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O Amor de Nathalie

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O Amorde

Nathalie

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Lucyana Mutarelli

O Amor de

Nathalie

1a Edição—Dezembro/2013

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Preparação do originalLuciana Mutarelli

RevisãoLuciana Mutarelli

Projeto gráfico e diagramaçãoLuciana Mutarelli

CapaLuciana Mutarelli

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução do todoou qualquer parte deste sem autorização prévia.

Copyright®2013 by Luciana Mutarelli

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A vida sempre nos reserva grandes surpresas.Será que estamos preparados?

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Capítulo 1

Em um dia de muita chuva e frio, Nathalie caminhavacom seu guarda-chuva que voava de um lado paraoutro. Por pouco, escapara de suas mãos. Ventavamuito naquela cidade interiorana. E o ventoempurrava as gotas da chuva para a diagonaldeixando-a com as roupas encharcadas.

Mesmo sentindo muito frio, continuou com o trajeto.Até que chegou a uma casa muito rústica e deconstrução antiga. Bateu à porta apressadamente. Eisque uma senhora com um semblante muito bondoso esorridente a atende. Era Carmem, tia de Nathalie:

—Minha querida! Que bom que você veio! Com essetempo tão ruim, acreditei que não viesse – explicouCarmem.

Nathalie enxugou os pés num pequeno capacho,entrou rapidamente e disse sorrindo:

—O que é isso, tia? É claro que eu viria. Eu estavacom tantas saudades da senhora... Além disso, estoumuito curiosa para saber sobre o meu futuro!

—Depois trarei a xícara para fazer a leitura da borrado café. Saberemos o que o futuro lhe reserva. Masantes, você precisa tomar um banho e trocar essasroupas. Senão, ficará doente – disse Carmem comuma postura de mãe preocupada.

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E, de fato, Carmem sempre tratou Nathalie como umafilha muito querida.

Nathalie subiu as escadas daquele humilde sobrado efoi tomar banho. Carmem separou para ela uma toalhalimpa e umas roupas de quando era mais jovem.

Carmem sempre teve mania de guardar coisas que jánão usava mais a muito tempo. Sempre acreditou que,num futuro, possam ser úteis. E, no caso das roupas,isso se concretizou. Se ela não tivesse aquelas vestesde quando era jovem, Nathalie não teria o que vestir.Os trajes atuais da tia eram muito largos e com cores eestampas muito sóbrias. Ela estava um tanto acima dopeso e só usava vestidos longos.

Nathalie tomou um longo e agradável banho. Lavouseus longos cabelos negros e sua pele com um únicosabonete líquido que havia no box. A água estava bemquente e agradável. Ao terminar, enxugou-se com amacia toalha que Carmem. separou para ela. Vestiu-selá mesmo, pois o ambiente estava mais quente com ovapor que fizera.

Próxima à pia, havia uma prateleira que continha umsecador. Nathalie secou os cabelos, fez um belopenteado com uma escova e desceu as escadasapressadamente. Na sala encontrou Carmem sentadano sofá muito pensativa. Quando notou a presença dasobrinha, virou-se de maneira brusca em direção a ela,sorriu e disse:

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—Já volto! Vou buscar seu café!

Carmem levantou-se apressadamente e dirigiu-se àcozinha. Enquanto isso, Nathalie sentou-se no sofápara esperar a tia. Observou bem a seu redor e notouque a casa, apesar de simples, era muito limpa eorganizada. A cortina tinha uma estampa muitograciosa e os móveis eram de madeira entalhada.

Em alguns instantes, Carmem aparece com o café emuma bandeja para Nathalie. Ela agradece e apanha axícara com o pires.

Nathalie bebe apressadamente o café. Estava muitoforte. Em seguida, vira a xícara de ponta cabeça sobreo pires e entrega para a tia.

Carmem põe os óculos, vira a xícara novamente paracima e começa a observar atentamente os desenhosem seu interior pela borra do café. Ela analisa tudo demaneira muito concentrada. Em alguns momentos,sorri. Em outros, faz uma expressão muito séria.Nathalie não se aguenta de tanta ansiedade e pergunta:

—E então, tia? O que a senhora observa sobre o meufuturo?

—Calma, minha filha! Aguarde mais um pouco.Ainda não terminei a leitura – responde Carmemgentilmente.

Carmem franze a testa, ajeita os óculos, vira a xícarade um lado para o outro... Eis que, de repente, diz:

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—Pronto! Agora acredito que já posso conversarsobre o seu futuro!

Nathalie ajeita-se no sofá. E Carmem começa a falarsobre sua interpretação:

—Bem, minha querida. Estou vendo que você viveráum lindo e sincero amor – disse Carmem sorrindo.

—É mesmo? Que interessante! E eu que acreditavaque seria sozinha pelo resto da minha vida –respondeu Nathalie surpresa.

Carmem fez uma expressão séria no rosto e disse numtom de voz preocupada:

—Mas não pense que tudo será flores! O seu amor,embora puro e verdadeiro, enfrentará muitasadversidades. Há pessoas que farão de tudo paradestruí-lo. Você terá que tomar muito cuidado!

—Mas quem seria capaz de querer destruir minhafelicidade? —perguntou Nathalie.

—Minha filha! Não consigo ver exatamente quem aprejudicaria. Mas você deve prestar muita atenção emtodos a sua volta. O mundo, infelizmente, está cheiode maldade e de regras estúpidas criadas por seuspróprios habitantes.

—Prometo que ficarei bem atenta, tia!

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—Fora isso, não vejo mais problema algum na suavida. Sua saúde está perfeita e continuará assim. Vocêé uma pessoa especial, bondosa e iluminada!

—Obrigada, tia. A senhora também é muito especial.Eu a considero como uma mãe – disse Nathaliesorrindo.

Carmem não conseguiu conter as lágrimas quesurgiram em seus olhos. Colocou a xícara sobre amesa da sala e deu um abraço em Nathalie. Emseguida, sorriu emocionada:

—Você sabe que te considero uma filha! E agorafiquei muito feliz em saber que me considera comouma mãe! Mas diga! E Catherine? Ela é uma boa mãepara você?

—Catherine é minha mãe. Gosto muito dela. Mas asenhora sempre me pareceu mais atenciosa epreocupada comigo. Já a mamãe, ela é uma pessoaque dá mais importância às aparências do que à realfelicidade dos filhos.

—Você sabe que é o jeito dela, não é mesmo?

—Claro, tia. Mamãe não parece uma má pessoa. Sótem uma forma mais materialista e radical de observara vida. Já a senhora parece feita de açúcar! Um docede pessoa! Uma “tia mãe” para mim!

—E por falar em açúcar, que tal prepararmos umbolo?

—Oba! Os bolos que a senhora faz são sempre

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maravilhosos!

—Então vamos até a cozinha! Assim, continuaremosa nossa conversa e você me ajuda um pouquinho.

As duas rumaram em direção à cozinha. Aochegarem, Carmem começou a dispor os ingredientesem cima da pia. Pegou os ovos, a manteiga, a farinha,o fermento... enquanto isso, foi falando com Nathalie:

—Quer dizer então que você considera sua mãe umtanto materialista e radical? —perguntou Carmem.

Nathalie resolveu peneirar a farinha. Enquanto isso,respondeu:

—Ela sempre teve um gênio meio forte. Sempre deumuita importância ao dinheiro e às aparências. Bemdiferente de mim. Acredito que o que vale na vida é afelicidade.

—Sabe, querida, o dinheiro até tem uma certaimportância. Desde que não viramos escravas dele –explicou Carmem.

—Também concordo, tia.

—E quanto às aparências, se não forem verdadeiras,de nada adianta. Toda máscara, um dia, cai – concluiuCarmem.

—Além disso, é muito desagradável fingir o que nãosomos. Certa vez, fui com minha mãe visitar Jénifer,uma amiga dela que é muito rica. Catherine sempreteve uma vida financeira muito privilegiada, mas

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nunca chegou a ser como essa senhora. Então, mamãeresolveu comprar uma roupa caríssima só para fazeressa visita. Ela não se sentiu confortável nem avontade com o traje. Mesmo assim, usou paraaparentar ter mais status do que já tem.

—Mas que bobagem! Sua mãe sempre dandoimportância à observação dos outros! —exclamouCarmem.

—Sim! Sempre!

—Agora, diga-me! Ela te trata bem? —perguntouCarmem.

Neste momento, fez-se um certo silêncio. Em seguida,Nathalie responde timidamente e em um tom de vozmais baixo:

—Trata...

—Não senti muita convicção nessa sua resposta –argumentou Carmem despejando alguns ingredientesna tigela da batedeira.

Carmem ligou a batedeira antes mesmo de Nathaliepronunciar o que diria. Houve um longo e ruidosobarulho.

Quando Carmem desligou a batedeira, Nathalie disse:

—Mamãe sempre teve preferência por Júlia, minhairmã mais nova.

—É mesmo? E como você chegou a essa conclusão?—perguntou Carmem.

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—Júlia é uma advogada muito bem-sucedida. Alémdisso, ela casou e deu um lindo neto para mamãe queé o Jonas.

—Mas Júlia casou cedo e foi morar numa cidadegrande! Ela dificilmente aparece para visitar sua mãe!—exclamou Carmem perplexa.

—Sim. Mas quando Júlia aparece por aqui com Jonas,mamãe só falta explodir de tanta felicidade.

—E Jonas? Como ele está? —perguntou Carmem.

—O Jonas está ótimo! É um adolescente muitoestudioso. Mamãe tem um quadro enorme com ele naparede! Sempre diz que é o neto que ela pediu a Deus.

Carmem despejou o bolo em uma fôrma untada ecolocou-o no forno. Virou-se para Nathalie eperguntou:

—Então você acredita que Catherine gosta mais deJúlia?

—É o que me parece. Ela vive falando que Júlia é oorgulho da família, é muito bem-casada, tem umaprofissão maravilhosa, um belo filho...

—E desde quando tudo isso é justificativa parapreferir uma filha a outra? —perguntou Carmemchateada.

—Eu sei que não é justificativa. Mas sabe como émamãe. Para ela, o casamento sempre foi algosagrado. E Júlia, além de casada, tem uma bela

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profissão.

—Toda profissão que for exercida com dom ehonestidade é bela – indagou Carmem.

—Também concordo, tia. Aliás, eu sempre tive umamaneira de pensar bem parecida com a da senhora.Pareço mais ser sua filha do que de minha mãe.

Carmem. respirou fundo e disse:

—Vamos até a sala para vermos um pouco detelevisão enquanto o bolo não assa.

As duas foram à sala e assistiram a uma novela.Quando o bolo ficou pronto, esperaram esfriar paracomerem.

***

Depois de duas fatias de bolo, Nathalie despediu-se datia e voltou para a casa, uma moradia mais luxuosa,porém, menos agradável.

Nathalie encontrou a mãe na sala sentada em umapoltrona. Ela tinha um ar de arrogância esuperioridade. Catherine, ao perceber a presença dafilha, imediatamente olhou na direção dela:

—Que roupas são essas? —perguntou Catherine numtom estranho.

—São da tia Carmem – respondeu Nathalie sorrindo.

—E desde quando sua tia usa essas roupas? Ela só usavestidos largos! É uma velha gordona – disseCatherine num tom de deboche.

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—O que é isso, mãe? Não fale desse jeito! Essasroupas eram de quando ela era mais jovem.

—Mais jovem e mais magra, você quis dizer. É bemtípico de sua tia guardar em casa roupas tão velhas...Mas por que ela te emprestou esses trajes?

—Estava chovendo muito. Cheguei lá ensopada. Tiveque tomar um banho e trocar de roupa.

Catherine ficou bem séria e disse:

—Não gosto que você visite sua tia.

—Por quê? —perguntou Nathalie assustada.

—Sempre duvidei do caráter dela.

—Mas a tia Carmem é uma excelente pessoa! Alémdisso, também é sua irmã.

—Para mim, ela não passa de uma bruxa! —exclamouCatherine

—Ela não é uma bruxa – disse Nathalie.

—Para mim, uma pessoa que prevê o destino daspessoas lendo a borra do café, não passa de umabruxa! O futuro só a Deus pertence! Além disso, suatia tem uma cabeça muito louca. Só fala bobagens!

—Eu não concordo, mãe. Passei horas muitoagradáveis na casa da tia Carmem. Conversamos,comemos um delicioso bolo que ela preparou,assistimos à televisão...

—Aposto que ela leu a borra do café para você!

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Acertei?

—Acertou – respondeu Nathalie timidamente.

—Eu sabia! Sua tia não toma jeito! Quer por minhocana cabeça de todo mundo! Não poupa, nem mesmo, aprópria sobrinha – disse Catherine de maneiraarrogante.

—Ela não colocou minhoca alguma em minha cabeça.Muito pelo contrário. Gostei muito da leitura que tiaCarmem fez.

—Certa vez, ela queria fazer essa leitura para mim.

—É mesmo? Que bom! E a senhora gostou? —perguntou Nathalie animada.

—Eu nem permiti que ela fizesse. Meu ouvido não épenico para ouvir bobagens!

—Que pena! Se tivesse permitido, talvez teria gostado– explicou Nathalie.

—Mas agora, diga-me! O que sua tia previu paravocê?

—Ela disse que encontrarei um grande amor!

—Então, devo admitir que, dessa vez, sua tia estácerta! Amanhã mesmo você conhecerá uma pessoamaravilhosa!

—É mesmo? Quem? —perguntou Nathalie curiosa.

—Seu pai telefonou e pediu para que amanhã eupreparasse um belo jantar. Ele trará aqui um jovem

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rapaz que trabalha com ele para te conhecer – disseCatherine animada.

—Você e o papai não perdem a mania de quererarrumar um namorado para mim – disse Nathaliedesanimada.

—É claro! Nós nos preocupamos com você!

—Mas vocês já perguntaram se eu quero mesmo terum namorado?

—E isso é algo para se perguntar? Você já passa dosvinte e oito anos! Nunca teve um namorado! Sua irmãJúlia, que é mais nova que você, casou e me deu umneto maravilhoso! Agora só falta você!

—Mas se eu não quiser casar?

—Você não tem o que querer! O casamento é sagradoe deve fazer parte da vida de todas as pessoas –explicou Catherine num tom autoritário.

Nathalie percebeu a partir daí que seria inútil discutircom a mãe. Respirou fundo e foi subindo as escadasrapidamente. Catherine gritou:

—NÃO SE ESQUEÇA DE ESTAR BEM BONITAPARA AMANHÃ À NOITE!

Nathalie continuou subindo as escadas e nemrespondeu ao grito da mãe. Chegou em seu quarto,ligou o som em uma música pop e deitou-se na cama.

No dia seguinte, quando o despertador tocou, Nathalieestava com muito sono, pois não havia dormido bem.

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Mesmo assim, levantou-se, vestiu uma roupa simplese desceu até a sala. Encontrou a mãe novamentesentada na poltrona:

—Vai trabalhar? —perguntou Catherine.

—Sim – respondeu Nathalie rispidamente.

—Se eu fosse você, largava esse emprego e arrumavaum outro bem melhor.

—O que a senhora tem contra o meu emprego? —perguntou Nathalie indignada.

—Ah, filha... Nada contra o seu emprego. Só acreditoque merecia algo muito melhor. Você trabalhapouquíssimas horas em um trabalho extremamentebanal. E, consequentemente, ganha bem pouco.

—O que eu ganho é o suficiente para mim!

—Meu Deus! Mas que falta de ambição! Nem pareceminha filha! —exclamou Catherine.

—A senhora também trabalha bem pouco. Seu serviçoé promover festas e eventos, fatos que raramenteacontecem nesta cidade.

—Mas eu ganho bem! Isso é o que importa! –respondeu Catherine de maneira esnobe.

Nathalie começou a se irritar profundamente:

—Para a senhora, só o dinheiro é o que importa! —exclamou Nathalie.

—Claro! Tem algo melhor nesse mundo?

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