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O ano de 2016 foi deveras conturbado para a representante nacional do setor, a Embraer. A começar pelos desdobramentos das investigações que corriam na justiça norte americana relativas aos supostos contratos fechados em outros países envolvendo subornos. Após muitos rumores quanto ao desfecho do processo (que penalizaram as ações da empresa em Bolsa), a companhia decidiu por provisionar no terceiro trimestre do ano cerca de US$ 200 milhões de dólares para a multa prevista. De fato logo depois da divulgação do resultado a multa foi definida em US$ 206 milhões, pouco acima do esperado, de forma a encerrar o risco que pairava sob a empresa. Para fazer frente a tal impacto negativo, a companhia implementou o plano de demissão voluntária para reduzir a força de trabalho nas plantas brasileiras além de cortar a distribuição de dividendos referentes ao 3°trim. Ademais, os resultados operacionais vieram ligeiramente acima das expectativas; com as entregas nos nove meses deste ano ficando em 150 aeronaves, ante 143 entregas no mesmo período de 2015.

Falando em perspectivas futuras da empresa, não poderíamos deixar de destacar o mercado norte americano, que representa cerca de 50% das vendas da empresa, sobretudo direcionado ao gigantesco mercado de aviação comercial. Cada vez mais a competitividade (traduzindo: relação US$/horas voo) é o fator de compra decisivo para as companhias que operam com grandes frotas de aeronaves. Os principais concorrentes da empresa, como a canadense Bombardier, a japonesa Mitsubishi e outras fabricantes internacionais estão lançando novos projetos que concorrem diretamente com os segmentos regionais, onde a Embraer atua.

Neste sentido a segunda geração de E-Jets anunciada pela empresa em 2012 detém elevada competitividade frente à geração anterior e até mesmo

ante os principais concorrentes neste segmento. Ainda assim, no final deste ano a empresa anunciou que a forte demanda por E 175s da primeira geração levou a empresa a postergar seu lançamento, que previamente estava previsto para 2020 e foi alterado para 2021. As demais aeronaves mantém sua previsão de início das entregas: com o E 190 previsto para entrar em operação no 1° semestre de 2018, e o E 195 previsto para entrar no 1° semestre de 2019. Ainda assim vale destacar que já existem 272 pedidos firmes em carteira das aeronaves da segunda geração, sendo 100 do modelo E2-175. Para uma visão de longo prazo, entendemos que a elevada concorrência deve ser um dos principais desafios da companhia. Já no curto/médio prazo a robusta carteira de pedidos (US$ 21,9 bilhões) deve garantir volumes de entregas satisfatórios, semelhantes ao ritmo dos últimos anos, com cerca de 100 aeronaves anuais entregues ao mercado norte americano.

O acirramento concorrencial foi mais notadamente acentuado no segmento de aviação executiva, sobretudo nos Estados Unidos, que juntamente com a queda na demanda chinesa levou a empresa a revisar para baixo o guidance de volumes e faturamento do segmento para o consolidado do ano. A estimativa inicial era de uma entrega de 75 a 85 aeronaves executivas, e foi reduzida para um intervalo de 70 a 80 jatos. Consequentemente também foi revisado o guidance de faturamento, agora ficando entre US$ 1,6 a US$ 1,75 bilhão no ano, ante faixa de US$ 1,75 a US$ 1,9 bilhão.

Quando o assunto é o segmento de Defesa e Segurança, o mais importante projeto da empresa é o novo cargueiro militar desenvolvido pela fabricante nacional, o KC-390. O cargueiro promete ser um divisor de águas nas operações da empresa, por dois motivos simples: em primeiro lugar será o

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maior avião fabricado pela empresa, com uma envergadura de 35 metros e um valor de mercado de aproximadamente de US$ 80 milhões. Em segundo lugar a empresa adentrará pela primeira vez no segmento de aeronaves militares de alta tecnologia e grande porte. O nicho que a companhia adentra com o KC-390 será de forças aéreas de pequeno e médio porte, o destaque é que o projeto já nasce com um importante fôlego, a Força Aérea Brasileira já encomendou 27 aeronaves por um valor de R$ 7,2 bilhões, além de mais 32 pedidos de diversos países da América Latina. Após diversas postergações, como já esperado, o cronograma atual prevê que as entregas comecem no início de 2018. Segundo levantamentos realizados pela própria empresa, a aeronave possui potencial demanda de cerca de 700 aeronaves nos próximos dez anos.

Outra grande aposta do segmento é a integração da tecnologia e posterior fabricação interna dos caças Griphen NG fabricados atualmente pela empresa sueca Saab. A compra de 36 caças Griphen da empresa sueca tem como objetivo além de renovar a frota de jatos da FAB trazer a tecnologia de montagem e posterior fabricação brasileira das aeronaves. Em janeiro de 2016, já foi inaugurado, em Gavião Peixoto (onde a Embraer desenvolve os Tucanos e o KC-390), o Centro de Projetos e Desenvolvimento do Griphen, onde deve ser fabricado as unidades nacionais até 2024. Ainda não há mais informações quanto ao modo que se dará a comercialização das aeronaves, porém de qualquer forma representa um grande potencial para a empresa adicionar uma aeronave militar de alto valor agregado ao seu portfólio de produtos.

Nossa visão continua sendo positiva para as operações da Embraer, todavia há de se ressaltar que seus principais projetos devem entrar em operação no

triênio 2018/2020, de forma que em termos operacionais só devemos observar grandes avanços na ocasião das inaugurações e primeiras entregas, que por sua vez devem trazer benesses para suas ações em Bolsa. Para 2017 entendemos que as definições na seara política no mercado interno também devem ser de suma importância para os investidores da companhia, principalmente pelo caráter exportador, onde as variações cambiais trazem forte impacto para seus ativos no mercado bursátil. O mercado norte americano deve continuar sendo destaque nos resultados da Embraer em 2017, porém no longo prazo as inaugurações dos demais projetos descritos neste setorial devem reduzir sua representatividade nas operações consolidadas. O segmento de aviação executiva deve continuar a ser o “patinho feio” da empresa, com um cenário de vendas pressionadas sobretudo pela intensa concorrência.