistente de Dreo demora-se

    um tempo para acertar alguns pequenos problemas tcnicos com os di-versos responsveis que devero assegurar a sua preciso na continuidade do trabalho do dia (cmera, som, eletricistas, maquinistas, contra-regra etc.). Aps isto ele no deve negligenciar com os problemas para o bom andamento dos dias posteriores (estado dos cenrios em constru-o; procura de accessrios difceis ou complexos de encontrar, figurantes ou pequenos papis de um tipo particular a serem convocados pela Produo etc.).

    ALMOO

    por volta das 11 horas que o Assistente de Direao se reserva 1/2 hora para fazer sua refeio no local (geralmente no restaurante do es-tdio). Se possvel ele organiza seu almoo com o Diretor para poder {se bem que a tradio diz que no devemos conversar sobre trabalho mesa) fazer-lhe algumas perguntas caso seja necessrio sobre certos problemas pendentes de explicao.

    LTIMAS VERIFICAES

    O Assistente de Direao volta ento 1/2 hora antes do reinicio das filmagens e ele procede ento a uma rpida verificao geral recapi-tulativa. Verifica o que necessita ser apressado para que: 52

    a) os atores estejam completamente prontos para filmar ao meio-dia.

    b) a decorao dos cenrios esteja feita (mveis, tapetes e acces srios no lugar)

    c) Prepara-se o campo visual do 19 planr a ser filmado (parte da locao a ser utilizada)

    Ento, as diferentes tcnicas de outros setores que prepararam |Kir seu lado seu material (o Assistente de Cmera testa a cmera e car-Mifjfi os chassis, o microfonista prepara a perche e testa o nvel do seu microfone, os eletricistas preparam os refletores etc.), o trabalho efetiva-ritmiie pode e comea na hora. Deve-se observar que a filmagem exige |it(:isa"o e pontualidade absoluta de todos. O minuto de filmagem custa muito caro para que possamos admitir uma perda de tempo e cada um nl! (tcnicos e atores) que cada um deve observar uma pontualidade ilgorosa. Os atrasos e as eventuais ausncias so raramente perdoados.

    Cinco minutos antes do incio, toda a equipe, sob o comando do Dlrntor, estar reunida na locao de filmagem. O Assistente vai ento piocurar, nos camarins, os atores ou eles mesmo vm para o set, quando for o caso, alguns minutos mais tarde. NOTA: Os atores "medalhes" tm quase sempre "um doubl" para

    ensaios de iluminao (no confundir com os doubles para ce-nas perigosas de que so especialistas). E um figurante especial, ligado vedete durante todo o filme e que possui aproximada-mente o mesmo corpo e linhas de rosto com as do ator. Vestido com uma roupa a mais parecida possvel com a que o ator utilizar, toma o lugar do ator durante toda a parte mais ingrata e fatigante que o ensaio e preparao do plano (enquadramento e movimentos de cmera, ensaio de foco, luz e outros efeitos).

    M - DURANTE A FILMAGEM PROPRIAMENTE DITA

    O dia de filmagem constitudo do ponto de vista tcnico de um imrto nmero de planos a serem filmados {segundo as previses do pla-iii) do trabalho} revisados e colocados em dia cada noite para o dia se-Utilnie na "folha de servio").

    A quantidade de planos pode variar segundo: a) as ambies e o oramento do filme (geralmente em relao categoria do Diretor). Quanto mais caro o filme maior a sua preparao e acabamento: ento, o ritmo de filmagem mais lento (por ex.: 5 planos em mdia por dia). Quanto mais o filme de consumo imediato ("Comercial") e mais barato deve-se simplificar e andar rpido. quase como uma linha de montagem (muito plano e contraplano} de 25 ou

    53

  • 30 planos por dia ou mesmo por hora (quando com 2 c-meras)

    b) A concepo do detalhamento da ao {dcoupage) mais ou menos picada (segundo o estilo do filme e do diretor) que conduz a uma mdia de planos mais ou menos difceis e(de uma durao varivel. O nico referencial de comparao e "minutagem til filmada" que segundo a durao dos planos ser entre 10 a 45 segundos para 3 minutos de plano filmado. Correspondero ento a 8 ou 4 planos, c) No interior de um filme qualquer que contenha graus de dificuldade diferente entre um plano e outro. Por exemplo: entre um simples close de 3 segundos e um plano de 1 minuto com movimentos de cmera e grande figurao.

    Isto quer dizer, apenas para uma indicao, a mdia de dia de trabalho oscila entre 10 a 12 planos (podendo as vezes ficar entre 8 a 15 planos). Tendo em vista ento as di-ferenas de natureza e dificuldades dcada plano,o mesmo trabalho que a cada plano se repete durante o dia de trabalho. Ns definiremos mais adiante o trabalho do Assistente de Direo durante a preparao e a filmagem de um des-fes planos. Porm, anteriormente, devemos sublinhar que o trabalho do Assistente de Direo pode variar em proporo segundo o mtodo de trabalho do Diretor. A este sujeito existem vrios tipos de diretores:

    1} Aqueles que improvisam quase totalmente seu trabalho tcnico medida que a filmagem avana a partir de um vago pr-detalhamento que lhe serve apenas como guia de continuidade dramtica. um mtodo que tem seus defensores entre os que negligenciam em preparar com certa margem de tempo seu trabalho e os que em geral acreditam na necessidade de uma liberdade total para a sua criao. Isto pode ser vlido para Diretores experientes, tecnicamente capacitados, mas de qualquer maneira um mtodo discutvel no ponto de vista material-, tendo em vista as dificuldades que provocam para toda a equipe ser obrigada a resolver os problemas quando eles surgem sem ter sido previsto nem preparado suficientemente. Ora, quando sabemos da importncia do trabalho de equipe na criao cinematogrfica, compreendemos facilmente que tal mtodo nos aparenta materialmente discutvel em relao a outros mais racionais e prximos s exigncias tcnicas atuais. E os custos elevados de produo dos filmes.. ,

    2} Aqueles (mais numerosos} que tm um detalhamento dramtico mais preciso, acrescentando modificaes de ltima hora (geralmente na noite que antecede a filmagem). Eles preparam seu trabalho soba forma de notas e que eles so os nicos capazes de decifrar e o Assistente de Direo, na melhor das hipteses, tem no incio do dia de trabalho 54

    uma viso geral do trabalho desejado; informaes insuficientes para lhe permitir de dar seu mximo e em particular descarregar o Diretor da or-ganizao de cada plano, tal qual ns exporemos mais adiante.

    3) E, finalmente, aqueles que preparam de uma maneira mais pro-funda seu trabalho graas a um estudo minucioso seja sobre um cenrio escada real ou sobre maquete, ou nas locaes externas, com a ajuda de um esboo dos principais enquadramentos e s vezes ensaios com o visor em cenrio real ou em cenrio desenhado. Eles dispem ento um detalhamento dramtico (dcoupage) preciso, bem pensado e mais ou menos definitivo que o Assistente de Direo conhece e estuda com descanso e graas ao qual pode prever de maneira precisa todos os elementos materiais necessrios e descarregar o Diretor de toda parte preliminar de preparao e ensaio dos planos previstos.

    o mtodo que parece-nos mais racional e o mais "rentvel". Ele parece corresponder cada vez mais tendncia geral na Produo fran-cesa como no estrangeiro. De qualquer maneira o mtodo que comea a se impor nas escolas como pedagogia.

    As vantagens de tal mtodo so numerosas: a) Para a Direo: de poder estudar e escolher com antecedncia, com a ca-

    bea fria e no uma atmosfera pesada da filmagem as me-lhores solues tcnicas para transposio e da valorizao de seu roteiro cinematogrfico.

    NOTA: Isto no impede em hiptese alguma que o Diretor conserve uma imagem inteligente de aplicaes e incorpore as suas pre-vises incidentes involuntrios ou a reao inesperada que acontece na hora da filmagem e que ele acha boa. Geralmente estas descobertas acrescentam ao trabalho dos ato-res e os detalhes de direo se forem bem preparados e pensados. No ao nvel da concepo e estruturao tcnica dos planos propriamente ditos.

    Deve ficar claro que a partir de previses rigorosas que possibilitam uma base slida de trabalho teremos condies de improvisao Hm dificuldades na filmagem definitiva (lugar da cmera, enquadra-iiHiMit), tamanho dos planos, lentes etc.) Portanto, uma modificao axcnpcional pode ser realizada em uma construo mais precisa. Pois, vinrt com mais facilidade os incidentes e seu rendimento dramtico efe-llvo. Pode-se sem riscos de erros monstruosos acrescentar eventualmente nos outros planos as correes que esta modificao provocar, ao liivA* de colocar o Diretor numa situao de prisioneiro de uma preparado minuciosamente realizada, numa liberdade ampliada. E uma srie de linthlomas solveis com antecedncia. Ele se colocar ento diante de lunhlnmas que resolver diante das c meras: a interpretao dos atores,

    55

  • inspirao sbita durante as filmagens, controle do ritmo geral da conti-nuidade dramtica. . .

    A preparao bem feita possibilita ao Assistente de Direo de en-saiar e preparar os locais dos planos previstos. Isto possibilitar ao Dire-tor, aps cada plano, um perodo de relaxamento que ele pode aproveitar para conversas com seus atores sobre os futuros planos e sua interpretao. Ou simplesmente como descanso e fazer uma retrospectiva para no perder a viso de conjunto do seu filme tendo em vista a constante agitao de um trabalho tcnico e fracionado. Alm do mais, isto conduz a um ganho de tempo considervel na durao da filmagem e esta rentabilidade pode ser empregada numa direo de atores mais bem cuidada (clima, interpretao), ou para reduzir o custo do filme.

    Enfim, isto libera o diretor do eterno problema de mincias tcnicas e a continuidade correta (raccords) de todos os planos filmados isolados e fora de ordem. A preparao rigorosa no papel permite con-trolar em todos os momentos cada detalhe, substituindo-os sem possveis erros, em sua perspectiva de conjunto (por ex.:direo de olhar, dos atores, direo das entradas e sadas de campo visual etc.).

    b) Para o Assistente e o resto da equipe a possibilidade de trabalhar com segurana, sobre uma es-trutura slida sabendo com antecedncia e com preciso tudo o que deseja exatamente o Diretor. Cada um pode ento fazer o que necessita no tempo desejado para que tudo esteja pronto no momento preciso.

    c) Para o Produtor As vantagens que resultam na economia de tempo, graas a preparao rigorosa, so evidentes reduo do custo do filme. Em particular, uma preparao precisa permite, para a con-tinuidade ou a progresso da interpretao dos atores, gru-par para a filmagem em um s cenrio os planos por direo de eixo de filmagem (ganha tempo na regulagem das luzes, na montagens de cenrio e aparelhos de cmera).

    Tendo em vista, como ns acabamos de explicar, as variantes que podem resultar os mtodos diferentes e a confiana maior ou menor que o Diretor deposita em seu Assistente de Direo, podemos tentar soparar o mtodo-tipo de direo de um plano.

    Tomaremos como exemplo um plano que apresenta certas dificul-diidos (com movimentos de cmera e figurao). evidente que um sim-|)|ON close facilita bastante as operaes definidas acima e o diretor atara o cllrotamente. Ml

    ENCARGOS GERAIS DO DIRETOR

    O diretor passa a seu Assistente as explicaes gerais do que con-cerne ao plano seguinte. Ele explica a partir de seu detalhamento pessoal (dcoupage}, mais ou menos anotada com esquemas dos ngulos de cmera no cenrio e s vezes com os enquadramentos desejados.

    Ele d as instrues de lente e altura de cmera (quando a escolha de lente no interfere no seu trabalho ele deixa que o Diretor de Foto-cjrafia e Operador de Cmera o faa).

    Ele encarrega o Assistente de Direo da organizao e preparao tcnica do plano e se retira para trabalhar com os atores ou descansar. O Assistente de Direo ento assume momentaneamente o comando tcnico do sei. NOTA: Se a cena particularmente difcil do ponto de vista interpretao

    e se o desenvolvimento da interpretao e movimentao dos atores no plano s podem ser determinados em funo do seu estilo pessoal, ento o Diretor inicia ensaiando cornos atores para determinar o detalhamento tcnico exato que ado-tar (que s vezes est sujeito a modificaes). A partir da ento as coisas desenvolvem-se da mesma maneira que anterior-mente descrita. 2 - INDICAO DO CAMPO VISUAL E DO LOCAL DA CMERA

    a) O Assistente de Direo indica de uma maneira geral aos responsveis (29 Assistente de Direo, contra-regra, maqui-nistas etc.) a parte do cenrio que entra em cena (ou estar em campo) e que necessrio recompor e aprontar (tapa-deiras que devem ser montadas, material tcnico a ser reti-rado, mveis e accessrios a ser dispostos no lugar. . . . etc.)

    OBSERVAO: Um cenrio de cinema jamais utilizado em todos os ngulos ao

    tiiiismo tempo. Passamos, na verdade, nosso tempo de um plano para outro liberando a parte que entra em cena e reunindo todo o material l*t:nico (cmera, refletores, praticveis, cabos, microfones etc.), na unira parte do cenrio fora de campo. O mais interessante do estdio in relao ao cenrio real poder recuar as tapadeiras que desejamos imrii criar o recuo suficiente para a cmera e o material tcnico, sobre-indo os refletores. Estas tapadeiras devem ser logicamente remontadas nos contraplanos.

    b) Em seguida, dando continuidade ao trabalho o Assistente de Direo procura, em comum acordo com o Operador de Cmera, o melhor local (para o carrinho caso seja usado)

    57

  • 58

    assim como a melhor focal e altura de cmera para obter o enquadramento mais prximo ao desejado e previsto pelo Diretor. O mtodo racional e que evita qualquer perda de tempo consiste para o Assistente de Direcao certficar-se se os lugares previstos so bons com certa antecedncia evitando a montagem do material pesado e que leva tempo para deslocar e regular (trip, cmera, trilhos de carrinho etc.). Para isto o Assistente de Direco utiliza um visor de mltiplas focais que' uma pequena lente regulvel a diversas fontes (como um pequeno zoom. Uma vez com a lente escolhida, delimita-se exatamente o campo visual e a profundidade de foco da lente a ser empregada pela cmera. Este visor sendo mais leve, prtico e porttil do que a pesada cmera de estdio, permite rapidamente escolher o melhor local que corresponda aos desenhos ou indicaes do Diretor. Para um plano sem carrinho este lugar nico (mesmo que se trate de um plano fixo ou panormica). A operao consiste ento (tendo sido escolhida a lente e altura de cmera em comum acordo com o operador de cmera) em colocar o(s) ator(es) ou seus doubles nas posies principais que eles dever ocupar no plano, para ver se no lugar da cmera escolhida e o enquadramento est de acordo e satisfaz. Deve-se verificar os diferentes lugares ou posies dos atores tomando o cuidado de marcar no cho (com giz ou fita gomada) em volta dos ps, o local. NOTA: As marcas no cho em relevo ajudaro os atores durante sua

    interpretao a se situarem nos lugares precisos sem olhar para o cho. Se tudo est em ordem, o Assistente de Direcao risca uma cruz com giz no cho do lugar que ele ocupa, o lugar da cmera que solicitar equipe, imagem e aos maquinistas instalarem o material. Notemos que se trata do lugar da cmera mas subentende tambm a parte frontal e traseira do campo. O enquadramento final logicamente dever ser feto pelo operador de cmera que, a partir dessas informaes tcnicas precisas, dever equilibrar e compor harmoniosamente seu quadro modificando ligeiramente a cmera ou deslocando os atores ou accessrios que "falseamos". Normalmente estamos sempre "falseando" de um plano a outro em funo do enquadramento os lugares reais das pessoas e das coisas. Neste tipo de trabalho a nica regra que no deve ser esquecida quando efetuamos as modificaes a continuidade (visual) dos planos. Quer dizer, no sentiremos o falseamento na tela. Quando se trata de um carrinho que comporta uma acao de 3 "posicoes-cha-vs": o nfcio e o final do movimento (que so sempre em um carrinho as posies-chaves a serem determinadas precisamente) e, entre as duas, uma posio intermediria que necessita

    um determinado enquadramento desejado pelo Diretor (sem a parada do carrinho), convm ento fixar vrias referncias para o movimento do carro. Procuramos como anteriormente vimos para o plano sem carrinho o bom lugar para a partida (atores nos seus lugares e suas marcas) e traamos uma cruz; em seguida o born lugar para o final do plano (atores em seu lugar no final do plano) com uma outra cruz. Em seguida verificamos se as posies intermedirias importantes previstas so vlidas ou no, e se coincidem igualmente (cmera e atores). Ento s resta determinar o eixo de deslocamento do carrinho com certeza. Eliminamos risco de modificaes que sero inevitveis quando o material estiver todo montado e que nos fazem perder tempo inutilmente.

    Durante a montagem do plano, o Assistente de Direcao (ou o 29 Assistente) rev rapidamente com os seus atores as indicaes de inter-pretao e verifica se os atores conhecem perfeitamente seu texto.

    3 - DESDE QUE O TRABALHO DE PREPARAO EST TERMINADO:

    Quer dizer: - parte do cenrio "em campo" em condies de filmar (ta-

    padeiras, mveis e accessrios) local da cmera determinado e preparado (trip montado

    ou carrinho e trilhos). O Assistente de Direcao ensaia com os doubles ou os atores eles

    incumos, uma ou vrias vezes visando "colocar no ponto" os movimen- IIIN dos planos.

    Trata-se de simples ensaios "mecnicos" mais ou menos sem dra-innil/acSo que tm apenas como objetivo encadear os diferentes movi-mtmlos previstos (cmeras e atores) para ver se o conjunto do plano vAtlilo o tecnicamente satisfatrio. N*) IA: Um dos pontos importantes no mtodo racional de trabalho do

    set consiste em no intervir na ordem cronolgica na qual de-vemos atacar os diferentes problemas do plano. Devemos conservar uma progresso sistemtica nos problemas mais florais (organizao e preparao do local) antes de abordar problemas mais restritos, mesmo que eles sejam os mais importantes (por ex: entonao de um ator sobre uma frase, atitu-dns, expresses). Se alterarmos a ordem de trabalho de prepa-info tcnica de um plano bloqueamos toda a equipe que deve nyunrdar obrigatoriamente as definies para saber as condi-fiefl oxatas do seu prprio trabalho (quantos refletores sero micnssrios, luzes a regular, microfones a colocar etc. . . .),

    59

  • provocando consequente mente uma imensa perda de tempo. Se, no entanto, respeitarmos uma ordem lgica correspondente a uma concentrao progressiva, o diretor poder aprimorar os detalhes de interpretao enquanto seus colaboradores assu-mem por seu lado diferentes encargos tcnicos.

    Desde que o "ensaio mecnico" suficiente, o Assistente de Direo lembra ao Diretor que em seguida ele ter tempo para realizar os ensaios que quiser para valer e ajustar o seu plano. A primeira parte do trabalho do Assistente de Direo estar terminada (isto se a preparao for bem compreendida para o bom andamento do trabalho).

    O Diretor de Fotografia e o Tcnico de Som {ou microfonista) assistiram a este primeiro trabalho, eventualmente solicitara