o anjo e o demónio – uma parábola

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www.emidiocarvalho.com ©2011 1 O Anjo e o Demónio – uma Parábola Dentro de cada um de nós há um anjo e um demónio. Ambos querem ter sempre razão e ambos querem viver através de mim. O anjo quer expressar a sua natureza através de mim com ideias criativas, bondade, paz e amor. Mostrame a beleza e a perfeição da vida. Ensiname a amar incondicionalmente e a procurar ver sem julgar. Possui uma natureza pacífica, calma e apaziguadora. Consegue criar harmonia e bemestar. Ajuda o meu corpo a curarse de qualquer enfermidade. É carinhoso e compreensivo. Respeita os outros e permite que cada pessoa na minha vida seja quem quer ser, sem impor qualquer vontade. É altruísta e procura sempre o bem nos outros. Tem sempre um sorriso para partilhar, especialmente com aqueles que já não são capazes de sorrir. Vê abundância em todo lado e sabe que há o suficiente para todos. Consegue levarme onde eu quero ir com calma e fluidez. É sábio e possui o conhecimento eterno do Universo. O demónio é quezilento. Está sempre à procura de mais uma batalha. As suas ideias são sempre destrutivas e provocam danos à sua volta. É desconfiado e manhoso. A sua táctica é ardilosa e traiçoeira. Vê a maldade nos corações dos homens e sabe como causar danos aos outros e a mim mesmo. É um revoltado, sempre insatisfeito. É calculista e frio. Capaz das maiores atrocidades e irresponsabilidades. Grita, faz birras, amua, chora, quer ter sempre razão e não descansa enquanto não for capaz de provocar malestar à sua volta. Não tem qualquer amor por ninguém e só quer experienciar o prazer egoísta da separação. Sentese maravilhosamente bem quando magoa os outros. É um revoltado cheio de raiva capaz de causar danos a quem quer que se atravesse no seu caminho. É mentiroso e invejoso. Não olha a meios para atingir os seus fins. Este anjo e este demónio lutam continuamente dentro de mim. Ambos querem viver. Ambos querem controlar o meu eu. Ambos gritam na minha cabeça a qualquer instante da minha vida. Não importa o que estou a fazer, consigo ouvir as vozes de ambos. E a qual deverei ouvir? Qual é o que ganha esta batalha que se trava dentro de mim? Se eu ouvir apenas o anjo e agir de acordo com as suas palavras bondosas e cheias de amor, o demónio irá ter fome. Enquanto vivo seguindo os conselhos do anjo, o demónio estará a conspirar, insinuandose subtilmente, criando situações difíceis para que eu esqueça o anjo e expluda num momento de fúria. Enquanto vivo as instruções do anjo, o demónio irá tornarse esfomeado de atenção e atacará quando menos esperar. Num jantar de amigos, no aniversário de um familiar, numa reunião de trabalho. Lá estará o meu demónio, pronto a criar uma situação em que receberá toda a minha atenção. Se eu apenas ouvir o demónio, o anjo irá tornarse frustrado. Sem o alimento da minha atenção irá afastarse e levar consigo a alegria, o amor e a bondade. Serei incapaz de partilhar a minha vida com quem quer que seja, não conseguindo ver a abundância que a vida me oferece. Sem o meu anjo não conseguirei ouvir o que os outros têm para me dizer. Irei tornar me num revoltado, continuamente a apontar o dedo aos outros. Carregando ressentimentos e mágoas ás costas e fazendo sofrer todos à minha volta. Sem a voz do meu anjo não serei capaz de reconhecer as oportunidades que a vida me oferece, porque só serei capaz de ver injustiça e maldade em tudo. Qual é que deverei ouvir? Qual é que me pode ajudar a viver? O anjo ou o demónio?

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O Anjo e o Demónio – uma Parábola

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Page 1: O Anjo e o Demónio – uma Parábola

www.emidiocarvalho.com  ©2011     1  

O  Anjo  e  o  Demónio  –  uma  Parábola  

 

Dentro   de   cada   um   de   nós   há   um   anjo   e   um   demónio.   Ambos   querem   ter   sempre   razão   e  ambos  querem  viver  através  de  mim.  

O   anjo   quer   expressar   a   sua   natureza   através   de  mim   com   ideias   criativas,   bondade,   paz   e  amor.  Mostra-­‐me   a   beleza   e   a   perfeição   da   vida.   Ensina-­‐me   a   amar   incondicionalmente   e   a  procurar  ver  sem  julgar.  Possui  uma  natureza  pacífica,  calma  e  apaziguadora.  Consegue  criar  harmonia  e  bem-­‐estar.  Ajuda  o  meu  corpo  a  curar-­‐se  de  qualquer  enfermidade.  É  carinhoso  e  compreensivo.  Respeita  os  outros  e  permite  que  cada  pessoa  na  minha  vida  seja  quem  quer  ser,  sem  impor  qualquer  vontade.  É  altruísta  e  procura  sempre  o  bem  nos  outros.  Tem  sempre  um   sorriso   para   partilhar,   especialmente   com   aqueles   que   já   não   são   capazes   de   sorrir.   Vê  abundância  em  todo  lado  e  sabe  que  há  o  suficiente  para  todos.  Consegue  levar-­‐me  onde  eu  quero  ir  com  calma  e  fluidez.  É  sábio  e  possui  o  conhecimento  eterno  do  Universo.  

O   demónio   é   quezilento.   Está   sempre   à   procura   de   mais   uma   batalha.   As   suas   ideias   são  sempre  destrutivas  e  provocam  danos  à  sua  volta.  É  desconfiado  e  manhoso.  A  sua  táctica  é  ardilosa  e   traiçoeira.  Vê  a  maldade  nos  corações  dos  homens  e  sabe  como  causar  danos  aos  outros   e   a  mim  mesmo.   É   um   revoltado,   sempre   insatisfeito.   É   calculista   e   frio.   Capaz   das  maiores   atrocidades   e   irresponsabilidades.   Grita,   faz   birras,   amua,   chora,   quer   ter   sempre  razão   e   não   descansa   enquanto   não   for   capaz   de   provocar  mal-­‐estar   à   sua   volta.   Não   tem  qualquer  amor  por  ninguém  e  só  quer  experienciar  o  prazer  egoísta  da  separação.  Sente-­‐se  maravilhosamente   bem   quando  magoa   os   outros.   É   um   revoltado   cheio   de   raiva   capaz   de  causar  danos  a  quem  quer  que  se  atravesse  no  seu  caminho.  É  mentiroso  e  invejoso.  Não  olha  a  meios  para  atingir  os  seus  fins.  

Este  anjo  e  este  demónio  lutam  continuamente  dentro  de  mim.  Ambos  querem  viver.  Ambos  querem   controlar   o  meu   eu.   Ambos   gritam   na  minha   cabeça   a   qualquer   instante   da  minha  vida.  Não  importa  o  que  estou  a  fazer,  consigo  ouvir  as  vozes  de  ambos.    

E  a  qual  deverei  ouvir?  Qual  é  o  que  ganha  esta  batalha  que  se  trava  dentro  de  mim?  

Se  eu  ouvir  apenas  o  anjo  e  agir  de  acordo  com  as  suas  palavras  bondosas  e  cheias  de  amor,  o  demónio   irá   ter   fome.   Enquanto   vivo   seguindo   os   conselhos   do   anjo,   o   demónio   estará   a  conspirar,  insinuando-­‐se  subtilmente,  criando  situações  difíceis  para  que  eu  esqueça  o  anjo  e  expluda  num  momento  de  fúria.  Enquanto  vivo  as  instruções  do  anjo,  o  demónio  irá  tornar-­‐se  esfomeado  de  atenção  e  atacará  quando  menos  esperar.  Num  jantar  de  amigos,  no  aniversário  de   um   familiar,   numa   reunião   de   trabalho.   Lá   estará   o   meu   demónio,   pronto   a   criar   uma  situação  em  que  receberá  toda  a  minha  atenção.  

Se   eu   apenas   ouvir   o   demónio,   o   anjo   irá   tornar-­‐se   frustrado.   Sem   o   alimento   da   minha  atenção  irá  afastar-­‐se  e  levar  consigo  a  alegria,  o  amor  e  a  bondade.  Serei  incapaz  de  partilhar  a   minha   vida   com   quem   quer   que   seja,   não   conseguindo   ver   a   abundância   que   a   vida   me  oferece.  Sem  o  meu  anjo  não  conseguirei  ouvir  o  que  os  outros  têm  para  me  dizer.  Irei  tornar-­‐me  num  revoltado,  continuamente  a  apontar  o  dedo  aos  outros.  Carregando  ressentimentos  e  mágoas  ás  costas  e  fazendo  sofrer  todos  à  minha  volta.  Sem  a  voz  do  meu  anjo  não  serei  capaz  de  reconhecer  as  oportunidades  que  a  vida  me  oferece,  porque  só  serei  capaz  de  ver  injustiça  e  maldade  em  tudo.  

Qual  é  que  deverei  ouvir?  Qual  é  que  me  pode  ajudar  a  viver?  O  anjo  ou  o  demónio?  

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Ambos  se  assumem  como   importantes  e  necessários.  Ambos  vão  querer  a  minha  atenção.  E  ambos  irão  criar  problemas  se  não  os  escutar.  

Se  apenas  ouvir  o  anjo,  outros  irão  aproveitar-­‐se  de  mim.  Serei  incapaz  de  fazer  valer  os  meus  direitos  e  nunca  terei  a  capacidade  de  reagir  num  momento  de  agressão  à  minha  integridade.  Porque  o  anjo  vê  tudo  como  perfeito.  Só  com  a  voz  do  anjo  não  saberei  como  defender-­‐me  em  tempos  difíceis  nem  como  proteger  os  que  me  são  queridos  quando  forem  atacados.    

Se   apenas   ouvir   o   demónio,   irei   aproveitar-­‐me   continuamente   dos   outros.   Criarei   conflitos  onde  quer  que  esteja.  Não  serei  capaz  de  desfrutar  da  amizade  porque  desconfiarei   sempre  dos  outros.  irei  ver  um  ataque  pessoal  em  tudo  o  que  os  outros  possam  fazer.  

Muitas  pessoas  apregoam  o  equilíbrio  (querendo  dizer  “ouçam  só  o  anjo”).  Só  vêem  beleza  e  tudo  é  perfeito.  E  o  demónio,  esfomeado,  entra  em  acção,  criando  situações  dolorosas  à  sua  volta!   Quando   olho   para   uma   balança,   daquelas   de   dois   pratos,   em   equilíbrio,   reparo   num  pormenor:   nada   acontece!   Uma   balança   em   equilíbrio   encontra-­‐se   estagnada.   Não   há  crescimento,  não  há  estimulo  nem  emoção.    

Eu   posso   ouvir   o   demónio   em  mim  quando   tenho  um  problema  pela   frente.   Ele   é   ardiloso,  perspicaz  e  capaz  de  soluções  rápidas  quando  há  conflito.  Ele  poderá  ajudar-­‐me  se  for  atacado  ou  se  alguém  atacar  os  que  me  são  queridos.  Se  houver  uma  guerra  é  o  demónio  quem  melhor  me  pode  ajudar  a  procurar  abrigo  e  a  defender-­‐me.  Se  alguém  tentar  aproveitar-­‐se  de  mim,  o  demónio   saberá   identificar   o   abuso   e   reagirá   de   acordo   com  a   situação.   Se   eu   for   ignorado  numa  situação  de  urgência,  o  demónio  saberá  criar  as  situações  para  que  possa  ser  ouvido.    

Mas  se,  depois  de  um  dia  de  trabalho  cansativo,  eu  chegar  a  casa  de  um  amigo  que  está  doente  e  magoado  por  não  o   ter  visitado  há  mais   tempo,  poderei  ouvir  o  meu  anjo  e   saberei   como  reconfortar   esse   amigo.   Se   o  meu   amigo  me   acusar   de   o   ter   esquecido,   o  meu   anjo   saberá  como  apaziguar  o  seu  demónio.  

Se  o  demónio  do  meu  patrão  estiver  activo  e  ele  me  acusar  injustamente,  o  meu  anjo  saberá  ouvir  as  suas  queixas  e  acalmar  a  sua  fúria.    

Anjo  ou  demónio?  Ambos  são  importantes.  E  ambos  me  podem  ser  úteis.  A  qual   irei  prestar  atenção?  A  ambos.  Como  saber  qual  a  voz  que  devo  seguir?  A  que  me  fizer  sentir  bem  comigo.    

É  bom  ser  bom.  É  bom  partilhar  a  nossa  vida  e  os  nossos  conhecimentos.  É  bom  desfrutar  da  paz  e  harmonia.  É  bom  viver  com  alegria  e  abundância.  Mas  por  vezes  temos  que  ser  capazes  de   nos   defender.   Temos   que   ser   capazes   de   impor   a   nossa   integridade   e   impedir   sermos  violados  por  outros.    

Se  ignorar  o  demónio  em  mim,  ele  irá  crescer  esfomeado  e  a  sua  fúria  não  terá  limites.  O  dia  em  que  me  apanhar  distraído  irá  causar  danos  irreparáveis.  Uma  infidelidade,  um  roubo,  uma  calúnia,   uma   agressão,   uma   violação.   O   demónio,   ardiloso   e   esfomeado,   irá   atrair   outro  demónio.  E  alguém  me  irá  magoar  ou  eu  mesmo  irei  magoar-­‐me  e  magoar  outros.    

Se,   por   outro   lado,   ignorar   o  meu   anjo,   serei   incapaz   de   amar   e   perdoar.  Não   conhecerei   o  afecto  dos  outros,  porque  todos  terão  medo  de  mim.    

Bem-­‐vindos,  anjo  e  demónio!  Bem-­‐hajam  por  existir.